VOLUME II
Cadernos de Apontamentos – Nº 7 - 13
Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo Séc. .XIII – Séc. XXI
O Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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2ª Edição Revista e Aumentada Indíce: COLECÇÃO RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Cadernoss / Livros: 7 – A Escola Obrigatória ( Um Marco na mudança da cultura do Povo) 8 – Honra ao Mérito (Servir para além da coisa pública) 9 – Quando Vindimar, Era uma Festa ! 10 – Uma Zona Industrial (Um desejo que vem do passado) 11 - Fragateiros, Cagaréus e Avieiros (Gente que viveu do Tejo) 12- O Parque Infantil, e as suas Piscinas (Um sonho – uma realidade) 13 – Os seus Transportes Públicos de Passageiros ( Da Diligência ao Automóvel, viagens até ao Cabo) ******** Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Edição: 100 volumes Brochado (Papel) Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ************************************
Tipo Publicação: Versão PDF * Revista e Aumentada * Março 2015 ************************************* Contactos: Tel. 263 505 178 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt O Autor desde texto não segue o acordo aográfico de 1990 Fotos da Capa: Escola Primária inaugurada em 1913 * Chegada do Carro para a da Empresa Viação Salvaterrense – Alfredo Rodrigues Piedade ( Alfredo Calafate)
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 7
Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo Séc. .XIII – Séc. XXI Um marco na mudança da cultura do povo !
O Autor JOSÉ GAMEIRO
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: A ESCOLA OBRIGATÓRIA : Um marco na mudança da cultura do povo ! Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Autor: Gameiro, José Editor Gameiro, José Rodrigues Edição: 100 exemplares (brochado – papel) Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 94 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 07 – 1 Depósito Legal – 756459/07 Edição: 100 exemplares – Março 2007 ******************** 2ª edição em PDF - Revista e Aumentada – 2015 ******************** Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918905704 e-mail: josergameiro@sapo.pt O autor desta edição não segue o Acordo ortográfico de 1990 Foto da Capa: Escola Primária “ O Século” inaugurada em 1913
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O MEU CONTRIBUTO Certo é, que o professor primário, em tempos remotos, tinha no seu contacto diário com os educandos, uma influência que mais tarde se reflectia na personalidade destes, na vida privada, social e até laboral. É justo aqui recordar – homens e mulheres, que à causa da instrução, nas escolas desta freguesia de Salvaterra de Magos, instruíram gerações de alunos, nestes últimos 70 anos. De uma escola de professores, como: o casal Pinhão, que no inicio da República aqui se fixou, um outro; Manuel Duarte Assunção e sua esposa, Natércia Rita, chegados após o segundo conflito mundial, vindos de Rabat (Marrocos), onde tinham iniciados as suas carreiras, numa escola portuguesa. Outros como: Armando Duarte Miranda, Júlia Barata, Prazeres Estudante, Maria de Lourdes Henriques (Fontes Pina), Maria Cecília (Antão), Fernando Assunção, deixaram marcas profundas nos seus alunos que, ainda hoje não os esquecem, até porque alguns deles já “saborearam” o obrigado, que lhes prestaram em homenagens os seus antigos alunos. Estão “arrolados” neste estudo os nomes de outros mestres-escola, até porque os seus alunos, ainda falam deles “embevecidos”. Agora volvidos alguns anos notase a necessidade de publicar estes Cadernos, devidamente revistos e aumentados, nesta segunda edição. ABRIL: 2015
O Autor JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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A ESCOLA, NA MUDANÇA DA CULTURA DO POVO !
Quando da revolução de Outubro de 1910, o novo sistema político republicano, recebeu a pesada herança de um povo demasiado analfabeto. No campo da educação, poucas escolas existiam, o mestreescola, era uma prática generalizada no ensino em Portugal que, só os filhos dos mais abastados tinham acesso. Com uma população maioritariamente ignorante, o país recebeu das novas leis republicanas, uma obrigação, em que o estado fizesse delas um benefício para o povo, nos campos da instrução e sociocultural. Ao longo dos anos, os esforços legislativos tem tido dificuldades em se implantar no país na sua plenitude, o que mostra ainda, sucessivas gerações com um elevado grau de analfabetismo, ou mesmo de pouca literacia.
A INSTRUÇÃO E AS ESCOLAS PRIMÁRIAS
No dobrar do século XX, tinha a vila de Salvaterra de Magos, três edifícios escolares do ensino primário. Um, construído após o terramoto de 1909, com uma subscrição pública levada a cabo pelo jornal “O Século”, no antigo Largo do Palácio, agora conhecido por Largo dos Combatentes
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O outro, veio a ser edificado uns anos mais tarde, no início de 1934, nos terrenos que foram do Largo de S.Sebastião, que estava devoluto, pois ali também tinham ocorrido estragos provocados por aquele sismo, a escola com o nome “Presidente Carmona”, destinava-se a alunos dos sexo masculino. O velho hábito de algumas crianças, filhas de gente abastada terem aulas escolares, com mestre-escola, num edifício público, teve grandes dificuldades em se “abrir” aos novos processos do ensino obrigatório.
1950– Edifício escolar “O Século”
Tinha ficado a recordação e saudades do casal de professores de apelido Pinhão, tinham deixado nesta vila, por volta de 1925. A professora Cármen Marques Ferreira Pinhão, veio a faleceu em Dezembro de 1983, em Lisboa. (1) A matriz literária: “Cartilha de João de Deus”. Tinha sido o primeiro contacto das crianças da terra, especialmente os filhos da gente urbana. Os rapazes do meio rural, tinham como escola a faina da grade, enquanto as raparigas encontravam nos canteiros, a monda do arroz, ou
a sacha do milho, vida que iniciavam aos 7/8 anos de idade.
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Os primeiros alunos a inaugurarem as salas de aulas da escola “ O Século” em 1913
Já na juventude, os homens, escolhiam a arte braçal de trabalhar a terra, ou da campinagem, como modo de vida, para seu sustento e da família, depois de casados. As raparigas, essas, eram encaminhadas, ************** (1)-Algumas aulas escolares funcionaram, no edifício Pombalino – próximo da Câmara Municipal e Capela Real
para outras actividades agrícolas, ou então passavam a trabalhar como serviçais em casa de pessoas que, precisavam de uma criada de servir. Ainda nos anos 50, a ama, a mestra e a creche da Igreja, eram locais
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1940 – Escola Presidente Óscar Carmona
Ano: 2000 – Escola Primária Carmona
Para os bebés e as crianças serem recolhidas , enquanto os pais trabalhavam. Os casais que, não tivessem algumas posses económicas, no caso dos trabalhadores rurais , levavam seus pequenos filhos de madrugada, para os campos, regressando com eles pela noite dentro. Na juventude, os homens, escolhiam a arte braçal de trabalhar a terra, ou da campinagem, como modo de vida, para seu sustento e da família, depois de casados.
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AS MESTRAS
No início dos anos 20, uma senhora, tinha na sua habitação na Trav. do Forno de Vidro, uma sala onde ministrava a sua escola particular, era conhecida “Mestra da Varandas ” ,ainda durou alguns anos e por lá passaram muitos alunos. Por volta de 1950, terminada a segunda guerra mundial, uma jovem teve a ideia, na habitação dos pais, na rua Cândido dos Reis, aproveitar uma sala, e abriu a sua mestra, a troco de uma remuneração mensal – era a Mestra da Moíses. Depressa, aquele espaço de ensino, ganhou fama de tal modo, que os alunos, passaram a ficar inscritos a aguardar vez de entrada. Durante muitos anos, foi local de ensino, onde as crianças – rapazes e raparigas – aprendiam até entrarem, nas escolas do sistema público Além da sacola dos livros, um pequeno banco de madeira, eram apetrechos que levavam e traziam diariamente daquele local de ensino. Foi ali, que aprendi pela primeira vez a “escrevinhar” e, sendo canhoto, muito bofetão levei para alinhar com todos os outros alunos que escreviam à direita, pois só se podia escrever com aquela mão. A escolaridade era obrigatória, nas escolas públicas mas a sua normalização nesta terra, levou alguns anos, com dois edifícios escolares.
Profª Carmem Pinhão
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BIBLIOTECA MUNICIPAL
Nos anos 60, o gosto pela leitura, apossava-se da juventude salvaterrense, incentivo dado pelo exemplo de muitos adultos que, na biblioteca da Fundação Gulbenkian “bebiam” cultura num carro biblioteca que, visitava a vila uma vez por mês, e estacionava em frente à Igreja matriz. Muitos foram os anos da presença daquela biblioteca em Salvaterra. Em 1985 após vários esforços do então vereador do pelouro da cultura, da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Joaquim Mário Antão, reuniu algumas boas vontades e até da Gulbenkian, que se disponibilizou para apoiar a criação de uma biblioteca fixa na terra.
A 10 de Junho daquele ano, foi inaugurada a biblioteca municipal de Salvaterra de Magos, aproveitando-se a velha escola primária que vinha do após Terramoto de 1909, e, ali foi instalado um vasto património literário que, incluiu muitas obras, da biblioteca itinerante daquela Fundação, que foram oferecidas pondo assim à disposição dos leitores cerca de 4.000 livros. O autor deste texto, sendo funcionário público, esteve no “amanho” da sua funcionalidade e sendo uma novidade depressa as novas gerações, se juntaram aos leitores mais antigos, que ali procuravam uma nova forma de cultura.
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Outros eventos culturais preenchiam constantemente as suas salas, com a presença de escritores convidados, dando um novo dinamismo à vila,. ESCOLA DO PARQUE
Ainda na década de 50 aqueles terrenos eram usados, para a realização da Feira Anual e Campo de Futebol. No início dos anos 60, ali perto tinha sido edificado um grande pavilhão gimnodesportivo da
INATEL, mesmo ali ao lado dos Celeiros da FNPT, no terreno da Casa do Povo. A câmara municipal, cedeu mais um espaço, ao Ministério das Obras Públicas – MOP, para construção de um conjunto de dois edifícios, um escolar de dois pisos, com várias salas de aula e, outro destinado a cantina.
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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. GREGÓRIO FERNANDES
Eram onze horas da manhã do dia 15 de Outubro, de 1985, estava inaugurada a escola secundária, em Salvaterra de Magos, terminava assim um vasto e complexo processo que, anos antes o então vereador, José Teodoro Amaro, dera inicio em 1980, tendo sido publicado o valor do seu preço base, em 51.285.622$00, conforme anúncio publicado no Jornal “Diário de Notícias” de 29 de Outubro. Como era uso, procurou-se que aquele edifício tivesse a simbolizá-lo, uma figura de destaque, nascida na terra, para tal foi solicitada a minha ajuda na procura, a escolha recaiu no nome do médico,- cirurgião Dr. Gregório Fernandes. Já na fase da construção, o então presidente da câmara municipal, António Moreira e o vereador, António Gonçalves Lopes, tiveram papel preponderante na concretização da obra, levando-a à sua inauguração.
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ESCOLA PROFISSIONAL
Uma Escola Profissional, era uma velha aspiração da população. O então presidente da câmara municipal, António Moreira e, o seu vereador, Joaquim Mário Antão, encetaram esforços e numa parceria com privados, criaram a “ESCOLA PROFISSIONAL DE SALVATERRA DE MAGOS”, que viria a ser uma emblemática escola de profissionalização dos jovens estudantes do concelho até mesmo da região ribatejana. Oficializada, através do Dec. - lei 26/89, de 21 de Janeiro, instala-se na rua Heróis de Chaves, abrindo a suas portas, no dia 24 de Agosto de 1990, com os cursos:
Cozinha * Foto José Gameiro
Gestão, Informática e Artes e Ofícios
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A Escola Profissional de Salvaterra de Magos, depressa se impôs pelo seu elevado grau de ensino, e em poucos anos passou a ser frequentada por centenas de alunos, nas mais diversificadas áreas educativas da formação profissional. A procura na área da Restauração, levou à abertura de um Polo de ensino em Lisboa. Outros cursos se seguiram, como Artes-Gráficas, dando origem à instalação de um Parque Gráfico, sendo convidado a administrá-lo, António Pepe, profissional com grande experiência nesta área. No ano 2000, com uma nova denominação, passou a Instituto de Educação do Sorraia, Ldª, continuando com a sede nas primitivas instalações. Todos os anos, após os cursos ali ministrados, os alunos têm vindo a enriquecer o sector laboral nas áreas da restauração, indústria dos serviços., onde se destaca a informática. No seu grande e moderno auditório, ao longo dos anos, têm sido apresentadas as mais variadas “comunicações”, por entidades oficiais e privadas. ESCOLA DO CICLO PREPARATÓRIO - PROF. ANTÓNIO LOPES
Muitas dezenas de anos se passaram desde o tempo, em que os primeiros alunos foram à primária, na escola no Largo dos Combatentes – rapazes e raparigas
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Agora a população estudantil do concelho, tinha necessidade de uma outra unidade escolar, para além da escola secundária, construída em Salvaterra de Magos. O professor, António Gonçalves Lopes, então vereador da câmara municipal, empenhou-se no projecto da construção de um moderno edifício para o Ciclo Preparatório. Quando da sua inauguração, havia pouco tempo que se tinha registado o seu falecimento, aquela estrutura escolar, recebeu o seu nome, como homenagem ao seu interesse pela causa do ensino, na sua terra natal. Enquanto durou a construção da obra, um antigo edifício, que tinha servido de unidade fabril, na área do arroz, junto à EN 118, foi local escolhido para algumas salas de aulas e serviços administrativos. O então presidente da câmara, José Gameiro dos Santos, em 1996, adquiriu para o município, uma construção de préfabricados, em madeira que, foram instalados, a título provisório, em terreno próximo do GAT.
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Desde esse tempo é local de ensino do ciclo primário e local de apoio ao ensino de crianças com problemas na aprendizagem, com técnicos especializados. Por todo o concelho de Salvaterra de Magos, quando o século passado estava a meio, muitas escolas primárias já tinham sido construídas no concelho, através do plano há muito em curso no país, levado a cabo pelo Ministério das Obra Públicas – MOP. HOMENAGENS A PROFESSORES
Professores, houve que dedicaram uma vida ao ensino primário nesta terra, alguns têm recebido a homenagem merecida dos seus ex-alunos. Natércia Rita (Assunção), foi uma das contempladas, viu-se rodeada em dia festivo, por mais de duas centenas de antigos alunos sentiu quanto eles lhe estavam gratos, pelo ensino ministrado e formas de cultura social que lhes ensinou, que muito os beneficiou pela vida fora. Os poderes públicos de Salvaterra de Magos, reconhecendo os seus méritos, associaram-se à festa e uma rua da vila, passou a recordá-la na toponímia local. Alguns anos depois, uma outra festa de homenagem teve lugar, alguns antigos alunos de Lurdes Pina, promoveram um bonito convívio entre professora e antigos alunos, então retirada após 40 anos de actividade.
A Profª. Natércia Assunção, acompanhada dos seus antigos alunos, em dia que lhe prestaram homenagem
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A Profª Lurdes Pina acompanhada dos seus ex-alunos, que lhe prestaram homenagem
A CÃMARA MUNICIPAL, INAUGURA NOVOS ESPAÇOS PARA O ESTUDO
A nova tecnologia informática, tem vindo a ocupar espaço na vida das pessoas passando a ser um instrumento de trabalho e de acesso ao estudo, das novas gerações. O executivo autárquico de Salvaterra de Magos, nos últimos anos depois de ter construído e inaugurado um vasto edifício, no antigo espaço do cais da vala real, onde a população jovem passou ter acesso a novos conhecimentos e contactos através da Internet, a par de se poder ver periodicamente algumas exposições sobre vários temas do passado da terra e mesmo do concelho. NOVA BIBLIOTECA MUNICIPAL
Em 2005 após grandes obras de recuperação no antigo edifício manuelino, na praça da República, ali foi instalado a nova biblioteca
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municipal. O espaço existente na primitiva biblioteca, no antigo edifício escolar da vila (construído após o terramoto de 1909), já não suportava o vasto espólio bibliotecário municipal e, as visitas diárias de utentes Uma vasta rede informática também ali foi instada, dando agora novas oportunidades ao povo de ter acesso a novos conhecimentos. NOVO PARQUE ESCOLAR . O concelho de Salvaterra de Magos, foi dotado de novos Parques Escolares. O primeiro, foi na sede do concelho, inaugurado em 5 de Outubro 2010, concentrando o ensino secundário e básico, para albergar todos os 232 alunos do ensino, que estavam dispersos pelas suas escolas primárias - do parque, escola da avenida e pinhal da vila (provisória). O de Marinhais, foi inaugurado em 2014.
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Inauguração da Nova Escola Secundária e Básica, com creche Fotos José Gameiro
UM SÉCULO DEPOIS
Entre o ensino escolar de alguns, nos finais do séc. XIX e, a exigência da escolaridade obrigatória nos meados do séc. XX, esperou a população de Salvaterra de Magos, para ter melhores condições e, meios para adquirir mais cultura escolar, mesmo assim, nos dias que correm as gerações nascidas antes dos anos 50, ainda apresentam grandes índices de analfabetismo, ou de pouca literacia
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Os filhos de uma camada socialmente mais abastada, passou a mandar os filhos ao colégio, muitos houve que chegaram aos estudos universitários. Nos dias que correm, não se nota a diferença dos que frequentam os estudos superiores, para tal muito tem contribuído o estado socioeconómico das famílias, que fazendo grandes sacrifícios, não quiseram que os seus filhos tivessem a mesma sorte da sua !
Comemoração do centenário da inauguração “Escola o Século”
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Bibliografia Usada: * Revista “ A Hora” - 1936 * Jornal “Aurora do Ribatejo” – 25.9.78, 15.9.1982 (Nº343) * Jornal “Ribatejo” – 31.12.87 * Jornal Vale do Tejo – Out.1999 * Documentação recolhida pelo autor * Jornal “ Correio da Manhã” (1) - Jornal “Diário de Notícias” de 21.12.1983 * Carmen Marques Ferreira Pinhão ********** Fotos usadas: Do autor e A/D Página 14 – Inauguração da Escola Dr. Gregório Fernandes, Prof José Augusto Seabra, Ministro da Educação, recebe explicações do Prof. António Lopes *No grupo dos convidados, o autor (fato cinzento à esquerda) esteve presente na inauguração, da Escola Secundária de Salvaterra de Magos ouvindo as explicações do Vereador, Prof. António Lopes *************
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 8
Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. .XIII – Séc. XXI “SERVIR PARA ALÉM DA COISA PÚBLICA”
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
Autor JOSÉ GAMEIRO
Primeira Edição
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FICHA TECNICA: Titulo: HONRA AO MÉRITO ! “Servir para além da coisa pública” Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Edição: 100 exemplares – Março 2007 Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 64-1º Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 08 – 8 Depósito Legal: 256460 /07 Edição: 100 exemplares – Março 2007 ******************************** 2ª edição em PDF – Revista e Aumentada – Março 2015 ********************************* Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918905704 e-mail: josergameiro@sapo.pt O autor desta edição não segue o acordo ortográfico de 1990
*Fotos da Capa: - Gaspar da Costa Ramalho* Dr. Gregório Fernandes * Pe José Rodrigues Diogo * João Manuel Santa Bárbara
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O MEU CONTRIBUTO HONRA AO MÉRITO – SERVIR PARA ALÉM DA COISA PÚBLICA
Com tantos documentos aqui reunidos, especialmente sobre a vida de algumas pessoas, não pretendo que seja uma bibliografia de cada um deles, mas decerto muito vai ajudar os interessados por este tipo de estudos. Certo, que também devem ser lembradas, as instituições, pelos seus serviços prestados à população do concelho de Salvaterra de Magos, como: a Santa Casa da Misericórdia, Bombeiros Voluntários, Centro Paroquial, e Grupo de Escuteiros, entre muitas outras, como a já extinta Casa do Povo e Montepio.
No caso individual, existem os de rosto visível, como os que à coisa pública - Órgãos Autárquicos – se entregaram de alma e coração, mas a memória do povo nem sempre os guarda, por ser um desempenho político. Outros há, que se enobreceram no anonimato, são eles os dirigentes das instituições, muitas vezes anos a fio, sempre sujeitos à ingratidão dos seus concidadãos. Outros tantos ainda, praticando a benemerência, oferecendo devotadamente os seus bens, era uma forma de estar na vida, ensoberbeceram-se a si, suas famílias e amigos - são exemplos a seguir ! Em todos as áreas, os vamos encontrar, especialmente no campo da assistência médica social - não podemos deixar de registar, a colaboração benemérita, que foi praticada, pelos já desaparecidos médicos: Armando dos
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Santos Calado, José António Vieira e: Dr. Roberto Ferreira da Fonseca Na tão nobre oferta dos seus actos médicos, não posso deixar de aqui registar, e divulgar, mesmo que fira a sua modéstia, o Dr. Fernão Marçal Correia da Silva, que há anos devotadamente vem também dando graciosamente, assistência aos idosos da Misericórdia local, na continuação do exemplo que os seus pares anteriores fizeram. Muitos certamente, não tiveram a sorte, mesmo merecendo-o de ficarem na memória dos documentos. Neste campo das homenagens, certo é que, ao longo dos tempos, a história regista a ingratidão, especialmente dos poderes públicos. Neste espaço, não deixamos mesmo que modestamente de aqui registar a homenagem pública que recebemos, em 2014 do Município desta vila, pelos 50 anos que aproveitamos a nossa colaboração na comunicação social, para divulgarmos os valores da terra Por isso, aqui registamos nós, a vida e obra de alguns dos que ficaram nesta galaria “ Honra ao Mérito!”
ABRIL: 2015 O Autor: JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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I GASPAR COSTA RAMALHO
A Homenagem publica, que teima em não chegar. Pedir tão pouco, para quem deu tanto ! Quase sempre, nunca, ou tardiamente, as pessoas sabem ser agradecidas porque os seus preconceitos ultrapassam os desejos. Na população de Salvaterra de Magos, ainda existe uma geração que o conheceu e, beneficiou da benemerência que, ele soube distribuir dos haveres que tinha, pelos pobres seus concidadãos. Até agora o poder político da nossa terra, não soube, ou não quis prestar-lhe a merecida homenagem pública.
