VOLUME V CADERNOS DE APONTAMENTOS N.º 30 - 35
Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI
Artesãos
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
O Autor:
JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Volume V Cadernos de Apontamentos Nº 31 – 36 2ª Edição Revista e Aumentada
Indice:
30– Escritores, Pintores. Artesãos e Artesanato ( Uma Riqueza Cultura da Vila)
31 – COSM * Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos 32 – A Origem do Clube Desportivo Salvaterense - CDS (Os seus Desportos – através dos Anos)
33 – A Vala Real de Salvaterra de Magos ( Uma Fonte de Riqueza Económica)
34 – A Urbanização da vila, no decorrer dos tempos ! 35 – Robertos(s), Uma Fafilia, Uma Dinastia de Toureiros ! Primeira Edição - Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Edição: 100 exemplares – Março 2007 Autor: Gameiro – José Editor: Gameiro – José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120 – 059 SALVATERRA DE MAGOS
++++++++++++++++++++ 2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 `++++++++++++++++++++ Contactos: Telef. 263 505 178 * Telem. 918 905 704 *E-mail : josergameiro@sapo.pt Os Textos destes Cadernos não acompanham o Acordo Ortográfico de 1990
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Capa: 1ª Caixa *Mestre Fragateiro; Vicente Francisco* José Maria Ferreira (Escritor) * Dagberto Pina (Pintor)* José Manuel Cabaço) - 2ª Caixa *António Roberto,Pai – Filhos; Bandarilheiros - Vicente Roberto e Roberto da Fonseca
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CADERNO DE APONTAMENTOS N.º 30 Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI
Artesãos
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
“ UMA RIQUEZA CULTURAL DA TERRA “ O Autor:
JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Primeira Edição FICHA TECNICA:
Titulo: ESCRITORES, PINTORES, ARTESÃOS E ARTESANATO
“Uma riqueza cultural da terra” Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 32 – 3 Depósito Legal: 256497 /07 Edição 100 Exemplares – Março 2007
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2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 ******************************************** Contactos: Tel. 263 505 178 * Tem. 918 905 704 E-mail: josergameiro@sapo.pt
O Autor destes textos não segue o Acordo Ortográfico 1990
7 O MEU CONTRIBUTO Certo é, que o ser humano desde os remotos tempos em que, necessitava de utensílios para a sua sobrevivência, teve necessidade de fazê-los. Desde peças em ferro, madeira e barro, até à roupa, conforme as necessidades do meio ambiente onde vivia, também os trabalhava. Os séculos passaram, com o advento da mecanização, a sua tecnologia ,fortemente instalada na primeira metade do séc. XX, foi um passo para a substituição de tudo, o que era artesanal. As artes da lotoaria, carpintaria de carros e sua ferraria, fazem agora parte da memória colectiva do povo salvaterrense. Mesmo a feitura de varandas em ferro, são também um bem escasso, pois não existem continuadores, para os velhos mestresartífices A indústria do plástico, praticamente tudo substituiu. Os artefactos como os cestos em Vime, as Esteiras e Capachos, obras de arte do trabalhador agrícola que, na sua pobreza de rendimentos e de conhecimentos literários, pois o analfabetismo era absoluto, tinha que ter grande engenho para os fazer. Das mãos dos campinos de Salvaterra de Magos, saíam aqueles utensílios caseiros, a mulher do campo, por sua vez fazia as roupas da família, e o vestuário feminino, alindava-o, com rendas, que pelo seu emaranhado, se chamavam “Pontos de Bainha” e “Pontos de Arrecuo”. Trabalho artístico, sempre original em cada peça, até pela pessoa que os executava, também ornamentava os coletes e meias dos campinos. Formas de pontear a linha, como o “Ponto cruz” conserva-se ainda na população da Glória do Ribatejo, especialmente; nas
