I volume cadernos Nº 0 - 6

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VOLUME I CADERNOS DE APONTAMENTOS Nº 0 - 6

SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História de Séc. XIII – Séc. XXI Património Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo

Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)


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Aos leitores:

Tudo começou na adolescência. Foi um desejo sabermos a verdade da terra onde nascemos - Salvaterra de Magos. Foram anos a fio de trabalho e canseira, que nos deu encanto e prazer, Do que lemos e vimos, “nasceu” o gosto de comunicar o que encontrámos. Agora, modestamente aqui mostramos, damos a conhecer; é simples “é pouca coisa” Sempre são seis volumes da história do povo, Será a lembrança, de que um dia vivemos !..


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Fotos da Capa do Volume I - Fonte de Santo António, Construção conhecida antes de 1788, destruída em 1951, no Antigo Largo Santo *António, junto à Câmara Municipal * Edifícios que serviram de Cinema e Teatro


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VOLUME I Colecção de Cadernos de Apontamentos Recordar, Também é Reconstruir !

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Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Edição: Março 2015 Capas e composição do Autor Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 64-1º Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ********


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2ª Edição Revista e Aumentada ************************ Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt ******* O autor deste volume não segue o acordo ortográfico de 1990


6 JOSÉ RODRIGUES GAMEIRO

Indíce: COLECÇÃO - RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !

Cadernos/ Livros: 0 - Apresentação 1 – Monumentos e Edifícios de Interesse Público 2 – Foros de Salvaterra (Uma terra que já foi Coutada Real) 3 – A Propósito de Toiros em Salvaterra de Magos 4 – Restaurante Típico Ribatejano 5 – A Misericórdia de Salvaterra de Magos 6 – Os Teatros e Cinemas que existiram na Vila


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Caderno de Apontamentos Nº 0

SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História de Séc. XIII – Séc. XXI Património Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo


8 Primeira Edição

FICHA TECNICA: Titulo: O PORQUÊ DESTA EDIÇÃO Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 00 – 1 Depósito Legal: 256452 /07 Edição: 100 exemplares * Março: 2007 ************************* Capa: Foto da extinta Fonte de Santo António - 1930


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2ª edição Revista e Aumentada * Março 2015 ******************************* Contactos * Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt ************** O autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990


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O MEU CONTRIBUTO Ao longo de muitos anos, estudamos e guardamos documentos, fazendo um arquivo documental e fotográfico, que para nós é um pequeno espólio. da história da terra onde nascemos – Salvaterra de Magos. São documentos originais ou cópias que vem do séc. XIII, até aos nossos dias. Algumas famílias com raízes profundas nesta terra, possuem documentos e peças importantes que, podem ajudar a conhecer e compreender melhor o passado desta vila, Um dia tomamos boa nota disso quando me facultaram o seu acesso. A feitura desta colecção de Apontamentos – “Recordar, Também é Reconstruir!”, foi a melhor forma encontrada de divulgar vários temas como: Património Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo. O caderno tem (tamanho de bolso) com poucas páginas cada um, sabendo que o leitor gosta de ter ao seu alcance uma rápida e fácil informação, que começa neste Apontamento Nº 0, e termina no Nº 45.


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Professores e estudantes, até o simples visitante, sempre curiosos das coisas desta terra, quando nos procuram nunca deixam de “beber” neste pequeno arquivo, sabendo de antemão, que estão perante um trabalho de carolice. que decerto fará cobiça a um qualquer investigador na área da história deste concelho. O titulo, já o tínhamos usado numa série de artigos publicados nas páginas do Jornal Vale do Tejo, semanário de que fomos seu secretário de redacção. Deste espólio, documental e fotográfico, já fizemos muitas utilizações, conforme as necessidades; desde o campo jornalístico, à feitura da monografia, editada com o título: SALVATERRA DE MAGOS – UMA VILA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO, em 1985 e 1992, ambas com edições esgotadas. Uma outra edição – a 3ª também teve lugar em setembro de 2014, quando da homenagem pública que o município de Salvaterra nos prestou. Porque muito do património monumental da vila, que enriquecia a sua urbanização que vinha de séculos, desapareceu por causas diversas: fogos (Paço Real e Casa da Ópera), terramoto (1909), que destruiu o Hospita,l e a Casa da Gafaria, anexa à Capela da Misericórdia, que durante séculos serviu para dar aposentadoria a pobres e peregrinos. As mazelas, que durante anos estiveram à vista no Palácio da Falcoaria por usos indevidos, cujas culpas terão de ser imputadas aos cidadãos, seus proprietários daquele tempo, e serão também assacadas aos que serviram as autarcas locais – Junta de Freguesia e Câmara Municipal, que em devido tempo não tomaram as decisões adequadas. Todas elas não as deixamos de


12 aqui registar, nas páginas desta edição para que constem como por exemplo: Pelourinho, Fontes e Fontanários entre outros. De tudo, deles só nos resta a sua recordação na leitura das muitas páginas dos livros ao nosso dispor. Nos dias que correm, veja-se o estado lastimável, das Chaminés das antigas Cozinhas do extinto Palácio Real de Salvaterra de Magos, que sendo de particulares, no inicio da década de 20 do séc. XXI, sofreu graves danos, depois da autarquia ter autorizado uma nova urbanização ao lado. A comunicação social, em tempo oportuno, sobre o assunto fez notícia. No decorrer deste trabalho, decerto o leitor, vai encontrar a nossa presença, com uma ou outra descrição pessoal em alguns temas, tal justifica-se, porque neles participamos pessoalmente, vivendo-os, ou andamos por lá perto. Os jovens sempre vulneráveis aos Contos e Lendas, são eles muitas vezes confrontados com informações pouco precisas em casos ocorridos na vila e, que agora fazem parte dos fólios da sua história. Estes, são levados a considerar toda essa informação como verdadeira, até porque são prestadas por entidades e publicações públicas, que deveriam ter mais recato nelas . Por nós, desejamos que isso não aconteça! Decerto o leitor, vai encontrar nesta trabalho, alguns erros e omissões, pois não sendo uma obra requintada em palavras bonitas e pomposas, que aliás as não sabemos escrever, notando-se ao longo da edição a minha falta de formação académica, especialmente na literacia


13 usada. Em muitos números, o leitor vai encontrar, talvez um excesso, de referências à vida rural de Salvaterra de Magos e do seu concelho, mas tal não deverá estranhar-se, pois são daí as raízes profundas da sua população. “Recordar, Também é Reconstruir” sendo uma obra, em 42 Cadernos agrupados do volume I ao volume VI, que são editados em sistema brochado – em tamanho papel A5, sem aquele cuidado gráfico desejado, por isso, aqui fica desde já o nosso pedido de benevolência, dos leitores. MARÇO: 2015

O Autor José Gameiro


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CADERNO DE APONTAMENTOS * Nº 1 DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA de

SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XIX

Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo


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Fotos da Capa: - Fonte do Arneiro * Palácio da Falcoaria * Antiga Capela do Paço Real da Vila * Chaminé das Cozinhas do extinto Paço Real – Séc. XIX


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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: MONUMENTOS E EDIFICIOS DE INTERESSE PÚBLICO Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Autor: Gameiro, José Editor Gameiro, José Rodrigues Capa: Editor Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, L 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN 978– 989 – 8071 – 01 – X Depósito Legal: 256453 /07 Edição: 100 exemplares * Março de 2007

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2ª edição Revista e Aumentada * Março 2015 ******************************* Contactos * Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt ************** O autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990

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O MEU CONTRIBUTO

Eramos uma turma de mais de 40 alunos, repetentes da 3ª classe da instrução primária, que transitara para a profª Natércia Assunção. Para nos aproximar dos seus primitivos alunos, davanos aulas na sua casa, uma hora por dia à tarde. Foi de ver aquela rapaziada espalhada pelo espaço ajardinado. Em frente, pequenas habitações, com telhado de meia-aba, rodeavam um edifício de construção redonda, caiado de branco, era o Pombal, da Falcoaria, Esta última apresentava um estado de muita degradação, ambos vinham do séc. XVIII. A curiosidade entre nós era tanta, que pedimos à Professora, que fizéssemos uma visita .Obtida a autorização ao Pombal, lá no seu interior apreciamos na parede redonda, 310 buracos, que eram os ninhos onde os pombos criavam, para alimentarem e, servirem de treino os falcões,, no entanto estava cheio de mobílias velhas. À antiga falcoaria real de Salvaterra de Magos, não foi permitida, pois servia de Armazém e Celeiro, o seu exterior, mostrava alguma transformação.


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O pouco património monumental, da época manuelina, ainda existente na vila, tinha acabado de ser considerado de “interesse público” num lote que incluía a Igreja Matriz, do séc. XIII, onde a pedra de lioz, não polida nos portais e janelas sobressai na sua construção, a antiga Capela e as grandes Chaminés ainda existentes, que foram das cozinhas, construções que restavam do paço real de Salvaterra de Magos. Nós tínhamos nascido, por ali, em menino brincamos dentro daquelas chaminés, uns anos mais tarde, já zagalote interessamo-nos da origem da vila, pois esta tinha três ou quatro prédios, tipo palacete, com suas frontarias forradas a azulejos, e numa delas encimava no telhado umas caixas em madeira, com janelas envidraçadas – os miradouros. Estas construções estavam em contraste, com as moradias existentes na vila, que eram rasteiras e pintadas a cal com barras de azul. Dois Fontanários vindos de séculos; um junto à câmara, e que o povo conhecia como; Fonte de Santo António e uma outra conhecida por Fonte do Arneiro. A partir de 1968, já colaborador assíduo, no jornal “Aurora do Ribatejo” não deixava de dar a conhecer a riqueza do passado histórico de Salvaterra de Magos. MARÇO 2015

O Autor José Gameiro


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AS CONSTRUÇÕES A vila, passou por vários contratempos, no campo urbanístico, especialmente com os terramotos de Lisboa, em 1755, e os outros de 1855 e 1909. A mão humana, também não está isenta de culpas da desvalorização do património local. No dobrar do séc. XX, apenas alguns vestígios de “monumentos” foi resguardado, através de leis públicas de 1958. Viam-se, algumas casas de grandes dimensões, tipo solarenga que vinham do séc. XIX, mas a construção de habitações já assentava em imóveis de andares, especialmente um fogo acima do rés-do-chão. As habitações do povo, de parcos recursos mantiveram-se na pequena construção de uma casa, com porta de entrada em madeira, por vezes incluía um pequeno postigo, ou na fachada uma janela. Duas, ou três divisões, com um sótão, por cima de uma delas com acesso através de escada de madeira, no espaço que servia de cozinha, onde nesta se encontrava a chaminé de grande boca, Nas paredes exteriores era usado os adobes, com uma barra de tijolo a intercalar, sendo o reboco de cal. A maioria tinha a configuração de meia-água, para o exterior (rua), coberta de telha de canudo, ficando a outra parte, menos visível, pois dava para um quintal. A pintura com cal, conjugava-se com a barra de


21 cor azul ou amarelo. O tipo de decoração das frontarias, em azulejo, vieram juntar-se-lhes, já no dobrar do seculo XX, juntando-se ao palacete da família Costa Ramalho, na rua Alm. Cândido dos Reis, família Roberto, no Largo da Igreja Matriz, após a morte dos tios beneméritos, e uma outra na av. José Luiz Brito Seabra, que pertenceu a António Jorge de Carvalho e a moradia da família Oliveira e Sousa, junto à capela da Misericórdia. Estas eram grandes construções, onde os seus proprietários, absorveram a “grandeza” mostrada no país, pelos novos-ricos vindo do Brasil e África. A REAL FALCOARIA EM PORTUGAL Já em 1210, mais propriamente a 28 de Dezembro daquele ano, pode ler-se um correio sobre a arte de caçar com aves de rapina, desde os primeiros séculos da nacionalidade portuguesa. Sabe-se que esta prática de caçar, à muito era usada pelo povo “Mouro” que vivia nas terras, que deram origem a Portugal, como país. Baeta Neves, que se socorreu das pesquisas efectuadas por Rui de Azevedo, P. Avelino de Jesus da Costa e Marcelino Rodrigues Pereira, publica parte desse documento na Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa. “A dhuc concedo ut nunquam teneatis in domibus nestris meos aztorarios neque falcoanarios neque blistarios neque detis eciam bestias meis aztoraiis neque falconariis quod ducant illas ad ripariam”


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A tradução para o português actual poderá ser o seguinte: “..... Além disso proíbo que dês aposentadoria aos meus açoreiros, falcoeiros e balistários e também que dês os vossos animais aos açoreiros e falcoeiros para os levarem ao rio....” Este documento, é parte da correspondência que o rei enviou ao Bispo de Coimbra, onde isentava todo o clero de irem ao fossado, e a qualquer outras expedições, a não ser contra os mouros que invadem o país. D. Pedro I, cento e cinquenta anos depois, numa sua carta de 22 de Fevereiro de 1366, faz doação a Luiz Anes, Falcoeiro do rei em Salvaterra de Magos, de duas casas, uma olaria e um barreiro, e ainda uma terra de bacelo, na região de Beja e em seu termo. Esta doação engloba também seus filhos – demonstrando assim o seu apreço por quem tem apreço, em quem desempenha tal cargo. Com o decorrer dos séculos, cada vez é mais forte o gosto pela caça de Altanaria em Portugal, onde os monarcas vão assinando leis de protecção às aves de rapina e dando novas regalias a quem delas tratava com desvelo e carinho.


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PALÁCIO DA FALCOARIA REAL Nas extremas com o concelho de Benavente, para Poente da vila, foi construído o edifício apalaçado, da Falcoaria de Salvaterra de Magos, e seus anexos, como casas de habitação dos falcoeiros e pombal. Todo este conjunto de construções vem do séc. XVIII, e alguns historiadores dizem que o rei D. José, iniciou tal obra, que chegou aos nossos dias, mesmo que, em grande parte adulteradas na sua traça original. Segundo, Joaquim Silva Correia e sua filha, Natália Correia Guedes, no livro, O PAÇO REAL DE SALVATERRA DE MAGOS, editado de parceria com a câmara municipal local, encontraram documentos que a construção do Palácio da Falcoaria, remonta à época do reinado de D. João IV Aquele rei, sendo um grande amante da caça, aproveitou a Coutada de Salvaterra, para tal prática, no entanto teve o seu apogeu com o rei D. José. Nos anos de 90, do século passado, os autarcas; António Moreira e José Gameiro dos Santos, dedicaram grande empenho quer na recuperação daqueles velhos edifícios que mostravam os telhados a caídos (1), quer na volta da tradição da arte da caça de altanaria, o que levou à feitura de projectos para destiná-los ao turismo local, desejado ali albergar um Museu de Falcoaria. .


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Anos 70 séc. XX – estado de conservação Palácio Falcoaria Fotos de José Gameiro

O Pombal Uma bonita e original construção, suporta nas paredes do seu interior 310 “buracos”, onde os pombos criavam, para servirem de alimentação e treino às aves de caça, como : Falcões, Açores e Gaviões. Para a concretização de tal empreendimento, levou a uma geminação de boa amizade cultural, com Valkansuard, vila holandesa com afinidades com Salvaterra, pois daí vieram alguns falcoeiros.


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Tal irmandade, foi concretizada com assinatura de protocolos, havendo troca de festejos nas duas povoações,. Em Salvaterra, na ocasião foi inaugurada uma estatueta de um falcão num conjunto de fontanário, num Largo da vila. Desde 1997, as obras da Falcoaria em Salvaterra, continuam num projecto de recuperação em aberto, pois o turismo local, muito tem a lucrar com tal concretização.

Anos 70 séc. XX * Foto José Gameiro

A FONTE DO ARNEIRO O século XIX, estava nos últimos anos, os terrenos que pertenciam ao Arneiro da vila, ainda recebiam as águas pluviais, encaminhadas através da Azinhaga da vila, com destino à vala real, através do campo. A Fonte do Arneiro, fornecia a população, a par de muitas outrs nascentes na povoação O mapa da vila de Salvaterra de Magos, de 1788, dava conta da existência daquela


26 “Fonte”, até porque nas suas pedras abobadadas da entrada, ainda agora se pode ler, o ano de 1711. É de uma arquitectura pesada, onde lhe foi mais tarde fixado reboco a cal e, as pedras da sua escadaria, são de lioz, não polido. Do interior, na frente, sai água numa corrente constante através, de dois tubos em ferro, para uma pequena caixa no chão, que estando sempre cheia, esgota depois através do campo para a vala real. Na frente, junto às bicas, existe uma porta de ferro, parecendo não ser a original, que dá acesso a uma conduta em forma de túnel - trás a água da nascente/ ou mãe d’ água que, segundo informações remotas vem das terras junto ao convento de Jericó que, fica a alguma distância do local. (1) A esta fonte, estão ligadas algumas histórias da vila, especialmente as da roda de pedra. (2)

**************** ******************1– Em 1988, José Caleiro, homem que viveu em 2 séculos, informou o autor, que enquanto jovem entrava dentro do túnel para fazer a sua limpeza de ervas aquáticas * 2 - Em 1983 foi colocada no local uma rosa em pedra (simbolizava a que existiu onde os Ferreiros/Carpinteiros trabalhavam as rodas dos carros) **************** *****************


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A FONTE DA PETEJA (*) Mina/ Nascente já referenciada, antes da delimitação do concelho de Salvaterra de Magos, com o vizinho de Benavente, séc. XVIII De uma construção em tijoleira, situando-se numa barreira, nos terrenos com o mesmo nome, próximo do palácio da Falcoaria. A entrada bordada a pedra, apresenta agora no seu interior, uma água esverdeada, pela falta de uso à muitos anos, e pela sombra a que está sujeita. A escassos metros existe uma ponte de acesso ao Tejo, que pela sua construção é atribuída à época romana.

********* Na Foto; 1983 - Junto à Fonte /Mina de água da Peteja, Ângelo Gameiro – Foto de José Gameiro *******

A FONTE DE SANTO ANTÓNIO A sua construção vinha de séculos, larga de espaço, talvez em meia-lua, com as paredes forradas a pedra de mármore rosado.


28 A sua nascente vinha de um terreno ainda distante através de um subterrâneo/túnel, com a água a correr constantemente por duas bicas de pedra. Tinha na parede frontal ao meio uma porta em madeira para visitas de limpeza. Por volta de 1936, no seu espaço livre foi construído um depósito, que recebia água de uma bomba movida a motor – para abastecer as habitações que incluía também a zona da Igreja Matriz. No dobrar do séc. XX, ainda se via o excedente da água correndo a céu aberto, por um pequeno regato pela Trav. do Secretário, enchendo um grande bebedouro em pedra, para as manadas de animais beberem Com a inauguração da rede de água à vila de Salvaterra , em 1951, o depósito foi destruído por volta de 1955, tal sorte coube também ao fontanário em 1957.

1987 – Mãe-de água * Fotos de uma Reportagem fotográfica – José Gameiro


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Fontanário S. António – foto 1936 (Alex. Cunha)

A CAPELA DA MISERICÓRDIA Templo que foi entregue à Misericórdia de Salvaterra de Magos, mas tempos houve que servia para a realeza rezar, quando das suas viagens de e para Lisboa, através da vala real pelo rio Tejo. A capela, tinha um anexo, uma Albergaria (pequeno hospital), que servia de apoio aos rejeitados pela sorte e peregrinos, cujo caminho destino era Santiago, em Espanha. O Albergue como espaço de assistência,i perdeu actividade ao longo dos séculos e foi-se degradando, até que quando da venda dos bens da casa


30 real, a Misericórdia deixou de encontrar ali, os apoios que recebia da

1960 - Capela Misericórdia (Foto: José Cardador) 1990 Pedra do Portal antigo edifício – Recolha de Peregrinos Foto de José Gameiro

corte para acudir aos seus doentes. O terramoto de 1909, foi o golpe final na sua existência, pois a estrutura do telhado e demais divisões ruíram. No interior do templo a imagem da Senhora da Conceição, ali permanece ao longo do ano tal como o senhor dos passos, este abrigado no interior de uma pequena capela, saindo este por ocasião da Procissão da Páscoa, e o andor de Nossa senhora, no dia 8 de Dezembro Nos anos seguintes, o espaço esteve arrendado a particulares, sendo a sua serventia, feita através da porta existente no Botaréu – lado da rua Cândido dos Reis. Depois de limpo o espaço interior, os muros eram agora a sua recordação, além da pedra em mármore, que encimava a porta


31 principal. Por volta de 1960 ali foi construído um pequeno jardim. por iniciativa do abastado lavrador, João Oliveira e Sousa que morava junto ao local. a pedra em mármore foi colocada ao fundo, junto à porta que deixou de estar em uso, e nela colocado um gradeamento em ferro A porta que antes dava acesso da capela ao anexo, uma construção suportada pela Infante, filha de D. Pedro II, que era devota de Nossa Senhora, ficou ali à vista no espaço daquele novo jardim. A capela, que também foi atingida por aquele sismo, tal como os de 1755 e 1858, ainda tem no seu interior, nas paredes painéis de azulejos, do séc. XVIII, com episódios da vida de Cristo e da Virgem. O seu tecto, até 1979, era forrado com painéis de telas com pinturas (retábulos) alusiva à misericórdia e à vida mariana, são.de um valor incalculável.