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Gaspar da Costa Ramalho, nasceu no dia 20 de Outubro de 1868, em Salvaterra de Magos, viveu na actual rua Alm. Cândido dos Reis – antiga rua de S. António – onde construiu duas moradias para a família. Foram seus pais; José de Sousa Ramalho e Joaquina Victoria. Uma vida de 94 anos, onde uma fortuna recebida de seu tio e sogro, José Vicente da Costa, fez dele um grande lavrador, com propriedades nos concelhos de Azambuja, Vila Franca, Benavente, e na sua terra natal Salvaterra. de Magos. A sua imensa riqueza foi gerida com sabedoria e benemerência humilde. Quando do terramoto de 1909, as populações de Samora Correia, Benavente e Salvaterra, sentiram os seus efeitos devastadores, mas Gaspar Ramalho, chamou a si um grupo de pessoas de boa vontade e, depressa se deu inicio, ao necessário apoio ao povo carecido. Dez anos depois, em 1919, na construção da Praça de Toiros, quando a “Comissão Construtora” se debatia com dificuldades financeiras para concretizar o que esperava ser uma realidade, logo um “anónimo” suportou os valores em falta. Soube-se mais tarde que com mais este acto generoso, contribuiu ajudando aqueles que estavam empenhados na construção do belo edifício tauromáquico, que Salvaterra tem à entrada da vila, hoje considerado um ex-libris da terra. Não ficou por aqui o seu apoio, pois quando do ciclone, de 15 de Fevereiro de 1941, logo chamou a si o encargo das despesas da construção das novas bancadas em cimento, tendo Jorge de Melo e Faro (Conde de Monte Real), e sua esposa, suportado a reconstrução das paredes daquela praça Com o seu coração sempre preocupado com o bem-estar dos desprotegidos da sorte, no início dos anos 30, o espaço
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cultural da vila, foi enriquecido com a construção de um Cine-Teatro. Foi uma obra que, utilizando alguns dos seus celeiros, na rua Machado Santos – antiga rua S. Paulo – a ofereceu aos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos. Já muitos anos antes, por volta de 1900, construiu uma grande adega e armazéns, aproveitando as ruínas do que foi o Palácio das Damas, com frente para o actual Largo dos Combatentes. Continuando a pugnar pelo bem estar da população, nunca esquecendo os mais necessitados, em 1935, cria a “Casa do Povo de Salvaterra de Magos”, onde tomou lugar de Presidente da Comissão organizadora e, depois da sua legalização foi Presidente da Assembleia Geral, durante alguns anos. Para o efeito utilizou uma sua casa na Rua Cândido Reis, junto ao palácio do Barão, e ofereceu à Instituição durante anos o valor de renda que, na altura era de 600$00 anuais, e os encargos de um funcionário administrativo. Como a sua maneira de estar na vida era de grande humildade e descrição, todos os anos conseguia retirar da sua imensa fortuna os valores que pudessem minorar as carências dos mais aflitos. Aos cortejos de oferendas promovidos pela Misericórdia, local, que na década de 1950 ainda se realizavam, Gaspar Ramalho assumia a sua responsabilidade de cidadão, ofertando grandes quantidades de produtos agrícolas para o respectivo leilão.
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Uma outra oferta, também ficou emblemática, na obra filantrópica de Gaspar Ramalho, por volta de 1936, mandou construir e ofertou aos Bombeiros Voluntários de Salvaterra, um grande edifício de primeiro andar que, viria a servir de quartel e sede à corporação . Espaço grande e moderno para a época, onde as viaturas do corpo activo tinham o seu estacionamento e, a Banda de Música, lugar para o seus ensaios. Gaspar Ramalho, faleceu a 13 de Junho de 1962 e, o seu corpo recolheu ao repouso de um jazigo da família no cemitério da terra que o viu nascer - Salvaterra de Magos. Deixando testamento, repartiu benesses pelas instituições, que em vida já vinha apoiando. Quando se registaram 131 anos do seu nascimento, e 37 após o falecimento, o autor deste texto, que ainda conheceu este insigne filantropo, uma campanha abriu na comunicação social, lembrou aos autarcas da terra, que tinha chegada a hora (algo tarde), de deixar-mos de ser ingratos, pois nem uma rua ostentava o seu nome, foi preciso esperar mais de duas vintenas de anos, para a autarquia local, atribuir o seu nome a uma rua que, vai da rua Padre Cruz até às instalações da Misericórdia local. **************** *************
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II DR. GREGÓRIO FERNANDES Nasceu em Salvaterra de Magos, no dia 4 de Janeiro de 1849, na casa onde se encontra uma lápida que, os seus conterrâneos, em preito de homenagem, ali mandaram colocar em 1913. Outra homenagem para recordar este vulto da ciência portuguesa, foi feita em 1971, numa proposta do então vereador da câmara de Salvaterra de Magos, José Teodoro Amaro, em atribuir o seu nome, á Escola Secundária inaugurada naquele ano. Gregório Fernandes, muito jovem foi para Lisboa, onde fez os primeiros estudos no Colégio de Santo Agostinho. Seguidamente no Porto, fez os preparatórios na Academia Politécnica, voltando a Lisboa, para Escola Médica, onde concluiu o seu
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curso, com grande brilho e distinção, defendendo tese no ano de 1873, tendo então 24 anos de idade. Estudioso e inteligente, andou sempre na vanguarda da ciência médica praticada na época e, publicou vários trabalhos, entre os quais, a
“Patogenia da Febre Traumática” Glaucoma” e “ Recessão do Joelho”.
Este último trabalho relatando uma intervenção altamente apreciada, pois foi ele o primeiro cirurgião a realizar em Portugal, mas o seu maior êxito foi alcançado em 1892, com uma extração “Útero ovariana“, operação cirúrgica que, nunca até aquela data se tinha feito. Operação, que lhe mereceu os maiores louvores, tanto dos seus colegas portugueses, como do resto da Ciência Médica Mundial. Semelhantes operações, feitas em Viana (Áustria), Paris e Londres, não lograram tão bons resultados. Este ilustre mestre da ciência médica, que foi incontestavelmente um figura luminária da cirurgia portuguesa desempenhou o cargo de cirurgião extraordinário do hospital de S. José e, foi director da enfermaria de S. Francisco que, tem hoje o seu nome. Acumulou o cargo de delegado de Saúde de Lisboa e, o de presidente da Sociedade das Ciências Médicas. Sob a sua orientação foi construído
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o Sanatório de Santa Ana (Parede/Oeiras), para 60 crianças afectadas pela tuberculose óssea. Naquele edifício também foi construído um espaço para albergar 20 idosos afectados por doenças cardiovasculares, bem como, igual número de camas para cancerosos, de harmonia com as prescrições testamenteiras da grande benemérita, a sua doente D. Amélia Biester. No decorrer da construção recebeu grandes dissabores, mas acabou por ver realizada a obra consoante a vontade daquela ilustre senhora. Dotado de grande probidade de carácter moral, aliada a uma bondade sem limites, Gregório Fernandes, a todos os a que a ele recorriam, sem distinção de classes, tratava com a maior solicitude, sem nunca olhar a retribuição. Os seus conterrâneos, os pobres em especial, encontravam sempre nele, um amigo prestável e generoso, até porque se privava dos dias de folga, e todas as quintasfeiras, vinha de Lisboa, até Salvaterra, consultava-os graciosamente. Muitos dos mais ilustres médicos da sua geração, como: Sousa Martins, Boaventura Martins Pereira, Serrano, Bombarda e outros, lhe pediam conselho para os casos mais graves dos seus doentes. Este homem, modesto que, foi um espelho de virtudes, faleceu aos 57 anos de idade, no dia 24 de Junho de 1906 na sua casa de Lisboa após, uma intervenção cirúrgica. Pena é que, a ingratidão dos novos tempos – em plena democracia - tenha retirado o seu nome do edifício escolar que, foi inaugurado com o seu nome, nesta vila ribatejana, quando outras terras continuam mantendo o nome daqueles que são suas referências.
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III HENRIQUE XAVIER BAETA
* Henrique Xavier Baeta, nasceu em Salvaterra de Magos, em 22 de Fevereiro de 1776 – filho de: José Dias Baeta e Ana Rosa Joaquina. * Frequentou a Faculdade de Filosofia de Lisboa, tendo concluído o Bacharel em 1795. Em 10 de Julho de 1797, receoso da perseguição que se fazia sentir em Coimbra, aos estudantes, acusados de partilharem as doutrinas da Revolução Francesa, emigrou para Inglaterra, tendo-se doutorado em medicina pela Universidade de Edimburgo, em 1800. Nesse mesmo ano regressou a Lisboa onde exerceu a sua profissão. * Na sessão de 12 de Outubro de 1821, foi apresentado como Deputado por Santarém, às Cortes Gerais e Constituintes, num grupo onde se encontrava também, Luiz Rebello da
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Silva (1821-1822) .Contava entre os seus amigos, com; Francisco Xavier Monteiro de Barros, Cosmógrafo-Mor, da Comarca de Santarém, que lhe dedicou uma poesia “ Hino ao Sol ” Entre os seus trabalhos, registaram merecimento, em 1806, duas obras médicas sobre a sintomatologia e tratamento da febre, uma sobre medicina o “Resumo do Sistema de Medicina”, e uma dedicada ao “Belo Sexo Português” Escreveu “Uma Memória”, sobre o desenvolvimento de uma Febre Contagiosa em Lisboa, que ocorreu entre o fim de 1810 e Agosto de 1811: indicou as razões para a combater – Pelágica. * Por ser Liberal, foi preso em 1831 e solto em 1833, voltou a ser eleito Deputado às Cortes, em 1834, e nomeado “Recebedor da Fazenda Pública”, cargo que exercer até 1836. * Faleceu em 21 de Novembro de 1854
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IV OS TOUREIROS IRMÃOS ROBERTO (s) Nascidos em Salvaterra de Magos, na primeira metade do século XIX, os três irmãos: Vicente, Roberto e João, oriundos da família Jacob da Fonseca, muito cedo iniciaram a prática do toureiro a pé, continuando assim a arte de seu pai, António Roberto da Fonseca. Este, nascido nos Açores em 1801, ainda menino, veio com seus pais para Salvaterra, onde na sua juventude começou a lidar com toiros e, a fama de bom praticante lhe deu oportunidade de tourear em várias praças do país. Esteve como toureiro, em Lisboa, na inauguração da extinta praça do Campo Sant’ Ana, em 1831, mandada construir por D. Miguel.
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Em 1849, como lhe começassem a escassear as faculdades para o toureiro a pé, dedicou-se à arte de praticante a cavalo. Retirou-se das arenas, definitivamente, dez anos mais tarde, tendo falecido nesta vila em 1882. Dos seus filhos, João Roberto da Fonseca, menos dotado, cedo se retirou das arenas, dedicando-se à agricultura.
Os outros dois, o Vicente e o Roberto, formando uma dupla de bandarilheiros, que se tornou afamada e logo a sua arte foi reconhecida nas praças de toiros de Portugal, sendo solicitados a actuar durante vários anos na vizinha Espanha. Um ano após a morte de Vicente Roberto da Fonseca, em 1897, foi publicado num semanário da época “Branco e Negro”, um trabalho jornalístico de autoria de António Vale de Sousa, que descreve os méritos destes dois afamados irmãos que, muito honraram e engrandeceram a sua terra - Salvaterra de Magos.
“Vimos hoje, com a alma alanceada por uma profunda saudade, registar o primeiro aniversário do falecimento dessa simpática individualidade que se chamou Vicente, prestando a devida homenagem a esse incomparável amigo que soube conquistar um nome imorredoiro no toureio português, onde é contado entre os seus grandes mestres,
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notabilizando-se por actos de filantropia em que se reflectiu a bondade da sua alma Amigo delicado galgava por cima das maiores dificuldades e sacrifícios para servir os seus amigos, fazendo um perfeito contraste com a sociedade actual, tão degenerada; filantropo benemérito, via na felicidade dos outros a sua própria felicidade; era assim que despendia uma grande parte da sua fortuna, angariada nas arenas de Portugal e Espanha. Protegeu hospitais, montepios e outras casas de beneficência, e em socorrer muita pobreza ignorada, fazendo renascer a esperança no peito dos desgraçados. Como bandarilheiro Vicente Roberto ocupou desde muito novo um dos primeiros lugares entre os mais ilustres artistas da tauromaquia portuguesa. Vicente Roberto, nasceu em Salvaterra de Magos em 1836, sua mãe Maria Gestrudes, preocupada com o seu futuro, ainda o recomendou a um alfaiate de Vila Franca de Xira, onde aprendeu o ofício. Com 13 anos, de idade, toureou em Almada, onde o Conde de Vimioso, estando presente, desceu à arena abraçando-o, e lhe ofereceu um fato completo de bandarilheiro. Aos 18 anos começou a apresentar-se como toureiro de profissão, juntamente com seu pai e seu irmão Vicente, que foi igualmente um excelente artista.
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Em 1858, estreou-se na praça do Campo de Sant’ Ana, e estão bem vivas na memória de todos as ovações que ali alcançou, como também no ano de 1865, correndo toiros desembolados, toureou com seu irmão Roberto na corrida à portuguesa que inaugurou a praça do Campo Pequeno. Quando toureava, em 1888, na praça da Figueira da Foz ficou gravemente ferido e, teve que recolher ao hospital da Misericórdia local. Durante vários dias, esteve entre a vida e a morte, acabando por se recompor com grande carinho e cuidados médicos daquele estabelecimento hospitalar. Já recomposto doou àquela instituição um importante donativo, e no seu testamento deixou-lhe um legado, manifestando assim a sua gratidão. Depois deste lamentável desastre, agravou-se cada vez mais a sua saúde e após um doloroso e prolongado martírio, que suportou com paciência dum mártir. Faleceu às 11horas da manhã do dia 1 de Junho de 1896. A lúgubre notícia do seu falecimento, se bem que há muito esperada, trouxe a Salvaterra de Magos, uma multidão de admiradores e amigos, que na companhia do povo da terra desfilaram perante o féretro, espargindo mil bênçãos sobre aquele que foi um dos seus filhos mais dilectos e, um dos seus mais devotados protectores. Vicente Roberto, foi repousar no jazigo do cemitério da sua terra que, entretanto já tinha mandado construir para a família. Em testamento deixou vários legados à Misericórdia de Salvaterra de Magos, Figueira da Foz, Coruche, e ao Montepio da terra que, o viu nascer, evidenciando mais uma vez, os seus sentidos piedosos”
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V DR. ANTÓNIO VIANA FERREIRA ROQUETTE
António Viana Ferreira Roquette, nasceu em Salvaterra de Magos, Filho de José Ferreira Roquette, neto do primeiro Barão de Salvaterra de Magos; Luiz Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos. António Viana Roquette, estudou em Coimbra, Direito, tendo concluído o curso de Bacharel, com 20 anos de idade, e classificação de grande registo. Como advogado, estabeleceu escritório, em Lisboa e Salvaterra de Magos, terra onde vinha uma vez por semana, e assistia graciosamente aos seus conterrâneos pobres, nas suas dificuldades com os tribunais. Algum tempo depois foi até Moçambique, onde esteve cerca de 20 anos. Já em Lourenço Marques, exerceu a sua actividade, fez parte do antigo Conselho do Governo., como Vogal eleito pelo Distrito de Quelimane.
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Neste Distrito, exerceu também o cargo de Delegado do Ministério Público e Conservador do registo Predial. Ocupou também o cargo, por eleição, Presidente da Associação dos Proprietários, com representação no Conselho Legislativo daquela então colónia portuguesa, com desempenhou o cargo de Vogal do Tribunal Administrativo, Fiscal e de Contas. Em 1925, regressa ao Distrito de Moçambique, onde instala escritório de advocacia, e tomou conta da Direcção de várias empresas. Em 1929, voltou a fazer parte do Conselho do Governo da Colónia moçambicana, como Vogal eleito pelos Distritos de Nyassa e Cabo Delgado. Após a reforma administrativa, em 1935, foi eleito pelo Distrito de Moçambique, Vogal da Junta Provincial do Nyassa, lugar que ocupou até 1936, ano em que regressou ao continente, por falecimento de seu irmão Luiz Ferreira Roquette, dedicando-se exclusivamente à administração da casa agrícola da família. Em 15 de Novembro 1938, tomou posse do cargo de Presidente da câmara de Salvaterra de Magos. Por andar sempre acompanhado, de um varapau (Cajado), nas visitas ao campo, a população rural com carinho, passou a conhecê-lo, como o Dr. Cajado. Após a sua morte, a municipalidade de Salvaterra, atribuiu a um pequeno arruamento da vila, uma toponímia com o seu nome, a que deu a designação de Avenida.
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VI José Maria Rita Vasconcellos e Sousa (José Maria Rita de Castelo Branco Correia da Cunha Vasconcellos e Sousa)
Nasceu em Salvaterra de Magos, em 5 de Fevereiro de 1788 * Filho de: José Luís de Vasconcelos e Sousa e de Maria Rita de Castelo Branco Correia da Cunha, marquesa de Belas. José Maria Rita Vasconcellos e Sousa, foi Nobre, Militar e Politico. A carta régia de 30 de Abril de 1826 elegeu-o par do reino, prestando juramento com tomada de posse na sessão da respectiva câmara, a 31 de Outubro do mesmo ano. Era igualmente grande de Espanha, de 1.ª classe, sendo Marquês de Olias e Zursial, na Catalunha, e Marquês de Mortara, no Ducado de Milão.
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Em 1817, fez parte da expedição portuguesa a Pernambuco, tendo ocupado o cargo de Governador de Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, de 19 de outubro de 1818 a 22 de setembro de 1820. Em 1833 serviu o infante D. Miguel, como Ajudante de Campo e desempenhou o cargo de comandante em chefe, foi um fidalgo sempre dedicado ao Partido Miguelista. Obteve, no dia 6 de Fevereiro de 1818 a da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, e em 1820 a grã-cruz da Ordem da Torre e Espada José Maria Rita Vasconcelos e Sousa, casou duas vezes: O 1.º Casamento foi com: Maria José de Melo Menezes e Silva, não teve descendência. Casou 2ª vez com: Maria Amália Machado Eça Castro e Vasconcelos Magalhães Orosco e Ribera. Filha de Luís Machado de Mendonça Eça Castro e Vasconcelos e de Maria Ana de Saldanha de Oliveira e Daun. Do casal são conhecidos 9 filhos: D. Ana Maria de Jesus Machado de Castelo-Branco Correia Cunha Vasconcelos Sousa * D. Maria Rita da Conceição Machado de CastelloBranco Mendonça e Vasconcellos casada com D. Lourenço José Maria Boaventura de Almada Cyrne Peixoto, 3º conde de Almada. José Jorge Machado de Mendoça Eça Castro Vasconcelos de CasteloBranco, 2º conde da Figueira, casado com Isabel Maria de Oliveira Pinto
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da França * D. Maria Ana Isabel Apolónia Machado de Mendonça Eça Castelo-Branco casada com António Pereira da Cunha e Castro * D. Maria Amália Machado de Castelo-Branco casada com Duarte Taveira Pimentel Carvalho Meneses * D. Maria da Santíssima Trindade Machado de Castelo-Branco. D. Maria de Jesus Bárbara Machado de CasteloBranco casada com António Augusto de Almeida Portugal Correia de Lacerda (governador de Moçambique), e Luís Paulino de Oliveira Pinto da França, 2º conde da Fonte Nova * D. Maria das Dores Machado de Castelo-Branco * D. Maria da Conceição Machado Castelo-Branco casada com José Correia de Sá e Benevides Velasco da Câmara, filho do 6º visconde de Asseca. José Maria Rita Vasconcellos e Sousa, faleceu em Lisboa 16 de Março 1872.
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VII José Carlos Hipólito “O Tímpanas” (Figura típica da nossa terra) As saudades das suas traquinices
“ As festas do Foral dos Toiros e do Fandango de Salvaterra de Magos, terminaram à pouco dias, teve a sua Comissão, a feliz ideia de este ano fazer-lhe uma homenagem. O “Timpanas”, desde à muito que merecia um reconhecimento público. Há 18 anos, quando ele contava com 53 anos de idade, fizemos-lhe uma entrevista que, foi publicada no extinto jornal regional “Aurora do Ribatejo” de onde vamos recordar algumas passagens.
“Homem pequeno dotado de traquinice que o faz estar constantemente bem disposto, levando-o todos os anos pelo carnaval, ou o entrudo com antes se dizia, sempre arranjávamos
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imaginação e talento nas figuras por si encarnadas que, ainda hoje deixam saudades.” Muitos anos antes, foi bombeiro voluntário de Salvaterra, sempre vigilante e activo, todos contavam com ele nas horas difíceis. Quando da entrevista, o seu grande “martírio” que o corroía eram as saudades, da festa brava. Ao falar de tauromaquia, todo o seu pequeno corpo se modificava, notando-se na sua face os seus nervos de aço com que empolgou multidões nas praças de toiros, ficavam fluídos - era um homem, cheio de saudades !.. Tivemos ocasião de verificar estas situações naquela pequena conversa que mantivemos. Exercendo a profissão de metalúrgico, foi na vida de campo que, começou os seus primeiros contactos com os toiros, pois naquele tempo, ainda havia a grade - uma forma de trabalhar a terra- onde se utilizava alguns toiros bravos que, depois de “ bruxedos,” tornavam-se dóceis. Mas voltando à tauromaquia foi-nos dizendo: “Tenho muita estima pelo Sebastião Nabiço e, também pelo Manuel Faia, ainda vivos. O Albino Fróis Marques , e o seu irmão Manuel – “o Manel Lazão”, a eles devo muito do que sei da difícil arte de pegar toiros. Uma das salas da sua casa estava repleta de quadros, onde se podia apreciar várias sequências de pegas de caras, por si efetuadas em várias actuações nas praças de toiros tanto no país como no estrangeiro. No entanto não me posso esquecer do já falecido, Manuel Ferrador, pois com ele tive tardes inesquecíveis, bom companheiro! Ao vermos uma fotografia onde José C. Hipólito estava na cabeça de um possante toiro (510 Kg), diz-nos que esta pega se realizou na Nazaré.
