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Lázaro Emanuel Franco Salles
Um Novo Amanhecer Memórias do Grão-Mestrado
1ª Edição - 2015 Poços de Caldas - MG Sulminas Gráfica e Editora Ltda.
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PrefĂĄcio
JosĂŠ Norberto Rodrigues Coordenador Geral Distrital do Grande Oriente de Minas Gerais Delegado Distrital do Norte de Minas Membro Regular Ativo da ARLM Pureza do oriente de Montes Claros - MG
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Dedicatória
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om carinho e respeito dedico este livro a todos aqueles que fazem da Maçonaria seu sacerdócio, e acreditam que ela é capaz de operar mudanças no mundo e, principalmente, nos homens.
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O Autor
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Índice Prefácio.................................................................................................. Dedicatória.......................................................................................... Por que escrevi este livro.................................................................... Como tudo começou............................................................................. De Iniciado a Grão-Mestre................................................................. Grão-Mestre Adjunto.......................................................................... Campanha para Grão-Mestre Adjunto.............................................. Defensor Perpétuo.............................................................................. Grão-Mestre Adjunto.......................................................................... Dia da Defesa do Planeta Terra........................................................ Passaram Depressa............................................................................ Campanha para Grão-Mestre............................................................. O “slogan”............................................................................................ Meu Adjunto....................................................................................... Programa de Governo........................................................................ A Eleição............................................................................................. Formação do novo governo................................................................. A Jordere............................................................................................. Um último susto.................................................................................. Meu querido Hedison Damasceno...................................................... A despedida......................................................................................... Grão-Mestre......................................................................................... Novas contratações............................................................................. Valoroso colaborador.......................................................................... Os primeiros dias...............................................................................
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Primeira visita................................................................................... A volta à minha Loja.......................................................................... Os fechamentos................................................................................... O fechamento da Clínica São João Batista e do Hospital São João Batista.................................................................................................... Nova logomarca................................................................................... Começamos a trabalhar...................................................................... Fraternidade Feminina...................................................................... Criação, fomento e elaboração de Regimento Interno da Fraternidade Feminina do Grande Oriente de Minas Gerais............. Fomento às Paraçônicas..................................................................... Fomento às iniciativas de fundação de Casas de Lowtons, Capítulos da Ordem De Molay, Betheis das Filhas de Jó, Colmeia das Abelhinhas e Meninas Arco-Iris.................................................................................. Ajuda às Paramaçônicas.................................................................... Projeto “Beija-Flores da Floresta”...................................................... Pátria Amada, Salve, Salve!............................................................... Doação de Orgãos................................................................................ Delegacias Distritais........................................................................... Criação de Delegacias Distritais e adequação das Delegacias Regionais................................................................................................. O Delegado do Grão-Mestre.................................................... Delegacias e Delegados........................................................... Recompensas........................................................................................ Incentivo e fomento para outorga de título de Reconhecimento Maçônico a Irmãos e Lojas..................................................................... Criada a RGA e RPA........................................................................... Manter, promover e praticar a integração e inclusão das diversas regiões do estado, tornando a Potência mais fraterna e participativa... Calendário Oficial............................................................................... Calendário Oficial de Eventos do Grande Oriente de Minas Gerais..................................................................................................... Assessoramento e Acompanhamento................................................. Criamos a Comissão Permanente de Assessoramento e Acompanhamento das ações do Grão-Mestre....................................... Fundo de Assistência.......................................................................... Implantação de política de ajuda financeira às Lojas filiadas, dentro de suas possibilidades................................................................ Fundação de Lojas...............................................................................
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Implantação de política de incentivo à fundação de novas Lojas Maçônicas............................................................................................... Lojas mais fortes.................................................................................. Elaboração e execução de programa para os próximos 4 anos visando o aumento do Quadro de Obreiros de nossas Lojas................ O Processo de Seleção para Admissão de Novos Membros... Eleições de 2013................................................................................... As eleições para Venerável Mestre e as Lojas inadimplentes......................................................................................... Comab................................................................................................... Comecei a frequentar.......................................................................... Presidente de Comissão...................................................................... Em Belo Horizonte............................................................................... Presidente............................................................................................ Museu................................................................................................... Edificar a identidade histórica de nossa Potência como o berço da Maçonaria Independente do Brasil, com a criação do Museu da Comab em Minas Gerais........................................................................................... Gestão Administrativa......................................................................... Implantação de nova Gestão Administrativa com a manutenção de política de austeridade financeira.................................................... Organograma funcional.................................................................. Criação de novo Organograma Funcional de acordo com as exigências e demandas do Grande Oriente.......................................... Inevitável confusão......................................................................... Grande Secretaria da Guarda dos Selos ao invés de Grande Secretaria de Administração................................................................. Demandas Operacionais................................................................. Instituição de maior agilidade em demandas operacionais de rotina nos diversos setores do Grande Orientes.................................... Digitalização de Documentos......................................................... Dinâmica Funcional....................................................................... Integração e instituição de Dinâmica Funcional em todas as Grandes Secretarias com provisão de todos os cargos.......................... Grande Secretaria de Governo....................................................... Grande Secretaria de Ação Social.................................................. Plano Diretor................................................................................... Elaboração de Plano Diretor para os próximos 20 anos, destacando prioridades, definindo metas e executando as ações de governo dentro de seu organograma...................................................................
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Cultura e Comunicações.................................................................... Implantação de política de incentivo à Cultura e à Comunicação .......................................................................................... Seminários de Ritualística.............................................................. Estudos de alguns rituais............................................................... Rituais especiais.............................................................................. Os novos rituais do REAA............................................................... Curso para novos Diretores............................................................. Criação e Implantação de Cursos itinerantes para novos administradores de Lojas Maçônicas e suas diretorias......................... Capa cultural dA Trolha.................................................................. A Terra de Onde eu Venho.............................................................. GOMG ganha um Hino.................................................................... Letra do Hino do Grande Oriente de Minas Gerais.......... I Encontro da Família Maçônica..................................................... Antônio Carlos Molinari.................................................................. Valorização e Progresso................................................................... Dois Valdsons?................................................................................. Fato muito pitoresco........................................................................ Grão-Mestre esquece as calças no dia do casamento...... Precisamos de mais neurônios........................................................ Motivação.......................................................................................... Implantação de Política de Motivação e sua divulgação em todas as nossas palestras, cursos, seminários e simpósios.............................. Relações Exteriores................................................................................ Relações com Co-Irmãs regulares no estado.................................... Nossas relações com a Grande Loja Maçônica do Estado de Minas Gerais............................................................................................ Nossas relações com o Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais........................................................................................................ Relações com a Comab...................................................................... Ampliação de relações com a Comab - Confederação Maçônica do Brasil Ingresso na CMI................................................................................ Pedido de ingresso na CMI – Confederação Maçônica Interamericana visando o Reconhecimento Internacional.................... Supremo Conselho............................................................................. As relações com o Supremo Conselho do Grau 33 para a República Federativa do Brasil – Rito Escocês Antigo e Aceito.......... Supremo Conclaves Autônomo.........................................................
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As relações com o Supremo Conclave Autônomo do Rito Brasileiro.................................................................................................. Poder Legislativo............................................................................... Política de aproximação e harmonização para a manutenção de boas relações com o Poder Legislativo............................................... PEC...................................................................................................... A Proposta de Emenda Cnstitucional.............................. Poder Judiciário.................................................................................. Política de manutenção de boas relações com o Poder Judiciário.................................................................................................. Os novos Juízes .................................................................................. Honra ao Mérito.................................................................................. Comenda Israel Pinheiro.................................................................... Cidadão Honorário................................................................................. Tabernáculo............................................................................................ Fundamos o Tabernáculo Minas Gerais dos dos Sacerdotes Cavaleiros Templários Lowtons e De Molays............................................................................. Incentivo às iniciações de candidatos oriundos da Casa de Lowtons ou da Ordem De Molay com eliminação total de Taxas de Iniciação....................................................................................................... Reconhecimento a Athos........................................................................ Os 68 anos............................................................................................... Os 71 anos............................................................................................... Nossas conquistas...................................................................................... Política de Aluguéis............................................................................... Empresa auto – sustentável.................................................................. A ideia da transferência......................................................................... A ideia do Complexo............................................................................... O triste final de 2012.............................................................................. Lei Orçamentária.................................................................................... O correto cumprimento da Lei Orçamentária....................... Os 70 anos............................................................................................. ... A construção do Complexo...................................................................... A Inauguração......................................................................................... Cerimônia de Consagração do Palácio Maçônico................... Nada de nomes nas placas...................................................................... Banquete Ritualístico.............................................................................. A Solenidade..............................................................................................
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Museu do GOMG..................................................................................
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Adquirimos mais um prédio..................................................................... E finalmente... ...................................................................................... Sinceridade e Trabalho........................................................................... Ser Grão-Mestre....................................................................................... Confiança.................................................................................................. A confiança que os Irmãos depositam em seu Grão-Mest re............................................................................................................. Boas Relações........................................................................................... As boas relações com Lojas e Irmãos...................................... O Perfil do Venerável Mestre.................................................................. As eleições estão chegando....................................................... Conselhos.................................................................................................. Nossas experiências áqueles que virão................................... E finalmente... ............................................................................... ...
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Porque escrevi este livro
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ão estava em meus planos produzir, neste momento, mais um livro. Um dia estava comentando com o irmão Richard, da Gráfica e Editora Sulminas, responsável pelas edições da revista “Conexão GOMG”, que gostaria, em nossa última edição, a ser lançada em maio de 2016, que dela constasse algumas ações de meu governo. Ele então me propôs criar um encarte na revista e me mostrou uma similar que editara recentemente. Gostei da ideia e fui para casa com a intenção de escrever um resumo de meu mandato a fim de prestar contas aos irmãos do GOMG do que se ocupara seu Grão-Mestre nos últimos quatro anos. Sentei em frente ao “note-book” e comecei a escrever. Já relatei que escrever para mim é uma terapia, um agradável “relax”, que traz saúde para meu corpo e energia para minha alma. Quando estou escrevendo me esqueço da vida, dos naturais problemas e até os compromissos já esqueci algumas vezes. Comecei então a dedilhar o teclado e, acreditem, quando dei por mim já era noite e tinha escrito sessenta páginas. Assustado, liguei para o Richard e lhe disse: - O encarte não vai dar certo. Estou escrevendo um livro. Ele deu uma risada e me falou: - Eu já sabia. O que você fez não iria caber em nenhum encarte. 17
Importante: - Mais uma vez encareço a meus irmãos que não aceito e jamais aceitarei que as glorias deste mandato recaiam apenas sobre o Grão-Mestre. Insisto mais uma vez em afirmar: - Se tive algum mérito foi o de escolher estes irmãos que comigo dividem o GrãoMestrado: meus Grandes Secretários, os membros do Conselho Geral e os Delegados Distritais e Regionais. Em sua totalidade, são pessoas da melhor qualidade que comigo arregaçaram as mangas e não mediram esforços para tornar o Grande Oriente de Minas Gerais o que ele é hoje, uma Potência grande, operativa, unida e respeitada. Temos hoje a Maçonaria que precisamos...e merecemos.
Como tudo começou
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ertenço a uma família de Maçons. Meu pai, Lázaro Ferreira Salles, e meus tios Eurico, Rubens e Benedito também foram iniciados na Ordem. Assim cresci com uma particular admiração pela Maçonaria, a qual classificava como algo extremamente importante. Lembro-me que, quando meu pai se preparava para ir às reuniões maçônicas, todas as quintas-feiras à noite, vestindo seu terno preto, minha irmã e eu ficávamos assistindo aquele ritual de uma vestimenta que para nós era bastante austera, um terno preto, gravata e sapatos pretos e uma camisa branca de fazer inveja ao melhor alvejante. Ele esperava seus companheiros chegarem e desciam de carro, rumo à Avenida João Pinheiro, onde sediava, e até hoje lá está, a Loja Maçônica Luz e União N.º 29, filiada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais. Nós ficávamos ali, olhando e admirando aquele respeito que nutriam pela Ordem, como se uma religião fosse e estivessem saindo para uma missa. Assim nasceu meu interesse pela Maçonaria. Terminado o curso primário na Escola Adventista, que ficava a poucos metros de minha casa, na Rua Barros Cobra, meu pai me matriculou no Curso Ginasial do Instituto Educacional São João da Escócia, que no ano de 2015 completou seus 100 anos de fundação. O 19
instituto, melhor diria sobre ele meu Irmão Helio Scalvi, ilustre historiador da Maçonaria de Poços de Caldas, foi adquirido pela Loja Maçônica Estrela Caldense alguns anos depois de sua fundação, tornando-se uma escola eminentemente maçônica. Lá, minha expectativa pela Maçonaria se aguçou enormemente. O diretor da Escola, Professor Arino Ferreira Pinto, era Ex-Venerável Mestre da Estrela Caldense e um entusiasta conhecedor da Ordem. Em plena aula de português (ele era professor), parava entre uma e outra aula de gramática e falava sobre Maçonaria. Ele se encantava com ela e eu muito mais. Terminada a aula, eu chegava perto de sua mesa e, baixinho, perguntava mais alguma coisa sobre a Maçonaria. Ele ria com o canto da boca, que entortava um pouco, e me explicava. Era tão pura sua explicação que conseguia me passar tudo aquilo que um dia pude conhecer, pessoalmente, dentro de nossos Templos. Ele era um maçom puro, como pura era ainda aquela época de meninice e pré-adolescência. Um dia faleceu um expoente da Maçonaria de Poços de Caldas e da Loja Maçônica Estrela Caldense, dona do colégio. Naquele dia as aulas foram suspensas para que todos os alunos fossem ao seu enterro. Naquela manhã fria conheci o interior de uma Loja Maçônica. Será que existe sessão melhor para se conhecer uma Loja do que uma Cerimônia Magna Pública? Eu simplesmente me encantei. Tudo para mim era novidade. Colunas, alguns símbolos, o inevitável esquadro e o compasso, entrelaçados, enfim tudo me encantava e mais aumentava o desejo de, um dia, me tornar também Maçom. Meu pai se foi em 1969, com seus 53 de idade. Contava eu com meus 15 para 16 anos. Uma perda brusca e irremediável. Todo o planeta parecia cair sobre nós. Minha mãe e irmã, acostumadas aos mimos do patriarca, de repente ficaram sem chão. E eu, o caçula, então cursando o segundo ano do antigo curso científico, naquele momento de perda e solidão, consegui encontrar um rumo para a minha vida. Abandonar o sonho do curso de jornalismo na USP e embrenhar-me, como um louco, nas ciências da saúde, buscando nas pesquisas laboratoriais, talvez, uma maneira de curar o câncer que tão precocemente levara meu pai e parte
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da minha vida. Não me arrependo. Tenho a consciência que fui um profissional dedicado. Tudo fiz para contribuir com minha infinitesimal parte para minorar o sofrimento de muitos. Já disse que, depois de muitos anos, não troco o diploma que conquistei pelo de jornalista. Fiz uma bonita carreira, terminando-a com o respeito e a admiração de todos que precisaram de meus serviços profissionais e sendo honrado pela Câmara dos Vereadores de Poços de Caldas, com a outorga do título de Honra ao Mérito, a maior honraria para um filho da terra. Formado, tentei ingressar na Santa Casa de Poços de Caldas, entidade que meu pai tanto ajudara a construir. Lembro-me de vê-lo no leilão do Largo do Cruzeiro, levantando prendas e pedindo a seus amigos para arrematá-las, arrecadando recursos para serem empregados para a futura Santa Casa que seria construída naquele local. Mas ele já era falecido e ninguém se lembrava mais de sua expressão tão forte. Já ouvi de alguém que reconhecimento não dura mais que um mês. Fui então para Campestre, a quarenta quilômetros ao norte de Poços de Caldas e lá iniciei minha carreira, montando meu primeiro Laboratório de Análises Clínicas na Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, onde também adquiri participação societária. Minha vida de repente ficou difícil. Sempre morei em Poços, ao lado de minha mãe. Às vezes era chamado para atender um caso urgente às duas horas da manhã. Não tinha carro. Minha irmã me emprestava seu Fusca e lá ia eu, madrugada a dentro para atender um paciente a quarenta quilômetros de minha casa. Nestes casos nem voltava, pois no outro dia, às seis da manhã tinha de estar no laboratório. Foi nesta época que recebi o convite para tornar-me Maçom. Meu tio Eurico me convidou. Disse-lhe que morava em Poços e trabalhava em Campestre. Porém atendia a casos urgentes, ficando à disposição do hospital de lá. Ele me disse que isto não seria problema, mas o grande problema era o fato de ser solteiro. Existia, acho que ainda existe, uma prevenção muito grande quanto aos candidatos solteiros. Já era noivo naquela época, mas mesmo assim os cuidados foram muitos para que fosse iniciado.
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O tempo passava e nada. Minha mãe, viúva de Maçom, às vezes me falava: - Acho que você deve largar mão disto. Acho que eles não aceitaram você. Eu ficava na maior “fossa” (naquela época era moda falar assim. Estar na “fossa” era estar triste, acabrunhado). E o tempo passava. Um ano. Um ano e meio...e nada. Um dia, porém, recebi uma ligação de um cidadão querendo falar comigo e dizendo-se Maçom da Loja Maçônica Luz e União. Esqueci de relatar que o convite partiu de meu tio Eurico, então membro regular ativo da Loja Maçônica Luz e União, a Loja de meu pai. Este Irmão que me telefonara era um de meus sindicantes. Fez um monte de perguntas óbvias (ainda era o tempo das perguntas óbvias, tipo: - Você tem sido um bom filho?) e depois pediu que aguardasse. Com os outros dois sindicantes não foi diferente a entrevista.
De Iniciado a Grão-Mestre
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iquei aguardando e dois anos depois de meu pedido de ingresso, fui aprovado e iniciado em 10 de abril de 1976. Uma belíssima cerimônia de iniciação dirigida pelo Irmão Aureliano Miranda de Carvalho, o “Irmão Negrinho”, com quem aprendi muito de Maçonaria. Uma pessoa simples, mas grandiosa, ao qual a cidade se rendeu após sua morte, dando seu nome a uma de nossas unidades materno-infantil, reconhecida homenagem a um dos maiores Maçons que conheci. Minha vida de Maçom na Luz e União foi tranqüila. Lá fiquei por um ano e oito meses, quando pedi ingresso na Estrela Caldense. Minha saída se deu unicamente por que na Loja não tinha irmãos da minha idade e na Estrela Caldense possuía alguns deles que até mesmo trabalhavam comigo no Hospital Pedro Sanches de Poços de Caldas, onde eu já estava estabelecido profissionalmente há alguns meses. Fui então para a Estrela Caldense levando bonita carta de apresentação da Luz e União e com 8 meses desde meu ingresso, fui eleito 2.º Vigilante, tendo como Venerável Mestre aquele a quem considero meu
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padrinho na nova Loja, Euclides de Paiva Mendes, atualmente Grande Procurador Geral do Grande Oriente de Minas Gerais. Na gestão seguinte, o Venerável Mestre Euclides foi reeleito e eu fui eleito 1.º Vigilante. Daqui por diante faço um parêntese, pois foram acontecimentos que, por eles só, merecem outro livro. Candidatei e perdi duas eleições para Venerável Mestre e quando já havia prometido a meus familiares que não me candidataria mais, a Loja me elege seu Venerável Mestre, permanecendo no cargo por dois mandatos. Como Venerável Mestre penso ter realizado um bom trabalho. Motivei as sessões que passaram a contar com um número maior de irmãos. Reformei totalmente o belíssimo Templo da Estrela Caldense, adequando-o de acordo com o Rito Escocês, adotado pela Loja. Não sei por que, ao longo de seus 120 anos, a Loja nunca adotou outro rito a não ser o Escocês. No entanto a decoração de seu Templo tinha a ver com o Rito Moderno ou Francês. Assim o adequamos ao rito correto. Reformamos os cômodos onde eram guardados os emolumentos dos Altos Corpos, construindo um prático mezanino. Sobre estas reformas, gostaria de agradecer a participação de dois irmãos que me ajudaram enormemente: Everson Lúcio Marcelino, engenheiro e Luiz Fernando Soares, meu tesoureiro naquele mandato. Como dei trabalho para estes dois, meu Deus. Muito obrigado, meus irmãos, nosso trabalho se traduziu em um dos mais belos Templos maçônicos que conheço. Reformamos o Salão de Festas, ampliando-o para 160 pessoas sentadas, instalamos bons aparelhos de ar condicionado no Templo e embelezamos a Biblioteca e Sala de Reuniões. Criei uma escolinha para aprendizes, que chamei de AMESTRE, ou seja, Aperfeiçoamento Maçônico Estrela Caldense, alegando que o desejo de todo Aprendiz era de ir “A Mestre”. Eram aulas motivadas e áudiovisuais. Pedia que os Aprendizes sorteassem o cargo que iriam ocupar e os colocava neles. De repente, um Aprendiz se tornava o Venerável Mestre e se sentava ao sólio. O proveito era muito grande, pois todos aprendiam com facilidade, praticando as funções de um cargo que, evidentemente, teria acesso somente dali a alguns anos.
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Realizamos bons eventos no Palace Casino, onde transformava aquela casa de espetáculos para quatrocentas pessoas em uma Loja Maçônica, com as duas grandes colunas, o pavimento mosaico, os altares dos vigilantes e oriente. Nesta decoração contei com a ajuda indispensável do casal Enio e Rosângela Prado. Ele, que veio a me substituir no Veneralato, foi meu Grande Secretário de Orçamento e Finanças e hoje desempenha com desenvoltura o cargo de Grande Secretário da Guarda dos Selos, ela, a Diretora Social da Fraternidade Feminina do GOMG, que também criamos em nosso mandato de Grão-Mestre. No final de cada ano maçônico, celebrávamos o aniversário da Loja, dia 5 de dezembro, com uma festa que terminava em um baile que sempre contava com uma boa orquestra do estado de São Paulo. Também criei o hábito de realizar boas viagens com a família maçônica da Loja. Chegamos a viajar até para o exterior, na Argentina, gozando da excelente companhia de bons irmãos e alegres cunhadas e sobrinhos. Também viajamos para o Sul da Bahia, na linda Porto Seguro e conhecemos a bucólica São João Del Rei. Épocas de muita união, fraternidade e alegria. Publicamos duas boas revistas e editamos um livro, “Ensaios Maçônicos”, uma coletânea de bons artigos da autoria de vários irmãos de nosso Quadro de Obreiros. Também em meus mandatos criamos a logomarca da Loja, que apesar de sua longevidade, ainda não possuía. Também criamos seu novo estandarte, consagrado pelo então Grão-Mestre Helton Barroso Drey em uma emocionante e histórica sessão. O estandarte antigo da Estrela Caldense, bordado em ouro, está hoje exposto em uma das paredes do Átrio, dentro de uma caixa de madeira com visor de vidro, para que todos possam admirador sua beleza. Hoje ele tem a bela idade de 117 anos e é, verdadeiramente, uma obra de arte. Antes de terminar meu segundo mandato fui procurado por Veneráveis Mestres de outras Lojas Maçônicas de Poços de Caldas, que
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me indicavam como candidato a Presidente do Pacto Maçônico do Sul de Minas, um aglomerado de cinqüenta e três Lojas filiadas às três Potências mineiras. Tive a indicação de seu atual Presidente e fundador, o extraordinário irmão Fuad Haddad, do Grande Oriente do Brasil. Disputei a eleição com um irmão de Três Pontas, tendo 95 % dos votos. Como Presidente, tive a oportunidade de realizar um mandato de muito progresso, tornando a entidade uma empresa e criando desde seus estatutos até a cobrança bancária das Lojas Maçônicas a ele filiadas. Realizamos bons eventos naquela época, dentre eles alguns simpósios. O último deles, em 2007, com a presença de 660 irmãos Maçons e 160 cunhadas, que se reuniram no Palace Casino, em Poços de Caldas, em uma memorável efeméride. Em nosso mandato criamos o jornal “O COMPACTO”, que circulou por oito edições, tornando-se bastante conhecido entre as Lojas filiadas. Ofereço aqui uma menção bastante honrosa ao Irmão Paulo da Silveira, meu querido Paulinho, que sempre a meu lado como Diretor Financeiro, me ajudou muitíssimo em nosso mandato junto ao Pacto. Como Presidente do Pacto Maçônico do Sul de Minas, fui honrado com a outorga da Comenda do Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais, na comemoração de seus 60 anos, a mim entregue por seu Eminente Grão-Mestre, o saudoso alfenense João Lemos Salgado, que nos deixou em maio de 2015. Também tive o merecimento de receber o título de Reconhecimento Maçônico, por meio do Ato n.º 5. 805, assinado pelo Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, o querido irmão e amigo Laelson Rodrigues, que aqui copiamos. Tempos de respeito e fraternidade. Entreguei meu mandato já como Grão-Mestre Adjunto, com 77 Lojas Maçônicas filiadas, muito respeito em todo o Sul de Minas e uma substancial quantia de recursos financeiros em seu caixa. Uma boa experiência.
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Nesta época, o Grande Oriente de Minas Gerais atravessava uma base de turbulência. O Grão-Mestre Milton Ferreira Lopes, do qual era seu Delegado Regional em Poços de Caldas, havia dissolvido a Assembleia Legislativa e até o Tribunal de Justiça. Não se conformando com esta situação, pedi demissão de meu cargo, o mesmo fazendo meu Adjunto, Irmão Rubens Marcondes Sarti, também Ex-Venerável Mestre da Estrela Caldense. Mas Milton saiu-se muito bem, reintegrou os Deputados e os Juízes em seus cargos e cancelou o decreto que dissolvia estes Poderes. Nesta época minha Loja, assim como outras de nossa região, tentou deixar a Potência para retornar ao Grande Oriente do Brasil. Fiquei com a maioria e isto quase aconteceu, se não fosse pela viagem que o Grão-Mestre Milton fez a Poços de Caldas e ter se submetido a uma verdadeira saraivada de perguntas do então orador da Estrela Caldense, perguntas estas respondidas com muita paciência e a Loja continuou com o GOMG. Seu mandato estava terminando e o sucessor natural, o GrãoMestre Adjunto Hedison Damasceno procurava um companheiro de chapa. Em um destes dias, os Deputados da Estrela Caldense, Adenir Inocêncio de Melo e Marcos Salles, meu primo, que também estivera comigo na direção do “Pacto”, encontraram com Milton e Hedison em uma das reuniões mensais da Assembleia e, entre uma conversa e outra, indicaram meu nome a eles, como candidato a Grão-Mestre Adjunto. Hedison não me conhecia e não aceitou de pronto, pois tinha em mira o nome do Grão-Mestre “Ad-Vitam” José da Silva Ribas, de Juiz de Fora e outros mais cotados para ser seu Adjunto. Acho que nenhum deles aceitou o convite e sobrou apenas eu. Um dia Milton me telefonou e disse que Hedison estava me convidando para ser seu Adjunto. Disse que não o conhecia, mas gostaria de saber de suas intenções como Grão-Mestre. Ele então me telefonou e ficamos uma hora inteira conversando. Disse de meus propósitos e ele dos seus. Enfim concordamos e aceitei o convite. Ele veio até Poços e, em uma
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sessão econômica da Estrela Caldense, presidida pelo Venerável Mestre Édio Basso em seu segundo mandato (eu era seu orador), o candidato a Grão-Mestre Hedison Damasceno me convida, durante a reunião, para ser seu candidato a Grão-Mestre Adjunto. Foi um baque para todos, ninguém acreditou. Seria mesmo verdade que um “matuto” lá do extremo Sul de Minas seria candidato a Grão-Mestre Adjunto?
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Grão-Mestre Adjunto
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hegando o dia da posse, os irmãos de minha Loja se prepararam para assisti-la. Fui com eles para Belo Horizonte, de ônibus fretado, cortesia do irmão Flávio Antonio Couto de Araújo Cançado, um grande amigo e proprietário da empresa Auto Ômnibus Circullare de Poços de Caldas, em uma viagem muito alegre, com todos usando camiseta confeccionada especialmente para o evento. Lá chegando, fomos para o Hotel Nacional, onde, por cortesia de seus proprietários, os irmãos Miguel, de Poços de Caldas, serviram um suculento lanche da tarde para todos nós. A noite caiu quente e calma no Curral Del Rei. A grande caravana de Poços de Caldas se preparava. Vestimos nossos ternos e fomos para a cerimônia de posse. Após ela, na fila dos cumprimentos, recebi o abraço do irmão José Otávio, deputado de Três Pontas, que bradou para que todos ao seu redor pudessem ouvir: - Este é o homem! Fiquei emocionado, pois meses antes, quando ainda não me conhecia, era um ardoroso defender de não nos dar posse. Depois de tomar posse, pernoitei em um “ótimo” hotel, que não tinha nem água nem luz, que o pessoal do GOMG arrumou para mim em Belo Horizonte e pela manhã fui para a Rua da Bahia. Nunca 29
tinha entrado antes lá e não conhecia ninguém. Me apresentei dizendo ser o novo Grão-Mestre Adjunto. É claro que eles já me conheciam da noite anterior, mas me apresentei assim mesmo. O Grão-Mestre Hedison chegaria apenas na hora do almoço, vindo de Conselheiro Lafaiete, região metropolitana da da Grande Belo Horizonte, onde reside até hoje. Assim, pela manhã pedi que me levassem para conhecer o famoso Hospital São João Batista e a famosa Clínica São João Batista. Me levaram a Ribeirão das Neves e fiquei pasmo com tudo que vi. Uma barbaridade. Depois, para arrematar, me levaram para conhecer a Clínica São João Batista. Outro susto. Naquelas visitas formei um juízo de valores sobre o que estas empresas representavam para o Grande Oriente. Quando Hedison chegou, sentamos, ele, eu e Milton e quando saímos de nossas cadeiras já era noite alta. Tomei o ônibus para Poços às 11 da noite e não consegui, nem por um momento, pegar no sono. Cheguei às 7 da manha e sem dormir, sentei no computador e escrevi uma carta de 18 laudas a meu Grão-Mestre, onde expunha como via o Grande Oriente e a maneira de torná-lo melhor. Enviei a carta para sua casa, em Lafaiete, com medo de alguém do GOMG abri-la, e era perigoso mesmo, porque naquela época acontecia de tudo por lá. Passados alguns dias, Hedison me telefonou e disse que não poderia realizar nada do conteúdo da carta. Apenas para colorir o que estou escrevendo, relato hoje que o conteúdo daquela carta nada mais era do que “O Novo Amanhecer”, programa que coloquei em prática quando assumi como Grão-Mestre, quatro anos depois. Se o Grão-Mestre tivesse me ouvido, todas as glórias hoje atribuídas a meu governo seriam suas. Minha rotina de Grão-Mestre Adjunto foi bastante proveitosa. Havia assumido com meu Grão-Mestre que ficaria uma semana por mês em Belo Horizonte. Nesta semana, assistia a reunião da Estrela Caldense na segunda-feira e terça-feira à noite pegava o “busão” para Belo Horizonte. Chegava lá de manhã, ia para o Hotel Nacional Inn, pertencente aos Irmãos Waldir, Waldemar e Gustavo Miguel, que, mais uma vez, fizeram um bom desconto em minha estadia, agora paga pelo
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GOMG, tomava um banho, o café da manhã e ia para o GOMG. Ficava lá, trabalhando. É bom que diga que os dias que ficava no GOMG eram de muito trabalho. Não gostava de perder tempo, me metia em tudo. Dava palpite nas Grandes Secretarias, no Gabinete do Grão-Mestre, no “site” que não funcionava de jeito nenhum e, embora não fosse obedecido, às vezes me impunha como Grão-Mestre Adjunto, a segunda autoridade da Potência. Nunca tive gabinete. O antigo gabinete do Grão-Mestre Adjunto tinha sido ocupado pelo Tribunal de Justiça. Assim ficava na ponta da mesa do Grão-Mestre e quando chegava um irmão para tratar com ele, eu saia, pois poderia ser um assunto particular. Hoje o GrãoMestre Adjunto possui um confortável gabinete, ao lado do gabinete do Grão-Mestre, completamente independente dele. A principal função do Grão-Mestre Adjunto, além de ser o eventual substituto do titular, é Presidir o Conselho Geral. Este conselho é o maior órgão de apoio ao Grão-Mestre, com estatura de 1.º Escalão de Governo. Porém, naquela época, o Conselho Geral era composto por vários Irmãos da capital, uns poucos de Conselheiro Lafaiete e só. O resto do estado ficava alienado, nem sabendo o que era o importante e ilustre Conselho Geral. Em meu mandato de Presidente, passei suas reuniões mensais para os sábados, assim permanecia no GOMG na quarta, quinta, sexta-feira, realizava reunião do Conselho Geral no sábado e voltava para Poços de carona com os irmãos deputados da Estrela Caldense. As reuniões do Conselho Geral se restringiam aos pareceres do irmão João Alberto de Carvalho, então Grande Secretário de Administração. Lidos os pareceres, todos concordavam com ele e o assunto estava encerrado. Todos tomavam café, comiam pão de queijo, tomavam refrigerantes e a reunião acabava. Este era o Conselho Geral que eu presidia. Em meus 4 anos de mandato modifiquei alguma coisa, sem no entanto mexer em sua estrutura, pois Adjunto é Adjunto. GrãoMestre é outra coisa. Quando fui eleito Grão-Mestre, a primeira providencia que tomei junto a meu Adjunto foi ir com ele aos bancos onde o GOMG
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era correntista para que preenchesse um cartão de assinaturas. É a legitimidade de um cargo, pois se algo acontecer ao Grão-Mestre, seu Adjunto não terá nenhuma dificuldade em substituí-lo. Comigo não aconteceu desta maneira. Jamais fui convidado a preencher um cartão de assinatura. Quando meu Grão-Mestre se adoeceu, em março de 2009 e tive que assumir como Grão-Mestre em Exercício por 82 dias, jamais assinei um cheque. Estes eram feitos e entregues ao motorista, que se dirigia a Conselheiro Lafaiete para que o Grão-Mestre os assinasse. São tempos que já ficaram no passado. Um fato interessante foram as correspondências. Eu escrevo desde os 9 anos de idade. Minha primeira publicação em jornal foi aos 12 anos e lancei meu primeiro livro aos 15. Assim, tenho o hábito de escrever, que para mim é uma distração, um “relax”. Então, quando nosso Grão-Mestre sofreu a cirurgia do coração, em março de 2009, fui para Belo Horizonte e por lá fiquei por 82 oitenta e dois dias, despachando como Grão-Mestre. Um dia um funcionário entrou no gabinete e disse: Você não me pede para escrever nada. Nem carta, nem decreto, nem ato, nem nada. O que está acontecendo? Eu estranhei muito a sua pergunta e disse-lhe: - Ora, este não é o papel do Grão-Mestre? Só aí ele me explicou que todos os outros pediam a ele que os fizesse e como eu não pedi, estava estranhando. Realmente, ao encerrar meu mandato como GrãoMestre, e antes dele, como Adjunto, jamais pedi a alguém para escrever algo para mim, seja uma prancha, uma carta comum, um discurso. O Grão-Mestre deve ser competente o suficiente para redigir uma carta, ou expressar-se por meio da escrita. Cada carta, cada discurso, enfim tudo que mandamos outrem outros escreverem, ele deixa de ser nosso, de ter a nossa marca. Um Grão-Mestre que não sabe escrever uma carta, não pode ser Grão-Mestre. Tudo que fiz, que assinei, podem crer meus irmãos, foi escrito por mim. Meus acertos e meus erros, pois o GrãoMestre também erra. Havia um costume no Grande Oriente que achava muito estranho. Uma Loja entrava em reforma e seu Venerável Mestre ia ao
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GOMG pedir isenção de pagamentos ao Grão-Mestre. Geralmente ele concedia a isenção à Loja solicitante. Como o uso do cachimbo faz a boca torta, muitas Lojas se acostumaram a este insalubre vício e iam, costumeiramente, junto ao Grão-Mestre, pedir suas isenções. Outras, com seus prédios em construção, também não pagavam a capitação. Vou abrir outro parêntese para esclarecer que o termo “per-capta” se aplica quando se refere a captação. Exemplo: - Vamos captar água no riacho. Mas o termo “percapita” com i, se refere a cobrança de numerários, de recursos, de dinheiro. Assim quando falarmos em capitações, estamos querendo dizer um levante de capital, de recursos financeiros. Assim me explicou o Irmão João Alberto de Carvalho, uma das maiores culturas que conheço. Um Irmão que gostei de conhecer e que mais adiante falaremos dele e de nossas saudáveis conversas. Mas, com referência aos pedidos de isenções das Lojas, que sempre eram atendidas pelo Grão-Mestre, não concordava de jeito nenhum. Ora, quando reformamos nossa casa vamos pedir ao Prefeito para deixar de pagar o IPTU? Pelas nossas leis, concerne ao Poder Legislativo o perdão de dívidas. O Grão-Mestre não pode perdoar dívidas sem correr o risco de estar fora da lei e ser inquirido pelo Poder Legislativo. Por falar nele, como Grão-Mestre Adjunto, tive sempre muito respeito pela Assembleia Legislativa e seus operosos deputados. No transcorrer de meu mandato como Adjunto, quando o irmão Walmir de Castro Braga foi eleito seu Presidente, resolveu-se mexer, de novo, na Constituição, por meio de uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional. Foi um “Deus nos acuda” e mais uma vez os Poderes não se entendiam. O Grão-Mestre brigava com o Presidente da Assembleia, o Presidente da Assembleia brigava com o Grão-Mestre. E eu ficava espiando tudo aquilo, na certeza que, se fosse eu, jamais tomaria aquelas atitudes, sendo Grão-Mestre ou sendo Deputado. Certa feita estava em Recife representando o GOMG em uma Assembleia Geral Extraordinária da Comab, sendo lá recebido pelo
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Soberano Grão-Mestre Antonio do Carmo Ferreira, ícone da Maçonaria Brasileira, quando recebi um telefonema do Presidente da Assembleia Legislativa, irmão Walmir. Ele me dizia que a coisa estava feia e que o clima ruim estava novamente implantado na Assembleia. Era o cisma definitivo entre o Poder Executivo e o Legislativo. Pedi a ele que me aguardasse. Dentro de poucos dias estava em Belo Horizonte e, imediatamente, procurei meu Grão-Mestre. Disse a ele que se afastasse do cerne da questão e aconselhei também o Presidente Walmir a fazer o mesmo. Escrevi então um tipo de acordo de convivência entre os Poderes, que aqui transcrevo em sua integra. Pedi ao Grão-Mestre que convocasse alguns irmãos de sua irrestrita confiança e o mesmo pedi ao Presidente da Assembleia. Nos reunimos alguns dias depois no mesmo edifício da Rua da Bahia, porém no 3.º andar, onde funciona até hoje o nosso Supremo Conselho. Abri a reunião e propus a leitura do documento que já mostrara anteriormente a meu Grão-Mestre, tendo dele a certeza que seria por ele assinado quando lhe apresentasse após a reunião. Quando fiz a leitura do documento, o Irmão Wagner Colombarolli nos disse: - O Grão-Mestre não vai assinar este acordo. Eu lhe disse: - Vai sim. Eu já li para ele seu conteúdo e ele me prometeu que, se os Irmãos da Assembleia concordarem, ele assinará este documento. Mas e se ele não assinar, insistiu Colombarolli. Eu, na inocência de meu noviciado como Adjunto, respondi: - Então eu peço demissão de meu cargo. Todos os presentes assinaram o documento e o Grão-Mestre Adjunto subiu até o 6.º andar onde o esperava o Soberano Grão-Mestre que, ao ser a ele pedido para que também assinasse a ata, se negou a fazê-lo, ouvindo um de seus Grandes Secretários, que estava também no Gabinete. O Grão-Mestre Adjunto, então, honrando o que prometera minutos antes durante a reunião, renunciou a seu cargo e deixou o Gabinete do Grão-Mestre. Porém, antes de deixar a sala, o Grão-Mestre o impediu dizendo que, se era para ele sair, sairiam os dois, pois os dois chegaram juntos.
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Pensando na conciliação, mais uma vez, o Adjunto cedeu ao pedido de seu Grão-Mestre. O Grão-Mestre Adjunto pediu então ao Soberano Grão-Mestre que se comunicasse com os demais membros da reunião, explicando os motivos pelos quais não assinou o documento. O Grão-Mestre telefonou para alguns, mas não para todos os presentes. Poucos dias depois, não havendo entendimento, o Grão-Mestre expulsou a Loja a que pertencia o Presidente da Assembleia Legislativa, que deixou a Potência indo abrigar-se junto à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, estando lá até hoje. Este episódio repercutiu alguns anos depois, quando estava em campanha para Grão-Mestre e em visita a Divinópolis. Estava na Loja Estrela do Oeste de Minas, uma das colunas basilares do GOMG, expondo meu futuro Programa de Governo e me expus a perguntas. A primeira delas foi do Irmão Nilton Gomes de Oliveira, um dos expoentes da Maçonaria mineira e brasileira, que me perguntou sobre minha promessa de renunciar ao cargo, caso o Grão-Mestre não assinasse o documento. Expliquei ao Irmão Nilton, e não só a ele como a todos os irmãos da região oeste do estado, que superlotavam o Templo. O que realmente acontecera foi mais um infeliz episódio daquela época de desentendimentos. Todos estes infaustos acontecimentos repercutiam dentro de minha Loja. Uma vez, o Venerável Mestre de minha Loja enviou correspondência eletrônica para os demais irmãos do Quadro, com cópia para o Grão-Mestre e para o Grão-Mestre Adjunto, classificando o Grande Oriente como “o cirquinho da rua da Bahia”. Isto me atingia nevralgicamente. Como Grão-Mestre Adjunto, cheguei a uma simples e dura conclusão: ao longo desta poeira de setenta anos os que me antecederam se julgavam rei, ou melhor, um Faraó, porque o Faraó além de rei era também um deus. Achavam que estavam acima do bem e do mal. De minha parte, estou convencido que não existe Grão-Mestre sem Loja e o melhor caminho de se tornar isento, livre, puro, é cumprir, rigidamente
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a lei. O fiel cumprimento da lei, doa em quem doer, é o melhor remédio para se granjear os respeito, a afeição e o compromisso de Lojas e irmãos, e isto fizemos, com certeza. Um dia o Grão-Mestre me apresentou um CD que recebera da Academia Maçônica Mineira de Letras, por intermédio do irmão Sebastião Cardoso, seu integrante. Neste CD, que abri no mesmo instante, exortava irmãos e Lojas a defender o meio ambiente. Tive então a idéia de promover e criar a campanha “Dia da Defesa do Planeta Terra”. Preparei-a como achava que deveria ser e a apresentei a meu GrãoMestre. De pronto ele disse não, mas devido à minha insistência, acabou concordando. Foi um evento e tanto. O irmão Richard, em Poços de Caldas, criou uma logo muito bonita sobre a campanha, preparamos grandes cartazes e elaboramos um folder. Assim, em um determinado domingo, próximo a 5 de junho, dia mundial do meio ambiente, todas as Lojas deveriam sair às ruas para caminhadas, passeatas, plantio de árvores, palestras, enfim tudo que dissesse respeito ao cuidado com o meio ambiente. Ao final da campanha tivemos notícias da participação de todo o estado. Matas ciliares foram protegidas, bem como reservas minerais, mais de 220.000 mil árvores foram plantadas em todo o estado. Palestras foram feitas em escolas, em clubes de serviços, em corporações militares, em igrejas e em repartições públicas. Enfim, a campanha foi um sucesso. Aquilo me deu a certezas que a Maçonaria existe e ainda tem participação junto a seus irmãos e suas famílias. Dali por diante, ao elaborar meu futuro Programa de Governo, me lembrei desta campanha e tudo que fizemos nele nela foi com a confiança que a enorme família do Grande Oriente de Minas Gerais estava pronta para a ação, bastando ter alguém que a comandasse.
Campanha para Adjunto Nossa campanha foi difícil. Muitos não aceitavam que a sucessão de Milton fosse de seu Grão-Mestre Adjunto. Os ânimos ainda estavam
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acirrados com a Assembleia dissolvida por Milton. Fiz minha campanha apenas no Sul de Minas, onde era conhecido. O resto do estado ficou com Hedison. Jamais vou me esquecer de algumas poucas visitas que fiz em nossa campanha pelo Sul de Minas. Em Passa Quatro, a Loja Maçônica Estrela da Mantiqueira não fazia parte do Pacto Maçônico do Sul de Minas. Lembro-me que meu Coordenador Regional da Micro-Região 3, do Circuito das Águas, me dizia que “a Loja de Passa Quatro é difícil, tem Irmãos questionadores, cuidado, lá é um perigo”. Fui recebido em Passa Quatro por seu Venerável Mestre Álvaro Pinheiro Mascarenhas, atual Delegado Distrital da Mantiqueira, membro da Comissão de Assessoramento e Acompanhamento do GrãoMestrado do Grande Oriente de Minas Gerais e Ex Orador do Conselho Geral e membro da Comissão de Assessoramento e Acompanhamento do Grão-Mestrado, um de nossos melhores e mais dedicados membros do Grão-Mestrado. Álvaro me recebeu muito bem e me levou à sessão econômica de sua Loja em uma sexta-feira que antecedia às eleições. Foram frios, mas receptivos. Pedi então a eles um voto de confiança. Imaginem. Quem pedia o voto de confiança era alguém desconhecido, companheiro de chapa do Adjunto de um Grão-Mestre o qual a Loja não nutria grande simpatia. Era pedir demais. Levantou-se então o Irmão Levy Osvaldo Costa Gomes, hoje meu Ex-Delegado Distrital da Mantiqueira. Um Irmão estudioso, dedicado e realmente “questionador” como me disseram. Levy carinhosamente acatou meu pedido de voto de confiança e exortou a todos os Irmãos a também acatá-lo. Fiquei aliviado. Que bom. Pensei, 1 a 0 para mim. Hoje a querida Estrela da Mantiqueira e sua filha “Acácia das Terras Altas”, do oriente de Itanhandu, me emprestam dois de seus obreiros para compor meu governo e completou em 2014, 60 anos de muito trabalho e participação na história da linda e bucólica Passa Quatro, trazendo em seu Quadro de Obreiros, nada menos que o Prefeito e o Vice-Prefeito Municipal, além de vereadores, secretários e a Presidente da Câmara de Vereadores, nossa cunhada.