Andor Nossa Senhora – Foto José Gameiro

O temporal daquele ano de 1979, danificou-as, e retiradas estiveram alguns anos na capela real, recebendo por vezes recuperação, por alunos, da Fundação Espírito Santo, de Tomar


32 que aqui vinham fazer algum estágio. A Misericórdia local, tendo a responsabilidade de zelar pela sua recuperação e paradeiro. (1), depressa os resguardou, numa arrecadação do seu Lar/Cendro de Dia para Idosos. Procurámos durante muitos anos ter-lhes acesso, em 2015 lá conseguiu, com a anuência do novo Provedor – Francisco Viegas, lá estavam guardados numa arrecadação, na esperança de melhores dias para a sua recuperação e colocados no seu lugar natural a Capela da Misericórdia. ***********

(1)– Uma reportagem sobre este edifício religioso, publicada no Jornal Vale do Tejo, em 2000, preocupava-se com o seu paradeiro e a sua recuperação como obra de arte. – Fotos de José Gameiro

Fotos do Tecto da Capela – antes e depois 1979, e 30 anos depois os Quadros estavam guardados no Lar da Misericórdia


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A CAPELA DO ANTIGO PALÁCIO REAL Segundo a opinião de especialistas é um edifício maneirista, construído em meados do séc. XVI, o seu interior divide-se em duas secções distintas. Uma delas é constituída pelo corpo do templo de configuração quadrada, onde sobressaem três pequenas naves, de pequenas colunas clássicas adoçadas às paredes. Em outras duas colunas , assenta uma cúpula octogonal, na outra secção, pode-se admirar o Altar-mor, com dois corredores laterais, cuja abóbada de berço surge de um entablamento longitudinal apoiado em c À abóbada central e a cúpula, irrompem de fortes entablamentos, um pouco desfigurados pela saliência, que apresentam no apoio dos arcos-testas, possivelmente de um enxerto posterior “ Este templo no séc. XVII fazia parte do conjunto do Paço real, tendo “sobrevivido” além de permanecer sem uso litúrgico teve por vezes a presença dos fiéis enquanto duraram as obras de recuperação da Igreja Matriz, que sofreu danos na sua torre e fachada como o sismo de 1858, e também por volta de 1897,


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ocasião em que se realizou ali a cerimónia do batizado do nosso avô materno Neste edifício existia um bonito armário com um pequeno orgão de tubos, que vinha de 1819, este instrumento musical sofreu sofreu danos irreparáveis na década de 60 do séc. XX, com a retirada dos tubos, pelas jovens crianças que iniciavam ali o seu percurso de escuteiros. Agora para recordação apenas se vê ali um móvel esventrado. Fotos usadas no livro ”O Paço Real de Salvaterra de Magos”

Móvel desprovido dos tubos musicais - Foto José Gameiro


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PAÇO REAL Segundo alguns cronistas o pequeno paço real, que mais parecia uma casa de campo, existente em Salvaterra de Magos, o seu conhecimento vem antes do contrato de casamento de D. Brites com o rei de Castela, sucedeu-lhe um longo período de donatários da vila, muitos deles através de trocas, até que D. João III, em 1542, fez doação de Salvaterra ao Infante D. Luis (1506-1555), que de seguida mandou fazer o Convento de Jericó e, além de custear a recuperação do pequeno Paço medieval, com ampliação, depressa este tinha um movimento de mais de meio milhar de criados, mas com a morte do Infante, a obra que estava a cargo do Arquitecto Miguel Arruda, ficou por concluir. Outros reis passaram a trazer a corte para Salvaterra, aproveitando os prazer da caça. Por volta de 1565, com D. Sebastião a obra foi continuada, esteve aqui uma longa estadia antes da partida para Ceuta. Com a passagem do rei Filipe I, o edifício foi aformoseado tal como os jardins, pois o monarca estaria uns dias em Salvaterra, para caçar e pescar. As obras do Paço Real, prosseguem com D. Pedro II. O seu período de grande procura, foi no reinado de D. José, que teve a sua época áurea, com grandes estadias aqui da


36 corte, aproveitando a recuperação de Lisboa após o terramoto de 1755. A vila de Salvaterra, também foi muito beneficiada, muitos dos seus edifícios foram reparados de causas provocadas por aquele sismo. Aqui aconteceu o episódio da morte do Conde dos Arcos, num “brinco” de toiros, onde estava presente a corte com o rei D. José, e muitos embaixadores/homens de negócios. Uns anos depois o escritor/politico; Rebelo da Silva, deu-lhe um cariz romanceado, que esgotava os jornais da época .CASA DA ÓPERA O teatro da Ópera, foi o primeiro a ser concluído de um grupo de três. O rei D. José manteve grande empenho na construção da Casa da Ópera de Salvaterra, visto a corte fazer aqui grandes estadias, muitas vezes até ao Carnaval (1), ,um seu desenho de implantação junto ao palácio, foi encontrado numa biblioteca do Rio de Janeiro, Brasil, (2), da autoria de Carlos Mardel, cuja arquitectura seria do italiano Bibiena. A sua inauguração aconteceu em 21 de Janeiro de 1753, mesmo com D. Maria I, ainda era muito usado, tendo ali num espetáculo a monarca, os seus primeiros sinais de loucura, Com a fuga da corte para o Brasil, após a 3ªI invasão francesa, o declínio tanto do palácio e da Casa da Ópera, começou a notar-se. No séc. XIX, o edifício mostrava progressiva ruína depois de vitimizado por um incêndio, e com sinais de grande vandalismo ********** (1)O Paço Real de Salvaterra de Magos; Joaquim Manuel Correia, e Natália Brito Correia Guedes * (2) O Real Teatro de Salvaterra de Magos; Aline Gallasch-Hall de Beuvink


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com a presença das tropas da invasão francesa, e mau uso que recebeu segundo alguns registos. Anexado ao Paço, contavam-se cerca de uma dezena de casas, uma delas de grande vista, com dois pisos, contando muitas portas e janelas de serventia às Divisões interiores. Esta grande construção desembocava numa pequena travessa, onde o secretário do paço estava instalado, entre os arquivos, outras serviam de quartel da cavalaria. Ainda em 1818, na noite de 27 para 28 de setembro, novo fogo de madrugada acorda a população da vila – ouvem-se gritos; Há fogo, há fogo no palácio !...

Mesmo com várias obras no edifício ao longo dos anos, para acabar o seu restauro, também se contava em alguns anexos como o que servia de enfermaria dos cavalos. Em tal sorte se achava o telhado da Casa da Ópera, que sucumbiu com um paredão da fachada do palácio, com o terramoto de 1858. Em 10 setembro de 1849 todas aquelas ruinas já tinham sido vendidas em haste pública num decreto assinado pela rainha D. Maria II.


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apenas sobrou a capela, e as chaminés das cozinhas construções que ainda se conservam nos dias que correm. Alguns anos depois do terramoto de 1909, o que restava da existência do Paço Real, foi destruído com cargas de explosivos, servindo muita da sua pedra para empedrar as ruas da vila. Relatos de populares que colhemos, em 1989, nas entrevistas que guardamos num DVD, com o titulo “ Em busca do Teatro da Ópera de Salvaterra de Magos”. CHAMINÉS DAS COZINHAS DO EXTINTO PAÇO REAL

As três chaminés que pertenceram às cozinhas do Paço de Salvaterra, depois da venda pública, estiveram ao longo dos anos na posse de vários particulares Manuel Vieira Lopes, por volta de 1920, foi comprar aquela propriedade num litigio judicial, no tribunal de Coruche. Em 1958, seus filhos incluíram algumas partes, especialmente as Chaminés no novo Restaurante Típico Ribatejano, que estava no prolongamento do Café Ribatejano. Durante cerca de 30 anos aqueles grandes espaço interiores, serviram de salas, sendo muito apreciadas a sua conservação pela clientela, com o fecho daquela unidade de restauração típica ribatejana, os descendentes da família Vieira Lopes, ainda conservação tudo nos seus lugares, como esperar-se voltar um dia a laborar.


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1968 e 2003 Fotos JosĂŠ Gameiro


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Em 2003, uma nova urbanização foi autorizada para se instalar junto àquelas Chaminés, com os trabalhos das máquinas as velhas construções ficaram num estado de péssima conservação, o que levou os seus proprietários a litigio judicial com a autarquia de Salvaterra de Magos – visto as chaminés estarem sob a alçada da lei, como monumentos. A IGREJA MATRIZ Templo religioso evocativo a S. Paulo, orago da freguesia de Salvaterra de Magos, foi construído em 1296, um ano depois da fundação oficial da sua vila e concelho., a pedido do Bispo de Lisboa; João de Soalhães. Situada no então centro da vila, é um edifício grande e bem conservado, tem no seu interior digno de ser visto: Na Capela – Mor, o altar de boa talha dourada onde sobressai Cristo na sua cruz, As suas laterais, estão decoradas grandes telas, última metade do séc. XVIII, talvez de 1761 – atribuídas a Joaquim Manuel Rocha, como uma outra de enrolar que tapava o altar do mesmo pintor,, também é atribuída a Bento Coelho da Silveira. Existem dois cilhares de azulejos azuis e branco da mesma centúria com cenas decorrentes da bíblia, que veem das reparações (1758)


41 após terramoto de Lisboa. A pia batismal, de traça vulgar é referenciada do séc. XVI. . Quando das obras na segunda metade da década de 50 séc. XX, esta ainda existia aquuela tela(1), de resguardo do altar, e um separador em grade de ferro(2) entre este e assembleia de fiéis.. O espaço do tecto do templo, de cor azul, onde uma linda pintura do santo Paulo, está rodeada de anjos “voando”. À entrada, num primeiro andar (falso) construído em madeira, encontra-se um móvel com um órgão de tubos, construído no séc. XVIII, foi recentemente recuperado. Numa das suas capelas interiores, está bem resguardado, uma figura do senhor morto, e

********** (1) - Obras vigiadas pelo Pároco da vila, Pe. José Diogo, que também retirou o gradeamento em ferro, entre a Capela-mor e o espaço da assembleia de fiéis (*) No chão do altar foram encontradas algumas pedras tumulares (**) Em 1980, Na posse da família Costa Freire, existia uma foto que nos foi mostrada, via-se a tela de enrolar

(2) - Foto publicada no Jornal Vida Ribatejana (Revista Anual) de 1957 (*) Foto Reparação do telhado com retirada da pintura/palavra “Salvaterra” - 1991


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numa sala, que serve de Museu, encontra-se uma Pietá em madeira, com boa policromia, da virgem com Cristo nos braços após a decida da cruz – era espólio da capela real. Quando do sismo de 1858, que muito abalou este templo, tendo necessidade de ajuda real, a sua torre em bico, foi revestida de azulejo azul muito usado na época. Também foi colocado um relógio, com mostradores em três lados com números romanos e as setas com efeitos terminando em bico, Estes foram colocados antes das janelas dos sinos, Na obra de conservação da década de 50 do séc. XX, o município de Salvaterra, ofereceu um outro relógio, adquirido a uma casa da especialidade, de Almada. Um grande adro em pedra, junto à Igreja (lado norte), deu lugar a um acrescento, com mais divisões da Igreja.

1957 – Vedação em ferro e tela de Enrolar tapando o Altar 1999 – Obras com limpeza do telhado * Foto José Gameiro


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Nos anos 80,, com a caída de alguns azulejos da torre, o vereador municipal; Cassiano Oliveira, propôs a substituição de toda a cobertura por outros iguais, que foi aceite. O Orgão de tubos existente no coro alto, construído em madeira, ao fundo do edifício, estava desde há muito parado, necessitava de grande reparação, foi construído pelo organeiro; António Xavier Machado e Cerveira, em 1825, um padre estagiário; António José Ferreira, apreciador destes órgãos, fez um grande peditório para a sua recuperação, que esteve a cargo da oficina e Escola Organeira, de Esmoriz. A reconstrução da pintura do móvel, foi efectuada pelo DRCEAAIP - Tomar FRONTÕES RELIGIOSOS A religiosidade da comunidade salvaterrense, perde-se nos tempos da sua fundação, no entanto foi volta do séc. XVI, que as manifestações se tornaram mais evidentes.

Casa Solarenga – Família Menezes – final séc. XIX * Fotos José Gameiro – 1995 *


44 Para comemorar, os festejos que, anualmente se realizavam na vila, e talvez por uma questão de fobia religiosa da época, muitas das residências tinham nas suas fachadas, um FRONTÃO, que quase sempre era ocupado por uma imagem da crendice do proprietário. Ainda existem em Salvaterra de Magos, vários edifícios com esse tipo de construção. Na rua Cândido dos Reis, uma residência ainda suporta uma dessas peças alegóricas, com uma estatueta de Santo António, com o filho nos braços, que desapareceu, após o 25 de Abril de 1974. PALÁCIOS E PALACETES BRASONADOS Ao longo dos séculos, na vila de Salvaterra de Magos, viveram famílias, que possuindo brasão, eram autorizadas a ostentá-lo, em forma de ”Pedra de Armas ”, sendo as suas residências, local ideal para colocar o símbolo de sangue ou doação, fruto de uma benemerência real. As casas solarengas, um pouco apalaçadas ainda exisrentes em Salvaterra de Magos, mostravam a opulência dos seus proprietários, que foram lavradores bem conceituados na terra, pela riqueza que tinham na área da agricultura. Alguns deles além, das habitações possuíam por toda a vila vários celeiros e adega, e albergarias e currais para manadas de gado.


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PALACETE DOS ALMADAS

A encimar o portão, do velho Palacete, encontra-se a “Pedra de Armas” dos Condes de Almada É uma bonita construção, bem conservada ao longo dos tempos, está situada entre a Av. António Viana Roquette e Av. José Luís Brito Seabra, no antigo Largo Mártires de S. Sebastião, espaço muito flagelado com o terramoto de 1909. Segundo alguns registos, foi construído nos meados do séc. XIX, como Casa de Campo, sendo de realçar a sua fachada cheia de janelas. No primeiro quartel do séc. XX, a família Roquette tinha adquirido o imóvel, mais tarde nos anos 70, foi comprado por Armando Leitão Cabaço que tinha, habitação e oficina de mecânica, ali junto.

1995 Fotos de José Gameiro


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Pela configuração dos seus terrenos anexos com jardim, que dão acesso a uma outra entrada à Rua Gen. Humberto Delgado, através de um grande portão, que tem a encimar a inscrição 1846, No dobrar do séc. XX, as gerações mais antigas diziam, que tinham ouvido aos seus avós que ali se realizaram “brincos reais”, e tudo levando a supor que assim tenha ocorrido pela apresentação do espaço.. PALÁCIO DO BARÃO DE SALVATERRA Na actual rua Cândido dos Reis, ainda existe o palacete do “Barão de Salvaterra”, que deu origem à família Viana Roquette, ostenta numa das suas paredes (no interior), a sua “Pedra de Armas”. Edifício mandado construir pelo 1º Barão de Salvaterra, Luiz Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos, ainda ostenta uma grande beleza, que são as suas varandas, cuja ferraria é digna de apreciar.


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PALACETE DA FAMÍLIA COSTA FEIRE Na rua João Gomes, uma grande construção, ainda é residência de descendentes da família Costa Freire, que ostenta no seu interior, o seu brasão e, tem cópia nos museus de Sintra, descendendo esta família do Desembargador da Corte, António da Costa Freire, homem de grande prestigio no séc.XVIII

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1995 - Casa solarenga – Família Costa Freire * Foto José Gameiro


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PALACETE DA FAMILIA CONDE MONTE REAL Construção primitiva feita pela família de José Luís de Brito Seabra, nos primeiros anos do séc. XX, passou a pertencer a Jorge de Melo e Faro, II Conde de Monte Real. Esta construção foi da família de José Luis Brito Seabra, que por compromissos de negócios financeiros, a entregou, como outros terrenos, ao I Conde Monte Real (Artur Porto de Melo e Faro), que tinha recebido o titulo nobiliárquico (Conde Monte Real) por decreto do rei D. Carlos I, em 21 de Outubro de 1907, vivendo no seu palacete em Lisboa. Por sua morte, o filho Jorge Cardoso Pereira da Silva de Melo e Faro (II Conde de Monte Real), já na posse das propriedades agrícolas na Lezíria ribatejana, no concelho de Salvaterra de Magos, ao longo dos anos foi recebendo obras de conservação. Jorge de Melo e Faro, e a Condessa, sua esposa, passaram a fazer grandes estadias no palacete de Salvaterra. Com a morte de ambos, o palacete continua na posse da família.


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PALACETE DA FAMILIA OLIVEIRA E SOUSA É uma construção que vem do final do séc. XIX, primeiros anos do século XX, onde os azulejos sobressaem a forrar as suas paredes exteriores. Construído, junto à Capela da Misericórdia, ainda conservava, em 1936 no cimo do seu telhado, os Mirantes que, dali se podia observar uma vista sobre o campo, o Tejo e em dias limpos, as vilas da Azambuja, Cartaxo e Valada. Com o decorrer dos anos recebeu algumas obras de conservação, os Mirantes foram retirados, e na frente lado norte, foi construído um muro com grade em ferro

Fotos: Anos 1936 e 1999


50 SOLAR DA FAMÍLIA ROBERTO Casa de grande beleza para o tempo da sua construção no largo da Igreja Matriz, ocupando espaço nas antiga rua Direita (Rua Luís de Camões) e a Trav. do Bilbau. Em relação às outras existentes na vila, tem a diferença de mostrar as suas paredes exteriores, um azulejo de cor verde, foi construída com opolência para dar guarida à família Roberto. Depois da herança recebida dos dois irmãos: Vicente e Roberto (Bandarilheiros), quando em actividade, adquiriram fortuna, e tiveram habitação em outras construções nas, rua Direita e rua Cândido dos Reis (antiga rua de S. António).

