Jornal VivaDouro ed60 março 2020

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VIVADOURO

MARÇO 2020

Destaque

Rui Paula Restaurante DOC É um problema muito grande, os grupos foram todos desmarcados, pelo menos até julho. Não temos gente a comer e portanto é uma catástrofe. Estamos a cumprir com todas as nossas obrigações até ao final do mês e depois temos de ver como vai ser, organizar o negócio. A quebra é de 90%, não só no DOC mas em todos. Um negócio destes para ser sustentável tem que ter clientes, não havendo clientes não há muito a fazer. Poderá haver medidas que ajudem durante um mês ou dois mas depois disso, não havendo clientes não há nada que se possa fazer, vai tudo por água abaixo. As medidas mais imediatas seriam,

Manuel Osório Restaurante Castas e Pratos Encaramos esta situação com muita preocupação. No início, como quase toda a gente, olhamos para isto com alguma leviandade mas agora com muita preocupação. Desde logo por uma questão de saúde pública, por isso também já fechamos o restaurante. É a primeira vez que fechamos em 12 anos,

por exemplo, que os senhorios não cobrem renda durante este período, que não se pague água e luz, ou pelo menos não a totalidade, o mesmo com os impostos, que haja uma linha de ajuda, que o layoff seja simplificado… um conjunto de situações para as quais devemos estar todos no mesmo barco, todos a ajudar. Isto é transversal a toda a gente, não só na restauração mas também na hotelaria, os hotéis também estão a sofrer como nós. Esta situação pode ter implicações sociais porque só eu tenho à minha responsabilidade mais de 90 postos de trabalho, é muita gente. Mesmo a nível de fornecedores, isto é como um baralho de cartas, quando cai a primeira carta o castelo desmoronase. Não há hipótese, isto é uma calamidade. Ninguém estava preparado para isto até porque nem os nossos pais ou avós passaram por algo semelhante. Ninguém tem culpa disto, só nos resta tentar minimizar os estragos. Neste momento ainda estamos abertos até que tenhamos as nossas obrigações cumpridas, depois vamos fechar até porque temos autorização para atender um terço da capacidade do restaurante mas já nem esses clientes temos. era a única coisa que se impunha. Havia uma preocupação com os nosso colaboradores, clientes e fornecedores, por isso tomamos esta decisão, que foi muito difícil. No futuro acho que vamos ultrapassar isto mas vejo aqui uma questão económica muito grave. No nosso caso estamos a falar de 20 colaboradores, 20 famílias que dependem de nós. Depois de janeiro e fevereiro, que são meses que sabemos que são fracos e que usamos para outras situações como formações, férias, etc, os próximos meses seriam de recuperação até pelo período de Páscoa que se avizinha mas, com tudo isto, não sei como será o futuro. É uma situação muito grave que ainda não sabemos como vamos combater. O cancelamento de reservas foi exponencial, fomos deixando de receber reservas para começar a receber cancelamentos e, o que me preocupa é que já foram canceladas reservas para abril e maio. Isto perspetiva um futuro muito complicado para o turismo, mais especificamente para o Douro.

Carlos Monteiro CM Tours Estamos a encarar esta situação como uma situação dramática visto que 99% do nosso core business são os passeios turísticos e de há uma semana para cá as nossas reservas desapareceram. Já paramos de laborar até porque para nós é mais importante olhar para os nossos funcionários, para os nossos clientes e, sobretudo, para a população em geral. Na noite em que Donald Trump anunciou o fecho do espaço aéreo tivemos cerca de 150 cancelamentos. Nós

Alice Carneiro Original Douro Hotel Inicialmente temos que perceber quanto tempo isto se vai prolongar, é tudo muito imprevisível e não sabemos os

trabalhamos muito o mercado norte americano e partir desse momento foi uma limpeza geral a nível de reservas. As nossas preocupações agora são inúmeras, desde logo a partir do momento em que paramos deixamos de ter fonte de receitas, temos 20 famílias para alimentar, não sabemos quando é que isto vai voltar a uma normalidade. Do meu ponto de vista o ano de 2020, em termos turísticos está perdido até porque, no final disto as pessoas vão ter que ganhar novamente confiança para poder viajar. Estou bastante preocupado deste hoje até à incógnita até porque temos bastantes responsabilidades e muitas famílias a depender de nós. reais efeitos que vai ter. Os cancelamentos não param de chegar, são diários… Entretanto temos já os funcionários em casa sem uma resposta para lhes dar para que eles se sintam seguros por exemplo ao nível de salários. Principalmente esta questão gera uma enorme preocupação. Os cancelamentos são diários, o pico foi na sexta-feira quando o Governo anunciou diversas medidas. A partir desse momento refletimos sobre o que íamos fazer e acabamos mesmo por fechar. Em 24 horas ficamos com o hotel a zero quando a previsão era de ter 100% de ocupação. Falta perceber o que poderá vir daqui, se depois desta quarentena como é que o país se vai reerguer a nível de turismo. Neste momento a incógnita é o maior inimigo, não saber quanto tempo esta situação vai durar e como é que as pessoas irão reagir no depois.


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