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NOVEMBRO 2020 VIVADOURO

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Reportagem

tem "Agenda"

> Firmino Cordeiro - Diretor Geral da AJAP

dúvidas da qualidade desses produtos ou pelo menos temos dificuldade em saber de que forma foram produzidos. Estas questões referidas são muito particulares para os jovens, mas também o deveriam ser para os grandes responsáveis políticos à escala Mundial, alterações climáticas, poluição e preservação dos recursos naturais e paisagísticos através de práticas agronómicas mais sustentáveis, assente nos princípios da economia circular, e na utilização equilibrada dos recursos nomeadamente a água e o solo”. Para Carla Alves a região duriense pode ser muito beneficiada com esta agenda visto estar muito virada para os mais jovens apostando muito na tecnologia e numa Rede de Inovação. A DRAPN congratula-se ainda com a escolha de uma propriedade da região como polo de apoio à inovação. “Temos de olhar para o Douro como um território de enormes potencialidades, que possui excelentes condições, não apenas para a produção de vinho de elevadíssima qualidade, mas para toda a cadeia envolvida, desde a produção, transformação, comercialização, distribuição, até aos setores como o turismo, o enoturismo, a gastronomia ou o artesanato. É importante que os jovens se fixem nas zonas rurais, com profissões que complementam as necessidades atuais e para tal as medidas da Agenda, visam estimular a criação de emprego nestas regiões do interior, tornando-as muito atrativas e geradoras de oportunidades. Uma das iniciativas da Agenda de Inovação é a criação de uma Rede de Inovação que visa reforçar a capacidade de investigação e inovação, formação e transferência de conhecimentos em vários setores de atividade. Relativamente à região do Douro, estamos muito entusiasmados com a escolha da Quinta de Santa Bárbara, no concelho de São João da Pesqueira, como polo de apoio à inovação. Acreditamos que partir deste local e através de sinergias com outras entidades e organizações, vamos desenvolver estudos e promover a modernização e competitividade do setor agrícola na região”. Questionada sobre o impacto destas medidas na agricultura duriense, a ministra afirma que as mesmas trarão mais riqueza à região baseando a sua argumentação nos quatro pilares desta agenda.

“Todas elas são importantes para a região do Douro, e certamente terão um forte contributo para a criação de mais riqueza nesse património extraordinário, construído pelo Homem, num ambiente maravilhoso, mas agreste, com as suas escarpas, os solos delgados de xistos, o calor e a secura no verão. Alguns exemplos, e passando pelos quatro pilares. O vinho, bebido com moderação, faz parte da nossa dieta mediterrânica, e o seu consumo valoriza aquele território (iniciativa Alimentação sustentável). É um território onde as alterações climáticas terão um forte impacte, as nossas castas são um património precioso que temos de conservar e valorizar, a vinha tem tido uma evolução extraordinário, que tem de prosseguir, na redução do uso e riscos dos produtos fitofarmacêuticos, na implementação de práticas protetoras do solo, da proteção de conservação (iniciativa adaptação às alterações climáticas e territórios sustentáveis). No pilar cadeia de valor podemos referir os desenvolvimentos, com a viticultura de precisão, a utilização da ciência dos dados e da inteligência artificial, ao longo de toda a cadeia (iniciativa Agricultura 4.0). No pilar Estado, um dos polos da Rede de Inovação será a Quinta de Santa Bárbara, em São João da Pesqueira. Estes são apenas exemplos, de linhas de ação. O que posso garantir é que todas as 15 iniciativas da Terra Futura terão um forte impacto na vitivinicultura duriense, contribuirão para a criação de mais valor e para a consequente instalação de jovens produtores”. Para a CAP a região poderá beneficiar com esta agenda, contudo a confederação alerta para as especificidades do Douro. "A região do Douro tem com certeza algumas especificidades, tal como todas as outras zonas do país, mas no fundamental partilha dos problemas de todas as outras regiões. Para nós é fundamental que a inovação não se foque apenas nos aspetos relacionados com a massificação, mas que tenha em conta o valor da qualidade, da diversidade, dos modos de produção específicos, os quais, muitas vezes por serem tradicionais, conferem uma mais valia muito importante para competir nos mercados internacionais. Ou seja, é importante perceber que a inovação deve incidir sobre todos os setores, modos de