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Ganhamos a eleição. Um dia recebi um telefonema de meu cunhado e afilhado de Maçonaria, Sebastião Marques, hoje Delegado Regional de Poços de Caldas, como eu fui e também Membro Efetivo do Supremo Conselho do Rito Escocês. Tiãozinho me pedia para falar, do outro lado da linha, com um irmão de São Sebastião do Paraíso. Concordei e ouvi pela primeira vez a voz do irmão José Basílio de Queiroz, hoje membro do Conselho Geral e pertencente ao Quadro de Obreiros da Loja Maçônica Fraternidade Universal, a Loja que empresta mais irmãos a meu governo. Basílio me convidava para ir a sua Loja. Aceitei de pronto e em uma segunda-feira de abril de 2008, Tiãozinho e eu rumamos para São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste do estado. Chegamos à Loja e estávamos nos paramentando quando a porta se abriu e um irmão alto, magro, moreno, nos vê e exclama em voz alta: - Ele é mais moço pessoalmente do que na foto. Era o Irmão Benedito Nogueira de Souza, um dos mais brilhantes e respeitados advogados da cidade, que naquele mandato seria nosso Delegado Regional e em meu mandato exerceu com brilhantismo o cargo de Grande Secretário da Guarda dos Selos e hoje empresta sua capacidade de grande jurista à Comissão de Constituição e Justiça do Conselho Geral. Propus não haver sessão normal naquela noite. Assim fizemos um círculo de cadeiras, sentamonos e conversamos como velhos amigos. Eles estavam ressentidos. A Loja não havia votado em nós, apenas alguns Irmãos o fizeram. Achei muito bom e anotei tudo o que eles disseram. Pediram muita coisa e julguei que os pedidos tinham real fundamento. Saímos dali com a certeza que estávamos no caminho certo e que tínhamos grande possibilidade de realizar um bom governo. Em uma destas tardes Paulinho me telefonou dizendo que o Delegado Regional de Três Pontas, o irmão Francisco de Assis F. Carvalho (não confundir com o Chico Trolha, seu homônimo) lhe dissera que as coisas por lá não iam bem e que o Deputado da Loja afirmava que a Assembleia Legislativa não nos daria posse. Descemos a serra rumo a Três Pontas. Fomos recebidos, como sempre, pelo Kiko, ou melhor,
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Francisco de Assis Faria Carvalho. Fomos tomar um café em uma belíssima confeitaria da cidade e de repente chega o Deputado brigão. Alto, corpulento, cabelos grisalhos e cara de poucos amigos, o irmão José Otávio nos disse, claramente, que era contra a posse e que a eleição nem deveria ter ocorrido. Ele estava realmente muito bravo. Expliquei então a ele nossas intenções, nossos planos de paz e harmonia, nosso passado junto à Maçonaria e o que tivemos oportunidade de fazer por sua união e progresso. Ele se acalmou. De repente começou a entender o que estava acontecendo. Um novo GOMG estava surgindo. Assimilou tudo o que eu disse e ao final, apertou minha mão e disse: - Estou com você. Hoje, ao escrever estas linhas não deixo de me emocionar. Ainda hoje integrante da Assembleia, um dos seus mais combativos deputados, o irmão Zé Otávio é um de meus melhores amigos e eu sou um de seus maiores admiradores. Ele conseguiu despir-se daquilo que acreditava, para colocar sua crença em alguém que jamais viu. Muito obrigado, meu querido Zé Otávio. Acho que você não se arrependeu, não é mesmo? Kiko continua Delegado Regional de Três Pontas, mineirinho, quieto, falando pouco e desenvolvendo uma das maiores lideranças maçônicas do Sul de Minas e sempre nos apoiando.
O Defensor Perpétuo As coisas não iam bem, apesar de termos ganhado as eleições de maneira limpa e correta, havia muitos comentários que a Assembleia Legislativa não nos daria posse. Nestes dias de angústia, onde tínhamos a nítida impressão de “ganhar e não levar”, recebi um telefonema de Hedison que me pedia para telefonar para o Presidente da Assembleia Legislativa Maçônica, Irmão Cleber Menezes. Disse que Cleber era um Irmão bom, conciliador, conhecedor profundo de nossas leis e que, quem sabe por um telefonema meu, um Irmão novo, sem passado de brigas e desavenças, as coisas poderiam se abrandar. 39
À noite daquele mesmo dia, telefonei para Cleber Menezes. Foi o nosso primeiro contato. Sempre atencioso, me atendeu com educação e respeito. Me apresentei, disse-lhe de nossas intenções de pacificar a Potência e que o passado serviria, daqui para frente, apenas para o registro da história. Cleber, bem como os demais Deputados, estavam “feridos” pelos recentes acontecimentos que envolveram o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Disse-me tudo aquilo e notei, ainda que por telefone, sua mágoa por tudo que acontecera e que, a seu ver, não precisava ter ocorrido. Concordei com ele e relatei-lhe alguma coisa sobre as minhas intenções como Grão-Mestre Adjunto. Por fim, pedi-lhe um voto de confiança para mim, um Irmão que estava chegando do interior e que nenhuma responsabilidade tinha sobre estes nefandos acontecimentos. Ele, após argumentar sobre suas últimas posturas que sinalizava que o Poder Legislativo não nos daria posse, disse-me com (letras) todas as letras, como se todas as Lojas filiadas também escutassem: - Olha aqui, não se preocupe. Vou lhe dar o voto de confiança que está me pedindo. Pode avisar ao Hedison, vocês tomarão posse e todos os Deputados da Assembleia estarão presentes. Ao ouvir aquelas palavras, ditas com a voz do coração, entendi que Cleber Menezes era um Irmão do bem, que nada mais desejava a não ser a conciliação e o entendimento entre os Poderes, a bem de uma potência forte e unida. Hoje, quase oito anos passados, enxergo no meu Irmão Cleber, líder do Grão-Mestrado na Assembleia, o mesmo cidadão cônscio de seus deveres, preocupado com o legal e o legítimo. Ao desejar homenageá-lo, na manhã de 12 de setembro de 2015, onde o GOMG comemorava seus 71 anos de fundação, custei a encontrar um título que mais se alinhasse a seus méritos, pois todos os que lembrara ele já os possuía. Lembrei-me então de D. Pedro I, que recebera do povo brasileiro o título de Defensor Perpétuo do Brasil, episódio que originou o histórico Dia do Fico. Assim criei o diploma de Defensor Perpétuo da
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Maçonaria, título que lhe cabe como uma luva, também agraciando os Past Presidentes de nossa Assembleia Legislativa, os queridos Sebastião Cardoso e Wagner Colombarolli, pelo muito que fizeram, fazem e ainda farão pela grandeza da Maçonaria Confederada Mineira.
Como Grão-Mestre Adjunto Chegando o dia da posse, os irmãos de minha Loja se prepararam para assisti-la. Fui com eles para Belo Horizonte, de ônibus fretado, cortesia do irmão Flávio Antonio Couto de Araújo Cançado, um grande amigo e proprietário da empresa Auto Ômnibus Circullare de Poços de Caldas, em uma viagem muito alegre, com todos usando camiseta confeccionada especialmente para o evento. Lá chegando, fomos para o Hotel Nacional, onde, por cortesia de seus proprietários, os irmãos Miguel, de Poços de Caldas, serviram um suculento lanche da tarde para todos nós. A noite caiu quente e calma no Curral Del Rei. A grande caravana de Poços de Caldas se preparava. Vestimos nossos ternos e fomos para a cerimônia de posse. Após ela, na fila dos cumprimentos, recebi o abraço do irmão José Otávio, deputado de Três Pontas, que bradou para que todos ao seu redor pudessem ouvir: - Este é o homem! Fiquei emocionado, pois meses antes, quando ainda não me conhecia, era um ardoroso defender de não nos dar posse. Depois de tomar posse, pernoitei em um “ótimo” hotel, que não tinha nem água nem luz, que o pessoal do GOMG arrumou para mim em Belo Horizonte e pela manhã fui para a Rua da Bahia. Nunca tinha entrado antes lá e não conhecia ninguém. Me apresentei dizendo ser o novo Grão-Mestre Adjunto. É claro que eles já me conheciam da noite anterior, mas me apresentei assim mesmo. O Grão-Mestre Hedison chegaria apenas na hora do almoço, vindo de Conselheiro Lafaiete, região metropolitana da Grande Belo Horizonte, onde reside até hoje. Assim, pela manhã pedi que me levassem para conhecer o famoso Hospital São João Batista e a famosa Clínica São João Batista. Me levaram 41
a Ribeirão das Neves e fiquei pasmo com tudo que vi. Uma barbaridade. Depois, para arrematar, me levaram para conhecer a Clínica São João Batista. Outro susto. Naquelas visitas formei um juízo de valores sobre o que estas empresas representavam para o Grande Oriente. Quando Hedison chegou, sentamos, ele, eu e Milton e quando saímos de nossas cadeiras já era noite alta. Tomei o ônibus para Poços às 11 da noite e não consegui, nem por um momento, pegar no sono. Cheguei às 7 da manha e sem dormir, sentei no computador e escrevi uma carta de 18 laudas a meu Grão-Mestre, onde expunha como via o Grande Oriente e a maneira de torná-lo melhor. Enviei a carta para sua casa, em Lafaiete, com medo de alguém do GOMG abri-la, e era perigoso mesmo, porque naquela época acontecia de tudo por lá. Passados alguns dias, Hedison me telefonou e disse que não poderia realizar nada do conteúdo da carta. Apenas para colorir o que estou escrevendo, relato hoje que o conteúdo daquela carta nada mais era do que “O Novo Amanhecer”, programa que coloquei em prática quando assumi como Grão-Mestre, quatro anos depois. Se o Grão-Mestre tivesse me ouvido, todas as glórias hoje atribuídas a meu governo seriam suas. Minha rotina de Grão-Mestre Adjunto foi bastante proveitosa. Havia assumido com meu Grão-Mestre que ficaria uma semana por mês em Belo Horizonte. Nesta semana, assistia a reunião da Estrela Caldense na segunda-feira e terça-feira à noite pegava o “busão” para Belo Horizonte. Chegava lá de manhã, ia para o Hotel Nacional Inn, pertencente aos Irmãos Waldir, Waldemar e Gustavo Miguel, que, mais uma vez, fizeram um bom desconto em minha estadia, agora paga pelo GOMG, tomava um banho, o café da manhã e ia para o GOMG. Ficava lá, trabalhando. É bom que diga que os dias que ficava no GOMG eram de muito trabalho. Não gostava de perder tempo, me metia em tudo. Dava palpite nas Grandes Secretarias, no Gabinete do Grão-Mestre, no “site” que não funcionava de jeito nenhum e, embora não fosse obedecido, às vezes me impunha como Grão-Mestre Adjunto, a segunda autoridade da Potência. Nunca tive gabinete. O antigo gabinete do Grão-Mestre
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Adjunto tinha sido ocupado pelo Tribunal de Justiça. Assim ficava na ponta da mesa do Grão-Mestre e quando chegava um irmão para tratar com ele, eu saia, pois poderia ser um assunto particular. Hoje o GrãoMestre Adjunto possui um confortável gabinete, ao lado do gabinete do Grão-Mestre, completamente independente dele. A principal função do Grão-Mestre Adjunto, além de ser o eventual substituto do titular, é Presidir o Conselho Geral. Este conselho é o maior órgão de apoio ao Grão-Mestre, com estatura de 1.º Escalão de Governo. Porém, naquela época, o Conselho Geral era composto por vários Irmãos da capital, uns poucos de Conselheiro Lafaiete e só. O resto do estado ficava alienado, nem sabendo o que era o importante e ilustre Conselho Geral. Em meu mandato de Presidente, passei suas reuniões mensais para os sábados, assim permanecia no GOMG na quarta, quinta, sexta-feira, realizava reunião do Conselho Geral no sábado e voltava para Poços de carona com os irmãos deputados da Estrela Caldense. As reuniões do Conselho Geral se restringiam aos pareceres do irmão João Alberto de Carvalho, então Grande Secretário de Administração. Lidos os pareceres, todos concordavam com ele e o assunto estava encerrado. Todos tomavam café, comiam pão de queijo, tomavam refrigerantes e a reunião acabava. Este era o Conselho Geral que eu presidia. Em meus 4 anos de mandato modifiquei alguma coisa, sem no entanto mexer em sua estrutura, pois Adjunto é Adjunto. GrãoMestre é outra coisa. Quando fui eleito Grão-Mestre, a primeira providencia que tomei junto a meu Adjunto foi ir com ele aos bancos onde o GOMG era correntista para que preenchesse um cartão de assinaturas. É a legitimidade de um cargo, pois se algo acontecer ao Grão-Mestre, seu Adjunto não terá nenhuma dificuldade em substituí-lo. Comigo não aconteceu desta maneira. Jamais fui convidado a preencher um cartão de assinatura. Quando meu Grão-Mestre se adoeceu, em março de 2009 e tive que assumir como Grão-Mestre em Exercício por 82 dias, jamais assinei um cheque. Estes eram feitos e entregues ao motorista, que se
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dirigia a Conselheiro Lafaiete para que o Grão-Mestre os assinasse. São tempos que já ficaram no passado. Um fato interessante foram as correspondências. Eu escrevo desde os 9 anos de idade. Minha primeira publicação em jornal foi aos 12 anos e lancei meu primeiro livro aos 15. Assim, tenho o hábito de escrever, que para mim é uma distração, um “relax”. Então, quando nosso GrãoMestre sofreu a cirurgia do coração, em março de 2009, fui para Belo Horizonte e por lá fiquei por 82 dias, despachando como Grão-Mestre. Um dia um funcionário entrou no gabinete e disse: - Você não me pede para escrever nada. Nem carta, nem decreto, nem ato, nem nada. O que está acontecendo? Eu estranhei muito a sua pergunta e disse-lhe: - Ora, este não é o papel do Grão-Mestre? Só aí ele me explicou que todos os outros pediam a ele que os fizesse e como eu não pedi, estava estranhando. Realmente, ao encerrar meu mandato como Grão-Mestre, e antes dele, como Adjunto, jamais pedi a alguém para escrever algo para mim, seja uma prancha, uma carta comum, um discurso. O Grão-Mestre deve ser competente o suficiente para redigir uma carta, ou expressar-se por meio da escrita. Cada carta, cada discurso, enfim tudo que mandamos outros escreverem, ele deixa de ser nosso, de ter a nossa marca. Um Grão-Mestre que não sabe escrever uma carta, não pode ser Grão-Mestre. Tudo que fiz, que assinei, podem crer meus irmãos, foi escrito por mim, meus acertos e meus erros, pois o Grão-Mestre também erra. Havia um costume no Grande Oriente que achava muito estranho. Uma Loja entrava em reforma e seu Venerável Mestre ia ao GOMG pedir isenção de pagamentos ao Grão-Mestre. Geralmente ele concedia a isenção à Loja solicitante. Como o uso do cachimbo faz a boca torta, muitas Lojas se acostumaram a este insalubre vício e iam, costumeiramente, junto ao Grão-Mestre, pedir suas isenções. Outras, com seus prédios em construção, também não pagavam a capitação. Vou abrir outro parêntese para esclarecer que o termo “per-capta” se aplica quando se refere a captação. Exemplo: - Vamos captar água no riacho. Mas o termo “percapita” com i, se refere a cobrança de numerários,
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de recursos, de dinheiro. Assim quando falarmos em capitações, estamos querendo dizer um levante de capital, de recursos financeiros. Assim me explicou o Irmão João Alberto de Carvalho, uma das maiores culturas que conheço. Um Irmão que gostei de conhecer e que mais adiante falaremos dele e de nossas saudáveis conversas. Mas, com referência aos pedidos de isenções das Lojas, que sempre eram atendidas pelo Grão-Mestre, não concordava de jeito nenhum. Ora, quando reformamos nossa casa vamos pedir ao Prefeito para deixar de pagar o IPTU? Pelas nossas leis, concerne ao Poder Legislativo o perdão de dívidas. O Grão-Mestre não pode perdoar dívidas sem correr o risco de estar fora da lei e ser inquirido pelo Poder Legislativo.
“Dia da Defesa do Planeta Terra” Um dia o Grão-Mestre me apresentou um CD que recebera da Academia Maçônica Mineira de Letras, por intermédio do irmão Sebastião Cardoso, seu integrante. Neste CD, que abri no mesmo instante, exortava irmãos e Lojas a defender o meio ambiente. Tive então a idéia de promover e criar a campanha “Dia da Defesa do Planeta Terra”. Preparei-a como achava que deveria ser e a apresentei a meu GrãoMestre. De pronto ele disse não, mas devido à minha insistência, acabou concordando. Foi um evento e tanto. O irmão Richard, em Poços de Caldas, criou uma logo muito bonita sobre a campanha, preparamos grandes cartazes e elaboramos um folder. Assim, em um determinado domingo, próximo a 5 de junho, dia mundial do meio ambiente, todas as Lojas deveriam sair às ruas para caminhadas, passeatas, plantio de árvores, palestras, enfim tudo que dissesse respeito ao cuidado com o meio ambiente. Ao final da campanha tivemos notícias da participação de todo o estado. Matas ciliares foram protegidas, bem como reservas minerais, mais de 220.000 mil árvores foram plantadas em todo o estado. Palestras foram feitas em escolas, em clubes de serviços, em corporações militares, em igrejas e em repartições públicas. Enfim, a campanha foi
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um sucesso. Aquilo me deu a certeza que a Maçonaria existe e ainda tem participação junto a seus irmãos e suas famílias. Dali por diante, ao elaborar meu futuro Programa de Governo, me lembrei desta campanha e tudo que fizemos nela foi com a confiança que a enorme família do Grande Oriente de Minas Gerais estava pronta para a ação, bastando ter alguém que a comandasse.
Passaram depressa Assim passaram-se quatro anos de mandato como Grão-Mestre Adjunto. Poucas vezes fui convidado a viajar com meu Grão-Mestre. Porém as poucas vezes em que viajei, sempre atuei de alguma forma, seja proferindo uma palestra ou ministrando um Seminário de Ritualística. Quanto a este seminário, já estava trabalhando, como Presidente da Comissão de Ritualística da Comab, nos rituais do Rito Escocês, e assim, já acenava para os irmãos das possíveis mudanças que iam ocorrer neles. E isto foi muito bom, pois explicava a todos sobre as irregularidades constantes de nossos rituais da atualidade, uma verdadeira colcha de retalhos, que a cada Grão-Mestrado era enxertada de novos fundamentos de outros ritos que nada tinham a ver com o Rito Escocês. Desta maneira fui ficando conhecido em todo o estado como um Adjunto presente, que trabalhava pelo engrandecimento do GOMG e que possuía, ao ver dos Irmãos do GOMG, algum conhecimento de Maçonaria e da administração de uma empresa. Sempre afirmavas que o GOMG era uma empresa e assim deveria ser administrado. Como sabem, sou empresário. Formado pela Universidade de Alfenas – Unifal, em 1974. Exerci a minha profissão no ramo das Análises Clínicas desde janeiro de 1975. Em 1992 fundei, ao lado de outros sócios, todos médicos, uma operadora de Planos de Saúde que há quatro anos é ranqueada como a melhor empresa de seu segmento no Sul de Minas e Norte de São Paulo, dados da Agência Nacional de Saúde, que, anualmente, pontua estas empresas tendo por base alguns dados
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essenciais que justificam esta pontuação. É claro que minha bagagem, como empresário da área de saúde não é pequena, e assim, ao conhecer a Clínica São João Batista e seus meandros, bem como o hospital do mesmo nome, não poderia deixar de manifestar a meu Grão-Mestre sobre eles. Por várias vezes falei com ele, colocando minha experiência e dizendo das “barbaridades” que ocorriam na clinica e que nunca o Hospital São João Batista iria funcionar da maneira como estava. Porém não tive nenhuma resposta positiva de meu Grão-Mestre. Hoje entendo que não podemos culpá-lo, bem como ao Grão-Mestre que o antecedeu. Como integrantes de áreas estranhas à saúde, eles acreditavam na opinião de irmãos colaboradores que se diziam entendidos, ao afirmarem que um dia aquelas empresas poderiam ser úteis ao Grande Oriente e se tornarem lucrativas. Jamais isto passou pela minha cabeça. Reconheci desde o primeiro instante que aquilo era o maior dos absurdos. Fácil enganar um Contador, fácil enganar um Ex-Ferroviário. Mas me enganar era mais difícil. Fiz esta afirmação por várias vezes ao diretor da clínica, dizendo que, se eleito fosse, fecharia a clínica e o hospital em poucos dias. Porém nem ele nem ninguém acreditaram nisto. Um dia encontrei-me com meu Grão-Mestre no oriente de Guarani, para os festejos de aniversário do Conselho de Veneráveis Mestres Abdias Ferreira de Oliveira, que reúne Lojas do GOMG da região da Zona da Mata. Depois de saborear um suculento churrasco, fui chamado por dois irmãos para a sombra de uma árvore, pouco distante da mesa do almoço, pedindo para conversar comigo. Estes irmãos estavam preocupados com o destino do GOMG. Eram deputados e diziam depositar a maior confiança em meu trabalho. Fizeram várias colocações, todas elas vindo de encontro ao meu ainda embrionário Programa de Governo que implantaria como Grão-Mestre, evidentemente, se eleito fosse. Conversei lealmente com eles e disse-lhes que muito do que afirmaram fazia parte de meu Programa de Governo, caso viesse a ser eleito. Acho que foram meus primeiros cabos eleitorais, pois dali para frente minha candidatura a Grão-Mestre começou a se consolidar.
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Estes irmãos eram Hercules Lamy, um atuante e combativo deputado e Wantuil de Almeida Costa, hoje meu Grande Secretário de Educação e Cultura, um de meus maiores auxiliares na administração do GOMG. Meu mandato de Adjunto estava terminando. Tinha comigo que fizera um bom mandato, sempre contribuindo para o engrandecimento do GOMG, trabalhando no que podia e sabia, ou seja, ritualística, cultura maçônica, alguns seminários e palestras, fazendo bons contatos com a Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça e sendo respeitado por todos os irmãos, pois sempre levei muito a sério meu cargo e sua importância. Em setembro de 2010, por ocasião da entrega da Comenda do Mérito Legislativo, a maior honraria outorgada pelo Poder Legislativo, fui um dos agraciados. Honrado com a outorga, discursei na Assembleia para uma plêiade de deputados, dizendo de minha alegria e emoção ao receber tamanha honraria. Ali estava se consolidando uma profunda relação de fraternidade e respeito, que cultivo até hoje pela querida SAL/ GOMG. O tempo passava rápido e ia me aperfeiçoando, aprendendo, fazendo um bom estágio como Grão-Mestre Adjunto. Em setembro de 2011, o Encontro dos Membros Correspondentes da Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas, de Juiz de Fora, que conhecera em 2001, em Poços de Caldas, quando realizaram seu primeiro encontro fora de sua sede, aconteceu em Belo Horizonte. Fomos ao SESC Venda Nova e preparamos tudo para receber as caravanas de todo o país que participam anualmente deste encontro que hoje faz parte do Calendário Oficial de Eventos do GOMG. Lá tive a oportunidade de me encontrar com irmãos de todo o estado. E não perdi a oportunidade, falando de minha possível candidatura a GrãoMestre. Desde 2001 participava anualmente deste encontro e, tendo o GOMG como patrocinador daquele ano, minha esposa e eu resolvemos inovar. Preparamos para o encerramento um Baile de Máscaras. Foi um “barato”. Irmãos austeros como o professor Milgar, querido Irmão de
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Viçosa, Derly Halfeld Alves e muitos outros, compareceram mascarados. Dali para frente, pensei: - Estou certo, Maçonaria também tem sua hora de deleite. Certa feita estava visitando a Loja Maçônica Deus e Caridade IX, a segunda mais antiga do Sul de Minas, do oriente de Cabo Verde, quando o irmão Sebastião Marques, o Tiãozinho, meu cunhado e afilhado de Maçonaria, pede a palavra. Sem cerimônias, o Tião me lança candidato a Grão-Mestre, assim, na “bucha”. Todos ficaram perplexos, mas um deles resolveu bater palmas e repente todos aplaudiram. Estava lançada a minha candidatura. Dali para frente foi difícil negar que era candidato.
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Campanha para Grão-Mestre
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campanha para Grão-Mestre foi bastante tranquila. Bahia e eu combinamos visitar todo o estado. Ao todo foram 15.000 quilômetros por terra e ar, conhecendo Lojas e irmãos e .levando a eles nosso Programa de Governo, hoje amplamente conhecido de todos os irmãos do GOMG. O lançamento oficial da campanha foi em Poços de Caldas, no dia 1.º de agosto de 2011, uma segunda-feira. Convidei irmãos como Álvaro Pinheiro Mascarenhas, Ernani José dos Santos, José Basílio de Queiroz, Benedito Nogueira de Souza, Sebastião Marques, Luis Antonio Gaiga, Enio Henrique Prado, Paulo da Silveira, Renato Gabriel, José Humberto Bahia e alguns outros. Eles chegaram sábado, onde à noite, os recebi em minha casa para um brinde. No domingo levei-os para minha empresa e fiz com que assistissem uma exposição, em “power-point”, onde expunha meu Programa de Governo. Na segunda-feira Hedison chegou vindo do Triângulo Mineiro e fomos para a Estrela Caldense. Lá o Grão-Mestre lançou minha candidatura como seu sucessor, ocasião que apresentei Bahia como meu Adjunto. Todos os meus convidados, sem saber, seriam meus futuros Grandes Secretários, membros do Conselho 51
Geral e Delegados. Alguns dos presentes pediram, mais tarde, para não integrarem o governo e foram por mim respeitados. Começamos então nossa peregrinação por todo o estado. Viagens cansativas, mas maravilhosas, conhecendo Lojas e Irmãos, sempre distribuindo nosso Programa de Governo e falando de nossas intenções junto ao GOMG. Em todas as cidades, Bahia e eu fomos muito bem recebidos pelos irmãos e pelas Lojas. Em nenhuma delas tivemos a negativa de que não nos apoiariam. Realmente eles acreditaram em nós, e acho que não se arrependeram. Em uma destas tardes, voltando de viagem, recebi um telefonema do irmão Luiz Eduardo, colaborador do GOMG e membro da Loja Deus, Humanidade e Luz, uma das fundadoras da Potência. Ele estava visivelmente preocupado, pois vazara em Belo Horizonte que meu companheiro de chapa como Adjunto seria o Administrador da Clínica São João Batista. Disse que o comentário estava se espalhando rapidamente em Belo Horizonte e que se formara um levante contra minha candidatura, caso isto fosse verdade. Era uma quarta-feira, dia da reunião da Loja. Pedi a ele que suspendesse a reunião de quarta para quinta-feira, que reunisse todas as Lojas filiadas ao GOMG em Belo Horizonte, que eu estaria lá na noite seguinte. Segui para Belo Horizonte na manhã de quinta-feira e à noite fui para a Loja Deus, Humanidade e Luz, em seu Templo no Bonfim. A Loja estava repleta, os irmãos de Belo Horizonte lá estavam para ouvirem de mim quem seria realmente meu candidato a Grão-Mestre Adjunto. Presidi a sessão como Grão-Mestre Adjunto. Aberta a palavra, insisti que alguém explicasse a razão daquela noticia. Quem falou foi Valtair Lima, depois meu Delegado Regional, um irmão extraordinário, que viveu intensamente a cisão em 1973 e a contava muito bem. Um irmão a quem muito devo por sua clareza com as palavras, sua lealdade, seu espírito maçônico. Farei aqui um necessário parêntese. Quando me elegi GrãoMestre, convidei Valtair para ocupar o cargo como um dos Delegados
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Regionais de Belo Horizonte. Ele aceitou em sua humildade de Maçom. Passados alguns meses ele adoeceu gravemente. Foi internado no Hospital Vera Cruz, na Avenida do Contorno. Assim que cheguei a Belo Horizonte e fiquei sabendo de seu infortúnio, subi a Contorno a fim de visitá-lo. Chegando lá me inscrevi para as visitas e fui, juntamente com sua esposa, até a UTI do hospital. Ele estava em estado semicomatoso. Cheguei perto de seu leito, de onde não mais se levantaria, e pude vislumbrar seu rosto, desgastado pela enfermidade, muito magro e pálido. Ele virou-se para mim, ficamos ali por alguns instantes e aí, como se tivesse um lampejo momentâneo de lucidez, sorriu largamente para espanto de sua esposa que deixou o quarto para contar o que sucedera. Não conseguia balbuciar palavras, mas simplesmente sorriu para seu Grão-Mestre, despedindo-se dele. Deixei aquela unidade de terapia intensiva chorando, embora tenha me esforçado para que não me vissem fazendo-o. No outro dia ele se foi. Seu corpo foi velado na Loja e fui representado na Sessão de Pompas Fúnebres por meu Delegado Distrital Metropolitano, o extraordinário Ronaldo de Assis Carvalho. Continuo minha narrativa. Valtair pediu a palavra e disse textualmente, pois foram palavras tão doces, que jamais irei esquecêlas. Disse-nos ele: - Você é o Grão-Mestre que nós sempre sonhamos. Porém se o seu Grão-Mestre Adjunto for este que estão dizendo por aí, todos nós iremos votar em branco. Eu sorri com o melhor sorriso que podia. Respondi-lhes que meu Grão-Mestre Adjunto era do Alto Paranaíba, uma pessoa muito parecida comigo e que se chamava José Humberto Bahia. A Loja irrompeu em aplausos. Tudo acabara bem e minha candidatura se consolidou também na capital.
O “slogan” Quando digo “Um Novo Amanhecer” ficaria feliz em relatar como ele surgiu. Estava na Gráfica Editora Sulminas, do meu irmão e amigo Richard Alves de Morais, também editor de meus livros e Secretário de
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Imprensa em meu mandato como Presidente da Confederação Maçônica do Brasil. Falávamos sobre o Programa de Governo. Ele então me dizia: - Você precisa de um “slogan” de campanha, algo que, em uma frase, resuma o que será seu governo. E eu lhe disse: - É mesmo, algo que exprima que o Grande Oriente terá um novo amanhecer. Ele aguardou alguns instantes, pensando com a caneta entre os dentes, depois bateu na mesa e me disse, quase gritando: - Taí o que você precisava, “Um Novo Amanhecer”. E foi mesmo. Este “slogan” me acompanhou e ainda me acompanha, haja vista o título deste livro. Hoje o dia já amanheceu. Temos uma Potência forte e unida, mas o “slogan” continua vivo.
Campanha para Adjunto Nossa campanha foi difícil. Muitos não aceitavam que a sucessão de Milton fosse de seu Grão-Mestre Adjunto. Os ânimos ainda estavam acirrados com a Assembleia dissolvida por Milton. Fiz minha campanha apenas no Sul de Minas, onde era conhecido. O resto do estado ficou com Hedison. Jamais vou me esquecer de algumas poucas visitas que fiz em nossa campanha pelo Sul de Minas. Em Passa Quatro, a Loja Maçônica Estrela da Mantiqueira não fazia parte do Pacto Maçônico do Sul de Minas. Lembro-me que meu Coordenador Regional da Micro-Região 3, do Circuito das Águas, me dizia que “a Loja de Passa Quatro é difícil, tem Irmãos questionadores, cuidado, lá é um perigo”. Fui recebido em Passa Quatro por seu Venerável Mestre Álvaro Pinheiro Mascarenhas, atual Delegado Distrital da Mantiqueira, membro da Comissão de Assessoramento e Acompanhamento do GrãoMestrado do Grande Oriente de Minas Gerais e Ex Orador do Conselho Geral e membro da Comissão de Assessoramento e Acompanhamento do Grão-Mestrado, um de nossos melhores e mais dedicados membros do Grão-Mestrado. Álvaro me recebeu muito bem e me levou à sessão econômica de sua Loja em uma sexta-feira que antecedia às eleições.
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Foram frios, mas receptivos. Pedi então a eles um voto de confiança. Imaginem. Quem pedia o voto de confiança era alguém desconhecido, companheiro de chapa do Adjunto de um Grão-Mestre o qual a Loja não nutria grande simpatia. Era pedir demais. Levantou-se então o Irmão Levy Osvaldo Costa Gomes, hoje meu Ex-Delegado Distrital da Mantiqueira. Um Irmão estudioso, dedicado e realmente “questionador” como me disseram. Levy carinhosamente acatou meu pedido de voto de confiança e exortou a todos os Irmãos a também acatá-lo. Fiquei aliviado. Que bom. Pensei, 1 a 0 para mim. Hoje a querida Estrela da Mantiqueira e sua filha “Acácia das Terras Altas”, do oriente de Itanhandu, me emprestam dois de seus obreiros para compor meu governo e completou em 2014, 60 anos de muito trabalho e participação na história da linda e bucólica Passa Quatro, trazendo em seu Quadro de Obreiros, nada menos que o Prefeito e o Vice-Prefeito Municipal, além de vereadores, secretários e a Presidente da Câmara de Vereadores, nossa cunhada. Ganhamos a eleição. Um dia recebi um telefonema de meu cunhado e afilhado de Maçonaria, Sebastião Marques, hoje Delegado Regional de Poços de Caldas, como eu fui e também Membro Efetivo do Supremo Conselho do Rito Escocês. Tiãozinho me pedia para falar, do outro lado da linha, com um irmão de São Sebastião do Paraíso. Concordei e ouvi pela primeira vez a voz do irmão José Basílio de Queiroz, hoje membro do Conselho Geral e pertencente ao Quadro de Obreiros da Loja Maçônica Fraternidade Universal, a Loja que empresta mais irmãos a meu governo. Basílio me convidava para ir a sua Loja. Aceitei de pronto e em uma segunda-feira de abril de 2008, Tiãozinho e eu rumamos para São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste do estado. Chegamos à Loja e estávamos nos paramentando quando a porta se abriu e um irmão alto, magro, moreno, nos vê e exclama em voz alta: - Ele é mais moço pessoalmente do que na foto. Era o Irmão Benedito Nogueira de Souza, um dos mais brilhantes e respeitados advogados da cidade, que naquele mandato seria nosso Delegado Regional e em meu mandato exerceu com brilhantismo o cargo de Grande Secretário da Guarda dos
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Selos e hoje empresta sua capacidade de grande jurista à Comissão de Constituição e Justiça do Conselho Geral. Propus não haver sessão normal naquela noite. Assim fizemos um círculo de cadeiras, sentamonos e conversamos como velhos amigos. Eles estavam ressentidos. A Loja não havia votado em nós, apenas alguns Irmãos o fizeram. Achei muito bom e anotei tudo o que eles disseram. Pediram muita coisa e julguei que os pedidos tinham real fundamento. Saímos dali com a certeza que estávamos no caminho certo e que tínhamos grande possibilidade de realizar um bom governo. Em uma destas tardes Paulinho me telefonou dizendo que o Delegado Regional de Três Pontas, o irmão Francisco de Assis F. Carvalho (não confundir com o Chico Trolha, seu homônimo) lhe dissera que as coisas por lá não iam bem e que o Deputado da Loja afirmava que a Assembleia Legislativa não nos daria posse. Descemos a serra rumo a Três Pontas. Fomos recebidos, como sempre, pelo Kiko, ou melhor, Francisco de Assis Faria Carvalho. Fomos tomar um café em uma belíssima confeitaria da cidade e de repente chega o Deputado brigão. Alto, corpulento, cabelos grisalhos e cara de poucos amigos, o irmão José Otávio nos disse, claramente, que era contra a posse e que a eleição nem deveria ter ocorrido. Ele estava realmente muito bravo. Expliquei então a ele nossas intenções, nossos planos de paz e harmonia, nosso passado junto à Maçonaria e o que tivemos oportunidade de fazer por sua união e progresso. Ele se acalmou. De repente começou a entender o que estava acontecendo. Um novo GOMG estava surgindo. Assimilou tudo o que eu disse e ao final, apertou minha mão e disse: - Estou com você. Hoje, ao escrever estas linhas não deixo de me emocionar. Ainda hoje integrante da Assembleia, um dos seus mais combativos deputados, o irmão Zé Otávio é um de meus melhores amigos e eu sou um de seus maiores admiradores. Ele conseguiu despir-se daquilo que acreditava, para colocar sua crença em alguém que jamais viu. Muito obrigado, meu querido Zé Otávio. Acho que você não se arrependeu, não é mesmo? Kiko continua Delegado Regional de Três Pontas, mineirinho, quieto,
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falando pouco e desenvolvendo uma das maiores lideranças maçônicas do Sul de Minas e sempre nos apoiando.
Programa de Governo Em todas as Lojas em que visitamos, depois de expor o Programa e como iria desempenhá-lo, fazia sempre dois pedidos. O primeiro para que pudesse posar junto com todos os irmãos presentes para uma fotografia, a fim de que guardássemos como lembrança de nossas viagens e o segundo era que guardassem aquele “folder” onde expúnhamos nosso programa. Os irmãos se lembram disto?
A Eleição Assim percorremos todo o estado e tivemos o voto de confiança dos irmãos eleitores. A porcentagem de votos que nos foi dada nestas eleições foi a maior da história da Maçonaria de Minas Gerais, tivemos 97, 62% dos votos, o que aumentou em muito minha responsabilidade em cumprir o extenso e audacioso Programa de Governo. No dia em que os votos seriam contados, convidei o Paulinho e fomos para Belo Horizonte presenciar sua contagem e divulgação de nossa vitória. Porém neste dia aconteceu um fato inusitado. Alguns irmãos reunidos no Templo da Rua da Bahia, alguns Juízes do Tribunal Eleitoral, o Grão-Mestre Hedison, Paulinho e eu. Os votos foram contados e, para terem o quociente eleitoral havia necessidade de fazer algumas contas, naturalmente. Acontece que neste instante, quando os juízes se preparavam para fazer as tais contas e divulgar a porcentagem de votos que tivemos, o então secretário do Ilustre Tribunal Eleitoral se levanta e diz: “- Já tenho aqui estes dados. O irmão Lázaro ganhou as eleições com 97,62% dos votos”. Ora, como podia ele saber dos resultados se os votos tinham sido contados naquele instante? Acontece que os envelopes que trazem a ata de eleição nas Lojas já tinham sido abertos por ele, ou
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melhor, foram violados, pois quem tem o direito de abrir os envelopes são apenas os juízes do Tribunal Eleitoral. O secretário abriu os envelopes, contou os votos e fez as contas, tudo isto antecipadamente e por sua conta e risco. Depois colocou os envelopes já abertos em cima da mesa e pediu aos juízes para fazerem a contagem, serviço que já havia feito antes deles, sabendo, portanto, da porcentagem com que ganhei as eleições. Este foi o Grande Oriente que encontrei. Os funcionários da época tinham algumas autonomias e tomavam algumas medidas que, a meu ver, cabia apenas ao Grão-Mestre tomá-las.
Formação do novo governo Passadas as eleições, tinha agora a incumbência de nomear os Cargos de Confiança que comigo trabalhariam no Grão-Mestrado. Tinha corrido todo o estado e conhecido, nestas viagens muitos irmãos, sabendo, portanto, que poderia contar com eles. Em Montes Claros, no Templo da Loja Esperança do Norte, durante a exposição de meu Programa de Governo, fui muitas vezes interpelado por um japoneszinho que não me deu sossego. Lembrei-me dele nesta hora. Paulo Maeno, na época Venerável Mestre da Fraternidade e Justiça, do oriente de Janaúba, foi convidado para integrar o Conselho Geral e é hoje meu Grande Secretário de Relações Públicas, uma das mentes mais privilegiadas de nosso Grande Oriente. Já o conhecia de reuniões em Belo Horizonte como Grão-Mestre Adjunto, mas meu desejo em tê-lo em nosso governo surgiu da visita à Loja Atalaia do Norte, na bucólica Diamantina. Não abri mão de Rogério Vieira Farnezi, Ex-Venerável Mestre de sua Loja, a mais antiga da Potência, um irmão bastante diferenciado, que também foi convidado para integrar o Conselho Geral e hoje empresta sua liderança e trabalho como Delegado Distrital do Nordeste de Minas. Em Governador Valadares fui apresentado a um deputado de nossa Assembleia que sempre se engalfinhava com o Poder Executivo, naqueles dias difíceis onde não havia entendimento. Gostei daquele irmão, de
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seus pontos de vista e pude vislumbrar sua liderança. Não sei porque também o achei muito parecido com Carlitos, o eterno personagem de Charles Chaplin. Assim convidei Ronaldo Ferreira Machado, o querido Ronaldinho, para ser o Vice-Presidente do Conselho Geral. E assim foi indo. Peço desculpas aos demais por não citá-los, demandaria tempo, papel e paciência de meus leitores. Porém todos foram escolhidos igualmente, por suas posturas, por suas lideranças e por virtudes que poderiam ser úteis ao GOMG em sua nova administração. Os Grandes Secretários também foram escolhidos desta maneira. Tinha comigo que deveria envolver todo o estado. No governo anterior todos os Grandes Secretários eram empregados do GOMG. Todos os membros do Conselho, com raras exceções, eram de Belo Horizonte. Assim resolvi dar oportunidade para que todo o estado participasse do novo governo e convidei irmãos de todos os quadrantes desta imensa Minas Gerais, todos Mestres Instalados. De Jequitinhonha veio Renato Junqueira Guimarães, um irmão de peso (desculpe o trocadilho) e muito querido por sua Loja, um líder nato. Os irmãos de Ipatinga escolheram Amândio Augusto Paes Corrêa, de origem portuguesa – com certeza, sempre trás uma boa piada para contar, um excelente irmão. De Passa Quatro, como disse atrás, veio Álvaro Pinheiro Mascarenhas para ser o Orador do Conselho Geral, suas virtudes já foram relatadas, um irmão simplesmente extraordinário que admiro bastante. De Uberaba convidei André Luiz Marquez, com o importante aval de meu Delegado Distrital Irineu Batista Filho, que a doença nos roubou, mas que deixou além de André, seu genro Roberto Prata, que mantém na família o cargo de Delegado Distrital do Triângulo Mineiro. Carlos Resende de Souza, um dos irmãos mais sérios que conheço, assumiu tanto o Conselho Geral como também a Delegacia Distrital do Alto Paranaíba, estando bem perto do Grão-Mestre Adjunto Bahia e sendo seu homem de confiança. De Monte Carmelo convidei Gamaliel Faleiros Cardoso, um bem sucedido empresário que empresta sua competência e experiência ao Conselho Geral. De Vazante trouxemos
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Gerson Carneiro de Lima, uma grande liderança de sua região, que teve de deixar o Conselho ao ser, novamente, escolhido para Venerável Mestre de sua Loja, entrando em seu lugar Marcos Bernardes Dias, um bem humorado Irmão também de Vazante e que empresta sua liderança e trabalho ao Conselho Geral. De São Sebastião do Paraíso, como já disse atrás, trouxe José Basílio de Queiróz, um irmão bondoso, sempre presente e companheiro de todas as horas, que também integra nosso Conselho Geral. De Itajubá veio Lauritz Silva, Ex-Diretor da Inbel, um excelente irmão, de reconhecida liderança em sua região, a quem jamais faltaria com o convite para integrar meu Conselho Geral. Minha Estrela Caldense me emprestou Paulo da Silveira, o querido Paulinho, companheiro desde os tempos do Pacto Maçônico do Sul de Minas, um irmão nota 10. Assim começou meu Conselho Geral. Hoje, além destes temos os irmãos Ernani José dos Santos, de Itaúna; Evandro da Silva Lima, de Juiz de Fora; José Carlos Moura, de São Sebastião do Paraíso; José Maria Chaves, de Teófilo Otoni; Naram Mendes de Souza, de Francisco Sá, Norte de Minas, que iniciou como Delegado Regional e depois teve “aumento de salário”; Paulo César de Castro Silva, de Curvelo, Sandoval Terto de Oliveira, Ex-Venerável Mestre da Loja de nosso Sereníssimo Grão-Mestre Adjunto e Vanderlei Geraldo de Assis, de Juiz de Fora, hoje Vice-Presidente do Conselho Geral. Tenho certeza que, quando estiverem lendo leste livro, Vanderlei já será nosso GrãoMestre Adjunto eleito e com méritos, pois desenvolve uma liderança nata entre todos nós. Quanto aos meus Grandes Secretários eu raciocinei por afinidade. Estes irmãos são aqueles que se postam ao lado do Grão-Mestre e têm com eles um relacionamento mais próximo. Fui então buscar em Renato Gabriel, de Juiz de Fora, meu Grande Secretário de Administração. O irmão Renato, que conheci em 2001, em Poços de Caldas, em um de meus mandatos como Venerável Mestre da Estrela Caldense, é uma pessoa incrível. Dedicado, trabalhador, muito esforçado, um historiador e conhecedor profundo de Maçonaria.