1999 - Rua Luís de Camões e Trav do Bilbau Fotos: José Gameiro


51 EDIFICIO DA CÃMARA MUNICIPAL Alguns documentos dizem-nos que o eedifício pertencente ao património da rainha D. Maria II, foi doado por esta para instalação do município. Ao longo dos tempos, poucas alterações

sofreu, para o seu acesso existia uma escadaria (deu origem a uma rua, no final do séc. XIX). Na sua fachada, apenas se lhe juntou uma construção existente, no seu lado esquerdo, por volta de 1935, que tinha servido de talho municipal. Ainda mantém o salão nobre, já com alterações à traça primitiva(1) Ao longo dos anos nele já estiveram instalados serviços das Finanças, e posto da GNR, que ocupou o rés-do-chão quando da sua instalação na década de 30 do séc. XX. O Telhado e os rebocos das paredes exteriores, nos últimos anos daquele século foram substituídos. ******** (1)No mandato de Ana Ribeiro, o tecto foi pintado de azul, voltando A ter cor branco, em 2014, no mandato de Helder Esménio


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PRAÇA DE TOIROS DE SALVATERRA

Um Ex – Libris

Construída num terreno oferecido pela câmara, à época devoluto, para os lados sul da vila, na área onde ainda existiam restos de um dos três moinhos de vento, que houve no local. Uma ”Comissão” de homens de boa vontade, levou avante a sua iniciativa, e a inauguração foi em 1 de Agosto de 1920, entre os festejos houve também duas corridas de toiros, sendo depois entregue por doação à Santa Casa da Misericórdia local. A construção parecida com o Campo Pequeno, mesmo depois de ter sofrido grandes danos com o Ciclone, foi recuperada em 1942, e com festejos de uma corrida, onde esteve presente o Presidente da República, Oscar Carmona, conserva muitos desses traços originais. Especialistas dizem ser uma obra de valor, para os naturais da terra é um ex-libris da vila. Com a construção da EN 118, em 1942/43, e devido à sua localização, ao longo dos anos o espaço que, a circunda tem sido alvo das mais variedades obras de urbanização, levadas a cabo pelos executivos que têm passado pela autarquia mesmo com Dr. José Gameiro dos Santos, em 1976 e Ana Cristina Ribeiro (1997-2013)


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1942 - Festejos depois das Obras após Ciclone – Chegada Presidente da República – Óscar Carmona * Fotos A/d

Pracetas EN 118 e Praça de Toiros * Fotos José Gameiro (1979 e 2010)


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PALACETE TIPO INGLÊS A família Lapa, lavradores importantes nesta terra, tendo comprado terrenos devolutos ali nas redondezas das ruínas do Paço Real da vila, quando da venda pública da casa real por decreto de D. Maria II, António Lapa, aproveitou a nova urbanização que a vila de Salvaterra de Magos, estava a receber após o terramoto de 1909, e ali junto aos celeiros da familia Roquette, na nova rua Heróis de Chaves (antiga rua dos Arcos) mandou construir para um seu descendente – Alberto Lapa, uma habitação. A casa tinha uma edificação algo estranha, pois contrastava com a urbanização que a vila conservada. O povo passou depressa a chamava-lhe a casa inglesa, do Alberto Lapa.

1999 –Rua Heróis Chaves * Foto José Gameiro


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Bibliografia usada: *Jornal Ilustrado Português a “Hora” – 1939 * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo *José Gameiro, Edições 1985 e 1992 (Esgotadas) * 2014 * O Foral Nº. 1 (1996) –Revista/ Edição Câmara Municipal de Salvaterra de Magos * Jornal Vale do Tejo – JVT (2001) e outros documentos recolhidos pelo autor. * Anais de Salvaterra de Magos (1959) – José Estevam *O Paço Real de Salvaterra – De: Joaquim Correia da Silva e Natália Correia Guedes, Edição: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos *

O Real Teatro de Salvaterra de Magos- Aline Gallasch-Hall

* O Sismo de 1909 Salvaterra de Magos – Livro edição CMSM


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Edição – José Rodrigues Gameiro


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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 2 Documentos para a história de

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. XIII – Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo

Uma terra que já foi Coutada Real


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Fotos da Capa: Cortejo de Casamento em Carroça * Casal depois do casamento – Anos 50/60 séc. XX * Folclore – Rancho da Várgea Fresca - Autor


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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: FOROS DE SALVATERRA: “ Uma Terra que já foi Coutada Real ! ” Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Autor: Gameiro. José Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 02 – 8 Depósito Legal: 256454 /07 Edição 100 exemplares * Março 2007


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******************** 2ª Edição - Revista e Aumentada * 2015 ******************** Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 704 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt O Autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990


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O MEU CONTRIBUTO No dobrar do século XX, todo o rapazio da vila de Salvaterra de Magos, já sabia que, aos sábados de manhã, se realizava um casamento na Igreja Matriz. Era de ver, as longas filas de carroças, que chegavam ao Largo e, logo os animais eram “amarrados” às árvores que ali existiam. A música, acabava os seus últimos toques, e os noivos acompanhados dos pais, padrinhos, familiares e convidados, ajeitavam-se para a entrada naquele templo religioso. Muitos dos convidados não entravam, aproveitavam o tempo da cerimónia, para se dispersarem, pelas tabernas, a mais próxima à Igreja era a do Morais, e aí ofereciam copos de vinho e cigarros, aos homens da vila ali presentes. Algumas mulheres, iam às lojas, do José Inácio, Pedro Santos, Celestina e outras, de quem eram clientes anuais, comprar amêndoas e rebuçados. Quando a cerimónia religiosa terminava, a comitiva, logo se ajeitava para o regresso, os rapazes, andavam de volta dos carros e recebiam a oferta daquelas doçarias, tiradas dos “talegos” de pano bem guarnecidos de desenhos. Porque vivi esse tempo, mais tarde, para uma pesquisa jornalística, fiz a recolha dos usos e costumes daquelas gentes, contactei com os


62 filhos e netos, dos que iniciaram o desbravar das terras que, agora são os Foros de Salvaterra. Da terra-mãe, Salvaterra de Magos, conservavam muitas raízes, nos seus usos e costumes, que iam para além da indumentária, e da comida. Os “ditos populares”, que na origem já se iam perdendo, estavam bem vivos, nas gentes Foreira, de mais de 70 anos. MARÇO: 2015

O Autor JOSE GAMEIRO


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FOROS DE SALVATERRA Uma terra que já foi Coutada Real !

Foi terra outrora pertença de reis, com seus pauis e lagoas, num solo deveras favorável onde nas várzeas e, zonas ribeirinhas húmidas, formadas de terras de aluvião e areno-arenosas, poisavam aves como,o cisne, o pato, e grou. Mais para o seu interior, nas terras de charneca, o mato, abrigava caça abundante de animais de pelo, o javali, o coelho e lebre. O faisão, a coderniz e o pombo, tinham tempo próprio para ser encontrado. Os uivos de lobos, eram ouvidos por quem se embrenhava dentro daquela terra de coutada em dias de montaria. A Coutada Real de Salvaterra, em 1520, com estremas, até Benavente, Coruche e Almeirim, tinha como pertença, entre outros, os lugares de Moita Paredes, Ameixoeiro e Magos, nomes que em 1295, já vinham descritos no Foral de D. Dinis.


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Alí, era proibido apanhar qualquer peça de caça, especialmente animais de pelo, como: o Javali, Coelho e a Lebre, além das de pena, como: O Grou Pato e Faisão. Para estes delitos, o povo recebia penalizações que, iam até à deportação para outras terras, como as colónias portuguesas. Num estudo, de 1758, do padre, da vila de Salvaterra de Magos, Miguel Cerqueira, nos diz: “Naquela planície de charneca, onde os vizinhos se dispersam pelos sítios do Culmieiro; com nove residentes. Misericórdia; com um, Coelhos; com cinco, Cabides; com dois, Figueiras; com seis, vendo-se um conjunto de 23 habitações. Tal estudo completava a informação, que junto a um grande braço de água vindo de outras terras, existe, um vale de terras húmidas (1), com o lugar de Bilrete de Cima; com nove vizinhos. Também aquelas terras eram conhecidas como “Milagrosas”, das suas profundezas nasciam águas e plantas que, o homem vinha aproveitando para curar os seus males, segundo informações de boticários da época. No Paul de Magos, existia o “Vale de Unheiros” onde numa nascente com um pequeno olho de água, brotava um líquido que, ************ (1) - Durante muitos anos, foi conhecido por Vale do Grou


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o povo dizia substituir o chá. A voz popular, dizia; “Quem Bebese daquela água, passaria a ter mais vontade de comer “ O bruco, uma outra erva de grande poder curativo das vias urinárias, além das terras do Paul, se colhia em outros sítios do termo da vila de Salvaterra de Magos. Com a extinção das Coutadas Reais em 1821,a Junta da Paróquia de Salvaterra de Magos, “aforou”, em 1845 aqueles terrenos que, viriam a dar lugar às povoações que, hoje fazem parte do concelho. O povo que,” colonizou” aquelas terras não sabia que estava debaixo da alçada de leis anteriores à época romana. Em Portugal, ainda se praticava o sistema do enfiteuse, um modo de usar as terras, pelos senhorios, já conhecido dois séculos a. C. A POSSE DA TERRA Quando do aforamento daquelas terras, os modelos usados pelos novos donos, foi de origem espontânea, sendo utilizados alguns sistemas de pequena “Exploração directa, Parceria ou o Arrendamento”.


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As primeiras parcelas de terreno, em licitação pública foram vendidas a 250$000 réis, sendo as seguintes em preços, entre os 1.000 e 3.000$000 réis. Os anos foram passando, a segunda geração de Foreiros, iniciava, a luta pela posse da terra por si trabalhada, foram confrontos, que levou muitas famílias perante as decisões dos tribunais, prolongando-se muitas causas para além da 4ª geração de rendeiros. A saída do decreto-lei n.º 39.917, de 1954, não contemplou por inteiro os seus direitos, nem um outro de 1976, e só muitos anos mais tarde, existiu a discussão do projecto de lei 343/IV que, foi aprovado, e saiu como lei contemplando a legalização da Várgea

Fresca e Califórnia.

O povo dos Foros de Salvaterra, conquistava assim um desejo que, durava à muitas dezenas de anos. O progresso vinha chegando, e o primeiro ramal de electrificação de algumas zonas, aconteceu no dia 24 de Outubro de 1981, para comemorar o acontecimento o executivo da Junta de Freguesia, promoveu um programa com muitos festejos.


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1968 - Mulheres Foreiras, aos sábados, entrando nas carreiras (transportes públicos), de regresso a casa depois das compras * Foto José Gameiro

FREGUESIA Com o decreto Nº 73/84 de 31 de Dezembro de 1984, subiu à categoria de freguesia, e no campo territorial, deixava agora de pertencer à sua terra - mãe, Salvaterra de Magos, passando a ocupar uma área de terreno de 35,60 Kms2, com cerca de 5.000 habitantes. A BARRAGEM DE MAGOS No grande Vale do Ameixoeiro, onde as águas das chuvas e, algumas nascentes tinham lugar, aconselharam a construção da Barragem de Magos. Teve assim inicio, em 1934, a primeira obra de engenharia hidráulica, com reservatório hídrico, a ser construída em Portugal, num projecto de arquitectura, do Prof.


68 Eng.º Agrónomo, Ruy F. Mayer, e construção de engenharia do Engº José Queirós Vaz Guedes

A obra em 1936, era tornada pública pela primeira vez ,e grande parte das terras daquela zona de Charneca, poderia ser agora, premiada com a rega, no Verão, através de um sistema de bombagem. Toda sua vasta área estava agora identificada para a faina agrícola, com: terrenos arenosos com calhau, terrenos areno-

arenosos, terrenos areno-arenosos fortes e terrenos argilosos.

Esta construção, segundo textos da época, servia de ensaio para a construção da Barragem de Castelo de Bode. A AGRICULTURA No início do século XX, as manchas de pinhal e eucaliptal, ocupavam já grandes áreas, onde o sobreiro, vivia em espaços bem localizados


69 Nas suas décadas seguintes, as vinhas, já ocupavam um vasto espaço das suas terras, substituindo assim aquelas plantações de árvores que, entretanto davam mostras, num futuro próximo, desaparecer daqueles sítios. Os poços de água, inicialmente ajudavam nas searas de regadio, mais tarde foram os furos artesianos, muitas vezes a grandes profundidades, deram àquelas terras aptidões para as grande colheitas. O vinho, das suas terras areno-arenosas, tem uma qualidade e sabor, muito apreciado que, o mercado identifica” Vinhos dos Foros de Salvaterra” Uma nova etapa, começou com o regadio, nos anos 50, terrenos que, durante centenas de anos, davam sementes de sequeiro como: o Trigo, Milho Centeio, Cevada, vinha e Pomar Com o regadio, através de furos artesianos, vieram as culturas da batata e cenoura e tomate. Estas três culturas agrícolas nos últimos anos, da segunda metade do séc. XX, passaram o sustento da maioria dos habitantes de Foros de Salvaterra.

1999 – Sementeira de Batatas e Cenouras – Foto José Gameiro


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1935 – Homem Foreiro, lavrando a terra com junta de vacas

.1936 - Homens na vindima - Foros Salvaterra


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RELIGIÃO/ FESTAS POPULARES O povo na sua religiosidade, tem em Nossa Senhora da Conceição “Imaculado Coração de Maria”, a sua padroeira, festa que se realiza em plena época de Verão. No lugar da Várgea Fresca, a Festa da Amizade, tem lugar na 3ª semana de Julho. Nos anos 70, as gerações mais antigas de Foros Salvaterra, conservavam ainda no seu rico vocabulário, “hinos à natureza”, como: * As terras da Lezíria, são uma beleza * Na Primavera, a formiga

em carreiro, sua mesa começa a juntar ! Tempo quente, Verão, de queimar, Vejo, trigo loiro, pronto a debulhar! Cearas de tomate, a vermelhar, O melão, madura a adocicar! No Outono, a uva está pronta a vindimar, Chuvas no Inverno, são de tragar ! Canto e choro a trabalhar, Que, mais, a terra nos há-de dar! * E eu, assim vivo desta natureza *


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A CASA DOS FOREIROS

Uma habitação típica da Lezíria ribatejana ! A arroteia daqueles terrenos de charneca, foi um longo e lento trabalho de homens e animais que, ocupou famílias, durante anos e anos, ali instaladas desde o seu aforamento.

Habitação família Foreira – primeira metade séc. XX Foto 1995 – José Gameiro

De Salvaterra de Magos, a terra-mãe, saíram os seus primeiros “colonos”, com seus usos e costumes - danças e cantares da planície ribatejana - Assim, nasceu o lugar de Foros de Salvaterra Os novos foreiros, depressa começaram a construir pequenas casas que, sendo destinadas à sua habitação, também tinham agregadas divisões, servindo de espaços para armazém


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de viveres e adega. Na habitação, muito pobre de construção, era usado o adobe (terra negra de aluvião e palha) com o reboco das paredes em massa de cal. Por perto viviam os animais de trabalho, aquartelados em estábulos precários. O burro, era a besta mais utilizada, como meio de transporte, enquanto o gado vacum, além do leite dava a força para o amanho da terra.

1967 – Homens foreiros na vila de Salvaterra

1960 - Rancho Folclórico dos Foros de Salvaterra


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Um pequeno forno de adobes alimentado a lenha, e um poço de água, tirada a balde. também tinha lugar nas redondezas, enquanto as árvores de fruto com hortado, serviam para alimentar a família. Num espaço, aramado em rede feita à mão, viviam as galinhas e patos, enquanto na pocilga, um porco de engorda, era alimentado para a matança anual. A casa com divisões pequenas, cujo estilo de construção, ainda durava nos anos 50, deste século agora a findar, deu-lhes um lugar típico na Lezíria ribatejana. O telhado com telha de canudo (a chamada telha portuguesa), era a cobertura primitiva, dando lugar anos depois, a uma outra de desenho plano, a Marselha.

Quarto e Cama de casal - 1950

A entrada da casa, com espaço largo, servia de sala de receber as visitas e funcionava como cozinha e lugar das refeições.


75 No fundo uma chaminé de construção junto ao chão, com uma grande boca, onde durante o dia uma fogueira de lenha se mantinha acesa. Panelas grandes, de ferro fundido com tripé, ali eram colocadas, para a cozedura das refeições familiares e também dos animais. A meia altura da empena da chaminé, um suporte (prateleira), construída em cimento ou madeira, suportava os potes de barro, com água potável, para a bebida da família. Na chaminé no início do fecho do pescoço, no interior, algumas peças em ferro, suportavam os enchidos, na sua cura de fumeiro. Uma outra divisão, usada como quarto do casal, tinha a completar, um outro mais pequeno, para agrupar as camas dos filhos, enquanto pequenos, consoante os sexos. No campo do mobiliário, as peças em madeira eram de grande rusticidade, com um revestimento de uma laca, a que chamavam “vioxene”. As mesas e cadeiras da cozinha, muitas vezes apresentavam-se pintadas de azul ou verde. Nos quartos, viam-se camas de ferro, com algumas peças em metal que, eram limpas periodicamente, para conservarem o brilho. Na primeira metade do século passado, ainda era muito usual, no chão, uma massa negra, a que chamavam “pavimento de salão” (1) , sendo semanalmente “borrifado com água”, ficando ***********

(1)- Solão = Saibro de Aluvião


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macio e brilhante durante algum tempo, dando estes espaços lugar ao cimento, nas novas construções. Nas pequenas janelas, no interior das divisões de maior privacidade, pendiam peças de tecido transparente, a que chamavam cortinados. AS TRADIÇÕES NO CASAMENTO Apesar do período de grande transformação, onde o exotismo dos casais já terem dificuldades em constituir e manter uma família consistente, os foreiros, até à bem poucos anos, conservavam nos seus tradicionais costumes, o casamento como um bem digno de registo.

1950 – Jovem casal de Foreiros A povoação de Foros de Salvaterra, situada entre Coruche e Salvaterra de Magos, nos finais da década de 20, do século


77 passado, ainda tinha, talvez como inéditas em Portugal, uma tradição nas suas festas de casamento do seu povo. Por necessidade de deslocação à Igreja Matriz da vila, os noivos e padrinhos e restantes convidados eram transportados em vistoso cortejo, como escreveu famoso cronista dos costumes ribatejanos , nas primeiras décadas do séc. XX. “Tem colorido e graça um casamento nos Foros. Os noivos e os seus convidados montam em burros, cujas albardas vão cobertas de colchas de algodão de cores vistosas, lembrando uma cavalgada da Idade Média, numa imitação quixotesca. A noiva, traz um largo e comprido vestido azul com requifes brancos, mantilha branca na cabeça, onde a laranjeira abunda. O requife faz nos vestidos os mais inéditos desenhos, que enchem de graça este trajar simples. O noivo, de preto, jaleca, chapeirão de aba larga, com pena de pavão espetada no chapéu e, junto à fita e no feito, ramos de flores de laranjeira” No ano de 1968, o autor, ao tempo colaborador no Jornal “Aurora do Ribatejo”, recebeu uma carta com pedido de publicação, do leitor – João Pereira, natural de Salvaterra de Magos, mas vivendo lá para as bandas da Azinhaga (Santarém), veio a um casamento de uma familiar da esposa, na Várgea Fresca. .Descreveu assim, a experiência vivida, num casamento dos Foros de Salvaterra. “No meio da vasta fila de carroças, um


78 acordeonista, contratado para os dias da festa, tocava as mais diversas modas, como: Corridinhos e marchas. O som da música, misturado com a alegre vozearia do enorme trotar dos animais que, por vezes percorria muitos quilómetros, por terras de areia, onde o estridente guizalhar dos seus ornamentos que, puxavam as carroças em grande fila. Um ou outro grito “depressa sua besta” do condutor, com a ajuda do inseparável chicote, que volteava no ar.” Era um casamento igual a tantos outros da gente foreira, mostrando os hábitos ancestrais nas suas festas de boda. Todas as cerimónias religiosas tinham lugar em Salvaterra de Magos. Já na vila, os animais eram presos às arvores no Largo da Igreja Matriz, e no Largo do Lopes, ali perto da tabernas do “Maceira” e do “Leopoldino”. Os convidados que não entraram no templo, entretinham-se na taberna do Morais, ali mesmo ao lado do templo religioso, onde ofereciam cigarros e copos de bebida.