8 toucas, sacos de pano e almofadas. A olaria, na freguesia de Muge, onde os utensílios em Barro, poderá ter ramificações, muito antes da permanência romana, aqui nesta zona, ainda persiste, com dois oleiros na terra. O Vime e a Verga, estão radicados na freguesia de Marinhais, por um antigo “Cesteiro”. O comércio turístico do concelho, muito vive dessa oferta, que agora são divulgados como artesanato do concelho. Os interessados pela história do concelho, como: visitantes e os jovens, na sua fase escolar, são os grandes “pesquisadores” desses obreiros da arte caseira e familiar. Na área da escrita, existem autores, que publicaram temas respeitantes a esta terra, que é a sua, ou foi simplesmente adoptiva. Esta segunda edição agora alguns anos depois tem a particularidade de registar, alguma actualização, de alguns Artesãos, Escritores e Pintores de Artes Plásticas como a Aguarela. Muitas das biografias, datam de 1988, Foram recolhas “avulso” sem grandes pretensões, pois o que nos interessou foi que nada se venha a perder, quanto às informações descritas nas páginas a seguir.Com as iniciativas do Município local, desde 2013,são mostrados novos Aguarelistas além de pintarem locais da terra, as expõem na Galeria existente na Falcoaria, o que acontece também com o artesanato, em que os Artesãos mostram ao vivo em dezenas de Stands, nas festas do concelho. Março: 2015
JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
I
9 ESCRITORES JOSE ESTEVAM (ou José Estevão)
A publicação, do livro “ ANAIS DE SALVATERRA DE MAGOS”, uma edição de Couto Martins (1959), foi um trabalho, que resultou da muita documentação na posse do historiador, José Estevam, para fazer um estudo histórico sobre Alcochete, que ao tempo, tinha sido incumbido, pelo presidente daquela câmara municipal. Do vasto espólio recolhida, José Estevam, depressa fez sair à luz do dia” OS ANAIS”, que nos relata factos e situações, vividas nesta vila de Salvaterra de Magos, desde o Séc. XIV. Este precioso documento histórico sobre Salvaterra de Magos, na altura completava os poucos originais, que eram conhecidos e que foram publicados, em: Portugal Antigo e Moderno (Pinho Leal), A Estremadura Portuguesa (Alberto Pimentel), Dicionário Corográfico (Américo Costa), Dicionário Portugal (Esteves Pereira) e Boletim da Junta Geral do Distrito de Santarém.
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ANGELA SARMENTO
(Tareka) Maria Teresa Guerra Bastos Gonçalves, nasceu em Lisboa, em 1928, sendo filha de pais transmontanos, em criança, nos muitos períodos da sua meninice e adolescência, passava longo tempo naquelas paragens do norte de Portugal, terra dos seus antepassados. Daquela permanência, guardou na sua memória situações vividas entre a família, e as gentes daquela terra.. Com o nome de escritora, Angela Sarmento, em 1961, publicou o seu grande livro (romance), a que deu o título “A Árvore”, que retracta de modo realista a história de uma família, que se reparte entre o Ribatejo e Trás-os-Montes. Maria Teresa ao enviuvar ainda nova, com filhos, contrai novo casamento, com João Sarmento Ramalho, e vem viver para Salvaterra de Magos, onde se instala na Quinta das Gatinheiras. No sossego do local, entre os toiros e a paisagem ribatejana, em 1974, escreve mais alguns livros, que são editados, e entre eles destacam-se: “OS DIAS LONGOS” , “A FORÇADA VERDADE “ e “À BEIRA DA ESTRADA”, que teve de receber uma 2ª edição, tendo também um dos seus contos entrado nas páginas da edição HISTÓRIAS BREVES DE ESCRITORES RIBATEJANOS.
11 O primeiro, retracta fielmente a penúria vívida pelo homem ribatejano, especialmente de Salvaterra de Magos, nos dias longos de Inverno, em que o trabalho não existia. Os dois primeiros retratam uma forma de viver em Salvaterra de Magos, em plena Lezíria ribatejana, no dobrar do séc. XX. O último, descreve a fragilidade da mulher, que tem de recorrer à prostituição, nos pinhais que existiam junto da sua casa, próximo da vila. A Tareca, como era conhecida na intimidade, quando jovem, tendo uma versatilidade de jeitos, aprendeu Ballet e foi aluna de Raquel Roque Gameiro, em aulas de pintura.