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Este pigmeu com braços de aço, era a legenda de uma notícia, onde o Timpanas era enaltecido por ter pegado um “bicho,” de 600 Kg, da ganadaria da Casa Roberto numa corrida realizada aqui em Salvaterra sua terra natal. “Olhe, aqui nesta foto, foi quando o Manuel dos Santos a sua festa de despedida no Campo Pequeno. Neste grupo - o de Adelino Carvalho estou eu e o Manuel Ferrador, tem uma dedicatória do Manuel dos Santos, a mim.” “Numa digressão que fiz à China, a convite de Manuel dos Santos, éramos três forcados, e pegamos toiros ainda em Hon- Kong. As praças de toiros eram construídas em canas de bambu, e comportavam cerca de 8 mil espectadores. Numa dessas corridas, actuei nas pegas com as costelas partidas. Em cerca de cinco meses que lá estive peguei 36 toiros, que foram levados enjaulados em navios”. E assim deixámos, o “Timpanas” de Salvaterra, esperançado no reconhecimento do povo da sua terra pelo menos com uma palavra amiga. Que a sua ambição se realize, dissemos-lhe! Já em 2016, aproveitando uma exposição de vida, cerimónia levada a cabo pelo Município de Salvaterra de Magos, à cavaleira tauromáquica; Ana Batista, um espaço foi destinado para mostrar os valores deste salvaterrense, que se enalteceu nas arenas, levando o nome da sua terra a alguns cantos do mundo.
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VIII PROF. ANTONIO GONÇALVES LOPES (A saudade começou a 9 de Julho)
Cada geração tem destas coisas. Na minha meninice, as crianças não conheciam o que é uma creche, nem sonhavam com a pré-primária, a rua essa, era toda nossa ! O “Mosquito” e, o “Mundo de Aventuras”, eram jornais de banda desenhada, que serviam de inspiração às brincadeiras da juventude da década de cinquenta. Um exemplar custava 2$50 na época, e muito choro dava a quem os queria comprar. Com a GNR à perna, as brincadeiras noturnas terminavam com o recolher das crianças por volta das 10 da noite., e se alguma fosse apanhada, os pais eram multados.
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Aos 4/5 anos de idade, o convívio com o António Lopes, foi o início de uma amizade duradoira. O Largo dos Combatentes (também conhecido pelo largo do Manuel Lopes, avô paterno deste meu amigo), local térreo onde as nossas brincadeiras ingénuas nos levavam ao desenvolvimento físico. Mais tarde, na escola primária, a nossa amizade fortaleceu-se, apesar de termos professores diferentes. O António Lopes , nascido em 12 de Julho de 1943, de uma família economicamente florescente para a época, continuou os seus estudos em Santarém e, eu fico-me pelo mundo do trabalho logo aos treze anos de idade, sendo o nosso convívio a ser mais limitado. O
meu
amigo António Lopes evoluiu na sua carreira académica no Instituto Superior Técnico, no curso de engenharia, que interrompeu quando as várias frentes da guerra ultramarina nos “apanha” na idade das sortes, e da tropa. Em 1964, presta serviço militar com o posto de alferes miliciano. De regresso à vida civil, no Instituto Superior de Educação Física, frequentou o curso de educação física, o desporto foi a sua actividade no ensino, como professor, nas escolas da sua terra. Contraiu matrimónio com a professora; Maria Elisa Lázaro Ferreira (Lopes), do qual nasceram os filhos; Pedro Jorge, e o António Miguel Ferreira Lopes.
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Pessoa dotada de grande espírito de colaboração, no ano de 1976, quando das primeiras eleições autárquicas foi eleito pelo partido
socialista, como vereador na câmara municipal de Salvaterra de Magos. No desempenho do cargo mostrou grande interesse em dotar a população com novos edifícios escolares. Mais tarde, no cargo de membro do conselho directivo, lá estava o António Lopes a assistir, em 15 de Outubro de 1983, à inauguração da escola secundária da vila que recebeu o nome de um outro ilustre salvaterriano, Gregório Fernandes. Numa experiência de grande inovação para a terra, com uns amigos instala na rua Luís de Camões, um ginásio com várias actividades de manutenção, destacando-se um método que aplica para os problemas respiratórios. Infelizmente esta experiência empresarial dura pouco tempo, em meados do ano de 1973, quando se encontra na companhia da família em Sevilha (Espanha), a gozar um curto período de férias, é confrontado com uma nova mobilização militar para Moçambique. Ali, foi prestar serviço militar, com o posto de capitão, regressando em Dezembro daquele ano, após mais seis meses de presença nas fileiras do exército português. Faleceu a 9 Julho de 1990, com 47 anos de idade e desde então, a saudade tem sido sentida pela família e pelo grande número de amigos Em 1991 o edifício escolar, do ciclo preparatório, de Salvaterra de Magos, quando aberto ao ensino recebe o seu nome, como homenagem a título póstumo. ************* ********
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XIX PADRE, JOSÉ RODRIGUES DIOGO Um Homem, uma Obra ! Naquele ano de 1945, era um dia de Verão, chegou a Salvaterra de Magos, um jovem padre que vinha ocupar o cargo da paróquia local. Tinha pouca experiência paroquiana, pois havia deixado o seminário, onde foi educado sobe as mais rígidas regras usadas nos finais do séc. XIX. O entusiasmo era grande, depressa como pastor, ao serviço da sua causa, a Igreja Católica, apercebeu-se das grandes carências do seu “rebanho”, pois a guerra tinha deixado ficar as suas mazelas. O padre José Rodrigues Diogo, nascido em Seiça (Ourém) lá para os lados de Torres Novas, em 1919, chegado à freguesia foi viveu para um
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espaço, na Igreja Matriz, há muito destinado a residência dos sacerdotes. Depressa foi com algum desespero que viu a forma de viver destas gentes da Lezíria ribatejana. Os seus 26 anos de idade, deram-lhe muitas forças e com a sua fé, começou a pensar em dar melhores condições de vida às famílias, especialmente do povo rural, que na sua maioria vivia em barracas, num terreno arenoso, junto ao cemitério da vila e, que nos finais do séc. XIX, ainda pertencia ao pinhal da vila, restos da que foi sua Coutada Real. A fome acompanhada de uma forma de viver, onde as crianças na sua maioria não iam à escola, pois eram encaminhadas param os trabalhos do campo, logo nos primeiros anos de vida – o trabalho da grade. Entretanto com o dinamismo próprio de quem sonha consegue – inicia a construção de uma nova residência Paroquial, na Praça da República, conseguindo da câmara municipal a doação do respectivo terreno.
Edifício da Casa Paroquial de Salvaterra de Magos Foto de José Gameiro
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Em 1947, o padre José Diogo, iniciava a sua obra social, com a criação do Centro de Assistência que, o governo legaliza através de um despacho da secretaria de estado da segurança social. Recebeu de D. Maria Carolina Rebelo de Andrade, a oferta de um edifício, na rua Cândido dos Reis, onde é instalado aquele centro, com a sua creche. Depressa conseguiu o apoio de algumas pessoas castas da terra e, mesmo do concelho, para a oferta de cereais destinados às refeições, que começou a distribuir, através da recém criada “Sopa dos Pobres”. Para residência Paroquial No entanto o seu grande objectivo era a construção de um bairro social, afim de acabar com as barracas - uma forma de habitação, considerada desumana para as famílias pobres da terra poderem viver com dignidade. Quem se debruçar no estudo, da actividade do Centro Paroquial de Bem-estar Social, entidade que sucedeu à Sopa dos Pobres, e Centro de Assistência Social, poderá encontrar um trabalho
Lançamento 1ª Pedra - local escolhido para a construção do Bairro Social
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Cerimónia do Lançamento da 1ª Pedra, no primeiro terreno escolhido para a construção do Bairro, uma obra da Igreja
Primeiras casa construídas no bairro social Foto José Gameiro
de grande humanismo, onde muitos paroquianos colaboraram ao longo dos anos, através da Fábrica da Igreja de Salvaterra de Magos. Em 1956, uma nova obra social dá os primeiros passos - O Património dos Pobres. O Património dos Pobres. O seu aparecimento, cria um fundo de doações e legados destinados à construção de habitações sociais na Paróquia de Salvaterra de Magos, que veio a comportar 150 casas, em dois bairros a que foram dados os nomes de: S. Paulo. e S. José, com
rendas de valor social
O médico veterinário, José de Menezes e sua esposa, Maria de Lurdes Vinagre, grandes proprietários na terra, e Manuel da Silva Valente, oferecem terrenos, para tão importante obra social.
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A obra social, do Padre José Diogo, chegou ao fim em Salvaterra de Magos, com o arranque dos trabalhos da construção de um moderno edifício materno-infantil (creche). O autor deste Apontamento, convidado em 1969, pelo padre Diogo para integrar a direcção da Fábrica da Igreja (Centro Paroquial), com Refino Morais Andrade, depressa sabem das grandes dificuldade porque passa a Fábrica da Igreja, em levar a bom termo as suas obras em curso. O padre Diogo, viu-se na necessidade de fazer várias deslocações ao estrangeiro, para junto das comunidades religiosos e não só, angariar algumas verbas para satisfazer compromissos financeiros assumidos. Em outros projectos esteve empenhado, como: A construção de Igrejas – Foros de Salvaterra, Marinhais, Glória do Ribatejo e Granho. Uma área que, que também o atraiu, o Escutismo, levou-o a juntar a juventude da terra, e fazer nascer em 1964, o Agrupamento local. Anos antes da sua morte, o executivo da câmara municipal , prestou justa homenagem a este homem que, tudo fez em prol do bem-estar do povo de Salvaterra, dando o seu nome, a uma rua de acesso aos bairros sociais da vila. A população de Foros de Salvaterra, incluindo o lugar da Várgea Fresca, em preito de homenagem, rogaram-lhe em 27 de Março de 1989, que após a sua morte viesse a repousar no cemitério local, o que
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aceitou. Aos 77 anos de idade, veio a falecer em Fátima, onde estava recolhido, e ali junto aos Foreiros foi sepultado em campa rasa no dia 25 de Abril de 1987. . 50 ANOS DO CENTRO PAROQUIAL Para comemorar o 50º aniversário do Centro Paroquial de Salvaterra de Magos, entendeu o município, atribuir-lhe o galardão máximo do concelho; A Medalha de Mérito Municipal “Grau Ouro”, pelos serviços prestados com diploma aprovado em deliberação de câmara municipal, no dia 8 de Outubro de 1997, além de ser atribuído o seu nome a uma artéria da urbanização do pinhal da vila que, passou a ”Rua Centro Paroquial”, mesmo ali junto àquela grande obra social que iniciou - a Creche.
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X DR. JOAQUIM GOMES DE CARVALHO (Um Benemérito na Misericórdia Local)
Joaquim Gomes de Carvalho, nasceu no Brasil, filho de pais imigrantes, atingindo a idade dos estudos, veio para Portugal, estudar medicina, acabando por se licenciar. Casou com D. Mariana Calado, oriunda de uma abastada família alentejana, vindo para Salvaterra de Magos, onde abriu consultório. Com a medicina praticada com o decorrer dos tempos, era um respeitado médico na época. Durante anos foi
No Almoço comemorativo, dos 100 anos da Farmácia Carvalho, o , Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, é o 4º (lado direito) *O autor também esteve nesta comemoração (5º lado esquerdo)
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Delegado de Saúde Pública, no concelho e fez oferta dos seus serviços clínicos, à Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, durante largo tempo. Um dia, por volta 1939, sonhou, com um Parque Infantil para as crianças na terra, e disso deu conta escrevendo num artigo, com o titulo “A Obra de Protecção á Infância em Salvaterra de Magos que ocupou a página 184, do Jornal Ilustrado Português “A Hora”, de 1939, que dedicava a sua edição ao concelho, no entanto foi uma obra que outros viriam a concretizar só em 1975. A Misericórdia local, em devido tempo, prestou-lhe uma homenagem, agradecendo os favores recebidos, de tão grande benemerência para com os pobres doentes daquela casa. Também o Ministério dos Assuntos Sociais, em 3 de Abril de 1979, através do seu ministro, Acácio Manuel Pereira Magro, fez sair em Diário da República daquele ano, o despacho ministerial:
“ Por relevantes serviços prestados à saúde pública, ao longo de quarenta anos, como Delegado de Saúde no Centro de Saúde do Concelho de Salvaterra de Magos, condecoro o Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, com a medalha de prata de comportamento exemplar do Ministério” Nos últimos anos do mandato autárquico, da Junta de Freguesia de Salvaterra de Magos, chefiado por João Nunes dos Santos, algumas ruas da freguesia, receberam novos nomes toponímicos, onde calhou também uma ao Dr. Joaquim Gomes de Carvalho *********
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XI
JOSE LUÍS SERRA BORREGO, e JOSÉ TEODORO AMARO
( homens de boas causas) Cada sonho, cada realização, torna o ser humano mais digno de si mesmo. Nas boas causas que abraça, o homem liberta-se ! A dignidade, está também visível na forma de vida que em união de esforços consegue buscar para si, ou para o bem estar da comunidade onde está inserido. Em Portugal, os lares para idosos não eram e, ainda não são bem aceites pelas gerações, que foram educadas onde o dogma é a família e, a sua respeitabilidade indelével. Aqui em Salvaterra, “os velhos” sempre viveram e acabaram os seus últimos dias de vida, dependendo das disponibilidades e carinhos dos filhos, ou familiares mais próximos.
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Na década de 70, as instituições de solidariedade social, mormente as misericórdias levaram a cabo no nosso país, a implementação dos Centros de Dia para Idosos, ou mesmo a criação de lares com internamento. No mês de Maio de 1980, no programa “As cidades e as Serras” da Rádio Comercial, foi dado a conhecer ao público português, uma notícia cujo original o autor deste trabalho, fez publicar no já extinto jornal “Aurora do Ribatejo”. Uma iniciativa levada a cabo, em Salvaterra de Magos, por um grupo de amigos da Santa Casa da Misericórdia local que, constava do esforço para tornar realidade a criação de um Centro de Dia para Idosos.
Grupo de amigos da Misericórdia, em dia de Peditório, para a construção do novo Centro Dia – Praça da República * Foto José Gameiro
Grupo que iniciou fundou o Centro de Dia em Salvaterra de Magos, Praça da República * José R Gameiro, José Luis Borrego, Armando
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Oliveira, José Teodoro Amaro, José da Silva, João Castanheira, Eurico Borrego, João Nunes da Silva. A chamada terceira idade, tem dado assunto para páginas e páginas de literatura, horas de conferências, onde ficaram registadas sábias lições sobre gerontologia. Naquela iniciativa, de boa vontade, lá estava o grupo de oito amigos de boas causas. Sendo um peditório feito à população da vila, previamente anunciado, não teve a recetividade esperada, o povo alheou-se de comparticipar, e magros proventos foram contabilizados após tão cansativa missão.
José Teodoro Amaro, junto das funcionários juntos do carro (novo meio de transporte), para recolha de idosos para o Centro de Dia * Foto José Gameiro
No entanto, o Centro de Dia, foi inaugurado no dia 3 de Junho de 1985., e as inscrições passaram a pertencer a uma lista de espera. Os dirigentes, mais activos: José Teodoro Amaro e José Luís Serra Borrego, promoveram um serviço de apoio aos idosos no seu domicílio, foi uma iniciativa que viria a servir de projecto para levar a cabo a nível nacional, pois as visitas de outras instituições eram periódicas.
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LAR DE IDOSOS E CENTRO DE DIA DA MISERICÓRDIA
No dia 15 de Abril de 1992, a comunicação social, noticiava a inauguração do edifício do Lar para Idosos com Centro de Dia, construído pela Misericórdia de Salvaterra de Magos, uma iniciativa do mesmo grupo de amigos da instituição que anos antes já tinha criado o Centro de Dia, na Praça da República da vila. Ao acto solene da inauguração, esteve presente o Secretario de Estado da Segurança Social, Dr. Vieira de Castro. Entre a multidão anónima lá estava, alguns dos oito obreiros do projecto que, desde 1997, esperaram a aprovação no Departamento de Equipamento Social, do Ministério da Segurança Social que veio apoiar a sua construção. O então provedor da Santa Casa, Armando Rafael Oliveira naquele dia memorável, para a história da Santa Casa de Salvaterra de Magos, fez da sua intervenção, as palavras que decerto seriam de todos, mesmo daqueles ausentes e que se tinham empenhado na concretização daquela obra.
“Para que a velhice não seja um peso, mas sim um continuar da vida, onde o amor e fraternidade são postos ao serviço do seu semelhante seja tudo isto o que damos aos outros, faz-nos mais humildes e felizes, segundo disse: Rafael Oliveira”. Chorar de emoção, em dia de alegria !
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Naquele momento, muitos de nós, os poucos obreiros ali presentes, não deixaram de ver uma lágrima de emoção, lembrando o entusiasmo e esforço denodado que o José Luís, José Teodoro Amaro, se tinham empenhado, naquela obra. O José Luís Borrego, foi músico, durante dezenas de anos na banda de música dos bombeiros, empenhou-se naquilo que gostava. Nas instituições, por onde passou foi um homem que defendeu o bem da sua terra, aceitando ocupar os cargos com espírito de solidariedade e bem servir, como foi ocupar a presidência da Junta de Freguesia da terra onde nasceu. O José Luís, tinha-nos deixado há pouco, após uma doença prolongada que, o vinha apoquentando há anos. O José Teodoro Amaro, nasceu em Salvaterra de Magos, na juventude aprendeu o ofício de carpinteiro civil, depressa não deixou de prestar apoio às instituições da terra, os bombeiros foi uma delas. Já como comerciante, empenhou-se na fundação de uma Associação de Comerciantes do concelho de Salvaterra de Magos, que teve associada uma outra do concelho de Coruche. Como autarca, empenhou-se e deu o seu contributo no aparecimento da Escola Secundária “Dr. Gregório Fernandes”. A família, os amigos e, as instituições da vila sentiram a perda destes dois homens que em vida foram solidários, com a comunidade onde viveram.
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XII JOÃO MANUEL SANTA BÁRBARA DOS SANTOS (UMA GLORIA NO ANDEBOL PORTUGUÊS)
O desporto levou-o aos píncaros da fama ! O Andebol, ainda não é uma modalidade muito antiga praticada em Portugal, documentos informam-nos que uma variante – onze jogadores, foi praticada na cidade do Porto, em 1929. Nos anos 1967/68, em Salvaterra de Magos, a modalidade tinha sido implementada e, poucos anos depois, era já uma referência para a juventude da terra. Todos os jovens, especialmente os rapazes, procuravam praticar o andebol, o pavilhão desportivo da casa do povo, tornava-se já pequeno para tanta procura. De uns tantos que singraram na prática deste desporto, alguns foram “cobiçados” por clubes credenciados no panorama desportivo português. Caso, de Vitor Cabaço, Júlio Piçarra, António Figueiredo e João Santa Bárbara. Este último, pela sua excecional carreira de atleta, representando vários clubes e, a selecção nacional, veio a ser galardoado com a medalha de mérito desportivo, em documento oficial onde consta o seguinte:
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MEDALHA DE MERITO DESPORTIVO, ATRUIBUIDA A JOÃO SANTA BARBARA
“Considerando a excecional carreira de João Manuel Santa Bárbara dos Santos, como praticante de andebol; e tendo em atenção que é considerado o atleta mais internacional na modalidade de andebol. Considerando que representou a selecção nacional por 108 vezes, tendo sido capitão por 49 vezes; Considerando que, ao lado destes números, assumiu sempre uma postura ética; Considerando que foi várias vezes distinguido com o prémio de melhor guardaredes, e melhor jogador.” Determina-se: “ É concedida a João Manuel Santa Bárbara dos Santos, a medalha de mérito desportivo, nos termos dos art.º 3º e 6º do decreto-lei 55/86, de 15-3 ” 08 de Janeiro de 1993 O Ministro da Educação,
António Fernando Couto dos Santos
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XIII JOSÉ ANTÓNIO DAMÁSIO LAPA “ O Dezoito” Em criança, andou comigo na escola, pouco aprendeu. Na rua, brincamos as mesmas brincadeiras. Um dia, ainda jovens rapaz, como tantos outros membros da sua família - os Lapas; já o tinham feito, foi aprender o ofício da construção civil, e Pedreiro foi a sua profissão. As suas dificuldades de perceber a escrita, levava-o quando disso carecia, a procurar-me. O seu espirito altruísta, começou a revelar-se ainda jovem, ao entrar como voluntário, nos bombeiros de Salvaterra, onde seu irmão Eugênio já “militava”. Foi-lhe atribuído o número 18, na corporação, que veio a ajustar-se à sua traquinice. Depressa, passou a ser uma pessoa muito solicitada, pois a sua disponibilidade em ajudar os outros era constante. O José António “o dezoito “ , raro era o mês que não fosse dar sangue para alguém que estivesse hospitalizado e, precisa-se daquele bem tão preciso para a vida humana.
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No entanto foi essa mesma vida, muito madrasta para com ele, pois vários infortúnios familiares, levaram-no a procurar a bebida, o álcool era o seu refúgio. Ainda novo, ficou sem duas companheiras queridas, as mortes da mulher e da mãe, foi o inicio de uma pesada caminhada que, pelo rumo da sua desdita culminou com a morte do filho, ainda na pujança da juventude.
O Dezoito na escadaria de uma Instituição Bancária
Na rua, as escadas e bancos dos jardins, eram os lugares onde o encontrávamos, sempre brincalhão e, por vezes conflituoso, servindo de bobo as jovens e adultos, quando em estando de embriaguez. Ainda, e
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sempre disponível, para a sua jornada de bem-fazer, continuava a dar sangue, a quem dele precisava. Um dia de 1979, recebeu uma carta, e como era habitual em mim se socorreu para a sua leitura. Estava nervoso, era uma carta do Estado, e tinha razão para isso; O Instituto Português do Sangue (IPS), tinha-o galardoado, recebeu o diploma e medalha de mérito daquela instituição, pelas suas 70 vezes, como dador benévolo de sangue, mas a sua vida de boémio, continuou na mesma, passou a viver de pequenos “biscates” de trabalhos de pedreiro. Alguns anos passaram, agora após uma trombose, que lhe tolheu parte do corpo, aos 60 anos de idade está recolhido no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, onde vive sossegadamente amparado a uma bengala, e sem beber álcool, esquecido pela comunidade, especialmente, de quem dele muito precisou.