1950 – Igreja Matriz Salvaterra – Taberna ao lado


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Após o matrimónio, os padrinhos, também não deixaram de fazer a mesma oferta. Naqueles sábados, dias de casamento das gentes foreiras, era decerto ver os mirones juntarem-se por ali perto, pois sabiam que naqueles dias era um fartote para eles. O rapazio, esses também não faltavam. As mulheres, e as moças já “graúdas” depois da cerimónia, davam uma “saltada” às lojas onde tinham “creto” (1) anual, e lá compravam doces para os rapazes. As amêndoas e rebuçados, eram o que dava mais jeito para atirarem ao ar. Os rapazes em grande correria, acompanhavam o cortejo, já no regresso, até à estrada das “cavalhariças ” (2), lá andavam pelo chão de areia Ao iniciarem o caminho de regresso, os nubentes tomavam o lugar na última carroça do cortejo, de costas voltadas para o condutor, e acenavam alegremente para a assistência que no percurso lhes desejavam muitas felicidades. Pelos mesmos caminhos difíceis, onde os valados cobertos de silvas e outro mato daninho, mostravam ao fundo, entre pinhais, algumas casas caiadas de branco, Aqui e ali grupos de famílias que “amanhavam” as suas terras, não deixavam de dar parabéns, aos noivos, através dos acenos de mãos das mulheres, e os barretes e bonés dos homens a voltearem no ar. ******** (1)-Crédito, que tinham no comercio da vila, onde faziam as suas compras anuais (2)-“Cavalariças” / Cruzamento na EN 118 * No local existia um velho edifício, que no séc. XIX, serviu de cavalariças .


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Por vezes, algumas amigas da noiva, muito antes do termo da viagem, esperavam o cortejo e, com arcos engalanados de flores naturais e de papel, obrigavam os participantes no casamento a percorrer o espaço que faltava até ao local da boda, acompanhados de músicas e cantares da região. À chegada ao local, era sempre um ancião (homem ou mulher) que, dizia os versos seguintes: “Vou dar os parabéns aos noivos ! Que por Deus já estão casados ! Se forem muito amiguinhos ! Por Deus serão ajudados ! Foram hoje à Igreja ! Encruzar as mãos em cruz ! Deus queira que se dêem tão bem ! Como a virgem Maria com Jesus ! Antes da entrada no espaço da boda, uma boa mesa de vários pratos, à base de carnes e doces, os esperava, com algumas garrafas de vinhos licorosos. O acordeonista, tocava algumas modas, onde todos os convivas dançavam durante alguns minutos. Durante a tarde, até à hora de jantar, novamente a dança ocupava o tempo dos convidados, especial dos mais novos.


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Os mais velhotes, os homens, entretinham-se a comenta o tempo e o ano agrícola, e as anedotas sempre picantes de premeio, chegavam assim à noite, já com uns bons copitos no bucho. As mulheres, essas em grupo, entretinham-se a saber e contar das novidades locais! Pela noite dentro e, com o jantar a decorrer, as músicas não paravam, a convidar sempre um pé de dança, num baile que, durava até sol fora do dia seguinte. Os noivos, não arredavam pé e, de vez enquanto a pedido, tinham de dar a sua graça no bailarico. No dia seguinte, após o almoço, depois da tarde ser passada em convívio com os convidados, depois de receberem a chave da sua nova habitação, ficam enfim a sós. A ENTREGA DA CHAVE Na cerimónia da entrega da chave, os padrinhos e os pais dos noivos e, estes caminhando a pé até à nova residência, abriam a porta, e após uma dança (uma última modinha), recebendo a chave das mãos dos padrinhos: Dizia o noivo para a já sua mulher: Toma lá esta chave ! Já que és minha mulher ! Para me abris a porta ! A toda a hora que eu vier !


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A noiva ao abrir a porta, aos presentes respondia: Meu padrinho, minha madrinha, e todo o acompanhamento; Se meu marido der licença, façam favor de entrar para dentro ! Era então o momento de uma pequena visita aos novos aposentos dos noivos, e depressa mulheres “cochichavam”, entre dentes as novidades da casa. Na segunda-feira, dia de irem ao Estanqueiro, “apanhar trabalho”, os comentários tinham lugar e davam para toda a semana.

1967- Mulher foreira, Viúva, e filha, em dias de luto. (estrada EN 118 – lado Maçapez )


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O PROGRESSO Depois de Abril de 1974, o comercio cresceu, a população deixou de se abastecer na vila, deixando hábitos que vinham dos seus avós. A bomba de água, do furo construído no Estanqueiro em 1936, há muito que não trabalhava, e a população foi deixando de usar água dos poços, pois o executivo municipal, teve em mãos um projecto para o abastecimento de água ao domicilio. Numa primeira fase, foram enterrados cerca de 70 Kms de canalização No campo da saúde, foi construída uma Delegação um Posto Médico para apoio à população. As vias de comunicação, modernizaram-se com a pavimentação de muitas delas. No entanto a sua melhor conquista, foi a elevação a freguesia, que ocorreu no ano de 1984. A Barragem de Magos, construída em 1936, para reservatório de água para rega, e apoio à agricultura, com escoamento de água através da Vala real de Salvaterra, com destino o rio Tejo, foi sendo aproveitada pata local de turismo, tendo sofrido grandes arranjos sendo agora um espaço de grande procura. ***************


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A TRANSFORMAÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS ! Quando da venda, em 1845, pela Junta da Paróquia de Salvaterra de Magos, dos terrenos que, foram da Coutada real, estes em grande parte adquiridos por lavradores e proprietários agrícolas de boas posses, da Salvaterra e mesmo dos arredores como: Casa Cadaval, Roquette, Costa Freire, Roberto, Porfírio Neves da Silva, Rebello de Andrade, Sousa Vinagre, Eugénio de Menezes, entre outros. A maioria destes terrenos foi sujeita, após a compra a uma colonização espontânea, por famílias que, ali se instalaram, m maioria vindos da terra-mãe, Salvaterra para transformarem solos bravios, em terras produtivas, de regime de cultura intensiva. Para a exploração directa, foram usados os sistemas; Aforamento, Venda, Arrendamento, e numa pequena escala a Parceria. Os primeiros Foreiros instalaram-se e construíram habitações para as suas famílias, na situação de ilegalmente, ou autorizados verbalmente, e nas partilhas dos seus bens, para com as gerações descendestes, eram usada a repartição de parcelas, onde usavam a sorte do barrete, hábito ainda usado até a meados do séc. XX., e ainda no dobrar daquele século vários foram os Dec.Leis, publicados, autorizando a então criada, Junta


85 de Colonização Interna, a comprar em vário pontos do país, terrenos aos primitivos donos, para uma colonização intensiva, sorte que também usaram muitos foreiros e de modo à sua posse pelos usuários, fosse menos penosa na aquisição, a entrega aos “colonos/foreiros”, dos terrenos era feita através de escritura de venda/compra, com pagamentos mensais e durante vários anos, tempo que não podia ser “vendida” até estar totalmente paga, ou então co a anuência daquela entidade estatal. Nos Foros de Salvaterra, alguns terrenos foram assim transaccionados, ao abrigo daquelas primeiras leis, e só muitos anos depois, em 1987, alguns casos foram solucionados, entre eles os terrenos da “Califórnia”, na zona da Várzea Fresca, nome que recentemente tinha aparecido na linguagem do povo.

Folclore – (Várzea Fresca) Foros Salvaterra


86 ************* BIBLIOGRAFIA USADA Documentos do Autor : * SALVATERRA DE MAGOS E O SEU CONCELHO: Freguesia de Foros de Salvaterra * OS FOREIROS DA CALIFÓRNIA E VÁRGEA FRESCA Uma Luta de muitos anos ! Revista o Século)

* FOROS DE SALVATERRA “HISTÓRIAL” * (Texto oferecido pelo autor, e usado no livro de publicidade das Festas dos Foros de Salvaterra, no ano 1994, pela sua Comissão.) * Também foi usado, pela Câmara Municipal, no livro: “Salvaterra, Paladares Antigos ” *FOROS DE SALVATERRA “Uma terra abençoada pela natureza (Texto da rubrica: Já sabia, Que ! ) (Rubrica semanal, que o autor, tinha na rádio de Marinhais1990)


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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 3 Documentos para a história de

SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo


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Foto da Capa: Motivo Alegórico ao Campino – Retunda E.N.118/Praça de Toiros - o Autor


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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: A PROPÓSITO DE TOIROS EM SALVATERRA !.. Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Autor da Capa: O Autor Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 03 – 3 Depósito Legal: 256455 /07 Edição: 100 exemplares * Março 2007


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2ª Edição - Revista e Aumentada * Março 2015 *************************** Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704

e-mail: josergameiro@sapo.pt

O Autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990


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O MEU CONTRIBUTO Salvaterra de Magos, tinha no seu povo primitivo as raízes de uma cultura rural, e sua etnografia disso nos dá mostras. O rio Tejo, os campos de toda a Lezíria muito contribuíram na forma de viver destas gentes da campina ribatejana, desde a Chamusca a Vila Franca e Azambuja. No primeiro quartel do século séc. XX, as transformações ainda que lentas, mas notórias, mostravam o mítico campino, senhor da Lezíria, a dar lugar a um outro tipo de homem rural., o tractorista. As grandes manadas de gado – cavalar e bovino – foram deixando a intimidade, dos seus terrenos de pasto, passando a estar “acantonados” em espaços restritos com a manjedoura sempre cheia de uma comida, que não foi a dos seus antepassados. .O Gado bravo, agora apenas vive três a quatro anos, com um destino certo, ser corrido nas arenas e o matadouro. Antes ainda tinham a terminar os seus dias de vida, o trabalho do campo depois de “ bruxados ”, coisa normal por volta de 1950. Nesse tempo, era eu, era menino, já do meu avô paterno, que foi campino, como foram seus três irmãos (João Galricho, José e Manuel), ouvi maravilhosas histórias, de como se campinava, pois eles chegaram a trabalhar nas mais famosas ganadarias da


92 terra. Mesmo assim, o encanto do mundo da tauromaquia, com suas corridas, não me seduziu, mas achei que, o mais importante era deixar algo escrito sobre esta forma de vida, que fez parte Lezíria, estando agora em grande decadência em todo o Ribatejo.. MARÇO: 2007 O Autor JOSE GAMEIRO


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A ORIGEM DE TOIROS EM SALVATERRA ! Consta no Foral desta vila concelhia - Salvaterra de Magos, os benefícios, que recebeu do rei D. Dinis, em 1295,, está situada junto à margem esquerda, do Tejo, em plena Lezíria ribatejana, os terrenos verdejantes ga grande bacia deste rio. Para povoar estas terras, o rei D. Sancho I, deu privilégios a colonos, vindos da Flandres (zona hoje pertencente ao Sul da França), aqui se fixaram com seus usos e costumes.

O seu povo com séculos de convivência, com as agruras e alegrias extraídas da terra, sempre tiveram por companhia os animais, usando-os para trabalharem o campo.


94 Alguns bovinos apresentavam-se bravios, após vários cruzamentos aproveitavam-se alguns, foi mais um elemento para o suporte dos festejos pagãos do povo – os brincos taurinos. De hábito do povo em dias de festa, depressa a realeza que aqui fazia grandes estadias no Paço da vila, não deixava de partilhá-lo como mostra da sua beleza, que partilhava-o com seus convidados. No séc. XVII, estando o Rei D. José e a sua corte em férias nesta terra, existia um Picadeiro, onde o Marquez de Marialva, afamado mestre na arte de bem montar a cavalo, ali ensinava os jovens fidalgos. Num dia aprazado, realizou-se um brinco de toiros, o rei estava presente, entre os participantes toureava a cavalo o jovem Conde dos Arcos (Arcos de Valdevez), o que lá se passou está descrito nas ricas páginas do conto do escritor, Rebello da Silva. Este deu-lhe o titulo “ A Última Corrida Real em Salvaterra” UMA NOVA PRAÇA DE TOUROS O povo, todavia, mesmo depois da tragédia, que ligou a vila para todo o sempre, ao longo dos séculos seguintes não deixou de realizar as suas corridas de toiros. Umas tiveram lugar, nos


95 terrenos da Palacete dos Almadas, outras no Canto da Ferrugenta/ou do Pardalada, outras na Quinta do Massapez, Pátio das Vacas, outras ainda em espaços de ocasião. No séc. XIX, existia em Salvaterra de Magos, uma Praça em madeira, explorada pela misericórdia de Portalegre, até que desapareceu. Anos passaram, até que em 1920, um novo edifício construído no lado sul, à entrada da vila. Foi uma obra fruto do trabalho de um grupo de jovens aficcionados, constituído em Comissão Construtora , que levou a cabo um desejo, que pairava em muitas bocas, durante muitas décadas de esperanças. Foi uma construção considerada na época uma novidade no campo arquitectónico, no mundo da tauromaquia. Tinha de início alguns traços extraídos do Praça do Campo Pequeno, Lisboa, passou a propriedade da Misericórdia local, por doação, da tal Comissão, após a sua inauguração, não deixando de ser um um ex-libris da vila, tendo no seu historial, momentos que importa conhecer:


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1976 Inauguração sistema Electrica – Praça Toiros – 1996 Nova Rotunda EN 118 * Fotos José Gameiro

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TOUREIROS António Roberto, um dia veio dos Açores, com os pais, e os irmãos Luiz e Antão, com destino a Salvaterra de Magos, nesta vila, casou com Maria Gertrudes (Fonseca), e do casamento nasceram: Vicente Roberto, João Roberto e Roberto da Fonseca. Bem cedo, foi notado que os três irmãos, estavam Predestinados para a arte de tourear. Como bandarilheiros, ganharam fama e proveito. Do seu vasto pecúlio, angariado nas arenas, foram beneméritos para com algumas instituições, especialmente as misericórdias de Santarém, Figueira da Foz, Coruche e Salvaterra de Magos. Durante muitos anosos três irmãos actuaram em praças de toiros de Portugal e Espanha, fazendo parte de um grupo de


97 toureiros que, impulgou as arenas no final do séc. XIX e, nos primeiros anos do séc. XX. Roberto da Fonseca, em 1892, esteve presente, na inauguração da monumental praça de toiros do Campo Pequeno, em Lisboa, e foi em 1920 director da corrida inaugural, da praça de toiros de Salvaterra de Magos. Quando já retirados das arenas, dedicaram-se à sua casa agrícola, em Salvaterra de Magos, formando uma ganadaria de toiros bravos a que, deram em 1923, o ferro, Robeiro & Roberto. A ganadaria, fazia pastoreio no Verão, nos campos dos Salgados, junto ao rio Tejo e, no Inverno se acomodavam na sua Herdade do “Monte dos Coelhos”,na zona da Várgea Fresca/Foros de Salvaterra. Naquele tempo, a fama do seu passado artístico, motivou outros filhos da terra, tentarem o caminho daquela arte. Os aplausos das arenas foram ouvidos por Rogério Amaro que, chegou a bandarilheiro, função que desempenhou durante dezenas de anos.

Toureiros – Irmãos Roberto – Séc XIX


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Rogério Amaro Quando nasceu a 13 de Abril de 1920, ainda estava bem fresca na memória de várias gerações do povo as narrativas das actuações empolgantes nas arenas dos seus conterrâneos, os irmãos Roberto, a praça de toiros da sua terra, estava em construção. Ainda jovem Rogério Amaro, já dava mostras de despertar para o mundo da tauromaquia, e depressa dominava toda aquela arte, queria ser toureiro. Entrou em vários espectáculos festivos, pois era muito solicitada a sua presença em praças da região. Depressa estava apto para fazer provas, foi aprovado em 23 de Abril de 1943, como bandarilheiro. foi solicitado pelas maiores figuras do toureiro da época, quer a pé, quer a cavalo, especialmente Simão da Veiga, e durante anos fez parte das suas “quadrilhas”.


99 Por volta de 1954, já o toureiro; Manuel dos Santos, não deixava de o ter como homem de confiança, quando actuava nas arenas, em Portugal e Espanha. Retirado das lides, foi Director de corridas por largos anos. Depois de uma vida dedicada ao toureio, um dos seus grandes amores, veio a falecer a 23 de Novembro de 2002, quando estava hospitalizado em Cascais.

Joaquim da Conceição, Nasceu em 1932, conhecido como o “Joaquim Ruço”, ainda jovem foi aprender o oficio numa barbearia da vila, na época aqueles espaços tal como as oficinas de sapateiros, organizavam-se em tertúlias, aí discutia-se com entusiasmo o apoio aos seus ídolos, do mundo taurino. Trabalhando naquele ambiente, depressa foi atraído por aquela arte sonhou vir a ser toureiro. Entrou em vários festivais realizados na sua terra natal – Salvaterra de Magos, e aqui no dia 10 de Maio de 1953. vestiu o traje de luces, com a categoria de Praticante, desejava vir a ser Bandarilheiro. Foram bandarilheiros deste festival: Rogério Amaro, Júlio Procópio, Manuel Alemão, Carlos Pereira e João Inácio. A sorte e o engenho não o acompanharam, ficou-se por um sonho que nunca concretizou.


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António Cadório Conhecido pelo “Mestiço”, desde menino aprendeu o ofício de sapateiro, gostava das lides taurinas a pé, aprendeu todos os seus métodos, não teve sorte, acabou por se fixar em Vila Franca de Xira, trabalhando no ofício e ensinando a arte que tanto queria abraçar. Alguns artistas que singraram nas arenas portuguesas, especialmente o toureiro José Falcão foram seus alunos. Já no declinar da vida, para ver alguma corrida de toiros, esperava junto da porta das praças, pela oferta de um bilhete.

Francisco Silva, “El-Palhota”

Ainda menino de escola, já os seus dotes eram um reparo dos seus companheiros de brincadeiras, e assim ficou o “El-Palhota” , pois vivia com seus pais, no sítio da “Palhota”– Salvaterra de Magos, Francisco Silva, nasceu em 1947, foi aprender o ofício de Ferreiro, e depressa com o trabalhar o ferro e o arame, lhe dava o ensejo de fazer pequenas coisas, que lembravam aquela arte de tourear


101 O desejo de ser toureiro, acompanhava-o dia-a-dia, assim foi de abalada até Vila Franca de Xira, aí o ambiente taurino era respirado por tudo quanto era sítio. Na terra ainda vivia, gente grande do mundo do toureio nacional e mundial. Francisco Silva “El-Palhota”, depressa chegou a Bandarilheiro em 1975, e integrou as várias equipas de cavaleiros e toureiros da época. Sempre ligado ao seu gosto em fazer artesanato taurino, em ferro e arame, foi divulgando o mesmo, que agora se encontra espalhado pelo mundo. Sempre quis ter uma escola de toureio, naquela terra adoptiva, mas dificuldades várias impediam-no de concretizar o seu sonho, Um dia, o seu entusiasmo foi espicaçado, andava eufórico, deram-lhe esperanças na concretização do seu sonho, foi-lhe prometido, pelo autarca da Freguesia da sua terra – João Nunes dos Santos, que o apoio não faltaria, “Palhota” encetou contactos com a Misericórdia local, para a cedência de um espaço na praça de toiros. O tempo passou, amargurado, um dia disse aos amigos, ficou-se pela homenagem que recebeu da Comissão de Festas de Salvaterra de Magos,

Vítor Mendes,


102 Nascido na freguesia de Marinhais, no concelho de Salvaterra de Magos, dia 4 de Fevereiro de 1989, em Marinhais, mas foi em Vila Franca de Xira, terra onde vivia com os pais, que despontou para o toureio, e chegou a figura mundial do toureio, mostrando a sua arte entre os seus pares. Tirou a alternativa de Matador de Toiros, em Barcelona, no dia 13 de Setembro de 1981, sob o apadrinhamento de Palomo Linares e José Manzanares. Paralelo ao seu tempo de toureiro famoso em todo o mundo, onde se aprecia a corrida de toiros, com a morte deste, através da estocada fatal,, especialmente em Espanha e países da América do Sul, foi estudando e Licenciou-se em advogacia. Em 1992, na praça de Salvaterra, foi-lhe descerrada uma placa de homenagem, promovido por um grupo de aficionados, tendo cortado a coleta, no ano de 1998.