Foi na televisão, na década de 70, num programa de grande audiência, que ficou conhecida publicamente, aí dançou com o seu filho António José Martinho, o conhecido actor ; Tó Zé Martinho. alcançando grande êxito, dando origem que os jornais falassem daquela actuação durante dias. O êxito alcançado com o seu livro “A Arvore”, muitos anos atrás, é adaptado para uma série de telenovela, para a televisão, que passa com mesmo nome. Era um trabalho do seu filho Tó Zé Martinho, que aproveita a experiencia da Tareka, no palco quando adolescente no Colégio onde estudou.
12 Depois foi vista em outras séries de telenovelas, como actriz, desempenha várias personagens. Ângela Sarmento (Tateka), sendo irmã de outra escritora; Isabel da Nóbrega, é mãe da escritora, Maria Magalhães,
JOSE GAMEIRO
José Rodrigues Gameiro, nasceu em Salvaterra de Magos, a 16 de Abril de 1944, filho de pais cuja origem genealógica se perde no mundo rural, e nestas condições eram analfabetos. Foi o primeiro de uma de prol de três rapazes, frequentou o ensino primário, na escola “Presidente Carmona”, na vila. Aos seis anos de idade, passou por uma mestre-escola – a Mestra, Maria Augusta Moisés. Já na escola primária, e concluída a escolaridade obrigatória – 4ª classe, na época, onde repetiu os estudos da 3ª classe, por não ter sido proposto a exame, não aceitou a oferta que seu pai lhe fez para continuar os estudos, baseado nos conselhos da sua Prof. Natércia Assunção, que lhe augurava um futuro em qualquer curso superior de letras. Tomou tal decisão, porque a família vivia pobremente naquele tempo, as marcas do após II Guerra Mundial, pesavam muito nas necessidades económicas, especialmente de quem tinha de se sustentar do trabalho do campo.
13 Com uma curta passagem, de alguns meses, pelos serviços administrativos da câmara municipal (onde fazia alguns trabalhos de arquivo de documentos) por influência de seu pai, então já empregado nos serviços da limpeza das ruas, da autarquia. O pedido foi feito ao presidente da câmara; José Luís Ferreira Roquette, e ao secretário; João Segurado Santos, com o argumento “para ir desemburrando na escrita e não andar na moina”,.
Cumpria horário e, não auferia qualquer remuneração, fazia de tudo: Desde recados, recibos para a cobrança da águas, e arquivava documentos - alguns, estavam no chamado arquivo morto no sótão do edifício municipal. Foi aí, que fez um primeiro contacto com a história da sua terra - natal, de que lhe ficou no gosto.
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Em 1957, com 13 anos de idade, entra no mundo do trabalho remunerado, na “Central” rodoviária e ferroviária da vila, na rua Heróis de Chaves, ao serviço da empresa Setubalense, de transportes públicos de passageiros, da família Belos, de Azeitão (Setúbal). Naquele mesmo ano, inicia a sua colaboração, com notícias da terra, em vários jornais da capital, por intermédio dos seus “Correpondentes”; José Teodoro Amaro e Filipe Hipólito Ramalho, que vendo o seu jeito para a redacção de textos, lhe pediam aquele favor. A colaboração no jornal “AURORA DO RIBATEJO” sediado, na vizinha vila de Benavente, veio um pouco mais tarde, quando da saída do primeiro número em Dezembro de 1964. O seu director, há muito que o vinha sondando para seu colaborador. Daí para cá, foi o ponto de partida; órgãos da comunicação social como: DIÁRIO DO RIBATEJO, DIÁRIO DE NOTÍCIAS, RIBATEJO ILUSTARDO, DIÁRIO DE LISBOA, PORTUGAL HOJE, CORREIO DA MANHÃ, O RIBAREJO, e o semanário NOVA AURORA, entre outros, registaram
nas suas páginas, a sua colaboração. O gosto pela pesquisa em assuntos relacionados, com a passado da história local – Salvaterra de Magos,, tem-no motivado à sua divulgação, tendo mesmo usado a rádio. Uma rubrica semanal, que teve na Rádio Marinhais, tratava da história de Salvaterra, com o nome: “Já Sabia Que !” Ao longo da sua vida, praticou dois hobby (s), que gostava, a Columbofilia e Ornitofilia.