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BIBLIOGRAFIA USADA:
* I - Pág 17 Gaspar Costa Ramalho: Artigo Jornal Vale do Tejo - JVT 139 – 12/3/98 * JVT 196 –28/10/1999 * II – Pág 31 Dr. Gregório Fernandes: Pág. 35 * JVT 144 –21/5/1998* III – Henrique Xavier Baeta (Internet) * IV –Pág 34 Irmãos Roberto(s), Semanário “Branco e Negro” N.º 66 de 4/7/1897 – Jornal “ O Ribatejo” - JVT 154 – 5/11/1998 * V – Pág 41 Dr. António Viana Ferreira Roquette – Revista A Hora edição 1939 * VI – Pág.43 José Maria Vasconcellos e Sousa - Internet *VII – Pág.46 José Carlos Hipólito “O Timpanas” -: Aurora do Ribatejo –25/12/1 * JVT 146 – 18/6/1998 * VIII – Pág 49 António Manuel Gonçalves Lopes,: JVT – 1983 * JVT 147 – 2/7/98 * XIX – Pág 52 – Pe José Rodrigues Diogo:, JVT 7/7/1995 * JVT 30/4/97 * JVT –15/12/1987 ( Creche do Centro Paroquial) * X – Pág 58 - Dr. Joaquim Gomes de Carvalho: Revista a “Hora” –1939 * DR - 3/4/1998 * XI – Pág 60 - José Luís Serra Borrego e José Teodoro Amaro JVT 148 – 16/7/1898 * XII – Pág 67 João Manuel Santa Bárbara dos Santos * XIII - Pág.70 José António Damásio Lapa “O Dezoito”, JVT 336 – 4/7/00 FOTOS USADAS: Autor e a/d
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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS nº 9 CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 9
Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo Séc. .XIII – Séc. XXI
QUANDO VINDIMAR ERA UMA FESTA
Autor JOSÉ GAMEIRO
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: QUANDO VINDIMAR ERA UMA FESTA Tipo de Encadernação: Brochado (Papel A5) Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor Gameiro, José Rodrigues Edição: 100 exemplares – Março 2007 Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 64-1º Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 09 – 5
Depósito Legal: 256461/ 07 ************* *******
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Fotos da Capa: Em dia de Vindima, mulher com cesto de uvas à cabeça - 1970
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2ª edição Revista e Aumentada – Março 2015 *****************************
Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt ******************
O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Não só pelos meus companheiros de meninice, onde as brincadeiras diárias na rua, que era nossa nunca tinham fim - mas para que toda aquela cambada de rapazes, do tempo da escola, não seja esquecida, é dedicado este trabalho! Uma boa meia dúzia de anos, não tinha ainda passado, do após guerra, entre outras coisas, a penúria da fome e, o andar descalço, que para a maioria das crianças, não era um desejo, mas um sofrimento, também existia nesta terra. Quando chegavam as vindimas, todos os anos, corria-mos desesperados, à velha ponte da vala real, atrás dos carros, para o “roubo” de um cacho de uvas. O “assalto”, se fosse bem sucedido, seria ali a única oportunidade do ano, para alguns provarem aquele fruto, mas normalmente era acompanhado por uma varada, ou o chicote que zurziam no ar. “Grande Cambada! Rapazes dum corno” que, me estragam a carrada toda”, gritavam os carroceiros, ou os condutores das juntas de bois que pachorrentos faziam a caminhada transportando as dornas de uva, do campo até às adegas. na vila. Março: 2015
JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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QUANDO VINDIMAR ERA UMA FESTA!
Em 1953, naquela tarde, já com Verão a dar sinais de dar lugar ao Outono, ainda a mulher rural à soleira da porta, aproveitava a sombra, e o silêncio que envolvia a sua casa, para passajar algumas roupas, “sonhando” com o mês de S. Miguel, setembro era mês das vindimas. Uns tempos antes com o calor a fazer correr o suor na cara, tinham terminado, as ceifas e as eiras, ocupando grandes ranchos de homens e mulheres. A mecanização dos trabalhos do campo, já se fazia notar com a presença de algumas máquinas agrícolas, como; tractores, debulhadoras e enfardadeiras. O uso do gado por sua vez estava a ser substituído progressivamente nos trabalhos da grade e, no lavrar das terras, as tralhoadas, era agora mais escasso, deixavam de existir. A lavoura tradicional de muitos séculos, estava em transformação, os campos da Lezíria Ribatejana, desde o século anterior que estavam estudados, e até se escreveu “Terrenos com bacias aluvionares de espaços lodosos férteis, chegam a atingir os 30 metros de profundidade nos campos de Vila Franca e, 50 no mar da Palha”, “estas profundezas, que vêm desde o período;
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Quaternário, acentuaram a actual bordadura do Vale do rio Tejo que, confina com uma outra a do Sado.” As vinhas plantadas em grandes arroteamentos, nos meados do séc. XIX, foi um trabalho lento, em terrenos junto à imensa margem do leito do rio e, naquele ano de 1953, um manto pardo escuro prometia dar uma grande produção de uva. A fama dos vinhos do Ribatejo é anterior à fundação da nacionalidade, referiu-se a eles D. Afonso Henriques, em 1170, no foro da cidade de Santarém. Também Gil Vicente, no auto “ Pranto de Maria Parda”, alguns
séculos depois continuam a ser procurados
O clima do Ribatejo mediterrâneo, temperado dada a proximidade da bacia do rio que a banha, com uma queda anual pluviométrica, verificada nos últimos 50 anos em cerca de 500-600 mm. A moderna nomenclatura, que agrega os vários padrões agrícolas na área da vinicultura, existe regiões como a “Lezíria, ou borda-d’água”, o “Bairro” e a Charneca”. Terras que são contempladas pela riqueza da bacia hídrica do rio Tejo. Na planície ribatejana com suas terras de Lezíria, onde os terrenos de aluvião, sendo inundáveis, têm no seu solo a humidade necessária para a cultura da vinha e dos cereais. O “Bairro”, são terras localizadas na margem direita do rio Tejo, tem nos seus solos arenitos, calcários e argilosos, onde a vinha não tem a importância que é dada à oliveira e outras culturas arbustivas e arbóreas.
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A “Charneca”, são terrenos que se estendem desde a margem esquerda do rio até ao Alentejo, detentores de solos pobres, como os areno-arenosos, são revestidos de floresta que a enriquecem, onde predomina o sobreiro. As suas areias quentes pelo sol, têm uma grande importância no grau alcoólico dos vinhos ali produzidos. Por volta de 1950, os tradicionais carros de bois e carroças, com as dornas de madeira, davam lugar aos transportes motorizados. Camionetas de carga e, tractores com reboques, eram agora a grande novidade nos trabalhos agrícolas. As adegas também tinham sofrido as necessárias adaptações para este género de transportes e cargas, agora mais rápidas, em relação à tradicional descarga das dornas, onde o homem usava a forquilha (ou gadanho), o esmagar das uvas é agora em modernas adegas e, em muitas já com sistema eletrónico e computorizado. Sabia o agricultor/vinicultor de Salvaterra, da baixa graduação do vinho dali extraído, em contraste com os dos terrenos areno-arenosos da charneca. Destes provinha um grau alcoólico, de grande qualidade que, juntos dava bons lotes de vinho para comercializar, especialmente para Lisboa. O inicio do Outono, estava próximo, havia nos agricultores, quem deixasse para o mês Outubro, por todos conhecido por - Piedade, para “arrumar o campo” das terras baixas, frescas férteis, recolher o gado às terras altas da charneca. Na linguagem do calendário do homem rural, o ano era conhecido e
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repartido por alguns meses sem santos: Assim tinham: Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, S. João, S. Tiago, Agosto, S. Miguel, Piedade, Santos e Natal. AS PRAÇAS DA JORNA
Ao Domingo, após o almoço, as mulheres, algumas com os filhos pequenos, iam à praça da jorna, na Av. junto ao armazém (taberna) do Dr. Lino. Em pequenos grupos algumas sentadas no chão, porque a tarde era longa, esperavam que fossem “faladas”, para a semana seguinte. Os homens por sua vez preferiam juntarem-se junto aos muros dos currais da Casa Freire. Estes mercados de “apanhar” trabalho, estavam também a sofrer algumas mudanças, após muitas e muitas dezenas de anos de uso (2). ********* ********* (2)- Os mais antigos ainda se lembravam da Praça da Jorna, ser junto ao Cruzeiro, na rua do Calvário, este depois transferido para o cemitério da freguesia, por volta de 1925.
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Os agricultores, ou os seareiros sazonais, utilizavam as rainhas para as mulheres e, os capatazes para os homens que, se encarregavam de contratar (falar) aos trabalhadores necessários para a faina semanal.
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O homem rural, esse, estava também a mudar os seus hábitos de transporte, a bicicleta era agora o seu meio de deslocação pelos caminhos do campo, enquanto a mulher ainda se deslocava a pé, percorrendo grandes distâncias, muitas vezes com os filhos à ilharga. O esmagamento da uva ainda era feito à moda antiga, num pisar leve e suave, por um grupo de homens jovens que, no lagar da adega iam dando voltas sem fim, em posição de alinhamento, com as mãos nos ombros, uns dos outros, para que o passo fosse certo e cadenciado. Todo aquele mundo de prensas e lagares na antiga adega do Gaspar Ramalho, mais tarde vendida a Francisco Ribeiro “Ribeiro Minhoto”, estava sempre numa grande azáfama. No campo, as mulheres usavam a entretenga das cantigas, com o cortar dos cachos de uva, passando o tempo - utilizando o verso – no verbo de dizer mal e bem, até mesmo o escárnio. Se no grupo estivesse alguém, passando um mau bocado, na sua vida privada, logo era alvo de cantigas de mal dizer:
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1935 - Pisando a uva, nos lagares da antiga Adega de Gaspar Costa Ramalho
Para quem no seu, o olho alivia ! Tarde ou cedo, o saco no ombro pesará ! Foi-se a riqueza que teria ! Pedindo aqui e ali, comerá ! As raparigas solteiras, que se descuidavam, no namorico, sofriam com o escárnio de uma cantadeira mais afoita.
Nos dias grandes, para comer à melão ! Tomate quente, nem vê-lo ! Tens a barriga cheia, que nem um leão ! Quem teria sido o gajo a mete-lo ! Muitas destes escárnios e cantigas, são agora conservadas pelos ranchos folclóricos ! AS VINHAS
O segundo e terceiro quartel foram de intensa actividade vinícola, mas chegados ao dobrar do século XX, era notório o abrandamento desta actividade, até porque a produção já estava regulada pela Junta Nacional dos Vinhos – JNV, mais tarde substituída pelo Instituto do Vinho.
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Nos campos de Salvaterra, dos antigos vinicultores como: Irmãos Roberto, António Jorge Carvalho, Roquette (Barão de Salvaterra), Gaspar Costa Ramalho e José de Menezes e Irmão, à muito tinham deixado a vinicultura. Ainda persistiam e tinhas as adegas abertas, Dr. José Henriques Lino, José Adelino Fernandes, Dr. José Cardador, Alberto Lapa, Virgolino Torroaes, Conde Monte Real, António H. Antunes, A grande adega e vinhedos de Gaspar Ramalho, à muitos anos já era pertença de Francisco Ribeiro, um conceituado agricultor do Cartaxo. Devido à natureza do fruto, a vindima tinha que ser rápida, cerca de três semanas, mobilizava muita gente, especialmente mulheres .
Vinha no campo de Salvaterra - Lezíria ribatejana, junto ao Rio Tejo
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A ENTREGA DA BANDEIRA !
Quando estava prestes a terminar a faina, as vindimadoras, especialmente as jovens raparigas, nos últimos dias, era com grande entusiasmo que faziam a “Bandeira”, colocada na última dorna de uvas, depois era acompanhada pelo rancho e, em cânticos percorriam as ruas da vila até à adega, fazendo a entrega ao patrão. Por fim metia um pé de dança, com os pisadores da uva, junto à adega e, era esperar até ao ano seguinte ! Entre outras cantigas, ouviam-se os versos:
A vindima do nosso patrão, já terminou ! Deus lhe dê boa aguardente e vinho ! A nós ter trabalho, muito ajudou ! Agora é esperar até ao S. Martinho ! Os trabalhadores mais endinheirados, lá compravam um garrafão de Água-pé, pelo São Martinho, pois também era a época das castanhas assadas. Os tempos mudaram, nos anos da década de 90, com imposições vindas da
, na
1950 Trabalhadores entregam a bandeira Adega da Casa Henriques Lino
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comunidade europeia, Portugal viu muitos terrenos deixarem de ter vinhedos, que passaram a ser utilizados para outro tipo de agricultura, especialmente a de regadio, onde a cultura da cenoura e tomate passou a ter lugar de destaque, nos campos de Salvaterra de Magos Nas poucas vindimas que ainda existem, nem se dá pela presença da mão-de-obra feminina, até a do homem é escassa. Vindimar é agora triste como um funeral, frio e silencioso ! O ASSALTO ÁS DORNAS ! Aquela espera, muitas vezes de horas, era alertada pelo grito de “lá vem um !... Logo o rapazio que descalço estava jogando a bola no caia da vala, depois do horário escolar, depressa preparavam os “ganchos de arame”, (as ganchetas / ou fateixas) para o assalto às
Rapazes (descalços), sentados na Ponte, esperando a chegada dos carros com uvas, o autor é o penúltimo da fila
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dornas de uvas, nos carros de bois, ou carroças que se aproximavam da ponte. Tal desejo de comer algumas uvas era muitas vezes infrutífero, pois o condutor do carro já preparado dificultava a investida dos mais afoitos, pois a vara e, o chicote zumbiam no ar. O pouco tempo que se tinha para actuar - no atravessar da ponte – levava a que muitos, desistissem de tamanha ousadia. Os rapazes mais lestos de lançamento das armas, “esses terríveis instrumentos”, quando tinham a sorte de “ferrar”, a maior parte das vezes, deixavam cair por terra o fruto tão apetecido, que se resumia afinal a um pequeno e “esfarelado” cacho de uvas sendo logo comido numa sofreguice.
Um ou outro, ainda lá ia à Fonte do Celeiro da Companhia, junto à taberna do Camilo Espanhol, lavar do mostro, aqueles poucos bagos, pois eram muitas vezes os únicos que, comiam durante o ano.
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ADEGAS E VINICULTORES DE OUTROS TEMPOS !
A moderna nomenclatura, que agrega os vários padrões agrícolas na área da vinicultura, do Ribatejo, regista regiões como a “Lezíria, ou borda-d’água”, o “Bairro” e a Charneca”. Terras que são contempladas pela riqueza da bacia hídrica do rio Tejo. Na planície ribatejana com suas terras de Lezíria, onde os terrenos de aluvião, sendo inundáveis, têm no seu solo a humidade necessária para a cultura da vinha e dos cereais. O “Bairro”, são terras localizadas na margem direita do rio Tejo, tem nos seus solos arenitos, calcários e argilosos, onde a vinha não tem a importância que é dada à oliveira e outras culturas arbustivas e arbóreas. A “Charneca”, são terrenos que se estendem desde a margem esquerda do rio até ao Alentejo, detentores de solos pobres, como os areno-arenosos, são revestidos de floresta que a enriquecem, onde predomina o sobreiro. As suas areias quentes pelo sol, têm uma grande importância no grau alcoólico dos vinhos ali produzidos. Algumas publicações guardam a quantidade de vinho produzido e registado em Salvaterra de Magos * 1933 – 35.017.840 (litros) * 1936 – 2.366.220 (litros) * 1939 – 3.707.000 (litros)
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VITIVINICULTORES GASPAR COSTA RAMALHO
Abastado Lavrador/Vinicultor, com três grandes edifícios, de adegas, num deles com caldeira para a destilação da aguardente. Durante a sua vida não deixou de praticar filantropia às gentes e instituições da sua terra. Quando da sua construção, já foram usados os depósitos em cimento que, vinham substituir os antigos túneis de madeira e, ali guardavam milhares de hl de vinho, ainda por trânsfuga. A adega de Gaspar Ramalho, construída por volta de 1900, no espaço onde existiu o novo edifício das damas, e dele usou a pedra A adega foi demolida no ano de 1988, para dar lugar a uma nova área de urbanização de habitação e comercio.
Largo dos Combatentes – Edifício da Adega Que um dia foi construída por Gaspar Ramalho, em tempo de destruição
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CASA AGRICOLA FRANCISCO FERREIRA LINO Agricultor/vinicultor: Francisco Ferreira Lino, foi um grande benemérito da sua terra natal, Salvaterra de Magos. Em 1858, mandou construir a sua adega em terreno limpo, na rua do Calvário, próximo dos moinhos da vila. Anos depois, por volta de 1912, com a nova urbanização na zona, após o terramoto de 1909, a existência do edifício ajudou a “alindar” os arruamentos ali abertos. O acesso pela nova rua – Marquês de Pombal, uma moderna caldeira de destilação de aguardente, foi instalada. O edifício foi demolido em 2000, dando o seu espaço lugar à construção de uma nova urbanização de habitações e áreas comerciais. Mais tarde, seu filho Dr. José Henriques Lino, especializado em Agronomia, foi professor na Escola Agrícola de Santarém,
Edifício que foi Adega da Família Henriques Lino, em fase desmantelamento
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continuou a tradicional “Faina Agrícola” da casa Lino, tendo a sua habitação Omina. O bisneto, José Durão Lino, neste início do séc. XXI, sucedeu a seu pai, o Eng.º Francisco Manuel Lino, na responsabilidade de continuar a atividade desta secular e afamada casa agrícola. (*)
José Durão Lino *******
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1950 Adegueiro – José Rato
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(*) - Um seu adegueiro, de nome José Rato, durante anos ajudou a afamar os vinhos e aguardentes desta casa agrícola, pela arte e saber que tinha neste género de trabalhos, usando nos transportes dos barris uma carroça construída em ferro
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****** CASA AGRÍCOLA DO BARÃO DE SALVATERRA DE MAGOS
(Luiz Ferreira Roquette de Melo Travassos)
Vinha muito detrás a árvore genealógica da família Roquette, mas foi em 1770, que Luiz Ferreira Roquette de Melo Travassos, recebeu o título de Barão. A família muito investiu na compra de grandes manchas de terrenos em propriedades que estavam espalhadas pelo novo ordenamento do concelho de Salvaterra de Magos, após a venda da casa real. Os vinhedos, especialmente os dos campos de Salvaterra, eram a principal fonte dos vinhos desta casa agrícola. A grande adega Instalada nos seus terrenos na Av. do Calvário, (mais tarde; Vicente Lucas de Aguiar, agora com o nome do Dr. Roberto Ferreira da Fonseca), era para a época, uma referência em todo o Ribatejo, deixou de trabalhar, por volta de 1940, com o progressivo
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abandono da actividade agrícola da família.. Com o decorrer dos anos o seu estado de ruína era um facto, sendo mais visível com o telhado a cair.. Em Novembro de 2002, foi totalmente demolido, para dar lugar a uma nova urbanização de habitações e comércio.
1996 - As ruínas da antiga adega ,família Roquette (Avª Dr. Roberto da Fonseca)
urbanização no espaço onde existiu a Adega da Família Roquette
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CASA AGRÍCOLA COSTA FREIRE Esta família tendo sido brasonada, em 1749, através de José dos Santos Freire, homem da casa real de Salvaterra, ao longo dos séculos teve na agricultora a sua forma de actividade. Propriedades que foram terras desta casa, como: Fazendas da Lezíria de Sacra Botão, Cortes da Pardaleira
dos Cavalos, D. Verdeana, Cágados, Sesmarias de D. Maria, Nogueira, Chaparral de Pêro Galego e Boinheiras, eram muitas entre a mais importante, a Corredora da Caldeira, conhecida pelo nome do “Marquez dos Freiras” Com seu solar, na rua João Gomes, além de vários palheiros e armazéns na vila, a adega estava instalada nos antigas cocheiras do palácio real, hoje junto à EN 118.
CASA AGRÍCOLA IRMÃOS ROBERTO
Na casa agrícola Roberto, as searas de sequeiro, a par da criação de gado, especialmente o toiro bravo., foram sempre a sua maior actividade agrícola, desde os irmãos Roberto, Jacob e Vicente, até aos seus sobrinhos. Uns anos antes de 1940, a zona sul de Salvaterra de Magos, passou a comportar a passagem da EN 118. Uma outra pequena via, a 1182, foi construída fazendo a ligação da vila, até a um cruzamento, que o povo
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chamava sitio das cavalariças. Antes era um caminho aberto, no início do séc. XX, que tinha num dos lados um valado. No outro lado ainda existiam velhas construções que foram antigas instalações que vinham do tempo do palácio real. Era aí que a casa agrícola dos irmãos Roberto, tinha a sua antiga adega. No dobrar daquele século já a estrada se apresentava ladeada de celeiro.
ANTONIO JORGE DE CARVALHO Homem dotado de grande espírito de iniciativa, no campo empresarial e comercial, onde se destacava uma farmácia. Na agricultura manifestou grande empenho, tendo no campo de Salvaterra, alguns terrenos de vinhedos, que lhe deram fama no produto final- o vinho. No início do século XX, para além da Loja de Drogas/Mercearia, e da Farmácia, mandou construir um grande edifício, para adega nos restos do que foi o palácio real, no Largo dos Combatentes.
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Nos primeiros tempos serviu de garagem para as camionetas da carreiras, depois já transformado em adega, com grandes lagares e tonéis em madeira, recebiam os primeiros líquidos da uva. Uma grande e moderna caldeira, fazia aguardente. Depois da sua morte, seu genro António Henriques de Sousa Antunes, continuou com a vitivinicultura, e também aproveitou para Armazém de vinhos um outro edifício, que em tempos tinha servido para a realização de peças teatrais de um grupo existente na vila
ALBERTO DOS SANTOS LAPA A entrada da sua adega, era pela EN 118, as janelas na rua Heróis de Chaves, recebiam as descargas da uva, no interior além dos lagares existiam filas de túneis de madeira, albergando muitos hl de vinho.
Adega de Alberto Lapa
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Seguindo as pisadas do pai, António Lapa, também se dedicou com afinco à criação do gado cavalar. A cultura da vinha e do vinho, promovido por este agricultor, no último quartel do séc. XIX e primeira metade do séc. XX, muito contribuiu na área da economia de Salvaterra.
CASA AGRICOLA MONTE REAL
Há mais de 100 anos que a vinicultura existiam nas propriedades, hoje da casa Monte Real, registos existem que desde os finais do século XX, a família Brito Seabra, tinha terras de aluvião, na margem Sul do rio Tejo. Jorge de Melo e Faro, II Conde Monte Real, no primeiro quartel deste século, já na posse daquelas propriedades de José Luís Brito Seabra, incluindo
A residência solarenga, por volta de 1930, continuou a actividade agrícola aumentando até a área da vinha plantada.