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GRUPOS DE FORCADOS

No reinado de D. José, os brincos taurinos, eram um espectáculo que ocupava algum tempo dos folguedos da corte. Em Salvaterra de Magos, nas grandes temporadas que aqui passavam anualmente também os realizavam, aproveitando para satisfazer a curiosidades dos Embaixadores das cortes europeias que visitavam Portugal, nem sempre em negócios. Nos espetáculos, havia a actuação dos Jovens cavaleiros fidalgos, que perante as plateias cheias de damas, ofereciam as suas sortes. Em redor do redondel, os Monteiros da Choca, um grupo de com bastões, que tinham na ponta uma forquilha, ou forcado, defendiam a assistência, do toiro que na arena era lidado. Uns anos depois do acontecimento da morte do Jovem Conde dos Arcos, os fidalgos mais aguerridos nestas festanças, tentavam reatar aquele espectáculo, só no reinado de D. Maria II, em 1836, aparece com novas alterações, o toiro passou a ser proibido de ser morte pelo cavaleiro, após a faena, e em seu lugar, os então Moços da Choca, pegavam o animal. Foi assim, que nas alterações verificadas, no séc. XIX, teve formalmente origem a existência dos Moços Forcados como os conhecemos até agora. “Depois da reunião do primeiro elemento com o touro, cabe aos ajudas a tarefa de imobilizar o touro para que a pega se


104 considere realizada. Aquele que segura o rabo é o responsável por rematar a pega” Em Salvaterra de Magos, quando da inauguração da Praça de toiros, em 1920, estes grupos apareciam em festivais, mesmo em corridas, especialmente em Maio, quando da Feira anual da terra.

1957 – Grupo Forcados de Salvaterra

0000 – Grupo Forcados Salvaterra – Feira Maio


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Alguns mais afoitos, mostrando grande poder de braços, para encaixe, como se dizia na época, apareceu Manuel Vicente dos Reis – o Manuel Ferrador ( por ser o seu ofício), que logo foi convidado a integrar outros grupos de forcados amadores. Também ao longo séc. XX e XXI, João Ramalho, Mário Marques, Joaquim Mendes, entre muitos outros. José Carlos Hipólito “ O Timpanas” foi no dobrar do séc. XX, onde as corridas de toiros eram quase diárias em todo o pais, que deu nas vistas. “ O Timpanas” desde miúdo pela sua traquinice, e graciosidade perante os toiros, sendo homem pequeno, mas de braço rijo, foi aplaudido em todas as arenas, empolgava o público com suas pegas. Esteve no grupo de profissionais de Adelino de Carvalho (Lisboa), Amadores de Tomar (Manuel Faia), sendo muito solicitado também esteve em Roma (Itália), no Coliseu onde fez algumas pegas, para umas cenas de filme épico. Manuel dos Santos, que foi Matador de toiros, já retirado e na condição de empresário, levou até Macau, o espectáculo de toiros, todo o agrupamento (toureiros, cavaleiros, forcados e os toiros) foram de vários pontos de Portugal


106 António Lapa, como se relacionava no mundo dos toiros, foi um grande ajuda, nos vários grupos de forcados a que deu a sua colaboração contam-se: Coruche, Tomar, Lisboa, Ribatejo, Lusitanos e naturalmente o de Salvaterra, de que foi também Cabo. Ainda Jovem, veio a falecer no dia 11 de Março de 2013, com 56 anos, vitima de problemas cardíacos. Os órgãos e críticos da tauromaquia não deixaram de se referir ao António Lapa, sendo por alguns considerado o melhor Ajuda, neste tempo do séc. XXI. Uns meses mais tarde, na sua terra natal – Salvaterra de Magos, amigos e gente do mundo taurino, prestou-lhe uma homenagem realizada no Cabana dos Parodiantes de Lisboa, no 11 de Julho de 2013. António Rogério Amaro (Rogério Amaro, como era conhecido no mundo taurino), ainda criança sentiu o ambiente que se vivia em casa, através de seu pai, Rogério Amaro, que era Bandarilheiro afamado. Rogério Amaro, depressa ingressou nos grupos de forcados do Montijo. Em 2012, esteve numa corrida realizada na terra natal – Salvaterra de Magos, por ocasião de Feira Anual, integrando o Grupo dos Forcados locais, tendo obtido um prémio numa bonita pega. Mais tarde foi Apoderado das


107 grandes figuras do toureio nacional, e Empresário, em quase todas a Praças existentes no pais.

CRIADORES DE TOIROS DE LIDE Segundo alguns historiadores desta temática, os toiros de lide, tiveram origem na ganadaria Solar nas terras de Espanha. Os campos de Salvaterra, em plena Lezíria, com terras de aluvião, e de charneca, são locais de boa pastagem para este animal, que tem necessidade de campo e espaço aberto para pascentar. Perdem-se nas páginas da tauromaquia, as muitas informações quanto às ganadarias existentes nesta vila. José Luís Brito Seabra, além de criador de toiros de lide, foi presidente da câmara municipal de Salvaterra de Magos, e também um dos sócios fundadores do Real Clube Tauromáquico Português.

Dr. Rodrigo da Costa, sendo médico nesta vila, em 1878, explorava a agricultura, e como pequeno criador de toiros, forneceu curros para a praça de Sant’ana, em Lisboa.


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António José Ferreira da Silva, Nasceu em Salvaterra de Magos , a 19 de Setembro de 1887, era filho do Ganadero do mesmo nome que forneceu curros de toiros para as mais importantes praças do país, no último terço do séc. XIX.

O início do séc. XX, foi uma época em que muitos agricultores, enveredaram pela criação do toiro bravo, em várias zonas do país, em Salvaterra existiram as ganadarias; José

Ferreira Roquette, António Ferreira Roquette, José Ferreira da Silva, Irmãos Roberto, Gaspar Costa Ramalho, seu filho José Vicente Ramalho e Roberto & Roberto.

Todas foram fornecedoras de curros, para praças de Portugal e Espanha. Nestes últimos tempos, em Salvaterra de Magos, ainda existem sedeadas as ganadarias com o ferro de: João Sarmento

Ramalho, Tereza Ramalho, José Dias, Felicidade Dias e Irmãos Dias.


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CRIADORES DE CAVALOS A Casa, Menezes & Irmão, Ldª, pertença dos dois irmãos lavradores, José e António Menezes, dedicou-se por volta de 1930, na reprodução, e cultura do cavalo lusitano, com uma eguada e três garanhões desta raça. António Lapa, Proprietário agrícola, nos primeiros anos do séc. XX, tirou grandes proveitos na criação de uma afamada raça espanhola, a seu filho Alberto dos Santos Lapa, deixou o gosto pela criação deste género de animais, que ainda continua na família. Oliveira e Sousa (Casa Agrícola) - João Oliveira e Sousa, antigo oficial do exército, recebeu do sogro, o lavrador e proprietário, Porfírio Neves da Silva, a casa agrícola que, conservou e enriqueceu com novas espécies de equídeos lusitano. Anos depois, foram seus filhos, são agora os netos, que continuam a manter a raça na reputada coudelaria “Oliveira e Sousa” com procura a nível mundial. A coudelaria, contino-ou através de seus filhos e netos.


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CAVALEIROS TAUROMÁQUICOS

CLÁUDIO JOSÉ (Cláudio José Silva Fernandes Travessa)

Tal como seu irmão Rogério, depois de muitas actuações em praças de Portugal, EUA (Califórnia) e Espanha, passou pelo escalão de praticante. Em 30 de Agosto de 1998, recebeu a alternativa de Cavaleiro Tauromáquico na praça de toiros de Salvaterra de Magos, sua terra-natal, sendo apadrinhado pela grande figura do toureio, Joaquim Bastinhas.

TRAVESSA FERNANDES

(Rogério Manuel Silva Fernandes Travessa) Depois de algumas corridas, em praças de Portugal e em Espanha, como praticante, tirou alternativa de


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cavaleiro tauromáquico, na Monumental Cascais, em 24 de Julho de 1994, sendo seu padrinho de alternativo o cavaleiro, José Maldonado Cortes. Como cavaleiro de alternativa, esteve em praças de países hispânicos, com seu irmão Cláudio José. Com actividade muita curta, dedicou na companhia de seu irmão, a explorar uma escola de toureio, na sua quinta em Salvaterra de Magos- sua terra natal. ANA BATISTA Ainda menina, aos 10 anos, toureou na praça de Salvaterra, pela primeira vez. Tomou a alternativa de cavaleira, no ano 2000, em Coruche, sendo apadrinhada por Joaquim Bastinhas, com o decorrer dos anos tornou-se figura do toureiroa cavalo, em Portugal.


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Mónica Monteiro Ainda prestou provas de Praticante, em Lagos, no Algarve, no ano de 1994. Mais tarde (quando montava), sofreu grave acidente, perdendo - se para o mundo do toureio a cavalo.

************ DIRECTORES DE CORRIDAS

José Ferreira Estudante e, Rogério Amaro CRÍTICOS TAUROMÁQUICOS: * RUI DE SALVATERRA * (Rui Ferreira Estudante) -1932 – * D. PACO * ( Roberto Fernandes )

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OS CAMPINOS A necessidade de trabalhar as terras, o gado bovino passou a ser um instrumento de trabalho, e depressa a arte da campinagem, teve abrigo na Lezíria .Nesta função, nas primeiras décadas do século passado, nomes ficaram famosos, pela sua forma de conduzir os toiros nas famosas entradas, e encabrestá-los nas arenas, ou simplesmente trabalhar as manadas com arte, nos campos. Foram “grandes varas” nomes conhecidos por:

Joaquim Cortilho, Lino Bastos (Lino

Garoto), Fernando Almeida, João Vitorino e, os seus primos, os irmãos: João e José Galricho, para além de um outro conhecido por “José da Moira”. E os mais novos, Manuel Luís e Miguel Viegas.


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EMBOLADORES /FARPEADORES

José Caçador, conhecido por José Venceslau, já no início do século XX, esmerava-se na feitura de farpas e embolas que usava nos toiros. Aquela arte, transmitiu-a a seus filhos; António e Gastão Aleluia, seus ajudantes, no embolar dos toiros nas corridas. António Aleluia, trabalhou mais tempo com o pai, durante muitas dezenas de anos a difícil maneira de ornamentar os ferros (farpas), acessórios necessários para as lides taurinas. João Aleluia, desde o falecimento de seu falecimento de seu pai, António Aleluia vem mantendo a tradição familiar,iniciada pelo seu avô, completando assim três gerações dedicadas à arte de fazer farpas e embolar os toiros.


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DATAS HISTÓRICAS 1920 – 1 de Agosto * Na inauguração da Praça de Toiros de Salvaterra de Magos, realizaram-se duas corridas de toiros, no 2º dia, houve entrada de toiros. 1921 – Na sua arena, o bandarilheiro, de nome Faculdades, quando actuava, matou um toiro, contrariando a lei existente de 1837. 1941 – Neste ano, após um violento ciclone que “varreu” grande parte do país, a praça de toiros de Salvaterra, sofreu graves danos. A família Monte Real e, o benemérito Gaspar Costa Ramalho, suportaram o custo das obras da reconstrução. Uma corrida foi realizada, após os trabalhos de restauro, nela esteve presente o presidente da república, Marechal Oscar Carmona, como convidado oficial. * Actuaram graciosamente, os famosos toureiros, estrangeiros: Domingos Ortega e Luís Miguel Dominguim e, os portugueses; Manuel dos Santos e Diamantino Vizeu. Os cavaleiros, mestres; Simão da Veiga, João Branco Núncio e David Ribeiro Teles, também deram o seu contributo. 1965 – No dia 6 de Junho, teve aqui lugar uma vacada, depois de um lauto almoço, uma iniciativa da Casa do Pessoal da RTP. Foi o início de outros convívios, aqui realizados, onde para além de Missa ao ar livre, assistiu-se a corridas de toiros. 1970 – No dia 1 de Agosto, o jornal “Aurora do Ribatejo”, publica por ocasião dos 50 anos da praça, uma entrevista conduzida por


118 José Gameiro e José A. Amaro, a José Luís das Neves, na ocasião único membro vivo da ”Comissão Construtora da Praça”. 1976 – No dia 23 de Outubro, foi inaugurado o sistema eléctrico, com iluminação da arena, com uma corrida nocturna, onde actuaram: José João Zoio, Luís Miguel da Veiga e Emídio Pinto. 1977 – No dia 15, quando da Feira de Maio, na 2ª corrida, os matadores; Armando Soares, e o espanhol “El-Macareno“, estoquearam os quatro toiros da lide, infringindo assim as leis existentes no país. Neste mesmo ano, foi aproveitada uma corrida de fim de época, para “testar”, a nova marcação de lugares, tendo sido aproveitados espaços mortos, nas bancadas, o que rentabilizou mais 900 lugares sentados. 1978 – Mais uma corrida à antiga portuguesa, realizada a 30 de Setembro, se juntou ao vasto rol das já efectuadas até então, nas arenas desta praça. Foi procedida de um desfile de cerca de 100 figurantes, pelas ruas da vila, onde foram incorporados os timbaleiros da GNR, e coches que, transportavam os cavaleiros artistas. ***********

Chegada Presidente Carmona, Festejos da Praça Toiros depois das obras, quando do Ciclone 1941


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“ORIGEM DO TOIRO DE LIDE” Segundo alguns estudiosos da causa taurina e, outros no campo da zootecnia, dão-nos pistas para se entender a existência do boi no terceiro milénio antes de Cristo. Fazendo fé, nas pinturas rupestres e naquela linha de informação, a fauna predominante nos terrenos que viriam a ser da Península Ibérica, durante o Paleolítico era composta por cavalos, bois, veados, javalis e outras espécies de instinto violento. A Península, com seu clima ameno e acolhedor, poderá ter recebido migrações do Uro ou Toiro Selvagem, já domesticado no Oriente, sendo a porta de entrada o Norte de África. O romano Júlio César, à 2000 anos, segundo alguns documentos, introduziu na língua latina a expressão TAURO, pois o animal era usado pelas


120 várias culturas mediterrâneas. O boi Apis, no Egipto era adorado como o deus da fecundidade e da abundância. A construção de um bezerro de oiro, para os Hebreus, o toiro alado na Babilónia e até na mitologia grega, aparece na forma de minitauro, eram testemunhos das crenças destes povos. Na Europa, o Uro que, terá sido introduzido pelo povo Celta, será o antepassado de todas as raças bovinas existentes neste continente, foi extinto na idade média. Do cruzamento destes animais, para fins taurinos, é dado como sendo a Espanha o seu berço, até porque no Séc. XVII, neste país, como em Portugal e em terras da Flandres (França) era utilizado pela nobreza nos ”embates” com cavalo. A Salvado – Jornal Vale do Tejo ************* Cabeça Toiro Ganadaria Irmãos Roberto – 1950 Guarda em sala de troféus Casa da Família


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BIBLIOGRAFIA USADA :* Subsídios para a História da Tauromaquia Salvaterra de Magos- séc. XIX, séc. XX - José Gameiro * Salvaterra de Magos - Seu Povo sua Cultura! “ – José Gameiro * Jornal Vale do Tejo – 1997/2002 * Subsídios para a História da Misericórdia de Salvaterra de Magos – José Asseiceira Cardador Fotos do Autor e A/d

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Cadernos de Apontamentos Nº 4 Para a História Séc. XIII – Séc. XXI Património Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo Séc. XIX - Séc. XXI

Uma Referência no Turismo Local e Regional


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Foto da Capa: 1980- Entrada do Restaurante TĂ­pico Ribatejano


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Primeira Edição

FICHA TECNICA: Titulo: RESTAURANTE TÍPICO RIBATEJO ! ( Uma referência no Turismo Local e Regional ) Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 04 – 0 Depósito Legal: 256456 /07 Edição: 100 exemplares * Março de 2007


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2ª Edição Revista e Aumentada * Março 2015 ****************************** Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704

e-mail: josergameiro@sapo.pt

O Autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990


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O MEU CONTRIBUTO (Recordações) Meu pai era um pouco mais velho que o Joaquim Lopes, mas davam-se bem. Tendo casado, precisava de casa a passou a ser rendeiro numa pequena casa da família restos do Paço Real de Salvaterra, foi aí onde nasci e vivi até aos 7 anos de idade. Na minha meninice, de 4/5 anos brincava na vasta propriedade da família Lopes, onde estava instalado o Café Ribatejano. Não deixei mesmo de subir para os ferros das antigas chaminés, que foram das cozinhas do palácio real. As brincadeiras e relações de amizade com a Maria Irene Lopes Pinto e seus primos; Idalina e António Manuel Gonçalves Lopes começaram aí, sempre debaixo de olho da avó deles, a D. Irene. O mesmo aconteceu com a Manuela Marques Lopes, que cheguei a levar pela mão para a mestre-escola Moisés. Com metade do séc. XX, bem adiantado, já rapazola entrei no mundo do trabalho na Central das Carreiras, na mesma casa onde tinha nascido, e aí vi crescer o António Joaquim Marques Lopes. Março 2015

José Gameiro


128 OS NEGÓCIOS DA FAMILIA VIEIRA LOPES Manuel Vieira Lopes, foi militar em França na I Guerra Mundial, quando do seu regresso a casa voltou ao ser mister – fazer rodas em ferro para carros. Recomeçou a vida com sua esposa D. Maria Irene da Conceição, filha do velho Sebastiana, zelador municipal na câmara, e Instalou-se como ferreiro, junto aos armazéns do comerciante Gomes Leite, para ter água no grande tanque dos animais, para moldar o ferro em brasa. Foi por pouco tempo, um dia foi de abalada até Coruche, ao Tribunal e num leilão comprou a propriedade, que incluía alguns os restos do que foi o Paço Real de Salvaterra.

Depressa, além da sua profissão de ferreiro abriu uma taberna, onde vendia ferragem (charruas), de uma metalúrgica do Tramagal. Vendeu mobílias em madeira. Experimentou o


129 fabrico de gasosas e pirolitos, concorrendo com a firma Tito & Irmão, Ldª, depressa ambos deixaram esta actividade. Com os filhos bem crescidos: Hortense, Joaquim, Maria Rosa, António e Alexandrina Lopes. O mais velho; Joaquim Conceição Lopes manifestou jeito para a gerência dos negócios O ALUGUER DE BICICLETAS As rivalidades clubistas vividas, por causa dos ciclistas; Nicolau e Trindade, representando o Sporting e Benfica, nas corridas da volta a Portugal, punham em delírio os seus adeptos, tiveram alguma influência noutras modalidades daqueles clubes, especialmente o futebol. Aproveitando o momento, por iniciativa do filho Joaquim Lopes, a casa já vendia e alugava bicicletas. O Aluguer era à hora, e foi aí onde muitos adultos, e o rapazio aprendeu a andar de bicicleta, dando voltas à vila. A morte de Manuel Vieira Lopes, em 1945, no dia do nascimento de sua neta, Alexandrina, levou a viúva, e os filhos; a tomaram conta dos negócios da família. Por volta de 1949, que ainda explorava a taberna instalada no Largo dos Combatentes, que por força dos hábitos populares, ainda agora é conhecido pelo Largo do Lopes, Depressa o estabelecimento foi fechado e aberto o Café Ribatejano


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O ALUGUER DE PATINS

A equipa portuguesa, de Hoquey em Patins mobilizava a população junto da telefonia (rádio), a ouvir os relatos dos jogos, ,especialmente entre as selecções de Portugal e Espanha. Mais uma vez, Joaquim Lopes, viu ali a evolução no negócio, Aproveitou um espaço que foi adaptado a ringue de patinagem, passou a alugar patins, para a aprendizagem. Ali, com o piso cimentado, foi local onde algumas revistas teatrais, que percorriam o país, mostraram os seus espectáculos, Igrejas Caeiro, com os seus companheiros da alegria, e a Companhia teatral Rafael de Oliveira, entre outros, utilizaram o espaço O CAFÉ RIBATEJANO

O Café Ribatejano, abriu as suas portas, em 1950, junto da velha taberna, que fechou O Ribatejano, com instalações para Pensão e pernoita, para os caixeiros-viajantes, que naquela época visitavam o comércio, com muitas malas dos produtos a vender Uma mesa de bilhar, passou a ser usada pela juventude daquele tempo. Com um grande balcão-frigorífico, servia cerveja a copo


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(Imperial), bebida que dava os primeiros passos no comércio, sendo servida acompanhada de um prato de tremoços, oferta da

casa. Existindo ,em Salvaterra de Magos, o Café Progresso, mais antigo e instalado na zona velha da vila. Na rua, o Ribatejano tinha instalada uma esplanada, delimitada com uma construção em ripas de madeira. Na Av. Dr. Roberto Ferreira da Fonseca (Av. Vicente Lucas de Aguiar), abriu portas a Pastelaria Sol da Lezíria (Futuro–Parodiantes de Lisboa). A nova Pastelaria Salvaterrense, de Francisco Fonseca (conhecido por Xico Vassoura), logo de parceria com o Ribatejano, passou a fabricar uns pequenos pastéis de feijão, vendidos numa caixa de 6 unidades ( a tampa tinha a cena da morte do Conde dos Arcos


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1962/63? – sentados (2ª Manuel João Gomes – 3º José Gameiro – 4º Augusto Saraiva * 5º - Henrique Magalhães) ** Em pé: (Cabeça de) Mário Maymone e Francisco Mendes * Foto de: Manuel João Gomes


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A PENSÃO

As instalações dos quartos, estavam no primeiro andar, e ali estiveram acomodados, figuras públicas como: os Toureiros, Manuel dos Santos, Diamantino Vizeu, e o nadador Baptista Pereira, entre muitas outras. Entretanto, nomeados agentes de cervejas e refrigerantes com o exclusivo da venda e distribuição na zona, o irmão António Vieira Lopes, começa num pequeno carro de caixa aberta, os seus carregamentos semanais, no abastecimento aos estabelecimentos comerciais, chegando a entrar no Alentejo, até Mora. A TELEVISÃO EM PORTUGAL

A televisão chega a Portugal, em 7 Março de 1957, o povo, acorre, às janelas dos estabelecimentos, ou aos cafés para ver a televisão. Mais uma vês o Café Ribatejano, tem a primazia na vila de instalar um aparelho de televisão, tendo como clientes todas as noites a melhor classe social da terra. A despesas, pela clientela; pelo menos uma cerveja e tremoços (oferecidos), e um chá oferecido às senhoras (um bolo comprado). No entanto o Restaurante Típico Ribatejano, está aberto todos os dias para festas de grupos e congressos, cuja estadia em Lisboa é de dias, mas um dia é destinado a viajarem até Salvaterra, onde têm contacto com a forma de viver do povo ribatejano – a recepção é feita à entrada da vila, com foguetes no ar e música e ranchos, além de acompanhamento por campinos.