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Renato é hoje, além de Grande Secretário de Administração, também Grande Secretário Especial para fins de Reconhecimento Internacional e Presidente da Comissão de Ritualística. Para a Grande Secretaria de Orçamento e Finanças precisava de alguém perto de mim. Assim fui buscar aquele que me substituiu no Veneralato de minha Loja. O irmão Enio Henrique Prado custou para aceitar meu convite. Enio é aquele que mais próximo está de mim, seria justo dizer que é meu confidente? Acho que sim. Por várias vezes já me forneceu bons conselhos e nas boas e más horas está sempre comigo. Nunca me esqueço de uma de suas atitudes, pelo menos. Era presidente do Pacto Maçônico do Sul de Minas e, por ocasião do Simpósio do Rito Escocês, realizado bienalmente, combinei com todas as Lojas da cidade, distribuindo tarefas a cada uma delas. Assim sendo, na hora da abertura, uma das Lojas ficou incumbida de levar o irmão Porta-Bandeira. Anunciei a entrada do Pavilhão Nacional e pedi que todos se levantassem para ouvirmos o Hino Nacional. Quando olhei para um lado, lá estava apenas a bandeira, encostada na parede. A Loja incumbida se esquecera de levar o irmão para carregá-la. Nem sei o que pensei na hora, mas quando vi, em lapsos de segundos, quando a orquestra já começara a executar os primeiros acordes do hino, vejo o Enio entrando no salão com a bandeira. Ninguém notou nada, mas eu fiquei muitíssimo aliviado. Esta foi uma das muitas situações que vivemos no passado e ainda vivemos na administração do GOMG. Hoje Enio é o titular da Grande Secretaria da Guarda dos Selos. Também fui buscar em São Sebastião do Paraíso, o querido irmão Benedito Nogueira de Souza. Respeitadíssimo em sua Loja e em toda a região de São Sebastião do Paraíso, Nogueira foi nosso Grande Secretário da Guarda dos Selos, um irmão participativo, combativo e extremamente leal aos interesses de nosso Grande Oriente. Em junho de 2015 pedi a ele que se postasse junto ao Conselho Geral, pois a Comissão de Constituição e Justiça necessitava de mais um jurista que a integrasse, ao lado do competente José Maria Chaves. Assim Nogueira deixou a Grande Secretaria para integrar o Conselho Geral, que o chamara. Para
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a Grande Secretaria de Educação e Cultura fui buscar em Bicas, na Zona da Mata, o irmão Wantuil de Almeida Costa, ex-deputado da SAL. Um valoroso irmão muito presente em todas as ocasiões, um parceiro dos bons e dos maus momentos. Ele é um daqueles irmãos que me chamaram para debaixo da árvore, no oriente de Guarani, cujo relato também faço neste tomo. Criamos duas Grandes Secretarias. Do Governo e Ação Social. A Grande Secretaria de Governo tem hoje como seu titular o queridíssimo irmão José Alberto Ferraz Medrado, um respeitado advogado da capital mineira, um maçom de primeira linha, conhecedor e incentivador da boa Maçonaria. Na recém criada Grande Secretaria de Ação Social, tivemos o valoroso irmão Agostinho Beato da Cruz Filho, também de Patos de Minas, que a deixou para ocupar a Grande Secretaria de Orçamento e Finanças. Um excelente maçom, vivido, competente e sempre presente em todos os acontecimentos de nosso Grande Oriente. Em sua vaga busquei de Governador Valadares sua maior liderança e Ronaldo Ferreira machado, o querido Ronaldinho (o melhor imitador de Charles Chaplin) que realiza um brilhantíssimo trabalho como seu titular. Nossas Grandes Secretarias de Relações Públicas e Relações Exteriores iniciaram nosso mandato tendo como titular o valoroso irmão Ernani José dos Santos, da Loja Itaúna Livre, do oriente de Itaúna, no Oeste de Minas. Dono de um dos maiores conhecimentos maçônicos do GOMG, Ernani deixou as Grandes Secretarias para dedicar-se de corpo e alma ao Conselho Geral, do qual participa com afinco e dedicação invulgares no cargo de Orador. Ocupou sua vaga na Grande Secretaria de Relações Exteriores, o irmão Miguel Simão Neto, de Juiz de Fora. Um excelente irmão, amigo e grande companheiro de viagem, agradável e competente, fala 5 línguas fluentemente e tem sido nosso tradutor em pranchas e documentos enviados aos órgãos maçônicos a fim de nosso Reconhecimento Internacional. Para a Grande Secretaria de Relações Públicas, busquei o japoneszinho questionador de Janaúba e Paulo Maeno deixou o Conselho Geral, sendo substituído pelo então Delegado Regional, Naram Mendes de Souza, também uma jovem promessa do
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Norte de Minas. Nosso Grande Procurador Geral, como já afirmei atrás, o considero meu padrinho na Maçonaria. O irmão Euclides de Paiva Mendes, de Poços de Caldas, realiza um brilhante mandato, sendo o intermediário entre o Poder Executivo e o Judiciário. Dono de invejável oratória tem sido ovacionado em Lojas onde profere a Saudação à Bandeira, um discurso de improviso que emociona todos os presentes. Criei em meu governo as Delegacias Distritais. Na verdade não as criei, eu as copiei do Grande Oriente Paulista, quando, em viagem de Recife para Itambé, no interior do estado, quando conhecemos seu famoso monumento, ao lado de Grão-Mestres da Comab e sendo ciceroneado por Antonio do Carmo Ferreira, o “ícone”. Perguntei ao Grão-Mestre Jurandir Alves de Vasconcelos como ele fazia com mais de 300 Lojas e com tantos Delegados. Ele me disse que criara Delegacias Distritais, assim se reunia apenas com Delegados Distritais e despachava com eles. Os Distritais iam para suas regiões e despachavam com os Delegados Regionais e estes levavam as notícias ou providências para as Lojas de sua região. Comprei de pronto a sugestão e criei Delegacias Distritais em todo o estado. Desta maneira foi empossado o irmão Agostinho Reis Melo como Delegado Distrital do Sul de Minas. Tininho, como ele gosta de ser chamado, foi meu contemporâneo de Universidade há mais de 40 anos e meu companheiro de Pacto Maçônico. Na campanha me acompanhou por várias viagens e assim sendo, aliado à simpatia e liderança que desenvolve junto à centenária Loja Maçônica Deus e Caridade IX, do oriente de Cabo Verde, não teria outro a ocupar o cargo. Para a Distrital da Zona da Mata, convidei Ary Sergio Alhadas, do oriente de Bicas. Serginho é uma autêntica liderança maçônica da Zona da Mata e dirige até hoje, com competência e muita dedicação, a maior Delegacia Distrital do GOMG. Carlos Resende de Souza, como já citei atrás, acumulou o cargo de Conselheiro e Delegado Distrital do Alto Paranaíba, um irmão capaz, sério e muito leal. A Distrital do Vale do Rio Doce é ocupada pelo irmão Francisco Manoel de Souza Andrade, do oriente de Itanhomi, um
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irmão experiente e muito respeitado em sua delegacia. O Norte de Minas foi representado pelo irmão Edilberto Colares de Oliveira, de Montes Claros, que se demitiu por problemas pessoais hoje completamente resolvidos e deu lugar ao irmão José Norberto Rodrigues, um dos irmãos mais sérios e competentes, também de Montes Claros. Norberto é hoje, além de Delegado Distrital do Norte de Minas, o Coordenador Geral Distrital, cargo que foi criado a fim de ser o coordenador de todos os demais, ou seja, aquele que dirige as reuniões dos Delegados Distritais, transmitindo oficialmente ao Grão-Mestre, os relatórios de todos os demais delegados. Na Delegacia Distrital do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, fui buscar o irmão Natalino Figueiredo Paulino Filho, do oriente de Itinga, para ser seu titular. Dono de uma liderança invulgar e uma dedicação muito grande à causa maçônica, Natalino ainda hoje é o titular da Delegacia Distrital do Vale do Jequitinhonha. Uma distrital muito fértil é a do Oeste de Minas. Formulado convite ao irmão Nilton Gomes de Oliveira, que exercia o cargo de Delegado Regional em mandatos anteriores, ele não aceitou sua nomeação indicando o valoroso irmão Orlando Francisco de Souza, do oriente de Santo Antônio do Monte, como seu titular. O querido Orlandinho foi bastante presente em sua distrital, respeitado e bastante conhecedor, tendo deixado o cargo em junho de 2015, quando de sua nova eleição para o Veneralato de sua Loja. Para seu lugar, convidei o dinâmico José Eustáquio Ivo da Silva, então Delegado Regional de Divinópolis, uma bandeira naquela região do estado. A distrital do Triângulo Mineiro foi ocupada por Irineu Batista Filho, do oriente de Uberaba, uma das mais genuínas lideranças mineiras. Irineu hoje, em franco restabelecimento da grave enfermidade que o acometeu, vive à sombra de seus feitos, tendo o carinho de todos nós e principalmente de sua família. Como já disse atrás, seu cargo é hoje ocupado pelo jovem e dinâmico Roberto Machado Borges Prata, também da capital do zebu, seu genro e uma promissora liderança. A Delegacia Distrital Metropolitana foi ocupada algum tempo depois pelo irmão Hamilton Baeta e hoje tem como seu titular o valoroso Ronaldo
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de Assis Carvalho, de Belo Horizonte, ex-deputado da SAL/GOMG, que, com seu dinamismo e liderança em toda região metropolitana, é um de nossos mais atuantes delegados distritais. As Delegacias Distritais se desenvolveram tanto que houve necessidade de alguns desmembramentos. Assim foi desmembrada a Delegacia Distrital do Norte de Minas, advindo mais 2 unidades. A Delegacia Distrital do Nordeste de Minas, cujo titular é o brilhante irmão Arleus de Souza Costa, do oriente de Guanhães, que exercia o cargo de Delegado Regional. Em setembro de 2015, pela necessidade de um Secretário no Conselho Geral, retirei-o de sua Delegacia, legando-a ao não menos competente Rogério Vieira Farnezi, de Diamantina, que está realizando um excelente trabalho naquela região. Rogério é um jovem valor em quem depositamos nossa maior confiança. A Delegacia Distrital Central de Minas, cujo titular é o irmão Oides Rodrigues Silva Junior, do oriente de Curvelo, um expoente da Maçonaria daquelas paragens, que também exercia o cargo de Delegado Regional. Pela necessidade foi criada a Delegacia Distrital do Vale do Aço, recaindo sobre o irmão Cid Vital Costa, do oriente de Ipatinga, os encargos de ser seu titular. Cid é um irmão de muita presença e eficiência em sua distrital. A Delegacia Distrital do Vale do Jequitinhonha foi desmembrada, surgindo, além dela, a Delegacia Distrital do Vale do Mucuri, que é exercida pelo valoroso irmão Albano Almeida Cunha, do oriente de Carlos Chagas, uma forte liderança, um irmão combativo e sempre presente. Foi também criada a Delegacia Distrital Metalúrgica, cujo Delegado Regional ganhou “aumento de salário” para Delegado Distrital. O insubstituível irmão Chrispim Rodrigues Fernandes, de Sete Lagoas, é seu titular. Chrispim é um dos irmãos mais queridos por todos nós, por sua maneira simples de ser, por sua participação e sua liderança. Também dividida recentemente, a Delegacia Distrital da Zona da Mata produziu a Delegacia Distrital do Leste de Minas, que é exercida pelo irmão José Fernandes Procópio, de Cataguases, um irmão progressista e muito trabalhador e também a Delegacia Distrital Itacolomi, exercida
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pelo irmão Odair Reis, de Barbacena, grande conhecedor de Maçonaria que recentemente se demitiu, para nossa tristeza, sendo nomeado em seu lugar o irmão José Sacramento, de Barroso, que já exercia o cargo de Delegado Regional e que também possui grande liderança e uma extensa folha de serviços prestados para aquela importante região. Sacramento, por motivos particulares, voltou a exercer o cargo de Delegado Regional e assumiu como Delegado Distrital, Fernando Antônio de Oliveira Junior, nosso querido Ligeirinho, Ex-Venerável Mestre da Loja Padre Rolin, do oriente de Ouro Preto. Realçamos seu destacado trabalho quando do infausto episódio do rompimento da barragem de Bento Rodrigues, no oriente de Mariana, trabalhando juntamente com os Irmãos da Loja Estrela do Oriente, de Mariana. Foi criada a Delegacia Distrital do Noroeste de Minas, lá em cima, perto de Brasília. Seu titular é o competente irmão Irmo Casavecchia, do oriente de Unaí, uma autêntica liderança e um trabalhador invulgar pelas causas maçônicas. A Delegacia Distrital do meu Sul de Minas foi dividida e assim surgiu a Delegacia Distrital do Noroeste de Minas, inicialmente exercida pelo irmão José Carlos Moura, de São Sebastião Paraíso, que preferiu dedicarse às atividades do Conselho Geral, sendo hoje um de seus mais atuantes membros e deixando seu cargo para a titularidade do irmão João dos Reis, de Nova Resende, um dos que mais trabalham para a fundação de novas Lojas no GOMG e a quem já devemos a fundação de 4 Lojas no Sul de Minas. Também de uma subdivisão da Delegacia do Sul de Minas, temos hoje a Delegacia Distrital da Mantiqueira, que tem no Irmão Levy Osvaldo Costa Gomes, antigo Delegado Regional de Passa Quatro, como seu titular, um irmão com muita capacidade ao trabalho e invejável conhecimento maçônico, que se demitiu em novembro de 2015 por problemas de saúde. Em seu lugar chamei Álvaro Pinheiro Mascarenhas para assumir este importante cargo. Também a Delegacia Distrital do Oeste de Minas foi dividida, surgindo a Delegacia Distrital das Vertentes e sendo convidado para assumir sua titularidade o valoroso irmão Silvio Vieira Costa, que exercia o cargo de Delegado Regional e
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que a deixou para assumir mais um mandato de Venerável Mestre junto à sua Loja, tendo sido convidado a assumir seu cargo, o jovem Luiz Fernando de Castro Silva, até então Delegado Regional de Oliveira, um irmão valoroso, dinâmico e trabalhador. Do Triângulo Mineiro surgiu a Delegacia Distrital de Uberlândia, cujo delegado titular é o irmão Sebastião Silvério da Silva, um irmão bastante trabalhador e que possui uma invejável liderança entre seus irmãos. Depois de convidar todos os irmãos para integrarem meu governo, relatei a Hedison e a Milton sobre minha escolha, dizendo que havia convidado irmãos de todo o estado. Eles se entreolharam e riram, duvidando de minhas escolhas e dizendo que estes irmãos jamais viriam a uma reunião do Grão-Mestrado em Belo Horizonte. Hoje, as RGAs, ou seja, as Reuniões Gerais Administrativas, que acontecem de dois em dois meses, chega a ter 100% de presenças destes heróicos irmãos que rodam por mais de 1.000 quilômetros a fim de cumprir o compromisso com seu Grão-Mestre e com o GOMG. Obrigado, meus irmãos, vocês estão construindo uma nova historia. Quero aqui agradecer à Assembleia Legislativa do Grande Oriente de Minas Gerais e a todos os seus deputados por ter viabilizado meu governo, possibilitando a criação da Grande Secretaria de Governo, da Grande Secretaria de Ação Social e a criação das Delegacias Distritais. Em tudo que pedi à Assembleia Legislativa fui atendido. As relações entre ela e eu não poderiam ser melhores. Lá reconheço valores como Sebastião Cardoso, Cleber Menezes, meu líder, Geraldo Magela de Araújo, meu vice-líder, Wagner Colombarolli, Ciro Jarbas Moreira, Antonio Pinheiro da Cruz, nosso querido Tonão, ex-Prefeito de Rio Pardo de Minas, e muitos outros. Também citaria os Deputados de minha Loja, como Adenir Inocêncio de Melo, Marcos Salles, Volnei do Lago, Enio Henrique Prado, Paulo da Silveira e Edemilson Vilar. Todos que, de uma maneira eminentemente maçônica, doam seu tempo, fazem viagens de orientes longínquos, unicamente para doarem sua importante parcela de colaboração ao Poder Legislativo da Potência. Sempre estarei ao lado da
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Assembleia, apoiando suas ações e prestigiando os heróicos deputados por seu trabalho e sua dedicação. Fico feliz em tê-la como aliada, assim como ao Egrégio Tribunal de Justiça e ao Ilustre Tribunal Eleitoral, dos quais falaremos mais à frente. Quanto aos Delegados Regionais, em grande parte deles, os herdei de meu antecessor. Muitos deles ainda são acostumados à maneira antiga. Temos muito trabalho em fazê-los trabalhar dentro de nossas normas, ou seja, serem, realmente, a ligação entre o GOMG e as Lojas Maçônicas filiadas. Os novos Delegados que nomeei estão perfeitamente alinhados com a nova proposta, qual seja a de fundar novas Lojas e serem os provedores das Lojas de suas regiões.
A Jordere Para incitar nossos Delegados Regionais à se alinharem com as novas propostas da potência, criamos a Jordere, isto é, Jornada de Delegados Regionais. Uma iniciativa realizada no mês de fevereiro de 2016, que teve como objetivo mostrar ao Delegado Regional o seu real trabalho. Assim reunimos a grande maioria deles em Belo Horizonte, no dia 27 de fevereiro e, durante todo o dia, levamos informações, conhecimentos, “pegadinhas” e informes do novo GOMG a fim de que possam se alinhar e cumprir seu real papel de interlocutor do GrãoMestrado junto às Lojas de sua jurisdição, provendo-as de informações necessárias ao bom relacionamento da Potência e da Loja. Nesta oportunidade distribuímos uma apostila onde o Delegado Regional poderá se pautar no desempenho de seu cargo. Ela contém todas as informações necessárias e algumas simulações de situações que poderão acontecer no dia a dia. Porém aqueles que não se enquadrarem nestas novas situações, serão recompensados com o título de Delegado Honorário e deixarão seus cargos para aqueles que desejam trabalhar e ajudar a tornar o GOMG uma Potência forte, unida e operosa.
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Um último susto Formado os membros do governo, faltava apenas a posse, agendada, de acordo com a lei para junho de 2012. Na segunda quinzena de maio recebi um telefonema de Cleber Meneses que, extremamente preocupado, me pedia para que interferisse junto ao Grão-Mestre para que não publicasse um acórdão feito pelo Tribunal de Justiça e que engessava a Assembleia, dificultando suas ações. Faltavam duas semanas para a posse. Fiquei indignado. Liguei para meu Grão-Mestre e disse que todo o problema decorrente da publicação do acórdão cairia sobre mim, pois ele estava saindo. Pedi a ele para que não publicasse o acórdão. Ele me disse que não podia fazer nada, mas que ligasse para o secretário do Tribunal, que estava encarregado da referida publicação do documento. Liguei para ele, pedindo que não publicasse o tal acórdão, pois teríamos conseqüências desastrosas. Disse que era o Grão-Mestre eleito e que, naquela qualidade, não queria que publicasse o documento. Finalmente pedi-lhe que respeitasse minha decisão. Ele ficou muito insatisfeito, mas não publicou o tal acórdão, que não o foi até hoje.
Meu querido Hedison Damascceno Não poderia aqui deixar de prestar, mais uma vez, uma sincera homenagem aos Grão-Mestres que me antecederam. Hoje temos três deles em perfeita sintonia com a Maçonaria, freqüentando ativamente suas Lojas. O Grão-Mestre “Ad-vitam” José da Silva Ribas, o conhecido e forte jequitibá da Zona da Mata; Milton Ferreira Lopes, do qual fui seu Delegado Regional e que também muito trabalhou pela grandeza do GOMG e Hedison Damasceno, meu querido Grão-Mestre do qual fui seu Adjunto. A todos eles meu reconhecido respeito e meus sinceros votos de saúde e paz ao lado de seus familiares, na certeza que, se mais não fizeram, foi porque não tiveram oportunidade para tanto. Todos cumpriram seus mandatos com galhardia. Trabalharam 69
bastante para ver uma Potência melhor e mais viva aos olhos da Maçonaria Brasileira. Se não fizeram mais é porque não puderam fazê-lo, limitados que eram às suas origens profissionais. Costumava dizer que o Grande Oriente de Minas Gerais se dividiria em dois: antes e depois de Hedison Damasceno, e vemos hoje que isto é verdade. Hedison sedimentou as bases da construção, para que eu pudesse erguer sobre elas as paredes e dar o acabamento final. Hedison foi um bom Grão-Mestre. Dentro de suas limitações, procurou unir as Lojas, encaminhando-as para o entendimento. Quero, portanto, dividir com eles a alegria de ver nosso Grande Oriente maior e mais respeitado. Cada um deles, no limite de suas forças e nas condições que cada um possuía, fez o máximo para que hoje tivéssemos uma Maçonaria melhor. Meu melhor “Deus lhe pague” a nossos queridos “Ad-Vitans” rogando a Deus que lhes dê bastante saúde, para que possam continuar a nos ajudar e estimular na direção da grandeza da Potência que é de todos nós.
A despedida No último dia de expediente do Grão-Mestre Hedison, no dia 22 de junho de 2012, uma sexta-feira, os colaboradores do GOMG prestaram uma linda homenagem ao chefe que os deixava. João Alberto escreveu uma comovente carta e não conseguiu fazer sua leitura, de tão emocionado que estava. Pediu a mim que a lesse. Fiz a leitura daquela carta entendendo o que Hedison significava para todos: um bom chefe, um bom Maçom, um bom Grão-Mestre. Depois da leitura da carta ele se despediu de todos e antes de deixar seu gabinete, eu lhe dei um retrato do Cristo crucificado, que ele mantinha acima de sua cadeira. Ele se emocionou ainda mais e deixou o gabinete, pela ultima vez como GrãoMestre.
Grão-Mestre
A
cerimônia oficial de posse foi feita de acordo com a Constituição da época, pontualmente no dia 24 de junho de 2012, no Templo Nobre do Grande Oriente de Minas Gerais, na Avenida Barbacena. .Uma cerimônia bonita onde disse estar preparado para o cargo e, guardando meu discurso para a posse pública, que se realizaria uma semana depois, li uma poesia feita especialmente para a posse diante da Assembleia. Na semana seguinte aconteceu a posse pública, realizada no Iate Clube de Belo Horizonte. Os responsáveis pela festa se atrasaram, chegando 2 horas depois do combinado. Recebi a honrosa visita de todos os Grão-Mestres da Comab, uma festa, neste sentido, muito bonita. O dia 24 de junho de 2012 caiu em um domingo, assim, na segunda pela manhã, já era o novo Grão-Mestre. Na primeira hora daquele dia, reuni todos os funcionários e expliquei o que desejava, se eles não se enquadrassem, seriam demitidos. Um deles chegou com meia hora de atraso e ficou muito constrangido de seu atraso. Foi o primeiro e único atraso seu, pois converteu-se em outra pessoa, um educado, diligente e operativo servidor do GOMG. Mas acho que esta reunião não serviu para muita coisa, pois 71
ao final de quatro meses quase todos já estavam demitidos, pois não conseguiram se enquadrar no novo ordenamento administrativo que implantei na Potência. Não vou relatar aqui até mesmo em respeito a eles, que por tantos anos serviram ao GOMG, mas alguém como eu, acostumado às rotinas de uma empresa, não poderia deixar que tudo aquilo acontecesse à minha frente. O GOMG, quando cheguei como Grão-Mestre, possuía trinta e três empregados, pois, ao prover a Clínica São João Batista, provia também seus empregados, sendo que seu gerente administrativo recebia polpudo salário oriundo dos cofres do GOMG. Assim sendo, eram funcionários do GOMG. Hoje possuímos nove funcionários e a qualidade deles é muitíssimo superior à antiga, pois ninguém usa máquina de escrever, ninguém esmurra porta de elevador, gritando palavrões, ninguém permanece na sede depois das dezoito horas, e etc. Hoje no GOMG se trabalha e se trabalha com qualidade, como todos podem avaliar. Um fato curioso quanto ao aproveitamento do veículo oficial do Grão-Mestre. Pedi que fizessem uma pesquisa e constatamos que ele custava R$ 1.700,00 (hum mil e setecentos reais) por mês aos cofres do GOMG, rodando apenas em Belo Horizonte. Hoje ele fica estacionado em nossa garagem, no apartamento funcional da Rua Uberaba, 158, com uma despesa de R$ 100,00 (cem reais) por mês, rodando apenas quando o Grão-Mestre está na cidade, com rigorosa planilha de quilometragem. Era hora de começar a cumprir o prometido. Após as demissões, as coisas começaram a andar melhor.
Novas contratações A meu pedido a Asembleia havia criado o cargo de Chefe de Gabinete, mas a nomeação que fiz para o seu exercício não foi feliz. Assim precisava de alguém de irrestrita confiança, que despachasse diretamente comigo e fosse capaz de resolver os novos problemas que certamente iriam acontecer. Teria que ser “sangue novo”, pois havia um
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descrédito muito grande entre nossos antigos colaboradores, por motivos que todos conhecem. Precisava de alguém novo, que ao perguntar pelo Grão-Mestre, fosse atendido por ele, dando notícias novas e explicando as novas rotinas do GOMG. Fui buscar então em um ex-empregado da clínica, um rapaz que conheci no gabinete do Grão-Mestre e que julgava competente e de confiança. Consultei o agora Grão-Mestre “Ad-Vitam” Hedison e ele me deu ótimas informações a seu respeito. Falei com ele e topou a parada. Hoje, quatro anos depois, Valdson Luiz Onério é o Gerente Administrativo do Grande Oriente de Minas Gerais, por suas virtudes, sua honestidade, seu companheirismo, seu censo de dever. Um ótimo irmão, uma ótima pessoa, um irmão Maçom do qual me orgulho de ter sido seu padrinho como colaborador do GOMG. Em junho de 2014 terminou seu mandato como Venerável Mestre da Loja Maçônica Inconfidentes de Vila Rica, do oriente de Belo Horizonte e pertence ao Capítulo Integração N.º 75, de Belo Horizonte – Real Arco e ao Tabernáculo Minas Gerais, dos Sacerdotes Cavaleiros Templários e é membro regular ativo da Loja Pontífices da Montanha Sagrada, nossa Loja Primaz para o rito Schroder. Valdson é uma unanimidade. Todos gostam dele. Os irmãos do interior identificando-se com ele quando precisam de alguma coisa no GOMG, os demais colaboradores o respeitam. O Grão-Mestre vê nele um fiel amigo e companheiro de todas as horas. Continue assim, meu bom amigo e irmão Valdson.
Valoroso Colaborador Contamos em nosso Quadro Funcional com a atuação sempre firme e determinada de nosso Irmão Marcus Vinicius Alves Batista de Souza. Conosco há alguns bons anos, quis deixar o GOMG quando eu era Grão-Mestre Adjunto, não tinha um bom salário, suas responsabilidades eram limitadas, não estava feliz. Eu o aconselhei a esperar um pouco. Assim que assumi o cargo, chamei-o e conversamos. Perguntei-lhe se podia
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contar com ele em cargos que demandassem maiores responsabilidade, evidentemente, com novos salários. Ele concordou e iniciamos uma nova vida no GOMG. Hoje é um de nossos colaboradores de extrema confiança, cuja virtude e a honestidade, a lisura e a transparência saltam de seus olhos. O Irmão Marcus, Mestre Instalado, é membro Regular Ativo da Loja Maçônica Inconfidentes de Vila Rica, de Belo Horizonte e do Capítulo Integração N.º 75, de Belo Horizonte – Real Arco. Marcus, sempre sisudo e com cara de poucos amigos (em seu cargo precisa ser assim mesmo) tornou-se um de nossos mais fiéis colaboradores. Todo o meu respeito ao querido amigo e irmão Marcus Vinicius.
Os primeiros dias O início de meu mandato foi muito tumultuado e apesar de que meu compromisso com o GOMG fosse de permanecer em Belo Horizonte uma semana durante o mês, rápido pude chegar á conclusão que isto não seria possível. Os problemas eram muitos. Problemas com o fechamento da clinica, problemas com Lojas inadimplentes, problemas com Delegados Regionais rebeldes, problemas com Veneráveis Mestres acostumados com o antigo sistema de perdão de dívidas, problemas de toda natureza. Elaboramos um novo “site” que, ainda não sendo o ideal, funciona e está a serviço do GOMG. Pouco conseguia dormir e chegava ao edifício da Rua da Bahia antes das seis e meia da manhã, hora em que ele era aberto para limpeza. Subia pelo elevador e chegava ao sexto andar cheio de ideias. Até as oito horas, quando chegavam os funcionários, já tinha trabalhado o bastante para dar-lhes serviços para todo o dia. Em muitos dias cheguei a esquecer de almoçar. É verdade, esquecia de almoçar e quando via já eram quase seis horas da tarde. Todos iam embora e eu continuava ali, absorto em minhas ideias e de
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como fazê-las funcionar. De repente eram quase dez horas da noite, hora em que fechavam o prédio. Saia correndo para o elevador e, por algumas vezes, quase fiquei preso no edifício, pois a chave da porta principal ficava apenas com o pessoal da portaria. Nesta época pouco via minha família. Nunca havia me separado dela e senti imensamente esta brusca separação. Meus finais de semana se passavam em meu quarto do Hotel Nacional Inn. Ficava o dia inteiro no meu “note book” trabalhando em alguma coisa para o GOMG e quando via já era de noite. Em uma tarde de domingo, lá pelas duas da tarde, bateram na porta de meu quarto. Quem seria? Não conseguia ninguém em Belo Horizonte. Estava ainda de pijama. Vesti uma calça correndo e abri a porta do quarto. O Valdson segurava uma marmita em uma das mãos e na outra trazia a sobremesa. Era o meu almoço de domingo. Agradeci constrangido. Imaginem, domingo, dia de descanso, de passear com a família. E ele se lembra de mim, em um quarto de hotel, e me traz um almoço quentinho, que saboreei imediatamente. Este é o Valdson, pessoal, uma pessoa realmente fora do normal. Assim se passavam o sábado e o domingo. Logo amanhecia mais uma segunda-feira e lá ia eu de novo, subindo a Rua Espírito Santo rumo ao GOMG. Assim se passaram os seis primeiros meses de meu GrãoMestrado, mas neles consegui executar quase que a totalidade de meu Programa de Governo.
Primeira visita A primeira visita que tive foi de uma comissão de Juízes integrantes do Tribunal de Justiça Maçônico. Uma plêiade de irmãos do mais alto gabarito, aos quais pedi seu apoio e voto de confiança. Liderados pelo brilhante e impoluto irmão Jovial Gonçalves dos Reis, seu presidente, todos eles hipotecaram total apoio e confiança ao nosso ainda embrionário trabalho. Aqui reafirmo meus melhores agradecimentos a
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cada um deles, que tiveram importante participação na nova história de nosso Grande Oriente.
A volta à minha Loja Ao fim de algumas semanas, a saudade de casa, de minha esposa, filhos e da minha netinha querida, então com dois aninhos, me sufocava. Assim, peguei o ônibus para Poços de Caldas e fiquei dois dias na cidade, um deles, uma segunda-feira, onde retornei à minha Estrela Caldense. Todos os irmãos aguardavam a presença do Grão-Mestre, mas tudo que viram foi o mesmo irmão Lázaro, com seu aventalzinho velho de mestre Instalado. Daí por diante, até hoje, apresento-me em minha Loja da maneira que sou, um Mestre Instalado. Apenas em Sessões Magnas me paramento como Grão-Mestre, não para me exibir, mas para engrandecer a Loja com a presença de seu Grão-Mestre. Pela primeira vez em sua centenária história, a Estrela Caldense de Poços de Caldas elegia um Grão-Mestre. É a Estrela Caldense, referência em todo o país, no poder supremo da Potência.
Os fechamentos O fechamento da clínica São João Batista e do Hospital São João Batista Como havia prometido, nomeei a Comissão para Avaliação de Desempenho da Clínica São João Batista e do Hospital São João Batista. Dentre eles, meu filho e irmão Marcelo Eduardo Lima Salles, que na época era diretor de um hospital público em Poços de Caldas e estava sendo muito elogiado pela nova gestão administrativa que implantou naquele nosocômio. Nesta comissão estavam, por exemplo, Euclides de Paiva Mendes, Renato Gabriel, Enio Henrique Prado, João Alberto de Carvalho, então Assessor Jurídico do GOMG e outros de notório saber nesta área. Ao cabo de algumas reuniões, elaboraram um relatório com 76
mais de cem páginas, onde concluíam pelo fechamento da clínica e do hospital. Este relatório está com o Grão-Mestre. Um dos componentes da comissão me aconselhou: - Se eu fosse você levaria este documento para Poços de Caldas, pois se algumas informações nele contidas vazarem, certamente teremos pessoas saindo daqui algemadas. Tomada a decisão do fechamento, procurei o CRM – Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, informando-lhes que a clínica seria fechada. Demos aviso prévio a todos os seus servidores e rompemos o vínculo com seus prestadores de serviços, dentre eles médicos, psicólogos e demais profissionais que prestavam seus serviços à clínica. Dentre eles alguns “irmãos” médicos que jamais pagaram aluguel à clínica e sempre usufruíram dela, de seus convênios e de pacientes particulares. Antes de entregarem-me o documento que atestava o fechamento da clínica, fui alertado que, nela estava surgindo comentários sobre a participação de meu filho e que ele não tinha isenção para opinar sobre seu fechamento. Não tive dúvidas, exonerei meu filho da comissão. A clínica foi fechada. Um problema a menos. Faltava ainda o hospital, que por sinal, nunca esteve aberto. Um “elefante branco” que mantinha oito funcionários vigiando-o dia e noite, impedindo que sua cápsula de césio fosse mexida e, se isto acontecesse iríamos todos parar no “Fantástico”, como o episódio de Goiânia, anos antes. Muitos meses foram necessários para doarmos a tal cápsula para um hospital de Montes Claros. Vou parar por aqui, este não é meu objetivo, mas se quiserem saber mais profundamente a respeito, estou capacitado a dar as informações necessárias. Mas as coisas iam bem. Estava conseguindo moralizar a Potência. Dizia “não” a quase todos, mas de uma maneira verdadeira, e a maioria dos Irmãos que me procuravam e levavam um “não” como resposta, acabavam achando que eu estava certo e passavam a me apoiar. Jamais fiz politicagem com as Lojas. Fazia o que era permitido. O que não era não fazia, e pronto. Com o passar dos dias adotei esta máxima: “o caminho
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mais curto para desagradar a todos é querer agradar a todos”. É uma inquestionável verdade, que tentarei repassar a meu sucessor. O GrãoMestre precisa ser firme e verdadeiro. Um autêntico líder. Mas para isto tem que dar o exemplo dentro e fora da Maçonaria, como sempre digo.
Nova logomarca
Convivo com o Grande Oriente de Minas Gerais, praticamente, desde minha iniciação em 10 de abril de1976. Sempre as mesmas marcas, os mesmos papéis, os mesmos velhos e inoperantes papéis, elaborados para serem preenchidos à máquina de escrever. Quando assumi resolvi dar mais vida ao GOMG. Cores diferentes, imagens diferentes. Imagem é tudo, meus caros. Assim pensei em criar uma logomarca para a Potência. O GOMG nunca teve uma logo. Sempre trabalhou exibindo em seus impressos o seu selo, algo que nada tem a ver com o logomarca, a marca publicitária da empresa. Busquei as cores dos ritos adotados pela Potência, a vermelha pelo Rito Escocês; a verde, amarela, azul e branca, pelo Rito Brasileiro e a azul pelos demais ritos, ou seja York, Emulação, Adonhiramita, Schroder e Moderno/Francês.
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Começamos a trabalhar Como já foi relatado atrás, dividi meu Programa de Governo em metas Litúrgicas e Administrativas. Litúrgicas porque a Maçonaria é eminentemente litúrgica, seus dogmas, seus rituais, seus ensinamentos baseiam-se em atos que utilizam a liturgia como sua expressão máxima. E Administrativas porque sempre entendi, e hoje mais que nunca, que o Grande Oriente é uma empresa. Uma empresa comum como a minha ou a de qualquer outro Irmão. Ela tem de ser administrada como empresa e devemos nosso sucesso à frente do Grande Oriente pela implantação de uma gestão empresarial. O que vem acontecendo é que os eleitos nem sempre reúnem qualidades suficientes que lhes darão condições de bem administrar a Potência utilizando-se os princípios litúrgicos e também os administrativos. Assim, ao longo de nossa história vamos constatar muitos irmãos que ocuparam o cargo sem possuir princípios básicos nem de administração e nem de liturgia. Nosso Grande Oriente por muitos anos foi administrado por terceiros, por colaboradores, que bons ou maus, não eram os responsáveis. O responsável pela Potência é o Grão-Mestre e quando ele delega funções que são suas, a terceiros, acaba perdendo o controle das duas partes. Quando assumi o Grande Oriente, nossas ações foram conjuntas, tanto no sentido de bem administrar a “empresa GOMG”, com também de volta às origens maçônicas, responsáveis por uma orientação litúrgica de qualidade.
Fraternidade Feminina Criação, fomento e elaboração do Regimento Interno da Fraternidade Feminina do Grande Oriente de Minas Gerais Já disse que a proposta da criação da Fraternidade Feminina no
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GOMG, ajudou a alavancar nossa campanha. Depois que a fundamos, mais de 100 Lojas criaram suas Fraternidades em todo o estado. Elaboramos então um Regimento Interno pelo qual nossas esposas pudessem se orientar para bem desempenhar suas funções. Bahia sempre diz que “o que alavancou nossa campanha foi a Fraternidade Feminina”. Não chegaria a tanto, mas realmente, a constituição de uma Fraternidade Feminina arejou bastante a Potência. Depois que tomei posse, uma de minhas primeiras ações foi a sua criação. Com a importantíssima participação e atuação de minha esposa Rosângela, pois sem ela nada aconteceria, fundamos a Fraternidade e demos a ela um impulso e uma dinâmica muito grande. Hoje existem mais de 154 grupos femininos em Lojas filiadas, todos trabalhando bastante. No final de 2014, Bahia e eu, com nossas esposas, fomos ao EMAF realizado em Governador Valadares. Ficamos espantados ao vislumbrar tamanho dinamismo das nossas cunhadas. Quase um milheiro de mulheres, realizando, criando, trabalhando em prol da Maçonaria. Sempre esbocei ser visceralmente contra a Maçonaria Feminina, ao mesmo tempo em que sempre declarei ser um entusiasta das Fraternidades Femininas. Para nos ajudar na Maçonaria, não há necessidade delas partilharem conosco um Templo e professarem conosco nossa liturgia. Ao contrário, elas são imprescindíveis fora deles, nos auxiliando no trabalho voluntário, na filantropia, em nossos eventos, em nossas promoções. No dia 8 de março de 2014, Dia Internacional da Mulher, a Fraternidade Feminina do GOMG convidou a Dra. Sônia Maria Vilela Bueno, nossa querida cunhada, viúva do sempre saudoso irmão Willy Alves Bueno, nosso confrade acadêmico da não menos querida Estrela do Oeste, do GOB de Ribeirão Preto. A elas foi cedido o Palácio Maçônico e lá fizeram uma dinâmica de grupo realmente interessante. Um trabalho notável que ficará nos anais do GOMG. Durante o I Encontro da Família Maçônica, em Poços de Caldas, elas receberam cerca de 500 mulheres e deram-se muito bem. Pela manhã promoveram um “city-your” onde conheceram prédios importantes da cidade, como as Thermas Antonio
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Carlos, o Palace Hotel e o Pálace Casino. Conheceram o centro da cidade e depois fizeram “comprinhas” na Cristais São Marcos, a mais importante exportadora de cristais tipo Murano de nosso país. A criação da Fraternidade Feminina foi um tiro certeiro, no sentido de fazer com que nossas esposas comunguem conosco em nossas viagens, em nossas ações de governo e em nossas promoções. Ultimamente as “poderosas” como elas se denominam, constituíram um grupo no “whatsApp” e se comunicam muito melhor do que nós. A Diretoria da Fraternidade do Grande Oriente de Minas Gerais é assim constituída: Presidente: Rosângela Costa Lima Salles; VicePresidente: Maria Inez de Oliveira Bahia; Diretora Secretária: Maria Auxiliadora Cabral Gabriel e Diretora Social: Rosângela Imbrizi Prado, todas elas são esposas de irmãos que compõem o Grão-Mestrado. A meu pedido, o Assessor Jurídico, João Alberto de Carvalho, criou um Regimento Interno que serve, não só à nossa Fraternidade, como também a de Lojas filiadas que fundam suas Fraternidades Femininas, que se prestado bastante eficiente a todas elas.
Fomento às Paramaçônicas Fomento às iniciativas de fundação de Casas de Lowtons, Capítulos da Ordem De Molay, Betheis das Filhas de Jó, Colmeia das Abelhinhas e Meninas Arco-Ìris Era uma de nossas metas mais ousadas. No passado, o Grande Oriente de Minas Gerais, não possuía uma história de participação nestes eventos. Em meu mandato participei de todas elas. No ano de 2015, em um só dia, ministrei uma palestra durante o Cosmib, realizado em Nova Resende, almocei com as meninas e os organizadores do evento e viajei para Boa Esperança, onde, à noite, participei do encerramento do Congresso da Ordem De Molay. Acredito que temos de fazer algo, e substancioso, para nossos jovens. Enquanto eles estiverem recebendo 81
de nós o apoio e a consideração que merecem, não estarão se dedicando a perniciosas práticas que estamos acostumados a ver em nossos dias. Durante um Congresso Nacional da Ordem De Molay, realizado em Pouso Alegre, fui convidado a comparecer. Fui sozinho, de carro, até Pouso Alegre. Lá chegando fui recebido e saudado pelos “meninos” que, ao final da cerimônia, me presentearam com um lindo colar da Ordem, símbolo de uma alta comenda, entregue apenas a grandes dignidades. Fiquei muito contente com esta outorga, que uso em todas as visitas que faço aos De Molays. Em minha Loja foi criada no princípio de 2015, um capítulo da Ordem Internacional das Meninas Arco-iris, uma instituição fundada à mesma época dos De Molays, ou seja, por volta de 1919, também de origem norte-americana e quase com as mesmas atribuições. O capítulo “Mensageiras da Estrela” está funcionando muito bem em Poços de Caldas, com a importante ajuda de nossos irmãos e cunhadas. Hoje, o GOMG, designa recursos em seu Projeto de Lei Orçamentária, para ajuda às entidades paramaçônicas na certeza que está contribuindo para a formação do caráter destes jovens e adolescentes, que serão, sem dúvida, os continuadores da Maçonaria de amanhã. Por entender desta maneira, determinamos que todos os “meninos” oriundos de Capítulos da Ordem De Molay e das Casas de Lowtons não pagassem taxas de iniciação, recomendando às Lojas que os iniciarem que façam o mesmo.
Ajuda às Paramaçônicas Sempre defendi o irrestrito apoio às entidades paramaçônicas. Como já disse, criamos a Fraternidade Feminina e as nossas cunhadas (“poderosas”) estão aí, nos dando lições de trabalho voluntário e filantropia. Desde que assumi como Grão-Mestre, tento me aproximar de entidades como a Ordem De Molay e a Ordem Internacional das Filhas de Jó. Fiz constar no Projeto de Lei Orçamentária de todos os anos, alguns recursos para elas.
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Sempre que pude, participei de seus congressos e atividades, sendo reconhecido pela Ordem De Molay, ao outorgarem-me a sua mais alta condecoração, fato que muito me orgulha. Ainda no ano de 2015 participei do congresso deles em Boa Esperança e da Cosmib, em Nova Resende, tendo sido convidado para proferir palestras para as encantadoras Filhas de Jó. Em Poços de Caldas, por iniciativa de irmãos da Estrela Caldense, foi criado um capítulo da Ordem Internacional “Arco-Íris” para Meninas, também fundada pela Maçonaria Norte Americana, quase à mesma época das demais ordens paramaçônicas juvenis. Um lindo grupo de jovens bem dispostas ao trabalho, às quais pretendemos também ajudar na medida do possível.
Projeto “Beija-Flores da Floresta” Como já tive oportunidade dizer neste livro, em 2010, a pedido de nosso Grão-Mestre, coordenei a campanha “Dia da Defesa do Planeta Terra”, que constava de palestras, cursos, seminários e outros que promovessem o cuidado com a água, com a terra e tudo que os cerca. A campanha foi um sucesso e assim inseri em meu Programa de Governo uma promoção que chamei de Projeto “Beija-Flores da Floresta”, que nada mais era do que a continuidade ao programa de Campanhas Institucionais visando a melhoria do gênero humano. Em 2013, o fato de ter sido eleito Presidente da Comab me tomou o tempo necessário para debruçar-me sobre a realização de mais este projeto. Assim ele foi transferido para 2014. Nossa ideia inicial era de adotar o tema: Doação de Órgãos, pois reconheço a necessidade de doações neste sentido, até mesmo pelo dia-a-dia de minha profissão. Acertei com a diretoria da Loja Rosa de Saron, de Belo Horizonte, por meio da ação contínua de seu Venerável Mestre Adolpho von Randow Neto, também transplantado, e passei-lhes responsabilidades. Tudo estava acertado para o lançamento desta campanha quando fomos interpelados pela Loja Labor a Deus, do oriente de Formiga, que cobrou de seu Grão-Mestre uma ação
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efetiva quanto aos problemas que o país vem atravessando, em especial da corrupção e do desgoverno atual. Ano de eleição, poucos meses antes, aceitei a ideia de nossa Loja e dos operosos irmãos de Quadro de Obreiros e, rapidamente, enviei às nossas Lojas o esboço da nova campanha, que chamamos de “Pátria Amada, Salve, Salve!”, no sentido de que a Maçonaria ajudasse a “salvar” a nação de tantos percalços. Não me canso de dizer que a nação atravessa a pior crise de valores de sua história.
“Pátria Amada, Salve, Salve!” Em 15 de julho de 2014, enviamos uma prancha às Lojas conclamando-as a participar. Ficamos aguardando as sugestões das Lojas. O tempo foi passando e nada de sugestão. Ao final do prazo estipulado, tínhamos nada mais que cinco sugestões, uma das quais, da Loja de onde saiu a sugestão para a campanha, um importante documento sobre a “Diminuição da Maioridade Penal”. Com as poucas sugestões, elaborei o documento, com as idéias que trago comigo e com minha experiência de empresário. Às vezes fico pensando, as Lojas costumam cobrar tanto de seus dirigentes, em especial do Grão-Mestre, responsável pela orientação a todas elas, que a Maçonaria nada faz. No entanto, quando promovemos uma campanha entre todas as nossas Lojas filiadas, com ampla divulgação, onde enormes cartazes foram distribuídos entre todas as Lojas, nada temos de resposta. Deixo o mandato e esta é uma de minhas frustrações. A Maçonaria de hoje é pouco participativa. Os Grão-Mestres que conheço em Minas Gerais e no Brasil também se queixam do mesmo problema. O documento em sua integra transcrevo abaixo: Belo Horizonte, 1.º de janeiro de 2015 Campanha “Pátria Amada: Salve, Salve!”
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Excelentíssimos Senhores, O Grande Oriente de Minas Gerais, Maçonaria regular de Minas Gerais, associação de direito privado sem fins lucrativos, fundada em 12 de setembro de 1944, vem à presença dos Excelentíssimos Senhores para cumprimentá-los por sua eleição e para apresentar o produto da campanha “Pátria Amada: Salve, Salve!” que fez realizar nos meses de agosto a novembro do ano de dois mil e quatorze, e que tem o objetivo único de levar sua contribuição, embasado na experiência de cada um dos membros de suas duzentas Lojas Maçônicas em todo o estado de Minas Gerais, para um estado e um país melhor para as gerações que virão. Salientamos que, através de sua gloriosa história em todo mundo e principalmente no Brasil, a Maçonaria nunca se omitiu em emprestar seus valores para compor o quadro político-social, fazendo saber que todos os relevantes fatos históricos da política brasileira passaram, necessariamente, por dentro de Lojas Maçônicas. Assim sendo, no exercício do consagrado direito de opinião e em nome da confiança que depositamos nos cidadãos eleitos para este novo exercício, apresentamos, com humildade e despretensão, este trabalho, que contou com a participação de expressivos segmentos de nossa sociedade e foi composto por cidadãos de bem, preocupados com o desenvolvimento de uma grande nação que atravessa a maior crise de valores de sua história. Com muito respeito e conscientes da responsabilidade que deve ter todo dirigente público, despedimo-nos, rogando a Deus, a quem chamamos de Grande Arquiteto do Universo, que possa estar sempre ao lado dos Senhores, iluminando-os sempre em suas ações pelo bem comum. Fraternalmente, Grande Oriente de Minas Gerais Lázaro Emanuel Franco Salles Grão-Mestre
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As Sugestões Algumas importantes áreas de atuação do Político Mineiro e Brasileiro:
Educação: O mais importante pilar de nosso desenvolvimento. Nada se constrói e consegue se perpetuar, senão pela educação. É um pilar fundamental. A falta de cultura concorre para o descrédito daquilo que se prega. O cidadão inculto não tem poder de avaliação do que está se construindo, até mesmo para seu bem estar. Não tem capacidade de avaliação do que é direito e perde, completamente, a noção do correto e do errado. As gerações do futuro precisam, a qualquer preço, ter a capacidade de avaliação daquilo que é melhor para elas e não aceitar, pacificamente, o que lhes são impostos. Para que haja uma educação de qualidade, há que se formar, primeiramente, professores de qualidade. Assim, a qualificação profissional para a área é fundamental. Uma importante questão, então, nos surge, a exemplo do ovo e da galinha: - Quem nasceu primeiro, a escola ou o professor? Teremos boas escolas sem bons professores? Teremos bons professores sem boas escolas? A esta questão uma resposta simples e singular: Escolas e Professores são formados e desenvolvidos juntos. Desde o ensino fundamental até a docência plena, há que se possuir uma escola que adote princípios básicos de educação. E mesmo que a educação tenha suas origens no berço familiar, a escola deve contribuir de maneira decisiva para agregar valores a esta educação básica que nos vem de nossos pais e avós. Assim, sendo o lar e a escola as bases da educação, é dever de todo
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cidadão conservá-la e sobretudo praticá-la, em suas vidas. Desta maneira já se expressou o Papa João XXIII em sua encíclica “Mater Et Magistra”, legando à mãe a base consolidada para a educação familiar. A edificação de boas escolas é dever do estado. Gasta-se do erário público recursos vultuosos para a construção de boas escolas, com salas de aula amplas e equipada para atender à demanda da tecnologia desenvolvida para nossos dias, como informática, por exemplo. Porém estes recursos parecem ficar pelo caminho, pela burocracia talvez? Preferimos acreditar que seja a burocracia a principal causa. Porém, seja por causas burocráticas ou não, precisamos que estes recursos cheguem a seus destinos e que se inaugurem boas estruturas para que nelas a equipe docente reúna de condições de passar seus conhecimentos de forma didaticamente adequada. A formação e a estruturação de boas equipes de professores é fundamental. A graduação de um professor deve ser levada em mais elevada conta e nele devem ser investidos recursos necessários à sua especialização. Temos notado a dificuldade com que luta o professor que deseja se especializar e sempre se atualizar. Não temos cursos de especialização e reciclagem e quando os possuímos, o critério para nele cursar aqueles que mais condições amealham, não é suficientemente adequado. Precisamos de bons cursos de graduação e pós-graduação. O estado precisa fornecer melhores condições para que o professor sempre esteja atualizado e pronto para responder às demandas atuais de nossas crianças e jovens. Precisamos remunerar melhor nossos professores e incluílos em uma saudável política de ascensão salarial. Em nosso país, a desvalorização do professor faz parte de uma assombrosa cultura, que avilta os profissionais da área e o desestimula a continuar no magistério, não raramente optando por profissionais onde serão mais reconhecidos economicamente. Sem um bom professor não existe um bom aluno. Sem formação não existe um bom professor. Sem orientação não existe um bom aluno.