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A família Brito Seabra Roquette, tinha uma Adega situada na antiga rua “Jogo da Bola”, agora incluída na Av. José Luís Brito Seabra. O Conde de Monte Real, no mesmo espaço mandou construir um novo e grande edifício, para adega dotada de nova tecnologia para a época. . Mais tarde, na década de 1950, a casa agrícola, Monte Real, devido à grande quantidade de vinho produzido abriu um posto de venda “ Taberna do Conde”, principal venda a
na avenida da vila, com retalho. A
modernização da adega “Monte Real”, fruto do dinamismo do detentor daquele titulo, era constante, procurando sempre estar a par das últimas tecnologias. Depois da sua morte, a “empresa” foi herdada pela filha, Madalena, única herdeira que por sua vez entregou aos seus três filhos a responsabilidade de administrar os negócios. O autor destas páginas, num artigo que publicou no jornal Vale do Tejo, com sede em Salvaterra, recolheu informações junto dos novos administradores, agora como sociedade agrícola Moena, que decidiram então desenvolver o engarrafamento, e nova comercialização dos vinhos, não só em Portugal, mas também no estrangeiro. Escreveu o autor: “com o objectivo em
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divulgar este vinho ribatejano, um pouco por todo o mundo. Neste momento, a casa Monte Real, utiliza 50 hectares de terreno de uva tinta e, 35 hectares de uva branca. As vinhas estão divididas em talhões, cada talhão tem a sua casta, cuja idade oscila entre os 20 e os 25 anos. O vinho branco, produzido para o engarrafamento, é seleccionado a partir das castas Fernão Pires, Vital e Tália. No vinho tinto são usadas as castas Trincadeira Preta e Piriquita. Depois de vindimadas, as uvas são rapidamente levadas para a adega, onde se procedia à maceração a baixa temperatura. No caso das uvas brancas, o mosto é centrifugado, limpo e arrefecido, sendo depois as leveduras escolhidas. A temperatura é controlada a 16º C Nas uvas tintas, são “desengaçadas” e fermentadas à temperatura de 22º C. Depois da fermentação alcoólica, procede-se à maceração, e posteriormente à fermentação malo-láctica. Para o vinho tinto é feito um único lote, do qual é retirada uma porção que estagia em casco novo de carvalho francês, num período de seis meses.” “ As castas brancas
são vindimadas e vinificadas separadamente e só posteriormente são misturadas, cabendo à melhor mistura o engarrafamento “Conde Monte Real” e à mistura dos restantes o engarrafamento “D. Sofia”, isto no caso do vinho branco. Ainda comercializa um outro lote de vinho com a marca “Bico da Goiva”.
O vinho tinto é feito num único lote, do qual é retirada uma porção que estagia em casco novo de carvalho francês, num período de seis meses. A este vinho cozido em madeira, cabe o rótulo “D. Sofia” é o que resulta do resto do lote que não passa pelos cascos de carvalho. Nos concursos de provas de vinho realizadas, no país, apresentou os seus vinho”
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“ CONDE MONTE REAL”
– Colheita de 1996
BRANCO - Aroma fino, com alguma distinção mas no fundo um pouco ligeiro. Bem na boca, boa acidez, conjunto agradável TINTO - Muito ligeiro na cor e no aroma. Delgado e demasiado simples para ser levado a sério. T ** ¾. VINHOS E AGUARDENTES TORROAES Entre a qualidade de vinhos produzidos nas Adegas de Salvaterra, muitos estiveram na 1ª exposição Agro-industrial, realizada nesta vila em de 1930. Os da pequena Adega de Virgolino José Torraes, na rua Cândido dos Reis, depressa ganharam fama, estiveram por vezes nalguns certames, em vários pontos do país. obtendo bons prémio,
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Com o inicio da Feira do Ribatejo em Santarém, passou ali a ter espaço permanente para a colocação de um stand, onde o filho José Manuel Torroais, não deixava de ser procurado para contratos na sua comercialização, em garrafas e garrafões, tinto e branco com a marca – Botelhas. Depressa as suas aguardentes vinícolas – S. Baco, Toiro Real, e vinho licoroso Torroaes, passaram a ter grande procura no país.
***** ****** Nota: Das muitas adegas, que se identificam neste “Apontamento” outras existiram que, vale a pena localizar a sua existência, pelos proprietários referenciados nestas páginas: Dr. José Cardador (Rua Gago Coutinho), José Adelino Fernandes (Trav. do Forno Vidro). ******* *******
Casa Habitação com Depósitos Rua Gago Coutinho
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OS LICORES E AGUARDENTES – LOPES ROSA
Foi em 1930, na Exposição agro - industrial, realizado em Salvaterra de Magos, que ALVARO LOPES ROSA, viu as suas bebidas premiadas. Álvaro Lopes, uns anos antes, já tinha os seus produtos bem aceites no mercado, fora de Salvaterra, pois os seus licores eram fabricados em moldes de uma pequena empresa, de âmbito familiar, o que lhes dava um cunho de grande qualidade e originalidade. Um século depois, ainda estão no mercado, comercializadas, pelos descendentes do seu filho José Lopes Rosa. Entre as muitas bebidas fabricadas, a Aguardente Especial Velha 1910, continua a ter um lugar de destaque, pois vem desde o início da sua actividade.
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Anexo: A VINICULTURA UMA RIQUEZA NA ACTIVIDADE AGRICOLA DE SALVATERRA DE MAGOS
A fama dos vinhos do Ribatejo é anterior à fundação da nacionalidade, referindo-se a eles D. Afonso Henriques, em 1170, no foro da cidade de Santarém. Gil Vicente, a eles se referiu um dia, no auto “ Pranto de Maria
Parda”, alguns séculos depois continuam a ser procurados
O clima do Ribatejo mediterrâneo, temperado dada a proximidade da bacia do rio que a banha, com uma queda anual pluviométrica, verificada nos últimos 50 anos em cerca de 500-600 mm. A moderna nomenclatura, que agrega os vários padrões agrícolas na área da vinicultura, existe regiões como a “Lezíria, ou borda-d’água”, o “Bairro” e a Charneca”. Terras que são contempladas pela riqueza da bacia hídrica do rio Tejo. Na planície ribatejana com suas terras de Lezíria, onde os terrenos de aluvião, sendo inundáveis, têm no seu solo a humidade necessária para a cultura da vinha e dos cereais. O “Bairro”, são terras localizadas na margem direita do rio Tejo, tem nos seus solos arenitos, calcários e argilosos, onde a vinha não tem a importância que é dada à oliveira e outras culturas arbustivas e arbóreas. A “Charneca”, são terrenos que se estendem desde a margem esquerda do rio até ao Alentejo, detentores de solos pobres, como os areno-arenosos, são revestidos de floresta que a enriquecem, onde predomina o sobreiro.
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As suas areias quentes pelo sol, têm uma grande importância no grau alcoólico dos vinhos ali produzidos.
CASA CADAVAL – Colheita de 1996 –
FERNÃO PIRES: BRANCO – Não são evidentes as notas aromáticas da casta, havendo alguns aromas de feno que se mostram muito. Atraente na boca, boa acidez e boa leveza. É menos típico mas pode ganhar com isso. B **, 5 PADRE PEDRO: TINTO – 1996 * Muito novo, muito verde, boa concentração de cor e revelando saúde. Bastante vinoso, redondo na boca e com boas características de um vinho jovem. T *** 4/5 Casa Agrícola Vieira da Cruz – Propriedade na Palhota – Salvaterra de Magos
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VINHO AREIAS GORDAS – 1996
Produzido na propriedade junto à margem Sul do rio Tejo, apresenta boa presença na boca, com uma acidez um pouco baixa, mas que aguenta o vinho. Precisa de ganhar elegância em próximas colheitas. B *** VINHO PEPINOS: Branco e Tinto: Produzido e engarrafado pela Sociedade Agrícola Henriques &Henriques, com sede em Marinhais - uma empresa com características de âmbito familiar.
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Dias a fio com cestas às costas, por aquelas terras muitos sacrifícios eram vividos, para que o vinho Ilumina-se os espíritos!
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Bibliografia usada:
Salvaterra de Magos,” Seus usos e costumes” José Gameiro Salvaterra de Magos Actividades Económicas: Agrícola/Florestal, Pesca/Comércio, Indústria/Turismo * José Gameiro Os Avieiros “Nos Finais da Década de Cinquenta” Maria Salvado
* Fotos inseridas nesta publicação * Pág. 2 – Mulher à sombra “cozendo” roupa” * Pág. 4 – Edifício da antiga taberna Dr. Lino (Local da Praça da Jorna das mulheres rurais – (1953) * Latada de videiras junto a um poço de água * Pág. 5 - Mulheres em dia de Vindima nos campos de Salvaterra * Pág. 7 – Vinhas no campo de Salvaterra * Pág. 8 - Um grupo de rapazes esperam os carros com as dornas de uvas (O 3º a contar da esquerda é o autor) * Pág. 9 - Carro de bois, transportando uma dorna com uvas * Pág. 10 - Lavrador, Gaspar Costa Ramalho-1939 * – Edifício da Adega construída por Gaspar Costa Ramalho-1900 (Largo Combatentes), mais tarde do Vinicultor, Francisco Ribeiro (Minhoto), em 1988, em trabalhos de demolição * Pág. 11 - O Lavrador, Francisco Ferreira Lino-1939 * Edifício da Adega, “Casa Agrícola Família Henriques Lino”, no dia do início da sua demolição-2000 * Pág. 11 – Lavrador, José Durão Lino, 1998 * Pág. 12 - Barão
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de Salvaterra, 1º donatário da Casa Agrícola Roquette, 1939 * Adega do Barão (Casa Roquette) demolida em Nov. /2002 * Pág. 13 - Lavrador, Ernesto Costa Freire-1939 * Pág. 14 - Lavrador, Vicente Roberto, Casa Agrícola, Irmãos Roberto * O Autor, no ano 2000, mostra a janela da entrada da uva, na antiga Adega da Casa Roberto, na EN 118/2 * Pág. 15 - António Jorge de Carvalho (1939), antigo proprietário da Adega que, foi de (seu genro) António Henriques de Sousa Antunes * Armazém de Vinhos (Largo dos Combatentes) da mesma família – * Pág. 16 – Alberto Santos Lapa, Lavrador/Vinicultor-1939 * Pág. 17 - Interior da Adega, Alberto Lapa – 1935 * Rotulo da “Ginja” uma das muitas bebidas fabricadas pela firma José Lopes Rosa & Filhos, Ldª * Pág. 21 – Solar da família Monte Real * Pág. 22 - Garrafas de vinho “Conde Monte Real” e “D. Sofia” * Adega Monte Real “Casa do Alambique” *Pág. 27 – No campos de Salvaterra – homens transportam cestos com uva, em dia vindima - 1935
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Obs. Algumas fotografias, com a devida vénia foram utilizadas “O Distrito de Santarém-1939 * Um Olhar Sobre o Concelho de Salvaterra de Magos - Edição da CMSM **************
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************* RECORDAÇÕES
O autor, quando menino, viu pesados carros de madeira, puxados por juntas de 2 bois, a descarregar dornas de uvas para a adega da casa agrícola Irmãos Roberto(s). O tempo passou, muitos anos depois, em 1995, visitou o local, a pedra que servia de suporte aos homens, na descarga, ainda se encontrava no edifício, situado na EN 118/2 Ainda em 2010, na antiga adega, depois de ter servido a oficina de carros e carpintaria, na rua se mantinha umas pedras de lioz que, serviu de suporte à descarga da uva, onde os homens se apoiavam com os pés.
Em 2010, José Gameiro, mostra a pedra que servia de acesso às descargas das dornas com uvas para os lagares
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CADERNO DE APONTAMENTOS CADERNO Nº 10 Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. .XIII – Séc. XXI
UMA ZONA INDUSTRIAL (Um Desejo que vem do Passado) Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
O Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Primeira Edição FICHA TÉCNICA: Titulo: UMA ZONA INDUSTRIAL: “ UM DESEJO DO PASSADO” Tipo de Encadernação: Brochado (Papel A5) Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 64-1º Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS
ISBN: 978– 989 – 8071 – 10 – 1 * 1ª edição Depósito Legal: 256462/07 Edição: 100 exemplares * Março 2007
********************** 2ª edição Revista e Aumentada – Março 2015
********************** Contactos: Tel. 263 504 458 * Fax: 910 905 704
O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1990 Foto da Capa: 1960 * Edifício do Descasque de Arroz – EN 118
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O MEU CONTRIBUTO O século XX estava a meio, a população do concelho de Salvaterra de Magos, ainda maioritariamente rural, para aí continuava encaminhando os filhos; rapazes e raparigas. Aqueles que descendiam dos mestres; Carpinteiros, Pedreiros, ou Ferreiros, logo iniciavam a sua aprendizagem naqueles ofícios, após a saída da escola. Notava-se algo que mexia na vida das famílias, a imigração interna, já uma década antes, lentamente vinha “convidando” os homens jovens, de abalada para as fábricas de Alhandra, Azambuja Sacavém, e Setúbal. As indústrias, que aí se instalavam, abriam novos horizontes, “roubando” mão-de-obra ao campo. As raparigas, tinham ainda uma outra porta de saída, serem criadas de servir, ou a costura Naquela época, a população de Salvaterra de Magos, andava agitada com as novas notícias que corriam, as fábricas, mesmo que pequenas empresas estavam de chegada. Na vila, a sua economia dependia há séculos, das Lojas de Mercearia, Tabernas, Fazendas e Ferragens com Drogas ( nestas últimas estavam incluídas as tintas ). Do movimento no rio Tejo, através do cais da vala real, era o tráfico de produtos agrícolas e industriais que, provinham receitas para o erário público. Para que se recorde aquele tempo, aqui ficam registados algumas instalações da pequena indústria em Salvaterra de Magos. Março 2015
JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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O COMERCIO TRADICIONAL, À ESPERA DA INDUSTRIA
Por volta de 1940, exista em Salvaterra de Magos; um Descasque com Secador de Arroz, junto à estrada E.N.118, onde a família de Manuel da Silva Valente, tinha os seus interesses económicos. Esta unidade industrial, tinha vindo juntar-se a uma outra, uma Moagem de farinhas que, António Henriques Sousa Antunes, explorava na Av. José Luís Brito Seabra, herdada do sogro, o empresário António Jorge de Carvalho. Era uma actividade, que vinha dos primeiros anos do século, que o empresário juntou à exploração que tinha de uma Farmácia e de uma Drogaria.
Era no comércio, nas artes e nos ofícios, que a população urbana retirava o seu sustento. O balcão do comércio, com a venda dos produtos alimentares, dava trabalho ao agregado familiar, e numa outra loja de maior clientela, alguns
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empregados aí obtinham o vencimento mensal. Os ofícios, tinham nos mestres como os Carpinteiros de limpos, Ferreiros e Barbeiros, uma classe social acima dos Sapateiros, que eram considerados , artesãos. A Farmácia Carvalho, vinha de 1891, e era um novo e moderno espaço de apoio à população, antes prestado pela antiga Botica, do senhor Albano Gonçalves, com porta aberta na rua Direita. Esta casa, festejou o seu centenário no dia 25 de Maio de 1991, em ambiente familiar, com um almoço, onde estiveram alguns convidados, no Restaurante Bar “Casa Branca” em Salvaterra de Magos Manoel Joaquim Ferreira Gomes, acompanhado dos actuais proprietários, os seus dois filhos, na companhia das noras e netos, nesta data festiva, dos 100 anos da que foi a sua farmácia, agora o estabelecimento mais antigo no concelho.
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O alvará do estabelecimento, está na posse da família, há mais de 70 anos, pois Manuel Joaquim Gomes, adquiriu-o ao seu fundador e patrão, António Jorge de Carvalho, em 1920. Uns anos depois, repartiu a sua administração, com a Dr.ª. Florescia Fernandes Gomes, sua esposa, especializada naquela área, que passou a Directora-Técnica, que tendo falecido em 1988, foi lembrada na festa, como: esposa, mãe e avó. Para o repasto foram convidados, os distintos médicos, Joaquim Gomes de Carvalho e Fernão Marçal Correia. da Silva., o então director farmacêutico da Farmácia, Dr. .José Vitorino, e sua esposa Maria Luísa, e o autor destas linhas. Os quatro empregados; Cassiano Manuel Rodrigues Gameiro e António Manuel Pires Gomes, Joaquim Maria Gomes Silva e João Luís Aleluia Travessa, também ali foram, na companhia de suas esposas.
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Ainda se encontravam, presentes a D. Joana F. Gomes, senhora de idade avançada, irmã de Manuel Joaquim Gomes, e que foi durante anos, sua colaboradora, na venda ao balcão e um cunhado, destes, agora viúvo, Mário Barroso. No final do festim, Manuel Joaquim Gomes foi convidado, pelos seus dois filhos, Francisco e Manuel João Ferreira Gomes e netos, a apagar as velas do bolo comiserativo dos 100 anos de existência da FARMÁCIA CARVALHO(*), em Salvaterra de Magos. A EXPOSIÇÃO AGRO-INDUSTRIAL
Em 1930, a Câmara Municipal, quando da FeiraAnual, promoveu a Exposição Agro-industrial, onde as pequenas indústrias caseiras, e viticultores tiveram oportunidade de mostrar os seus produtos. Nela foram premiados, além de outros produtos, os vinhos de mesa; Paul e as Aguardentes “Toiro Real” e “Botelhas”, o vinho licoroso velho “Torroaes”, da adega de Virgolino José Torroaes. (1), Os licores e Xaropes da pequena fábrica artesanal de âmbito familiar de Álvaro Lopes, Rosa (1) – Ver Apontamentos N.º 9
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estiveram presentes, e foram premiados, tal como a Aguardente 1910, envelhecida.
INDUSTRIA DE TANSFORMAÇÃO DO TOMATE No ano de 1963, nas Fontes das Somas, ou das Sombras, a IDAL, tinha começado a construção do seu complexo industrial, para a transformação do tomate aproveitando a via rodoviária, que por volta de 1938, uniu os dois concelhos vizinhos., Salvaterra e Benavente, a EN 118. A agricultura, com a instalação na zona, desta moderna unidade industrial, teve que se adaptar às novas técnicas agrícolas, mesmo a de regadio. Os campos depressa passaram da vinha e do pinhal, para a nova cultura, que era o tomate em grande escala, e novos seareiros, vieram dar lugar aos tradicionais agricultores da Lezíria ribatejana.
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UMA UNIDADE NA TRANSFORMAÇÃO DA MADEIRA Estava-se no início da década de 60, a Serração Central de Salvaterra, Lda., tinha acabado de comprar um bom pedaço de terreno, ao agricultor e veterinário, Dr. José de Menezes, mesmo junto ao depósito da água, que abastecia a rede da vila. Há muito com a chegada dos tractores e outras máquinas agrícolas, no amanho das terras, a dispensa dos animais, até aqui tradicionais, e o trabalhador braçal, era cada vez mais excedentários, nos campos. A população estava ansiosa, com este empreendimento, na área da indústria das madeiras esperavase algum espaço laboral para homens e mulheres, especialmente dos jovens. Algum tempo passou, e em 1961, a Serração Central, iniciou a sua actividade, dando trabalho a uma boa dúzia de trabalhadores. .As grandes dificuldades económicas que, o povo português estava a passar, também a população de Salvaterra de Magos, não ficou
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imune ao novo surto que, foi a emigração, até porque havia notícias do início da guerra colonial. A Emigração passou a ser efectuada na maioria clandestina, para a Europa: O Luxemburgo, França e Alemanha, foram os países de acolhimento de muitas dezenas de famílias salvaterrianas..
FABRICA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL “GALÚ” Aproveitadas umas velhas instalações da Casa Agrícola, Irmãos Roberto, na estrada da Peteja, ali foi instalada uma fábrica de farinhas para aves. Estávamos em 1968, e a produção em grande escala de frangos em aviários, dava os primeiros passos em Portugal. A GALÚ, nome da empresa fabricante, depressa deu emprego a meia dúzia de trabalhadores, mas pouco tempo esteve em actividade, após um violento incêndio nas velhas instalações, deixou de existir.
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PRODUTOS ALIMENTARES Na Ómnía de S. José, em terreno da família, João Rocha e Melo, iniciou uma construção industrial, no início de 1960, implementando em Salvaterra de Magos, uma unidade fabril, cujos produtos, ali produzidos, eram desidratados (farináceos e hortícolas secos), técnica à muitos anos já usados na alimentação americana. Embalados em pequenos sacos de papel, foi bem aceite na área comercial, e o seu consumo augurava vida longa, mas poucos anos depois teve de fechar as suas portas e, algumas dezenas de trabalhadores ficaram no desemprego.
INTEXTA CONFECÇÕES, LDº. Empresa de capitais e técnica alemã, aqui acabada de chegar, situada na área das confecções têxteis, aproveitou as instalações desactivadas, de uma antiga fábrica de produtos alimentares, que existiu nos arredores da vila de
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Salvaterra de Magos. Esta unidade fabril, durante as décadas de 60 e 70, foi uma fonte de trabalho para muitas dezenas de trabalhadores, especialmente mulheres, do concelho, recrutando também. mão-de-obra. nos concelhos vizinhos. Após a revolução de Abril de 1974,os trabalhadores, apoiados pelos sindicatos, entraram num constante processo reivindicativo, com greves constantes, na busca de melhores condições de trabalho e salários, tais pretensões levaram a Intexta a encerrar as portas dois anos depois, deslocalizando-se. A ORINCA – FÁBRICA DE COURO ARTIFICIAL Estávamos nos primeiros anos da década de 60, um grupo empresarial, vinha desde há algum tempo procurando terreno para a instalação de uma unidade fabril, em Salvaterra de Magos. A procura foi facilitada, com a ajuda do pároco da vila, Padre José Diogo, que levou a família proprietária dos terrenos da antiga Coutadinha Real, junto à estrada do Convento, à venda de uma parcela.
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A Organização Industrial de Cartões, Orinca, Sarl, depressa começou a construção da sua unidade fabril. No terreno um pequeno poço foi aberto para o abastecimento de água à obra.
A fábrica do papel, como então ficou a ser conhecida, logo foi uma nuvem de esperança naquela agitada procura de trabalho, na indústria que, teimava em não aparecer na terra. O edifício com uma única
grande
nave,
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destinada à produção, tinha alguns espaços no seu interior, como os tanques para “demolhar o papel e o couro”, suas principais matérias-primas, do produto ali produzido.