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************* RESTAURANTE TIPICO RIBATEJANO

1953 - 1980

O INICIO DO RESTAURANTE TIPICO RIBATEJANO

Com o Café Ribatejano a funcionar, Joaquim da Conceição Lopes, toma a iniciativa de formar a firma Manuel Vieira Lopes & Filhos, LDª, com seus irmãos; onde a mãe D. Maria Irene, entra no negócio, ficando de fora a irmã mais velha, a Hortense Lopes. A firma assenta numa sociedade familiar, onde os quatro irmãos e a mãe, laboravam com tarefas definidas, sendo o Joaquim Lopes, gerente da firma. O que restava, das três chaminés das antigas cozinhas do palácio real de Salvaterra de Magos, foram aproveitadas, e incluídas nas salas do novo Restaurante Típico Ribatejano, cuja entrada principal tinha a porta dentro de uma decoração que parecia um grande tonel de vinho, pintado de cor verde.


135 No interior das salas, uma construção de um lagar de vinho, e nas paredes a simulação de grandes túneis de vinho (branco e Tinto), deram ao local, uma aparência de uma Adega Ribatejana, em laboração, no início do século séc. XX. As paredes foram ilustradas com quadros de artistas e fadistas da época, onde entre outros se podiam ver os retratos de Amália Rodrigues e Vasco Santana, e alguns cartazes de corridas de toiros, realizadas em tempos idos, nesta terra. Barretes verdes, a par de algumas alfaias agrícolas e, candeeiros em barro, suspensos do tecto, com iluminação “fingindo velas”, completavam o cenário. Nas mesas, os pratos e jarros de barro de vinho eram de trabalho artesanal, de um oleiro do concelho. A mãe D. Irene, que sabia e tinha dedo para a culinária antiga da terra, transmitiu a sua filha Maria Rosa, que passou a cozinheira de serviço, alargando os pratos das ementas do Ribatejano, às receitas da comida do povo da região. Na ementa, tinham significado especial, a Açorda de Sável, e Caldeirada de Enguias , peixes do rio Tejo, pescado pelos pescadores do Escaroupim. Nas carnes; os pratos de Borrego e o Cabrito, eram servidas as ementas das gentes das terras da Charneca de Salvaterra.

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TOTOBOLA

A Misericórdia de Lisboa, detentora da exploração das lotarias em Portugal, lança um novo jogo de apostas no mercado, o Totobola, e mais uma vez em Salvaterra, a primeira agência chega ao Café Ribatejano.


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UMA NOVA FORMA DE RECEBER

Entretanto, o Restaurante Ribatejano, é provido de uma outra sala de refeições que foi construída no local, que a voz popular, dizia ser do espaço que foi do teatro da asa da Ópera de Salvaterra. Sempre no seu espírito inovador, Joaquim Lopes, construiu um pequeno tentadero (pequena praça de toiros), com a entrada dos animais, pela rua Marquês de Pombal, junto à cozinha do seu já grande empreendimento turístico, enriquecendo com esta iniciativa as instalações que, à muito anos, se esgotavam em dias solenes como: Pelo Carnaval (três dias), Páscoa, Natal e Ano Novo. As organizações sociais, e de pessoal de empresas, organizavam os seus encontros para passar o dia nestas instalações.

000 – Na traseira do autocarro, entre o povo o pai e o autor assistem à chegada dos visitantes

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Os Congressistas que vinham a Portugal, não deixavam de passar um dia no Restaurante Ribatejano, usufruindo além da gastronomia, das festas que lhes eram destinadas logo à entrada da vila, com ranchos folclóricos, alas de campinos trajados a rigor, e os foguetes a estalar no ar .Aos domingos e feriados, o grupo de empregados de mesa, de camisa branca e calça preta, com barrete ao ombro, iam servindo as refeições. Os ranchos folclóricos da terra, especialmente dos Pescadores do Escaroupim, com outros da região, actuavam num grande palco, com artistas da área da

música ligeira e do fado. Na apresentação e, divulgação dos usos e costumes do folclore da região, encarregava-se o colaborador, Manuel Carlos Nunes, grande conhecedor das realidades da etnografia da Lezíria Ribatejana.


139 UMA TRANSMISSÃO EM DIRECTO DA RTP

Estávamos no ano de 1960, talvez em Setembro, a RTP utiliza o Restaurante Ribatejano, para uma transmissão em directo de programa, Actuava naquela noite de fados a fadista Amália Rodrigues. Decorria a manhã, vi chegar e estacionar na rua Luís de Camões, junto às suas cozinhas, um grande carro de estúdio de exteriores (tipo autocarro de passageiros), e logo um grupo de electricistas, em pouco tempo liga o veículo com vários cabos de corrente eléctrica, recebida de um poste de iluminação pública, mesmo ali à mão. Outros cabos são estendidos através do espaço do Tentadero, e entram na sala grande, onde já uma outra equipa faz ensaios com as máquinas de filmar. Eu, a tudo assisti um pouco confuso, tendo mesmo estado dentro do carro estúdio, que iria fazer a transmissão. No seu interior, tantas televisões, e milhares de botões em outras máquinas, em cima de balcões, era por demais fascinante, ver tais coisas. A meio da tarde, outros membros da equipa da televisão, se juntaram, como o realizador, e o apresentador do programa. Ao cair da noite, a gerência ofereceu um jantar a toda a equipa da RTP, e a alguns convidados, pessoas da terra. Tal como a outros “mirones” deixaram-me ficar pelos bastidores da sala. O apresentador do programa, (julgo que: Manuel Caetano), cumprimentou-me, quando foi sentar-se junto a umas senhoras, que o preparam com tintas na cara e lacas no cabelo. Os guitarristas, afinaram os sons, foi pedido grande silêncio aos presentes, e a emissão começou. Quando terminou o


140 programa, uma grande azáfama de técnicos desmontaram máquinas e projectores. Nessa mesma noite, e em pouco tempo tudo ficou deserto e calmo de tanta confusão. Na manhã do dia seguinte, o grande carro da RTP, abalou, rumo a outras paragens. O CINEMA “CONDE DE ARCOS”

O Cine – Teatro dos Bombeiros, na rua Machado Santos estava inactivo havia algum tempo Joaquim Lopes, sempre com espirito inovador, tenta comprar o seu alvará, pois quer transformar o antigo espaço de patinagem, instalando o Cinema Conde de Arcos, mas a iniciativa saiu gorado o proprietário – os Bombeiros da terra, não tinham ainda aquele documento, mesmo volvidos tantos anos ( existia sim um provisório ), Logo após muitas andanças pelos locais oficiais, conseguiu o tal documento e, na noite da inauguração foi exibido o filme “Os Miseráveis ”, com o actor francês Jean Gabin. (Vrs)

*********** (Vrs)– Teatro e Cinemas que existiram na vila – Caderno nº 6


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A CONSTRUÇÃO CIVIL

Em 1962, a “onda” que, atravessava o país na área da construção civil., no início da década dos anos 60, é aproveitada pela firma Manuel Vieira Lopes, que constrói na margem sul do Tejo, especialmente no Barreiro, aproveitando os conhecimentos do seu cunhado, Manuel Ferreira Pinto Em 1964, inicia uma outra obra de grande investimento na sua propriedade, na rua Heróis de Chaves (Rua dos Arcos), no espaço das suas pequenas casas de habitação (restos de anexos de casas do palácio real), ali faz a construção de uma nova urbanização de três pisos, para habitação, com o résdo-chão, destinado a estabelecimentos comerciais. ESTAÇÃO DE CAMIONAGEM

Já em 1957, na rua Heróis de Chaves, nas pequenas casas de habitação, numa delas (1), tinha sido instalada a Central de despachos dos caminhos-de-ferro, e das camionetas da carreira, exploração da empresa de camionagem “A Setubalense” - Belos.


142 Uns anos depois, a firma Vieira Lopes, proprietária, remodelou todo aquele antigo casario, por uma nova urbanização., onde foi (re) instalado os serviços da rodoviária. (Vrs)

********* (1) Casa onde José Gameiro o autor deste texto

A HORTA D`REI (último empreendimento no turismo local)

Para completar, o grande empreendimento criado na área da Restauração e Turismo de Salvaterra de Magos, a firma Viera Lopes, negociou a aquisição da Horta d`Rei (séc. XIII) com vasto terreno, que incluía uma grande Casa de Campo, ali se construiu túneis de vinho, uma grande piscina, e num alpendre passaram a existir assadores para churrascos de frango e outras carnes. Tudo ao dispor da clientela que em grupos ali faziam os seus encontros, Os muitos congressos que Lisboa recebia, não deixavam de trazer até Salvaterra muitas e muitas dezenas de participantes que aproveitavam, levando como recordação toda uma beleza ribatejana que tiveram ao seu dispor. *********** (Vrs) – O Transporte Público de Passageiros – Caderno 13


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O INICIO DO FIM DO CAFÉ E DO RESTAURANTE

A morte de Joaquim Lopes, em Agosto de 1980, quando se encontrava nas Termas de Castelo de Vide, trouxe o inicio do fim de toda uma estrutura empresarial familiar, que assentava na sua gerência. O Restaurante Típico Ribatejano, ainda esteve aberto durante mais três anos, sob a administração do irmão; António Vieira Lopes, tendo em 1983, encerrado definitivamente as suas portas. Terminou assim, em Salvaterra de Magos, um estandarte na divulgação do turismo ribatejano. A família, ali tudo vai conservando como se estivesse à espera da clientela, chegar um dia. Após a morte do irmão António Vieira, Lopes , a acabou a firma, e os descendentes entraram no campo das partilhas por herança O Café Ribatejano, ainda tem a porta aberta com arrendamentos sucessivos.


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BIOBLIOGRAFIA USADA: Autor - Salvaterra de Magos; “Urbanização e Toponímia da Vila” - O Passar dos Anos – “Os dias que se seguiram ao Terramoto de 1909” Caderno Apontamentos Nº. 17 * “Os Transportes Públicos de Passageiros - Através dos Tempos ( Caderno Apontamento Nº 13 ) “ Os Cinemas e os Teatros em Salvaterra


146 ( Caderno Apontamento Nº 7) * Salvaterra de Magos “ Uma Vila no Coração do Ribatejo “ Edições: 1985 e 1990 (Esgotadas) e 2014 – Do Autor Fotos Usados:

Do Autor e outros de origem desconhecida.

Caderno Apontamentos Nº 5 Documentos para a História de Salvaterra de Magos Séc. XIII – Séc. XXI

SALVATERRA DE MAGOS Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo


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UMA INSTITUIÇÃO DE CARIDADE ATRAVÉS DOS TEMPO O Autor JOSÉ GAMEIRO


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Foto da Capa: Edifício do Hospital – Quando Inaugurado 1913

Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Caderno Apontamentos Nº 5

A MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE MAGOS ! ( Uma Instituição de caridade Através dos Tempos )

Tipo de Encadernação: Papel A5 - Brochado Autor: Gameiro. José Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49


149 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 05 – 7 Depósito Legal: 256456 /07 Edição 100 exemplares * Março 2007

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2ª Edição - Revista e Aumentada * Março 2015 *********************************

Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt


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O autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990

O MEU CONTRIBUTO Um dia, José de Carvalho Asseiceira Cardador, ofereceu-me o livro “SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE MAGOS”.,trabalho de longa e única pesquisa sobre esta instituição de caridade. Era uma edição limitada em quantidade, foi um trabalho de por si efectuado, para a sua licenciatura, em 1974, na Universidade de Coimbra. O gosto da oferta, foi retribuir-me o convite que lhe fiz para a responsabilidade editorial na página “Jornal de Salvaterra”, do “Aurora do Ribatejo”, com redacção em Benavente. Tal convite, tinha-me sido endereçado pelo Director daquele periódico mas achando-me eu, sem condições académicas para tal, encontrei no Dr. Cardador a pessoa indicada. Anos depois, estive integrado num grupo de amigos da Santa Casa, onde fizemos na vila de Salvaterra, um peditório, para a construção do Centro de Dia para Idosos. um primeiro passo para a construção do edifício - sede, Lar e Centro de Dia para Idosos, uma obra que era um sonho de décadas, e que se tornou realidade, sendo um dos


151 mais modernos no género em todo o país. Com a leitura deste Caderno, publicado em 2007, agora revisto e aumentado, voltamos a aconselhar a leitura do livro do dr. José Cardador, para melhor entendimento do passado da Misericórdia de Salvaterra de Magos. MARÇO: 2007

JOSE GAMEIRO

UMA INSTITUIÇÃO DE CARIDADE, ATRAVÉS DOS TEMPOS !

“A Assistência nas terras, hoje território ocupado por Portugal era exercida não só nos Mosteiros, Presbíteros, Residências Episcopais e, dos Senhores, como em Albergues, Albergarias, Hospícios, Hospitais, Gafarias e Mercearias..” Estava-se em 1418 e o povo de Salvaterra de Magos, fazia humildemente parte desta oferta humanitária para curar as maleitas físicas e espirituais na Albergaria, junto à Capela (Igreja da Nossa Senhora da Conceição). Além dos necessitados de boca e roupa, era aí que os peregrinos, especialmente aqueles que tinham como destino Santiago de Compostela (Espanha). Na vila de Salvaterra de Magos, também existia uma outra pequena Albergaria (hospital), que recolhia esses caminhantes tementes a Deus. Os doentes da terra, que necessitavam de assistência médica, encontravam no pequeno “hospital da vila”, existente no Largo de S. Sebastião, algumas referências dão-no a conhecer já no séc. XVIII.


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PRESTAR ASSISTÊNCIA LEGALIZADA !

A diferença dos hospitais medievais, era serem fundados por particulares, como obra de misericórdia. A lei que, regulava a prática da assistência, resumia-se na síntese das “Obras da Misericórdia”, com o “Direito Canónico” (Igreja Católica), nas suas disposições, a fiscalizar a fundação das instituições com caracter assistencial, tais como Mercearias e Albergarias. O poder civil, ou as ordens religiosas, porém cedo começaram a intervir na sua construção e administração e, aí temos no último quartel do séc. XV, a rainha D. Leonor, a instituir em Portugal, a lei das Misericórdias e, assim em 1498, nasceu a Misericórdia de Lisboa, seguindo-se de outras pelo país.

A MISERICÓRDIA DE SALVATERRA !


153 Fazendo fé em alguma documentação oficial, a fundação da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, data de 1660. Ao longo da sua existência, a Santa Casa, teve já vários “Compromissos” (Estatutos). No primeiro, constavam 36 capítulos de obrigações e deveres, como era prática no séc. XV. Um outro de 1912, regulava a instituição, dando-lhe o nome: “Associação de Beneficência - Misericórdia de Salvaterra de Magos”. Mais tarde, em 20 de Fevereiro de 1961, é aprovado pelo Ministério da Saúde e Assistência, um “Estatuto”, com o título: “ Santa Casa de Misericórdia de Salvaterra de Magos “ AS ALBERGARIAS EM SALVATERRA DESAPARECERAM

Tal como muitas habitações da vila, foi o terramoto de 1909, que ditou o desaparecimento da Albergaria e do Hospital, certo é que já tinham sofrido danos com os sismos de 1755 (Lisboa), 1858, Como a falta de assistência médica hospitalar, passou a ser uma necessidade premente na vila, especialmente da camada populacional mais empobrecida, mesmo existindo o Montepio de Salvaterra, que dava apoio aos socialmente menos carenciados,


154 pois pagavam um quota mensal. O espaço da antiga Albergaria junto à capela, deu lugar à construção de um Jardim, obra custeada, em 1964, pelo agricultor – João Oliveira e Sousa que vivia ali na Rua Direita (rua Luís de Camões). Uma das paredes, ainda ostenta uma das portas, que mostra agora por cima a pedra mármore a recordar aquela Albergaria. Do Jardim, é visível a porta (acesso da Capela à Albergaria) cuja construção foi oferecida por uma das Infantas, filhas de rei D. Pedro II.

O NOVO HOSPITAL O Terramoto de 1909, ainda estava bem patente na memória de quantos viveram a aquela tragédia, mas as lágrimas já tinham secado da face dos que perderam bens e familiares, pois os anos que decorreram já disso se tinham encarregado.


155 Os “homens bons” da terra, esses continuavam a angariar fundos para a construção de um novo hospital que a população de Salvaterra, dele bem precisava, e dessa iniciativa se tinha encarregado, o então provedor da Misericórdia, Gaspar da Costa Ramalho. Os donativos angariados pelo provedor, foram de 7.011.955$000 (réis), onde já constava uma sua oferta. No final das obras, verificada ainda a falta de 2.083.505$000 (réis), Gaspar Ramalho, fez a oferta de outro óbolo e saldou as contas.

O novo hospital, foi solenemente inaugurado a 9 de Março de 1913, sem a presença do benemérito provedor, aliás desejo e prática manifestada em todas as suas iniciativas na vila. O hospital considerado na época um edifício modelo de construção, naquela área, em todo o Ribatejo, durante anos serviu a população do concelho de Salvaterra de Magos, nas várias situações de internamento e partos difíceis. AGRADECIMENTOS AOS BENEMÉRITOS

Desde os primórdios da sua existência a Misericórdia de Salvaterra de Magos, sempre soube ser humilde nos agradecimentos, para quem a serviu, na sua obra de beneficência, mesmo para com aqueles que lhe deixaram legados.


