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Páginas 24 e Reportagem

pode estar infetada, então temos sempre que ter todos os cuidados. Isto foi tudo uma novidade, antes de isto tudo começar tivemos uma formação, como abordar e lidar com os doentes, que foi uma mudança radical, Foi tudo muito diferente, isto foi uma volta de 180 graus”, conta-nos Filipe Almeida, bombeiro da corporação de Santa Marta de Penaguião. Em Tabuaço o bombeiro António Queirós soma já mais de 30 anos de serviço, para este operacional a pandemia trouxe receios que nunca tinha sentido antes. Confessa também que os cuidados que agora se tornaram habituais se irão manter no futuro. “Eu tenho 30 anos de serviço e já passei por muita coisa, já perdi colegas bombeiros, mas nunca senti tanto medo como sinto agora, assim que o telefone toca ficamos logo a pensar, e não é só por nós, é muito pelas nossas famílias em casa. O equipamento é seguro, todos sentimos isso mas as falhas acontecem, somos humanos e pode acontecer a qualquer um, há sempre comichão, há o suor, os óculos embaciados… Basta um gesto “em falso” e todo o cuidado se perde. Qualquer saída obriga a que usemos o equipamento, apesar disso não atrasamos o socorro, vestir é rápido, demora mais a retirar, por exemplo, porque temos que ter muito cuidado. É muito difícil, se as pessoas vestissem o fato por duas horas, sem ir fazer nenhum serviço, só estar aqui connosco, tenho a certeza que todos teriam mais cuidado. Estes hábitos que agora adquirimos quanto aos cuidados a ter e às proteções certamente que vamos manter depois de tudo isto passar até porque já percebemos todos que isto nos protege não só deste vírus como de tantos outros que assistimos diariamente como as gripes ou tuberculose, por exemplo

Voluntários responderam à chamada

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Para além dos profissionais, todas as corporações contam com um vasto número de voluntários, em especial durante o pico de trabalho que acontece com os incêndios no verão. Apesar da pandemia e das alterações que as corporações foram obrigadas a fazer, este ano os voluntários não deixaram de aparecer nos quarteis. “Na realidade não notamos um decréscimo dos voluntários, pelo menos aqui não notei, pelo contrário até porque estavam muitos serviços fechados e não havia aulas. Também foi um verão mais calmo, não houve grandes incêndios como normalmente há todos os anos. Notei mais nesta fase em que começou a haver um aumento muito grande de casos, comecei a notar que havia algum receio da parte de alguns voluntários, principalmente aqueles que têm filhos pequenos e que têm familiares mais idosos. O que eu lhes digo, e tento fazer isso também, se nós tivermos o máximo de cuidado a possibilidade sempre minimiza”, contanos o comandante Marcos de Tabuaço, uma ideia partilhada em Santa Marta de Penaguião. Quando foram conhecidas as primeiras listas de prioridades na vacinação contra a Covid-19, saltou à vista a não inclusão dos bombeiros. Depois do protesto das corporações as listas foram revistas e os operacionais foram integrados, contudo, apenas uma parte deles será vacinada nesta primeira fase. Apesar da indignação, em Santa Marta de Penaguião, o comandante Vasco Correia olha para a polémica com alguma tranquilidade. “Há um ou outro que se preocupa, que é mais velho, mas o alarido não foi grande. Apesar de no início não nos englobarem nos prioritários, quando o Presidente da Liga reivindicou a nossa posição fomos colocados na lista”. Já em Tabuaço a revolta pela situação não fica calada e o comandante local é o primeiro a mostrá-la. “Na minha opinião, fomos completamente desvalorizados, porque na verdade, e acho que isso toda a população reconhece, se há alguém que está mesmo na linha da frente são os bombeiros, os bombeiros são aqueles que são os primeiros a chegar, mesmo antes dos operacionais do INEM. Eu não sou da opinião que os bombeiros fossem à frente dos enfermeiros, não, os profissionais de saúde que são aqueles que lidam com mais casos, naturalmente tinham que ser os primeiros, mas logo a seguir, porque quando há uma emergência o primeiro a chegar é o bombeiro, estaríamos nós. E esta desvalorização que houve da parte da Task Force, ou da comissão, ou quem está a fazer, ficou muito mal e deixou os bombeiros muito desanimados. Ainda agora vinha a falar com um comandante de outra corporação e quase dá vontade de dizer que vamos parar enquanto não formos vacinados, mas obviamente que isso não faz sentido nenhum, quem iria sofrer com isso seriam as nossas populações. Temos esse sentido de responsabilidade, porque se isto fosse desentupir canos ou limpar estradas, aí parava. Agora, não é, porque a pessoa que está do outro lado, também pode ser um dos políticos, que tenha um acidente e os bombeiros vão lá, não tem culpa nenhuma. Os bombeiros vão sempre, quer sejam ricos quer sejam pobres, sejam de que religião forem ou de que raça forem, os bombeiros vão sempre. Eu fico revoltado como é que é possível que naquela listagem não constou os bombeiros. Não faz sentido não vacinar os bombeiros para vacinar diretores dos lares, não faz sentido. Com uma agravante, é que os bombeiros só vão ser vacinados cinquenta por cento. Cinquenta por cento, o que deixa para nós, comandantes, o encargo de escolher quem é que vai ser vacinado ou não. Para mim, como comandante dos bombeiros, são todos iguais, os profissionais e os voluntários, agora como é lógico que os profissionais, que estão no dia-adia, têm mais responsabilidade, e estão mais suscetíveis de contrair, estão mais perto. Mas os voluntários também. O serviço, e isso ficou provado no ano passado com aquelas equipas que nós fechamos no quartel, é muito pesado para quem estiver a fazer, nós não conseguimos fazer o serviço todo com trinta elementos, não conseguimos. As pessoas também precisam descansar. Isto criou logo aqui uma desestabilização enorme. Outro problema de tudo isto é que já se regista um atraso na vacinação, já começou, mas com alguns dias de atraso”. Também entre os operacionais a revolta é semelhante, como explica o bombeiro Queirós à nossa reportagem. “Ninguém consegue explicar que nós não somos a primeira linha, quando o doente chega ao hospital ele já teve em contacto connosco. Critico a Liga e a Federação porque não nos defenderam, no verão levaram-nos para Lisboa por causa dos incêndios e agora deviam ter feito o mesmo por causa da vacina. A minha grande angústia, e aí o nosso comandante aqui em Tabuaço teve sempre muita atenção a isso, é a chegada a casa, nunca sabemos quando levamos o vírus connosco. Há esse receio, felizmente o nosso comando soube acautelar essa situação com o equipamento que nos forneceu, mas é sempre um risco”.