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Voltamos à história do ovo e da galinha. Quem nasceu primeiro? Uma boa escola é fundamental para o desenvolvimento e a formação de um cidadão útil á sociedade, à sua família e a si mesmo. O país precisa entender que a educação é este pilar básico e que sem ela nada faremos para coibir esta crise de nossos valores que avassala nossa nação. Saúde: Todo cidadão tem direito à saúde de qualidade. Assim nossa Carta Magna se expressa. Porém não vemos nenhuma atitude para que esta afirmação se consolide na prática. Os hospitais públicos estão irremediavelmente sucateados. Uma vergonha nacional. Mal administrados, por pessoas incompetentes e nomeadas segundo critérios meramente político-eleitoreiros. Aqueles políticos que assim fazem e receamos ser a grande maioria, não possuem compromisso com suas comunidades. Inicialmente precisamos de pessoas competentes administrando estes nosocômios. Estes administradores irão granjear bons assessores, pessoas da área, competentes e acostumados para com as rotinas e demandas naturais. Há que se considerar que precisam serem pagas condignamente, para que tenham responsabilidade para cuidar da coisa pública, para prover, para orientar, para praticar, indicando fontes de custeio, fornecedores de insumos de qualidade a preços competitivos e adequada manutenção de equipamentos e aparelhos específicos. Assim procedendo teremos sempre unidades hospitalares adequadas e sempre disponíveis ao atendimento da população. O profissional da saúde precisa ser bem formado e bem pago. Importar profissionais não nos parece política adequada, a não ser para servir a interesses inconfessáveis orientados por uma política de aproximação com alguns países que primam por cercear a liberdade em todos os sentidos, posicionando-se completamente na contra-mão da história. O profissional brasileiro deve ser prestigiado, atendido e acolhido. 88
Uma política de ação no atendimento do dia a dia de nossos hospitais públicos para o atendimento de urgência, para consultas com especialistas e, sobretudo, para realização de exames complementares precisa ser instituída com urgência. Não é incomum vermos aberrações como pacientes perdendo duas vidas em filas de espera ou deitadas no chão de corredores de hospitais públicos. Recursos precisam chegar a estes hospitais. Pessoal de qualidade, com formação na área, precisa ser contratado, bem pago, especializado e reciclado. A prevenção e promoção da saúde precisa se efetivar em todo o país. Deveria se gastar muito mais na prevenção e promoção, na chamada medicina profilática do que na medicina curativa, que, em sua prática, tem nos mostrado ser muitíssimo mais dispendiosa. Assim como se investe na vacina para prevenir uma patologia, deveria se gastar mais para a prevenção e da promoção da saúde de nosso povo na implementação de políticas de saúde simples, que poderiam ser efetivadas em cada município, com o auxílio da equipe médica e paramédica locais. Estes procedimentos tornam-se muito mais baratos que o encaminhamento de um paciente que já se encontra contaminado e doente, com a patologia já implantada e que terá que atravessar um caminho muito mais penoso e dispendioso para readquirir sua saúde. Sem estas considerações básicas, o país não fornecerá uma saúde de qualidade a seu povo. Legislação e Constituição de 1988: A Constituição de 1988, promulgada ainda sob o contexto de um recente governo autoritário, levou os Deputados Constituintes a elaborarem textos com o pensamento voltado unicamente para aquele período da história do Brasil em que muitos crimes foram cometidos pelo governo militar. Após muitos anos, a Comissão da Verdade veio ratificar e esclarecer muitos deles.
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Entendemos a intenção dos Senhores Deputados de 1988, que elaboraram leis adequadas para coibir a arbitrariedade de um governo não democrático. No entanto muitos anos são passados e a marca que hoje torna-se patente em nossa constituição é a fragilidade de nossas leis, notadamente no que tange à impunidade. Há que se elaborar leis adaptadas para os dias de hoje. A impunidade assola o país e estimula o cidadão comum à sua prática, pois sabe-se que não haverá penas severas para seus crimes, seja ele hediondo ou não. Apelamos então aos Senhores Deputados Federais eleitos para que se empenhem na elaboração de leis mais severas que assegurem direitos, mas que também estabeleça deveres. O cidadão comum não pode ficar à mercê dos criminosos, enclausurado em suas casas, com medo até mesmo de sair às ruas. O Estatuto do Menor e do Adolescente precisa ser alterado em sua estrutura, pois não se admite que menores cometam crimes bárbaros e não seja impostos a eles a devida culpa. Em países cujas democracias são mais antigas, menores são julgados e sentenciados pelos atos que cometem. Um rapaz de dezoito anos incompletos sabe perfeitamente o que deseja, ou seja, tem a noção exata do crime que irá cometer e de suas conseqüências, quase nenhuma, para o seu futuro, na certeza que, ao completar dezoito anos, sua escalada criminosa será totalmente apagada e esquecida, não obstante os crimes que cometeu enquanto adolescente. É uma das maiores aberrações que nossa legislação já criou. Enquanto não houver leis severas que punam exemplarmente o criminoso, o cidadão comum viverá como um cativo em sua casa, enquanto que o criminoso continuará sua escalada de violência sem qualquer escrúpulo, pois tem o conhecimento que não será punido. Precisamos de leis que assegurem e garantam os direitos do cidadão comum, previstos pela Constituição e que puna o criminoso na extensão do ato que cometeu.
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Segurança Pública: A segurança pública no Brasil de hoje é a mais urgente iniciativa a ser tomada pelos políticos que se elegeram no último pleito. Para que haja uma boa Polícia, seja ela Civil ou Militar, há que se formar o policial, implantando-se nele a semente da honestidade, da lisura, do sentimento de patriotismo e do dever cumprido. Uma política de cargos e salários que tenha o objetivo de valorizar o profissional de carreira, de maneira que não venha a ceder diante do embuste, da fraude e da propina. Com bons salários e uma política vertical de promoções, o policial brasileiro se sentirá valorizado e compromissado com sua corporação. Há que se implantar cursos de aperfeiçoamento dentro e fora do país, para que o policial faça sua reciclagem com técnicas modernas, adaptando-as às necessidades brasileiras. Temos que prover nossa polícia de armamentos técnicos de ponta, conseguidos no exterior e adaptados às nossas indústrias bélicas. O bandido não pode possuir armas mais modernas que as do policial. Temos de prover nossa polícia com viaturas de qualidade e que sejam mantidas aptas ao funcionamento e ao exercício do dia a dia da polícia. O que vemos são viaturas sucateadas, sem qualquer manutenção e completamente inadaptadas às rotinas policiais. O profissional da polícia do Brasil é um cidadão bom e de caráter, mas temos encontrado também aqueles que se vendem ao tráfico. E por que se vendem? Certamente porque encontram lá melhores condições que as de seu destacamento. Há então que melhorar as instalações policiais, provê-las com equipamentos de ponta, aparelhos de informática e similares e cursos de aperfeiçoamento, que trarão aos policiais melhores condições para o difícil e perigoso exercício de sua profissão. Cursos de caráter psicológico, que consigam repassar ao policial o seu compromisso com seus colegas e superiores, não se rendendo á primeira proposta de propina. O policial necessita ser um cidadão instruído, que conheça seus deveres e suas limitações. Um
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policial despreparado é um irresponsável, que pode cometer crimes assim como o bandido, pois desconhece o comprometimento que deve possuir com a profissão que escolheu. Afirmamos: A segurança pública no Brasil de hoje é a mais urgente iniciativa a ser tomada pelos políticos que se elegeram no último pleito. Redução da Maioridade Penal: A sociedade não pode ficar desprotegida e sujeita a crimes bárbaros provocados por menores, por incapacidade do Estado em criar locais apropriados para locar estes infratores e também pela incapacidade do Estado em oferecer profissionais competentes para reeducar estes menores, e ainda por incapacidade do Estado de oferecer necessidades básicas de educação e qualificação dos jovens. A liberdade destes menores infratores provoca a sensação de impunidade aculturando a sociedade dentro desta impunidade e estimulando o crime para estes adolescentes. Qual a relação na sociedade atual que induz a afirmar que dezoito anos implica em maioridade? Existe estudo científico que correlaciona esta idade a questões biológicas, psicológicas e biopsicológicas? O próprio Estatuto da Criança e Adolescente indica que o jovem a partir dos doze anos é considerado adolescente e, portanto, é necessário avaliar o critério biopsicológico para decidir o grau de discernimento do jovem a partir desta idade. Tornar-se-á mais difícil para os bandidos aliciarem menores de dezesseis anos para fazer parte da quadrilha, caso ocorra a redução da maioridade para esta idade. Na situação atual o menor de dezoito anos “subiu seu valor no mercado do crime”. Quem estava com a arma? O menor. Quem estava com a droga? O menor. Quem atirou? O menor. Para a aplicabilidade deste procedimento, entendemos: Mudança dos artigos do Estatuto da Criança e Adolescente:
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admitir a maioridade penal a partir dos dezesseis anos, tomando como fundamentação a evolução da sociedade atual, mudanças no comportamento das pessoas, aumento significativamente da criminalidade de menores, uso intensivo de drogas por menores, critério biopsicológico. Serão considerados menores infratores sujeitos a penalidades baseado em leis para adultos, aqueles que infringirem com crimes hediondos. Saneamento Básico: Não se pode admitir em um país com dimensões continentais como é o Brasil, que se morra de “dengue” ou de uma verminose. Em países mais evoluídos, porém não melhores que o nosso, estas doenças estão erradicadas há anos. Não existe uma preocupação por parte de nossos governantes em proporcionar melhores condições de saneamento básico para nosso povo. Cuidados com o expurgo de resíduos sólidos (lixo), tratamento destes resíduos por meio de estações de tratamento são condições elementares para que um povo possa viver com alguma qualidade de vida. Alguns cuidados devem fazer parte deste rol de condições que são apenas básicas. Água de qualidade: Uma pequena parcela de nossa população bebe uma água de qualidade, o restante, esmagadora maioria, ingere uma água sem qualquer tratamento, que pode trazer ovos e cistos de parasitos intestinais que muitas patologias trarão principalmente às crianças. O tratamento da água deve ser prioridade para qualquer governante e além de seu correto tratamento e distribuição, deve haver uma política educacional para seu uso, pois que a água é um recurso esgotável que um dia poderá poderemos sentir perdê-la. A educação para o correto uso da água deve fazer parte da grade curricular das escolas públicas e privadas desde a educação elementar. Esgotos: Uma parcela também ínfima de nossa população convive com esgoto tratado. E mesmo que ele não o seja, há que se exigir uma qualidade
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elementar de higiene, ou seja, a utilização de fossas sépticas. Sem estas condições não teremos uma população saudável sob o ponto de vista do saneamento básico. A construção de estações de tratamento de água, estações de tratamento de esgoto e uma política voltada para a atenção com o saneamento básico, sempre teremos de conviver com doenças e patologias comuns a países do terceiro mundo, o que é uma aberração, pois o Brasil possui condições amplas para extirpar estas doenças de nossas comunidades, bastando para isto que tenha a vontade política dos governantes e que os recursos orçamentários cheguem a seus destinos. Esperamos que nossos novos governantes tenham sua atenção voltada para estes problemas, pois são básicos para o bem estar do desenvolvimento de nosso povo. E, por fim: Os Maçons e as Lojas Maçônicas pertencentes ao Grande Oriente de Minas Gerais colocam-se à disposição dos Senhores, dispondo também de suas influências nos vários segmentos sociais que pertencem, no sentido de colaborarem para todas as iniciativas voltadas para o bem estar do povo mineiro e brasileiro, com base no direito, na honradez e na honestidade, virtudes que sempre deverão acompanhar o dirigente político e suas ações de governo. Um bom mandato a todos e a certeza que o Grande Oriente de Minas Gerais, assim como o “beija-flor da floresta”, contribuiu com sua parte para um mundo melhor para todos. Com atenção, respeito, esperança e fraternidade em nome de todos os Maçons e suas Lojas Maçônicas espalhadas por todo o solo mineiro, Lázaro Emanuel Franco Salles Grão-Mestre
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Campanha de “Doação de Órgãos” Mesmo tendo dado início à Campanha “Pátria Amada, Salve, Salve!”, não deixamos de prestigiar a iniciativa que tínhamos anteriormente de também levar a efeito uma campanha sobre Doação de Órgãos. Fomos buscar a experiência do Venerável Mestre da Loja Rosa de Saron, de Belo Horizonte, o ilustre irmão Adolpho Von Randow Neto, que organizou e levou a efeito esta importante campanha que o GOMG patrocina desde setembro de 2014. Seu lançamento foi no Palácio Maçônico. Convidados personalidades do GOMG e civis, estiveram presentes as maiores autoridades do MG Transplantes, órgão oficial do estado de Minas Gerais, encarregado da gestão para doação de órgãos. Proferiu importante palestra o Dr. Charles Simão Filho, Diretor do MG Transplantes e a Dra. Heloisa Gontijo, Gerente de Captações da Fundação Hemominas. A campanha de doação de órgãos não tem data para o seu desfecho, pois o ato de doar órgãos deve se perenizar em todo maçom. Depois de nossa morte, nada mais restará de nossos órgãos, que em poucas horas para nada mais servirá. Assim sendo, exorto a todos, maçons e não maçons, para que façam a doação de seus órgãos, pois estaremos, com absoluta certeza, ajudando alguém a ter uma vida melhor, sendo certo que nossos órgãos, depois de nossa morte, para nós de nada servirão.
Delegacias Distritais Criação de Delegacias Distritais e adequação geográfica das Delegacias Regionais Criamos as Delegacias Distritais e adequamos geograficamente as Delegacias Regionais já existentes, criando também outras, quando necessárias. Esta criação se deveu ao fato da área geográfica de nosso estado. No Norte de Minas, por exemplo, uma Loja se distancia de outra
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cerca de 300 quilômetros. Para o mesmo Delegado prover de informações e levá-las da Loja para o Grande Oriente, torna-se quase impossível. Com a criação das Delegacias Distritais, a hierarquia se processa da seguinte forma: A Loja informa o Delegado Regional; o Delegado Regional informa a seu Delegado Distrital; o Delegado Distrital informa ao GrãoMestre Isto é muito salutar, pois não raras vezes, o Venerável Mestre, por um costume antigo, se dirige diretamente ao Grão-Mestre quando necessário. Sempre atendi os Veneráveis Mestres de nossas Lojas, mas se assim todos agirem, o cargo de Delegado, seja Regional ou Distrital, desaparece. Assim sendo, oriento que temos de manter a hierarquia também na Maçonaria. Desta maneira agindo estaremos valorizando este importante cargo que é o de Delegado. Nossas leis são bastante econômicas na descrição deste importante cargo. Transcrevo abaixo minha ideia sobre ele: O Delegado do Grão-Mestre O estado de Minas Gerais é muito grande, um dos maiores da federação. Nosso Grande Oriente possui hoje aproximadamente duzentas Lojas Maçônicas distribuídas em mais de cento e cinquenta municípios mineiros. Seria impossível para o Grão-Mestre dar assistência diária a todas estas Lojas. Assim, os Grandes Orientes criaram a figura do Delegado do Grão-Mestre, ou seja, aquele a quem o Grão-Mestre delega poderes para substituí-lo em uma determinada região ou um determinado distrito. Foi então mapeado nosso estado e criado Delegacias Distritais e Regionais onde seus titulares dão assistência por meio de visitas e diversas maneiras de comunicações com nossas Lojas Maçônicas. Cabe desta forma ao representante do Grão-Mestre substituí-lo em suas faltas, representá-lo em eventos e sessões, constituindo o ponto de contato entre a Loja Maçônica e o Grande Oriente. O Delegado Distrital é uma autoridade maçônica pertencente
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à 3. Faixa Protocolar, recebendo o título de Poderoso e os Delegados Regionais à 2. Faixa Protocolar, onde são chamados de Ilustres. Os dois são recebidos em Loja com as honras que lhe pertencem. Sua vestimenta é um avental de Mestre (ou Mestre Instalado, se o for), sem punhos, com um colar apropriado, confeccionado especialmente para o cargo. Nas diversas Delegacias Distritais de nosso estado, o Delegado Distrital possui um ou mais Delegados Regionais, que o ajuda em sua tarefa de prover a Loja em suas necessidades e contatos com o Grande Oriente. O Delegado Regional tem as mesmas funções do Distrital, sendo a ele subordinado. Também é uma autoridade maçônica e toma o mesmo assento. Na falta do Delegado Distrital, será o mesmo substituído por um Delegado Regional, nomeado interinamente pelo Grão-Mestre. Funcionalmente e de rotina, o Delegado Distrital deve elaborar um relatório de suas ações em sua região e enviar ao Grão-Mestre, bem como o Delegado Regional deve elaborar um relatório e enviar ao Delegado Distrital, que por sua vez o encaminhará diretamente ao GrãoMestre. O Delegado do Grão-Mestre, quando nomeado Mestre Instalador, é o único que pode receber o malhete das mãos do Venerável Mestre da Loja unicamente para a Sessão de Instalação e Posse de Venerável Mestre, ocasião em que o recebe na grade do oriente. O cargo de Delegado do Grão-Mestre não é eletivo. É um cargo de livre nomeação, da confiança do Grão-Mestre que o nomeia, e por isto é também um cargo demissível “ad nutum”, ou seja, o Grão-Mestre pode exonerar o Delegado e substituí-lo sempre que julgar necessário. Este cargo, por sua importância, merece de todos nós as maiores honrarias, pois é o legítimo representante da autoridade maçônica constituída, sempre que o Grão-Mestre ou seu Adjunto não estiverem presentes. Preferencialmente, o Delegado deve ser um Mestre Instalado, pois se não o for, terá que deixar o templo, quando da formação do Conselho de Veneráveis Mestres Instalados, durante a Sessão Magna de
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Instalação do novo Venerável Mestre. No Grande Oriente de Minas Gerais, a partir desta gestão, foi mapeado todo o estado e dividido em grandes regiões ou distritos e criado então o cargo de Delegado Distrital. Assim, despacham diretamente com o Grão-Mestre apenas os Delegados Distritais, e estes despacham com os Delegados Regionais de seu distrito. Desta maneira torna-se mais fácil a comunicação, visando um relacionamento mais eficiente e participativo de todos. A responsabilidade do Delegado Regional se restringe às Lojas de sua Delegacia, as quais deve prover suas necessidades e encaminhálas, por meio de relatório mensal ao seu Delegado Distrital, que por sua vez, o encaminhará este relatório, juntamente com o de sua Delegacia Distrital, para a Reunião Geral Administrativa, ou RGA, que acontece a cada sessenta dias. Para melhor orientar os Delegados Distritais, foi criado o cargo de Coordenador Geral Distrital. Este deve ser sempre ocupado por um Delegado Distrital que tem a função de coordenar a reunião com todos os Delegados Distritais, durante a I Parte da RGA, tomando deles seus relatórios a fim de entregá-los ao Grão-Mestre. A RGA, ou Reunião Geral Administrativa, acontece cinco vezes ao ano, nos meses de março, maio, julho, setembro e novembro. Dela participam os cargos de 1.º Escalão de Governo, ou seja, os Grandes Secretários, os membros do Conselho Geral e os Delegados Distritais. A RGA possui duas partes. Na primeira acontece a reunião somente entre os órgãos do Grão-Mestrado, ou seja, os Grandes Secretários com o Grão-Mestre, o Conselho Geral com o Grão-Mestre Adjunto que é seu Presidente nato e os Delegados Distritais com o Coordenador Geral Distrital. A segunda parte da RGA acontece entre todos os membros do 1.º Escalão de Governo com o Grão-Mestre e o Grão-Mestre Adjunto. As decisões da RGA são levadas pelo Delegado Distrital aos seus Delegados Regionais e a eles são passadas as determinações discutidas e aprovadas, para que tomem ciência delas e as ponham em prática.
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Na prática, a rotina dos Delegados deve ser a seguinte: • Loja filiada dirige-se ao Delegado Regional; • Delegado Regional dirige-se ao Delegado Distrital; • Delegado Distrital dirige-se ao Grão-Mestre Delegacias e Delegados Foto com os Delegados Distritais
Os Delegados Distritais junto com o Grão-Mestre Hoje nossas Delegacias Distritais, com seus titulares são as seguintes: Delegacia Distrital Alto Paranaíba Central de Minas Centro-Oeste de Minas Itacolomi
Irmão Titular Carlos Resende de Souza Oides Rodrigues Silva Junior José Eustáquio Ivo da Silva Fernando Augusto Oliveira Junior
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Metalúrgica Metropolitana Nordeste de Minas Noroeste de Minas Norte de Minas Sudoeste de Minas Sul de Minas Mantiqueira Triângulo Mineiro Uberlândia Vale do Aço
Chrispim Rodrigues Fernandes Ronaldo de Assis Carvalho Rogério Vieira Farnezi Irmo Casavecchia José Norberto Rodrigues João dos Reis Agostinho Reis Melo Álvaro Pinheiro Mascarenhas Roberto Machado Borges Prata Sebastião Silvério dos Reis Cid Vital Costa Natalino Figueiredo Paulino Vale do Jequitinhonha Filho Vale do Mucuri Albano Almeida Cunha Vale do Rio Doce Francisco Manoel Souza Andrade Vertentes Luiz Fernando de Castro Silva Zona da Mata Ary Sergio Alhadas Zona da Mata II José Fernandez Procópio Foto com os Delegados Regionais (Jordere).
Durante a 1.º Jordere, em 27 de fevereiro de 2016, no Palácio Maçônico
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E as Delegacias Regionais, com seus titulares são as seguintes: Distrital Alto Paranaíba
Central de Minas Centro-Oeste de Minas
Itacolomi
Regional
Titular
Monte Carmelo
Maurício Rocha Diniz
Patrocínio Vazante
José Maurício Ribeiro Divino Boaventura Araújo
Corinto
Sebastião Diniz Fonseca
Três Marias
Galdino Coelho Barbosa
Bom Despacho
Marco Tulio R.Gonçalves
Itaúna Formiga Ponte Nova Barbacena Cons. Lafaiete Itabirito
Jardel Meireles Leão Alessandro Resende Pieroni Clévio de Andrade Sodré xxxxxxxxxxxxxxxx Luiz Rafael Vitoretti Miguel Barbosa da Silva Fernando A. Oliveira Junior
Ouro Preto Leste de Minas
Metalúrgica Metropolitana
Carangola
Vidigal Andrade Vieira
Cataguases Miraí deletar
João de Mendonça Barbosa Ricardo Magalhães Câncio
Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte
Cláudio Sigaud José Eustáquio de Faria João Luiz de Macedo Filho Lucimar Rocha de Souza Walter Arcanjo Machado
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Belo Horizonte Nova Lima Santa Bárbara Contagem Betim Nordeste de Minas
Noroeste de Minas
Norte de Minas
Capelinha
Antonio Jésus das Graças
Conc.Mato Dentro Diamantina I Diamantina II
Marcelo Teixeira Sanches José Luiz Soares Flávio José Fernandes Pires
Brasilândia MG
Washington Luiz Cruvinel
João Pinheiro Bonfinópolis MG Bocaiuva Brasília de Minas Francisco Sá Grão-Mogol Janaúba Montes Claros I Montes Claros II
Josafá Lopes do Couto Kléber Teixeira Martins Antonio Claret Veloso Hermógenes Oliva Braga Vicente Alberto D.Miranda José do Carmo Felício João Helton Barbosa Ary Mendes de Figueiredo Gildásio Alex Dias Rocha Edilberto Colares de Oliveira Carlos Clécio F. Sarmento José Maria Batista Pinheiro André Luiz de Brito Filho Antonio Carlos Bueno Wilson Varela Sebastião Marques
Montes Claros III
Sudoeste de Minas
Sul de Minas 102
Itagiba Veloso Rodrigo Piassi do Nascimento Walter J. de Noronha Filho Geraldo Arimatéia da Silva Luiz Cláudio Soares Valério
Salinas Taiobeiras Monte Sto. Minas Passos São Seb. Paraíso Poços de Caldas
Triângulo Mineiro
Uberlândia Vale do Aço Vale do Jequitinhonha Vale do Mucuri
Vale do Rio Doce Vertentes
Zona da Mata
Campos Gerais Itajubá Passa-Quatro Três Corações Três Pontas
José Maurício Vilela José Delcio Ribeiro José Maria Siqueira Silva Ilígio Cesário de Souza Francisco Assis F. Carvalho
Araxá
Sebastião Fernando Coelho
Conceição Alagoas Frutal Sacramento Uberaba Uberlândia Ipatinga
José Antonio Ferreira Neto Reginaldo Dias Machado Ismar Magnabosco Eurípedes de Almeida Jango Tomás Resende Manoel Verneque de Assis
Itaobim
Leonardo Oliveira Gomes
Jequitinhonha Ataléia Itambacuri
José Bomfim B. de Andrade Paulo Cezar Luiz da Silva Petrônio Pereira dos Santos
Águas Formosas Nanuque Tarumirim Gov. Valadares Lavras São Tiago
Humberto Carlos Viana Ramon............. Valdir Viana Borges Valter Jorge Cruz Carlos Lindomar de Souza João Pinto de Oliveira
Juiz de Fora I Juiz de Fora II Santos Dumont Visc. Rio Branco
Hélio Barros Couto Marcos Vinicius Rodrigues Carlos Alberto Alves José Silvino dos Reis
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Recompensas Incentivo e fomento para outorga de títulos de Reconhecimento Maçônico a Irmãos e Lojas Também estava inserido em meu Programa de Governo o Incentivo e fomento para outorga de títulos de Reconhecimento Maçônico a Irmãos e Lojas. Quando falamos sobre este assunto, inevitavelmente nos vem a lembrança de um dos pecados capitais: a vaidade. Porém não se trata de ser vaidoso ou não. A Maçonaria é assim e como tal deve ser praticada. Temos de reconhecer o trabalho de nossos irmãos do passado, dos operosos irmãos do presente e de Não Maçons que muito fazem pela Ordem e pelo engrandecimento de nosso país. Desta maneira existem em nossa legislação, algumas formas de homenagear estas pessoas. Acho até que o irmão não deve propor seus próprios títulos, cobrando-os de sua Loja, mas deve ficar honrado ao recebê-lo, pois é o reconhecimento de seu trabalho, de seus estudos, de sua disponibilidade para o engrandecimento de sua Loja ou da Maçonaria, no plano geral. Não acredito ser vaidade receber um título ou uma condecoração, desde que ela seja justa. É a expressão e o reconhecimento do trabalho de alguém que mereceu. Em nosso mandato temos enfatizado muito a outorga destas homenagens. O GOMG não outorga nenhum título, a não ser através do pedido de suas Lojas filiadas e, neste caso, faço questão de fazer a entrega, para olhar no olho do irmão que a recebe, abraçá-lo fraternalmente e agradecê-lo em nome da Potência por seu trabalho. A Loja deve sempre reconhecer e recompensar estes irmãos por meio destes títulos, destas comendas e medalhas. Eles são legítimos e, mais que isto, vem relembrar o trabalho, muitas vezes realizado a muitos anos, de um irmão que já está afastado da rotina de sua Loja. E vem dizer aos aprendizes que também eles receberão aquelas recompensas, quando chegar a hora. Um título, um diploma ou uma medalha é sempre uma boa recompensa ao irmão que durante toda a sua vida se dedicou a Ordem Maçônica. Ele poderá guardar aquele mimo
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e sempre que olhar para ele se lembrará da Loja, dos irmãos de seu tempo e do muito que realizaram. Não vamos nos esquecer daqueles irmãos que tanto fizeram pela Maçonaria, lembrando-se deles por intermédio destas recompensas. Lembrem-se sempre disto, meus irmãos. A Constituição e o Regulamento Geral do GOMG, edição de 2015, depois da PEC de 2015, criou, a meu pedido, o título de Maçom Completo, que em sua íntegra, estabelece: Maçom Completo: I – possuir o título de Maçom Perfeito II - ter 50 anos de atividade maçônica ininterrupta no GOMG III – ter exercido o Grão-Mestrado por 3 períodos completos IV - tenha prestado relevantes e excepcionais serviços à Ordem, ou à Pátria, ou à Humanidade, e que estes não tenham sido base para a concessão do título de Extraordinário O pedido dessa recompensa se fará acompanhar do currículo do obreiro e a necessária justificativa. Hoje criamos também uma linda medalha para o Mestre Completo, confeccionada pelo Irmão Richard Alves de Morais e sua operosa equipe da Editora Sulminas de Poços de Caldas.
Criada RGA e RPA Manter, promover e praticar a integração e inclusão das diversas regiões do estado, tornando a Potência mais fraterna e participativa Era uma de minhas preocupações. No passado, o interior do estado era completamente alijado do Grão-Mestrado. Apenas um ou outro Delegado Regional. Todos os Grandes Secretários eram empregados do GOMG e os membros do Conselho Geral, em sua esmagadora maioria, eram irmãos de Belo Horizonte. Na constituição de meus cargos de confiança, convidei todas as regiões do estado para participar 105
dele. Mesmo caindo no descrédito dos Grão-Mestres “Ad-Vitans” dos quais participei este convite, fui em frente e os nomeei, na certeza que me ajudariam em nosso mandato. Digo e repito: Não aceito e nem nunca aceitarei que se seja apenas imputado ao Grão-Mestre o sucesso deste mandato. Se algum mérito tive foi o de saber escolher aqueles que comigo formaram o Grão-Mestrado. Meus Grandes Secretários, os membros do Conselho Geral, os Delegados Distritais e Regionais, irmãos do melhor quilate. Em nossas RGAs, ou seja, Reuniões Gerais Administrativas, que se realizam a cada dois meses e que foi regulamentada no final de 2014, temos tido um comparecimento senão de 100%, mas de 98% deles. São abnegados irmãos que saem de Jequitinhonha, de Janauba, de Unaí, de São Sebastião do Paraíso, de Teófilo Otoni, isto para citar apenas algumas cidades. Todo o estado de Minas Gerais está presente neste GrãoMestrado e tenho uma alegria muito grande quando nos encontramos em nossas reuniões, discutindo nossos problemas, ouvindo, participando e, sobretudo, ajudando o Grão-Mestre em suas decisões. No final de 2014 arregimentamos as Reuniões Gerais Administrativas, ficando aprovado seu Regimento Interno. No início deste ano criamos a RPA – Reunião Parcial Administrativa, convocada pelo Delegado Distrital, logo após a RGA, onde levará as decisões do Grão-Mestrado, oportunidade em que os Delegados Regionais apresentarão o relatório das Lojas de sua jurisdição.
Calendário Oficial Calendário Oficial de Eventos do Grande Oriente de Minas Gerais Temendo que aqueles que vierem depois de mim não dêem sequencia ao que hoje está instituído, criei o Calendário Oficial de nosso Grande Oriente. Dele constam as atividades patrocinadas pelo GOMG, eventos, festividades, promoções e importantes reuniões, como é o caso da RGA – 106
Reunião Geral Administrativa, que, de modo algum, pode ser esquecida, pois congrega os irmãos detentores de cargos de confiança, ampliando suas responsabilidades e promove a união entre eles, fortalecendo a Potência. Na última RGA de 2014, realizada em Belo Horizonte, propus ao Grão-Mestrado que avaliassem e aprovassem o Calendário Oficial de 2016, que transcrevo abaixo: Mês
Março
Dia 15 a 17 16
Abril
21
Maio Julho Agosto Setembro Setembro
23 31 20 12 12 16 e 17 28
Março
Outubro
Evento Encontro da Família Maçônica – Poços de Caldas I RGA - Reunião Geral Administrativa Sessão Magna Pública comemorativa ao Dia de Tiradentes – Palácio Maçônico – Complexo de BH II RGA - Reunião Geral Administrativa III RGA - Reunião Geral Administrativa Semana do Maçom – Itinerante Aniversário GOMG – Complexo de BH IV RGA - Reunião Geral Administrativa Encontro Membros Cor. Loja Frat. Brazileira V RGA – Encerramento do Ano Maçônico
Nos meses de Janeiro, Fevereiro e Dezembro não há eventos oficiais. Calendário aprovado durante a RGA de 29 de novembro de 2014.
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Assessoramento e Acompanhamento Criamos a Comissão Permanente de Assessoramento e Acompanhamento das ações do Grão-Mestre Nem todos os Irmãos são iguais. Alguns são mais atirados, outros menos. Alguns são mais estudiosos, outros menos. Alguns são mais preocupados com a Maçonaria de resultados, outros se preocupam em apenas segurar o malhete quando em visita às Lojas. Para alguns Maçonaria é coisa séria, precisa ser produtiva e apresentar resultados dentro e fora dos Templos. Para outros Maçonaria é apenas um encontro semanal, onde, às vezes, se pratica uma ou outra instrução, muitas delas fora de nossos rituais e depois do jantar todos batem nas costas uns dos outros e exclamam: - Uma boa semana, meu Irmão. Assim somos todos nós em nossas atividades e em nossas vidas. Pensando nisto resolvi criar uma comissão que permanentemente assessorasse o Grão-Mestre em suas ações, sendo ele um estudioso ou um mero espectador. Durante a IV RGA, realizada em Belo Horizonte no dia 28 de novembro de 2014, oficializamos o Calendário de Eventos da Potência, ou seja, alguns eventos que serão obrigatoriamente realizados pelo GrãoMestrado ao longo do ano maçônico. Então, temendo que aqueles que vão me suceder se acomodem com o malhete na mão e não realizem estes eventos tão necessários à subsistência e desenvolvimento do GOMG, criei esta comissão com a finalidade de que seus membros possam “lembrar” ao Grão-Mestre o seu compromisso com o Calendário Oficial, caso ele se “esqueça”. A Comissão de Assessoramento e Acompanhamento irá atuar junto ao Grão-Mestre no sentido de ajudá-lo a realizar estes eventos. Nomeei irmãos experientes e dedicados, que hoje me ajudam bastante neste sentido e tenho certeza que ajudarão os futuros GrãoMestres também.
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Fundo de Assistência Implantação de política de ajuda financeira às Lojas Maçônicas filiadas ao Grande Oriente, dentro de suas possibilidades Com as constantes negativas do Grão-Mestre aos constantes pedidos de ajuda às Lojas, irremediável costume de antigas administrações, tinha que cumprir o prometido em meu Programa de Governo e criar o Fundo de Assistência, a fim de atender Lojas que estavam construindo ou reformando seus Templos. Deixei para o ano seguinte, inscrita na Lei Orçamentária a vigorar em 2013, um montante de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais). No início de 2013 este montante já havia se esgotado, tendo sido distribuído cerca de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para cada Loja em reforma ou construção. Quase nada. Porém não podia fazer muita coisa, pois 60 Lojas se candidataram a receber estes recursos. No ano seguinte dobrei a dotação, inserindo na Proposta Orçamentária o dobro dos recursos do ano anterior. Desta vez aconteceu o inverso. Apenas 17 Lojas se apresentaram reformando ou construindo e, neste, ano, houve Loja que chegou a receber cerca de R$ 20.000,00. No entanto as Lojas não estavam se comportando bem. Tivemos pedidos de Lojas cujo Quadro de Obreiros havia 10 Irmãos e que requeriam cerca de R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) para suas reformas. Tínhamos que tomar uma medida que fosse generosa com as Lojas e que também preservasse o Grande Oriente. Me lembrava sempre de uma Loja que nos deixou alegando que o Rito Escocês deixara de ser um rito religioso, pois dele fora retirado o fundamento da Oração Final. Esta Loja foi para outra Potência. Acompanhei ainda como GrãoMestre Adjunto sua performance junto ao GOMG. O Grão-Mestre da época proveu esta Loja com muitos recursos, ajudando-a a edificar seu Templo. Constatei pessoalmente quando lá estive, acompanhando meu Grão-Mestre. No entanto foram embora, sem qualquer satisfação aos recursos capitados junto ao GOMG. Assim, Enio e eu, pensamos em
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algo que preservasse a Potência e ao mesmo tempo, fosse uma efetiva ajuda às Lojas. Nasceu o decreto 2081 de 9 de setembro de 2014, que arregimenta como devem fazer as Lojas que desejam receber recursos provenientes do Grande Oriente. Uma das melhores medidas de nosso governo. Antes da publicação deste decreto, enviei uma Mensagem por intermédio da prancha N.º 398/2014 de 2 de outubro de 2014, onde criava o Fundo de Assistência e depois um Roteiro, em 24 de novembro de 2014. que as Lojas teriam de cumprir para serem beneficiadas pelo Fundo de Assistência. O problema foi resolvido e equacionado. Hoje o Fundo de Assistência existe para ajuda às Lojas que dele necessitarem, mas estabelece critérios para fazer uso dele.
Fundação de Lojas Implantação de política de incentivo à fundação de novas Lojas Maçônicas Concluímos nos seis primeiros meses o Programa de Governo preparado para ser executado ao longo dos quatro anos de nosso mandato. Agora temos uma tarefa árdua e muito penosa: Precisamos crescer. A Maçonaria que desafia o século XXI não pode viver de seu passado e à sombra de glórias que não foram conquistadas por nós. Temos de criar os nossos dias. Temos de criar a nossa história. Termos a consciência de estarmos produzindo algo para a Maçonaria do futuro. Precisamos fazê-la crescer. E somente iremos atingir este objetivo, se fundarmos novas Lojas. Podemos fazer as nossas Lojas crescerem, que também é um nobre objetivo, mas não há dúvidas que, com o surgimento de novas Lojas, surgirá também um sangue novo, estimulando seus aprendizes a novas conquistas. Assim sendo, nos anos de 2013, 2014, 2015 e até agora, no desfecho de meu mandato, não tenho medido esforços para atingir esta meta. As dificuldades são muitas e nem sempre a dedicação dos irmãos é bastante. Não consigo acreditar que não tenhamos condições de fazer 110
nossa Potência crescer, fundando Lojas e aumentando o número de irmãos em nosso estado. Fundar uma Loja Maçônica, meus irmãos, é o dever de todos nós. Durante as Reuniões Gerais Administrativas, que acontecem de dois em dois meses, tenho reservado boa parte delas para cobrar, para estimular, para lembrar os queridos irmãos sejam eles Grandes Secretários, membros do Conselho Geral ou Delegados, para que cumpram seu papel de difusores da Maçonaria. E a melhor maneira de cumprir este papel é por meio da fundação de novas Lojas. O desrespeito da Potência mãe em insistir em não reconhecer como regular outro Grande Oriente, mesmo que ele tenha sido fundado como uma sua dissidência, portanto tendo a mesma regularidade de origem, se deve, em minha opinião, pela fragilidade deste Grande Oriente. Fosse ele maior e mais forte, não haveria tal proibição. Assim não nos resta alternativa senão crescer, e crescer com qualidade. O Grande Oriente de Minas Gerais não está medindo esforços para ajudar todos que queiram fundar uma Loja Maçônica com qualidade, este é, hoje, nosso maior objetivo e faço votos que meu sucessor assim também se comporte. Em nosso “site” os Irmãos irão encontrar um protocolo muito simples, com todas as orientações para a fundação de uma Loja Maçônica.
Lojas mais fortes Elaboração e execução de programa para os próximos quatro anos, visando o aumento dos Quadros de Obreiros de nossas Lojas Esta meta é muito parecida com a que demanda a fundação de novas Lojas, porém com uma diferença. Para se aumentar o número de irmãos não há necessidade de se fundar Lojas. Esta meta está sendo cumprida desde que assumimos o Grão-Mestrado. Nossas estatísticas nos mostram um quadro ascendente bastante favorável de 2012 para cá. O 111
incentivo à iniciação teve origem na criação do Processo de Seleção para Admissão de Novos Membros. Também atendendo a uma solicitação do Grão-Mestre, o Conselho Geral, por intermédio de sua Comissão de Elaboração de Projetos, nos apresentou um trabalho deveras importante, que trazia em seu bojo a maneira ideal para trazer um candidato até nosso Templo, como iniciado maçom. Para que os irmãos tomem ainda mais familiaridade com ele, o transcrevemos abaixo: O Processo de Seleção para Admissão de Novos Membros Sempre considerei arcaico o Processo de Iniciação proposto pela Potência. Já tive oportunidade de publicar no livro “A Maçonaria Revelada”, minha opinião sobre o assunto. Então, como Grão-Mestre, e dentro das novas atribuições do Conselho Geral, pedi a eles que arregimentassem um novo processo de receber novos membros. Informei-lhes de minha preocupação com candidatos que não eram aceitos e tornaram-se grandes inimigos da Ordem, aliado ao fato de não haver compromisso da assembleia de irmãos no dia marcado para o Escrutínio Secreto, julgando uma covardia o ato de não se levar em conta o extenso processo montado pela Loja e as sindicâncias elaboradas por três Mestres Maçons. O Presidente da Comissão de Elaboração de Projetos do Conselho Geral, meu querido Paulinho da Silveira, com a ajuda de alguns irmãos de minha Loja, elaborou então a minuta de um novo processo, que depois foi sancionado pela totalidade do Conselho e aprovado pelo Grão-Mestre. Este processo hoje adotado por todas as nossas Lojas é muito mais seguro que o antigo, pois é feito de maneira inversa. Quando se deseja apresentar um candidato, sem que ele saiba, seu nome é apresentado à Loja. É então aberto um prontuário pela Loja, em seu nome. Deste prontuário consta, inicialmente um Formulário de Tramitação para Processo de Seleção para Admissão de Novos Membros,
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onde o Secretário poderá localizar a fase onde se encontra o processo de qualquer candidato. No verso deste documento encontra-se um arrazoado que deve ser lido pelo Venerável Mestre, qual seja, suas responsabilidades sobre aquele processo. Durante o fundamento da Ordem do Dia, durante três sessões econômicas seguidas ou alternadas, o Venerável Mestre faz a leitura do documento Apresentação do Candidato, que é documento onde o irmão proponente apresenta seu candidato e declara desconhecer algo que desabone sua conduta, justificando o porque de sua indicação. No mesmo documento, um cadastro onde constam os dados de seu candidato. No verso deste documento consta uma série de orientações ao irmão proponente, cuja leitura é indispensável. Passadas as três semanas, o Venerável Mestre marcará data para que cada irmão se expresse a favor ou contra o candidato, encarecendo a todos que procurem se inteirar a respeito. Na sessão agendada, durante a Ordem do Dia, o Venerável Mestre deve perguntar a cada um dos irmãos presentes se apóiam ou não o ingresso daquele candidato. Se nada houver que o desabone, o Venerável Mestre o declarará pré-aprovado e só aí determinará, particularmente, a seu proponente que o procure, convidando-o a integrar o Quadro de Obreiros da Loja. Havendo aceitação do candidato, o proponente pedirá ao Venerável Mestre que lhe conceda a vídeo-produção do GOMG “O que é Maçonaria”, para que ele assista junto a seus familiares. Desta maneira, se ainda não conhecer, ele passará a conhecer a Maçonaria e do que ela se ocupa. Sua esposa e filhos também conhecerão a respeito e, depois disto, estará apto a aceitar ou não o convite a ele formulado para tornar-se Maçom. Em caso positivo, só aí o GOMG tomará conhecimento, sendo neste período aberto o Processo para a Iniciação, com o pedido de publicação no Boletim Oficial e a afixação do Edital no quadro de avisos da Loja. Dai em diante o processo é igual ao antigo, com uma particular diferença, o candidato já está pré-aprovado e, caso as sindicâncias não provem o contrário, ele já estará moralmente aprovado, pois a assembleia já se manifestou favoravelmente a seu ingresso. Em
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caso contrário, se durante as prévias ou a reunião especial, se verificarem oposições, o proponente retirará sua indicação e o candidato jamais saberá que fora preterido pela Loja. Ao completar o processo com a iniciação do candidato, seu prontuário ficará guardado e nele serão inseridos seus feitos maçônicos, cargos ocupados em Loja e também será transcrito seu currículo civil. Este procedimento é importante porque nem sempre se conhece tudo a respeito da vida particular de um irmão Maçom. Por várias vezes, quando da Sessão Magna Pública de Pompas Fúnebres, ficamos sem saber o que falar a parentes e amigos daquele irmão que se foi, pois não temos seu currículo e nada sabemos de sua vida fora da Maçonaria. Este sistema está funcionando muito bem em nossas Lojas e já temos noticias de Grandes Orientes que copiaram de nós este procedimento.
Eleições 2013 As eleições para Venerável Mestre e as Lojas inadimplentes Em 2013 tivemos eleições para renovação das diretorias de nossas Lojas Maçônicas filiadas. Nossas leis determinam que Lojas inadimplentes não podem participar das eleições, pois não estão quites com o GOMG. No entanto, o costume daqueles que me antecederam, por compromissos eleitoreiros, era de quitar todas as Lojas antes do pleito, para que todas estivessem em nível com os cofres da Potência, mesmo que elas estivessem com seus pagamentos atrasados em relação ao GOMG. Assim, Enio e eu enviamos um Comunicado às Lojas expressando que, se não quitassem seus débitos, não teriam permissão para votar. Esta permissão é um Certificado de Regularidade que o Poder Executivo envia ao Tribunal Eleitoral, tornando as Lojas aptas a votar. Caso o Tribunal Eleitoral não receba este Certificado emitido pelo Poder Executivo, não há como validar a eleição promovida pela Loja. Sem renovar suas diretorias, a Loja cai na irregularidade, ficando impossibilitada de receber placets de Iniciação, Elevação e Exaltação e até mesmo “quits-placetts”. 114
Disse que, daquele ano em diante, o Poder Executivo não iria mais fornecer os Certificados de Regularidade para todo mundo, só as possuindo aquelas que estivessem quitadas com os cofres do GOMG. Foi um “Deus nos acuda”. Naquele mês praticamente todas as Lojas filiadas quitaram seus débitos junto ao GOMG, ficando apenas duas, justamente na capital. Uma delas foi dissolvida pelo Grão-Mestre por irregularidades e outra parcelou seu débito horas antes do pleito, tornando-se legal e recebendo seu Certificado de Regularidade ainda em tempo para realizar sua eleição. Estas são medidas que deverão ser sempre tomadas e rogo a Deus que aqueles que vierem depois de mim, tenham também estas posturas de seriedade e não façam politicagem do toma lá, dá cá, ou seja, “eu votei em você, agora você tem compromisso comigo e tem de me dar o Certificado de Regularidade”. Rogo a Deus para que eles entendam que, pelo menos dentro da Maçonaria, deve existir lisura e transparência. Rogo a Deus para que continuem a tornar nossa Potência respeitada e unida e somente conseguirão se forem honestos com ela e com os irmãos que a fazem grande. Se em nosso país tivéssemos dirigentes honestos e comprometidos com a seriedade, ele não estaria à beira do caos, como está. A cada dois anos, por ocasião das eleições para renovação das diretorias de nossas Lojas filiadas, há necessidade do Tribunal Eleitoral produzir o Edital Eleitoral, que irá arregimentar o processo eleitoral. Ao se avizinhar as eleições de 2013, os irmãos juízes responsáveis pelo Ilustre Tribunal Eleitoral, cuja presidência cabia ao querido Jovial Gonçalves da Silva, uma pessoa inteiramente espiritualizada, um irmão fora de série, foram até o GOMG em busca dos documentos necessários para a elaboração do novo Edital Eleitoral. Procuraram no armário que cabia a este tribunal e nada encontraram. Depois viemos saber que o antigo secretário do Tribunal de Justiça e do Tribunal Eleitoral, um dos colaboradores por mim demitidos, havia levado consigo todos os documentos até então existentes. Eles me ligaram assustados, não iria dar
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tempo de elaborar o Edital sem os documentos necessários. Pedi então ao atual secretário dos tribunais, o Gerente Administrativo do GOMG, Valdson Luiz Onério e a nosso Assessor Jurídico, João Alberto de Carvalho, para que dessem uma ajuda aos irmãos juízes. Eles arregaçaram as mangas e, em tempo recorde, elaboraram o Edital que foi entregue às Lojas, para que pudessem realizar as eleições.
