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Páginas 7 e São João da Pesqueira
São João da Pesqueira Autarquia avançou com testagem massiva da população
Em São João da Pesqueira a autarquia, em colaboração com a Proteção Civil Municipal e o Camião da Esperança levaram a cabo uma ação de testagem em massa da população do concelho no final do mês de janeiro. No total foram realizados mais de 1600 testes, sendo detetados 119 casos positivos.
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A decisão de realização dos testes prendeuse com a necessidade de identificar de forma exaustiva os casos ativos no concelho, de pessoas que pudessem estar assintomáticas e que, sem o saber, pudessem ser focos de contágio ativos. “Como autarca temos a nossa ação limitada por não ter competências na área da saúde, contudo penso que numa situação destas nenhum presidente de câmara quer ficar parado, no final de tudo estamos a defender a nossa população. Desde o início que temos tido diversas ações, desde a distribuição de material de proteção aos testes nas IPSS e às ações de limpeza de desinfeção de diferentes espaços. Tudo à base do que a nossa sensibilidade nos ia dizendo, sem nunca receber recomendações fosse de quem fosse, olhando ao bem da nossa população. Chegamos a uma altura em que vamos percebendo melhor como se pode combater esta pandemia e quando percebemos, por aquilo que ouvíamos e líamos dos especialistas, que o contágio se propagava muito por pessoas assintomáticas então achamos que o ideal seria testar toda a gente. Inicialmente a ideia era partir para a testagem dos grupos prioritários e fui pedindo opinião a algumas pessoas da área, cimentando a ideia que o ideal seria testar toda a gente, aliás, nos últimos dias a mensagem que tem passado é exatamente essa, a necessidade de testar, testar, testar”, explica o autarca Manuel Cordeiro. Apesar do custo que esta ação teve para o município, 92.500 euros, Manuel Cordeiro assume que a “faria novamente”, não estando à espera que essa despesa seja entretanto financiada pelo poder central. “Não estou à espera de ser ressarcido, não foi algo em que pensássemos. Logo na primeira fase gastamos muito dinheiro na aquisição de materiais para distribuição e na abolição de taxas, por exemplo, e ainda não recebemos nenhum apoio por isso, apesar de nos terem pedido as contas através da CIM Douro”. Para o autarca esta foi uma ação “relativamente fácil de organizar. No contacto que fizemos com a empresa Global Sport fizemos logo um mapa da nossa população e eles preparam a ação em conjunto connosco. Acabou por ser mais fácil porque a própria empresa tem pessoal com experiência o que facilita bastante”. Um desses elementos do Camião da Esperança é o médico Alexandre Marques que classifica esta ação como muito positiva. “Correu bastante bem, foi uma ação bastante ligada à comunidade e às autoridades, foi bastante integrada e bem planeada. Quem apareceu foi testado portanto consideramos que foi uma ação muito positiva. Sendo médico e trabalhando nisto desde março do ano passado já tenho uma visão daquilo que devemos fazer e de ações que nos trazem benefício a longo prazo, temos de tomar sempre decisões a médio, longo prazo. O que temos de fazer neste momento é testar, identificar e agir de acordo. Estávamos numa fase em que os casos cresciam diariamente e o confinamento decretado pelo Governo veio facilitar a nossa ação porque nos permitiu testar o maior número de pessoas”. Para o clínico vivemos um tempo de guerra em que a união entre diferentes entidades pode ser crucial para a vitória, em especial em territórios do interior onde nem sempre é possível chegar a todos da mesma forma, destacando assim o papel das autarquias. “Esta é uma política que tanto eu como o Paulo Costa, coordenador do Camião da Esperança, temos colocado sempre, nós estamos em guerra e ninguém vai para uma guerra sozinho por isso devemos ir articulados. Aqui a autarquia tem um papel que é central, é ela que faz a ligação com as populações primeiro e com as autoridades de saúde em seguida. Só com a ajuda de todos é que conseguimos levar este tipo de ações a bom porto”. Outro dos elementos desta equipa é a enfermeira Mara Costa, especialista em enfermagem pediátrica esta profissional gratifica-se pela forma como a população pesqueirense aderiu a esta ação, ajudando assim a combater um mal comum, apesar dos receios que foram sendo notados e que a equipa fazia questão de esclarecer. “Foi uma ação que ajudou a transmitir alguma segurança à população e isso, como enfermeira, é algo que me enche de orgulho. Outro facto que me satisfez foi a adesão que esta iniciativa teve, foi muito gratificante. Ainda há muito receio em relação ao teste, não propriamente do teste em si mas pelo receio de poderem testar positivo. Aí também tivemos um papel importante no que diz respeito à educação para a saúde. O trabalho do Camião da Esperança não termina na testagem massiva, há um trabalho antes e depois dessas ações. Havia pessoas de alguns agregados que chegavam até nós com algum receio e o que verificamos foi que após falar calmamente com elas, no final da semana já todo o agregado estava testado, é um simbolismo muito grande para nós, para o trabalho que desenvolvemos”. ▪
Preciosa Frederico – 94 anos
Uma maravilha, o presidente está de parabéns. Já lhe liguei a agradecer ao presidente, mas ele não me conseguiu atender pelo trabalho que tem, por mim e pela população, foi uma coisa maravilhosa. Estava tudo muito bem organizado, tudo com muita calma, foi realmente o que se fez de melhor. Não foi difícil, faz uma ligeira comichão no nariz, nada que não se possa suportar. Nem todas as terras teriam a possibilidade de fazer isto até porque deve ter custos elevados mas penso que é dinheiro bem empregue.
Francisco Moita – 74 anos
Foi uma boa iniciativa, fiquei muito satisfeito. É uma iniciativa que se devia repetir, não só aqui como em todos os concelhos do país. Custou um bocadinho mas nada de especial.