15 Noticias e assuntos temáticos, daquela primeira modalidade publicou, nas páginas do jornal MUNDO COLUMBÓFILO (1960). As revistas, DESPORTO COLUMBÓFILO, VIDA COLUMBÓFILA, e COLUMBÓFILIA. Quando prestou serviço militar (1965), no Quartel de Lisboa, na sua revista militar “MOTORES EM MARCHA”, obteve um prémio, com um artigo escrito sobre “O pombo-correio, ao serviço das
comunicações militares”.
Em 1985, foi o autor de um pequeno livro, uma monografia, com o título “SALVATERRA DE MAGOS – VILA HISTÓRICA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO”, em edição
promovida pelo município salvaterrense, que rapidamente se esgotou. No dia da apresentação pública deste trabalho, na Biblioteca Municipal, esteve presente o então primeiroministro, Dr. Mário Soares, que na ocasião visitava o Ribatejo e, aqui se deslocou para estar presente no acontecimento. Em 1995, volta a editar com o apoio municipal, uma 2* Edição da Monografia “Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo” Trabalhando como Secretário de Redacção, do JORNAL VALE DO TEJO (1997-2001), semanário com sede em Salvaterra de Magos, publicou nas suas páginas, artigos sobre a temática da história local passada e recente da vila, e escreveu e Editou em 2007,
16 45 Cadernos de Apontamentos, na “Colecção Recordar, Também é Reconstruir” - volumes I a VI. Tendo prontos a entrar no prelo os livros: “Robertos(s) – Uma Família-Uma Dinastia de Toureiros” * A Toponímia da Vila” * A História dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos. e a sua Banda de Música * A História do Clube Desportivo Salvaterrense, e os seus Desportos * A História do COSM – Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos, alguns deles dá-os a conhecer no Blogue: “www,historiasalvaterra.blogs.sapo.pt, entretanto aberto.
Em Setembro de 2014, foi alvo de uma homenagem pública promovida pelo Município de Salvaterra de Magos, com uma Exposição de vida sobe o tema “ José Gameiro – Um Cronista de Salvaterra de Magos; 50 Anos” – neste evento foi lançado uma 3ª edição do livro: Salvaterra de Magos – Uma vila no Coração do Ribatejo” Em 2015, A Colecção “Recordar, Também é Reconstruir” com 42 Cadernos de Apontamentos – Vol. I a 6, foram publicados em 2ª edição Revista e Aumentada, no Blogue: “historiasalvaterra.blogs.sapo.pt”
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JOSE MARIA DA SILVA FERREIRA
Silva Ferreira, nome como assinava os seus trabalhos, nasceu em Salvaterra de Magos, mas muito novo foi para Lisboa em busca de vida económica. Amiúdas vezes vinha à sua terra natal, antes do conflito que, originou a guerra civil de Espanha, veio a participar nela, pois foi militar na Força Aérea. De regresso a Portugal, radicou-se na zona de Cascais, por volta de 1944, após ter exercido um trabalho na inventariação dos estragos causados pelo ciclone de 1941. Enquanto funcionário público, no Ministério das Obras Públicas, onde esteve cerca de 40 anos, licenciou-se em história, na especialidade de Arqueologia e Arte, onde foi professor de história e de português, durante alguns anos. Dispersou a sua colaboração por vários jornais com artigos de opinião. Recebeu alguns prémios – menções honrosas – em concursos literários (Reportagem e Conto). Mais tarde, viria a assumir o cargo de redactor principal do Jornal “A Nossa Terra”, de Cascais. Quando da saída do seu primeiro romance, em 1949, as criticas nos jornais como: O
Século, Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Diário da Manhã e
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revista Ocidente, lhe teceram critica auspiciosas, e um bom futuro, no género de escrita, como: O romance e teatro. Silva Ferreira, para além do romance, “DEPOIS DE UM CERTO DIA”, ainda publicou: “NUNCA É TARDE”, “ FÉRIAS NA COSTA DO SOL” e “CADA HOMEM TRAÇA O SEU CAMINHO”
ROBERTO CANEIRA