Reportagem

Autarquias apoiaram as corporações

Papel importante ao longo deste ano na vida das corporações tiveram as autarquias que as apoiaram com a aquisição de material de proteção, por exemplo. Vasco Correia afirma que “houve apoio da autarquia em especial na aquisição de máscaras, fatos e outros equipamentos de segurança, assim como também houve algumas empresas do concelho que contribuíram com algum equipamento e álcool gel, em especial na primeira fase”. Em Tabuaço o sentimento em relação à autarquia é semelhante, nas palavras do comandante da corporação a relações existente com o município “é muito boa”. “Nós temos uma excelente relação com a autarquia, desde há muito tempo, e felizmente também não temos tido necessidade de nenhum pedido extraordinário de apoio. Mal ou bem, nós temos, de alguns anos para cá, conseguido gerir isto de uma forma equilibrada e sustentável, não temos tido necessidade de recorrer à autarquia mas sabemos perfeitamente que se for necessário que eles estão aí para nos apoiarem, para nos ajudarem”. ▪

A palavra dos autarcas

Desafiamos os autarcas de Tabuaço e Santa Marta de Penaguião a deixarem uma mensagem aos operacionais das corporações dos seus concelhos.

Carlos Carvalho Presidente da Câmara Municipal de Tabuaço

As corporações de Bombeiros são um dos pilares da nossa sociedade. Um conjunto de mulheres e homens que através do voluntarismo, do sacrifício, da combatividade, do sentido cívico, simbolizam o que de melhor devemos representar. Como é lógico numa realidade que tanto tem sofrido com a centralização constante dos Governos e a consequente perda de população, com todas as dificuldades que daí decorrem, os Bombeiros revestem-se de uma importância ainda maior. E é isso que acontece em Tabuaço onde a Associação tem um papel fundamental. E vai nesse sentido a mensagem que enquanto representante do Município pretendo deixar. Em primeira instância exaltar o enorme trabalho de proximidade e humanidade que têm vindo a levar a cabo há mais de 85 anos! Em segundo, pedir encarecidamente que assim continuem, desta forma completamente altruísta, a colocar o seu total empenho na melhoria constante da vida dos outros e por fim, manifestar a nossa total e inteira disponibilidade em tudo o que necessário seja no sentido de permitir facilitar o que diariamente fazem! Numa perspetiva de parceria, de estar lado a lado em tudo o que possa potenciar o bem que sustenta a razão de existir destas instituições.