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Homenagem às Irmãs Sousa Vinagre – está presente sua prima Lurdes Menezes * Fotos de José Gameiro


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Algumas homenagens foram assinaladas e constam gravadas em pedra, para a memória dos tempos, a homens que lhe prestaram benemerência, como os doutores; Armando dos Santos Caiado, José António Vieira, Roberto Ferreira da Fonseca e Joaquim Gomes de Carvalho, que durante muitas décadas, ofereceram aos protegidos da instituição os seus actos médicos. Seguindo os mesmos ditames da filantropia, um outro distinto médico, Fernão Marçal Correia da Silva, foi um dos últimos, deixando tal prática graciosa já com o peso da idade.. UM CENTRO DE DIA PARA IDOSOS

A chamada terceira idade, tem dado assunto para páginas e páginas de literatura, horas de conferências, onde ficaram


158 registadas sábias lições sobre gerontologia, mas pouco se tinha feita até aquela data em benefício dos necessitados.

Em 1980, fizemos publicar no semanário “Aurora do Ribatejo”, uma notícia onde destacava a iniciativa de um grupo de 8 amigos da Misericórdia, em construir um Centro de Dia para Idosos, com o fito do apoio ao domicílio, o que era raro no país. Aquela original iniciativa teve eco nos meios de comunicação, que passaram a reproduzi-la e foi assunto daquela semana. Um deles, foi a rádio comercial no seu programa “As Cidades e as Serras”, em Maio de 1980, que não deixou de dar eco ao peditório que foi feito à população da vila. Mesmo previamente anunciado, não teve o acolhimento esperada, rendendo uma soma insignificante, mas os oito promotores não desanimaram. O Centro de Dia, foi inaugurado em 21 de Junho de 1985, usando um espaço num velho edifício do séc. XVIII, na Praça da República (antigo Largo Fonte S. António) cedido provisoriamente pela


159 câmara municipal, Depressa acolheu grande número de idosos, que passaram a ficar lá todo o dia, libertando assim as suas famílias, para os seus afazeres profissionais.

Os doentes, e idosos acamados nas suas residências, diariamente eram visitados e tratados, o que era uma novidade, pois tinha sido uma aposta bem sucedida dos seus fundadores que não desistiram, e continuaram a sonhar - com um espaço novo e moderno – Um Lar e Centro de Dia, que passou ser um novo emblema na solidariedade, da Santa Casa local.

UMA PRÁTICA DA CARIDADE! Houve-se muitas vezes os especialistas, quanto se encontra alguém a viver num lamentável estado de falta de higiene - entre animais .que é um problema de saúde pública Em Salvaterra, existia a idosa, “Emilia dos cães” como era conhecida, vivendo entre uma matilha de cães, e onde a limpeza não existia, a velha


160 construção de madeira com tecto de folhas de zinco, era o espaço onde vivia, ali nas traseiras do cemitério – paredes meias com as pocilgas dos porcos da população da terra. A solução foi encontrada: entre levar a Emília, para um Lar, e os animais para um Canil, ou abatê-los – ali encontrava-se, um problema de saúde pública Uma ideia pairou no ar, e ficou resolvido o assunto. Um dos membros do grupo; José Teodoro Amaro, construiu nas traseiras uma barraca em madeira (num espaço também pertencente ao município, que tinha uma porta de acesso ao Centro de Dia), Ali, passou a viver a idosa os seus últimos tempos de vida, na companhia dos seus animais.

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Emília, com um cachorro ao colo – a mãe Cadela espreita Foto – José Gameiro

Dos Jornais: “ Na sua edição de 15 de Abril de 1992, o JVT noticiava a inauguração do edifício do Lar para Idosos, pela Misericórdia Lar e Centro Dia”

CENTRO DE DIA PARA IDOSOS Alguns anos se tinham passado, desde aquela iniciativa de um grupo de oito homens que muito se empenharam na construção de Centro de Dia para Idosos em Salvaterra de Magos, depois de um percurso cheio de contratempos com vários pedidos de apoio,


162 a obra começou e levou alguns meses a finalizar a sua construção, até que chegou o dia !.... “ A Misericórdia de Salvaterra de Magos estava em festa, foi construído nos seus terrenos. um novo edifício para acolher os idosos e os mais carenciados. Houve, uma sessão solene ao acto esteve presente o secretário de estado da segurança social, Dr. Vieira de Castro. Entre outros convidados oficiais, encontrava-se o Bispo da Diocese de Santarém, D. Manuel Pelino e, entre a multidão anónima presente à inauguração, encontravam-se aqueles que um dia levaram a cabo a iniciativa da construção do Centro de Dia e, mais tarde o Lar de Idosos, agora a receber as honras festivas da sua fundação. Edifício moderno, contou desde a primeira hora, do projecto, com a “carolice” de oito incansáveis da primeira hora, que, desde 1977 esperavam a aprovação no Departamento e Equipamento Social, do Ministério da Segurança Social que, apoiou a sua construção. Armando Oliveira, já investido de Provedor, naquele dia memorável, para esta vila, fez das suas as palavras de todos quanto se tinham empenhado na concretização daquela obra.


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“ Para que a velhice não seja um peso, mas sim um continuar da vida, onde o amor e fraternidade do ser humano, são postos ao serviço do seu semelhante – Seja tudo isto o que damos aos outros, faz-nos mais humildes e felizes”. Foram parte das suas palavras. No rosto de alguns amigos daquela obra, uma lágrima de emoção rolou, ali já não estavam presentes o José Teodoro, José Luis Borrego, João Castanheiro, a morte tinha-os levado algum tempo antes. Foi relembrado, José Teodoro Amaro, era um homem que, sempre se dedicou à criatividade e espirito de iniciativa com empenho de grande solidariedade às instituições da sua terra. Em 1989, arrastou alguns voluntários para darem a sua colaboração como; Fortunato Ferreira Hortelão. que se encarregava do provisionamento dos géneros alimentícios Um Artigo de Jornal:


164 CHORAR DE EMOÇÃO, EM DIA DE ALEGRIA (Uma obra dos amigos da Santa Casa)

O homem liberta-se, ao chorar de emoção, em dia de alegria! Cada sonho, cada realização, torna o ser humano, mais digno de si mesmo. A dignidade, está também visível na forma de vida que, em união de esforços consegue buscar para si, ou para o bem-estar da comunidade onde está inserido. Em Portugal, os lares para idosos, não eram e, ainda não são bem aceites pelas gerações que, foram educadas onde o dogma é a família. Em Salvaterra, como hábito de séculos, enraizado na cultura familiar das gerações mais antigas, “os velhos”, sempre viveram e acabaram os seus últimos dias de vida, dependendo das disponibilidades e carinhos dos filhos, ou familiares mais próximos. Na década de 70, as instituições de solidariedade social, mormente as misericórdias, levaram a cabo no nosso país a implementação de Lares para Idosos , e daí nasceu uma outra forma de assistência, os Centros de Dia. Neste projecto empenharam-se: José Teodoro Amaro, José Luís Serra Borreiro, Armando Rafael Oliveira, João Castanheiro, José António da Silva, Eurico Norberto Borrego, José Rodrigues Gameiro e João da Silva Nunes

****** Jornal Vale do Tejo – 16.07. 1998 * Texto José Gameiro


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OS NASCIMENTOS EM CASA Os partos das crianças em casa mantinha as parturientes do concelho de Salvaterra, agarradas ao velho hábito, mas no dobrar do séc .XX, os médicos da terra insistiam a recorrerem aos serviços do hospital da Misericórdia local, onde existia serviços de enfermagem aptas a prestar tal trabalho, Esta e outras formas de assistência terminaram de vez nesta unidade hospitalar por volta de Maio de 1970, com o encerramento total do edifício. As enfermarias do hospital da Misericórdia de Benavente, passaram a dar apoio devido e quando não havia camas vagas, chegou a ser Almeirim o seu destino. Nas situações mais complicadas as grávidas encontravam no hospital de Santarém, e na Maternidade Alfredo da Costa em Lisboa o acolhimento necessário. O grande inconveniente, estava na letra da lei, os nascimentos dos bebés, tinham de ser registados nos Registos Civis nas freguesias onde estavam situadas aquelas unidades hospitalares, situação que afectava os índices de natalidade das povoações originárias. Depois da Revolução de Abril de 1974, foi encontrada uma solução para utilização do antigo hospital de Salvaterra, passaram a ter aí lugar as consultas e serviços administraticos das Caixas de Previdência. Estas deram lugar à Segurança Social, e em 1979, Ministro da Saúde, dr. António Arnaut, empenhou-se no processo da criação de um novo Serviço de Saúde para Portugal.


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Com a publicação da Lei n.º 56/79, de 15 de Setembro, foi criado o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este novo serviço veio marcar o “nascimento” do sistema nacional de saúde português, assegurando o acesso universal, compreensivo e gratuito a cuidados de saúde ao povo português. Desde este ano que o sistema de cuidados de saúde, tem sido então baseado na estrutura de um Serviço Nacional de Saúde (SNS), com seguro público, cobertura universal, acesso quase livre no ponto de utilização de serviços e de financiamento através de impostos. Ao longo dos anos o sistema tem sofrido algumas alterações na forma de o melhorar. No início foi necessário, recorrer à conversão de muitas misericórdias, com a utilização dos seus serviços médico-sociais. O velho hospital de Santarém, em 1986, fechou, tal como o de Benavente, sendo o primeiro substituído por um novo e moderno Hospital Distrital, acabado de ser inaugurado. Para a criação de um Centro de Saúde concelhio em Salvaterra, (até à construção de um novo edifício) a Santa Casa e a autarquia, num processo de negociação de uma permuta de terreno a destacar do antigo hospital. As obras foram suportadas pelo estado e em 3 de Agosto de 1995, foi inaugurado o edifício do Centro de Saúde, onde esteve presente o Ministro da Saúde; dr. Paulo Mendo o seu primeiro Director, foi o dr. José Emídio Mineiro, que manifestou grande empenho e dedicação, sendo reconhecido o seu trabalho. O antigo edifício hospitalar foi devolvido à Misericórdia, depois das necessárias obras de conservação.


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OS CUIDADOS MÉDICOS EM SALVATERRA NOS SÉC. XIX E XX

Em Salvaterra de Magos, existem relatos que o acesso aos hospitais da capital, e mesmo em Santarém, na primeira metade do séc. XX, os médicos; Roberto Ferreira da Fonseca, José Vieira, Joaquim Gomes de Carvalho, muito se empenharam junto dos seus colegas, para consultas de especialidade e até internamento para cirurgias dos seus doentes Também é de realçar o empenho do Dr. Gregório Fernandes, nascido em Salvaterra, deslocava-se de Lisboa para atender os seus conterrâneos, levando muitos deles até ao hospital de S. José, onde era interno e os operava, disso atenta a homenagem prestada – registada numa placa, na casa onde nasceu. Tal empenhamento acontecia junto dos médicos amigos de outras especialidades como: Custódio Cabeças, Sousa Martins Oliveira Feijão e Alfredo da Costa (no caso de situações de partos difíceis) entre outros. Diligenciava os seus internamentos nos hospitais Curry Cabral, D. Estefânia, Arroios, Santa Marta entre outros, que não deixavam de atender os seus pedidos, pois era considerado e respeitado no hospitalar. A partir da década de 70 do séc. XX, os doentes encontraram no médico; Marçal Correia da Silva, grande empenho para o atendimento dos seus doentes nos hospitais da Misericórdia de Benavente e Coruche, necessitados de intervenções cirúrgicas.


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UM CATEI NO EDIFICIO DO ANTIGO HOSPITAL Fechado o edifício do antigo hospital da Misericórdia, o seu Provedor, Armando de Oliveira, procurou encontrar nova ocupação para o seu espaço, houve sondagens com empresas de prestação de serviços na área médica. Mas em 1999, foi-lhe destinado o acolhimento de algumas famílias Kosovares, que fugidas da guerra naquelas paragens, foram recolhidas por Portugal.

1999 - O jornal Vale do Tejo, de Salvaterra, noticia a chegada – Um grupo de crianças acolhidas * Foto José Gameiro

Dias depois alguns refugiados, “fugiram” de Salvaterra, constou que o seu destino foi a Alemanha, Uns meses depois todos deixaram Salvaterra, foram embarcados no aeroporto de Lisboa.


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De seguida um contracto foi efectuado, em 1999, com a Segurança Social, seria ali instalado um Centro de Acolhimento Temporário de Emergência a Idosos – C.A.T.E.I., acompanhados de uma equipa técnica. O edifício foi preparado e nesse mesmo ano foi inaugurado com cerimónia solene.

1999 – Armando Oliveira na inauguração do CATEI * Fotos José Gameiro – Jornal Vale do Tejo

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************** ARMADO OLIVEIRA Armando Rafael Oliveira, esteve à frente da Misericórdia de Salvaterra de Magos, cerca de 35 anos, Ao longo do tempo, Armando Oliveira, iniciou os seus contactos com a Santa Casa, quando presidiu ao executivo da Junta de Freguesia, esteve a direcção dos Bombeiros, e integrou o grupo que se interessou pela aparecimento de um Centro de Dia, que culminou com a construção de um Centro de Dia e Lar, que enriqueceu o património daquela Instituição de caridade de Salvaterra de Magos, que estava carente de uma provedoria completa. Os promotores da obra, viram com bom agrado a disponibilidade de Armando Oliveira, para ocupar o cargo de Provedor, e foi promovida uma Assembleia Geral, que aceitou o executivo por ele apresentado.


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Quando da inauguração do edifício, alguns dos que se tinham empenhado, já tinham falecido. Na cerimónia da inauguração não deixou de os lembrar. Para este apontamento socorremo-nos de alguma informação que foi saindo na comunicação social. A construção de uma Capela, em 1999, para apoiar os serviços religiosos do Lar e Centro Dia. Obras de conservação de grande vulto no edifício da Praça de Toiros. Um contracto com a segurança social, para a instalação de um CATEI, no antigo hospital. Um projecto de construção de pequenas habitações individuais, dando satisfação aos pedidos de casais idosos/ ou

Habitações sociais – Misericórdia Salvaterra * Fotos José Gameiro

pessoa individual que pretendiam viver no Lar, mas com reserva de espaço intimo, para isso suportavam o custo da construção, e ali viveriam até ao falecimento do último membro da família, revertendo a construção para a Misericórdia. Nos actos


173 eleitorais, apresentava-se às eleições com a equipas renovadas, No seu último mandato (2012-2014), apresentou a lista seguinte: ASSEMBLEIA GERAL: Presidente; Ana Maria Pessoa de Oliveira Antunes * Vice-Presidente; Manuel Sebastião Catarino da Silva * Secretário; António Eduardo Morais Andrade * Secretário; José Carlos Viegas Ferreirinha * Suplente; Mário Duarte Ferreira * Suplente: João António Nunes da Silva. MESA ADMINISTRATIVA: Provedor; Armando Rafael Pinto de Oliveira * Vice-Provedor; Francisco Miguel Mira Nunes Viegas * Secretário; Maria Conceição Esperança Duarte Serafim * Tesoureiro; Arlindo Ferreira da Cunha * 1º Vogal; Rogério Paulo Saraiva Marques Francisco * 2º Vogal; Victor Cardoso Oliveira Silva * 3º Vogal; Óscar Manuel da Silva Romão * 4º Vogal; José Martins dos Santos. CONSELHO FISCAL: Presidente; António José Soares Damásio * 1º Vogal; Rui Pedro Oliveira Antunes * 2º Vogal; Joana Isabel Martinho da Silva Viegas * 3º Vogal; António Manuel Elias Cipriano * 4º Vogal; Manuel Marques Francisco.

Capela do Lar/Centro Dia da Misericórdia * Foto José Gameiro


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FRANCISCO MIGUEL VIEGAS

Com o falecimento, em 9 de Janeiro de 2013, do Provedor Armando Oliveira, a gerência da Santa Casa de Salvaterra de Magos, passou para o Vice-Provedor; Francisco Viegas, e assim terminou o mandato (2012-2014). No ano seguinte, candidatou-se e foi eleito para o mandato (20152018), apresentando a lista seguinte: ASSEMBLEIA GERAL: Presidente; Ana Pessoa de Oliveira Antunes * VicePresidente; José Carlos Viegas Ferreirinha * Secretário; Manuel Marques Francisco * Secretário; Manuel Luis de Oliveira * Suplente; Manuel Sebastião Catarino da Silva * Suplente; António Luís Rijo Milho. * MESA ADMINISTRATIVA; Francisco Miguel Mira Nunes Viegas * Vice-Provedor; Arlindo Ferreira da Cunha * Secretário; Maria Conceição Esperança Duarte Serafim * Tesoureiro; Rogério Paulo Saraiva Marques Francisco * 1º Vogal; Vitor Cardoso Oliveira Silva * Suplente; Rui Pedro Oliveira Antunes * Suplente; Óscar Manuel da Silva Romão * Suplente; Luis Alberto Pessoa Fonseca Marques * CONSELHO FISCAL: Presidente; António José Soares Damásio * 1º Vogal; Joana Isabel Martinho da Silva Viegas * 2º Vogal; António Manuel Elias Cipriano * Suplente; Sílvio


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Augusto Roquete Cabaço * Suplente: Rafael Alexandre Oliveira Antunes * Suplente: António Carvalho Filipe. Logo de inicio da sua administração, tomou conta de um processo que já levava alguns anos de negociação: Levou em conta os interesses da Santa Casa, e com os seus colegas da Mesa Administrativa, foi tomada a decisão de doar uma parte do seu terreno do Loureiro, e no dia 19 de Junho de 2014, foi assinada a escritura nos paços do concelho de Salvaterra de Magos, a câmara municipal era uma das partes interessadas.

Cerimónia do contracto do terreno * Foto de Helder Esménio

O velho campo de futebol, aberto no dobrar do séc. XX, e agora em desuso por falta de condições, seria substituído por um novo Parque de Jogos.


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Um outro processo lhe caiu em mãos, o encerramento do CATEI, no antigo hospital, chegou ao fim, o seu financiamento pela segurança social, tinha terminado com aquela valência. Os idosos ali internados passaram a ser instalados no Lar/Centro de Dia da Santa Casa. O velho edifício, vai continuar fechado até melhor aproveitamento.

1995 Sala de encontro dos Idosos – Hospital * Fotos José Gameiro

Um grande desejo de Francisco Viegas, e da sua equipa, no acto de eleição, foi manifestado: Encontrar no seu mandato, alguns benfeitores, que aceitem fazer doações, para a reparação dos quadros (retábulos) que forravam o tecto da Capela da Misericórdia, que cairam com a destruição daquele edifício em 1979. Passados cerca de 35 anos, aguardam num armazém do Lar/Centro de Dia da Santa Casa, que venha esse tempo tão desejado pela equipa de Francisco Miguel.