No dia, 10 de Junho de 1974, nasceu na freguesia da Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos, ROBERTO MANUEL MONTEIRO CANEIRA. Depois da escolaridade que, frequentou na sua terra, veio a terminar o seu curso em Évora. Ao longo dos anos, interviu em trabalhos de pesquisa, tais como: “O PALEOLITICO EM GLÓRIA DO RIBATEJO”, (Cadernos Culturais – 1), editado em 1998, de que foi o autor e que recebeu a colaboração na área das ilustrações por parte de um seu conterrâneo, Leonardo Charréu. Prefaciou o Caderno, Volume 2 “OLHARES DO PASSADO”, Glória do Ribatejo. Um trabalho de recolha fotográfica, a preto e branco
19 das décadas 50/60, de Margarida Ribeiro, editado em 1999 e também deu a sua colaboração em publicações como: “ ESTUDOS SOBRE GLORIA DO RIBATEJO”, Edição de 2001 *Folhetos das exposições anuais da “Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural de Glória do Ribatejo” *Actas com o titulo “PELO TEJO ROMANO”, no Politécnico da cidade de Beja, onde fala sobre a presença romana no Porto Sabugueiro (Muge) do concelho de Salvaterra de Magos. Roberto Caneira, ao serviço da câmara municipal de Salvaterra de Magos, encontrou aí condições para mostrar todo o seu potencial de homem ligado à cultura, amiúdas viu-se com a publicação de várias edições com registos de efemérides que aconteceram ao longo dos tempos em Salvaterra, e até mesmo concelho, Este trabalho foi resultado da sua constante procura e recolha de material, mesmo fotográfico, para dar inicio ao desejado Arquivo Municipal. Em 2001 com tal material deu-lhe o ensejo de mostrar em exposições, edições de livros sobre um património etnográfico e arqueológico existente no concelho, que estava por divulgar.
20 Nos últimos tempos a riqueza do potencial apresentado nas edições dos Apontamentos Históricos sobre o concelho são disso um exemplo, a par dos colaboradores que vai conquistando para a feitura das edições da Revista Magos, que anualmente mostram o potencial do seu património, em textos de grande e profunda pesquiza, que vai enriquecendo um trabalho de investigação feito no concelho. Com o empenho de Roberto Caneira, também as exposições periódicas no Museu da Vala, e a feitura de eventos públicos, onde as cerimónia de agradecimento aos munícipes que ao longo das suas vidas merecem uma atenção especial dos edis, são constantes a par de uma mostra do percurso de vida do homenageado, são o culminar de um incansável trabalho que ele, dá ao visitante, abrindo muitas portas para o conhecimento pessoal de quem o visita, no campo turístico. *****************************
LUIZ AUGUSTO REBELO DA SILVA
Rebelo da Silva, nasceu em Lisboa, no dia 4 de Abril de 1822, filho de Luis AntónioRebelo da Silva e de Joaquina da Conceição Lima, e lá faleceu em 1871. O politico escritor, nada tem em linhagem de vida, que o ligue a Salvaterra de Magos. A maioria das suas obras, que nos legou, situa no campo do romance histórico, área em que recebeu
21 grande apoio de um outro escritor, Alexandre Herculano. Rebelo da Silva, para além de escritor, foi professor de História Universal e Pátria, no Curso Superior de Letras (1859) – Jornalista político, ministro e deputado. Dos seus estudos históricos sobre a história de Portugal, cinco volumes (séc. XVII e XVII) sobressaem, e num deles saiu a colectânea “Contos e Lendas” publicado em 1848. É um trabalho literário romanceado, que descreve um imaginário “brinco taurino”, onde o jovem Conde dos Arcos, perdeu a vida, cerca de 70 anos antes e inclui o título: “A ÚLTIMA CORRIDA DE TOIROS EM SALVATERRA”, quando da saída da edição, depressa se esgotou e ao longo dos anos, outras têm sido repetidas, tendo dado origem aos mais diversos pintores descreverem a cena da morte do Conde, na arena de Salvaterra, na presença do rei D. José e de seu pai, o Marquês de Marialva, outros na área da música, especialmente do fado, têm aproveitado este episódio, sendo sempre ouvido com grande emoção. Uma outra edição do livro “Contos e Lendas”, saiu na década de 60 do séc. XX, e foi editado pela Livraria – Civilização (Porto), sendo editor Américo Fraga Lamares
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No ano 2003, os autarcas de Salvaterra, depois de construírem uma nova urbanização no espaço, que circunda a praça de toiros da vila, deram ao mesmo, o nome do escritor, completando os festejos da inauguração, com um cortejo de trajes da época, pelas ruas da povoação.