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Comab Comecei a frequentar
O
Grão-Mestre não gostava de viajar de avião e também não possuía afeição pela Comab. Eu, ao contrário, sempre achei que o Grande Oriente precisava se aproximar de seu órgão regimental, até para não se tornar excluído do colegiado de Grandes Orientes independentes. Assim pedi ao GrãoMestre para que pudesse freqüentar as reuniões da Comab representando o GOMG. E isto acabou acontecendo. A partir daquela data nunca mais perdi uma assembleia da Confederação. Participava ativamente de todas elas, sempre dando minhas opiniões e sendo ouvido pelos meus pares, todos eles Grão-Mestres, eu era o único Adjunto. Nestas assembléias afirmava o direito de reconhecimento e respeito das demais para com Minas Gerais, o berço da Comab, pois foi pela ação de nosso estado que a Comab se formou, em 1973, quando 10 Grandes Orientes se desfiliaram do Grande Oriente do Brasil para fundarem o Colégio de Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira, depois Comab, fato ocorrido pela fraude das eleições ocorridas para Grão-Mestre Geral da qual participava o Grão-Mestre do GOMG, Athos Vieira de Andrade, que concorria como Grão-Mestre em um acontecimento que
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ganhou até mesmo as páginas policiais de jornais da época. Aqueles que viveram estes fatos contam melhor do que eu, iniciado 3 anos depois.
Presidente de Comissão Porém minha atuação na Comab foi se consolidando, mesmo como Adjunto e, dado a meu interesse pela ortodoxia da ritualística praticada no Rito Escocês Antigo e Aceito, sem dúvidas, o mais difundido no Brasil, fui convidado para integrar uma comissão de Grão-Mestres que tinha como objetivo a volta às origens do rito. Aceitei fazer parte dela e me espantei quando o Presidente da Comab, ao nomear a comissão de notáveis, me nomeou como seu Presidente. Assim começamos a trabalhar cada um em seu estado, para tentar unificar os rituais do Rito Escocês. Foram dois anos de muito trabalho em uma comissão de altíssimo nível, onde seus integrantes eram desprovidos de qualquer vaidade e trabalhavam unicamente pelo amor à Maçonaria, sempre no sentido de fazer aflorar a prática do rito, retirando deles suas corruptelas e imperfeições. Ao final destes dois anos, já como Grão-Mestre, a comissão chegou a um ritual enxuto, prático, moderno e voltado para suas origens e assim entregamos à Comab um compêndio dos três graus simbólicos do Rito Escocês, que foi adotado por ela e hoje é praticado em todo o Brasil.
Comab em Belo Horizonte Quando se comemorou 20 anos da transformação do Colégio de Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira em Confederação Maçônica do Brasil, exercia ainda o mandato de Grão-Mestre Adjunto. Nesta oportunidade, o Presidente da Comab, Rubens Ricardo Franz, sugeriu que fizéssemos a comemoração em Minas Gerais, reconhecendo ser nosso estado o berço da Comab. No entanto não tive o apoio de meu Grão-Mestre e assim não pude receber os Grão-Mestres da Comab em Minas Gerais.
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Assim que recebi a posse como Grão-Mestre, no mandato do Presidente José Simioni, de quem me tornei grande amigo e por quem tenho uma invulgar simpatia e respeito, disse-lhe que colocava Minas Gerais à sua disposição para uma reunião. Ele aceitou e aqui fizemos uma Reunião Setorial da Comab. Nesta, estiveram presentes, além de nossa Região Geográfica Sudeste, também algumas outras, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte e outros estados que nos deram o prazer de suas presenças. Foi discutida nesta reunião e votada uma capitação maior dos Grandes Orientes à Comab, a fim de se criar um caixa suficiente para atender às novas demandas da entidade, como viagens, cursos, palestras, promoções, etc. Nesta oportunidade levei os Grão-Mestres para conhecerem as futuras instalações do Complexo, ainda em construção. Minas Gerais começava a se impor no cenário da Maçonaria Confederada Mineira, como um de seus maiores Grandes Orientes e, sobretudo, fazendo lembrar a todos que é o berço da Comab. Lembrarse de Athos Vieira de Andrade, esquecido até mesmo pelo GOMG e das atitudes de maçons daquela época, que, pela segunda vez na historia da maçonaria brasileira, reagiram quanto à fraude operada nas eleições para Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, desfiliando-se da Potência mãe.
Presidente Em fevereiro de 2013, durante a Assembleia Geral Ordinária da Comab, em Brasília, meu nome estava cotado para ser eleito VicePresidente da Confederação. Na tarde que antecedeu a reunião, ainda em Poços, estava na Gráfica do irmão Richard, por conta da correção dos rituais, quando recebi um telefonema de Rubens Ricardo Franz, Secretário Geral da Comab, seu Ex-Presidente e Ex-Grão-Mestre do Grande Oriente de Santa Catarina, responsável por um vertiginoso impulso dado à Confederação. Rubens me dizia que o Presidente natural,
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atual Vice-Presidente, irmão Jurandi Alves de Vasconcelos, não poderia ser eleito, pois estava em processo eleitoral, o que não é permitido pela constituição da instituição. Disse que havia um consenso em torno do meu nome e se aceitaria a indicação para ser o Presidente. Disse-me o Richard que eu fiquei branco e comecei a tremer. Não estava preparado para assumir tal cargo e nem conhecia a grandeza dele. No entanto, após alguns segundos que pareceram horas, aceitei mais este desafio e Rubens cuidou do resto. Fui parar de tremer à tarde, quando telefonei para meu pessoal em Belo Horizonte, dizendo-lhes da decisão da Confederação e do consenso em torno da escolha do Grão-Mestre de Minas Gerais. Comecei então a compor minha chapa. Para Vice-Presidente convidei meu companheiro do Rio de Janeiro, o querido Antonio Carlos Raphael, Grão-Mestre do GOIRJ. Compunham minha chapa irmãos como Antonio do Carmo Ferreira, de Pernambuco, o próprio Jurandi Alves de Vasconcelos, que me sucedeu em 2014, e José Simioni, do Mato Grosso, o qual fui seu sucessor, um irmão de primeira grandeza e um excelente amigo. Durante a eleição em Brasília, fui eleito e imediatamente empossado Vice-Presidente da Comab, pois é condição essencial que o Presidente tenha sido antes, eleito Vice-Presidente. A constituição recomenda que a posse seja no domicílio do Presidente eleito. Ora, sou do interior, aliás, o primeiro Presidente do interior. Assim propus a meus pares que a posse seria em Poços de Caldas e não em Belo Horizonte, pois, estando em reformas, não dispúnhamos de um local para realizar o evento de posse. Eles concordaram e comecei a elaborar a festa em Poços de Caldas. Ela aconteceu em 21 de junho de 2013. A maior que a Comab viu, desde sua fundação. Montei um esquema para receber os irmãos Grão-Mestres e suas comitivas, no aeroporto de Campinas. Coloquei vários ônibus e vans para buscá-los e neste sentido contei com o imprescindível apoio dos irmãos Flávio Antonio Couto de Araujo Cançado e do irmão Adenir Inocêncio de Melo, os dois de minha Loja. O dia chegou e chegaram os visitantes. A
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maior caravana de Grão-Mestres da história da Comab. Com exceção de apenas um, que me ligou do hospital, pois estava adoentado, todos vieram. A foto que registra a presença de Grão-Mestres, Grão-Mestres Adjuntos e Grão-Mestres “Ad-Vitans” foi publicada no primeiro número de nossa “Conexão GOMG em Revista”, foram ao todo 42.
Na posse como Presidente da Comab - Junho de 2013 - Poços de Caldas: O maior encontro de Grão-Mestres da Maçonaria Confederada Brasileira Meu mandato como Presidente da Comab, em minha avaliação, poderia ter sido melhor. O desenho da composição da Diretoria da Confederação é difícil. Sendo apenas de um ano, não existe tempo suficiente para que qualquer programa de ação governamental seja realizado com algum sucesso. Quando se pensa em realizar alguma coisa, o mandato termina. Estamos trabalhando neste sentido e espero que possamos ter, em breve, um espaço maior para o Presidente, para que possa realizar o que é por ele programado. Mesmo assim realizamos Assembleias Extraordinárias em Manaus, a fim de promover o embrionário e valente Grande Oriente Amazonense; uma Reunião Administrativa em São Paulo; uma Assembleia Geral Extraordinária em Belo Horizonte, por ocasião dos
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festejos comemorativos dos 70 anos de fundação do GOMG e junto a eles a apresentação do Complexo Administrativo, Social e Litúrgico do GOMG, além da inauguração do Museu da Comab, que havia reivindicado para Minas Gerais, pois ela é o seu berço. Tive oportunidade de assistir a cerimônia de posse do querido irmão João Krainski Neto, que sucedeu a Celso Luiz Girardello, também um grande irmão e amigo. Fui à posse de Tadeu Pedro Drago, no Grande Oriente do Rio Grande do Sul, substituindo o grande José Aristides Fermino. Também compareci à posse de Jurandi Alves de Vasconcelos, em sua re-eleição pelo Grande Oriente Paulista. Fui a Natal, assistir a posse do meu grande amigo Antonio de Brito Dantas, mais uma vez eleito Grão-Mestre do GOIERN e rever meu querido Ticiano Duarte, que nos deixou em 2015. Representei a Comab durante os festejos do 35.º aniversário de fundação do Grande Oriente de Mato Grosso do Sul, ao lado do atual Presidente da Comab, o jovem e valoroso Amilcar Silva Junior. Como Presidente tive a oportunidade chefiar a comitiva da Comab em visita à Grande Loja da Guatemala, durante o Congresso do Rito de York e no 13.º Encontro da Confederação das Grandes Lojas Mundiais, na Romênia.
Thomas Jackson (ao centro) chefiando a caravana da Comab durante a Conferência Mundial de Grandes Lojas na Romênia
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Entregando comenda GOMG 70 Anos ao recém eleito Secretário Geral da Conferência Mundial, Radu Balanescu, Grão-Mestre da Grande Loja Nacional da Romênia
Com o irmão Thomas Jackson Realizamos duas Assembleias Gerais Ordinárias, em Brasília e elegemos Jurandi Alves de Vasconcelos para me substituir. Voltei à linda
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Natal para ministrar palestra durante o ciclo de estudos promovido pelo GOIERN, um evento que reuniu mais de trezentos maçons e é um orgulho para a Comab. Durante a Assembleia Geral Extraordinária realizada em 28 de março de 2014, em Belo Horizonte, a Confederação Maçônica do Brasil deliberou sobre o fato de mantermos sempre as portas de nossos Templos abertas para receber os Irmãos do Grande Oriente do Brasil, determinando que, tanto a Potência mãe, como os Irmãos que a integram, não têm culpa da tomada de posição unilateral de um Grão-Mestre.
Renato Gabriel e Edmund D. “Ted” Harrison – Grande Sumo Sacerdote Geral Internacional do Real Arco, durante Congresso na Guatemala O exercício da presidência de nosso órgão maior foi para mim uma experiência que jamais vou esquecer. O fato de enriquecer meu currículo pouco foi alterado, pois não tenho nenhuma vaidade sobre ele, mas acrescentou ainda mais o meu desejo de servir à Ordem da maneira como conseguimos, doando parte de nosso tempo e de nosso intelecto, àquilo que aprendemos a gostar ao longo de quarenta anos de iniciado.
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Museu Edificar a identidade histórica de nossa Potência como berço da Maçonaria Independente do Brasil, com a criação do Museu da COMAB em Minas Gerais Tínhamos uma missão difícil. A de construir a identidade histórica de nossa Potência como berço da Maçonaria Independente do Brasil, com a criação do Museu da COMAB em Minas Gerais. Reivindiquei este direito à Comab, expondo que a Minas Gerais cabia este direito. Relatei então minha intenção de criar o Museu da Comab em Belo Horizonte, dentro do Complexo Administrativo, Social e Litúrgico que estávamos construindo. O Colégio de Grão-Mestres da Comab consentiu e construí então uma sala dentro da Sede Administrativa do GOMG para receber o Museu da Comab, que foi inaugurado no dia 29 de março de 2014, com a presença dos Grão-Mestres da Comab. Lá criamos a Galeria dos Ex-Presidentes da Comab, cuja última foto lá colocada foi a minha. Mais à frente a descrição e a foto no dia da inauguração.
Gestão Administrativa Implantação de nova gestão administrativa com a manutenção de política de austeridade financeira Sobre este assunto já tivemos oportunidade de relatar na extensão de todo este livro. O Grão-Mestre Hedison promoveu uma política de austeridade financeira muito eficiente. Quando assumiu seu mandato, em junho de 2008, louvei sua atitude com a implantação desta política e neste sentido apenas dei sequencia ao trabalho que já estava sendo feito. Sobre a implantação de uma nova gestão, já dissemos que, ao admitir novos colaboradores, estes começaram a trabalhar dentro de uma nova filosofia e neste sentido, conseguimos alcançar nossos objetivos, ou seja, uma política de se evitar gastos desnecessários e voltada para a qualidade no atendimento e resolução dos pedidos de nossas Lojas. 125
Organograma Funcional Criação de novo Organograma Funcional de acordo com exigências e demandas do Grande Oriente Com a demissão quase total dos antigos colaboradores do GOMG, tínhamos que organizar outro organograma definindo funções para os novos. Hoje os principais cargos de nosso Grande Oriente funcionam da seguinte maneira: Valdson Luiz Onério: Gerente Administrativo – Além de gerenciar o Grande Oriente de maneira geral, ele é responsável pelos eventos realizados no Complexo Administrativo, Social e Litúrgico, pelos aluguéis de nossos imóveis e alugueis dos Templos da Avenida Barbacena, responsável pelo veículo oficial do Grão-Mestre, responsável pelo Centro de Recursos Humanos e seus desdobramentos, cuida das relações com a contabilidade e a administração em geral. Marcus Vinicius Alves de Souza é um colaborador e irmão dos mais eficientes. Como oficial da Grande Secretaria de Orçamento e Finanças é nosso Tesoureiro. Tem a função de programar pagamentos a fornecedores, folha de pagamentos, recolhimentos de impostos e taxas públicas, administração de valores das Lojas pagas ao GOMG e elaboração de planilhas financeiras. É o interlocutor entre as Lojas e o GOMG no sentido financeiro e de legalidade. Mantemos uma secretária do Grão-Mestre e do Grão-Mestre Adjunto. Ela é o elo de ligação entre o Grão-Mestre e os demais cargos de confiança. Agenda reuniões, transmite recados e zela pelas relações entre o Grão-Mestrado e as Lojas. É também responsável pelo envio de títulos e recompensas às Lojas e irmãos. Temos um colaborador responsável pelas correspondências, um cargo de muita responsabilidade. Hoje o GOMG mantém contrato com agencia de Correios e toda a correspondência é rastreada, não se perdendo mais nenhum documento. Ele também é o responsável pela
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atualização de nosso “site”, hoje funcionando normalmente em suas funções precípuas. Temos uma recepcionista atenciosa e prestativa, cuja função é receber nossos irmãos na sede administrativa, de prestar-lhe auxílios e informações, além de serviços internos de qualidade. Também possuímos em quadro operacional, uma Auxiliar de Serviços Gerais que atende a sede administrativa e outro, responsável pelo Complexo. Na portaria dos Templos da Avenida Barbacena, temos um recepcionista que realiza seu trabalho com precisão e responsabilidade. Ao todo são nove funcionários trabalhando de acordo com a CLT e com benefícios como Cesta Básica de Alimentos e Plano de Saúde por coparticipação.
Inevitável confusão Grande Secretaria da Guarda dos Selos ao invés de Administração Diz o ditado popular que o “uso do cachimbo faz a boca torta”. Há muitos anos, o irmão João Aberto de Carvalho, um dos ícones da Maçonaria mineira, acumulava o cargo de Grande Secretário de Administração além de outras Grandes Secretarias de não menos importância. Como era um colaborador de confiança, ele foi acumulando tarefas e mais tarefas, sendo que, ao final de algum tempo, era uma espécie de “faz tudo” no GOMG. Ora, a Grande Secretaria de Administração trata de fundamentos bem definidos, ou seja: Responsável pelo Centro de Recursos Humanos e seus desdobramentos; Compras e licitações e Patrimônio com seus desdobramentos. A Grande Secretaria da Guarda dos Selos, como o próprio nome recomenda, é o órgão notarial da Potência. Tem a função de registrar, de organizar, de arquivar tudo o que é realizado dentro da Potência, como elaboração de todos os “placets”, emissão e registro de diplomas, recompensas e é a Grande Secretaria encarregada das relações da Loja com o GOMG. 127
O que temos visto é que, pelo costume, quando a Loja tem algum problema com o GOMG, ligam para a Grande Secretaria de Administração. Encareço então aos queridos irmãos secretários, principalmente àqueles mais antigos, acostumados com o antigo GOMG, para que tenham a atenção de comunicarem-se com a Grande Secretaria da Guarda dos Selos que serão muito bem atendidos.
Demandas Operacionais Instauração de maior agilidade em demandas operacionais de rotina nos diversos setores do GOMG Antigamente havia muitas reclamações quanto às rotinas do GOMG. O Boletim Oficial atrasava muito, o que redundava em mais espera para se iniciar um candidato. O “site” não funcionava. Correspondências não chegavam a seus destinos. As Lojas não eram prontamente atendidas em seus pedidos. Pedidos de irmãos e Lojas eram engavetados. Não havia agilidade nas informações. As comunicações do GOMG não chegavam às Lojas. Havia necessidade de se fazer algo. Não tive dúvidas, inseri no GOMG o que faço em minha empresa. Primeiro demiti os empregados antigos, mal acostumados, sem experiência em informática (ainda usavam máquinas de escrever), sem nenhuma visão administrativa, e com costumes corporativistas. Eles diziam assim: - As coisas aqui são assim há trinta anos e continuarão a ser. Esta mentalidade foi transformada com a contratação de novos empregados. Uma política de educação, sinceridade do tipo: - O que pode, será feito. O que não pode, não será feito. O conchavo acabou. Agora teríamos dali para frente uma política de presteza, transparência e lisura nas informações. Implantada as novas demandas, a empresa gira normalmente. A casa está arrumada. Hoje vou a Belo Horizonte, de acordo com o prometido, uma semana por mês, lá realizando minhas funções 128
administrativas com os colaboradores, cumprindo minha agenda de audiências e visitando Lojas. Não há necessidade do Grão-Mestre permanecer na sede administrativa durante os trinta dias do mês. O Boletim Oficial é fechado no final do mês, enviado “on line” para a gráfica que o imprime e o devolve à sede, em dois dias. Não existem mais atrasos. As correspondências chegam a seus destinos, e caso não chegarem, serão rastreadas por meio de código de barras dos correios, pois todas elas são registradas. As informações às Lojas são passadas por meio de “correspondências eletrônicas”. A Loja que hoje não mantém um endereço eletrônico, não está preparada para cumprir seu papel dentro e fora da Maçonaria. A manutenção de um “e.mail” , quer da Loja, do Venerável Mestre ou de um irmão qualquer de seu Quadro de Obreiros, é básico. Todas as correspondências são recebidas por eficiente protocolo e não desaparecem mais. Não existem mais “engavetamentos” no GOMG. Todos os pedidos são prontamente atendidos, entendendo que nosso maior cliente são os irmãos e as Lojas. Costumo dizer que não existe Grão-Mestre sem Loja. Assim sendo, a figura mais importante do Grande Oriente são os Veneráveis Mestres, legítimos representantes de suas Lojas. Quanto à comunicação entre os cargos de confiança, elas são feitas “on line” e quase que diariamente, pois sempre o Grão-Mestre tem algo a dizer àqueles que o ajudam na administração do GOMG.
Digitalização de Documentos Em 2013 adquirimos um equipamento a fim de que todos os nossos documentos fossem digitalizados. Quando cheguei ao GOMG como Grão-Mestre, em junho de 2012, não havia sequer um documento digitalizado. Eram todos guardados em caixas de papelão, o famoso “arquivo morto”, que em minha empresa já não se usa há 20 anos.
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Todos os documentos eram guardados nestas caixas e quando se necessita de um deles, tinha que abrir as caixas e procurar exaustivamente até encontrá-lo. Hoje os documentos estão todos digitalizados, arquivados e devidamente catalogados. É a modernidade e a tecnologia chegando à nossa Potência.
Dinâmica Funcional Integração e instituição de Dinâmica Funcional em todas as Grandes Secretarias com provisão de todos os seus cargos. Quando divulguei esta particularidade a ser cumprida em meu futuro governo, ninguém acreditou. Na verdade todos achavam impossível que alguns cargos fossem retirados de seus ocupantes há muitos anos. Consideravam que estes cargos eram “vitalícios” destes irmãos. Todas as Grandes Secretarias eram ocupadas há muitos anos por empregados do GOMG. Quero aqui expressar meu apreço por todos eles, bons irmãos e bons maçons. Porém não era isto que eu desejava. Queria um governo de verdade, em que todos pudessem participar e dar um pouco de si para o GOMG. Assim fui buscar em irmãos de minha confiança, que comigo pudessem bem administrar o GOMG. E foi uma decisão acertada. O Grão-Mestre, assim como o Prefeito ou o Governador, deve ter o seu estafe, ou seja, aqueles que com ele comungam as ideias, as ações de governo e os novos projetos. Alguém que o aconselhe fraternalmente, pois o GrãoMestre é um homem igual a todos, sujeito a acertos e erros. Quanto aos empregados, eles cumprirão as determinações de seu chefe, e cada chefe, em seu mandato, exercerá o poder a sua maneira. Hoje nossos empregados lá estão, cumprindo muito bem suas tarefas, sempre me ajudando e orientando em tudo o que faço. Se algo deu certo, divido com eles estes louros. Se deu errado, apenas ao GrãoMestre se deve o erro, pois a responsabilidade é apenas dele. 130
Grande Secretaria de Governo Esta proposta me surgiu da necessidade de ter alguém em Belo Horizonte que mais perto estivesse de mim, a 500 quilômetros da capital. Em toda a minha campanha jamais disse que residiria em Belo Horizonte, apesar de aposentado, ainda dou minha colaboração ao grupo de empresas que participo, além do fato de não conseguir ficar muito tempo longe de minha família, esposa, filhos e neta. Minha proposta sempre foi de estar em Belo Horizonte uma vez a cada mês, lá permanecendo de acordo com as necessidades. Como disse atrás, nos seis primeiros meses de meu governo, não consegui ficar longe da sede do GOMG, pois os problemas tinham que ser resolvidos com a minha presença “in loco” e assim permaneci na capital, indo a Poços de Caldas apenas em um final de semana por mês, pois todos os outros, ficava no hotel, equalizando e planejando como seria a resolução deste ou daquele problema. No entanto, a necessidade da criação era grande, quando eu me ausentasse da capital. Assim era imperioso que o irmão ocupante deste cargo residisse em Belo Horizonte, a fim de me representar em solenidades, em sessões especiais, enfim, exercer a representação social e maçônica do Grão-Mestre ausente. Fui buscar, então, no irmão José Alberto Ferraz Medrado, renomado advogado de nossa capital, um maçom exemplar, conhecedor de nossas leis e ex-presidente de nosso Egrégio Tribunal de Justiça, a solução para o perfeito preenchimento deste importante cargo recém-criado pela Assembleia Legislativa, atendendo a meu pedido. Hoje a Grande Secretaria de Governo é uma realidade. Nossos colaboradores apóiam-se no Grande Secretário para retirar suas dúvidas e recorrem a eles quando de suas necessidades.
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Grande Secretaria de Ação Social A Grande Secretaria de Ação Social também foi criada pela Assembleia Legislativa, atendendo a meu pedido. Sua necessidade é também imperiosa. A grande maioria de nossas Lojas está no interior, cerca de noventa por cento. Desta maneira Lojas e irmãos necessitam de uma atenção maior quando de suas viagens a capital. Eu mesmo, antes de ser eleito Grão-Mestre Adjunto, poucas vezes tinha ido a Belo Horizonte, pois nossas atividades, negócios, compras, etc., são todas realizadas no estado de São Paulo, dado à situação geográfica, estando a duzentos e cinqüenta quilômetros de São Paulo e a quase quinhentos de Belo Horizonte. Uma consulta medica, um exame laboratorial ou de imagem, uma internação, doações de sangue, transferências de um hospital do interior para um da capital, uma vaga na UTI, uma internação pelo SUS, uma cirurgia cardíaca, um transplante, isto traduzindo ações na área de saúde. Em outras áreas também há necessidade de um acompanhamento na capital, como uma matrícula em uma universidade, um desconto nas mensalidades, uma transferência mais difícil e etc. Muitos irmãos profissionais professores ou policiais, têm recorrido ao Grande Oriente para uma transferência ou uma promoção. Na área da educação e formação profissional tivemos pedido até mesmo de vaga na Faculdade de Medicina da UFMG (este pedido não conseguimos atender). Vejam a necessidade de uma Grande Secretaria desta natureza. E não atendemos somente a irmãos do GOMG. Não raras vezes recebemos pedidos de nossa interferência para atender a irmãos ou familiares de outras Potências e, estando ao nosso alcance, são prontamente realizados. Ocupou esta importante pasta o irmão Agostinho Beato da Cruz Filho, de Patos de Minas, um excelente irmão, operoso, prestativo e sempre presente, que, ao lado de Carlos Resende de 132
Souza, Delegado Distrital do Alto Paranaíba e de Sandoval Terto de Oliveira, do Conselho Geral, é o companheiro de viagem de nosso Grão-Mestre Adjunto. Com a ida do irmão Agostinho para a Grande Secretaria de Orçamento e Finanças, a pasta é hoje ocupada pelo dinâmico Ronaldo Ferreira Machado, de Governador Valadares.
Plano Diretor Elaboração de Plano Diretor para os próximos 20 anos, destacando prioridades, definindo metas e executando as ações de governo dentro de seu organograma O Plano Diretor do Grande Oriente de Minas Gerais foi desenvolvido, a pedido do Grão-Mestre, pela Comissão de Elaboração de Projetos do Conselho Geral. Ao fim de alguns meses, a Comissão de Elaboração de Projetos apresentou na reunião do Conselho Geral de 21 de março de 2015, quando do I Encontro da Família Maçônica, realizado em Poços de Caldas, a minuta final do Plano Diretor, que foi aprovado pelos demais conselheiros, que foi, depois, levado à aprovação da Soberana Assembleia Legislativa Maçônica, que mais uma fez, atendeu ao pedido do Grão-Mestre, entendendo ser o Plano Diretor um importante indicador das ações do Grão-Mestre. O Plano especifica os capítulos seguintes: CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS GERAIS, DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E DOUTRINÁRIO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, DESENVOLVIMENTO LITÚRGICO, DESENVOLVIMENTO CULTURAL, POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO INTERNA E EXTERNA, IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DIRETOR, DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS.
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Cultura e Comunicações Implantação de uma política de incentivo à Cultura e à Comunicação Tenho prazer em escrever. Talvez estivesse na profissão errada durante toda a minha vida. Sempre gostei de escrever e ver a coisa pronta, publicada. Este, como sabem, é meu 9.º livro e não pretendo parar por aí, pois escrever é para mim um devaneio, um “relax”. Quando estou escrevendo parece que o tempo não passa e quando dou por mim já é noite. Ao assumir o GOMG logo pensamos em produzir uma revista de interesse de todos os Irmãos da Potência. Porém não tínhamos nada a publicar. Depois de concluídos alguns trabalhos, publicamos então nossa primeira revista, a CONEXÃO GOMG, que mostra nossas primeiras dificuldades e os sucessos da época. Nosso primeiro número foi publicado em 2014, com ênfase para a inauguração do Complexo e as comemorações de nossos 70 anos. O segundo número da CONEXÃO GOMG foi publicada no ano seguinte, 2015, onde enfatizamos o I Encontro da Família Maçônica, onde quase 1000 integrantes se reuniram em Poços de Caldas para um encontro agradável e muito produtivo. O terceiro número encerrará nosso mandato, dentro de alguns dias. Em paralelo também elaboramos algumas vídeo-produções. A primeira delas foi a “O que é a Maçonaria”, uma produção de pouco mais de 9 minutos, que retrata a Maçonaria para Não Maçons e tem a finalidade única de informar a nossos candidatos o que é a Ordem, o que ela já fez e o que está fazendo. Assim, depois de ter a autorização da assembleia da Loja para o convite, o Proponente deve entregar o vídeo ao candidato, para ele e sua família possam assistir juntos, o que, realmente, é a Maçonaria e fazer um juízo correto sobre se deseja ou não tomar parte dela. Um segundo vídeo foi feito quando de minha
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posse na Comab. Sou o primeiro presidente do interior e isto me dá muito orgulho. Fizemos, na oportunidade uma bonita solenidade, coma presença do maior contingente já visto de Grão-Mestres, Grão-Mestres Honorários e Adjuntos. A terceira produção foi uma história dos 70 anos do GOMG. Um bem elaborado trabalho de nossa equipe, contando o que é o GOMG hoje, desde sua fundação. Nosso último trabalho foi um resumo do I Encontro da Família Maçônica, que, por sua grandeza, mereceu ser retratado em vídeo. Todas estas produções foram entregues às Lojas filiadas, para que possam ser assistidas pelos Irmãos de seus Quadros de Obreiros e reconheçam o que é nossa Potência hoje. Também elaboramos, nos anos pares, duas agendas. E a produzimos nos anos pares porque neles temos novas diretorias em nossas Lojas filiadas. Nesta agenda reproduzimos todo o Grão-Mestrado, com o nome e endereço de todos os seus membros. Todas as nossas Lojas filiadas, como nome e maneiras de comunicação com todos os seus Veneráveis Mestres. Também o fazendo com os Deputados, Juízes e Diretoria da Fraternidade Feminina. Em seu bojo está a data de fundação de nossas Lojas e um retrato da fachada do Templo das centenárias. Esta agenda é entregue como presente de Natal a todos os membros do governo e às Lojas filiadas.
Seminários de Ritualística Incentivo à cultura e ritualística maçônicas, dando ênfase a Seminários, Simpósios, Convenções e Congressos periódicos em todas regiões do estado Nossa primeira meta era o Incentivo à cultura e ritualística maçônicas, dando ênfase a Seminários, Simpósios, Convenções e Congressos periódicos em todas as regiões do estado. Já vinha realizando alguns cursos e seminários, enquanto Grão-Mestre Adjunto. O primeiro Seminário sobre Ritualística foi realizado em 2009, no oriente de São 135
Sebastião do Paraíso, com o importante apoio dos irmãos da centenária Loja Maçônica Fraternidade Universal. Dali para frente, realizamos vários seminários, sempre enfatizando a necessidade de se corrigir os rituais simbólicos do Rito Escocês, que, em seu todo, perfazia mais de cinqüenta erros grosseiros. Assim montei uma estrutura de maneira que estes cursos, seminários e simpósios fossem realizados com mais freqüência e qualidade. O GOMG adquiriu um data-show, um telão e um note-book. A coisa começava a fluir. Hoje já realizamos mais de trinta seminários em todo o estado, bastando para isto que a Loja demonstre interesse. O seminário não custa absolutamente nada à Loja, pois todos os custos são de responsabilidade do GOMG, como “coffe-breaks” e almoço. Levamos todos os instrumentos necessários, como computador, data-show, telão. O seminário acontece da seguinte forma: Geralmente ele se dá em um fim de semana. Na sexta-feira à noite, o Grão-Mestre tem uma conversa informal com os membros da Loja anfitriã, respondendo a questionamentos a respeito do GOMG e etc. Na manhã do sábado a Loja anfitriã recebe os irmãos de toda a região, convidados que foram antecipadamente pelo Delegado Regional, hora em que o GOMG oferece um café da manhã aos visitantes. O seminário tem inicio, com a explanação teórica, bastante pormenorizada, do ritual de aprendiz do REAA. Ao meio-dia, pausa para o almoço, de responsabilidade da Loja anfitriã, mas pagos pelo GOMG. Retornamos as quatorze horas, agora com a parte prática, onde todos os cargos são exercidos por irmãos aprendizes, pois nossa intenção é ensinar. O seminário termina no final da tarde em clima de descontração e alegria, com sorteio de bons brindes que o GOMG oferece aos participantes. Para tornar mais atraente, primeiramente enviamos um chamado a todas autoridades do GOMG no sentido de conclamá-las a realizar o seminário em sua região. Com a concordância dos Irmãos, passamos ao agendamento do seminário e então enviamos o convite oficial para as Lojas da região. A fim de garantir maior presença de todos os irmãos, enviamos
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ainda dois chamamentos, lembrando o Delegado Regional e o Venerável Mestre da Loja anfitriã de suas responsabilidades de agregar estes Irmãos e insistir no seu comparecimento. No dia do seminário, ao se inscrever, o irmão recebe uma pasta em cujo interior irá encontrar, além de folhas para anotações e uma caneta. A grade curricular do Seminário, basicamente, é a seguinte: A Ritualística Básica do REAA – Plano Teórico, Principais Ritos adotados pela Maçonaria Brasileira, O que é o Rito Escocês Antigo e Aceito, A planta baixa de uma Loja Maçônica no Grau de Aprendiz, Câmara de Reflexões, Átrio, Sala dos Passos Perdidos, o Templo, Interrogatório e Telhamento, Estrutura Administrativa da Loja Base, A Sessão Econômica, Procedimentos e Fundamentos do Rito, Assinatura do Livro de Presença, Harmonização Espiritual, Entrada no Templo, O culto ao silêncio, Abertura Ritualística, Protocolo de Recepção, Leitura do Balaustre, Expediente, Bolsa de Propostas e Informações, Ordem do Dia, Tempo de Estudos, Tronco de Beneficência, Palavra, Encerramento, Saída do Templo, Instrumentos de Trabalho, Espadas, Malhetes, Bolsas, Bastões, Formações e Posturas , Escrutínio Secreto, Palavra Semestral, Palavra de Convivência, A Diferença entre o Tríplice e Fraternal Abraço e o Abraço Fraterno, A Diferença entre Baterias e Aplausos, Abóbadas, Cadeia de União. Antes do encerramento, sorteamos bons brindes e o Seminário termina em clima de alegria e muita confraternização.
Estudo de alguns rituais Estudos para adequação dos rituais de alguns ritos adotados pelo Grande Oriente, tendo por base a ortodoxia e a volta às suas origens Tendo a estrutura adequada, demos sequencia aos estudos para adequação dos rituais de alguns ritos adotados pelo Grande Oriente, tendo por base a ortodoxia e a volta às suas origens. O primeiro deles, claro, foi o Escocês Antigo e Aceito, o rito mais praticado no Brasil. Fora do país, ele é pouquíssimo utilizado, sendo que o Rito de York e o de 137
Emulação, de acordo com sua origem Norte-Americana ou Inglesa, é praticado em quase 90% das Lojas de todo mundo. Estes dados são da “World Conference of Grands Lodges”. A comissão da Comab estava com seus estudos avançados sobre a ritualística do Rito Escocês. Assim nomeei minha Comissão de Liturgia, que tem como Presidente meu querido irmão Tininho, de Cabo Verde, meu contemporâneo de universidade, lá se vão mais de 45 anos. Integra a comissão Renato Gabriel e Derly Halfeld Alves, de Juiz de Fora e Roberto Romão das Dores e Expedito Caldeira Coimbra, de patrocínio, que, infelizmente, nos deixou no início de 2015 e cuja vaga foi ocupada pelo estudioso irmão Ademir França, Venerável Mestre da Loja União Carmelitana, de Monte Carmelo. Trabalhamos duramente durante alguns meses. Havia certa concordância dos membros da comissão quanto às modificações que estávamos operando na Comab e assim não foi difícil fazer uma adequação aos dois rituais, da Comab e do GOMG. Os rituais ficaram prontos, com a interessante capa de autoria do irmão Enio Henrique Prado e com diversas correções dos incansáveis Paulo da Silveira e Richard Alves de Morais. Terminados e entregues, a repercussão foi muito boa. Erros foram corrigidos, alguns procedimentos subtraídos de outros ritos foram extirpados, uma excelente impressão, bonita, rica em detalhes, enfim, tudo deu certo.
Rituais Especiais Junto aos novos rituais do Rito Escocês, foi publicado um tomo composto por vários Rituais Especiais para serem realizados em Sessões Magnas Públicas ou simplesmente em uma Sessão Maçônica comum, fechada. Rituais de cerimônias como Pompas Fúnebres, Adoção de Lowtons, Consagração Matrimonial, Banquete Ritualístico de São João, Dia das Mães e outros foram lembrados pelo GOMG e divulgados para a prática de nossos irmãos e Lojas filiadas. Costumo dizer que temos de abrir as portas de nossos Templos aos Não Maçons. Ainda hoje,
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ao atravessarmos o século XXI, existem pessoas que desconhecem a Maçonaria e alguns que dizem conhecê-la, a ela atribuindo culto ao diabo, missas negras e coisas piores. Ora, já está na hora dos dirigentes da Maçonaria dizerem, claramente, o que ela é, o que já fez em todo o mundo e também no Brasil, e do que está se ocupando hoje. Desta maneira, não existe melhor forma de apresentarmos a Maçonaria ao Não Maçom, do que convidá-lo a assistir uma Sessão Magna Pública, onde ele verá que o Maçom não se reúne sem render um culto ao Ser Criador, a quem chamamos de Grande Arquiteto do Universo. E, pela minha experiência, que não considero pequena, sempre que se realiza uma Sessão Magna Pública em nossas Lojas, bons candidatos são apresentados. Estes rituais foram muito bem aceitos e hoje são praticados por nossas Lojas filiadas com bastante freqüência.
Os novos Rituais do REAA Nesta época, como parte do Programa de Governo, lançamos no GOMG os novos rituais. A Comissão de Liturgia presidida pelo irmão Agostinho Reis Melo, meu caro Tininho, de Cabo Verde, e integrada pelos irmãos Renato Gabriel e Derly Halfeld Alves, de Juiz de Fora, Expedito Caldeira Coimbra, que recentemente nos deixou e foi substituído por Ademir França, e Roberto Romão das Dores, do oriente de Patrocínio. A eles meu profundo respeito e meu imorredouro agradecimento pela paciência que tiveram comigo e nossas adequações ao Ritual da Comab, cuja Comissão de Ritualística eu presidia. A capa destes rituais foi criação do irmão Enio Henrique Prado e sua revisão foi feita pelos irmãos Paulinho da Silveira e Richard Alves de Morais. A eles meus sinceros agradecimentos. Foi uma aclamação geral, o ritual era prático, bonito e sem vícios. É claro que tivemos alguns que não gostaram deles, porém sem nenhuma base litúrgica. Tivemos até uma reclamação de um pobre irmão sem qualquer conhecimento, embora tenha até mesmo ocupado cargo de
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confiança, que dizia ser “o Templo de Salomão coberto com o mais puro ouro”. Maçonaria é assim, pouco se conhece, mas muito se diz conhecêla. Temos de ter paciência com estes irmãos, pois não sabem o que dizem. Elaboramos também o compêndio sobre Sessões Magnas Públicas, dele constando cerimônias como Adoção de Lowtons, Consagração Matrimonial, Pompas Fúnebres e outras. Acredito firmemente que devemos realizar sessões magnas com a presença de Não Maçons. Isto vem demonstrar categoricamente que a Maçonaria não possui este hermetismo que, por vários séculos, a Igreja Católica lhe impôs. É preciso mostrar e demonstrar praticando, que temos crença e devoção a Deus, a quem chamamos de “O Grande Arquiteto do Universo”, e nunca deixamos de abrir o Livro Sagrado ou a Bíblia Sagrada, se preferirem, em todas as nossas sessões. Sou adepto da prática destas sessões. Notem que, depois de uma sessão pública, surgem sempre bons candidatos à iniciação.
Curso para Novos Diretores Criação e a Implantação de Cursos Itinerantes para novos Administradores de Lojas Maçônicas e suas Diretorias Nossa próxima meta era a Criação e a Implantação de Cursos Itinerantes para novos Administradores de Lojas Maçônicas e suas Diretorias, que chamamos de “Curso de Aproveitamento para Novas Diretorias”. Pedi então a meu Grande Secretário de Educação e Cultura, Wantuil de Almeida Costa, que se ocupasse disto. Ele se debruçou sobre o curso e nos entregou com a carga horária de um dia e os principais itens que iríamos ministrar aos novos diretores de nossas Lojas. Considero estes cursos muito importantes. O Venerável Mestre recém-eleito poderá administrar sua Loja apenas pela leitura de nossos regulamentos e leis, porém terá muitas dificuldades na prática. O cargo exige certa tarimba que o novo Venerável Mestre não possui. São meandros que somente poderão ser repassados por alguém que já esteve lá. Este é o objetivo de nosso curso. São convocados os novos Veneráveis Mestres, os Oradores, 140
os Secretários e os Mestres de Cerimônias. Para o Venerável Mestre a coordenação do curso entrega uma apostila elaborada pelo GOMG. O curso é ministrado pelo Grão-Mestre com a ajuda do Grande Secretário de Administração e do Grande Secretário de Orçamento e Finanças. O cargo de orador é um dos mais importantes na diretoria de uma Loja Maçônica. Muitos irmãos são eleitos para exercê-lo e, no entanto, não lhes são instruídos de que maneira devem se portar. Fui buscar no Grande Procurador Geral, pois o cargo de orador pertence ao Ministério Público Maçônico, o instrutor para este curso. Euclides ministra seu cargo com sapiência, do alto de seus três mandatos como Venerável Mestre e Orador de sua Loja. Se uma Loja não anda bem em relação ao Grande Oriente, está faltando orientação ao Secretário. Este é um cargo de extrema responsabilidade. Um Secretário que não dá andamento às suas funções, acaba emperrando a Loja e a alija de suas relações com outras, com os irmãos e, principalmente, com o Grande Oriente. Ministra este curso o Grande Secretário da Guarda dos Selos, irmão Enio Henrique Prado, pois mais perto está destas rotinas, sendo ajudado pelo Gerente Administrativo do GOMG, Valdson Luiz Onério, pois conhece os procedimentos entre Loja e GOMG com perfeição. Tenho dito que, se o Venerável Mestre é o coração da Loja, o Mestre de Cerimônias é o seu pulmão. São cargos que se completam. Uma Loja sofre bastante por não ter um bom Mestre de Cerimônias. Ele deve conhecer profundamente a ritualística adotada pela Loja, além de possuir uma enorme capacidade de atenção a tudo o que se realiza nela. O curso para Mestre de Cerimônias faço questão de ministrar. Em 2013, ano de eleições para renovação de nossas diretorias, realizamos seis cursos: nos orientes de Bicas, na Zona da Mata; em Belo Horizonte, para toda a região metropolitana; em Patos de Minas; em Poços de Caldas; em Montes Claros e em Teófilo Otoni. Em 2015, também ano de eleições, realizamos os cursos nos orientes de Poços de Caldas, Belo Horizonte e Montes Claros, com resultados bastante favoráveis.
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Capa Cultural A Trolha Escrevi uma matéria sobre motivação. Sempre achei, e agora mais que nunca, que a motivação é a palavra chave para evitar-se o êxodo de nossas Lojas. Ora, não podemos deixar que nossas sessões sejam desmotivadas, pois hoje, no Brasil da cibernética e da robótica, não se pode esperar que um jovem obreiro se conforme com sessões demoradas e enfadonhas, sem qualquer apelo motivacional. Escrevi a matéria sem qualquer expectativa e a enviei à Trolha, atendendo ao pedido do querido Irmão Moura. Ao ser publicada a revista, no pé da capa, a chamada para o meu artigo. Fiquei honrado com esta atitude dos amigos da querida Trolha, o maior órgão de divulgação da cultura maçônica do Brasil. Nós que gostamos de escrever e o fazemos para nosso deleite, algo que se torna agradável e gratificante, é importante sermos reconhecidos por um veículo da envergadura da Trolha. É bom frisar que jamais vendi um livro. Este será meu nono livro e sempre doei os direitos autorais de todos eles para alguém, quer para uma entidade beneficente, uma creche, uma Loja Maçônica ou para o GOMG, que o fiz com meus dois últimos.
A terra de onde eu venho Na minha despedida, durante a V RGA realizada em Belo Horizonte, na noite de 28 de novembro de 2015, apresentei estes versos que adaptei para a ocasião: A terra de onde eu venho É incrustada na serra. E a beleza que se encerra Se compara dia a dia, Como a luz que se irradia, De cana o velho engenho. 142
O lugar de onde eu venho Tem uma terra tão linda E uma riqueza infinda. E a gente que lá mora Daquele céu se enamora. - Ah, que orgulho que eu tenho! Mas é um orgulho sadio, É um mote, um desvario Achar que toda aquela terra Não pode ser só daqueles Que lá nasceram. - Quimera. Minha terra é meu solar. Esposa, filhos, meu lar, Minha netinha querida. E por lá todos nasceram, Para o mundo apareceram. - Lá construí minha vida. Lá o frio bate à porta, O tempo pára, o vento corta, E de repente estremece. Mas logo, logo se aquece, No nascer de um novo dia. Minha terra na montanha É de riqueza tamanha, Que o país dela se fez. Minha terra é consciente E traz seu lema, latente: - Livre é todo montanhês.
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Assim é o meu estado, Tradicional, politizado, Orgulho da federação. Meu estado é minha vida, É minha terra querida, Que trago em meu coração. Meu estado é libertário, E é sempre necessário Ver a história que o norteia. Por que esta liberdade, Por quase virou verdade, Na Inconfidência Mineira. E nos acontecimentos, Nos bons e nos maus momentos De nosso país, é presente. Pois dela são sempre afeitos Homens justos e perfeitos, Do seu papel, conscientes. A minha terra, de noite, É como um suave açoite, Doce qual primeiro beijo. Lá tem café de encomenda, Leite puro da fazenda, Não vai faltar pão de queijo.
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Tem feijão bem temperado, Um frango caipira ajeitado, Que melhor só ele mesmo. Tem couve, tutu à mineira, Pequi de toda maneira, Costelinha com torresmo. Tem pé de moleque, cocada. Tem batuque na calçada, Bate caixa, bate lata. Minha terra tem quermesse Onde o povo se aquece, Tem ciranda e serenata. Tem águas claras, lodosas, Alcalinas, sulfurosas, São tantas que nem me arrisco. Seus rios são caudalosos, São notáveis, são famosos, Como o velho São Francisco. Lá quem nasce é bom sujeito, Que de todos tem respeito, Quem vem de lá não tem medo. Se é eleitor, dá seu voto, Se é cristão, sempre é devoto, Se é Maçom, guarda segredo.
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Faço um agradecimento Aos Irmãos neste momento De ternura e de emoção. Jamais eu conseguiria Este sucesso, esta alegria, Se não fosse esta união. Esta união que contagia Que traz amor e alegria Que traz paz e esperança. Mas tenho toda a certeza Que deste jantar, desta mesa, Ficará sempre a lembrança. Aos meus Grandes Secretários, Aos meus caros funcionários, Aos meus Grandes Distritais E também aos Regionais. E ao meu Conselho Geral, De importância capital. - Vocês todos são demais. Obrigado a todos os Irmãos Por terem se dado as mãos E construírem um bem maior. Obrigado a todos, obrigado Por terem assim me tornado Um Maçom muito melhor.