Luís Machado Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião

O concelho de Santa Marta de Penaguião tem sido exemplar no combate à pandemia Covid-19. A qualidade, competência, rigor e sucesso deste combate deve e muito às instituições e entidades concelhias envolvidas nesta luta sem tréguas. Os nossos bombeiros, verdadeiros guerreiros, têm tido um comportamento solidário, um desempenho profissional e uma dedicação humanitária verdadeiramente extraordinários. Desde da primeira hora e sempre na linha da frente, disseram sempre PRESENTE. A todas e a todos os Bombeiros Voluntários que servem nas nossas Corporações e que são o garante do bem estar e segurança dos penaguienses o nosso MUITO OBRIGADO. O Município de Santa Marta de Penaguião ficar-vos-á eternamente reconhecido e agradecido.

Região Governo reconduz Fernando Pinto na Fundação Museu do Douro

Fernando Pinto tem 77 anos, é viticultor e está aposentado. Foi professor e esteve à frente da Adega Cooperativa de Peso da Régua - Caves do Rodo e da União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro (Unidouro).

Numa altura em que o Museu se encontra de portas fechadas devido à pandemia da Covid-19, o presidente agora reconduzido afirma que a instituição se está “a preparar para que possa atuar ainda com mais força” a partir do momento de reabertura, “fundamentalmente na sua relação com a região”, sublinha. “O museu mantém o trabalho de preparação para o futuro, quer a digitalizar, preparar novas acções, quer na museologia, quer no restauro e a preparar os serviços educativos, de modo a que se possa reafirmar com mais força quando a pandemia passar”, salientou. No edifício sede, na cidade de Peso da Régua, o museu apostou, em Dezembro, numa exposição de 324 fotografias de Rui Pires, que tem um núcleo de 40 fotografias impressas sobre tela na sala de exposições temporárias, mas que se estende também ao ar livre, ao jardim e ao cais fluvial da Régua, através de imagens colocadas em estruturas retroiluminadas. Na antiga panificadora da Régua continuam a decorrer as obras do futuro Centro de Artes do Saber Fazer (CRIVO) que terá como missão divulgar os criadores da região, gerar oportunidades de negócio e desenvolver ações de formação. “Estamos a fazer uma gestão cuidada, readaptando os serviços e o trabalho a este condicionalismo, com o objetivo de desempenhar a nossa missão na região com a manutenção dos postos de trabalho”, salientou Fernando Pinto. O despacho que garante Fernando Pinto à frente da Fundação Museu do Douro (FMD), publicado ontem (02/02), em Diário República (DR) e assinado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, produz efeitos a 15 de Maio de 2020, data em que terminava o mandato do conselho diretivo da FMD. Antes de Março, altura em que começou a crise pandémica, o conselho de fundadores já tinha aprovado, por unanimidade, a recondução. O Governo reconduziu também os vogais José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara do Peso da Régua, e António Saraiva, presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), que foram propostos respetivamente pelos municípios e pelas demais pessoas e entidades de natureza privada que integram o conselho consultivo. Em 2015, a nomeação de Fernando Pinto aconteceu depois de uma alteração estatutária que transformou a FMD numa fundação pública de direito privado, e que foi muito contestada na região. A FMD, criada em 2006, esteve incluída na lista de extinções anunciada pelo Governo PSD/CDS, acabou por manter a sua atividade, mas teve de proceder a uma revisão estatutária para se adaptar à nova lei-quadro das fundações que está em vigor desde 2012. O presidente do conselho diretivo da FMD é designado pelo membro do Governo responsável pela área da cultura, depois de ouvido o conselho consultivo, e possui um mandato de cinco anos. O projeto do Museu do Douro foi criado em 1997 na sequência de uma lei aprovada por unanimidade na Assembleia da República. ▪

I love Douro lança aplicação para telemóveis

Com a crescente digitalização do mundo, a I Love Douro decidiu desenvolver uma aplicação para potenciar a divulgação da região e dos seus agentes, em especial numa altura em que o setor do turismo enfrenta uma grave crise provocada pela pandemia Covid-19.

“O estado pandémico que vivemos revelou-nos muitos factos, alguns discutíveis, no entanto, já nos provou algo inegável, o crescimento e afirmação do mundo digital e de que as tecnologias servem para aproximar as pessoas e para nos manter ligados. É neste contexto de pandemia versus desenvolvimento tecnológico que nos Orgulhamos de apresentar a APP I Love Douro, uma ferramenta gratuita e totalmente pensada para potenciar, ainda mais, a divulgação e comunicação do Douro e seus agentes (públicos, privados, culturais e outros), aproximando a procura à extraordinária oferta”, afirma José Lopes, responsável pela marca. Com esta aplicação o utilizador pode escolher os melhores locais onde ficar hospedado ou onde comer. Há ainda roteiros já preparados de acordo com aquilo que cada utilizador procura na região, seja gastronomia, cultura, provas de vinhos, etc. Com a localização ativa esta aplicação permite ainda que a todo o momento o utilizador fique a saber quais os pontos de interesse mais próximos de si. A aplicação está disponível para iOS e Android. ▪

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