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MANUEL ANTONIO NAIA DA SILVA Padre, Prof. Dr. Nasceu em Salvaterra de Magos, em 1941, sendo o sétimo e
último filho de Manuel Augusto da Silva e de Rosa Antónia Naia, pescadores vindos da Murtosa (Aveiro), nos primeiros anos do séc. XX,. Manuel Naia, enquanto menino também ajudou os pais na faina da pesca no rio Tejo, depois que saiu da escola primária, na sua terra, frequentou os seminários de Santarém, Almada e o do Cristo-rei (Lisboa), de onde saiu padre, com a frequência nos estudos teológicos. Na família, tinha já um religioso, um seu primo, que chegou a Arcebispo da Diocese Braga. Quando ainda Diácono, esteve na paróquia da Azambuja, onde leccionou, e nela iniciou a sua caminhada religiosa, depois de ordenado padre, em 18 de Dezembro de 1965, com a primeira missa, na terra onde nasceu.
23 No Couto (Caldas da Rainha) esteve muitos anos na sua paróquia.. O Padre Manuel Naia, sempre teve um gosto pelo ensino, foi director do Externato Diocesano Ramalho Ortigão. Em 1989, apresentou na Universidade Clássica de Lisboa, a sua licenciatura de doutoramento, com um trabalho a que deu o título: OCTÁVIO e Minúcio Félix. ,Como professor de Latim, dá a sua colaboração na Universidade Católica, e tem a seu cargo uma comunidade religiosa na zona de Benfica (Lisboa).
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TRABALHOS PUBLICADOS 1 – Livros: Temas Comuns no De Beneficíciis de Séneca e na Virtuosa Benfeitoria do Infante D.. Pedro (Dissertação de Doutoramento), Lisboa, Universidade Nova,1997
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Octávio, Minúcio Félix, Introdução e Comentário, (Dissertação de Mestrado), (“Col.Biblioteca Euphrosyne –7”), Lisboa, INIC,1990,198 pp.. Temas de História da língua Latina, Lisboa, Colibri,1998,116 pp..