A ORINCA, já com as instalações prontas, foi aberto um furo artesiano, para o fornecimento de toda água necessária, incluindo uma caldeira a vapor, que consumia lenha e óleos. O seu armazém de papelejo, era abastecido por empresa especializada (papel de jornais, sacos de cimento, etc), e os pedaços de couro, vinham das várias indústrias de curtumes, da zona de Minde e Mira de Aire. Junto à fachada, próximo da entrada principal, foi instalada uma balança (tipo basculante) para a pesagem de carros de grandes tonelagens. O Couro Artificial, ali produzido foi colocado no mercado, por volta de 1968, era um produto que se apresentava em aglomerado (placa), levando na sua composição; papel, couro, corantes e óleos, sendo este último de baleia, que lhe dava o cheiro a couro natural. De início com um quadro de pessoal reduzido, mas em 1974, dava já trabalho a cerca de 30 operários (homens e mulheres), mais 1 técnico, 1
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gerente, 1 Fogueiro e Ajudante e 2 Escriturários. O produto, foi bem recebido no mercado afecto à indústria do calçado, e depressa enveredou para o sistema de trabalhos
por turnos, tendo em 1973/74, chegado a fornecer o mercado ultramarino português. Nos anos que se seguiram à revolução de Abril de 1974, em pleno PREC, as greves e saneamentos das fábricas e nos campos agrícolas, trouxe graves problemas à economia do país. Nesta empresa, as perturbações foram graves, especialmente no fabrico do produto, chegando mesmo a ser adulterado, por um grupo de operários. Tal situação trouxe uma grande instabilidade à firma e, em Outubro de 1978, a Orinca, uma promissora unidade industrial, construída em Salvaterra de Magos, encerrou as suas portas.
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A COMPRA DA ANTIGA FÁBRICA DO PAPEL
Em 1997, as antigas instalações, da Orinca, estavam em franca degradação, o então Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, José Gameiro dos Santos, diligenciou a compra daquele importante imóvel industrial, para a autarquia, conforme foi dado conhecimento à população, através do Boletim Municipal, N.º 2 do Ano II, e do “ O FORAL”, do 1º Trimestre de 1997. DELIBERAÇÕES MUNICIPAIS
Diversos * Foi deliberado apresentar á Assembleia Municipal a aquisição da antiga fábrica do papel situada nas Gatinheiras para instalação de serviços municipais – Oficinas de mecânica, Carpintaria, Electricidade, Águas. (14.2.97) Por não ter continuado, à frente dos destinos do município, o processo foi retomado pelo novo executivo, de Ana Ribeiro,
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no seu mandato, 1997-2001, após as necessárias negociações, a câmara municipal adquiriu o imóvel e o terreno da antiga fábrica de Couro Artificial (Fábrica de Papel), o que foi amplamente notícia na comunicação social OUTRAS INDÚSTRIA EM SALVATERRA E NO SEU CONCELHO
Em plena década de 80, algumas pequenas unidades fabris, estavam instaladas no concelho de Salvaterra de Magos, fruto de um processo implementado uns anos antes na autarquia, que visava o aproveitamento de terrenos na Freguesia de Muge, e outros entre Salvaterra e Foros de Salvaterra, caso da Quinta do Pinheiro.O processo, conheceu atrasos e dificuldades, mesmo sendo promovido a sua divulgação em terras estrangeiras, como a Holanda. Lento tem sido a sua concretização, mas pequenas unidades de Artefactos de Alumínio, Electricidade, Plástico, Fibrocimento, Farinhas para bebés, Carpintarias Mecânicas de Móveis, aqui se instalaram. Algumas destas unidades fabris, uns meses após as suas inaugurações com pompa e circunstância, pois ali foram investidas verbas vindas do Fundo Europeu, a falência foi o caminho encontrado.
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************************** Fotos inseridas:
* Página 2 * 1- António Henriques Antunes, Industrial e Agricultor *. A Moagem de Farinhas (1950) * Pág. 3 – Manuel Joaquim Gomes, antigo proprietário da Farmácia Carvalho * Manuel João Ferreira Gomes * Dr. José Vitorino, Director Técnico da Farmácia Carvalho * Pág. 4, Cassiano Gameiro, empregado mais antigo da Farmácia Carvalho * Pág. 5 Publicidade da Idal (1967)* Pág. 6 – Publicidade da Serração Central de Salvaterra, Lda. *Logótipo das Farinhas “Galú”* * Pág. 7 – Pub. Indústria Alimentar de Salvaterra * Pág. 8 * Construção das instalações da fábrica “Orinca”* Pág. 9 *Grupo de três operárias da Orinca, junto ao poço de água, na hora de almoço (Maria Gertrudes Pessoa Peste, Fátima Cavaleiro e Lurdes Fróis Marques – 1973) * As duas fotos mostram operárias, nas instalações da caldeira a vapor (1973).* Pág. 10 - O autor, empregado escritório da Orinca (1974)* Pág. 11 – Assinatura de Compra/Venda: Fábrica do papel – 2003 Bibliografia usada: * Documentos do autor * Comunicação social * Boletins editados, pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 11 Documentos para a História De
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
GENTE QUE VIVEU DO TEJO
FRAGATEIROS, CAGARÉUS AVIEIROS
O Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: CAGARÉUS, FRAGATEIROS E AVIEIROS ( Gente que veio do mar ! ) Tipo de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !
Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120 - 059 SALVATERRA DE MAGOS
ISBN: 978– 989 – 8071 – 11– 8 Depósito Legal: 256463 /07 – 1ª edição 100 exemplares editados – Março 2007
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Fotos da Capa: - Fragatas aportadas ao cais da Vala real * Maria e Antónia Rosa; Irmãs da família Naia, oriundas das Gentes da Murtosa * Rancho Folclórico dos Avieiros (Escaroupim)
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******************************* 2ª Edição Revista e Aumentada - Março 2015 *******************************
Contactos: * Tel. 263 504 458 * Telem. 910 905 704
O texto desta edição não segue o acordo ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Ainda menino de escola, fui com os meus pais viver para o Botaréu, junto à Capela da Misericórdia, e depressa o convívio com as gentes que, viviam dos proventos da vala e do rio Tejo, se estabeleceu. Nos seus barcos e nas suas casas, comi das suas ementas, como também na rua brinquei com os seus filhos. Aquele convívio, foi para mim uma oportunidade de ouvir aos mais velhos, muitas histórias dos Fragateiros e dos Varinos/ ou Cagaréus e Avieiros . Estas duas comunidades, há muitos séculos, que o rio Tejo as conhece. Os pescadores desceram lá muito de cima, do norte, e em Lisboa, até existe um dos seus bairros, junto à ribeira. Aqueles que viviam em Salvaterra, eram dos mesmos sítios, das mesmas famílias, vindas também da Murtosa, Estarreja, Ovar, Aveiro, e há muitas gerações que andavam rio abaixo, rio acima, na faina do peixe, para depois ser enviado, para muitos lados, inclusive o Porto. Primeiramente era em carros puxados a animais, até que o advento do caminho-de-ferro. em Portugal, lhes facilitou mais a vida, enviavam o pescado, em cestas de verga, através da estação de Muge. Antes deles, os Fragateiros já eram “donos” do cais da vala real, pois movimentavam nas suas Faluas e Fragatas, as mercadorias, com destino a Lisboa, e outros portos, então navegáveis àquelas embarcações à vela. Quanto aos Avieiros, a sua presença no Tejo, é posterior, são pescadores vindos de Vieira de Leiria., cujos registos da sua presença se notou no séc. XVI. Para estes, o Escaroupim, foi um sítio de aporto, como muitos outros ao longo do rio. No local, existia uma vasta plantação de Pinhal, do tempo de D. Dinis o comércio e a indústria, especialmente a naval, requeriam muita madeira e, Lisboa ficava mesmo ali a meia centena de km de Salvaterra, com um curso de água, para o seu transporte no rio Tejo. ABRIL 2015
JOSÉ GAMEIRO
( José Rodrigues Gameiro)
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*********************** ***** Introdução DO MAR DESCERAM AO RIO ! Os Pescadores Cagaréus e Avieiros ..........” Desço a praia – ao fio da areia enconchada, cheia de mulheres que carregam peixe ou que o despejam ainda vivo nas grandes chalavaras, por entre barcos agrupados, onde se encontram , chatas e lanchas de galeões, alguns com lindos nomes : Formosa, Ana, Luz do Sol, Senhora da Memória, Mar da Vida ..” “.. O patrão Joaquim Lobo, de grandes barbas brancas, afirma que esta gente veio de Ílhavo – Algumas teimas: Somos de Ílhavo... viemos de Ílhavo... também tenho a ideia de que foram os Cagaréus que povoaram os melhores e mais piscosos pontos da costa portuguesa......” “Descendo, acompanhando o crescer de Portugal chegando à ponta de Sagres” (In – Pescadores)
“Raul Brandão
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I OS AVIEIROS Remonta ao século XVI, as primeiras notícias da presença do homem/pescador, de Vieira de Leiria, no Ribatejo. Pescava em águas do rio Tejo e, fazia periodicamente algumas incursões para descanso, nas suas margens. Por estes tipos de vida, eram conhecidos, por “Ciganos do rio”, estas famílias, buscavam o seu sustento aqui nas águas menos agrestes e revoltosas do que no mar, em época invernosa. No Inverno e Primavera, a abundância de pescado, especialmente do Sável, Fataça e Saboga, no Tejo, fazia-os primitivamente pescar e, viver nas suas bateiras.
1950 – Família Avieira, vivendo no Rio Tejo
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O APARECIMENTO DAS ALDEIAS Com o decorrer dos anos, era de vê-los em terra firme, onde arribaram em vários núcleos habitacionais como: no Alfange, na Caneira,
Valada, Reguengo, Escaroupim, Casa Branca, Vau, Vila Franca e Conchocho.
Aqui, em Salvaterra, nos meados século XX, ainda com fartura de peixe no rio, os Avieiros, recorriam ao trabalho do homem rural, que estando parado na sua laboração campestre, nos meses de invernia, puxavam as redes cheias de sável e fataça, para as margens do rio.
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A mulher avieira, ajudava o marido, e tratava dos filhos no barco, logo a seguir, lá ia sempre a pé com a canastra do peixe à cabeça, horas a fio, dias inteiros por terras do concelho, vendendo o produto de uma faina dolorosa que, os fazia ciganos do rio. A ALDEIA DO ESCAROUPIM No primeiro quartel do século passado, no Escaroupim, já era visível, algumas famílias viverem na borda de água, dando origem a uma pequena aldeia de casas abarracadas, em madeira, assentes em estacas, onde algumas famílias já se começavam a fixar. Por volta de 1950, a escolaridade chegou aos jovens pescadores, o alfabeto era coisa desconhecida naquela comunidade, recordo que nas aulas, em Salvaterra comigo andaram, o José Moreira, o Rabita, o Antão e o Botas.
1950 Escaroupim - Construções em madeira * Foto Maria Adelaide Salvado
Vinham e regressavam todos os dias ao Escaroupim. que fica a uma boa meia dúzia de Kms, de Salvaterra, naquele andar de solidão,
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trazendo para além do saco escolar, um outro mais pequeno, com uma “bucha”, que muitos dias intercalava o peixe frito, com uma omelete de ovos, num pedaço de pão. Os jovens continuaram com os usos e costumes daquele povo que, um dia deixou o mar em Vieira de Leiria, e por volta de 1958, as suas danças eram divulgadas num rancho folclórico, que actuava na vila, no Restaurante Típico Ribatejano. Nos anos 70, a mulher avieira moderna, já trabalhava no campo, as pequenas casas de madeira, foram dando lugar às de alvenaria, até porque duas dezenas de anos antes já os rapazes encontraram na construção civil uma nova profissionalização – iam deixando as artes do rio, sendo uma comunidade muito religiosa, tiveram na igreja da freguesia, sempre o apoio necessário.
1950 – Escaroupim * Foto Maria Adelaide Salvado
Na década de 90, estando o Padre Agostinho de Sousa, à frente da Paróquia de Salvaterra de Magos, foi construída uma pequena capela na aldeia do Escaroupim. ***********
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II OS VARINOS (Cagaréus)
Nos últimos anos que antecederam o findar do século XIX, vinham da vasta zona de Aveiro; especialmente de Estarreja, Torreira, Pardelha e Murtosa, pescar no rio Tejo, eram Varinos. aqui o povo chamava - lhes “Cagaréus”. O tempo de inverno e primavera era mais fértil para a sua faina em contraste com a pouca actividade nas águas revoltosas da Ria. Uma ou outra família, ainda tinha parentes em Lisboa, na Madragoa. Sabe-se que a partir do século XVIII, quando do repovoamento de Lisboa, após o terramoto de 1755, vieram famílias inteiras de pescadores da região de Ovar e Aveiro. Ali, naquele bairro, as mulheres dedicavam-se à venda de legumes e peixe, não deixando estas de serem conhecidas de varinas, pela “algazarra” que faziam no apregoar dos produtos, de canastra à cabeça. Por volta de 1930, esta comunidade já tinha casa em Salvaterra, vivia em casa própria, ou alugada, ali próximo do cais da vala, onde funcionava a lota. A azáfama diária era grande, com o peixe vendido sob a vigilância da Guarda-fiscal, e do empregado municipal. Estas autoridades também tinham a tutela das cargas e descargas das Fragatas ali aportadas.
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Entre esta comunidade de Varinos, imbuída do legado cultural e histórico da sua origem, conservava em muitas famílias de gerações antigas alcunhas como: Carrasco, Rabuço, Aresta, Regateiro, Preguiça, Calafate, Carramila, que deixaram aos seus descendentes. Muito do seu negócio da venda do peixe, especialmente do sável, fataça, barbo, tinha um destino: o norte do país, especialmente nas zonas do Porto e Coimbra. O pescado, era enviado através do comboio, a partir da estação de Muge, em cestas de vime, enrolado em espadanas frescas. Os pescadores cagaréus, na sua actividade piscatória usavam uma pequena bateira (barcos de calado liso) e tinham um camarada quase sempre um homem da família, se fosse estranho pagavam e davam sustento, especialmente jovens que traziam das suas terras de origem. Quando a safra era grande, a mulher lá iam, a pé, de canastra à cabeça, percorrendo as areias de Foros de Salvaterra. Com o passar dos anos já no dobrar do séc. XX, a faina no Tejo por falta de peixe, já não atraía os mais jovens que na esperança de melhor sustento, e tendo grande espirito emigratório, foram de abalada até ao Canadá, Austrália e América. Os que ficaram depressa procuraram outras profissões, e volvido 50 anos, por aqui ainda vivem descendentes das famílias dos Lagouncha, Carramila, Carinhas, Pereira, Naia e Tavares da Cunha, que
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entre si são muito aparentados. Vimos o velho pescador João José Soares Carinhas; entretinha-se a coser em fogueiras de lume, as cordas (para as amarras dos barcos) com casca de pinheiro. Assistimos seu genro António Miranda “O Preguiça”, calafate de profissão, homem que bebia demais – um dia construiu uma bateira, dentro da pequena oficina, depois teve dificuldade em a tirar de lá pela porta, teve de remodelar o seu formato.
Ruas de Salvaterra de Magos *No dobrar do séc. XX , habitações de Fragateiros e Pescadores “Cagaréus” Fotos: José Gameiro
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III OS FRAGATEIROS Não se pode ignorar uma comunidade que eram ”Os Fragateiros”, homens marítimos que fazendo parte de uma actividade primitiva, que laborava no rio Tejo, no escoamento dos produtos necessários ao abastecimento do povo. Agora já não existem na vila de Salvaterra de Magos, e um ou outro descendente recorda com saudade uma profissão já extinta, na sua vala real. Das muitas dezenas de barcos que aportavam ao cais, dois houve com especiais funções: a Falua, e a Fragata. Do primeiro barco, havia dois em Salvaterra, o de José Damásio e do seu filho, João Luís, e um outro de José Paulino e do filho Carlos,
homens que conhecemos bem quando rapaz brincávamos por ali, na borda de água. As Faluas, de calado chato (quando de vela aberta e vento de feição parecia que voava por cima da água), transportavam de e para Lisboa duas vezes por semana a carreira do transporte das mercadorias, destinadas ao comércio da vila, chegando mesmo a Coruche, e ao Alentejo dentro. Na foto: Arrais – Vicente Francisco
O cais da vala, servia de ancoradouro, para As fragatas - barcos de grande porte, que vinham de muitas partes do Tejo, para angariarem os mais diversos transportes de produtos e delas guardou boas
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recordações nas suas memórias, o Arrais Vicente Francisco, nas suas memórias – em dois livros editados pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. Vicente Francisco, dá-nos conta em fabulosas narrações escritas desta faina marítima, que pertence a um passado da vida diária nas águas do rio, e que terminou por volta de 1951, quando da construção da ponte de Vila Franca de Xira.
1950 – Fragatas No cais da Vala Real Salvaterra de Magos Fotos: Alex. Cunha
Várias gerações de Fragateiros, passaram por Salvaterra, algumas deixaram nome de grandes navegantes, caso dos Soares, também conhecidos pela família Diogo.. Estes navegantes, em parceria com os pescadores “Varinos”, não deixavam de ter a seu encargo a decoração do largo vizinho da Capela, quando das procissões de Nossa Senhora, transportando mesmo o seu andor pelas ruas da vila.
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IV A GASTRONOMIA No dobrar do século XX, a actividade no cais da vala de Salvaterra, entra em declínio, após a construção da ponte sobre o rio Tejo, em Vila Franca de Xira, até ai, os fragateiros na sua alimentação, tinham um prato que ficou famoso “A Caldeirada à Fragateiro” para além de ser uma refeição entre a faina do dia-a-dia, quantas vezes convivas não foram recebidos a bordo daquelas embarcações para uma boa almoçarada, em passeios nas águas calmas do rio, em plena época de Verão. Fragateiros como: João Maria Côdea, João Tapada e Manuel Galvão, homens que tinham “dedo” para a culinária, deixaram nome, que ainda vai perdurando, e são agora percursores destes modernos cozidos, encontrados na restauração do concelho de Salvaterra de Magos Entre as comunidades pescadoras que viviam no rio Tejo (Varinos e Avieiros), na feitura do mesmo prato usando os mesmos peixes do rio, tinham sabores/ paladares diferentes.
ENSOPADO DE ENGUIAS (Fragateiros)
As enguias depois de bem lavadas abertas e limpas, são levadas ao lume num tacho, ou panela. Para uma mesa de 4 pessoas, 2/3 Kgs deve chegar, onde entra os seguintes ingredientes: Pimentos encarnados,
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Louro, Colorau, Piri-piri, Cebola, Alho, Coentros, Pimentos verdes, Salsa, Tomate (maduro) e Sal - q.b. A preparação do refogado, faz-se com os produtos acima descritos – sem esquecer de juntar o vinho branco que é o liquido principal e, de grande importância. Quando este estiver cozido, passa-se o molho por cima das enguias, e estas são cozidas, temperadas com sal e piripiri. O pão torrado em pedaços grandes, ou fatias (também se usa frito), deve estar em descanso (frio). Depois de estar pronto, serve-se em pequenos tachos de barro, onde previamente no fundo foram inseridos pedaços, ou fatias de pão torrado (ou frito), a fechar o ensopado salpica-se com coentros.
A CALDEIRADA DE ENGUIA (Pescadores Cagaréus)
Os Pescadores, oriundos da Murtosa, que em Salvaterra, vinham fazer a sua pesca sazonal, em tempo de Inverno/Primavera, utilizavam a Enguia, como um prato de grande requinte para a família, ou mesmo em dias de receberem visitas. A Caldeirada era um prato simples de confecção que em tempo de fartura estava sempre na mesa. Numa refeição para 4 pessoas usava-se cerca de 2/3 Kgs, de enguia que estando aberta e bem lavada (algumas famílias temperavam algumas
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horas com vinagre/ou limão), recebia a cosedura. Ingredientes – Água, Azeite, Sal, Alho, Louro, Cebolas e batatas (às rodelas) e hortelã – q.b. *Algumas vezes (por ser mais barato) eram usadas o molho do toucinho (unto), em substituição do azeite. * No caso do colorau e pimenta, também se usava a pimenta de açafrão (Amarela).
Preparação – No fundo de um tacho de barro ou de alumínio de boca larga e com tampa, eram colocadas as cebolas às rodelas, por cima uma camada de batatas. Em cima destas, uma camada de enguias que recebiam uma outra de batatas que, fecha com uma ou duas cebolas às rodelas. AÇORDA DE SÁVEL (Avieiros do Escaroupim)
Ingredientes: - Sável, Azeite, Alho, Água, Salsa, Sal, Pimenta. Piri-piri, Pão e Óleo para fritar o peixe. – q. b. para 4 pessoas. Confecção: - Cozem-se as ovas, com a cabeça e o fígado do sável, em água temperada com sal. Depois da cozedura, o caldo é “passado e limpo” para ensopar o pão cortado às fatias finas, já colado num tacho. O pão depois de “embebedado” é mexido para ser desfeito. Em frigideira tapada, o azeite com o alho esmagado, ou cortado, vai ao lume e depois de fritos os alhos são retirados.
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Com o azeite rega-se a açorda, que volta ao lume e para não pegar vai-se mexendo. A pimenta, o piri-piri, e a salsa picada são agora introduzidas. O Prato serve-se ainda quente em tacho de barro apropriado. O sável cortado às postas finas, depois de frito em óleo, é servido em recipiente próprio.
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* segundo hábitos primitivos e conservados no tempo, algumas famílias pescadoras da área da Murtosa, faziam; no fritar do peixe e da enguia, em vez do azeite/ ou óleo, usava o toucinho de porco derretido em frigideira, com lume brando – um pouco salgado,. *No tempo da sardinha assada, via-se em algumas famílias, escamarem a sardinha, e quando limpa (marinavam) em vinagre/ ou limão, depois eram assadas em lume baixo
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Nota: As fotos acima publicadas: Pescador Varino Manuel José Pereira – entrevistado para a Revista “O Seculo Ilustrado” * Maria Naia da Silva e sua irmã Rosa Antónia Naia – filhos de Pescadores de origem Da Murtosa
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V O MÊS DA ENGUIA EM SALVATERRA! O Restaurante Típico Ribatejano, já em 1955, punha à disposição da sua clientela, o famoso prato “Açorda de Sável”, a sua procura durou cerca de 30 anos, data em que a empresa fechou a actividade. Em Março de 1996, numa iniciativa e patrocínio da câmara municipal de Salvaterra de Magos, o então presidente José Gameiro dos Santos, deu início ao mês da enguia, como tema gastronómico e turístico no concelho. Para o primeiro evento demos a nossa colaboração, com a ajuda de alguma informação que guardávamos.
