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CARVALHO de justiça

Nessa sua e nossa amargura que ela suscita, continuará a escrever contra a violência?

Sempre, é um dos temas que mais mexe comigo, desde que me conheço. A violência não é toda igual, atenção!

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De vez em quando é necessária, ironicamente, para terminar com guerras de déspotas. O que desprezo é a crueldade de vergar pela força...

De que modo festeja e deseja ainda festejar os 30 anos em que está na SIC coincidentemente com três décadas de carreira literária?

Festejo da melhor forma possível, a merecer ainda a confiança total da minha empresa...

Após a sua estreia escrita em 1992, parou 10 anos. Depois, retomou e surgiu novo livro. O que o levou a interromper tanto tempo? Nessa altura ponderou, porventura, não voltar a escrever?

Não, eu sabia que escreveria toda a vida. Acontece que foram anos muito exigentes, já que estávamos a levantar a SIC do chão, a primeira televisão privada.

Pegando no título do seu primeiro romance, gostaria de poder dizer: «Daqui a Nada» haverá Paz e harmonia, haverá mais Amor e alegria, haverá mais justiça e boa energia, etc. Acredita nisto? A sua esperança na nossa Sociedade e num mundo melhor apresenta-se intacta?

Acredito que teremos sempre pessoas que acreditam. Tenho fases mais pessimistas, mas inspiro-me muito pelos que nunca baixam os braços.

Para si, as pessoas são “um mundo infinito”. Consegue compreender sempre esse mundo e essas pessoas, mesmo quando elas deixam de ser humanas para serem ’bichos’, monstros ou robôs?...

Não, não consigo compreender sempre. E acho que a minha escrita é de procura e de perguntas, precisamente, mais do que dar respostas.

Viajando até ao Alto Douro, o que lhe suscita esta região? Vê-se imaginar alguma história a romancear cujo cenário sejam os socalcos durienses?

Sim, por acaso o próximo será passado nessa zona, em grande parte. Tenho uma enorme nostalgia de uma região de onde é originária grande parte da família do meu pai.

Pensa escrever algum livro totalmente diferente das suas obras já publicadas? Em que residiria, essencialmente, essa diferença? E sobre que tema versaria?

Nunca faço planos de temas para abor- dar. Sei apenas que não tenho qualquer preconceito, desde que me pareça ter uma história boa para contar. Tendo, avanço.

Quando escreve guiões para cinema e teatro, os seus critérios e preocupações divergem muito, pouco ou nada, comparativamente com a escrita dos seus livros? Porquê?

Não divergem muito, na verdade. São sempre (ou têm sido, por agora) sobre pessoas e as suas mil características. Com um especial fascínio por histórias de famílias.

Peço-lhe uma mensagem final, de ímpeto motivacional. Que reptos pode deixar aos nossos leitores?

Do que já vivi, nenhuma virtude é mais importante do que a bondade. Aplicada nas mais diversas circunstâncias, pode fazer milagres, sobretudo na nossa consciência. ○

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