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*********** OS DOCUMENTOS DA INSTITUIÇÃO Os documentos, para usar por qualquer interessado numa investigação sobre a história da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos,, são de difícil acesso – talvez por desaparecimento. Já nos anos 60/70, do séc. XX, o Dr. José Asseiceira Cardador, que por vezes assumiu encargos de Mesário, na Administração daquela Instituição teve grande dificuldade na sua pesquiza - segundo ele, eram parcos devido à longa vida da instituição, e em diversas datas esta esteve sujeita a alguns percalços (terremoto de Lisboa 1755, sismos de 1858 e 1909). Este último destruiu o edifício do hospital, no Largo de S. Sebastião, onde se guardavam alguns documentos nos seus serviços. Outras faltas devem imputar-se à pouca guarda dos homens, tal quando o edifício do hospital esteve fechado Agora só nos resta, a edição do livro de José Cardador, “ Subsídios para o Estudo da História da isericórdia de Salvaterra de Magos **************************


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Ano 2000 - José Lopes Ferreira Lino * Irmão (sócio) Nº 1 no dia de

Aniversário da Misericórdia * Foto José Gameiro

José Gameiro * em dia de anos do Lar


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*************************** UM NOVO CENTRO E SAÚDE A par do que estava a acontecer em todo o país, o Ministério da Saúde, veio também a instalar em Salvaterra de Magos, o serviço nacional de saúde – SNS, na falta de local apropriado na sede do concelho a câmara municipal de Salvaterra, cedeu a titulo provisório um espaço no piso térreo do antigo edifício, ali ao lado da Trav. do Secretário, no Depois das obras terminarem, foi inaugurado o edifício em 3 de Agosto de 1995, onde esteve presente o Ministro da Saúde; Dr. Paulo Mendo, o novo Centro de Saúde de Salvaterra, que daí à vante teria delegações nas freguesias do concelho. No seu início, e na fase da instalação dos serviços foi seu Director, o médico José Mineiro (José Emídio Mineiro), que manifestou grande empenho e dedicação, o que levou o seu trabalho realizado a ser muito reconhecido foi reconhecido. *************************


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Bibliografia usada: * Livro - Salvaterra de Magos “Vila Histórica no Coração do Ribatejo” e outra documentação avulsa do autor * Livro Centro Paroquial – 50 Anos de Acção Social (1947-1997) * Livro Subsídio para o estudo da história da Misericórdia de Salvaterra de Magos – José Asseiceira Cardador (Dr.) *Livro Freguesia da Várgea (Concelho de Santarém) - Pág 385 *Autor: António Miguel Ascensão Nunes (José Vargeano) – edição 2005 (Junta Freguesia da Várgea) * Gregório Fernandes, e seus Filhos (Referências na história da Medicina Portuguesa dos séc. XIX e XX) * Biografia Familiar * Autor: José Gameiro FOTOS INSERIDAS NESTE NÚMERO – Do Autor


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CADERNO APONTAMENTOS Nº 6 Documentos para a história de

SALVATERRA DE MAGOS séc. .XIII – séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo

O Autor JOSÉ GAMEIRO


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O MEU CONTRIBUTO

Um dia, no ano de 1988, tentei pesquisar onde teria existido o edifício da Casa da Opera de Salvaterra de Magos. Nas minhas deambulações, fui encontrar idosos que, tinham já uma vida vivida em dois séculos. As suas informações, muito me ajudaram no que pretendia e, foram preciosas para compreender o gosto do Teatro Amador, pela população de Salvaterra no início do século passado, confirmadas por alguns textos publicados em publicações desgarradas. Se nos apoiarmos na letra da história, vamos ao tempo vivido pelo rei D. Pedro II (1648-1716), que já ocupava muito do seu tempo em jornadas com passeios a cavalo, nos campos de Salvaterra, onde trazia a corte nos meses de Janeiro e Fevereiro.


184 Para melhor acomodação da corte continuou as obras de ampliação do Palácio e seus Jardins, não deixando de se interessar pela conservação da Capela, e do edifício da Igreja Matriz. Tempos passaram, veio a época da presença de D. José (1714 -1777), monarca que se interessava pelas caçadas de falcoaria e cetraria, não desprezando os “brincos” de touros para deleite da corte e alguma aristocracia, que da Europa vinha até Salvaterra, para tratar de negócios. Foi no seu reinado que a cultura sofreu grande desenvolvimento, especialmente na arte de representar em palco, para isso mandou construir mais dois Teatros de Ópera, a juntar ao já existente em Lisboa. Um desses teatros, foi o de Salvaterra. Alguns séculos passaram, mesmo com o desaparecimento das estruturas que pudessem mostrar a presença real nesta vila ribatejana, naquela minha investigação, não deixei de constatar que o gosto pelo canto da Ópera ainda se mantinha, no primeiro quartel do séc. XX, no seio de algumas famílias abastadas, que estando recatadas, em ambiente de festa não deixavam de cantarolar algumas árias, para prazer dos seus convivas. 2015

José Gameiro


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I

OS TEATROS Talvez a existência do teatro real da ópera, em Salvaterra de Magos, tenha originado o gosto do povo pela canto de Ópera, que no dobrar do séc. XIX, ouvia-se amiúdas vezes entre os grupos que se juntavam na tasca existente junto à Igreja Matriz, Certo é, que periodicamente nos anos 20/30 do século XX, algumas companhias de teatro por aqui passavam, como foi o caso da Companhia Rafael de Oliveira, que entre a representação não se deixava de ouvir algumas cantigas de raiz popular, que o povo muito gostava.


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No ano de 1929, um grupo de pessoas de boa vontade, reuniu alguns jovens rapazes e raparigas, cujas profissões vinham do Ferreiro, Carpinteiro, Pedreiro, até à Costureira, apoiados por músicos da terra, fundaram o grupo teatral, a que deram o nome GRUPO DE BENEFICIENCIA SALVATERRENSE” Para os seus ensaios e apresentação das peças, serviu uma construção perto da Capela Real, e que o povo dizia ser restos do antigo paço real da vila, Por estar pintado de amarelo, logo começou a chamar-se teatro “ Os Amarelos”. Naquele tempo acabava de ser construído, na rua Machado Santos, um edifício para Cine-Teatro que, o benemérito; Gaspar Ramalho ofereceu aos bombeiros locais, além dos filmes as representações dos grupos teatrais, vindos de Lisboa traziam actores como: Eurico Braga e Cecília Simões , entre outros de fama nacional. O grupo teatral “Os Amarelos”, como passou a ser conhecido, representou peças com assinalável êxito, quer em Salvaterra, quer nas terras vizinhas como: Benavente, Vila Franca de Xira, Valada e Azambuja. Peças como: “A PROCURA DO PROGRESSO” (1929) * NO PARAÍSO (1929) * “ O CAMPINO (1930) * PAZ E SUCEGO (1930) * CANTIGA NOVA (1930) * INTRIGAS NO BAIRRO (1931) * FERRO VELHO (1931) *


187 TOUROS E FADO (1931), fizeram parte do seu repertório.. Deste grupo teatral destacaram-se como actores: Carlos Almeida,

Maria Josefina Vidigal, Beatriz Barroso, Manuel das Neves, Maria Carlota Serra, Laura Antão, Joaquim Ferreira Estudante, João Antão, José Miguel Borrego e as suas irmãs; Isabel e Adelaide e muitos outros. Álvaro Lopes Rosa, António Paulo Cordeiro e Roberto da Fonseca Júnior, também deram o seu contributo na área musical.

Pouco tempo depois, com a morte de uma jovem que actuava no grupo, este começou a sentir na sua organização, um malestar, pois muitos dos seus componentes, eram familiares.

Assim, terminou uma experiência, que durante alguns anos empolgou o povo de Salvaterra de Magos, que sempre esgotava os espectáculos. Na Taberna da Anunciada (1), na Azinhaga pequena, lá se encontrava todas as noites um grupo, para jogar cartas e chinquilho. Depois de bem bebidos, não deixavam em jeito de desafio, uma ou outra cantiga atirando para o estilo da Ópera. Anos depois, em 1958, uma nova experiência yeatral outro grupo veio a aparecer, com o nome “GRUPO DRAMÁTICO DA BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS DE SALVATERRA DE MAGOS”, tendo uma actividade curta, pois apenas representou a peça “OS CAMPINOS”. Para os ensaios deste agrupamento foi solicitado ,


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a colaboração do conterrâneo Ruy Andrade, que já tendo experiência na representação teatral, também tinha responsabilidades

no

programa

radiofónico

“Os

Parodiantes de Lisboa”, de que era proprietário, com seu José

Andrade. Quando da construção do Parque Infantil, em 1974, foi criado um grupo teatral, para ajudar à recolha de fundo para aquela obra, que o povo muito apoiou dos “Amarelos” Depois dos ensaios, o “Grupo de Teatro Pró - Parque Infantil ”, com muita juventude a representar, levou à cena, tanto em Salvaterra, como em terras vizinhas, duas peças: “O AMOR VENCE”, com um drama em dois actos, que tinha o título: “POR SER TÃO BELA”, e “ÓDIO TAMBÉM MORRE”

********** (1)A Taberna da Anunciada, foi cenário de algumas passagens do conto verdadeiro “O Último Dia do Lobo em Salvaterra” incluído na pág 49 do livro “Contos do Ribatejo” – Lisboa 1979 (José Amaro


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Mais tarde, nos primeiros anos, das FESTAS DO FORAL DE SALVATERRA, um conjunto de jovens de ambos os sexos, muito se empenhou no aparecimento do “GRUPO DE TEATRO AMADOR DE SALVATERRA”, tendo representado no palco do Cinema Conde Arcos, a peça “OS CAMPINOS”, que era uma reposição em cena passados tantos anos. Uma última iniciativa nesta área teatral, veio a acontecer uns tempos depois, com o aparecimento do “GRUPO AMADOR DE TEATRO DE SALVATERRA DE AMGOS – GATSM”, este agrupamento, mesmo com escritura de oficialização pública, teve vida efémera. Depressa tudo passou para o esquecimento, no entanto, o idoso Francisco Costa, não deixava de nos alertar as saudades para o seu tempo da sua juventude em que a Ópera era cantada à “desgarrada”, na taberna, Terminando as minhas pesquisas para a recolha de elementos para o meu Caderno “EM BUSCA DO TEATRO REAL DA ÓERA DE SALVATERRA DE MAGOS”, ,nada encontrei que me levassem ao local onde poderia ter existido o edifício, Entre os meus informadores, devo destacar; José Caleiro, Joaquina Mendes, Rosa Mendonça, todos eles foram unanimes em afirmar que viram derrubar com cargas de explosivos, as paredes do que restava do Paço Real e da Casa da Ópera, sendo alguma da sua pedra usava nas ruas da vila. Um dia de Outubro de 2010, fomos contactados pela escritora; Aline –Gallasch, que pretendia saber a localização onde teria


190 existido a Casa da Opera de Salvaterra seriam documentos para a sua licenciatura. Agora sĂł nos resta recordar o que os livros nos contam !....

1930 - Grupo de Teatro BeneficĂŞncia Salvaterrense


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II OS CINEMAS O Séc. XIX, estava a terminar, o cinema por sua vez estava a iniciar uma actividade que, poucos anos depois já mobilizava milhões de participantes e figurantes, passando a ser uma indústria em todo o mundo. Com a primeira sessão cinematográfica na Europa, em 1895, por Luiz Lumière, logo esta forma de divertimento se espalhou no velho continente.

As salas de cinema e, as esplanadas para exibições ao ar livre, pareciam “cogumelos” a nascer em Portugal. Com o sismo, de 1909, e sendo a vila de Benavente a mais afectada, das outras


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suas vizinhas, logo os dois cineastas portugueses, Correia e Cardoso, vêem àquela povoação recolher imagens da catástrofe e, no dia seguinte. Os vários cinemas de Lisboa exibiram em várias sessões diárias os destroços das habitações, e outros danos ali causadas, com narração em viva voz, e em simultâneo, onde também era dado a conhecer ao povo lisboeta, o que tinha acontecido em Samora Correia e Salvaterra de Magos. Estava-se ainda na época do cinema mudo!

1998 – Acesso ao espaço onde foi o Canto da Ferrugenta – foi construído um Mercado Municipal * Foto José Gameiro

Naquele tempo, as vilas recebiam a visita periódica de empresários ambulantes que, faziam passar vários filmes, de alguns minutos cada. Em Salvaterra de Magos, existiram vários locais, onde eram passadas as fitas cinematográficas, como se dizia na época. Por volta de 1929, no espaço que, servia para a representação do grupo teatral, conhecida entre o povo por “Os Amarelos”, no Largo dos Combatentes, a energia eléctrica para as sessões, era


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recebida de um motor instalado numa oficina, dali distante, ao fundo da Capela Real.

O Canto da Ferrugenta, terreno antigo da vila, ficando junto ao novo Quartel dos Bombeiros, também foi sítio para a projecção de filmes, nos dias de Verão, como esplanada, sendo as entras cobradas pela instituição.

A entrada daquele espaço, quando da instalação do Mercado Diário Municipal, em 1956, ainda mostrava um muro a meia altura, com tijoleiras em desenhos, de barro vermelho. Eram os restos de um recinto que, marcou uma geração de cinéfilos em Salvaterra de Magos Na necessidade de uma sala própria, para cinema e teatro, o benemérito, Gaspar Costa Ramalho, por volta de 1925, mandou adaptar um seu celeiro, na antiga rua de S. Paulo, ofereceu-o aos Bombeiros Voluntários da terra, para fins de poder angariar mais receitas para a Instituição. Ao longo da sua existência, o CineTeatro, teve vários interessados na sua exploração comercial,


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para além dos seus proprietários, os bombeiros. Era mecânico da máquina de projectar os filmes, o jovem Hélio Mendes da Silva .

Um empresário de Marinhais, Joaquim Martins Madeira, já com um cinema instalado naquela povoação, durante anos explorou esta actividade, em Salvaterra de Magos. No dobrar do séc. passado, nos dias quentes de Verão, utilizava um largo espaço, numa propriedade da família Henriques Lino, na rua João Gomes, onde funcionava a “Esplanada do Cinema”. Foi num destes anos que, ali construiu um novo ecrã de grandes dimensões, numa parede de tijolo e reboco de cimento, pintado a branco pois tinha chegado o formato Cinema-scope, era uma nova forma de visionar filmes Por volta de 1958, uma sociedade, entre Anselmo Goulão e Horácio Costa, funcionários da Raret, também explorou o CineTeatro, dos bombeiros.


196 A firma Manuel Vieira Lopes & Filhos, Sucrs, estando interessada neste campo empresarial, inicia a construção de uma nova sala de espectáculos e Inicia conversações com os bombeiros, para celebrar um contrato de cedência anual de todo o material existente no Cine -Teatro, além do respectivo alvará, pelo preço de quarenta mil escudos. Estando a máquina de projectar e outros acessórios do CineTeatro, já obsoletos, compromete-se a comprar novos aparelhos para a projecção dos filmes A Direcção dos Bombeiros, reunida para deliberar o aluguer, com cedência das responsabilidades para os novos interessados, veio a verificar que, não existia nenhum Alvará de exploração para exibição de filmes. Na documentação existente, na Instituição, apenas um licenciamento provisório, estava registado através da autorização do Governo Civil de Santarém. Verificou-se assim, que o seu cinema, nunca possuiu a autorização definitiva por meio de um Alvará, documento necessário à época para a exploração daquele ramo de actividade. Perante aquela situação, avançou a firma Vieira Lopes, para a construção de uma sala em Salvaterra de Magos, na sua propriedade, e a população não ficou privada do “seu” cinema. Entretanto a juventude deslocava-se a Benavente, Marinhais e Samora Correia, aos fins-de-semana para assistir a este género de espectáculos, onde por vezes no final se realizavam bailes.


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O “Cine-Esplanada Conde d`Arcos ”, abre as suas portas ao público, em 31 DE Maio de 1959, com a exibição do filme, com o título: “OS MISERÁVEIS” uma superprodução que, utilizou além dos artistas principais, Jean Gabin e Daniele Delorme, e cerca de 30 mil figurantes. Aquele novo espaço de diversão, tinha como tecto, uma cobertura, em tecido/plástico, onde se podia ver um enorme “céu”, cheio de estrelas, sendo recolhido nos dias de Verão, funcionava assim como esplanada. Com o uso, depressa se veio a verificar, quanto era perigoso aquele sistema de cobertura e, foi substituído por uma cobertura em telha de fibrocimento. O seu tempo de vida como sala de cinema e, de outros espectáculos, durou apenas cerca de dez anos, exibindo nos seus últimos tempos, alguns filmes pornográficos, um género de filmes que invadiu todo o país. estávamos nos dias a seguir ao 25 de Abril de 74, A televisão, e o novo sistema de visionar filmes, que foram os Vídeos, levaram ao encerramento do cinema “Conde d`Arcos”, pois a sua manutenção, era um pesado encargo, pelas despesas dali ocorridas. Ainda no início da exploração desta nova acção empresarial, a firma Vieira Lopes, construiu uma esplanada, para exibição de filmes, no Estanqueiro, em Foros de Salvaterra.


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Foi um empreendimento que teve vida curta, os espectadores locais, não eram muito receptivos a este género de espectáculos culturais. Depois, de cerca de 40 anos, após a sua abertura ao público, o Conde d` Arcos , é agora uma saudade nesta terra, pois está fechado, mantendo todo o seu recheio de uma sala de cinema! Mais tarde, no ano 2000, parte da fachada, e algum espaço do edifício foi adaptada, par um estabelecimento de Pisaria, exploração de um descendente da família Vieira Lopes.

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III RECINTOS PÚBLICOS AUDITÓRIO DA CAPELA REAL A antiga capela do palácio real de Salvaterra de Magos, tem um terreno junto a si, no lado Sul, que teve várias utilizações, no decorrer dos séculos. Uma delas, foi de Picadeiro real, função que ficou registada, em mapas de várias épocas, e nele foi figura de destaque o Marquês de Marialva, que ali tinha a responsabilidade do ensino equestre. Já no século XIX, quando das muitas reformas do estado, sob a doutrina liberal, foi aquele espaço aproveitado para ser usado como cemitério público. Até ali o povo, era enterrado nos adros das igrejas, e os senhores da terra, podiam optar pela sepultura em terrenos de propriedade própria.


200 .Depressa, aquele pequeno cemitério público, ficou esgotado, por sepulturas térreas, e construções em jazigos em mármore. Com a construção de um novo campo santo, na Paroquia de Salvaterra de Magos, nos últimos anos daquele século (1885), ficou aquele terreno na situação de “espera”, na base dos 50 anos, que a lei então lhe conferia para suportar as campas dos falecidoenterrados até ficar disponível Maqueta do Auditório municipal, da autoria do Arquitecto, italiano, Flávio Barbini Em 1964, estando pouco cuidado, a erva que entretanto tinha crescido ao longo dos anos, estava transformada em mato, ofuscava tanto as campas rasas como os Jazigos. Naquele ano, o Corpo de Escuteiros , acabado de ser formado, Naquele ano, o Corpo de Escuteiros , acabado de ser formado, no âmbito da igreja católica, ali instalaram provisoriamente a sua sede social, usando uma dependência do edifício.

Jovens escutas, ao limparem o terreno do vasto matagal depressa trouxeram à vista aquelas pedras tumulares e jazigos – achado que foi muito comentado na época. Os anos passaram e em 1997, o Dr. José Gameiro dos Santos, então presidente da câmara municipal, aproveitando um projecto


201 do jovem arquitecto italiano, Flávio Barbini, estagiário no município, propôs para aquele espaço a construção de um Auditório Municipal ao ar livre.

1997 Rampa de acesso aos trabalhos, na instalação do Palco do Auditório

Aceite o projecto pela vereação, quando do início das obras, nos trabalhos de primeira limpeza do terreno, algumas ossadas vieram à luz do dia, e logo um grupo de jovens estudantes da escola secundária da vila, apoiados por um ou outro professor que, não simpatizava com a ideia autárquica, vieram para a praça pública denunciar a situação. Reposta a normalidade, os trabalhos foram decorrendo, e quando Gameiro dos Santos deixou o executivo camarário, no final de 1997, as obras já estavam numa fase adiantada de construção. No entanto foi em 1999, já no mandato de Ana Ribeiro, como presidente da câmara, que a obra ficou concluída, e a sua inauguração aconteceu pouco tempo depois ! O auditório, um pequeno recinto para espectáculos em dias de Verão, pouco uso vem tendo nos seus poucos anos de existência.


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Bibliografia usada:       

Livro “ Salvaterra de Magos “ Uma Vila no Coração do Ribatejo, de José Gameiro * As Origens dos Bombeiros Voluntários e Banda de Música de Salvaterra de Magos – Do Autor Boletim informativo Municipal - “O Foral” N.º 1 (1996 Jornal Vale do Tejo – JVT, notícia da Contestação ao Alargamento do Cemitério da Freguesia – 2001 Livro Contos do Ribatejo – “O Último Dia do Lobo em Salvaterra” . Pág 49 – Autor José Amaro, Dr. Revista Magos II – CMSM, editado em 2015 * Pág 119 * “ O Palácio de Salvaterra de Magos, e a sua iconografia” – texto de Aline Gallasch – Hall de Beuvink

Fotos Usados Do Autor e A/d

Interior do antigo Cinema Conde Arco * Fotos do Autor - 2000


204

A


205 ESCRITORA ALINE GALLASCH – HALL DE BEUVINK VISITOU SALKVATERRA DE MAGOS


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Edição – José Rodrigues Gameiro - 2015


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