O SÓRDIDO VERSO VER O SOL
Edição online
Para contribuir com a arte e a literatura brasileira, compartilhe este link! Edição, diagramação, produção e capa: Editora Publique Já!. É proibida a venda e veiculação deste conteúdo sem a autorização do autor José Couto e Editora Publique Já!. ©Versol - o sórdido verso ver o sol - 11/ 2013. ©José Couto
Índice 01 Um livro de poesias --O meu coração --As mulheres são versos -Ouça --Cantos --Herói --Homens merecem ser atropelados Um poema --Eloquência --Águas mansas ---
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11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 02
Não gosto da mulher chata Morena -Desejo -No teu olhar -Musa esquecida -Dona -... -Quantos poemas -Naquele tempo -... -Favor --
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25 26 27 28 29 30 31 32 33 35 36 03
Kd tu Trato Eu
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37 38 40 03
Conselho --Espera sonhando --Rastejantes --Sem rima --As melhores conversas -Os cachorros --Quer sua casa vazia? --Vai tomar no tu --O verdadeiro medo --Aos súditos da América do Sul
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44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 04
Inexistência -Sinto -Você mesmo -Vai -Esse verso é sobre ela -Eu tenho minhas frases Vento --
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58 59 60 61 62 63 67
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05 Versol --Meu verso --O que fazer para matar o tĂŠdio? A loucura ĂŠ uma realidade -Onde ir --Canibaversivo --Fim ---
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Sobre o autor
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Ao sol de Teresina.
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Um livro de poesias
Um livro de poesias É um pedido de socorro. Ou, como os cachorros fazem Uma mijada no poste. No meu caso Meus livros São os dois exemplos.
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O meu coração
Apesar da máscara de forte Do amargo na carne grossa E indigesta Deixo meu coração A sua disposição No primeiro oi.
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As mulheres sรฃo versos
Eu sou poesia Poema no meio do dia ApoesiApoemA na madrugada Todas elas atiรงam minha tara.
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Ouça
Coração bom Alma trouxa Vingança vermelho-roxa.
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Cantos
Passarinhos cantam Aos homens que se desencantam Para que n達o se percam Ao amanhecer.
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Her贸i
S贸 meu cachorro percebe O quanto estou profundo. Ele, como her贸i Evita meu suic铆dio.
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Homens merecem ser atropelados
Não confio em pessoas que Andam de pijamas Como se estivesse na moda Não sair da cama. Me sentiria muito pior se Atropelasse um cachorro Do que atropelando um homem. Homens merecem Ser atropelados. As plantas merecem água. E eu, dependendo da ótica Caótica da pupila Que me enquadra Não mereço nada. 17
Um poema
Andei perdendo alguns poemas. Outro dia, perdi alguns contos. Preferia ter perdido Algumas calรงas. Este era pra ser um poema Antolรณgico Mas serรก um poema de velรณrio Um poema com versos sรณrdidos.
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Eloquência
Me arrepio com facilidade Me emociono com frequência Sentir é a finalidade. A força vem da desobediência Sem nunca perder a inocência Sobrevoar vivacidade.
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Ă guas mansas
É o seguinte: Bebendo Martini Vim molhar as plantas Passou uma brisa mansa.
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SÓRDIDO VERSO
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Não gosto da mulher chata Não gosto da mulher chata. Gosto da sagaz Que excita minha paz Arranca meu rumo Instiga meu sêmen Sabe o que faz. Em todos os cheiros Inteligente Até sendo chata Convence-me.
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Morena
Morena, uma pena N達o poder dizer esse poema No seu ouvido. Mas trocaria esse nuance Por uma lambida No seu umbigo.
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Desejo
Nua, indecente Quero-te de quatro. - Deus, nunca serei premiado?
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No teu olhar
No teu olhar Quero brincar um evento Cuidar do invento E partir ao vento.
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Musa esquecida
Dentro do meu olho Seu sorriso brinca escroto Meu coração louco se agita Meu pau sem medo, petrifica. Você não sabe o que perde Deixando-me aqui nessa Paixão esquecida Aquecida Que por dentro Como sede, não cede Menina, mulher, musa esquecida.
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Dona
Quero escrever Sobre seu sabor Mas esse poema O lápis não pintou. Ainda assim é certeza: Morena, doce, pimenta Seu jeito é dona E me tenta.
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...
Todo dia eletrochoque A alma o poço engole Meu coração é forte.
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Quantos poemas
Quantos poemas S達o precisos Para n達o rimar amor perdido?