produção e dimensões de negócio. Por vezes, uma inovação simples, aplicável a um conjunto amplo de pequenos negócios, acaba por ter tanto impacto económico como uma inovação complexa aplicável apenas a um negócio, ainda que de maior dimensão. Esperamos, portanto, que o Douro participe ativamente neste processo e tire o devido proveito das intenções entretanto anunciadas”. Consciente dos problemas que as alterações climáticas estão a trazer à agricultura e a repetição de fenómenos extremos de intempéries que causam avultados prejuízos na agricultura duriense, Carla Alves vê nesta agenda uma série de oportunidades para o setor se modernizar e minimizar as perdas ano após ano. “As alterações climáticas que se têm vindo a verificar na região com frequentes fenómenos extremos, com destaque para o granizo, tornados, chuvas intensas e incêndios, têm não só prejudicado a produção bem como a destruição de plantações, infraestruturas e sistemas produtivos com consequências no rendimento de toda a fileira do setor agrícola, designadamente na viabilidade das explorações. Neste contexto, consideramos necessária uma visão global integrada que envolva um sistema de proteção de risco que maximize a proteção do rendimento das explorações, entre as quais se podem enquadrar a instalação de equipamentos anti granizo e outros, complementados com os seguros de colheitas, já apoiados pelo Ministério da Agricultura. Já no próximo aviso PDR2020 para os Jovens Agricultores nos territórios de Baixa Densidade, vai ser possível apoiar investimentos como: equipamento de proteção contra incêndio; equipamento de rega - micro aspersão; estrutura anti granizo estrutura anti geada ou torre anti geada, pois já se encontram previstos no critério de Gestão de Risco. A Agenda para a Inovação que pretende promover uma agricultura mais sustentável, também tem como desafios responder às alterações climáticas, à preocupação com a conservação dos solos, ao uso eficiente da água e da energia, para os quais será necessário desenvolver novas soluções e implementar tecnologias inovadoras. Acreditamos que a Rede de Inovação, em especial o polo da QSB poderá dar um contributo para o conhecimento, para a melhoria dos ser-

> Lima Abreu - vice-presidente da CAP

viços prestados aos agricultores e consequentemente para o aumento da produtividade agrícola e a fixação de jovens com espirito empreendedor”. No entender de Firmino Cordeiro as medidas apresentadas nesta agenda podem ser essenciais para o rejuvenescimento da agricultura duriense, em especial na viticultura, setor que no seu entender “necessita de maior afirmação”. “O Douro vive um momento particular, como é particular a cultura principal praticada ao longo da sua vasta área territorial. Por um lado, sofre um problema delicado de envelhecimento da sua população, dificuldade em atrair e fixar às diferentes atividades, novos empresários e jovens empresários, ou seja, necessita de vários níveis de intervenção e investimento, inclusive junto das camadas mais jovens através de incentivos que promovam o seu regresso e a sua fixação a estes territórios. Necessita de maior afirmação dos seus vinhos, nomeadamente pelo aumento da sua promoção e procura constante de novos mercados para exportação e falo da generalidade dos vinhos, Porto, Mesa e os Docs Tintos e Brancos. Tal como necessita de aliar à promoção dos vinhos a sua paisagem e o seu potencial turístico, assim deve ser promovido o aumento da oferta que hoje disponibiliza quer na linha do turismo rural e enoturismo, bem como da oferta a nível da capacidade hoteleira. A enorme heterogeneidade das diferentes tipologias de proprietários de vinhas desde os pequenos produtores com pouco mais de um hectare, até aos proprietários que podem possuir mais de cem hectares, alguns denominados produtores engarrafadores, confere a necessidade da valorização e reforço da dignidade da casa de todos os produtores independentemente da sua dimensão, falo da Casa do Douro, como organismo a quem devem ser atribuídas funções de representatividade e promoção de todo o património da região. A grande maioria dos problemas enumerados encaixam nas preocupações da Agenda apresentada pela Ministra da Agricultura, sendo que importa atendendo às particularidades enunciadas que exista uma forte articulação com as medidas que o Ministério da Coesão Territorial pode também ele aportar a estes territórios”. ▪


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