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O hábito em atribuir Março, o mês da Enguia ficou, e este acontecimento turístico, com a participação da restauração local, faz chegar ao concelho milhares de visitantes, em busca destes pratos, que um dia foram alimentação das gentes da borda de água
VI A CASA MUSEU DO PESCADOR AVIEIRO
Na década de 80, do séc. XX, das primitivas casa abarracadas, construídas em madeira, já poucas existiam, e para conservar a memória deste povo que, um dia veio do mar até ao rio, sob proposta do vereador, Joaquim Mário Antão, a câmara municipal, comprou uma para Casa Museu e
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iniciou um projecto para aproveitamento turístico de toda aquela zona ribeirinha ao Tejo. Nos dias que passam, no Escaroupim, uma meia dúzia de pescadores avieiros ainda tiram o seu sustento da pesca, no Tejo, pois o peixe como: Sável, Fataça, Saboga, Barbo e Enguia, que um dia levou os seus antepassados ali a fixarem-se, já pouca abunda naquelas águas.
VI EXPLORAÇÃO TURÍSTICA No ano de 1999, notícias corriam que, várias zonas do rio Tejo, seriam arranjadas no campo urbanístico, com um programa apropriado, onde a intervenção do estado e das câmaras municipais, seria proporcionar para além das obras de recuperação, há muito identificadas nas suas margens, poderiam dar lugar a locais de atracção turística. O Escaroupim, e a Vala Real, estavam incluídos nesses planos!
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Em 2003, o programa foi executado, e os espaços, que receberam as obras, foram transformados, sendo agora diariamente mais visitados, deseja-se que o turismo os descubra. No Escaroupim, na Praia Doce, ou no Cais da Vala real, foram colocadas novas “Casotas em Madeira”, que pela sua construção, nada têm a ver com as originárias que um dia por ali foram construídas pelos avieiros. ************************* *********** Alves Redol e os Pescadores Avieiros Andas tola, andas vaidosa, Eu, não quero ir ao campo, em namorares um varino; que lá faz muito calor ! também eu tenho vaidade Eu, não quero ser campina, Em namorar um campino. Quero o meu bem, que é pescador ! (In - “Cancioneiro do Ribatejo”
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AO RIO TEJO Primavera tem várias flores, Já o vi com a maré subir, Mas nenhumas são iguais, E com água dos montes a Primavera vai e vem com flores descer ! A mocidade, não volta mais ! Mas só deixa de existir A mocidade não volta mais Quando o que é, deixar de ser ! Meus pais, foram-se embora Teve barcos varinos nas margens
(In) Vicente Francisco “ Arrais Vicente”
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BIBLIOGRAFIA USADA: *
Os Avieiros – Alves Redol “In Cancioneiro do Ribatejo” – Alves Redol Recordações de Navegação, e Cantos do Tejo - Vicente Francisco Francisco Câncio – 1957 – “Vida Ribatejana” Cantos do Tejo – Vicente Francisco (2ª Edição) Salvaterra de Magos “Uma Vila no Coração do Ribatejo” Monografia – 1ª, 2 e 3ª Edição – do Autor Anais de Salvaterra de Magos – José Estevam – 1959 Os Avieiros (Nos Finais da Década de Cinquenta) – Maria Adelaide Neto Salvado – 1985 Boletim Municipal da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos
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FOTOS USADOS: * Maria Adelaide Neto Salvado (1950) * Alexandre Varanda da Cunha (1945/50. * Autor (José Gameiro) - 1968 Pág. 133 – Família de Pescadores Avieiros, no barco * Pág. 134 – Rancho Folclórico dos Avieiros do Escaroupim – 1950 * Grupo de mulheres Avieiras, no Escaroupim, junto ao lume, fazendo a comida e reparando as redes * Pág. 135 – Conjunto de habitações em madeira, dos pescadores do Escaroupim – 1950 * * Pág. 137 – Calafate – Pintado Bateira, Vala real (1950) * Pág. 138 – Mulher Varina, com Canastra à Cabeça * Pescador Varino:Manuel Pereira, pescando na Vala real Pág. 148 – Habitação de uma família de Avieiros, construída em madeira (com o seu varandim), adquirida pela câmara municipal de Salvaterra de Magos, para Casa Museu do povo do Escaroupim, em 1980 * A mesma casa já recuperada e pintada * Pág. 149 - Casotas em madeira instaladas no Escaroupim, Praia Doce e Cais da Vala de Salvaterra, em 2003.
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INDICE: I – OS AVIEIROS …… ………………. Pág. 133 II - OS PESCADORES VARINOS/CAGARÉUS … Pág. 137 III – OS FRAGATEIROS ……………… Pág. 140 IV – GASTRONOMIA ……................... Pág. 142 - Pág. 143 ………Ensopado de Enguia (Fragateiros) - Pág. 144 …….. Caldeira de Enguias (Pescador Varino/Cagaréu) - Pág. 145 …….. Açorda de Sável (Pescadores Avieiros) V – A CASA MUSEU DOS PESCADORES AVIEIROS Pág. 148 VI – EXPLORAÇÃO TURISTICA …….. Pág. 149
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CADERNO DE APONTAMENTOS N.º 12 Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS * Séc. XIII – Séc. XXI *
UM SONHO, UMA REALIDADE Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
O Autor JOSÈ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: O PARQUE INFANTIL, E AS SUAS PISCINAS ! “ Um sonho que se tornou realidade !” ***** Edição revista e aumentada **** Tipo de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor Gameiro, José Rodrigues Edição: 100 exemplares – A5 (Brochado) * Março 2007 Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 64 - 1º Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 12 – 5 * 1ª edição 2007 Depósito Legal: 256464 /07
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Fotos da Capa: Festa Lançamento Primeira Pedra * Dia da Inauguração * Piscina Grande do Parque Infantil
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********************************** 2ª edição Revista e Aumentada – Março 2015 ********************************** Contacto: Tel. 263 504 458 * 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt
O texto desta edição não segue a ortografia do acordo de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Os poderes públicos, durante anos continuaram insensíveis, à necessidade da sua construção, mesmo com o aviso dado naquele Verão de 1935, onde o Subdelegado de Saúde e médico, Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, denunciou as péssimas habitações, em que viviam muitas famílias que, mais não eram do que barracas que, afectavam a saúde da maioria das crianças da terra. A vila de Salvaterra de Magos, desde que o alerta foi dado, não conseguia dotar as suas crianças de um espaço, que servir-se de Parque Infantil. O tempo passou, a alvorada de Abril de 1974, trouxe ao povo possibilidades de sonhar! Um belo dia, um grupo de pessoas de boa vontade, puseram mãos à obra e, iniciaram a construção daquele tão desejado recinto para as crianças da terra. Durante meses, os trabalhos, a angariação de fundos, foram ultrapassados com grande alegria, pois sabia-se da riqueza patrimonial que ia nascer. Tristezas houve, porque não dizei-lo, e logo no primeiro dia, mas com o apoio da juventude, tudo foi ultrapassado, pelas duas equipas responsáveis pela feitura de tão bela obra O sonho foi concretizado em 25 de Julho de 1975., dia da sua inauguração. Com a “amostra” desta obra, por quem a viveu por dentro, aproveito estas páginas para dar algumas informações sobre outros espaços ajardinados da vila. ABRIL 2015
O Autor JOSÈ GAMEIRO
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UM SONHO, TORNADO REALIDADE É PRECISO UM PARQUE INFANTIL
AS CAUSAS DO ALERTA !
“O hospital ficou cheio de crianças, que sofrem de Paludismo, que, afecta em cerca de 50% a população infantil da freguesia, registando-se algumas mortes. Sem apoio Materno-Infantil, a doença, na falta de higiene e do lazer para as crianças, era uma porta aberta para outra terrível doença “A Tuberculose” que, as acompanharia para os restantes anos de vida. Os Quartos na zona do Arneiro da vila, são para muitas famílias, a sua casa de alvenaria.” Escrevia então o Dr. Carvalho (1), em 1935, concluindo: “Nesta época, muitos países da Europa, já dão mais atenção às suas crianças, construindo, além de infra-estruturas no campo materno-infantil, protecção à maternidade, parques infantis com arvoredo a envolve-los” MALHANDO EM FERRO FRIO !
Ano após ano, outras pessoas da vila, se vão preocupando com a situação, Filipe Hipólito Ramalho, escreveu no jornal “Aurora do Ribatejo” e José Teodoro Amaro, em 1980, no jornal “ O Século ”.
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- Anos depois veio a receber o grau de benemerência da Misericórdia de Salvaterra de Magos, pelo préstimo de actos médicos àquela instituição, durante anos
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Também retomamos o assunto na comunicação social, em 1972. Naquele tempo, tocar nestes temas era deveras delicado, só conseguido com a anuência dos directores dos jornais. O POVO SONHOU, O POVO FEZ !
Finalmente chegou a liberdade, a revolução de Abril de 1974, com a sua Aurora, trouxe grandes motivações à população, levou a que após várias reuniões na Casa do Povo local, o povo ali reunido disse : “Constituem-se Comissões, e avancem com a obra ”
Foram constituídas duas Comissões: COMISSÃO DE OBRAS: Alfredo Bernardino, Manuel Marçal, Eduardo Filipe Andrade, Lourenço Santana Rato, Armando Rafael de Oliveira, António Feliciano Jorge e António Neves Travessa COMISSÃO DE FUNDOS: António Luís Santa-Bárbara, José Rodrigues Gameiro, Noémia dos Santos, Deolinda Santos (Nabiço), Maria Elvira Damásio, Fortunato Ferreira Hortelão, Leonor Delgado e António Eduardo Andrade.
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A Comissão Administrativa da Câmara Municipal, prestou grande apoio, especialmente na doação do terreno, onde já tivera lugar, um campo de futebol, a realização da Feira Franca e Festas Anuais. LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA-1974
Naquele dia 25 Agosto de 1974, a manhã estava a meio, o sol queimava, a população estava presente, para festejar o lançamento da primeira pedra, do Parque Infantil. Um pouco depois as obras tiveram o seu início, mas um grave acidente enlutou um dia que se queria de festa. Um tractor com reboque, que transportava uma cisterna de água, rebentou a cinta que o segurava, acabando por vitimar duas crianças; Manuel Luís de Carvalho Amaro, Jorge Manuel Gomes Dias e o jovem Jorge Fernando Lino Duarte, que seguiam em cima daquele atrelado. Quando da conclusão das obras, os seus nomes foram dados às ruas dentro do recinto para guardar as suas memórias .
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O TEATRO AO SERVIÇO DO PARQUE
Tão triste acontecimento, mais ânimo deu à população de Salvaterra de Magos, para fazer o seu Parque Infantil e, onze meses depois, as Comissões, de Trabalho e Angariação de Fundos, com o apoio de um grupo teatral que, se constituiu para aquele fim. INAUGURAÇÃO DO PARQUE INFANTIL
Em 1975, no dia 20 de Julho, o mesmo povo que incentivou e apoiou a construção - dando donativos, e assistindo aos espetáculos de angariação de fundos, lá estava numeroso na inauguração do seu Parque Infantil. Com a presença dos representantes municipais e dos membros
das Comissões, que levaram por diante o empreendimento, sob uma guarda de honra dos bombeiros voluntários da vila, com a sua banda de música, foram feitos os discursos oficiais. Abertos os portões depressa as duas Piscinas, os Escorregas e Baloiços, se encheram de crianças, em alegres brincadeiras. Uma satisfação, trespassou as antigas gerações que, tiveram de esperar mais de 40 anos, para ver aquela
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obra, e um ano após a colocação da primeira pedra, estava agora consumado os desejos do povo. O imenso arvoredo plantado meses antes, já mostrava as suas primeiras sombras. Uns meses depois, as contas estavam apuradas, e por alguns cálculos mais modestos, a obra custou cerca de 650 mil escudos (onde se incluía 250 mil escudos angariados, material e mão-de-obra ofertado)
II “Os Amigos do Parque” Em 1978, uma “Comissão de Amigos do Parque” geria a sua conservação, sendo na altura composta por: António das Neves Travessa, Artur Fernandes da Silva Lúcio, José Manuel Damásio Cabaço, António Eduardo Morais Andrade, Manuel Santana da Silva Lobo e Lourenço Rato. Sob a tutela da Junta de Freguesia de Salvaterra de Magos.
1980 – Bancadas, uma obra da “ Comissão de Amigos do Parque”
Foto: José Gameiro
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Cerca de uma dezena de anos depois, com a morte de alguns e, a saída de outros, Manuel Santana Lobo, era a figura mais representativa daquela equipa. Este, grande amigo do recinto infantil, com os seus contactos, em 1987, conseguiu a oferta, de algumas bancadas, em cimento, vindas do Estádio da Luz, que na época estava em obras. A zona do lado sul do parque, passou assim a contar com bancadas, que em tempo de Verão, acomodava os espectadores, nos jogos de Hóquei em Patins , no seu Ringue, e até de futebol. Na conservação daquele espaço, notava-se cada vez mais a presença dos poderes municipais, especialmente da Junta de Freguesia, acabando esta por intervir totalmente no seu destino.
III OBRAS DE CONSERVAÇÃO E MANUTENÇÃO
A Junta de Freguesia de Salvaterra de Magos, presidida por João Nunes dos Santos , em 2000, levou a cabo grandes obras de conservação colocando uma nova vedação, e outros arranjos no recinto com material moderno para as brincadeiras das crianças. Os custos de tais obras de intervenção, foram significativos pesando no orçamento daquela autarquia de fregueses locais, que não foi pacifico naquele executivo, pois as divergências depressa eram do domínio público. Logo correram rumores, quanto às verbas ali gastas, e ao destino a dar às duas piscinas, que já algum tempo estavam descativadas (
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alegava-se que serviços públicos de higiene e segurança tinham dado parecer desfavorável à utilização das piscinas por estarem a céu aberto). Tais desavenças naquele executivo, foram mais notórias porque o autarca presidente – João Nunes dos Santos, pretendia dar uso diferente às piscinas, especialmente à grande, o que contrariava os desejos inicialmente previstas e concebidas pelos seus promotores, em 1975. Face a tais desentendimentos entre os eleitos, que provocou alguma agitação na população, muitos dos fundadores daquela obra, estiveram presentes numa Assembleia de Freguesia, convocada expressamente, pois desejava-se saber na realidade o que o executivo pretendia para aquele património. público da vila. Naquele debate público, o autarca, João Santos (1), foi responsabilizado em continuar a conservar a construção daquele recinto tal como foi concebida e, acabou por assumir publicamente as obras ali efectuadas, informando que brevemente iria melhorar o sistema de água no funcionamento das piscinas, com a adaptação de bombas eléctricas. Os dias correram, os compromisso assumidos não foram satisfeitos naquele espaço de utilidade pública.
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O CORTE DE ÁRVORES
O ano de 2004, tinha acabado, com um Inverno pouco chovouso para a época, era de esperar que a Primavera, decorre-se normal para aquelas bonitas e frondosas árvores ali plantadas, como vinha acontecendo há 30 anos. Para alguns Choupos, e outras espécies, o seu destino chegou ao fim, em Fevereiro de 2005, o executivo da Junta de Freguesia, estava a iniciar uma nova série de obras no recinto do Parque Infantil. O abate das árvores, logo fez correr entre a população uma onda de indignação, que se ouvia aqui e ali, com comentários de condenação pelo trabalho ali efectuado. O executivo de João Nunes, fez correr a informação que a população queixava-se de “alergias” que as árvores estavam a provocar. Com a confusão instalada, dizia-se: “Se doença existia em algumas espécimes, poderia ser solicitada intervenção dos
serviços oficiais da especialidade, e nunca o corte puro e simples., que seria a última decisão a tomar”
Depressa os utentes do Parque Infantil, que por ali levavam as suas crianças a brincar, tomaram conta - o interior de uma Arrecadação, foi transformada em sala de jogos, especialmente de cartas para idosos, servindo o bar daquele recinto infantil, para servir bebidas com teor alcoólico aos praticantes daquele entretenimento. Correu a informação pública, que tal ocupação daria aos pais e avós a oportunidade de estarem mais atentos às suas crianças. Estava assim, consumado o trabalho de transformação ali iniciado em 2000.
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(1) – Conforme consta na acta daquela reunião pública Nota do autor : Desde o tempo, em que fizemos parte da construção daquela obra - que é o Parque Infantil - sempre foi voz maioritária entre os seus fundadores, uma solução futura para o uso das Piscinas: Poderiam ser aproveitadas, para um recinto com água, onde Aves Aquáticas, especialmente Patos, dariam novo enriquecimento ao Parque infantil, para divertimento das crianças. (*) - No final daquelas obras, o pavimento do Ringue de Patinagem, estava substituído por um tapete de relva sintética, e a Piscina Pequena, tinha sido “entulhada” e, relvada por cima. **************
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IV OS JARDINS DA VILA
Jardim da Praça da República
Este espaço ajardinado, de Salvaterra de Magos, tornou-se uma curiosidade fotográfica, nos últimos tempos, pois as mesmas têm sido imensamente reproduzidas e, agora são motivo de decoração em tudo quando é sítio.
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Foi um espaço emblemático da terra, pois era o único, e as suas primeiras fotos conhecidas datam de 1940. Um tempo antes da destruição daquele espaço original, que ocorreu em 1957 (1), existiu ali uma zona de grande arvoredo, conforme nos mostra um mapa dos finais do século XIX, o local tinha o nome – Dr. Oliveira Feijão.
Jardim do Largo Combatentes Situado num grande espaço no centro de Salvaterra de Magos, mesmo ali em frente ao edifício escolar “O Século”, passou a ser conhecido pelo jardim do Lopes, ou do Ribatejano A sua urbanização como jardim público, ronda o ano de 1957, pois até aí, no local apenas existiam algumas árvores, já de idade avançada, e o terreno era de argila com pequena pedra redonda. O abastecimento da rede pública de electricidade à vila, trouxe a possibilidade de aí serem colocados quatro candeeiros de grande altura, construídos em cimento, de configuração redonda, sendo o seu espaço, ocupado, com um quadrado, cujo chão recebeu calçada portuguesa (2), e grandes canteiros, que para além da relva, sustentavam flores, nas quatro épocas do ano.
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. Avenida Dr. Roberto F. Fonseca No início do século XX, era uma artéria de grande trânsito da vila, especialmente de manadas de animais. Desde tempos remotos, povo chamava-lhe rua do Calvário, pois nela existia uma grande cruz, que durou até ser mudada para o cemitério local, pois um grande investimento urbanístico, estava em projecto para aquele espaço, na década de 40 - uma avenida com cerca de 900 metros - com os seus grandes canteiros para relva e flores, onde se viam árvores em fila, de ambos os lados. A Avenida, recebeu o nome de Vicente Lucas de Aguiar, um antigo presidente da câmara municipal, no século XIX, quando da sua morte, ainda foi a enterrar no cemitério da antiga capela real. Depressa, passou a emblemática da vila, e passou a Dr. Roberto F. Fonseca, um outro antigo presidente do concelho local, Os seus grandes canteiros de relva e flores, disso davam conta todo o ano, para mais tinha num dos seus topos, uma bonita Praça de Toiros. O seu lindo arvoredo é substituído periodicamente.
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************* Nota: Quando das obras que deram origem à transformação do Jardim, foi o empregado José Gameiro Cantante, na companhia de um colega, de nome André, destruíram o seu muro, “à marretada”, trabalho que durou uma semana. (2) – Trabalho executado por um grupo familiar, naturais da vila de Muge, que se dedicava a este género de trabalho, pois já tinham calcetado várias ruas da vila, com pedra preta.