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Naquele tempo
Emocionado, lembro Nós comendo Dois reais de mortadela Em cubinhos Temperada no limão Amar era como uma meta E sorrir intimamente Era da paixão. Lembro que bebíamos Vinho sem categoria Se tivesse limitação A razão não servia. Lembro seu cheiro antes, hoje Todo dia Como se desde lá Já escolhido fosse Para em vida levar comigo 33
Tal lembrança como martírio Doce. Tudo pausava naquele tempo Igual a um filme tocante Ou a um sonho Uma fábula Era uma vez...
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...
Sem o tom da voz A cor da pele O cheiro da nuca Sem ... Eu sou nunca.
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Favor
Lembro o Ăşltimo dia Que me olhou Com paixĂŁo e amor. Essa mistura acabou. Deixa que eu morra Por favor.
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Kd tu
Quando estou feliz Meu cachorro Logo vem cheirar meu Cu. Quando estou deprĂŞ Meu cachorro Pergunta por Tu.
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Trato
Você não quer mais mirar Meus olhos Sorrir minha boca Com sua felicidade Que desafoga verdades Alivia maldades. Não quer mais passar Ao meu lado as tardes quentes Em nosso recinto conveniente Curtindo um vento Do ventilador esforçado Ar frio e seco Do ar-condicionado caro. Aqui o silêncio Ainda pede o mesmo E cheira um tanto, trato Beija amargo-girassol 38
Insetos e pratos para lavar. A rua sempre Teve passarinhos cantando E que fazem seus ninhos Em nosso surrado telhado Procurando a prometida Felicidade Enquanto no nosso jardim Plantas continuam a morrer Menos os cactos: Fortes, verdes e ĂĄsperos E as ervas daninhas que nĂŁo Param de morrer e renascer. Sob o sol, impactantes CantĂĄvamos forte todos os dias Hoje Canto Agonia.
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Eu
Couto Coito.
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Conselho
Jesus nĂŁo me dirige uma palavra Muito menos Deus. SatanĂĄs tinha me alertado Que isso aconteceria.
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Espera sonhando
Se os ditadores soubessem Que a democracia dita mansidão Seja você bezerro ou leão! O cidadão dito livre No mundo democrático Tem marcado em sua testa Um ditado: Espera sonhando Reclama sentado.
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Rastejantes
Ser autĂŞntico incomoda. No mundo dos seres rastejantes Ser falso, fazer tipo, ĂŠ moda
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Sem rima
Há coisas que sei Sobre outras pessoas: O lodo da parede é verde O lodo das dobras do corpo É cinza. As moscas só Acompanham os vivos Porque os mortos Estão enterrados Sepultados.
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As melhores conversas
As melhores conversas São ao vivo. A internet come seu ouvido. O fone é uma saída. Melhor mesmo é a vida.
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Os cachorros
Se Deus protege os filhos da puta Ele tambĂŠm protege Ainda mais afetuosamente Os cachorros.
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Quer sua casa vazia?
Quer sua casa vazia? Espalhe que está doente E choroso Sem dinheiro E sem consolo Precisando de ombros E aliviar sufocos. Os primeiros que irão sumir Serão os que lhe juram amores Em bebedeiras & afins.
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Vai tomar no tu
Vai tomar no tu. Depois dessa viagem profunda Volta mais sincero E menos covarde Por que se n達o Te mandarei mesmo Ir tomar no cu.
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O verdadeiro medo
O verdadeiro medo Esconde-se Para te assustar.
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Aos súditos da América do Sul
O mundo é vil Morrem mil Sorrir o imbecil. O certo aplaude O correto, obra retórica E para Deus e a realeza, ora. Não para de brilhar o viés na TV O sentado, não pensa, vê. Enquanto Kate, grávida da Próxima coroa, faz Harry sorrir. Sonolento, vou até a privada Submergir Invadir o mundo ardiloso. Fezes evacuo. Sei, não é cheiroso. Depois me masturbo para 53
Acordar. É preciso mais que vontade para Continuar. Ontem, hoje, amanhã Contra o que me coagir! Varonil vou contra The world vil Contra o imbecil E a verdade senil.
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Inexist棚ncia
O tempo n達o passa E n達o para. Se existe algum tempo Eu n達o existo.
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Sinto
Sinto-me incomum. Comum só a mim. Pedaço duma ferida Que protege o pus da liberdade. Um pedaço de nada, às vezes. É. Pedaço de nada todo o tempo.
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Você mesmo
A Paciência É mãe da conquista. O pai é você mesmo. Eu que o diga.
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Vai
Sob o sol Pedaço de carne Mofado desastre Foram deslizes (desfiles) instáveis E saídas letais.