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Daqui a pouco vou embora Talvez a tristeza lá fora Me recomende a voltar. A vida é uma surpresa. E só teremos a certeza Assim que a hora chegar. Então desejo a todos, Que a vida lhes seja leve. Não vou lhes dizer adeus, Apenas um até breve. Agora digo, finalmente, Prá vocês, prá toda a gente, Qual a terra de onde eu venho. E então vou terminar, E prá todos revelar Este orgulho que eu tenho. Minha terra é a mais linda, Tem a beleza infinda. Adivinhe se for capaz. Eu vim de uma terra altaneira, Da serra da Mantiqueira, Eu vim de Minas Gerais.
Do Irmão e Amigo, Lázaro Emanuel Franco Salles
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GOMG ganha um Hino Sempre tive vontade de compor um hino para o GOMG. Não tenho conhecimento de algum Grande Oriente que o tenha. Os irmãos da querida e centenária Loja Maçônica Cataguazense, do oriente de Cataguases, compuseram um bonito hino que é cantado por todos em ocasiões especiais. Já tive oportunidade de presenciar este fato e é bonito ver todos os irmãos, em coro, cantando o hino da Loja. Então pensei, vou compor um hino para o GOMG. Em uma das minhas noites em Belo Horizonte, na solidão do apartamento funcional da Rua Uberaba, eu resolvi criar coragem. Pensei no que identificava na Maçonaria e no GOMG, suas origens, seus objetivos, o que devemos fazer para que a Maçonaria seja forte e unida e acabou saindo o hino. Gravei-o de memória e escrevi sua letra. De volta a Poços, procurei o irmão e maestro Agenor Ribeiro Neto e a ele mostrei a letra, solfejando a melodia. Ele gostou e então lhe pedi que fizesse o arranjo. Custei a encontrar um grupo para interpretar o novo hino. Encontrei no Coral_________________de Poços de Caldas, cujos membros tiveram muita boa vontade em me atender. Eles ensaiaram a melodia e em poucos dias me propuseram a gravação. A melodia seria impossível transcrevê-la, até porque muitos não conhecem a leitura musical, mas letra, arvoro-me a mostrar a meus irmãos, para que possam dizer que o GOMG tem o seu hino oficial. Letra do Hino do Grande Oriente de Minas Gerais Neste solo sagrado mineiro, Nas montanhas tão perto do céu. Neste chão onde a independência Desfraldou de uma vez o seu véu.
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Nestas águas azuis cristalinas, Nestes campos que deixam saudade. Foi aí que a nação brasileira Aprendeu o que é liberdade. - Maçonaria! – Maçonaria! Faz o homem seguir o que é bom. - Maçonaria! – Maçonaria! Sou melhor, sou feliz, sou Maçom. Nesta terra se fala a verdade. Tem um povo feliz e direito, Que trabalha de noite e de dia, Lá o homem é justo e perfeito. Somos filhos da Europa antiga, Nosso sangue é puro e altaneiro. Nós plantamos a paz e o progresso Com a semente no solo mineiro. - Fraternidade! – Fraternidade! A essência da vida e do ser. - Fraternidade! – Fraternidade! Praticar é o nosso dever. Muitos anos nos contam, vaidosos, Uma historia de guerra e de dor. O presente nos traz de presente, A união, o progresso e o amor.
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Este é nosso Grande Oriente, Destas plagas de Minas Gerais. Vamos todos seguir nosso lema De trabalho, de ordem e paz. - Maçonaria! – Maçonaria! A essência da vida e do ser. - Fraternidade! – Fraternidade! Praticar é o nosso dever. Letra e Música: Lázaro Emanuel Franco Salles
I Encontro da Família Maçônica Fazia parte de meu Programa de Governo realizar uma maior aproximação entre Irmãos e famílias de nossas Lojas filiadas. Pensei então em programar um encontro onde pudessem conviver por dois dias, os Irmãos, suas esposas e filhos, trocando experiências dentro das diversidades de suas regiões. O estado de Minas Gerais é muito grande e as diferenças são notórias. Programei então para o segundo semestre de 2012 em Belo Horizonte, pois havia tomado posse em 24 de junho. O local escolhido foi o SESC de Venda Nova, um local aprazível, calmo e com uma infra estrutura apropriada para o encontro que pensava realizar. Pensamos então transferir o evento para o SESC de Contagem, mas isto não foi possível, pois era pequeno para suportar tantas pessoas, não obstante os esforços dos Irmãos da querida Loja União de Contagem. Deixei então para 2013 onde a reforma do SESC Venda Nova estaria concluída. Mas naquele ano fui atropelado por minha eleição como Presidente da Comab, não estava preparado para ser eleito e achei minha
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eleição uma “zebra”, pois após seis meses de mandato, pela primeira vez que votei como Grão-Mestre, me elegeram Presidente. Lembro-me que na oportunidade classifiquei minha eleição como a do Papa Francisco, ninguém esperava por ela. Porém como Presidente da Comab, naturalmente minhas atenções se voltaram para ela. Foi um ano muito difícil para mim, a Presidência da Comab, a fragilidade da saúde de minha esposa, com vários e difíceis períodos de internações e a construção do Complexo em Belo Horizonte. Com todos estes problemas, o Encontro ficou, mais uma vez, prejudicado. Em 2014 resolvemos que o I Encontro seria realizado na bucólica Diamantina, uma das cidades mais bonitas e tradicionais de nosso estado. Acertamos com nossos Irmãos de lá, onde as duas Lojas da cidade são filiadas ao GOMG, a centenária Atalaia do Norte e a jovem e promissora União Diamantinense. Porém os Irmãos não contataram os hotéis e pousadas da cidade e como a UFMG realizaria um evento nos mesmos dias e chegou na frente, ficamos sem acomodações. Depois de cartazes e “folders” entregues para todas as Lojas, tivemos que abortar o encontro, não obstante os esforços do Irmão Vice-Prefeito de Diamantina e pertencente ao Quadro de Obreiros da Loja União Diamantinense, do Irmão Rogério Vieira Farnezi, um dos líderes de nosso Conselho Geral e do Venerável Mestre Roosevelt, da Atalaia do Norte. O III Encontro da Família Maçônica, a ser realizado em 2017, será feito em Diamantina, para a alegria de todos nós. Assim restou minha Poços de Caldas para sediar o I Encontro. Procurei os Irmãos Waldir e Waldemar Miguel, hoteleiros consagrados no Brasil e no exterior e membros regulares da Loja Estrela Caldense, e eles, mais uma vez, estenderam suas mãos para o GOMG. No decorrer de todo o ano de 2015, havia apenas uma vaga, ou seja, os dias 20 e 21 de março. Segurei estas datas e começamos a programar o encontro. Nomeei uma Comissão Central Organizadora, composta por Irmãos da minha Estrela Caldense, que prontamente me atenderam. Meu
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Venerável Mestre, José Donato Aparecido, deu-me todas as inscrições dos Irmãos de seu Quadro de Obreiros, quase uma centena, uma maneira de me ajudar nos recursos para a realização da festa. Levei seis meses organizando o evento. Contratei banda, iluminação, som e imagem. Entrei em contato com seis hotéis em Poços de Caldas, contando sempre com a ajuda de Waldir, Waldemar e também do querido e saudoso Irmão Alípio Gabriel da Silva Vaz, que nos deixou dias antes do Encontro. A ele nossa imorredoura saudade, um Irmão de todas as horas. Mandei confeccionar camisetas alusivas ao evento e os bonés dos 70 anos do GOMG foram postos a venda. Para a Fraternidade Feminina, a mesma camiseta e um boné todo incrementado que elas escolheram. Encarregadas da venda, a cunhada Zuleima (Paulinho da Silveira – Conselho Geral) e Patricia (Alvaro Bassoto – Estrela Caldense). Nossa Fraternidade Feminina fez sua parte, prepararam um “citytour” por Poços de Caldas e uma concorrida palestra com o casal Dra. Rejane e Dr. Hamilton, médicos dermatologistas de Campinas, além da contratação do Grupo Vivace – Movimento Artístico Musical, de Poços de Caldas, que deram um show apresentando a opereta “Forrobodó”, sobre a vida e a obra da compositora Chiquinha Gonzaga. Antes da abertura dos trabalhos, aproveitando que todos ainda estavam em suas cadeiras na platéia, os Mestres de Cerimônias Helio Antonio Scalvi e Volnei do Lago, também conferencistas do sábado, anunciaram que iríamos apresentar o documentário sobre os 70 anos do GOMG. O filme foi exibido e apreciado por todos. Para a abertura da solenidade os primeiros a serem chamados para compor a mesa diretora dos trabalhos foram todos os membros do Grão-Mestrado, ou seja, os Delegados Regionais e Distritais, os membros do Conselho Geral e os Grandes Secretários. Presente Sua Excelência Vice-Prefeito Municipal de Poços de Caldas, Nizar El-Khatib, que em sua fala congratulou-se com todos os visitantes em nome da cidade. Durante a solenidade de abertura foram homenageadas algumas personalidades maçônicas e não maçônicas.
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Prestamos homenagem para a Cunhada Elizabeth Maria Miranda Guedes, esposa do Irmão Vanderlei Geraldo de Assis, Vice-Presidente do Conselho Geral, candidato a Grão-Mestre Adjunto em parceria com José Humberto Bahia, candidato da situação. Beth tem apresentado o Hino Nacional em quase todos os nossos eventos e o faz divinamente, com sua voz melodiosa e uma afinação singular. Homenageamos o Irmão Miguel Simão Neto, Grande Secretário de Relações Exteriores. Poliglota, Miguel tem nos ajudado muito quanto ao Reconhecimento Internacional. Ele também traduziu nosso documentário com legendas para o Inglês e o Espanhol. A seguir foi homenageado o Irmão Ildeu Pereira, da Estrela Caldense e diretor da TV Poços, que sempre nos atendeu naquela emissora, nos cedendo espaços e pessoal para o desenvolvimentos de nossas vídeo produções. Homenageamos a revista maçônica A Trolha, uma parceira de primeira hora, entregando diploma e cristal murano a seu diretor, o caríssimo Irmão Moura. Também foi homenageado pelo GOMG o Irmão Agenor Ribeiro Neto, maestro da Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas e criador da Sinfonia das Águas, pela sua fiel parceria desde quando assumimos o Grão-Mestrado. Antonio Carlos Molinari, diretor da Cristais São Marcos, de Poços de Caldas, uma das maiores cristalerias do Brasil, exportando seus produtos para todo o mundo, recebeu em nome de sua empresa, o diploma de Grande Parceira, pelo companheirismo de muitos anos, desde quando era presidente do Pacto Maçônico do Sul de Minas, no início dos anos 2000. O Colégio Pelicano, pertencente à Loja Estrela Caldense e administrada por Irmãos de seu Quadro de Obreiros recebeu um belo diploma do GOMG pelos seus 100 anos de fundação e toda a sua diretoria foi chamada ao palco para receber as nossas homenagens. Com esta escola tenho uma afinidade muito grande, pois lá me graduei no primeiro e segundo graus, fui presidente do jornalzinho O Pelicano por três anos, fundador do Gremio Esportivo Pelicano, em 1969, percussionista da sua Banda Marcial e goleiro do time octacampeão de futsal, no final dos anos 60 a início dos 70. A Comissão de Elaboração de Projetos do Conselho Geral
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subiu ao palco para entregar ao Grão-Mestre a minuta do Plano Diretor por ela elaborada e o Irmão Renato Gabriel, presidente da Comissão de Ritualística do GOMG ofereceu ao Grão-Mestre o novo ritual do Rito Brasileiro. As Fraternidades Femininas prestaram significava homenagem à minha esposa, que naquele dia completava seus 60 anos de idade. Uma homenagem muito bonita e emocionante quando mais de uma dezena de presidentes de Fraternidades Femininas de nossas Lojas em todo estado, subiram ao palco para entregar flores â Rosângela. Um coro de quase 1000 vozes cantou o “parabéns a você” para ela. Durante os seis meses que antecederam o evento, anunciei para todos que viessem preparados para fortes emoções durante a abertura do evento. Fizemos então um “flash mob”, ou seja, contratei uma escola de samba, a super premiada Saci-Pô, mais de trinta vezes campeã do carnaval de Poços de Caldas, sob a direção do meu amigo “Mestre Bucha”, ou seja, o Professor Ailton Santana, uma autêntica liderança musical em minha cidade. A coisa se passaria da seguinte maneira: Ao final da solenidade de abertura, um dos percussionistas da escola passaria pelo salão batendo seu instrumento e perturbando todo mundo. Alguns minutos depois, outro passaria fazendo a mesma coisa. Em mais alguns instantes o terceiro baterista passaria pelo salão também fazendo o maior barulho, até que alguém começasse a interpelá-lo, pedindo silêncio. Mais um minuto e eu, que estaria dirigindo os trabalhos, pediria para os seguranças retirarem os anarquistas barulhentos. Neste instante, o Mestre Bucha subiria ao palco e me abordaria anunciando que aquilo tudo era para homenagear as famílias da Maçonaria, presentes ao I Encontro. Combinamos tudo com muito rigor, não esquecendo nenhum detalhe e o “flash mob” foi um sucesso. Na hora combinada os “meninos” da escola de samba, bons atores, cumpriram direitinho seu papel, chegando alguns Irmãos a avisálos que, se não parassem de perturbar nossa solenidade seriam postos para fora a tapa. Mas antes que isto ocorresse, Bucha subiu ao palco e, juntamente
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com o pessoal da Saci-Pô, deu um show espetacular e todos caíram no samba. Foi uma abertura memorável. Na manhã de sábado, logo às sete da manhã, começamos a I RGA – Reunião Geral Administrativa, pois as palestras começariam às nove e trinta e os membros do Grão-Mestrado queriam participar delas, pois seriam ótimas conferências. Na segunda parte da reunião, Bahia e eu demos posse a Delegados Regionais, Distritais, membros do Conselho Geral e Grandes Secretários que ainda não estavam oficialmente em seus cargos. As conferências iniciaram-se às nove e meia. Nomes como o de José Wanderley Barcelos Garcia, Soberano Grande Primaz do Supremo Conclave Autônomo do Rito Brasileiro, que discorreu muito bem sobre o desenvolvimento do seu rito; Odilon Ayala, Embaixador da Grande Loja Simbólica do Paraguai, que falou sobre a experiência da Grande Loja Simbólica do Paraguai e a Família; Renato Gabriel, Sumo Sacerdote do Real Arco do Rito de York, que discorreu sobre o rito mais praticado em todo o mundo na atualidade e Sebastião Cardoso, Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do Grau 33 para a Republica Federativa do Brasil – Rito Escocês Antigo e Aceito, falando sobre o seu rito e sobre o Supremo Conselho, se apresentaram e mostraram seu ritos para uma platéia de mais de quinhentos Irmãos atenciosos e sequiosos por novos conhecimentos. Para os jovens, convidei meu filho Marcelo Eduardo Lima Salles, Cito-Patologista e Pós Graduado em Citologia Esfoliativa, que apresentou uma interessante conferência sobre DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis. Também convidei os Irmãos Volnei do Lago e Helio Antonio Scalvi, escritores e historiadores da Loja Estrela Caldense, que falaram sobre a centenária Maçonaria de Poços de Caldas, uma conferência muito concorrida. Encerrando as palestras para os Maçons, falei sobre nosso mandato e a realidade do “Novo Amanhecer”, vindo a seguir as palavras do Grão-Mestre Adjunto Bahia que apresentou seu candidato a Grão-Mestre Adjunto, Vanderlei Geraldo de Assis, de Juiz de Fora.
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À noite, para o encerramento do Encontro teríamos o anunciado Baile de Máscaras. Confesso que não acreditava muito que alguém fosse usar uma máscara. Estava enganado. De repente o enorme Salão Principal do Centro Nacional de Convenções foi invadido por centenas de mascarados. Lindas máscaras de fazer inveja ao Zorro invadiram o salão. Irmãos do naipe de Paulo Elmo Pinheiro, Ex-Venerável Mestre da querida Deus e Liberdade, Loja referência em Montes Claros e em todo o Norte de Minas, se apresentou devidamente mascarado, atendendo à solicitação prévia de que todos deveriam comparecer de máscaras. O baile foi um sucesso. As diretoras de nossa Fraternidade Feminina elegeram as máscaras mais originais que receberam prêmios. Paulo Maeno, o japonesinho brilhante e inteligente Grande Secretário de Relações Públicas, elegeu as dez cidades mais distantes de Poços de Caldas, ficando em primeiro lugar a longínqua Rio Pardo de Minas, que recebeu seu premio entregue ao querido Tonão, seu Ex-Venerável Mestre e atual Deputado à Assembleia Legislativa Maçônica. Cidades distantes como Porteirinha, Águas Formosas, Jequitinhonha, Unaí, Teófilo Otoni e Montes Claros trouxeram suas caravanas para abrilhantar ainda mais nosso evento. O ponto alto do encerramento foi a escolha da caravana mais animada. Aí a disputa foi acirrada. Várias cidades foram escolhidas, ficando dentre elas, Divinópolis, a campeã e Juiz de Fora, Diamantina, Pedro Leopoldo, Montes Claros, Teófilo Otoni e Cabo Verde, dentre outras. A comitiva da Grande Loja Simbólica do Paraguai, de Assunção, foi considerada fora da disputa e foi homenageada à parte. Até as três da manhã o pessoal se divertiu ao som de uma banda do estado de São Paulo. Para este ano, o II Encontro já tem data, ou seja, de 15 a 17 de abril também em Poços de Caldas, onde farei minhas despedidas. Naquela oportunidade faremos também o lançamento do terceiro número da Conexão GOMG em revista, oportunidade em que estarei me despedindo do Grão-Mestrado e agradecendo, por seu intermédio,
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toda a alegria que vocês me concederam ao eleger-me e honrar-me com o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais.
Antonio Carlos Molinari Como sabem, sou nascido e criado em Poços de Caldas, como também foi meu pai e sua mãe, minha avó. Chegamos ao Sul de Minas antes dele, como já tive oportunidade de explicar em outros relatos. Assim, como todo mineiro, sou bairrista de carteirinha. Basta alguém criticar minha cidade, ou meu estado, ou meu pais, para me tirar do sério. Tenho, então, bastante afeição por aqueles, que como eu, gostam da terra onde nasceram, esta terra linda, este céu entre montanhas. Desta maneira surgiu minha amizade pelos Irmãos Molinari, que teve início com a nossa atuação na política partidária, como companheiros do mesmo partido, época em que fundamos uma legenda partidária na cidade, sendo eu seu primeiro presidente e o Paulinho, irmão de Antonio Carlos, meu Vice-Presidente. Uma amizade que extrapolou os umbrais da política partidária. Quando fundei, ao lado de outros sócios, minha empresa, a Cristais São Marcos foi uma de nossas clientes mais fiéis, estando conosco até hoje. Antonio Carlos é uma pessoa simples. De hábitos simples. Mineiro de verdade, que gosta de cultuar a boa amizade, aquela que nasce na beirada do fogão de lenha, comendo um torresmo a pururuca e bebendo uma boa cachaça. Esta amizade está desafiando o tempo. Já nem me lembro mais de quando ela surgiu. Acho que de outras vidas. Talvez de um mundo melhor, onde não haja tanto sofrimento e dor, um mundo especial, criado apenas para o cultivo de boas amizades, de fraternal companheirismo, como nós, maçons, gostamos tanto de dizer. Ele não é maçom, não obstante meus convites e de outros Irmãos de Poços de Caldas. No entanto respeita e até cultua a Arte Real, dedicando a ela sua admiração e seu apreço, sendo seu ingresso
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recomendado, pois sua vida condiz com nossos princípios. Certa vez o chamei de “profano de avental”. E esta amizade é de graça. Nada devo a ele e ele nada me deve. Somos parceiros, amigos, companheiros e fraternos Irmãos (sem avental). Parece que ele adivinha quando tem uma solenidade, uma festa, um encontro, enfim, algo que promovo, e manda me entregar, em minha casa, uma caminhonete cheia de cristais, de finos cristais tipo murano, que sua empresa exporta para todo o mundo. Por muitas vezes fiquei sem graça, pois ele nunca me cobrou absolutamente nada. Que dizer então de um cidadão como este? Será que ele existe mesmo, ou é uma lenda que criei em meu imaginário. Mas ele existe de fato. Sempre ele lá está com seu sorriso amigo e sua presença sempre fraterna. Um companheiro em boas e más horas. O que se pode esperar de um verdadeiro Irmão. - Assim desejo a você, meu bom amigo, que a vida continue a lhe ser pródiga de saúde e felicidade ao lado de sua linda família. Que Deus, a quem chamamos de Grande Arquiteto do Universo, lhe conserve sempre este sujeito bacana, que encanta seus amigos com sua presença, seu jeito simples de mineiro, sua maneira simples de ser. Que continue sempre assim, meu bom amigo e quem sabe, continuo a acalentar o sonho de, um dia, poder vê-lo entrando em uma Loja Maçônica, mesmo que não seja a minha, e saindo dela com um avental branco. Branco como seu caráter, como sua vida, como deve ser a vida de todo cidadão “justo e perfeito”.
Valorização e Progresso Nosso programa relatava sobre a Implantação de Política de Valorização e Progresso da Maçonaria em todos os seus aspectos, visando a recuperação de seu status junto à comunidade. Acho que foi o que mais fizemos, ao longo do mandato, durante os quatro anos. Todas as ações
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de meu governo se basearam sempre na valorização da maçonaria e do maçom. Desde nossa posse, em junho de 2012 até a definitiva entrega do mandato ao nosso sucessor, em junho de 2016, tudo o que fizemos foi semear o progresso e a valorização de nosso Grande Oriente. Hoje o Grande Oriente de Minas Gerais é conhecido em boa parte do mundo por intermédio de nossas publicações, de produções em vídeo, sempre traduzidas para o inglês e o espanhol. Em todos os países que tivemos, seja representando a Comab, como seu Presidente, seja representando o GOMG, como Grão-Mestre, presenteamos nossos irmãos com mimos alusivos ao Grande Oriente de Minas Gerais, uma revista, um livro, uma fita de vídeo ou um simples boné ou uma camiseta. Hoje, sem dúvida, o maçom pertencente ao Quadro de Obreiros de nossas Lojas Maçônicas filiadas está valorizado e respeitado. Nossas sessões solenes não são mais realizadas no porão da Avenida Barbacena, mas em nosso Complexo da Rua Uberaba. As Sessões Magnas Públicas de nossas Lojas, em especial as de Belo Horizonte e região metropolitana, são realizadas no maior Templo maçônico do Brasil, finamente decorado de acordo com o Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, em grande parte, elaborado pelo Grande Oriente de Minas Gerais e hoje aceito por todos os Grandes Orientes Confederados. Este é o Grande Oriente que deixo a meu sucessor. Maior, engrandecido, unido e, sobretudo, pacificado.
Dois Valdsons? Certa feita, ao visitar a querida Loja Caridade e Luz IV, do oriente de Bicas, na Zona da Mata, por ocasião do I Curso de Aproveitamento para Novas Diretorias, pernoitamos em um hotel de lá. Estávamos em uma grande comitiva. Lá estava o Grão-Mestre Adjunto José Humberto Bahia, o membro do Conselho Geral Ernani José dos Santos, o Grande Procurador Geral Euclides de Paiva Mendes, o então Grande Secretário de Orçamento e Finanças Enio Henrique Prado, o Grande Secretário de Administração Renato Gabriel, além dos Irmãos
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de Bicas, Wantuil de Almeida Costa, Grande Secretário de Educação e Cultura e Ary Sergio Alhadas, Delegado Distrital da Zona da Mata. Erramos o caminho e demoramos um pouco a mais para chegar. Quando chegamos nos dirigimos imediatamente para o hotel cujas reservas haviam sido feitas previamente. Durante a viagem, como eu viajo no banco da frente, junto com o Valdson como motorista, notei que seu telefone celular estava tocando. Ele atendeu e notei que estava levando uma bronca de alguém. Eu, procurando ser discreto, não disse nada. Ele apenas sussurrou para a voz do outro lado: - Depois nós conversamos. Chegamos ao hotel e antes mesmo de nos aproximarmos do balcão da recepção, o atendente nos disse quase aos gritos: - Quem é o Valdson? Nós todos ficamos espantados e apontamos nossos dedos indicadores para ele. O recepcionista então disse: - Olha Seo Valdson, o senhor me desculpa, eu não sabia que no hotel tinha outro hóspede com o mesmo nome. Por favor, me desculpa. Se eu puder fazer alguma coisa pelo senhor... Ninguém entendeu nada, a não ser o Valdson, que aí nos contou quem telefonara para ele na estrada. Era sua esposa, que, preocupada com a nossa demora, telefonara para o hotel a fim de saber se já havíamos chegado. Perguntou pelo Valdson e o recepcionista lhe disse: - Ele acaba de sair com sua esposa. Sua esposa ficou louca, possessa: - Será possível? Será que o Grão-Mestre permite estas coisas em sua comitiva? O mundo está mesmo perdido. Até na comitiva do Grão-Mestre. Não pensou outra vez e ligou para o celular do Valdson, que, inocente, disse apenas: - Depois nós conversamos. Como o mundo é de fato pequeno: em uma cidade pequena como Bicas, em um hotel pequeno como aquele, tinham dois Valdsons hospedados. Incrível, mas era verdade. Se fossem dois Joões, dois Josés ou dois Franciscos, tudo bem, mas dois Valdsons era demais.
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Depois das explicações caímos na risada e acho que sua esposa conseguiu entender e perdoou o inocente marido.
Fato muito pitoresco Grão-Mestre esquece as calças no dia do casamento Um dos melhores motivos para aproximar a comunidade maçônica é a cerimônia de Consagração Matrimonial. Antigamente este procedimento se chamava Confirmação Matrimonial. Ora, quem confirma o casamento é o Cartório de Registro Civil, a Maçonaria consagra, isto é, pede as bênçãos do Grande Arquiteto do Universo para aquele novo casal. Assim dizemos hoje Consagração Matrimonial e não Confirmação Matrimonial. É um lindo cerimonial e sua liturgia nos remete ao casamento religioso. Meu filho, como não foi batizado na igreja católica, pois somos de família espiritualista, casou-se apenas no civil e realizamos a Consagração Matrimonial muito bem celebrada pelo Grão-Mestre Hedison Damasceno. Desde que assumi como Grão-Mestre e mesmo antes, como Adjunto, tenho promovido Sessões Magnas Públicas de Consagração Matrimonial. Costumo dizer que me sinto “quase padre” de tantos que realizei. Ao todo deve passar de uma dúzia. Em um deles, fomos Valdson e eu. Lá chegando fomos à Loja, onde alguns Irmãos já preparavam a cerimônia. Fiz uma vistoria para ver se tudo estava correto e fomos para o hotel, descansar um pouco antes da cerimônia, pois a viagem havia sido bastante cansativa. Cochilei um pouco e uma hora antes da cerimônia comecei a me preparar. Depois do banho peguei o cabide do terno e ao abri-lo fiz uma constatação verdadeiramente apavorante: no cabide só estava o paletó, havia esquecido as calças. Telefonei para o Valdson que estava no quarto ao lado e implorei-lhe que conseguisse junto a qualquer Irmão que fosse mais ou menos do meu tamanho, uma calça preta para o Grão-Mestre. É uma situação no mínimo apavorante. E agora... A poucos minutos da 161
solenidade, Irmãos e famílias chegando à Loja, os Irmãos aguardando o celebrante do casamento e eu sem calças. Ouvi a campainha do quarto e era o Valdson, de paletó, gravata preta e calças “jeans”: - Está aqui, Soberano, vista as minhas calças. Para quem não o conhece, Valdson é muito menor do que eu e muito mais magro também. Tive vontade de chorar, ou de sair gritando. Quando vesti as calças, elas deram no meio da minha canela, quase uma bermuda. Agora vocês imaginem: o Grão-Mestre recebendo o malhete das mãos do Venerável Mestre com paletó, gravata e uma bermuda preta à altura das canelas? Era o fim de um Grão-Mestrado que julgava de algum sucesso. Valdson então teve a feliz ideia de desmanchar as barras e aí a coisa melhorou muito. A calça agora ia até os sapatos, mas não tinha como fazer a barra. Ela também não abotoava na cintura. Não tinha outro remédio, passei a cinta por cima do botão não abotoado na cintura e fomos pra Loja, com as calças sem barra. Cheguei à Loja todos já estavam me esperando. Subi a jato para o Oriente e lá fiquei esperando o início da cerimônia, não peguei o malhete das mãos do Venerável Mestre e quando este me perguntou, disse-lhe na maior cara de pau: - É que a liturgia mudou, sabe? Durante a cerimônia não saí do altar e na hora do GrãoMestre cumprimentar os noivos, disse, também na maior seriedade: Considerem-se abraçados fraternalmente pelo Grão-Mestre. Depois da solenidade, como todas as vistas naturalmente são voltadas para a noiva, acho que pouca gente reparou nas calças sem barra do Grão-Mestre. É... pessoal, Grão-Mestre também tem seus percalços.
Precisamos de mais Neurônios Um caríssimo Venerável Mestre de uma de nossas Lojas filiadas me relatou que em sua cidade existe um cidadão de imensa probidade, caráter e honestidade invejáveis, possuidor de terceiro grau e professor
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universitário, profissional de imensa responsabilidade e por isto bastante querido por todos os Irmãos de sua Loja, ao ponto de decidirem pela abertura de um Processo de Iniciação. Achei estranho porque, até aí, não havia necessidade da interferência do Grão-Mestre nem de nenhum outro Irmão, bastando abrir o processo, dentro de seus trâmites atuais e, se tudo correr bem, aí sim, formular o convite ao cidadão acima relatado e iniciar o processo junto ao GOMG. Mas antes que pudesse parabenizá-lo pelas virtudes do candidato, me interpelou dizendo: - Só que existe um pormenor, ele nasceu sem seus dois braços, apenas possuindo uma protuberância óssea muito rudimentar do lado esquerdo. Neste caso, meu Grão-Mestre, há necessidade de sua autorização para a abertura do processo. Não tive dúvidas nem por um lapso de segundo e disse-lhe: - Se o seu candidato possui tantas virtudes, estaria autorizada a abertura de seu processo. Mais alguns assuntos próprios de Irmãos que se vêem pouco e desligamos os telefones. Ele, alegre por levar a notícia a seus Irmãos e eu aliviado por não ter cometido o absurdo erro de não autorizar a abertura de processo para o candidato. A história se encerraria aí se não fosse por um pequeno detalhe: nossa Constituição não permite esta prática e se assim eu o permitisse estaria descumprindo flagrantemente a lei e me sujeitaria até mesmo a um processo de cassação de mandato, conforme me alertou muito bem meu Líder em nossa Assembleia Legislativa. Fiquei triste em não poder autorizar aquela iniciação e também pela perda deste cidadão que, por sua descrição, nos parecia excelente aquisição. Por alguns dias fiquei pensando sobre este fato e assim resolvi voltar ao teclado e redigir estas linhas que agora remeto a todos os meus queridos Irmãos do Grande Oriente de Minas Gerais, e, se pudesse, a todos os Maçons da face da terra, fazendo esta simples e rápida reflexão:
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- É justa a não aceitação deste senhor, com todas as suas invejáveis qualidades, só por que não possui braços? Sem seus braços ele foi gerado; sem seus braços ele sobreviveu até hoje, fazendo inveja a muitos que os possui; sem seus braços ele freqüentou a escola, o curso superior e hoje, além de exercer sua profissão, ainda ministra aulas sobre ela. Sem estas muletas naturais do corpo, ele se fez homem, cidadão honrado e probo, respeitado, honrado e querido por todos de uma grande cidade de Minas Gerais. E que falta lhe fez seus braços? Acaso precisou deles para desejar um bom dia, para doar seu afeto e sua bondade, sua caridade, seu discernimento, sua opção pelo bem? Acaso seus braços lhes fizeram falta quando deu um bom conselho? Quando teve a oportunidade de ministrar um ensinamento, de encaminhar alguém na vida, um aluno, talvez? Quando a Maçonaria foi organizada por James Anderson em 1717, a realidade do mundo social era bastante diferente da que temos hoje. Assim, exigia-se a iniciação de homens hígidos e livres. Um aleijado não podia ser Maçom. E por quê? Unicamente porque não possuía liberdade para defender-se, para responder e agir por si próprio. A realidade que avança sobre o Terceiro Milênio é outra. De que nos adianta receber cidadãos hígidos de corpo se suas mentes são aleijadas? Uma Loja Maçônica regular recebeu o cidadão José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal. Um cidadão hígido, sem nenhuma deformidade física que o impossibilitasse de ser Maçom. No entanto, com seus dois braços, o “Irmão” Arruda acabou virando um prisioneiro na “papuda”, para descrédito de toda a Maçonaria Brasileira, que nada fez, a não ser, assistir, perplexa, seu nome aliado ao de um dos maiores corruptos da história da república. E se hoje tomo esta decisão é por que ainda acredito que a Maçonaria precisa mais de cérebros do que de braços. A decisão que iria tomar se não fosse alertado por um Deputado, me deixa ainda mais feliz comigo mesmo, pois trago a consciência de quem faria algo correto e justo.
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Que esta pequena lição entre no coração de cada Irmão que a ler. A Maçonaria precisa de boas cabeças, de mentes brilhantes. Pensem que aquele a quem julgamos incapaz por suas inaptidões físicas, pode se converter em um operoso e dinâmico Irmão. Que apesar de não possuir seus braços, possui neurônios suficientes para talhar a pedra bruta e conseguir torná-la polida, o que muitos Irmãos hígidos ainda não conseguiram e nem sei se vão conseguir.
Motivação Política de motivação e a divulgação em todas as nossas palestras, cursos, seminários e simpósios Implantamos uma Política de motivação e a divulgamos em todas as nossas palestras, cursos, seminários e simpósios que tivemos a oportunidade de promover. Hoje não se admite sessões monótonas e não motivadas. A Maçonaria de hoje exige de nós, e nos cobra diariamente, sessões modernas, interativas e participativas, motivadas em sua essência, a fim de se evitar o êxodo de Irmãos de nossas Lojas Maçônicas. Em todas as palestras que tenho a oportunidade de realizar em nossas Lojas, falo insistentemente sobre a implantação de uma sólida política de motivação. Foi-se o tempo em que o Venerável Mestre ordenava que um irmão ministrasse o Período de Instrução e este irmão, desavisado ou não, buscasse na “internet” algo sobre Maçonaria e apresentasse em sua Loja 30 páginas de uma leitura cansativa e enfadonha. Ao final da quinta página muitos irmãos já cochilavam, outros olhavam insistentemente no relógio, outros bocejavam. Este tempo pertence a um passado dantesco do qual precisamos esquecer. Hoje, a Maçonaria que desafia o século XXI cobra de nós, seus dirigentes, ações que a promovam no cenário universal, como a fez no passado. Lojas que não motivam suas sessões por intermédio de exposições áudio - visuais com auxílio de “data-show” e um telão, estão fadadas a não exaltarem seus companheiros, pois eles pedirão seus desligamentos antes disto. Lojas que não promovem 165
a dissecção de temas atuais e o discutem em Loja aberta, de maneira interativa e participativa, ouvindo seus irmãos aprendizes e colhendo deles sua embrionária experiência a respeito de Maçonaria, estão condenados a somarem junto aos pequenos e fracos e nada farão pelo engrandecimento do gênero humano, nosso mais alto objetivo. Nosso artigo sobre motivação ganhou a capa da revista A Trolha, tamanho sua necessidade em todas as Lojas maçônicas do Brasil e do mundo.
Relações com Co-Irmãs regulares no estado Nossas relações com a Grande Loja Maçônica de Minas Gerais Com a Grande Loja Maçônica de Minas Gerais sempre tivemos uma excelente relação de respeito e ajuda mútua. Para nosso ingresso na CMI – Confederação Maçônica Interamericana foi a Grande Loja que nos ofereceu a carta de apresentação. Somos convidados para seus eventos e participamos deles sempre que possível. Nossas relações com o Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais Com o Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais sempre tivemos uma cordial convivência, também respeitosa e harmoniosa, até que fomos surpreendidos com a decisão de seu Soberano Grão-Mestre, que proibiu a visitação de Irmãos pertencentes a Lojas Maçônicas federadas ao Grande Oriente do Brasil, proibindo-os também de permitir nossas visitas às suas Lojas. Este assunto se tornou muito desagradável, dado as proporções que tomou em todo país, mas mesmo assim vou historiá-lo para que meus irmãos leiam e possam se inteirar do que, realmente, aconteceu. 166
Minha origem maçônica, como já disse atrás, é da Grande Loja. Fui iniciado pela Augusta e Respeitável Loja Maçônica Luz e União do oriente de Poços de Caldas em 10 de abril de 1976. Depois de um ano e oito meses me transferi para a Loja Estrela Caldense por causa de meu relacionamento com irmãos de lá, embora cultue um enorme carinho por minha Loja mãe e seus queridos obreiros. Até esta data pouco conhecia sobre Potências e Obediências. Sabia, por alto, do rumoroso caso de 1973, onde a história nos relata das eleições forjadas pelo Grande Oriente do Brasil contra o candidato Athos Vieira de Andrade, Soberano Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas, surgindo, pela segunda vez, mais uma vertente na Maçonaria brasileira, caso que se repetia, pois em 1927 ocorrera da mesma forma, com a introdução no Brasil das Grandes Lojas Maçônicas, vindas dos Estados Unidos da América do Norte. Em minha cidade havia apenas a Loja Estrela Caldense, filiada ao GOMG e a Loja Luz e União, filiada às Grandes Lojas. Alguns anos depois surgiu a Loja Timoneira do Sul de Minas, primeira Loja do GOB/ MG e contou com importante ajuda financeira do grupo de maçons pertencentes à Estrela Caldense. Eu fui um deles. Mas vamos aos fatos: Em novembro de 2013 fui levar um convite para Amintas de Araujo Xavier, meu particular amigo e Eminente GrãoMestre do Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais, oportunidade que fui convidado a conhecer a construção do GOB na Avenida Cristiano Machado, caminho para quem volta do Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Neste dia, ao entregar o convite a Amintas, convidando-o para a solenidade comemorativa dos 70 anos do GOMG, a realizar-se em março de 2014, pedi a ele que agendasse uma reunião minha com o Soberano Grão-Mestre Geral, irmão Marcos José da Silva, em Brasília, para o dia 21 de fevereiro de 2014, dia em que estaria na capital federal para dirigir a Assembleia Geral da Comab como Presidente que era. A reunião foi marcada e no dia 21, após a assembléia da Comab, fui para a sede do GOB em Brasília. Estávamos Valdson, Irmo Casavecchia, meu Delegado
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Distrital do Noroeste de Minas, que nos levaria até sua cidade, Unaí, onde na manhã seguinte iria ministrar um Seminário de Ritualística, e eu. Fomos anunciados e subimos pelo imponente prédio, sede do GOB em Brasília. Fomos muito bem recebidos pelo Soberano Grão-Mestre Marcos José. Entreguei-lhe o convite e este me afirmou que, se sua agenda permitisse, estaria em Minas para o evento do GOMG. Toquei então no assunto “reconhecimento”, pois, durante a assembléia da Comab, realizada naquele dia, saíra o assunto que ele, Marcos José, acompanhado de seu Grande Secretário, teria ido a Baltimore, nos Estados Unidos e desaconselhado aos irmãos das Grandes Lojas de lá a não reconhecerem o Grande Oriente Paulista, portanto era pertinente tocar no assunto naquele momento. Ele me disse que nada tinha contra a Comab e que reconhecia valores nela. Porém não podia fazer o seu reconhecimento porque era impedido pela sua Assembleia Legislativa Federal. Disse-me mais, que sabendo ser do interior, para que usasse minha influência, pedindo aos Deputados Federais do GOB para autorizá-lo a reconhecer a Comab. A reunião encerrou-se em clima fraternal. Nos abraçamos e fomos embora. Quinze dias depois, muito ao contrário do que dissera para mim e meus companheiros no Palácio Maçônico do GOB em Brasília, foi à própria Assembleia Legislativa Federal e exortou aos Deputados que levassem uma orientação aos irmãos de suas Lojas para que evitassem freqüentar Lojas Maçônicas filiados a Grandes Orientes Confederados, por que recebera ordens das Grandes Lojas dos Estados Unidos para assim proceder, pois de outra maneira o GOB poderia perder seu reconhecimento junto a elas. Ora, fez exatamente o contrário do que dissera para mim, culpando, naquela oportunidade, a própria Assembleia Legislativa Federal do GOB pelo não reconhecimento. Daí por diante todos conhecem os desagradáveis fatos que surgiram. As pranchas 110 e 112 do GOB que determinaram, taxativamente, a não visitação a Lojas da Comab e a não aceitação destas pelas Lojas do GOB, vários “mandados de segurança”, várias “perdas de direitos maçônicos” de Irmãos do GOB em todo o país, inclusive em Minas Gerais.
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A propalada alerta das Grandes Lojas dos Estados Unidos ao GOB para que não aceitasse nossas Lojas caiu por terra durante a reunião da CMI – Confederação Maçônica Interamericana, realizada no mês de abril de 2015, onde foi apresentada uma prancha do irmão Thomas Jackson, ex-Secretário Geral da Conferência Mundial de Grandes Lojas, dizendo exatamente o contrário do afirmado pelo Grão-Mestre do GOB. Também a prancha de autoridades da Grande Loja Unida da Inglaterra, à qual se atribui igual comportamento, também se solidarizando com os Grandes Orientes Confederados e esclarecendo sua visão sobre os fatos. Uma inteligência mediana seria necessária para não acreditar no que foi dito, pois se assim fosse, as Grandes Lojas Maçônicas dos Estados Unidos teriam solicitado também às Grandes Lojas Brasileiras para que não permitissem a intervisitação com Lojas filiadas aos Grandes Orientes Confederados, o que não ocorreu. Para reforçar a tese de que a instituição Grande Oriente do Brasil nada tem a ver com os ocorridos, tenho a relatar que possuo o título de Reconhecimento Maçônico, outorgado pelo Grande Oriente do Brasil, através do Ato N.º 5805, de 03 de março de 2006, assinado pelo querido amigo e irmão Grão-Mestre Geral Laelson Rodrigues, que aqui reproduzo em sua íntegra.
Cópia do ato
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Concluindo, em resumo, depois de todos os ocorridos, idas e vindas, perdas de Lojas e de irmãos, e também ganho de Lojas e irmãos egressos do GOB, que não se conformaram com a decisão de sua autoridade maior, de muitas confusões, inclusive em minha Loja, onde atribuíram a mim a culpa por todos estes acontecimentos, continuo com o mesmo pensamento exarado na Assembleia Geral Extraordinária da Comab, que agendei em Belo Horizonte, no dia 18 de março de 2014, durante meu mandato como Presidente: 1. As portas dos Templos de nossas Lojas Maçônicas sempre estarão abertas para as Lojas Co-irmãs e os queridos irmãos do Grande Oriente do Brasil; 2. A instituição Grande Oriente do Brasil, Potência mãe fundada em 1822, bem como os caros Irmãos maçons que as integram, nada tem a ver com tudo o que aconteceu neste sentido; 3. Depois de documentos divulgados em abril de 2015, em que a Grande Loja Unida da Inglaterra e as Grandes Lojas dos Estados Unidos desmentem cabalmente o afirmado, considero que esta foi uma atitude isolada de um Irmão que, muito mal orientado, ora exerce o mais alto cargo do Grande Oriente do Brasil, não podendo se atribuir nem à instituição que dirige, nem aos Irmãos de Lojas Maçônicas federadas a ela, qualquer tipo de responsabilidade quanto a estes infelizes fatos que, mais uma vez, ameaçam a paz e concórdia na operosa e unida Maçonaria Brasileira. Desde 2008, quando comecei a freqüentar a Comab ainda na qualidade de Grão-Mestre Adjunto, representando o Grande Oriente de Minas Gerais por delegação de meu Grão-Mestre, tenho relatado uma cronologia bastante interessante a este respeito. Não a publico por que é extensa e hoje, dado os acontecimentos mais recentes, talvez nem seja mais tão inédita.
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Mas se os irmãos desejarem peço que entrem em contato comigo que terei o prazer de enviar-lhes.
Relações com a COMAB Ampliação das relações com a COMAB Confederação Maçônica do Brasil Um fato bastante engraçado me fez “pagar um mico” enorme no início de minha freqüência às Assembleia Gerais da Comab. Estava em Brasília ao lado de Irmãos da envergadura de Antonio do Carmo Ferreira, Ticiano Duarte, Rubens Ricardo Franz, Francisco Wady, João Krainski Neto e outros. No meio da conversa disse-lhes: Vocês deveriam ter mais consideração por Minas Gerais. Fomos o berço da Comab e ninguém aqui fala em Minas Gerais. Estamos esquecidos pela Comab. Sábio, José Aristides Fermino, Grão-Mestre do Grande Oriente do Rio Grande do Sul e naquela oportunidade Presidente da Comab, me chamou para um canto e me mostrou o livro de presenças, que ha alguns anos não era assinado por Minas Gerais. Ele me chamou junto dele, me abraçou carinhosamente e cochichou no meu ouvido: Quem se esqueceu da Comab foi o Grande Oriente de Minas Gerais. Deste dia em diante passei a entender que temos de fortalecer nossa Confederação. Ela é o elo de ligação entre os Grandes Orientes. Ela nos norteia e nos orienta, além de termos um excelente convívio com personalidades do mundo maçônico, intelectuais de renome por intermédio da AMCLA – Academia Maçônica de Ciências, Letras e Artes, da qual sou um de seus fundadores e Vice-Presidente por dois mandatos. Daí para frente, inseri o Grande Oriente de Minas Gerais junto à Comab e depois de eleito, quis o destino que, na primeira vez que votei como Grão-Mestre, fui eleito Presidente. Coisas lá de cima, com certeza, que apenas o Grande Arquiteto do Universo conhece. Como Presidente, tive oportunidade de criar e inaugurar em Belo 171
Horizonte o Museu da Confederação Maçônica do Brasil; de resgatar uma dívida antiga do GOMG e da Confederação e homenagear, ainda que homenagem-póstuma, o Grão-Mestre Athos Vieira de Andrade, fundador do Colégio de Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira, precursor da Comab; de realizar Reunião Setorial da Comab em solo mineiro; de receber Grão-Mestres de todo o país por três vezes em nossa capital e uma vez em minha pequena Poços de Caldas; de representar o Grande Oriente de Minas Gerais em três congressos no exterior; de colocar na Galeria dos Ex-Presidentes, também criada por nós no Museu, mais um retrato de um Grão-Mestre de Minas Gerais. Como Ex-Presidente sou membro nato do Colégio de Mestres da Comab, assim sendo vou continuar, depois que deixar o cargo de Grão-Mestre, a freqüentar suas Assembleias Gerais, para continuar a beber na fonte o saber de tantos irmãos que engrandecem a Maçonaria Confederada do Brasil.