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Fotos publicadas: Página 3 – Terreno cedido pela Câmara Municipal, para o local da construção do Parque Infantil de Salvaterra de Magos * Foto a/d Página 4 – Lourenço Santana Rato, da Comissão e Leonardo Cardoso, Presidente da C. A. da Câmara, colocam a primeira pedra para o Parque Infantil de Salvaterra de Magos * Foto - Autor Página 5 - Dia da Inauguração do Parque Infantil – Germano Jorge, um dos colaboradores das obras, abre os portões * Foto Autor Página 8 – Edifício com do bar, recebendo obras de conservação, e abertura do espaço para idosos – Foto Autor Página 10 – Praça da República 1940 * Foto Alexandre Cunha Página 11 – Antiga Escola Primária (Largo dos Combatentes) década 50 séc. XX * Foto Alexandre Cunha Página 11 – Avenida Dr. Roberto Fonseca, vendo–se nos lados grandes canteiros, que tinham flores todo o ano. – 1985 * Foto A/d Nota: Quando da inauguração, na abertura dos portões, as duas primeiras crianças a entrar são filhas do autor Bibliografia usada: * Revista “A Hora-1936 ” Aurora do Ribatejo * Diário do Ribatejo * Diário de Lisboa * Século * Jornal Vale do Tejo * Documentos do Autor, e outras fontes ************************ (*)- Notícia publicado nos jornais “Aurora do Ribatejo” e “ Diário do Ribatejo”, em 26/7/1975
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1975 – Brinquedos no Parque Infantil
2013 – Desativação total da Piscina grande
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 13 Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo ****** Documentos para a história De Séc. .XIII – Séc. XXI
SALVATERRA DE MAGOS
( Da Diligência ao Automóvel, viagens até ao Cabo)
O Autor José Gameiro
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Primeira edição FICHA TECNICA: Titulo: 0S TRANSPORTES PÚBLICOS DE PASSAGEIROS ! ( Da Diligência ao Automóvel, viagens até ao Cabo ) Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Papel Brochado – A5
Autor: Gameiro. José Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, 94 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 13 – 2 * 1ª edição * Março 2007 Depósito Legal: 256465 /07 Edição : 100 exemplares – Março 2007
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Fotos da Capa: - Carro (Diligência) puxado a dois animais, Marca “ Rippert”– 1920, da família Torroaes * Veiculo Automóvel. para Transporte Colectivo de 12 Passageiros – Marca Ford - Modelo T 2, no Dia da Chegada a Salvaterra de Magos – O empresário Alfredo da Piedade, com a filha (Maria) ao colo, junto de amigos. - 1925
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2ª edição Revista e Aumentada – Março 2015 **********************************
Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 895 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt O Autor neste texto não usa o acordo ortográfico de 1990
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O MEU CONTRUBUTO
Por volta de 1951, ouvia o meu pai contar que quando chegou o carro de carreira de passageiros, de um membro da família Torroaes, empresário do ramo, aí no dobrar da década de 20 do séc. XX, vinha substituir a velha diligência puxada a dois cavalos. Este novo meio de transporte, passou a ser conduzido pelo “João Chauffeur”, motorista que veio de Santarém trabalhar para a firma. O carro ia a casa dos passageiros para os receber no inicio da viagem. Dois ou três anos depois, a empresa foi adquirida por Alfredo Piedade “Alfredo Calafate”, ficou registada de Empresa de Viação Salvaterrense, e adquiriu um novo veiculo de passageiros, uma Ford que passou a receber os passageiros em frente à Igreja, passando a fazer também o transbordo na estação de Muge. Por volta de 1940 o alvará da exploração foi adquirido pela família Anastácio, de Benavente, e passou a usar o nome Empresa de Viação Benaventense, e tinha a recolha de mercadorias “Central” (para a estação de Muge), na rua Trás da Igreja/ou rua das sentinas. No final de 1948, a empresa Setubalense, de João Cândido Belo, adquiriu aquela empresa,
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pretendia alargar a sua exploração no Ribatejo, até porque a Ponte de Vila Franca de Xira, estava em construção. Depressa a “Central” passou para a rua Heróis de Chaves, e as camionetas tinham paragem em frente à antiga Escola Primário “O Século”, no Largo dos Combatentes. Quando o ano de 1957, já ia longo, passei a ser empregado da Setubalense –entrando assim, ainda jovem no mundo trabalho, prestando serviço na Central. Com o decorrer dos anos, ali tive ocasião de ouvir relatos de antigos passageiros, cujas histórias de velhos hábitos de transporte, me encantavam. Fui tomando boa nota delas, decerto não ficaram perdidas, porque aqui as guardo nestas páginas, cuja edição teve lugar em 2007, e que agora volto a publicar, com edição revista e aumentada. Março 2015 O Autor: JOSÉ GAMEIRO ( José Rodrigues Gameiro )
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I A VALA REAL, UMA VIA DE TRANSPORTES Salvaterra de Magos, é uma povoação situada junto à margem esquerda do rio Tejo, em pleno coração da Lezíria ribatejana, e pelos Forais que recebeu o povo teve a obrigação de abrir uma vala, que escoasse as águas que se acumulavam nas suas terras. Já no séc. XIII, para Santarém, os caminhantes a pé e a cavalo, usavam um caminho do tamanho de cinco léguas, de Salvaterra até Santarém, que atravessava o campo, desde a Ponte da Vala, saindo para lá de Almeirim, muito próximo do rio Tejo, com a cidade à vista. . As viagens, através do campo eram penosas e demoradas, em charretes, puxadas a um ou dois cavalos Dando realce a alguns relatos do séc. XVIII, o paço real de Salvaterra de Magos recebia com frequência a presença da realeza, o que dava uma nova vida à povoação, pois fazia dela um grande centro de movimento cultural e político. As viagens de e para Lisboa pelo rio, nas embarcações, especialmente em Bergantim, pelo elevado número viajantes, levava a
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que se forma-se um transporte colectivo de passageiros, muitas vezes animados com músicos a bordo. Os barcos de carga, as fragatas, que manobravam diariamente no leito do rio, com mercadorias, no fornecimento à capital do país, ou mesmo para Santarém, eram aproveitados pelo povo para uma “boleia” para aquelas cidades. Até aos meados do século XX, ainda era usado este sistema de viagem, especialmente pela população mais pobre, sendo o Poço do Bispo, em Lisboa, quase sempre o local de destino. Em dias de vento favorável, as viagens duravam entre 3 a 4 horas, em barcos pequenos, como as faluas.
1950 - Barcos Fragateiros no Cais da Vala Real Foto: Alex. Cunha
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II OS TRANPORTES PUBLICOS DE PASSAGEIROS A hora dos transportes públicos colectivos de passageiros, chegou a Salvaterra de Magos, por volta de 1920, com a família Torroaes, a utilizar uma carruagem do tipo, Rippert, puxada por dois animais da raça cavalar. O único caminho existente até ao Pontão do Cabo, para o acesso a Vila Franca de Xira, era a estrada do Convento, e o campo de Benavente, onde uma barcaça atravessava o Tejo. Este tipo de transporte durou pouco tempo, deu lugar a uma viatura para 12 passageiros. Com a venda da exploração do ramo a Alfredo Rodrigues, este depressa, adquiriu uma pequena e moderna viatura automóvel da marca Ford, Modelo T, com capacidade para 12 passageiros. A sua sede, era numa casa no Largo da Igreja Matriz, situada ali próximo da sua torre, mesmo à estrada da rua Dr. Gregório Fernandes. A exploração deste serviço público de passageiros, em 1940, foi vendida a Alfredo da Piedade (Alfredo Calafate), antigo calafate, de pequenas embarcações de pesca na vila.
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Este novo empresário, colocou ao serviço, dos passageiros, mais uma viatura, do mesmo tipo e modelo, com destino à estação dos caminhosde-ferro, em Muge, dando assim início ao aparecimento da Empresa de Viação Salvaterrense, Ldª Um dos motoristas daquelas viaturas, João Pedro de Jesus Silva, homem de poucas letras, que veio dos lados de Santarém, passou a ser conhecido pelo o “João Chaufeur”. “Contava-se, muitas estórias sobre este motorista, retiramos uma: Ao informar das contas do serviço prestado no dia, tinha uma forma peculiar de o fazer quanto à quantidade passageiros transportados: Se o total fosse 10 – eram identificados assim: três homens, duas mulheres, três velhos um rapaz e um guarda.” AS GARAGENS
Num antigo espaço do palácio real, agora Largo dos Combatentes, sendo aproveitada muita da sua pedra, foi construído um grande edifício, que mais tarde veio a ser adega, serviu de garagem, como no Rossio da Vila (Trás Monturos) houve recolha da camioneta da carreira.
Carreira atravessando uma cheia entre Benavente e Salvaterra
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O TRANSPORTE DE PASSAGEIROS EM TÁXI Naquela época já a população tinha ao seu dispor, um carro de aluguer (taxi) de 5 passageiros, da marca Ford, mais tarde substituído por um da marca BuicK, modelo descapotável. Era seu condutor, Mário Luís das Neves, mais conhecido pelo Mário Puto, devido à sua pequena estatura.
Táxi – Motorista; Mário Neves (penúltimo) * Foto A. Cunha,
Com o decorrer dos tempos, vários alvarás (licenças), foram passados a novos industriais do ramo, sendo hábito o passageiro ir a casa do taxista, requisitar a viatura para a sua deslocação, costume que foi mudando com a instalação da “praça”, no Largo dos Combatentes, num espaço que a câmara municipal, atribuiu, onde aguardavam os passageiros. .
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Este serviço de viaturas ligeiras de passageiros, aumentou e novos empresários como: Amadeu Eduardo da Silva, João Cardoso, também conhecido pelo nome de João Boneco, e os irmãos, Manuel e João Oliveira (Capadão). A exploração, deste tipo de transporte públicos, foi cedida à então criada Empresa de Viação Benaventense, Ldª, (da família Anastácio), com sede na vizinha vila de Benavente. Esta empresa por volta de 1948, negociou com a Empresa Setubalense, de João Cândido Belo & Irmãos, Ldª, com sede em Vila Fresca de Azeitão (Setúbal), o alvará de exploração nesta vasta zona ribatejana. A Ponte de Vila Franca de Xira, estava em construção Após a inauguração da ponte, em 1951, o acesso ao comboio, pelo Cabo, atravessando o Tejo, deixou de se praticar. Uma nova etapa no transito passou a ser de grande importância, e a Transportadora Setubalense, soube aproveitá-la alargando assim o âmbito da sua exploração do serviço público de passageiros, para várias zonas do país. Entre os vários percursos nesta zona, tinha: Coruche/ Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira/Glória do Ribatejo, Benavente/Muge. Dos vários itinerários, que passavam por Salvaterra de Magos, o primeiro horário, era à 6,30 da manhã, vindo de Coruche, enquanto o último ia para a Glória do Ribatejo, passava às 22,30 horas. Para Santarém, as ligações faziam-se junto à estação de Muge, com a Empresa de Camionagem Ribatejana, com sede naquela cidade.
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A ligação com Évora, procedia-se através de Coruche, ficando Mora, no caminho, onde os passageiros, para aquela cidade alentejana, e mesmo com destino ao Algarve, tinham a viagem assegurada através da Empresa de Viação do Algarve (EVA). Lisboa, passou a ser um destino directo, quando da abertura da auto-estrada A1, completando -se um ciclo que já abrangia Setúbal. NOVA CENTRAL DE CAMIONAGEM A Setubalense, mantendo o “velho” contrato existente com os caminhos de Ferro – CP, existia uma “Central” para o trânsito de mercadorias, através da Estação de Muge, próximo da Igreja Matriz. Em 1956, mudou os serviços para a rua Heróis de Chaves ocupando uma pequena casa alugada (1), à família Vieira Lopes, com um empregado devidamente fardado, tal como os motorista e cobradores, como era uso e obrigatório na época. O local de paragem das viaturas, passou a efectuar-se no Largo dos Combatentes (junto à escola primária), e um outro tipo de movimento de mercadorias (pequenas embalagens) a transportar nas carreiras passou a ser movimentado. Os despachos dos mesmos, eram feitos em comissão de serviço, pelo Café Ribatejano, fazendo tal tarefa o seu empregado de balcão, José Tiago Andrónico, em simultâneo com os afazeres do estabelecimento. *********** (1) – Casa de habitação, onde o autor nasceu em 1944
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Naquele tempo, existia um homem que, fazia duas vezes por semana, o trabalho de comprar em Lisboa, pequenos produtos, Era o Estafeta Vitor, de Vila Franca., sendo esperado à chegada da carreira, para as entregas, recebendo o pedido de novas encomendas. Em 1957, a paragem das carreiras passou para a “Central”, na rua Heróis de Chaves, até porque a vila tinha pouco movimento automóvel, e naquela rua, pouco mais passava do que meia dúzia de carros ligeiros ao longo do dia. Em 1963, com o início das obras levadas a cabo pela família Vieira Lopes, que transformou aquele seu velho espaço de casario (ainda restos de instalações pertencentes ao palácio real ), numa nova urbanização. A construção incluiu três andares, para habitações, e o piso térreo, foi aproveitado para área comercial e serviços. Enquanto durou a construção da obra, a “Central”, esteve provisoriamente no Largo dos Combatentes, num espaço, que muitos anos antes tinha sido taberna daquela família, e ainda mantinha os seus vestígio.
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INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO DE CAMIONAGEM No dia 4 de Abril de 1964, teve lugar a inauguração das novas instalações da nova “Central” ou Estação de Camionagem, (ocupando o mesmo espaço térreo que tinha a antiga moradia). As mercadorias, eram agora todas movimentadas a partir daquele local, pelos empregados da empresa, nas suas carreiras diárias. Os veículos transportavam os passageiros e suas bagagens., as bicicletas que eram o transporte da época do trabalhador rural., eram colocadas no tejadilho dos carros. Uma grande rede as cobria e, os horários, nunca eram cumpridos, o tempo que em cada localidade levava a carregar e descarregar as mercadorias, muitas vezes de toneladas, era um trabalho penosos, de todo o pessoal, onde os “Cobradores” eram os mais atingidos, pois tinham de arrumar conforme as localidades ainda a percorrer. Nova Estação, José Gameiro No dia da Inauguração
O descarregar ferro (chapas e barras), vindo de um armazém em Vila Franca, para as oficinas de ferreiros, carregar madeira (portas e janelas para habitações), Marinhais, Glória e Foros de
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Salvaterra, era um trabalho diário, pois as carpintarias aqui instaladas, também usavam este meio de transporte. A empresa dos irmãos Belos, continuava a alargar a sua influência nesta área de transportes, adquirindo os Alvarás da Camionagem Ribatejana (Santarém) Camionagem Vilela (S. Pedro de Muel) e Empresa Martins, de Évora. Com as transformações verificadas após a revolução de Abril de 1974, a Transportadora Setubalense, como muitas outras no país, foi alvo das nacionalizações, dando origem a uma única : A Rodoviária Nacional – RN. Anos depois, desmembrada esta em pequenas empresas, por via das privatizações, Salvaterra de Magos, ficou servida pela nova empresa, denominada “Belos” que, mais tarde deu lugar a uma outra, a “Ribatejana”, que agora serve as povoações da zona.
1964 – 1) As Carreiras em frente à nova Estação 2) Mulheres Foreiras
José Gameiro, Camionagem 30 da Inauguração * Gameiro
visita a Estação de anos depois Fotos de: José
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***************** A fechar este pequeno Apontamento histórico, dos transportes públicos de passageiros, muitas estórias conhecidas, ficaram por nele incluir, como aquelas da Rosa Sena ir, primeiro carro de carreira que parava em frente à Ibreja Matriz, e o rapazio ia brincar para cima do seu tejadilho, e dos despachos dos cestos das galinhas para Lisboa, através do caminho-de-ferro, em que à partida o empregado de nome Magalhães fazia “surripiar” uma, para um petisco da rapaziada sua amiga de petiscos, mas a contagem à chegada à capital estava sempre certo ! ********************
1968 - Camionetas da Carreira, na rua Heróis de Chaves Fotos: José Gameiro
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Anexo: UMA GALINHA PARA O ALMOÇO DE TRÊS, QUE ERAM QUATRO, E AINDA SOBROU GALINHA ! O século XX, estava a meio, quinze anos já tinham passado, mas ainda se falava do assunto, quando vinha à baila qualquer referência à fome que grassava em muitas casas da vila de Salvaterra de Magos. Por volta de 1935, o jovem José filho de Carlos Torroaes, empresário de transportes públicos de passageiros, da vila, era muito conhecido pela forma pitoresca de contar as suas diabretes Esta é uma delas: Um dia teve necessidade de se deslocar a Lisboa, para a necessária mudança do alvará que a família possuía, pois tinha ao serviço duas Diligências; uma para Vila Franca, e uma outra até à estação dos caminhos de ferro, em Muge. A que levava e recebia passageiros de e para Vila Franca de Xira, era servida pelo pontão do Cabo, que atravessa o rio Tejo, com a estação dos Caminhos de Ferro mesmo ali defronte. Estávamos na era da implementação das viaturas mecanizadas, mas aquela família ainda conservava o transportar dos passageiros com ida de manhã e regresso à tarde, em diligência. Em Lisboa, na Repartição do Estado já depois dos problemas resolvidos, convidou o funcionário que o
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atendeu (pela fala dava mostras de ser nortenho) se aceitava um almoço em Salvaterra, em pleno Ribatejo. Este de imediato aceitou, mas que seriam dois, pois fez questão de apresentar um outro colega. Na véspera, daquele Domingo de Agosto, tinha organizado com a esposa, o repasto para os convidados, seria uma galinha, daquelas que existiam na capoeira dos pais. No que dizia respeito ao final da comida e antes do café, teria lugar uns doces feitos por sua mãe. A fruta, melão daqueles que, um amigo de Muge, lhe oferecera uns dias antes, por lhe ter ajudado a preencher um requerimento na câmara municipal. O vinho doce para entrada antes do início do banquete mesa, enquanto duravam as apresentações, tal como o vinho servido à mesa, seria da adega do tio Virgolino José Torroaes. No dia aprazado, manhã cedo, o Torroais, lá estava no Pontão do Cabo, numa Charrete tirantada a um cavalo, esperando os seus convidados. Um comboio do outro lado do rio, dava mostras de paragem. Os convidados lá chegaram, no batelão e apressaram-se nos cumprimentos habituais com abraços à mistura saiu a informação como tinha decorrido a viagem no comboio, Lisboa-Vila Franca. De seguida veio o necessário pedido de desculpa, pois apresentavase mais um colega convidado de última hora. A viagem até Salvaterra foi iniciada, o cavalo em marcha troteada, percorria a recta do cabo, pelo caminho empedrado aqui e ali. O campo apresentava-se nos dois lados, separado por uma vedação de arame e, por duas pequenas valas que corriam ao longo do trajecto,
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transportando um pequeno fio de água, naquela época do ano. Ali próximo da Ermida de Alcamé, já alguns ranchos de homens e mulheres ceifavam o que restava das cearas de sequeiro, especialmente trigo – estava-se em final da temporada agrícola. Algumas manadas de gado bravo, vigiadas pelos campinos, chegavam-se até às valas, afim de se sedentarem, da noite passada ao relento. A viagem correu, sem grandes sobressaltos, pelos campos da Lezíria, em direcção a Benavente., com anfitrião dando as necessárias informações das atividades rurais que ali se desenvolviam. Mais de hora se tinha passado e chegados ao trilho da Fonte das Somas, que o levaria pelo caminho do Convento até Salvaterra, O José Torroaes, da algibeira do colete retirou o relógio, e vendo que eram apenas 8 horas da manhã, mudou de caminho, e seguiu viagem para os lados da Aldeia do Peixe, rumo aos Foros de Salvaterra., tinha tempo e queria mostrar todo o potencial daquela região foreira. Algum tempo depois, chegados à taberna do António Querido, já seu velho conhecido, apresentou-lhes tão ilustres viajantes. Depressa, o A. Querido, passou a convidante e serviu sem cerimónias, um petisco, à base de carne de porco assada, acompanhada com um bom vinho das terras arenosas dos Foros. Perto de uma hora, demorou a pequena refeição e retomada a viagem, a comitiva
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acenava com os chapéus, em resposta a alguns grupos familiares, onde os homens de barrete na mão, cumprimentavam, e os rapazes com os jovens faziam alguma vozearia, estavam nas suas terras e faziam tarefas de pequena agricultura, aproveitando o domingo. Uma nova paragem foi no Estanqueiro, na taberna local, foram convidados para apreciarem um petisco. Uns chouriços caseiros, cortados às rodelas, acompanhados com pão ainda fresco (cosidos na véspera no forno a lenha), e um vinho branco, retirado de um garrafão que estava no fundo do poço a refrescar. Os viajantes, estavam deslumbrados com tal recepção, a viagem continuou a caminho das Buinheiras dos Freires, eram quase 11 horas, o caminho de areia ladeado por valados, que o estreitavam, faziam com que várias famílias num lado e de outro, estivessem quase juntas nos afazeres das suas terras. As manchas de vinhas e pinhal davam um novo colorido ao local. Os acenos continuavam, o entusiasmo era de alegria na comitiva, ali próximo das terras da Alagoa, o chefe de uma família conheceu o Carlos Torroais, pois era a ele que recorria quando precisava de alguma coisa nas repartições públicas da vila. A paragem foi inevitável, apresentados os viajantes, logo todos foram convidados para petiscarem na casa mesmo ali próximo, debaixo da latada de vinha que sombreava a casa. Aceite o convite, a família composta pela mulher e mais duas filhas ainda moças e um rapaz, acabado de
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chegar havia três semanas da vida militar, pois tinha estado nos Açores, desdobravam-se em simpatias, perante tão ilustres visitantes, em casa. Carlos Torroaes, aproveitou para desengatar o animal da charrete, e dar-lhe de comer e de beber um balde de água fresca, que foi retirada do poço! Uma mesa foi preparada. As moças, serviram sopa de carne de porco, estava quente dentro do tripé de ferro, na chaminé em lume brando, alguma carne que estava na salgadeira havia três dias, foi assada, pois tinha-se morto o porco da engorda daquele tempo. Um jarro de barro com bom vinho tinto, retirado da adega, acompanhou a refeição. Depois foi servido algumas fatias de melão. Todos os homens já bem comidos e bebidos, a alegria estava estampada no vermelhão das suas faces. Um deles, dava mostras de algumas aptidões em cantorias, a ocasião, deu azo a que o jovem regressado a casa, sendo bom tocador de gaita de beiços, logo tocou uns viras, músicas da região ribatejana. Eram 3 horas da tarde, foi retomada a viagem, através das Buinheiras, a caminho do Paul de Magos, onde nova paragem, ocorreu na taberna no cimo do Paul, inaugurada havia pouco tempo, um lanche foi oferecido pelo dono da tasca, umas postas de Atum (embebido em azeite numa barrica), foram postas no balcão, um pão grande e, um vinho branco, foi mais tarde acompanhado de uma prova de melões que se encontravam numa parga (em pirâmide), debaixo de uma árvore, esperando comprador.
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Um dos convidados, olhava constantemente o relógio com corrente, que tinha na algibeira do colete, no entanto não deixava de participar nas anedotas que o grupo ia contando, até porque uns clientes também entraram na roda dos dichotes. Já a caminho de Salvaterra, cantarolando de contentes pelo dia bem passado no Ribatejo, chegaram à vila, na antiga rua do Pinheiro, junto à casa do Torroaes, onde um pequeno grupo de vizinhos, fazia companhia à família na espera e comungando das preocupações, pois eram já cerca das 6 horas da tarde e, a chegada estava prevista para as 9 horas da manhã. Todos os convidados, dando mostras de algum nervosismo, muito agradeceram a oferta, e o dia inesquecível, mas insistiram na viagem de regresso a Lisboa. O cavalo lá voltou agora numa correria, ao encontro do comboio, que não esperava!.. ***********
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BIOGRAFIA USADA: Documentos do autor FOTOS USADOS: * Pág. 2 – Bergantim real - barco de transporte pessoas * Pág. 4 – Sede da Empresa Transportes Públicos - Família Torroaes * Pág. 5 – Igreja Matriz de Salvaterra, local de Paragem das carreiras, até 1957 *Pág. 6 - Em 1957, José Gameiro - Empregado da Camionagem Setubalense – (Central Caminho de Ferro - CP de Salvaterra de Magos – estação Muge) * Pág. 9 – Modelo de Charrete, usado no transporte dos convidados (a/d) **********
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Índice:
7 – A Escola Obrigatória ( Um Março na mudança da cultura do Povo) 8 – Honra ao Mérito (Servir para além da coisa pública) 9 – Quando Vindimar, Era uma Festa ! 10 – Uma Zona Industrial ( Um desejo que vem do passado) 11 - Fragateiros, Cagaréus e Avieiros (Gente que viveu do Tejo) 12- O Parque Infantil, e as suas Piscinas (Um sonho – uma realidade) 13 – Os seus Transportes Públicos de Passageiros ( Da Diligência ao Automóvel, viagens até ao Cabo)
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