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E esse verso é sobre ela
Carros Buzinando-se Pessoas Matando-se Engarrafando meus pensamentos. Homens e mulheres Aflitos no contemporâneo Contentamento. Há em mim uma saída E esse verso é sobre ela. Sobre ela voa uma vida Uma vida cheia de promessa Cheia de cor e ternura. Que seja sempre um caminhar Sobre a dor e luz futura. 62
Eu tenho minhas frases
Escrevo como se não pudesse Deixar de fazer. Escrevo porque quero me ler. E quando você me ler Não vai sentir isso Que acabei de conceber. E se sentir Estamos indo pro mesmo abismo. Lá embaixo vai ser de foder! Eu tenho minhas frases Desaprovo suas faces São todas fases. Somos todos fezes Poderia escrever bosta ou merda Mas somos mesmo todos vermes. Como se ouvir música em alta 63
Qualidade sonora O levasse para o céu. A música é um pedaço do céu Céu Quando concebido por alguém Que concede e determina O que é céu. Você vai ficar aí sentando Me lendo? Se for, procura entender E interpretar bem O que estou escrevendo. Pode parecer uma oração longa Mas só é o mistério Que nos separa estre o espaço E o tempo E outras milongas. Se eu te disser que tenho muitos
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Muitos nomes E que posso não rubricar O que convém Volto sem e anomeado vou. Ainda assim Assino Como o mais solto José Couto. Vivo com fome dos lábios Das mulheres que têm olhares Que nos faz ser ímpares E admirar a arte Sem definição do exato. Mas definida no seu exalo. Olho e fico de pau duro RolaDuro E sinto vontade de chupar A suavidade
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Chupar ainda mais a verdade. Gosto de chupar no claro Observando cada rastro Onde minha língua Encontrará a vida. Tem que parar? Como se fosse fácil parar. Já não basta tudo parecer parado? Mas, tenha paciência O universo conspira Com nossas divergências E recomeçar é força intensa.
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Vento
Quem quer o bem Tem que ter fé Que vem Como vento E de ninguém.
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Versol
Olhos abertos: O sórdido Verso Ver o sol Sem que desça uma lágrima Sem que pare o mundo Sem que a alma diga E o coração esfrie pire, paire. Tudo agora é versar o sol. O sol. Ver sol. Versol. Crer sem medo e só, ir. Pois ver é ser livre E ir É ser o sol. 71
Meu verso
Minha versĂŁo caminha AtĂŠ a cozinha Abre a geladeira E completa o copo de vidro Barato Com Martini Rosato. Na janela invade um vento frio Que alivia o que seria vazio. Meu verso ĂŠ vil.
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O que fazer para matar o tédio?
O amor permanece E nos pertence. Ainda assim a vida não é lógica Eis o doce da questão. Mas se ainda se culpas Pela sua culpa Deixe-se de lado Procure cheirar um pescoço alado Crie brados de afagos.
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A loucura é uma realidade
Vontade de gritar Todos os sons e ruídos Que por dentro Estão presos e acolhidos E sentem-se em casa. O vômito é o pior dos poemas. Esse é um dos piores Poemas escritos por mim E está no livro por insulto A quem leu os versos até aqui. Vômitos poéticos aliviam a alma E aguçam a destreza do leitor Ou os fazem perder tempo. Existem muitos pontos de vistas E existem também babacas 74
E suicidas Mas os suicidas não são babacas. A loucura é uma realidade A loucura é oxigênio. Cada merda tem seu tamanho.
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Onde ir
Assim que amanhecer Vou dormir. Assim que amanhecer minha alma Descubro para onde ir.
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Canibaversivo
Devoro versos DevassidĂŁo altiva O resto ĂŠ resto.
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Fim
Chega de poemas e abstrações Vamos às desilusões.
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Sobre o Autor: José Couto nasceu em 28 de outubro de 1983, na cidade de Alagoinhas, interior da Bahia, onde viveu até os sete anos de idade. Depois, mudou-se com a família para Juazeiro da Bahia, divisa com o Estado de Pernambuco, ao lado da cidade de Petrolina. Ambas cidades banhadas pelo Rio São Francisco. Aos 18 anos, mudou-se para Salvador, Bahia, junto à família novamente. Cursou Publicidade e Propaganda na Universidade Católica de Salvador. Aos 24 anos mudou-se para Teresina, Piauí, onde morou até 07/2014. Quando retornou a Salvador, onde atualmente reside.
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José Couto publicou seus primeiros poemas na abertura e no final do conto ‘De onde nascem os demônios?’ do livro ‘Narrativas do horror cotidiano’ (2011). E participou com alguns poemas do livro ‘Desigual’ (2012). José Couto é pseudônimo do escritor José Augusto Sampaio.
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