Ingresso na CMI Pedido de ingresso na CMI - Confederação Maçônica Interamericana visando o Reconhecimento Internacional Em 2008, em reunião setorial da Comab Sudeste, que reúne São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (não existe Grande Oriente filiado à Comab no estado do Espírito Santo), realizada em Barretos-SP, o então Grão-Mestre da Grande Loja do Rio Grande do Sul, Irmão Rui Stragliotto, que era o representante da CMI na região onde estão as Grandes Lojas do Brasil (o GOB está em outra região da CMI), abre a porta da CMI – Confederação Maçônica Interamericana, e nesta oportunidade quatro Grandes Orientes Confederados são aceitos, SP, RS, SC e PR. Na qualidade de Grão-Mestre Adjunto estava representando o GOMG nesta reunião e, de volta a Belo Horizonte, imediatamente pedi ao Grão-Mestre Hedison Damasceno que aderisse a este 172
movimento de ingresso, mas ele não se submeteu a exigência de romper tratado com Potências que perderam o reconhecimento internacional por causa da aceitação de mulheres e se negou a ingressar na CMI. O então Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Laelson Rodrigues, que antecedeu Marcos José, estimula o ingresso de quatro Grandes Orientes da Comab, no mandato de Rafael Guevara, Grão-Mestre da Grande Loja da Venezuela e Presidente da CMI. Minas Gerais fica de fora, devido a uma completa falta de visão de seu governante da época. Nosso primeiro ato como Grão-Mestre foi solicitar ingresso na CMI, em junho de 2012, apresentando todos os documentos necessários e carta de apresentação da Grande Loja de Minas Gerais. O Presidente Marcos José, encaminha processo de Minas Gerais para análise de Oscar Figueredo Martinez, da Grande Loja de Montevidéu – Uruguai, que indefere o processo, alegando ilegalidades. A CMI até hoje não nos avisou nada oficialmente. Este relatório diz que o GOMG precisa comprovar sua regularidade de origem. Esta citação não está nos documentos enviados pelo GOMG à CMI, pois nosso Assessor Jurídico colocou que o GOMG teria sido fundado por 6 Lojas independentes, o que não procede. Estas Lojas eram filiadas ao GOB quando saíram para fundar o GOMG. Algum tempo depois voltaram a fazer parte do GOB, na fusão entre Grande Oriente de Minas Gerais e Grande Oriente Tiradentes. Assim sendo, nossas origens são as mesmas dos Grandes Orientes da Comab aceitos pela CMI (SP, RS, SC e PR). Em 2012 houve um grande progresso da COMAB por meio da administração do Presidente Rubens Ricardo Franz, GrãoMestre do Grande Oriente de Santa Catarina e, em Minas Gerais, grande fortalecimento do GOMG, o que motivou seu Grão-Mestre ser eleito Presidente da Comab em 2013. No Congresso da América Latina para o Real Arco, na
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Guatemala, em novembro de 2013, a delegação da Comab chefiada pelo Grão-Mestre do GOMG é recebida com festas e com concordância de seu ingresso na CMI. Em maio de 2014 o Presidente da Comab chefia a delegação que foi convidada a participar, como ouvinte, da 13th World Conference of Regular Masonic Grands Lodges (Conferência Mundial das Grandes Lojas Maçônicas Regulares) na Romênia. A delegação da Comab, chefiada pelo seu Presidente e Grão-Mestre do GOMG, foi composta por SP, SC, RS, PR, MS e MG. Durante a Conferência é eleito o Irmão Radu Balanescu, GrãoMestre da Grande Loja Nacional da Romênia para Secretário Geral da Conferência Mundial, substituindo o Irmão Thomas Jackson, das Grandes Lojas dos Estados Unidos, que permaneceu no cargo por dezesseis anos. Na Romênia, o Irmão Thomas Jackson, Secretário Geral das Grandes Lojas Mundiais, antes de entregar seu cargo ao novo Secretário Geral, convida a delegação da Comab para a próxima Conferência Mundial, em novembro de 2015, em São Francisco, Califórnia, USA. No jantar de encerramento, com mais de 2.000 pessoas, realizada em um dos salões do Parlamento da Romênia, a Conferência Mundial das Grandes Lojas Maçônicas Regulares cita a Comab e agradece a presença de todos os seus integrantes. No final da solenidade, o Irmão Christian Flores Maldonado, obreiro do Grande Oriente do Paraná - Comab e representante da Grande Loja da Colômbia (o Irmão Christian tem dupla nacionalidade) a pedido do Irmão do México, novo responsável pela Conferência na América Latina, diz que o novo Secretário Geral, Radu Balanescu, deseja estreitar relações com a Comab e troca cartões com seu Presidente. Em 15 de agosto de 2014, em Asuncion, o Grão-Mestre do GOMG é convidado para proferir palestra abrindo a Jornada de Docência Ritualística da Grande Loja do Paraguai. Durante almoço, Edgar Sanchez Caballero, Gran-Maestro daquela Grande Loja, diz que votará a favor do ingresso do GOMG na CMI e se empenhará quanto a isto, mas só depois da saída de Marcos José. Formula
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convite ao Grão-Mestre do GOMG para ir com ele à Madri em 15 de abril de 2015, data em que Marcos José deixará a Presidência da CMI. O Grão-Mestre do GOMG aceita o convite e se prepara para ir a Madri, para tanto edita o documentário GOMG Uma História de 70 Anos, onde demonstra nossa regularidade de origem e muitos documentos, revistas e fotografias. Porém na reunião onde irmãos da Grande Loja do Paraguai colaram o Grau de Sacerdotes Cavaleiros Templários, realizada em São Paulo em março de 2015, o Grão-Mestre da Grande Loja do Paraguai, meu amigo Edgar Sanchez Caballero, aconselhou-me a não ir a Madri para a eleição do novo Presidente da CMI. Me assegurou portanto que lutará pela inclusão do Grande Oriente de Minas Gerais na CMI. Passadas as eleições e tendo sido eleito o Irmão Oscar de Alfonso Ortega, da Grande Loja da Espanha, este nomeou como seu Secretário Executivo, Rudy Barbosa Levy, Past Gran Maestro da Grande Loja da Bolívia, que tive oportunidade de conhecer em São Paulo, em 23 de setembro de 2015, quando atendeu o convite do Grão-Mestre Jurandir Alves de Vasconcelos, do Grande Oriente Paulista, e proferiu interessante palestra no Clube Piratininga, da capital paulista, para algumas centenas de Maçons. Renato Gabriel, Grande Secretário Especial para fins de Reconhecimento Internacional acompanhou-me nesta viagem. Fomos apresentados para Rudy por intermédio de Jorge Pessoa Filho, Superintendente Internacional do Distrito 47 – Brasil, dos Sacerdotes Cavaleiros Templários e invulgar amigo do GOMG. Rudy se mostrou um bom amigo e prontificou-se a dar seguimento ao processo do GOMG, “engavetado” pelo presidente anterior. Após a palestra, perguntou-me quantas Lojas tínhamos. Naquela oportunidade contávamos com 204 Lojas e ao dizer a ele, respondeume, com alegria e entusiasmo: - Uma Potência que possui 214 Lojas não pode ficar fora da CMI.
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Supremo Conselho As Relações com o Supremo Conselho do Grau 33 para a República Federativa do Brasil – Rito Escocês Antigo e Aceito Nossas relações com o Supremo Conselho do Grau 33 para a República Federativa do Brasil, sempre se deu em grau de excelência. Seu Soberano Grande Comendador, Sebastião Cardoso, conhecedor profundo da Maçonaria e defensor do GOMG, sempre me despertou grande respeito, não somente por sua invulgar dedicação, como também pelo amor que nutre pela Potência. No passado ocupei o cargo de Inspetor Litúrgico, colei todos os graus do escocesismo no menor período regulamentar e gosto de estudar os Altos Corpos, acreditando que eles nos trazem conhecimentos complementares à Arte Real. Desta maneira sempre respeitei e acreditei no trabalho do Supremo Conselho e de seus dirigentes e aqui presto a eles minhas melhores congratulações.
Supremo Conclave Autônomo As Relações com o Supremo Conclave Autônomo do Rito Brasileiro Como no Supremo Conselho do Rito Escocês, cultivo bons e perenes laços de amizade com o Supremo Conclave Autônomo do Rito Escocês. Seu titular, o operoso José Wanderley Garcia Barcellos, que substitui o sempre lembrado Lysis Brandão da Rocha, desenvolve um trabalho extraordinário à frente do órgão, no oriente de Cataguases, fornecendo assistência litúrgica a muitos estados onde existem Grandes Orientes Confederados. Wanderley acreditou desde o início em nosso trabalho e, por todos estes anos nos apoia e respeita, sendo esta atitude recíproca de nossa parte.
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Também aos queridos diretores do Supremo Conclave nossas sinceras congratulações.
Poder Legislativo Política de aproximação e harmonização para a manutenção de boas relações com o Poder Legislativo
O Grão-Mestre Lázaro começa a promover a união e a harmonia entre o Poder Legislativo e o Executivo. Na foto, Bahia, Lázaro, Carlos Belém, Presidente do Tribunal /eleitoral, José Vida Gomes, Presidente do Tribunal de Justiça e Cleber Menezes, Presidente da Assembleia Legislativa, em 24 de junho de 2012, dia da posse do novo Grão-Mestrado, em Belo Horizonte O Poder Legislativo da Potência é exercido pela Assembleia Legislativa Maçônica. Os Deputados são os representantes de suas Lojas e são eleitos juntamente à sua Diretoria, para um mandato de dois anos. A Assembleia Legislativa do Grande Oriente de Minas Gerais é, segundo nossa Constituição, um Poder constituído e assim deve ser tratada. No passado tivemos muitos problemas com a Assembleia, chegando até mesmo à sua dissolução, o que causou um grande estremecimento entre o Poder Executivo e o Legislativo. Ao longo de sua história o GOMG nos 177
relata que problemas de desentendimentos entre estes Poderes eram freqüentes. Porém esta freqüência vinha prejudicando o dia-a-dia a Potência, pois estava se criando uma barreira entre eles. O Poder Executivo olhava o Legislativo com restrições e vice-versa. Várias medidas de exceção foram tomadas de ambas as partes, que não favoreciam o entendimento. As relações entre estes Poderes sempre eram perigosas e sempre estavam “no fio da navalha”. Em minha campanha para Grão-Mestre, agendei uma reunião com a Diretoria da Assembleia, que aconteceu na sede do Supremo Conselho, no terceiro andar da Rua da Bahia. Estavam presentes irmãos da envergadura de Wagner Colombarolli, Sebastião Cardoso e Cleber Menezes, dentre outros de igual qualidade. Antes de iniciar minha fala, o irmão Wagner Colombarolli pediu-me se podia gravar nossa reunião. Disse-lhe que sim, naturalmente, e ele colocou um pequeno gravador em cima da mesa. A reunião transcorreu-se em bom clima, fiz a apresentação de meu Programa de Governo e respondi alguns questionamentos necessários. Depois agradeci a oportunidade e fui embora. O tempo se passou, tive a oportunidade de honrar meu Programa de Governo e estreitar, como nunca, as relações entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo e hoje temos uma convivência harmoniosa, como prevê nossa Constituição, com respeito mútuo e entendimento. Um dia, ao me encontrar com o irmão Sebastião Cardoso, o qual tenho grande afeição e o considero um dos ícones da Maçonaria mineira, ele me disse que, naquela reunião eles pensaram: - Será que ele vai cumprir mesmo o que está dizendo? Será que vai nomear outros Grandes Secretários? Será que vai demitir os colaboradores antigos? Na verdade, eles não acreditavam que eu faria o que fiz. Depois deste encontro já realizamos dezenas de outras reuniões e em nenhuma delas o meu querido irmão Wagner Colombarolli precisou de seu pequeno gravador. No inicio do ano de 2013, já com todo o Programa de Governo
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cumprido, tinha que demonstrar à Assembleia Legislativa meu Relatório de Gestão. Tinha apenas meio ano, pois tomara posse em junho. No entanto entreguei para a Assembleia o relatório, mas falei dele de improviso. Ao final fui aplaudido em pé pelos Irmãos Deputados, fato que, segundo Cleber Menezes, jamais acontecera na história do GOMG. Muito ao contrário do que antes era apregoado, postulo sempre o fortalecimento do Poder Legislativo, pois se ele for forte, obrigará o Executivo e o Judiciário a serem também.
PEC A Proposta de Emenda Constitucional O que parecia impossível em um passado não tão distante foi realizado a seis mãos, da maneira mais harmoniosa possível. No passado, quando se falava em PEC todo mundo estremecia. Era uma palavra proibida. Por algumas vezes, enquanto Adjunto, presenciei sérios embates entre Poder Legislativo e Poder Executivo por causa da tal “PEC”, ou Proposta de Emenda Constitucional. Guardava comigo que realmente nossa Constituição carecia de alguns reparos, como um carro antigo que, com o natural desgaste, precisa trocar algumas peças. Foi o que ocorreu. Os Deputados da Assembleia, sempre com boa vontade, me convidaram para participar dos estudos para a alteração da Constituição. Convidaram também o Poder Judiciário, e seu Presidente, Eduardo Eustáquio Lamounier Mesquita, sempre solícito, também esteve conosco, na Sede Administrativa do GOMG na Avenida Barbacena, 85. Nesta tarde os três poderes se reuniram para discutir o que era melhor para a Potência, sem pensar em interesses próprios, se a PEC fortaleceria este ou aquele Poder. Ao final daquela reunião, a PEC estava pronta e foi aprovada pela Assembleia Legislativa logo a seguir.
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O que ocorria no passado era que não havia um envolvimento fraternal entre os Poderes. O Grão-Mestre não tinha afeição pela Assembleia e sim pelo Tribunal. O que nos parecia é que havia dois Poderes, o Executivo e o Judiciário. O Legislativo sempre ficava à margem. Desta maneira, para compensar, o Legislativo sempre se posicionava contra o Grão-Mestre. Ninguém pensava no bem da Potência e sim no fortalecimento deste ou daquele Poder. A PEC engessaria o Grão-Mestre e sem ela, os Deputados se sentiam fracos, pois não conseguiam seu intento de levá-la a cabo. Tudo isto acabou, graças ao entendimento hoje praticado. A análise que faço passa pela falsa liderança, ou seja, a liderança pela força, pela aplicação do poder. Nos dias de hoje o Grão-Mestrado se garante por suas ações, o que lhe traz uma natural liderança. Não tenho medo de nenhuma PEC, se ela vai me engessar ou não. Também não sinto da parte dos queridos Irmãos Deputados qualquer reação neste sentido, ou seja, de sempre estarem armados contra o Grão-Mestre. Liderança é algo que se desenvolve naturalmente. Não existe liderança imposta, liderança pela força, como um déspota. Hoje os Irmãos respeitam seu líder, porém não o temem, pois ele é igual a todos. Hoje, os Três Poderes, independentes e harmônicos, em suas salas privativas em nossa Sede Administrativa, dão-se as mãos, não somente nos eventos, mas também nas ações, todas convergidas para o sucesso e o engrandecimento do Grande Oriente de Minas Gerais.
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Poder Judiciário Política de manutenção de boas relações com o Poder Judiciário
Foto do Grão-Mestre com os Juizes O Poder Judiciário do Grande Oriente de Minas Gerais é composto pelo Tribunal de Justiça e pelo Tribunal Eleitoral. Dele tomam parte dezesseis juízes, irmãos que pertencem aos Quadros de Obreiros de Lojas Maçônicas filiadas, aos quais são exigidos, além da formação acadêmica, um notório saber e experiência. Já relatamos aqui nossas atuais relações com o Poder Judiciário e a notável gestão de seu Presidente Eduardo Eustáquio Lamounier Mesquita, advogado de renome e um grande escritor.
Os Novos Juízes Vencido o mandato de nossos juízes, integrantes do Egrégio Tribunal de Justiça e do Ilustre Tribunal Eleitoral, não os reconduzi como vinha acontecendo anteriormente e que era um ponto de divergência entre os Poderes Executivo e Legislativo. 181
Ao contrário, agradeci o desempenho dos antigos juízes, que reforço aqui, reconhecendo todo o trabalho e dedicação que tiveram ao longo de muitos anos, e convoquei as Lojas filiadas para que nos apresentassem currículos de irmãos que satisfizessem as condições para tornarem-se juízes. A lei prevê que o Poder Executivo deve encaminhar à Assembleia uma lista tríplice constando os nomes dos postulantes ao cargo de juiz. Tivemos uma resposta imediata das Lojas, selecionamos aqueles que mais condições ofereciam, de acordo com os currículos que nos foram enviados e enviamos a listra tríplice, exigida pela lei, à sansão da Assembleia. A resposta de nossos irmãos deputados foi pronta e muito positiva. Tínhamos agora novos juízes, rigorosamente de acordo com nossas leis, sem qualquer problema com o Poder Legislativo. O Poder Judiciário do Grande Oriente de Minas Gerais é hoje exercido por irmãos de todos os quadrantes de nosso estado e para reafirmar o reconhecimento a todos eles, aqui transcrevemos seus nomes, os orientes de onde vêm e as Lojas Maçônicas que pertencem. A posse se deu de maneira festiva, no mesmo dia da Consagração do Palácio Maçônico, antes do Banquete Ritualístico que promovemos. Com a presença de todas as autoridades da Potência, ou seja, o Grão-Mestrado, a Diretoria da Soberana Assembleia Legislativa Maçônica e todos os membros do novo Poder Judiciário. A posse foi transmitida pelo Ex-Presidente do Tribunal de Justiça, meu querido José Alberto Ferraz Medrado, atual Grande Secretário de Governo e pelo Ex-Presidente do Tribunal Eleitoral, o competente e grande amigo Carlos Rogério Belém Braga. Um encontro extraordinário. Todos felizes, com a lei cumprida e sem nenhuma desavença. Estava se desenhando o Grande Oriente que todos nós sempre sonhamos. Logo após a posse os novos juízes se encontraram e definiram suas diretorias, ficando assim constituídas:
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Tribunal de Justiça Maçônico Presidente: Eduardo Eustáquio Lamounier Mesquita Vice-Presidente: Geraldo Antônio Avelino Tribunal Eleitoral Maçônico Presidente: Kleber Campos de Menezes Vice-Presidente: Luiz Roberto Franco O Poder Judiciário do Grande Oriente de Minas Gerais, hoje conta com os seguintes integrantes: Irmão Juiz
Oriente
Afonso Carlos do Santos Nascimento Dumont Alisson Lívio São João Gonçalves Correa Evangelista Eduardo Eustáquio L. Divinópolis Mesquita Flávio Fernando Poços de Lemes Caldas Geraldo Antônio Curvelo Avelino Geraldo Donizete Unaí Luciano Kleber Campos de Bicas Menezes Lauro Ângelo Dias Nova Lima Amorim Poços de Luiz Roberto Franco Caldas Marco Túlio M. Borges Uberaba Prata
Loja que pertence
L.M. Antenor Ayres Vianna L.M. São João Evangelista L.M. Estrela do Oeste de Minas L.M. Estrela Caldense L. M. Estrela Sertaneja L. M. Mestres do Rio Preto L.M. Caridade e Luz IV L.M. José Garibaldi L.M. Estrela Caldense L.M. Estrela do Triângulo 183
Nivaldo Pedro de Araújo
Uberaba
Regis Vinícius Nunes
Patrocínio
Rui de Oliveira Borba Sérgio Mendes Braga Sílvio Teixeira da Costa
Curvelo Juiz de Fora Pedro Leopoldo
L.M. Avenir Miranzi L. M. Trinta e um de Março L.M. Estrela Sertaneja L.M. Fidelidade Mineira L.M. Paz e Amor
Honra ao Mérito Em minha cerimônia pública de posse, na noite de 29 de junho de 2012, no Salão de Festas do Iate Clube de Belo Horizonte, na Lagoa da Pampulha, dentre meus convidados Não Maçons, recebi a honrosa visita do Presidente da Câmara de Vereadores de Poços de Caldas, meu amigo Waldemar Antonio Lemes Filho. Ao fazer uso da palavra, Demarzinho declarou que eu havia ganho o título de Honra ao Mérito, daquela Casa de Leis, a maior honraria feita a um filho da terra. O evento se materializou alguns meses depois, na noite de 27 de novembro, no recinto da Câmara de Vereadores. O autor da homenagem foi o vereador e amigo Tiago Cavelagna, um jovem valor da política local e um excelente companheiro. Ao lado de outras personalidades que receberam o título de Cidadão Poçoscaldense, fui escolhido para ser o orador que falaria, em nome dos demais. Resolvi então, ao escrever meu discurso, fazer mais que isto, e acabou saindo quase um poema, uma declaração de amor à minha querida terra, que não só me viu nascer, como também viu nascerem meu pai e minha avó. Sempre que volto a ler estas linhas, não deixo de me emocionar, pelo que ela representa para mim e pela grandeza que este titulo me trouxe e ao ver meu trabalho reconhecido por minha cidade. Para não faltar com a verdade junto ao grupo de empresas das quais participo, não foi somente o Lázaro Grão-Mestre que os Vereadores homenagearam, mas também o empresário.
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Comenda Israel Pinheiro Em 15 de agosto de 2015 fui agraciado com o diploma e a medalha Israel Pinheiro, a maior condecoração outorgada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Na manhã deste dia, durante a solenidade, o salão do Instituto estava repleto de personalidades mineiras que também foram agraciadas com a linda medalha, que recorda e homenageia o fundador da instituição, Israel Pinheiro, também Ex Governador do Estado de Minas Gerais. Em seu bojo o diploma lembra o disposto na Resolução n.001, de 29 de novembro de 2004, que cria a medalha proposta pelo Conselho do Instituto e esclarece que aquela outorga se dá por méritos e relevantes serviços prestados à cultura. Para mim, um matuto lá do fim de linha das Gerais, foi uma honra. Uma manhã bonita e inesquecível em que, mais uma vez, tive o reconhecimento de minha capital e dos mineiros que lá residem.
Cidadão Honorário Recebi um comunicado da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, onde me informavam que, a pedido do Vereador Iran Barbosa, me convocavam para receber o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte. Fiquei sem saber o que dizer. Dado à distância entre Poços e Belo Horizonte, quase 500 quilômetros, em toda minha vida, pouco conhecia de nossa capital. Quando fui eleito Grão-Mestre Adjunto é que passei a freqüentála mensalmente, para cumprir as atribuições do cargo e o compromisso com meu Grão-Mestre. No entanto, a outorga deste título me encheu de felicidade e de alegria. Pelo que sei, fui o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria mineira a receber tal honraria. 185
Procurei então saber quem era o vereador autor de tão honrosa homenagem e aí conheci então o privilegiado currículo do jovem Iran Barbosa. Iran é filho de Irani Barbosa, nosso irmão adormecido, e como tal é nosso sobrinho. Foi o mais jovem vereador da história de Belo Horizonte, eleito no ano de 2008 com apenas 24 anos de idade e reeleito com os propósitos de atuar pela melhoria do trânsito da capital, bem como nas áreas de saúde e educação. É Administrador de Empresas graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e completa sua formação cursando o MBA de Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas e ainda a graduação de Direito também pela PUC/Minas. Enviei alguns convites para os mais chegados e no dia agendado fui para a Câmara de Vereadores a fim de receber a honrosa homenagem. Lá me encontrei com meus irmãos de Belo Horizonte, das três Potências mineiras, recebendo a honrosa visita do irmão Geraldo Eustáquio Coelho de Freitas, Primeiro Grande Vigilante da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais e do irmão Edilson de Oliveira, seu Segundo Grande Vigilante, à época. O Grande Oriente do Brasil esteve representado por Rodrigo Alexandre, meu grande amigo e Presidente da PAEL – Poderosa Assembleia Estadual Maçônica. Meu Grão-Mestre Adjunto atendeu a meu convite e estava a meu lado na mesa diretora dos trabalhos, também estando José Alberto Ferraz Medrado, Grande Secretário de Governo, Carlos Resende de Souza, Delegado Distrital do Alto Paranaíba e membro do Conselho Geral, Agostinho Beato da Cruz Filho, Grande Secretário de Ação Social, Cleber Menezes, então Presidente da Assembleia Legislativa Maçônica e atual Líder do Grão-Mestre, Cláudio Sigaud Nunes, um dos Delegados Regionais Metropolitanos, além de muitos Veneráveis Mestres e queridos irmãos do GOMG. Nesta oportunidade conheci Iran Barbosa. Muito mais jovem que nas fotos, mostrou-se simpático e interessado em Maçonaria. Disse saber bastante sobre minha pessoa e que este era o segundo título que doava a um cidadão. Fiquei bastante honrado e recebi o lindo diploma a
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que guardo como um de meus mais queridos troféus. Iran Barbosa se elegeu Deputado Estadual nas últimas eleições e se prontificou, como parlamentar estadual, a nos ajudar em nossos propósitos de tornar melhor o gênero humano. Sobre Belo Horizonte, minha linda e hospitaleira capital, só tenho elogios. Uma cidade grande e hospitaleira. Cosmopolita por excelência recebe o mineiro do interior de maneira carinhosa, dando a ele o apoio necessário para uma nova vida, completamente diferente da vida no interior. À minha encantadora capital, meus respeitos, meu carinho e tenho certeza, dentro em breve, minha saudade.
Tabernáculo Fundação do Tabernáculo dos Sacerdotes Cavaleiros Templários em Minas Gerais Colamos o grau de Sacerdote Cavaleiro Templário durante o Congresso do Rito de York em Pernambuco, em novembro de 2014. Fomos para lá Bahia, Renato, Agostinho e eu. Agostinho não pode colar este grau por não ser Mestre Instalado. Porém Bahia, Renato e eu colamos este que é, sem dúvida, um dos mais bonitos graus da Maçonaria. Uma continuidade para aqueles que são Mestres Instalados e colaram os graus do Real Arco, Maçons Crípticos e Cavalaria. Fiquei encanto com sua ritualística e a perfeição com que foi executado por Jorge Barsley Pessoa e sua equipe, como Maurício e Elidinei, grandes irmãos e amigos. Naquele dia foram iniciados oitenta e sete irmãos de todo o Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Amapá. Naquela oportunidade falei com eles sobre a fundação de um Tabernáculo em Minas Gerais. Jorge exerce com brilhantismo invulgar, o cargo de Superintendente do Holy Royal Arch Knight Templar Priest or Order of Holy Wisdom – District 47 of Brazil. disse-me que haveria possibilidade no ano de 2015, quando os Irmãos ingleses responsáveis pela fundação de Tabernáculos em todo o mundo, retornassem ao Brasil. 187
Isto ocorreu em abril de 2015, em São Paulo. Para lá rumamos Renato, Valdson e uma plêiade de Irmãos de Juiz de Fora, dentre eles Vanderlei e Evandro, membros do Conselho Geral. A fundação foi maravilhosa. Com os ingleses na direção dos trabalhos, com o apoio de Jorge e Elidinei, tudo transcorreu de forma perfeita e organizada (afinal, são ingleses). Quando chegamos, Valdson e eu, todos estavam à minha procura, dizendo que os ingleses precisavam falar comigo. Fui apresentado a eles, que, na verdade, precisavam falar com o High Priest do Tabernáculo, que não era eu, e sim Theodomiro Carlos de Paula, um Irmão de Itaú de Minas que está se empenhando em fundar uma Loja para o GOMG naquele oriente. Quando disse a eles que não era o High Priest, eles ficaram desapontados, porque entendiam que sendo Grão-Mestre, teria de ser eu a mais alta autoridade do Tabernáculo. Então aconteceu algo inusitado. Eles se reuniram e me chamaram discretamente. Jorge me disse que eles iriam repassar-me o grau de High Priest do Tabernáculo pelo fato de ser Grão-Mestre. Fui investido no grau, fiquei imensamente honrado e em junho de 2016, depois de deixar o Grão-Mestrado, vou a York, na Inglaterra, na reunião anual dos Sacerdotes Cavaleiros Templários, um grau realmente interessante e que todo Mestre Instalado deveria colar.
Lowtons e De Molays Incentivo às iniciações de Candidatos oriundos da Casa de Lowtons ou da Ordem De Molay, com eliminação total de suas Taxas de Iniciação (excetuando-se os paramentos e rituais) Esta importante meta já está em vigor deste junho de 2012, quando assumi o Grão-Mestrado. Sempre digo que não precisamos do capital dos jovens oriundos das Casas de Lowtons e dos Capítulos da Ordem De Molay, precisamos sim de seu trabalho, de seu empenho, de sua capacidade, de seus conhecimentos, ainda que embrionários (e não poderiam deixar de ser) sobre Maçonaria. Estes jovens são pré-maçons. 188
Foram instruídos, foram treinados e orientados para serem bons maçons, e, via de regra são. Estes jovens geralmente estão em início de sua carreira profissional, muitas vezes fazendo compromissos para aquisição de seus escritórios, consultórios etc. Por outro lado, muitos estão constituindo sua família, tendo também compromissos pecuniários com ela, como o pagamento de aluguel e etc. Porém eles são importantes para o crescimento e a manutenção de nosso Ordem e, entendo como justo não cobrarmos taxas de iniciação para estes jovens, esperando que também as Lojas façam o mesmo.
Reconhecimento a Athos Durante as festividades de minha posse como Presidente da Comab, realizada em junho de 2013 em Poços de Caldas, inclui no protocolo do evento, uma singela homenagem ao primeiro Presidente da instituição e Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais, Athos Vieira de Andrade. Não o conheci pessoalmente. Quando comecei a freqüentar a Comab, em substituição a meu Grão-Mestre e representando o GOMG, comecei a falar sobre Minas Gerais e as raízes da Comab em nossas Assembleias. A Comab, que já nem se lembrava de Minas Gerais, devido à infrequencia do GOMG em suas Assembleias, de repente começou a entender e a dar o verdadeiro valor ao nosso estado. Comecei então a procurar me aproximar de Athos, até então afastado da Maçonaria mineira e praticamente enclausurado em seu apartamento em Belo Horizonte, ao lado de sua esposa, Dona Amélia. Em uma de minhas visitas mensais ao GOMG, telefonei para Dona Amélia tentando agendar uma entrevista com Athos, porém ela me relatou que ele estava convalescendo de uma forte gripe. Agendei então para o próximo mês de minha visita e ficamos acertados que iria visitá-lo em seu apartamento de Belo Horizonte onde pretendia colher informações importantes sobre a fundação da Comab e sua atuação em nossa historia.
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No transcorrer destes dias recebi, em Poços de Caldas, a noticia de seu falecimento. Com ele foi-se boa parte de nossa história, da historia da Comab e do GOMG e, por tudo que fez pela Maçonaria Confederada, merecia dela e de seu Grande Oriente de origem, as maiores homenagens. Mandei confeccionar um belo diploma de Reconhecimento Maçônico a ele e pedi que entrassem em contato com Dona Amélia, convidando-a para ir a Poços de Caldas, com seus filhos e netos, a fim de receber a homenagem em nome de seu marido. Recebi a feliz notícia que ela, suas filhas e netas iriam a Poços, por ocasião da posse do novo Presidente da Comab. Foi emocionante. Minha esposa entregou-lhe flores, bem como às suas filhas e netas e o novo Presidente da Comab entregoulhe o diploma de reconhecimento ao trabalho deste vulto da Maçonaria Brasileira, em nome de todos os irmãos do Grande Oriente de Minas Gerais, que mesmo tardiamente, reconhecia o trabalho e os gloriosos feitos de um maçom que deve ser lembrado em todos os tempos como um dos baluartes de nossa Ordem. Depois da cerimônia, Dona Amélia, a quem fiquei conhecendo naquele dia, com toda sua simpatia, na companhia de suas filhas e netas, veio me agradecer a homenagem e choramos juntos, em um inesquecível momento de emoção e alegria.
Os 68 anos do GOMG Na noite de 12 de setembro de 2012, bem no início de meu mandato como Grão-Mestre, mandei fazer um bolo de aniversário e comprei uns refrigerantes, convidei irmãos e Lojas de Belo Horizonte, irmãos da Assembleia, do Tribunal e nossos funcionários a fim de comemorarmos os 68 anos de fundação do Grande Oriente de Minas Gerais. Algo muito simples, mas muito significativo, pois, segundo os funcionários esta comemoração nunca foi feita da maneira como aconteceu.
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Fomos para o Templo nobre, até então nos porões do GOMG. Nos paramentamos para uma Sessão Magna Pública e discorri rapidamente sobre os objetivos daquela festinha. O orador oficial do evento foi o então Grande Secretário de Relações Exteriores, o extraordinário irmão Ernane José dos Santos, hoje membro do Conselho Geral. Depois de muitos aplausos ao orador oficial, apresentei os novos funcionários e ofereci presentes a eles, todos cristais que havia ganho de meu amigo Antonio Carlos Molinari, da Cristais São Marcos de Poços de Caldas. Tiramos algumas fotos e passei a palavra para a Presidente da Fraternidade Feminina do GOMG, que iria apresentar um “power-point” sobre a atuação da FraFem GOMG, a fim de estimular as cunhadas das Lojas da capital. Rosângela começou a falar e acabou a energia elétrica. Ficamos às escuras. Nunca nossas velas foram tão úteis. Mas ela não se importou e continuou, mesmo em bucólica luz de velas, sua palestra. Ao final também foi muito aplaudida e hoje existe muita motivação entre nossas cunhadas da capital, sendo a Fraternidade Feminina de Belo Horizonte uma das mais atuantes da Potência. Depois que a luz voltou, cantamos “parabéns prá você” e experimentamos o bolo com guaraná. Era o início de muitas comemorações que ainda faríamos ao longo de meus quatro anos. No outro dia, logo pela manhã, recebi a visita do hoje Delegado Regional João Luiz de Macedo Filho, o famoso João Doido, que de doido não tem nada. João, como sempre tem o costume de fazer, entrou em meu gabinete, chegou seu rosto bem perto do meu e disse: - Agora ninguém segura!
Os 71 anos No dia 12 de setembro de 2015, o Grande Oriente de Minas Gerais e o Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais comemoraram 71 anos de fundação.
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O Eminente Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais, o Irmão e amigo Eduardo Teixeira de Resende havia tomado posse no dia 29 de junho, sábado. Como estávamos em um evento em Monte Carmelo, Bahia e eu não participamos da solenidade, embora convidados. Fomos representados pelo Delegado Distrital Metropolitano, Ronaldo de Assis Carvalho. Na segunda feira, 8 da manhã estava em meu gabinete no GOMG e o telefone tocou. Era Eduardo, que me disse: - Lázaro, estou entrando em meu gabinete pela primeira vez como Grão-Mestre e esta será minha primeira atitude. Vamos comemorar juntos, o aniversário do GOMG e do GOB/MG? Imediatamente disse-lhe que sim. Depois combinamos alguns detalhes, convidamos também o Grão-Mestrado da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, que também se empossara dias antes e realizamos duas solenidades. A da manhã seria no GOMG, no Palácio Maçônico, uma Sessão Magna Pública onde iríamos homenagear nossas Lojas Maçônicas Centenárias, os Irmãos vencedores do Concurso de Elaboração de Textos Maçônicos da AMCLA – Academia Maçônica de Ciências, Letras e Artes da COMAB, AS Lojas que mais se destacaram durante a campanha “Pátria Amada, Salve, Salve!”, a outorga de diploma que chamei de “Defensor Perpétuo da Maçonaria”, em alusão a D. Pedro I, no importante episódio do “Dia do Fico” e aproveitamos a solenidade para o lançamento da campanha eleitoral do Bahia e do Vanderlei. Estiveram presentes tanto Eduardo, do GOB/MG pelo Geraldo Eustáquio, o querido Tatado, como gosta de ser chamado, Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja mineira, todos acompanhados de seus Adjuntos. Uma festa bonita e emocionante que, sem dúvida, todos se lembrarão dela no futuro. Entramos os três Grão-Mestres juntos no Palácio Maçônico. Eduardo e Geraldo Eustáquio se expressaram muito bem ao usaram da palavra e o ambiente de união e fraternidade voltou a acontecer, após um período de alguma nebulosidade, criada por espíritos que não conseguem entender a boa e antiga fraternidade maçônica.
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Após a solenidade, o GOMG ofereceu um concorrido banquete a todos. À noite, fomos, Bahia e eu, recebidos pelo Eduardo na sede do GOB/MG da Avenida Cristiano Machado. Também lá entramos os três Grão-Mestres e desta vez de mãos dadas, querendo dizer a todos que estávamos unidos, como nunca deveríamos deixar de estar. Uma bonita solenidade pública, onde assistimos a interessante palestra do Irmão____________________, criador do Projeto da Ficha Limpa. Após a solenidade o GOB/MG serviu um coquetel aos presentes. Após estas duas solenidades, ocorridas no dia 12 de setembro de 2015, parece que os ânimos se acalmaram e a paz e a concórdia parece que voltou a imperar na antiga e operosa Maçonaria mineira. Presto aqui um voto de apreciação a iniciativa do Irmão Eduardo Teixeira de Resende, Eminente Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais, por sua corajosa tentativa de aproximação. De minha parte, sempre estaremos alinhados e com o propósito firme e inquebrantável de fazermos uma Maçonaria forte, com união e fraternidade.
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Nossas conquistas Sinceridade e trabalho
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s dias iam se passando e com eles a certeza que estávamos no caminho certo. Pedi à nova secretária que agendasse audiências apenas duas vezes por semana e alguns horários, porque o fluxo de irmãos atrapalhava minha rotina de trabalho. Os pedidos eram muitos. Para o Grão-Mestre se pede desde uma nomeação de professora, ou uma transferência de um militar, até vaga na Faculdade de Medicina da UFMG. É claro que nem tudo nós podemos atender. Ademais, julgo que Maçonaria não deve ser um balcão de negócios. Toma lá, dá cá. O que podia ser atendido, não media esforços. Porém o que era impossível dizia logo. E com isto as Lojas foram se acostumando a se portar. Ao longo dos seis primeiros meses, já não havia mais tantas audiências para novos pedidos. Havíamos moralizado a coisa e as visitas começaram a se rarear, o que deve ser o correto. Os irmãos de nossas Lojas filiadas começaram a enxergar que a postura de sinceridade e de simplicidade do Grão-Mestre era de verdade. Começaram a entender que eu estava ali para trabalhar, de maneira simples, porém com muita seriedade e, sobretudo muita honestidade, virtudes que herdei de meu antecessor, Hedison Damasceno, um dos
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irmãos mais honestos que conheci. Faço votos para que meu sucessor siga este caminho.
Política de Aluguéis Logo nos primeiros dias de minha administração, pedi a meu auxiliar que me levasse ao escritório de advocacia responsável pelas pendências jurídicas da empresa. Todas elas eram oriundas da clínica às quais, com o tempo, fomos eliminando, ganhando umas e perdemos outras, como acontece com toda empresa do ramo. Disse “empresa do ramo”, como a minha, por exemplo, onde um de meus sócios se dedica em tempo integral para administrar problemas semelhantes. No GOMG não havia ninguém capacitado para isto, aliado ao fato que “onde está escrito que um Grande Oriente deva ser proprietário de clínica, de hospital, de creche, de padaria ou açougue?” Grande Oriente tem de cuidar (e bem!) de Maçonaria. Conheci então um advogado que me pareceu simpático e atencioso, cujo escritório era contratado pelo GOMG para administrar nossos imóveis e também os problemas jurídicos que advinham de reclamações de clientes insatisfeitos com serviços prestados pela clínica. Hoje já rompemos o contrato com este escritório e administramos, por nós mesmos, nossos imóveis, que além dos constantes quando assumi o Grão-Mestrado, temos o da Rua da Bahia, onde funcionava o Grande Oriente e os Templos da Avenida Barbacena 85 e 40, que os locamos para Lojas filiadas ao GOMG e por 16 Lojas Maçônicas pertencentes ao Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais, nossos inquilinos.
Empresa auto-sustentável Minha ideia sempre foi que o GOMG é uma empresa e como tal deve ser administrado. Talvez uma empresa diferenciada, cujo conteúdo se diversifica
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em relações com Irmãos maçons, Lojas Maçônicas e tudo que os envolve, o que exige de seus governantes uma dose maior de bom senso em suas ações. Assim sendo, julgo que o GOMG, como empresa que é, deve ser auto-sustentável, ou seja, deve se sustentar sem o pagamento das taxas mensais devidas por suas Lojas Maçônicas filiadas. Como todos sabem, possuímos um imóvel na Avenida Barbacena, número 40, em frente ao Complexo Administrativo, Social e Litúrgico. Neste imóvel foi construído um Templo maçônico aceitável para a época, mas hoje totalmente decaído e ultrapassado. O terreno existente neste endereço, de 509 metros quadrados, foi doado ao GOMG por Juscelino Kubistchek, quando prefeito de Belo Horizonte. Nossa ideia é demolir este Templo e construir um edifício comercial de cinco andares, com dois andares de estacionamento, abaixo do solo. Com o aluguel dos conjuntos comerciais, mais os alugueis atuais de nossos imóveis, teremos, finalmente, nossa auto-sustentabilidade.
A ideia da transferência As coisas iam bem. A cada dia que passava, tínhamos mais apoio de nossos cargos de confiança e, na capital e no interior, o irrestrito apoio de nossas Lojas. Estavam constatando que tudo que prometera durante a campanha estava sendo executado. Isto deu credibilidade ao nosso trabalho e começamos então a esboçar um vôo mais audacioso. Jamais constou em meu Programa de Governo o fechamento da clínica e do hospital. Mas eles agora estavam fechados. O imóvel da Avenida Barbacena, 85, estava vazio. O que fazer com ele? Pensei então em dar melhores condições de trabalho a nossos funcionários, agora em menor número e com uma prestação de serviços muito melhor. Surgiu daí a ideia da mudança de nossas instalações para a Avenida Barbacena, 85. Fiz contato com uma cunhada arquiteta que me falou das viabilidades
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da mudança. Também conversei com um irmão engenheiro e este me afiançou sobre elas. Não tive dúvidas. Começamos a reformar as antigas instalações da clínica, para ser nossa nova sede administrativa. Em poucos meses mudamos para lá.
A ideia do Complexo Depois da mudança para a Avenida Barbacena, todo mundo estava contente. Só que para mim a nova sede começou a ficar longe, pois morava no Hotel Nacional, na Rua Espírito Santo, esquina com Avenida Santos Dumont, um pouco distante da Avenida Barbacena. Tive então mais uma ideia. O setor onde ficava a administração da clínica, um puxadinho pouco recomendado, mas com uma bela metragem, que dava para a Rua Uberaba, me pareceu perfeito para o que pensara. Da ideia à ação passaram-se poucos dias. Começamos a reformar a casinha para transformá-la em um apartamento funcional. E recursos para isto? Vendemos todos os instrumentos da clinica e com recursos advindos desta venda, edificamos e mobiliamos o apartamento funcional do GrãoMestre, que hoje todos conhecem e tem me abrigado, confortavelmente, em minhas viagens para Belo Horizonte. Deu tudo certo. Do lado da Avenida Barbacena, a sede administrativa e os Templos onde abrigamos nossas Lojas da capital. E do outro lado, na Rua Uberaba, 158, o apartamento funcional, em cuja garagem fica o veículo oficial do GrãoMestre. O apartamento consta de uma suíte grande e espaçosa, uma sala de estar e de jantar, uma cozinha, lavanderia e garagem, além de um simpático jardinzinho onde minha esposa cultiva muitas flores que são regadas pelo pessoal do GOMG, em sua ausência. Mas ainda faltava alguma coisa. Os irmãos de nossas Potências Co-irmãs são orgulhosos em dizer de suas sedes. O Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais construiu sua imponente sede na Avenida Cristiano Machado, caminho para quem volta do Aeroporto Internacional de Confins. A Grande Loja Maçônica de Minas Gerais possui seu edifício
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da Avenida Brasil, também um bonito prédio. O Grande Oriente de Minas Gerais possuía um acanhado Templo, mal decorado pelo Rito Escocês, sediado em um porão da Avenida Barbacena. Não achava nenhuma graça naquilo. Assim tive a ideia de construir um Palácio Maçônico anexo a um salão para nossos eventos e que fosse servido por uma cozinha industrial, tudo isto sendo parte integrante de nossa sede administrativa. Assim nasceu a ideia do Complexo Administrativo, Social e Litúrgico, inaugurado em 7 de março de 2014, como parte dos festejos comemorativos aos 70 anos de fundação do GOMG. Mandamos fazer o projeto, que foi capa da agenda de 2014, que todos possuem. Iniciamos a construção daquela gigantesca obra, com muita coragem. Depois de muitos percalços e onze meses de obra, vimos descortinar aos nossos olhos o maior Templo do Rito Escocês do Brasil. Vou considerá-lo o maior, até que provem o contrário, sempre lembrando que um Templo maçônico compõe-se de uma bem servida abóbada. A nossa possui 7 metros, do chão até o teto. Em 330 metros quadrados o Palácio Maçônico do Grande Oriente de Minas Gerais é hoje um dos mais bem construídos Templos do país. Com requinte e muito cuidado, rigorosamente de acordo com os rituais do rito, aprovados pela Comab, nosso Templo tem agradado muito a quem o conhece. É realmente uma construção imponente e muito bem mobiliada. O mobiliário utilizado veio de Poços de Caldas, e foi utilizado madeira de demolição, em peroba rosa. Quem ainda não o conhece, deve fazê-lo, é de encher os olhos aquele Templo com capacidade para trezentas pessoas sentadas. A seu lado, um magnífico salão de eventos, todo espelhado, onde se acomodam, com bastante conforto, cerca de trezentas pessoas. Do lado esquerdo de sua porta principal, com entrada para a Rua Uberaba, 158A, construímos a Cozinha Industrial, hoje muito bem mobiliada, com a ajuda do irmão e renomado “chef ”, Tulio Montenegro. Assim sendo, o Complexo Administrativo, Social e Litúrgico do GOMG, composto pelo Palácio Maçônico, Salão de Eventos, Cozinha Industrial, Apartamento Funcional, cinco Templos novos e decorados
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de acordo com os vários ritos adotados, Museu da Comab, Museu do GOMG e Sede Administrativa, é uma bela construção, digna de ser admirada pelos irmãos que poderão constatar onde empregamos as contribuições mensais que fazem aos cofres do GOMG.
O triste final de 2012 Em outubro fomos para Porto Alegre, onde aconteceria o Encontro dos Membros Correspondentes da Loa Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas, de Juiz de Fora, como já disse acima, um evento oficial do GOMG. Fomos Bahia, eu e nossas esposas. Um encontro mais uma vez espetacular, com a hospitalidade do então Grão-Mestre e Ex-Presidente da Comab, irmão José Aristides Fermino, um “gentleman”, e sua simpática esposa. Ao final do proveitoso encontro, fui para o aeroporto a fim de tomar meu vôo para Campinas, de onde pegaria meu carro e rumaria para Poços de Caldas, como sempre faço. Chegando ao aeroporto, tive a infeliz notícia que um cargueiro havia afundado uma de suas rodas na pista do Aeroporto de Viracopos, estando este fechado para pousos e decolagens. Ficamos mais um dia e meio em Porto Alegre e, como a aeronave ainda permanecia com uma de suas rodas enterrada na pista de Viracopos, optei por São Paulo e tomei um vôo para lá. Rosângela ficou no apartamento de minha filha Renata, que naquela época lá residia e eu peguei meu carro em Campinas e rumei para Poços. Acontece que Rosângela, talvez pelos excessos da viagem, passou mal em São Paulo e minha filha telefonou para mim, perguntando o que fazer. Pedi a ela que trouxesse sua mãe imediatamente para Poços, pois em São Paulo, a despeito de melhores recursos, tinha que se fazer um diagnóstico, ao passo que em Poços, em nosso hospital, este diagnóstico já era conhecido, ou seja, uma recidiva de uma infecção urinária que sempre a acompanhava quando seu índice glicêmico subia. Foi um dia e tanto. Rosângela chegou e rapidamente foi levada para o Centro de Terapia Intensiva. Minha filha mais velha, Valéria, médica, se transbordava em cuidados, com toda a nossa conhecida e experimentada
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equipe de bons profissionais, aos quais tanto devo. Ficamos, meu filho e eu, chorando na porta da UTI. Ele, filho e colega, me disse: - Olha pai, são duas horas. Se ela não reagir em duas horas acabou. Foram as duas horas mais longas de meus cinquenta e nove anos, na época. Ficamos os dois, sentados na antesala da UTI, procurando um não olhar para o outro, para que um não visse o outro chorar. De repente a porta se abriu e um enfermeiro me disse: - A doutora Rosângela está pedindo para o senhor buscar seus óculos porque ela quer ver o fim da novela. Era aquela novela Avenida Brasil, que estava acabando naquela sexta-feira. Marcelo e eu nos abraçamos comovidos. Ele entrou para ver a mãe, eu corri para casa para buscar seus óculos, descendo a rua do hospital e rindo como um menino, um alegre e despreocupado menino de interior. Rosângela se recuperou de um “choque séptico” e depois de alguns dias estava em casa. Minha vida, porém, dali prá frente, jamais seria a mesma. No início do ano maçônico de 2013, reuni os colaboradores em meu gabinete e disse-lhes a verdade. Dado às constantes crises da saúde de minha esposa, que demandavam contínuos e longos processos de internações, não poderia permanecer em Belo Horizonte, como fiz no ano de 2012. Eles entenderam. Montei então um esquema que voltava às origens como Grão-Mestre Adjunto. Continuava com o compromisso de permanecer em Belo Horizonte por uma semana, onde dava audiências, resolvia problemas da construção (estávamos iniciando a construção do Complexo), alguns probleminhas básicos do dia a dia da Potência e retornava para Poços de Caldas. Nesta semana que permanecia na sede, aproveitava para realizar as viagens, saindo da capital para o interior. Depois voltava para Belo Horizonte e de lá ia de avião para Campinas, onde deixava meu carro no estacionamento, retornando, finalmente, para Poços de Caldas. Foi um ano difícil. No dia 21 de abril, estava com minhas malas já no carro para uma viagem a Barbacena, onde participaria de homenagens alusivas ao feriado. No amanhecer deste dia, Rosângela sentiu-se mal e às quatro da manhã dava entrada em nosso hospital, com nova crise “séptica”. Foi um dia que até hoje não terminou. A angústia pelo seu sofrimento, o perigo que corria e ao mesmo tempo a responsabilidade de ter de comparecer a um grande evento maçônico, em que a presença do
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Grão-Mestre era realmente necessária. Telefonei para Valdson e pedi a ele que fosse para Barbacena e que ligasse para os irmãos da região a fim de me substituírem. A diretoria da Loja também entendeu e recebi um carinhoso telefonema do Venerável Mestre, dizendo estar rezando pela recuperação da saúde de minha esposa. Foi um ano extremamente difícil.
Lei Orçamentária O Correto cumprimento da Lei Orçamentária A Lei Orçamentária do Grande Oriente de Minas Gerais é votada pela Assembleia Legislativa a partir de um Projeto de Lei enviado pelo Poder Executivo, onde o Grão-Mestrado estima os gastos e as despesas para o ano vindouro, explicitando em rubricas o que deve ser gasto. Este orçamento deve ser levado a sério o suficiente para tornar as ações do Grão-Mestrado viáveis para o ano seguinte. Não se pode escrever uma coisa e praticar outra. Desde que assumi, em 2012, tenho cumprido a Lei Orçamentária com muita prudência. Talvez seja por isto que sou tão respeitado pela Assembleia Legislativa, jamais tendo de qualquer um dos deputados, uma mínima reclamação sequer. Sempre tivemos excelentes relações e, creiam, sou um ardoroso defender do Poder Legislativo.
Os 70 anos Tudo estava pronto para os festejos comemorativos de nossos 70 anos de fundação. Enviamos convite para todos os Grandes Orientes Confederados e para as duas Potências Co-irmãs de Minas Gerais. Alugamos o salão de festas do Clube dos Oficiais da Policia Militar, próximo à nossa sede e contratamos um excelente buffet, cuja degustação foi pela por minha esposa, também “cheff ” de cozinha pelo Senac. Nomeei uma comissão de notáveis dentre eles, Gerson Occhi 202
e Derly Halfedl Alves, queridos irmãos de Juiz de Fora, completando-a com alguns Grandes Secretários e alguns colaboradores do GOMG. A comissão trabalhou bem e ao final de algumas reuniões, criaram algumas recompensas a serem entregues a maçons e personalidades. Foi então criada a Comenda “Jovem Obreiro”, a serem entregues aos dez jovens maçons que mais se destacaram em suas Lojas. Também foi criada a Comenda de “Mérito Maçônico” para irmãos que ajudaram a construir a história do GOMG e a Comenda de Reconhecimento Maçônico, esta para Não Maçons amigos da Maçonaria, que nos ajudaram ao longo de nossos 70 anos de fundação. Da solenidade também constava, por iniciativa da Comissão, a entrega de títulos aos classificados no Concurso Lítero-Maçônico, ao qual concorriam em duas categorias, a de Maçons e a Esposas de Maçons, um interessante concurso de produção de textos maçônicos. Queria dar um presente a todos que ali comparecessem, então mandei fazer no estado de São Paulo, uma taça jateada com a logomarca dos 70 anos, criação do irmão Richard Alves de Morais, de Poços de Caldas. No dia da solenidade, em cada mesa, junto aos talheres e copos, a bonita taça jateada, um presente do GOMG a seus irmãos e amigos. Elaborei o protocolo, como sempre gosto de fazer e convoquei todos os cargos de 1.º e 2.º escalões de meu governo, além da Diretoria da SAL/GOMG, dos Tribunais de Justiça e Eleitoral e os Veneráveis Mestres de nossas Lojas em todo o estado, todos os convidados com suas esposas. Mas faltava algo para ser o ponto alto da solenidade. Aí lembrei-me de Castro Alves, “sou pequeno mas só fito os Andes”. Procurei meu amigo e companheiro Sebastião Navarro Vieira Filho, ex-deputado federal, estadual e duas vezes Prefeito de Poços de Caldas. Disse a ele que gostaria de enviar um convite para o Governador e o Vice-Governador do estado, pois dariam peso ao meu evento. Os 70 anos do GOMG, com toda nossa folha de serviços prestados, todo o
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Programa de Governo executado e mais que isto, a inauguração do Complexo Administrativo, Social e Litúrgico, prédios que o GOMG nunca teve, precisavam ser comemorados com alguma pompa. Navarro conseguiu uma audiência com o Vice-Governador, pois o titular estava em viagem pelo exterior e foi comigo a Belo Horizonte, acompanhando-me até a Cidade Administrativa. Conosco estava sua filha, Tereza Navarro, jovem expoente de nossa política e certamente continuadora da obra do pai. Também fazendo parte da comitiva meu amigo e irmão Agenor Ribeiro Neto, maestro da Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas, criador da famosa Sinfonia das Águas e o fiel companheiro de jornadas, Valdson Luiz Onerio, hoje Gerente Administrativo do GOMG. Fomos recebidos pelo Dr. Alberto Pinto Coelho, governador em exercício, que se comprometeu a comparecer para receber a Comenda de Reconhecimento Maçônico a qual fizera jus, juntamente com o Governador Antonio Anastasia. Ficamos torcendo, será que o governador iria? Na semana do evento começamos a ser procurados pela imprensa. O governador Anastasia iria à nossa solenidade e a imprensa, sequiosa por todos os passos do governador, queria participar da festa. Era um bom sinal. A visita do governador estava assegurada. Na noite da festa recebemos os Grão-Mestres da Comab em dois hotéis que reservamos para suas comitivas e fizemos a logística de buscá-los em seus hotéis e levá-los para o local da festa, ao seu final levando-os de volta. Deu tudo certo. Irmãos dos escalões de governo, os Veneráveis Mestres e as autoridades que foram convidadas. Religiosamente o carro do governador estacionou na área a ele reservada, também o fazendo o carro do vice-governador. Foram recebidos pelo Grande Secretário de Orçamento e Finanças, Enio Henrique Prado e pelo Grande Secretário de Educação e Cultura, Wantuil de Almeida Costa, além de outros irmãos que muito nos ajudaram na recepção das autoridades.
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A construção do Complexo Em abril de 2013 iniciamos a construção do Complexo Administrativo, Social e Litúrgico do Grande Oriente de Minas Gerais, um empreendimento grande para nossas ambições, mas necessário para nossos propósitos. Quando vi demolido o pequeno Templo que os irmãos da capital chamavam de Templo Nobre, senti um alívio, sempre achei aquilo um escândalo, um Templo muito feio, mal conservado, com pinturas egípcias nas paredes e mais um tanto de alegorias que jamais existiu no Rito Escocês. Realmente fiquei alegre com sua demolição. Depois demoliu-se o que eles chamavam de cantina, ou seja, uma cozinha horrível, com geladeira e freezer carcomidos pela ferrugem, talheres entortados pelo uso. Passamos a valorizar mais o Maçom do GOMG, pois neste espaço os deputados da Assembleia também tomavam suas refeições quando de sua reunião mensal. Tudo foi posto a baixo. O apartamento funcional do GrãoMestre, quando começaram as obras do Complexo, já estava pronto. Assim viramos nossas baterias para sua construção. Quanto ao Palácio Maçônico, fomos buscar os serviços do Irmão Antonio Assis Aldrovani, um conhecido decorador de Templos, com bagagem até no exterior. Foi uma obra difícil, mas ao final de quase um ano, em março de 2014, tínhamos nosso Complexo pronto.
Inauguração do Complexo A Cerimônia de Consagração do Palácio Maçônico No dia 7 de março de 2014, em uma sexta-feira, enquanto nossas esposas iam assistir a um espetáculo de dança flamenca, o GrãoMestrado, os Veneráveis Mestres de nossas Lojas em Belo Horizonte, a Diretoria da Assembleia Legislativa Maçônica e todos os novos juízes de nossos tribunais, fazíamos a Consagração do Palácio Maçônico.
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Meus grandes amigos e irmãos Cleber Menezes e Sebastião Cardoso também estavam presentes, atendendo a meu convite. Uma cerimônia memorável. Escrevi um ritual de acordo com a ocasião e permiti que todos os membros do 1.º Escalão de Governo trabalhassem de alguma maneira, quer ocupando um cargo ritualístico, quer na introdução de uma bandeira ou distribuição de flores para a oferenda floral. O Palácio estava maravilhoso, reluzente, muito bonito mesmo. Realizamos os diversos fundamentos da bonita ritualística de Consagração de Templo aplicado ao Palácio. A meu lado direito, José Humberto Bahia, Grão-Mestre Adjunto, do meu lado esquerdo, Wagner Colombarolli, Presidente da SAL/GOMG, o quarto e quinto lugares ficaram vazios por que os cargos de presidente do Tribunal de Justiça e Tribunal Eleitoral naquela solenidade ainda não eram providos. Assim, no desenvolvimento de toda a ritualística, cada irmão pertencente ao Grão-Mestrado trabalhou de alguma maneira. O ponto alto da cerimônia foi a oferenda floral. A maior que já vi ao longo de meus 40 anos de iniciado. Vários irmãos passaram a distribuir pétalas de rosas a todos os presentes, pedindo que as pegassem com suas duas mãos. Ao meu comando, todos jogaram para cima as pétalas, fazendo uma linda abóbada de pétalas de rosas multicoloridas que cobriram o chão do novo Templo. Verdadeiramente emocionante. Ao declarar a consagração de nosso Palácio Maçônico e dedicá-lo à prática de nossas sessões e solenidades, o presidente da sessão não suportou tamanha emoção. Todos aplaudiram em pé o convulsivo choro em que caíra o GrãoMestre. Passados estes inesquecíveis momentos todos os presentes se abraçaram com alegria e entusiasmo, por aquela nova e importante conquista.
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Nada de nome nas placas Nunca gostei de dar nomes de pessoas a salas ou imóveis. Acho que sempre haverá alguém melhor. Quando estava no final da construção do Complexo, vieram me dizer que estavam pretendendo dar o nome de meu pai (Maçom) ou de minha mãe, já falecidos, para o Palácio Maçônico. Temendo que o boato se espalhasse e que a iniciativa fosse minha, imediatamente mandei redigir o Decreto 1.906, que foi publicado no Boletim Oficial de Julho de 2013, o qual, para conhecimento e clareza, aqui transcrevo. Hoje, na placa que marca a inauguração do Complexo, não existe nome de ninguém. O nome que lá se encontra é o do Grande Oriente de Minas Gerais. Afinal, todos nós trabalhamos para o seu engrandecimento e ninguém de nós procura promoção pessoal. Somos uma equipe. E uma excelente equipe. Eis o decreto: Publicado no Boletim Oficial do Grande Oriente de Minas Gerais, de julho de 2013 Decreto nº 1.906, de 08 de julho de 2013 da E:.V:. Fica proibida a colocação de placas de homenagens a pessoas físicas e jurídicas, de nomes de irmãos, de entidades ou organizações, bem como de propagandas, informes publicitários, cartazes, folhetos e similares em salas, salões, portas e corredores comuns, salas dos passos perdidos e templos nos próprios do Grande Oriente de Minas Gerais, exceto placa com nome da Loja, na porta de sua secretaria, e retratos de Grão-Mestres, presidentes dos Tribunais Maçônicos e da Assembleia Legislativa, em galerias próprias.
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O Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais, no uso das atribuições que lhe confere o art. 59, I e II, da Constituição, considerando a inconveniência de exposições de impressos diversos nas dependências comuns do Grande Oriente de Minas Gerais, preservando-se, assim, a discrição e sobriedade maçônicas, DECRETA: Art. 1° Fica proibida a colocação de placas de homenagens a pessoas físicas e jurídicas, de nomes de irmãos, de entidades ou organizações, bem como de propagandas, informes publicitários, cartazes, folhetos e similares em salas, salões, portas e corredores comuns, salas dos passos perdidos e templos nos próprios do Grande Oriente de Minas Gerais, exceto placa com nome da Loja, na porta de sua secretaria, e retratos de Grão-Mestres, presidentes dos Tribunais Maçônicos e da Assembleia Legislativa, em galerias próprias. Art. 2° Este Decreto entra em vigor nesta data, independentemente de publicação no Boletim Oficial. Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário. Dado e traçado no Gabinete do Grão-Mestre, Oriente de Belo Horizonte (MG), aos oito dias do mês de julho do ano de dois mil e treze da E:. V:., 69° ano da fundação do Grande Oriente de Minas Gerais. Lázaro Emanuel Franco Salles Grão-Mestre
Banquete Ritualístico Terminada a cerimônia de Consagração do Palácio Maçônico, todos os presentes foram convidados a dirigirem-se ao novo Salão de Eventos, que também seria inaugurado com a realização de um Banquete Ritualístico ou Loja de Mesa, como diriam os maçons da Grande Loja Unida da Inglaterra, que o criaram.
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Os mesmos irmãos que participaram da ritualística de consagração, também participaram do banquete, em seus mesmos cargos. As seis saúdes de obrigação foram feitas rigorosamente dentro da ritualística proposta e também desenvolvido especialmente para aquele evento. Ao homenagear os irmãos do passado, o Grão-Mestre pediu a todos que declarassem o nome de irmãos que já nos deixaram. Irmãos como Athos Vieira de Andrade e Athenágoras Café Carvalhaes, GrãoMestres do GOMG, foram lembrados. Mais um momento de grande emoção passei quando lembraram o nome de meu pai e todos os presentes aplaudiram. Quem sabe ele está nos vendo com olhos do espírito e, também emocionado, torce pelo sucesso de seu filho que não chegou a ver como maçom. Contratamos um bom “buffet” que serviu a todos com rapidez e eficiência. Um excelente vinho, da escolha do enólogo Renato Gabriel, foi nosso acompanhante para vários “fogos” e saúdes, todas realizadas com muita alegria e descontração, o grande objetivo deste jantar, que é, a meu ver, a mais alegre de todas as cerimônias maçônicas. A cerimônia de posse dos novos juízes de nosso Poder Judiciário se deu também na noite de 7 de março, antes da Consagração do Palácio Maçônico. Com a direção do querido José Alberto Ferraz Medrado, Ex-Presidente do Tribunal de Justiça e do não menos querido Carlos Rogério Belém Braga, Ex-Presidente do Tribunal Eleitoral, a cerimônia de posse de todos os juízes apontados pelas Lojas filiadas e aceitos pela Assembleia Legislativa Maçônica, rigorosamente de acordo com nossas leis, aconteceu em clima de satisfação e fraternidade. Todos a serem empossados estiveram presentes e prestaram seu compromisso diante do Grande Oriente de Minas Gerais. O Grande Procurador Geral, Euclides de Paiva Mendes, representante do Poder Executivo junto ao Judiciário, proferiu belas palavras de elogio aos novos empossados, também o fazendo o atual Grande Secretário de Governo, José Alberto Ferraz Medrado, que dirigiu
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a presente cerimônia. Congratulou-se com os nossos juízes o irmão Carlos Rogério Belém Braga, ex-presidente do Tribunal Eleitoral, desejando a todos um bom mandato. Naquele momento, após a posse, tive oportunidade de pensar, como é fácil viver em paz, bastando para isto, o fiel cumprimento de nossas leis. As relações entre os Poderes sempre foram frágeis. Hoje não são mais. Temos absoluto respeito pelo Poder Judiciário, cuja presidência recaiu sobre Eduardo Eustáquio Lamounier Mesquita, membro regular ativo da querida Estrela do Oeste de Minas, do oriente de Divinópolis, um irmão responsável e cumpridor de seus deveres, indo pelo caminho de muitos que o antecederam. Tenham a absoluta certeza que o Grão-Mestre envida todos os seus esforços para que haja paz e harmonia na Potência, não investindo em conluios ou conchavos com este ou aquele Poder. Todos merecem nosso respeito, nosso apoio, nossa consideração. Todos trabalham pelo engrandecimento do Grande Oriente de Minas Gerais.
A Solenidade
Governador Anastasia na Solenidade dos 70 Anos do GOMG
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Na memorável noite de 28 de março de 2014, realizamos a Solenidade Comemorativa dos 70 anos de fundação do Grande Oriente de Minas Gerais. Foram convidados para esta efeméride, todos os Veneráveis Mestres de nossas Lojas, todos os cargos de 1.º e 2.º Escalões de Governo do Grão-Mestrado, a Diretoria da Assembleia Legislativa Maçônica e os juízes dos Tribunais de Justiça e Eleitoral, todos com suas esposas. Autoridades das Potências Co-Irmãs e alguns convidados Não Maçons. A solenidade aconteceu no Clube dos Oficiais da Polícia Militar, um ótimo salão de eventos de nossa capital. Foram nossos auxiliares diretos, o Grande Secretário de Educação e Cultura, meu caro Wantuil e o Grande Secretário de Orçamento e Finanças, meu querido Enio, sempre comigo nestas horas. Um banquete para 800 pessoas foi contratado junto a uma das mais conhecidas empresas do ramo em nossa capital, que realizaram um serviço muito bom. O Senhor Governador do Estado de Minas Gerais, Antonio Anastasia, pronunciou interessante discurso, falando sobre a história da maçonaria e sua ação no Brasil, parabenizando, ao seu final, o atual Grão-Mestrado do GOMG pelos progressos operados. Antes dele, falou o Senhor Vice-Governador do Estado de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, congratulando-se também com o GOMG por seus 70 anos de fundação e parabenizando também sua diretoria. Na mesa diretora dos trabalhos, além do Grão-Mestre e do GrãoMestre Adjunto, o Grão-Mestre de Honra da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais e Grande Secretário Geral Adjunto da CMSB, irmão Janir Adir Moreira, representando o Grão-Mestre Leonel Ricardo de Andrade; o representante do Grande Oriente do Brasil / Minas Gerais, irmão João Bosco Costa Paz, Grande Secretário de Gabinete, representando o GrãoMestre Amintas de Araújo Xavier. O Vice-Presidente da Confederação Maçônica do Brasil, meu querido Antonio Carlos Raphael, Soberano Grão-Mestre do Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro e o
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queridíssimo irmão Alejandro Moisés Mita Valdívia, Grande Secretário de Relações Exteriores da Grande Loja do Perú. Os Três Poderes constituídos do GOMG estiveram presentes, nas pessoas do GrãoMestre e seu Adjunto, do Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça Maçônico Eduardo Eustáquio Lamounier Mesquita e do Presidente do Ilustre Tribunal Eleitoral Maçônico, Kleber Campos de Menezes. A Assembleia Legislativa Maçônica foi representada por seu 1.º VicePresidente, Cláudio José Evangelista Pereira. Naquela noite falei de improviso e prometi a mim mesmo que jamais leria um discurso. Falei com a voz do coração, sentindo e vivendo cada palavra que dizia. Foi uma noite que realmente nunca vou esquecer.
Museu do GOMG Foi muito difícil conseguir as poucas peças que constituem o museu que criamos para o Grande Oriente de Minas Gerais. Nossas Lojas parecem não se preocuparem com a história e não se importam em construí-la, em edifica-la, que deve ser a preocupação daqueles que já passaram pelos cargos. Sempre tivemos esta preocupação, desde os velhos tempos de Venerável Mestre da Estrela Caldense. Tínhamos o espaço físico em nossa Sede Administrativa, mas não dispúnhamos de peças que conseguissem retratar nossos 70 anos de bons serviços prestados à Maçonaria mineira. Com o tempo fomos agregando cada dia mais valores ao nosso museu e ele, dois anos depois de sua inauguração, já se mostra mais adaptado a retratar sua linda história e a de tantos que ajudaram a construí-la.
Adquirimos mais um prédio Na noite de 28 de novembro de 2015, durante as comemorações do encerramento do ano maçônico, assinamos o Contrato de Compra
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e Venda do imóvel da Rua Augusto de Lima, 2.126, com vista para a Avenida Barbacena, bem em frente ao GOMG. Trata-se de uma edificação de dois andares, com entrada pela Rua Augusto de Lima, mas que possui uma boa testada de frente para a Avenida Barbacena, bem em frente ao número 85, nossa Sede Administrativa. O imóvel foi pago à vista e tão logo recebemos suas chaves, iniciamos sua reforma a fim de construir mais 6 Templos maçônicos para abrigar nossas Lojas filiadas da capital. O projeto de sua fachada para a Avenida Barbacena foi criado, mais uma vez, pelo Irmão Richard Alves de Morais e está sendo desenvolvido por competente equipe de engenheiros e arquitetos de Belo Horizonte. O prazo de entrega da obra está agendado para outubro de 2016, já fora de nosso mandato. Assim desejamos ao futuro Grão-Mestrado que faça bom uso de suas instalações, a fim de que nossas Lojas filiadas na região metropolitana possam ter mais conforto e comodidade para suas reuniões.
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E finalmente... Sinceridade e trabalho
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s dias iam se passando e com eles a certeza que estávamos no caminho certo. Pedi à nova secretária que agendasse audiências apenas duas vezes por semana e alguns horários, porque o fluxo de irmãos atrapalhava minha rotina de trabalho. Os pedidos eram muitos. Para o Grão-Mestre se pede desde uma nomeação de professora, ou uma transferência de um militar, até vaga na Faculdade de Medicina da UFMG. É claro que nem tudo nós podemos atender. Ademais, julgo que Maçonaria não deve ser um balcão de negócios. Toma lá, dá cá. O que podia ser atendido, não media esforços. Porém o que era impossível dizia logo. E com isto as Lojas foram se acostumando a se portar. Ao longo dos seis primeiros meses, já não havia mais tantas audiências para novos pedidos. Havíamos moralizado a coisa e as visitas começaram a se rarear, o que deve ser o correto. Os irmãos de nossas Lojas filiadas começaram a enxergar que a postura de sinceridade e de simplicidade do Grão-Mestre era de verdade. Começaram a entender que eu estava ali para trabalhar, de maneira simples, porém com muita seriedade e, sobretudo muita honestidade,
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virtudes que herdei de meu antecessor, Hedison Damasceno, um dos irmãos mais honestos que conheci. Faço votos para que meu sucessor siga este caminho.
Ser Grão-Mestre Depois de exercer por quatro anos o cargo de Grão-Mestre Adjunto e mais quatro como Grão-Mestre, tenho comigo uma ideia firmada em fatos que hoje consigo relatá-los a meus Irmãos, não como quem espiou de fora, mas como alguém que viveu intensamente cada minuto de seu mandato, com responsabilidade e zelo. O Grão-Mestre não é um rei ou um faraó. Ele é um Mestre Instalado comum, que, eleito pelo povo maçônico, exerce um cargo de comando por quatro anos. Ele não é um déspota que vive fazendo conchavos com Lojas e Irmãos, interferindo no trabalho da Assembleia Legislativa, ditando normas ao Tribunal de Justiça, descumprindo a Constituição, não respeitando a Lei Orçamentária, dando benesses a Lojas em troca de votos, escrevendo decretos mirabolantes e dando ordens que extrapolam sua competência. Cada Poder tem sua autonomia e o Grão-Mestre mostra sua grandeza ao respeitar cada um deles, mesmo sabendo que seu cargo é o de maior expressão de toda a Potência. Julgo ser a humildade e a simplicidade fatores determinantes de nosso sucesso à frente do GOMG. A vaidade não me compra com aventais suntuosos e com o malhete do Venerável Mestre em minhas mãos, mas com o trabalho estampado em todos os dias de nosso mandato, na tentativa de construir uma Potência forte e unida. Quem quiser comprovar o que aqui discorremos, basta visitar Belo Horizonte e a alegria de nossos colaboradores, a satisfação dos irmãos da capital, que souberam respeitar um Grão-Mestre que veio
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lá do extremo Sul de Minas, que pouco conhecia sua capital, mas que a respeita e a admira, chegando a merecer dela o título de Cidadão Honorário. Venham constatar na sede de nosso Grande Oriente a nova instituição que construímos. A gestão administrativa que instauramos vai desde uma simples planilha colocada atrás das portas dos banheiros, que deve ser assinada diariamente pela serviçal que realiza sua higienização e limpeza, até a instituição do Plano Diretor, que norteará as futuras ações dos Grão-Mestres do futuro, impedindo que sejam criados hospitais e clínicas mirabolantes que deram enormes prejuízos, acumularam problemas e motivaram perdas de Lojas e de Irmãos, além de instaurar o total descrédito das Potências Co-Irmãs em todo o país. O Grande Oriente de Minas Gerais é hoje uma Potência modelo, uma empresa de qualidade, uma instituição de respeito. Exorto aqui àqueles que virão depois de mim, que se lembrem destes conselhos. Não basta apenas segurar o malhete que lhe é entregue pelo Venerável Mestre, quando em visita às Lojas. Não basta o uso do avental suntuoso, florido e bordado em dourado. Não basta o título de Soberano. O Grão-Mestre deve ser um irmão comum como qualquer Mestre Instalado. Não é um deus. Não está acima da lei, acima do constituído, acima de tudo e de todos. Ao contrário, deve ser o primeiro a cumprir a lei e dar o exemplo aos outros Maçons. Ao Grão-Mestre cabe o maior dos exemplos, porque os olhos de todos, Maçons e Não Maçons estarão sempre focados em suas ações, não apenas nas de governo, mas também nas ações que envolvem a moral, a honestidade, a limpeza de caráter e as condutas ilibadas, dentro e fora da Maçonaria. Ter exercido o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais foi para mim a maior honraria que pude amealhar ao longo de meus 63 anos de idade. Trago comigo a consciência do dever cumprido e a certeza que o exerci com correção durante todos os
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minutos dos quatro anos que servi ao GOMG como seu Grão-Mestre. Trago comigo a inquebrantável certeza que, se voltasse no tempo, faria tudo novamente, da mesma maneira com que realizei ao longo destes quatro anos. Trago comigo a consciência tranqüila. Jamais aproveitei de meu cargo para benefício próprio, jamais tomei atitudes que prejudicassem alguém, jamais utilizei de meu cargo para cobrar posturas de outros, nunca fui covarde ou omisso, nunca fui déspota ou presunçoso, jamais utilizei o título para me expor acima de outro Maçom, considerando que todos são iguais perante nossas leis e que, nesta vida terrena, somos qualificados e não quantificados. Por último deixo a cada um de meus estimados irmãos uma mensagem de paz e alegria. Que os anos que nos aguardam tragam progresso, sucesso, união e, sobretudo, fraternidade. Sem fraternidade não existe Maçonaria e o dia que a perdermos, nada mais restará de nossa Ordem. A todos meu muito obrigado. Se não fiz mais é porque estas ações estavam acima de minha capacidade. Porém doei tudo de mim, utilizando minha experiência de empresário, meus parcos conhecimentos maçônicos e a minha capacidade de trabalho que tem me acompanhado ao longo de minha vida. A somatória de todas estas pequenas qualidades fez de mim o mais modesto de todos os servidores do GOMG e assim me considero ao encerrar meu mandato. Creiam que todos os dias destes quatro anos foram para mim alegres e sadios. Sempre preferi me alegrar admirando o sol que brilhava do que entristecer-me ao esperar pela tempestade que viria. Foi para mim uma honra, uma alegria, uma satisfação imensa, exercer o cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente de Minas Gerais e rogo, por fim, a Deus, que continue enviando suas bênçãos a todos os irmãos pertencentes ao Quadro de Obreiros das Lojas Maçônicas filiadas, que me proporcionaram esta honra. A todos meu muito obrigado.
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Confiança A confiança que os Irmãos depositam em seu Grão-Mestre Gosto muito de saber que os Irmãos depositam sua confia em seu Grão-Mestre. Isto me fortalece e estimula a sempre trabalhar pelo engrandecimento da Maçonaria no plano geral e pelo GOMG, no particular. Um Grão-Mestre precisa do apoio e da confiança de seus comandados. Mas para isto é necessário mostrar serviço. E como um Grão-Mestre mostra serviço? Não é tão simples assim. Primeiro precisa definir boas metas, bons objetivos por meio de um importante Programa de Governo. Depois precisa realizá-los, por que se não o fizer, vai se tornar próximo aos políticos que sempre prometem e não cumprem. E depois de realizados, tem de cultivá-los para que se perpetuem. Mesmo tendo cumprido em sua totalidade meu Programa de Governo, em nenhum momento me acomodei. Ao contrário, o trabalho realizado me estimula a construir mais, pois ele sempre nos recorda que temos esta capacidade. Em quatro anos muito há que se fazer em prol da Potência. Não podemos descansar nem um minuto à sombra de nossas realizações, mesmo tendo sido feitos importantes, reconhecidos e admirados por todos. A capacidade de sempre realizar, de sempre criar, de surpreender, é muito importante para a manutenção de nossa credibilidade junto a nossos Irmãos e Lojas. E como ninguém é perfeito, sempre é bom admitir o erro e corrigi-lo. Como já tive oportunidade de dizer, o Grão-Mestre não é um rei, não é um faraó, que além de rei era também deus. Ele é um cidadão comum que foi escolhido por seus iguais para exercer um mandato de quatro anos, que a meu ver, deve ser bem aproveitado em toda a sua extensão. Assim, como qualquer outro Irmão, ele é passível de erro.
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E quando isto acontece, constatado o erro, imediatamente temos de revertê-lo, assumindo-o sempre, pedindo desculpas e voltando ao acerto. A humildade é uma das virtudes mais apreciadas em um GrãoMestre. Graças a Deus sou reconhecido assim. Por várias vezes, Lojas e Irmãos se preocupam em receber o Grão-Mestre com pompas ritualísticas. Notando sua dificuldade, peço a eles que deixem a liturgia de lado e que façamos uma sessão maçônica verdadeira e fraterna como postula nossos princípios. Quando editamos o Ritual do Rito Escocês, deixei claro que o Grão-Mestre não toma mais assento ao sólio ao visitar uma Loja de sua jurisdição, a não ser quando, além de presidir, ele desejar dirigir a sessão, que é um de seus direitos. Fora isto, deve tomar assento à direita do Venerável Mestre, a quem pertence a direção dos trabalhos. Assim, fico muito feliz pela confiança em mim depositada pelos Irmãos do GOMG, que comigo o fazem crescer e tornar-se uma Potência grande, unida e respeitada. Muito obrigado, meus Irmãos.
Boas Relações As boas relações com as Lojas e Irmãos Procuro manter as relações com nossas Lojas sempre em grau de excelência. Eu as respeito e defendo a tese de que “Grão-Mestre não manda em Loja”. Uma Loja Maçônica tem em seu Quadro de Obreiros sua soberania e nada mais deve ser maior que a decisão dele. É claro que estas decisões devem estar ao lado de nossos princípios e leis, porque se assim não for, torna-se obrigação e dever do Grão-Mestre a imediata intervenção para fazer prevalecer a lei e a ordem. Desde que assumi procuro estar ao lado das Lojas, entendendoas, mesmo que tenha que dizer “não” a alguns de seus pedidos. O Grão-Mestre deve saber dizer “não” e a Loja deve entender aquela 220
negativa, pois o Grão-Mestre está apenas cumprindo a lei, conforme jurou quando foi empossado. No passado era comum e presenciei por algumas vezes, como Adjunto, uma Loja solicitar ao Grão-Mestre a isenção de pagamentos e ser atendida. Jamais cometi este erro. Sim, é um erro, pois não cabe ao Grão-Mestre esta isenção. Seria como se o Prefeito determinasse que um cidadão não pagasse o IPTU. Ora, uma Loja para ser regular precisa estar filiada a um Grande Oriente. Assim sendo, o Grande Oriente dá regularidade ao funcionamento de uma Loja Maçônica. E é justo que esta Loja recolha aos cofres desta Potência que lhe abriga, recursos determinados por suas leis. Se isto não ocorrer a Loja tornar-se-á irregular, não recebendo nenhuma comunicação da Potência a qual está filiada, e assim não poderá realizar Iniciações, Elevações, Exaltações, Regularizações e Filiações. A Loja simplesmente fica estagnada. Jamais deixei de oferecer oportunidade a uma Loja para tornar-se regular. O então Grande Secretário de Orçamento e Finanças, meu querido Enio, não mediu esforços durante todo o nosso mandato para renegociar com Irmãos e Lojas, oferecendo-lhes condições de liquidação de seus débitos. Esta maneira de sempre dizer a verdade no trato com nossas Lojas, deu-me a condição de dizer “não” e ter sempre a Loja junto a seu Grão-Mestre, porque ela sabe que não está sendo ludibriada. Assim gostaria de agradecer aos Irmãos e Lojas pelo apoio, lembrando que jamais esquecerei a maneira carinhosa com que sempre fui recebido quando de minhas visitas. Algumas vezes minha consciência me cobra as visitas que não fiz. Peço perdão por elas, mas justifico. Residindo no extremo Sul de Minas, fica difícil minha presença em Lojas cuja localização geográfica fica acima de Belo Horizonte. Nem sempre as estradas são boas e não existem linhas aéreas em grande parte delas. Mas deixo aqui a mensagem de que, mesmo estando ausente fisicamente, sempre estive ao lado delas em seus reclamos e necessidades. A todas
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elas, meu penhor agradecido e meu desejo que sempre progridam e cumpram o grande objetivo da Maçonaria moderna que é tornar melhor o gênero humano.
O Perfil do Venerável Mestre Pediu-me meu Grande Secretário de Educação e Cultura, Wantuil de Almeida Costa, que enviasse às Lojas por ocasião da proximidade das eleições, uma prancha relatando o perfil desejado para o exercício do cargo de Venerável Mestre. Pensei um bocado. Brasileiro não gosta muito de leitura e ainda mais, um assunto delicado como este... Tive então a idéia de elaborar um quadro, todo colorido, que pudesse passar a mensagem e ficasse mais fácil para ler. Enviamos aquele quadro para as Lojas e o resultado foi bastante satisfatório. Tivemos notícia que foi bem aceito pelas Lojas e os Irmãos que desejavam se candidatar a Venerável Mestre tiveram a noção do que é necessário para o seu desempenho. Claro que neste livro não nos foi possível reproduzir o quadro colorido, mas apenas o texto, que segue abaixo: As eleições estão chegando Meus Caros Irmãos, Este ano haverá eleição para substituição das Diretorias de nossas Lojas. Penso que é função do Grão-Mestre, que já passou por tantas delas, fornecer alguns conselhos para aqueles que postulam ocupar estes cargos tão importantes para nossa Ordem. Vamos lá, então: Você quer ser Venerável Mestre? Então você precisa ter:
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Liderança: Deve ser reconhecido como autêntico líder da Loja, nunca se afastando dos problemas ou tentando ocultá-los, mas sempre os resolvendo de maneira decidida. Conhecimento: Conhecer Maçonaria, a sua história, suas leis, regulamentos e regimentos é indispensável. Equilíbrio: Será sua arma para harmonizar a Loja e resolver os problemas com natural serenidade. Sociabilidade: Um trânsito fluente entre os Irmãos é uma importante qualidade para o bom desempenho de suas funções e que lhe facilite o poder de coesão entre os irmãos. Cultura: Ao menos para entender ensinamentos às vezes não muito fáceis e poder compreendê-los a ponto de também ensiná-los. Tolerância: Seja tolerante, porém com a têmpera da razão. Ser tolerante não é abaixar a cabeça. É estar ao lado da lei e da ordem. De pulso firme, porém tolerante e racional, você conseguirá o respeito e a simpatia de seus comandados. Austeridade: Tem que ser simpático no momento que exige simpatia, porém austero quando se exige austeridade.
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Estabilidade Econômica: Deve ter situação financeira estável para poder dedicar-se mais às atividades de sua Loja sem prejuízo pecuniário para sua vida e sua família. Independência: Ouvir sua Diretoria é necessário, porém ser independente é primordial para tomar uma decisão correta. A discussão é solidária, mas a decisão é solitária. Comprometimento: Deve estar comprometido 24 horas por dia, sempre em sintonia com os problemas da Loja e dos Irmãos. E por fim: Nunca queira agradar a todos, pois é a melhor forma de desagradar a todos. Tenha uma posição firme, baseado naquilo que acredita. Não dê importância às opiniões dos outros, você deve ter sempre a sua. Ouça um bom conselho, porém seja capaz de decidir por si mesmo, porque caberá apenas a você a responsabilidade sobre seus atos. Um bom mandato e que Deus esteja sempre com você. Como devem ser as eleições em uma Loja Maçônica ? Eleição por chapa única: O futuro Venerável Mestre será aquele que mais preparado estiver para dirigir sua Loja. E se assim for, não há necessidade de existir mais de uma chapa, pois o fruto do consenso entre os eleitores indicará uma chapa única. A disputa dentro de um Templo maçônico é insalubre. Ela divide a Loja pelas paixões e simpatias por este ou aquele candidato
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Aos que desejam ser Veneráveis Mestres: Nunca queira ser eleito à força. Espere sua hora. Se você tiver que ser o Venerável Mestre de sua Loja, a hora chegará. Cedo ou tarde, não importa, será na hora certa. Deixe que sua Loja o escolha como seu legítimo líder. Você fará um mandato com o apoio de todos e será muito mais feliz no exercício de seu cargo. Você quer ser Vigilante? São os substitutos do Venerável Mestre. A Loja é governada pelo Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes. São as Luzes de uma Loja Maçônica. O Venerável Mestre deve sempre pensar que um Vigilante irá substituí-lo em sua eventual falta e poderá ser seu real substituto nas próximas eleições. Assim deve prepará-lo para tanto, incluindo-o nos principais empreendimentos da Loja e não, simplesmente, tratálo como o ocupante de um cargo. Os Vigilantes devem participar da administração da Loja. Você quer ser Orador? O Orador não é apenas aquele que sabe falar bonito e corretamente. Ele é o responsável pelo Ministério Público da Loja. O encarregado pela manutenção do direito e do constituído em todas as relações de sua Loja. É obrigatório que este Irmão tenha um mínimo de conhecimento da matéria. O Orador não pode ser qualquer um. Se você pensa em ser um bom Orador, comece a estudar. Você quer ser Secretário? Nunca seja um secretário “gaveteiro”, aquele que, quando chega a correspondência, principalmente do GOMG, joga no fundo da
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gaveta e esquece. Nosso principal problema com as Lojas filiadas são as correspondências que não chegam, ou melhor, que chegam, mas que são engavetadas pelo secretário. Isto é bastante sério. A Loja torna-se estagnada. Não recebe nada, nem avisos, nem convocações, nem convites. Um bom secretário tem que estar comprometido com os interesses de sua Loja. Você quer ser Mestre de Cerimônias? Se o Venerável Mestre é o coração da Loja, o Mestre de Cerimônias é o seu pulmão. Deve ter bom conhecimento sobre ritualística para poder praticá-la com desenvoltura e perfeição. Há substancial necessidade de suas ações estarem harmonizadas com as do Venerável Mestre. Devem se entender apenas pelo olhar. Ler atentamente os rituais e estar sempre atento às ações e movimentos em Loja são seus deveres. A escolha dos demais cargos: Venerável Mestre, não se esqueça que você não está sozinho. O sucesso da administração de uma Loja Maçônica está no conjunto. Escolha então o mais competente dentre aqueles que mais afinidade tiver com você.
Conselhos Nossas experiências àqueles que virão Consegui resumir em algumas frases, o que amealhei no exercício deste revigorante cargo de Grão-Mestre. Deixo então, como meu acervo, àqueles que o exercerão depois de mim, como um bom conselho, que se dá a quem se ama e se deseja todo o sucesso do mundo.
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• Faça sempre o melhor de você. Obedeça rigorosamente as leis, mesmo que não concorde com elas. O melhor caminho para desagradar a todos é querer agradar a todos. Seja verdadeiro. Fale sempre a verdade, mesmo que ela doa em você ou em outros. • Mantenha as Lojas e os Irmãos sempre ocupados. Não lhes dê tempo para pensar bobagens. Tenha sempre firmeza no que está realizando ou simplesmente dizendo. Se não agir assim você repassará insegurança às Lojas e será o início do seu descrédito. Dirija o GOMG como uma empresa. Seja frio e calculista como um bom empresário. • Não basta ser Grão-Mestre é preciso parecer Grão-Mestre. Durante as reuniões não seja pejorativo, nossos cargos de Primeiro Escalão merecem de nós todo o respeito. Nunca atrase uma reunião. Inicie e termine sempre no horário. Durante ela não seja prolixo, nunca fale demais. Nunca nos arrependemos daquilo que não dizemos. • Nunca faça concessões que extrapole os limites de seu cargo. O Grão-Mestre deve ser o mais fiel cumpridor de nossas leis. Quando for bigorna, aguente a pancada. Quando for martelo, bata. Cumpra sempre a lei e promova a ordem e a união. Nunca concorra para o caos e a desavença, nem se alinhe ao lado daqueles que assim o fazem. O Grão-Mestre deve dar o exemplo de honestidade, de honradez, de moral e princípios e por isto deve ser reconhecido. • Estude Maçonaria. O Grão-Mestre precisa conhecer aquilo que comanda. Para saber mandar é preciso saber fazer. Um Grão-Mestre que não conhece Maçonaria tornase ridículo. Respeite seus subalternos e seja um bom chefe.
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Precisamos deles e está naquelas mãos parte do sucesso do GOMG. Infortúnios sempre entram pela porta que nós mesmos abrimos. Nunca prometa o que não poderá cumprir. • Nunca seja tão amigo a ponto de não poder afastar-se, nem tão inimigo a ponto de não poder aproximar-se. Jamais faça conchavos. Ele é o caminho mais rápido para o descrédito e o desprestígio. O Grão-Mestre não é um rei ou um faraó. É apenas um Maçom que foi eleito por seus iguais para o exercício de um cargo de comando na Maçonaria. Nunca perca a paciência. Ao perdê-la você demonstra o despreparo para o exercício do cargo. Tolerância é a virtude do Maçom. • Nunca promova a colocação do nome de um Irmão em um local do GOMG. Sempre surgirá alguém melhor que ele. O exercício do cargo exige um político, não um politiqueiro. A diferença entre ambos é o retrato do que hoje vivemos em nosso país. Defenda intransigentemente seu ponto de vista, mesmo que ele descontente alguns ou muitos. Não seja bairrista. Nosso estado é grande e fértil em todas as suas regiões. É preciso conhecer cada uma delas e valorizá-las pelo que elas representam para o GOMG. • Fale sempre a verdade. Não iluda as Lojas com promessas que você sabe que não poderá cumprir. Seja orgulhoso do cargo que desempenha, porém não faça disto um troféu. A vaidade destrói bons corações e cria verdadeiros monstros que desconhecem os princípios maçônicos. • Exercite sempre a humildade. Ela é uma virtude que a trazemos dentro de nós. Se você não a tiver dentro de si, procure cultivá-la, vai precisar dela. Seja sempre sincero. Abra
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seu coração. Seus Irmãos merecem este sentimento daquele que é seu líder e companheiro de todas as horas. • Até antes de ocupar o cargo, desconhecia minha capacidade de trabalho. Hoje a conheço bem e julgo ser capaz de muito mais. Faça isto. Extrapole seus limites. Sempre podemos dar mais de nós e nos tornarmos sempre melhores. • Acredite que sempre haverá muito a fazer. Nunca ache que já realizou tudo o que podia. Nunca se acomode pelo que já foi realizado. Trabalhe. Trabalhe sempre. Nunca se acomode no conforto dos gabinetes. • Nunca interfira nas Lojas e em suas atividades. GrãoMestre não manda em Loja. Quem decide sobre os seus destinos são os Irmãos de seu Quadro de Obreiros. Esta assembleia de Maçons é sempre soberana. O Grão-Mestre somente interfere em uma Loja filiada, quando esta descumpre nossas leis. Quando receber, devolva sempre o malhete do Venerável Mestre, ele não lhe pertence. • Ao visitar uma Loja, cumprimente com atenção e carinho TODOS os irmãos presentes, sem distinguir a cor de seu avental ou o bordado de suas alfaias. Todos esperam e merecem toda a atenção de seu Grão-Mestre. Faça uma Maçonaria de resultados, incentive os irmãos a serem operosos e terem em mente que a sociedade sempre esperou muito de nós, de nosso trabalho e de nossa atuação, dentro e fora de nossos Templos. • E finalmente, o Grão-Mestre não é uma celebridade, mas é fundamental que possua sensibilidade, carisma, educação,
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atenção, conhecimento maçônico, tolerância, austeridade, coragem, bondade e lembre-se que é, simplesmente, uma pessoa comum.
E finalmente...
Foto - Escolher uma foto legal que retrate o a despedida Dedico estas últimas linhas a meus Irmãos pertencentes aos Quadros de Obreiros de nossas Lojas Maçônicas filiadas. Meus caros Irmãos, meu muito obrigado pela honra que me deram em permitir que fosse seu Grão-Mestre nos últimos quatro anos. Estou certo que honra maior jamais terei em minha vida. Porém, em nome da amizade e da fraternidade que foi construída ao longo de nossa convivência, gostaria que soubessem que estarei em Poços de Caldas, a terra querida que me viu nascer e que guardará meus restos quando deixar esta vida. Nela estarei esperando todos vocês para um café ou bom papo sobre Maçonaria, sempre que quiserem recordar o que juntos vivemos à frente do Grande Oriente de Minas Gerais.
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Quanto ao futuro, este não pertence a nós. A realização dos planos, as conjeturas, os objetivos que temos e sonhamos cabe a Deus e não a nós. O homem tem a dimensão de seus sonhos e deixar de sonhar significa deixar de viver. Vamos rogar então ao Grande Arquiteto do Universo que nos dê vida e saúde que nos permita realizá-los. Um abraço fraterno a todos vocês. Do irmão e amigo, Lázaro Lembrem-se, “SEMPRE HAVERÁ MUITO A FAZER” Até mais ver...
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