2 – Artigos:
“O Tratado da Imitação e sua Estrutura”, In AAVV., Dionísio de Halicarnasso, Tratado da Imitação, (“Col.Biblioteca Euphrosyne –1”), Lisboa,INIC,1986, PP 35 -37 “Mensagem Cristã à Margem do Latim Cristão”, Humanitas, 50,1998,509-517 “A Memória dos Benefícios em Séneca e no Infante das Sete Partidas”, Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Tempo, Temporalidades,Durações, Lisboa, Ed. Colibri,12, 1999,331-340 “Bula de Nomeação do Segundo Bispo de Santarém” (Tradução do Latim), Boletim Informativo da Diocese de Santarém, 2. de Maio.1998; In Diocese de Santarém, 25 Anos, Vida e Projecto, Almondina,2001 “Benefício e Ofensa à Medida de Séneca”, Bolwtim de Estudos Clássicos, Coimbra, APEC, Instituto de Estudos Clássicos, 36, Dez.2001,99-107
“O Infante D .Pedro e a Tradução do Prólogo do De Officiis de Cicero, Boletim de Estudos Clássicos Coimbra, APEC, Instituto de Estudos Clássicos,38, Dez.2002, 93-101 “A Eneida de Vergílio ou a humanidade possível numa guerra de pactos e coligações” Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, nº16, Lisboa Ed.Colibri,16,2005,243-257 “As Invocações aos deuses na Teognidea” Boletim de Estudos Clássicos, Coimbra, APEC, Instituto de Estudos Clássicos, Junho,2005
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- Recensões Críticas:
“ André Neyton 1”Âge de 1” Or et 1”Âge de Fer »,Euphrosyne, NS, 13, 1985, 302-303 « Martin M. Winkler, The Persons in Thtee Satires of Juvenal », Euphrosyne, NS 14. 1986, 280-281
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– Em Periódicos:
“Thalassa” In Correio do Litoral, 1994 “Miguel Torga” In Correio do Litoral, 1995 Estudo registado por escrito para apresentação de um Guia de Iniciação ao Latim (Maximo Gaudio Linguam Latinam Disco, Universitária Editora, da autoria de Maria Alcina Martires Lopes), Argumentos Revista, Dez.2001
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JOAQUIM MANUEL CORREIA DA SILVA, e NATÁLIA BRITO CORREIA GUEDES (Drª)
JOAQUIM MANUEL C. SILVA, durante anos escreveu no Jornal “Aurora do Ribatejo”, de Benavente, e as suas pesquizas andavam sobre o passado histórico da vizinha vila de Salvaterra de Magos, terra de onde pretendia encontrar elementos genealógicos da origem de sua mulher, que remotamente descendia directamente dos Mestres Falcoeiros, vindos de Holanda, para a alcoaria real, no séc. XVIII. Eu, também colaborava naquele semanário, já antes por volta de 1959, um dia apareceu-me de máquina fotográfico, solicitando a minha ajuda na obtenção de algumas fotos daquele edifício já muito degradado à época, e alguns contactos com famílias cuja origem eram antigas na vila. O tempo passou, veio a falecer com os dados pesquisados por completar o seu trabalho reunidos numa edição gráfica. Sua filha, a Drª NATALIA BRITO CORREIA GUEDES, dando seguimento ao desejo do pai, reuniu aquele espólio e ordenado, com outras pesquizas efectuadas em várias fontes, foi especialmente na Torre do Tombo e no Ministério das Finanças, locais que guardam grande parte da documentação que fazem a história da vila, onde mais se documentou.
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Com a colaboração da câmara municipal de Salvaterra de Magos, em 1989, fizeram sair o volume, editado pelos Livros Horizonte “O PAÇO REAL DE SALVATERRA DE MAGOS” Quando exercia o cargo de Directora do Museu dos Coches, em Lisboa, muito se esforçou para a concretização de uma exposição sobre a arte da caça de Altanaria, concretamente a “Falcoaria Real em Salvaterra de Magos”, o que veio a acontecer naquele museu e depois nesta vila. Na inauguração daquele evento, em Lisboa, foi convidado e esteve presente, o primeiro-ministro Dr. Mário Soares.
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VICENTE FRANCISCO
Vicente Rodrigues Francisco, nasceu no lugar da Amoreira, freguesia de Rio de Moinhos, concelho de Abrantes, no dia 25 de Abril de 1912., viveu muitos anos radicado em Salvaterra de Magos. Vicente Rodrigues, pessoa idosa quando fez passar ao livro as suas recordações, continuava praticamente analfabeto. Na hierarquia do pessoal navegante das Fragatas, que trabalhavam no Tejo, chegou a Arrais. O primeiro tendo o titulo “RECORDAÇÕES DA NAVEGAÇÃO”, foi editado pela Associação dos Amigos do Tejo, com o apoio da Secretaria de Estado dAmbiente e
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Recursos Naturais, ano de 1987. Um outro livro, CANTOS DO TEJO, o Arrais Vicente Francisco, através de uma edição suportada pela câmara municipal de Salvaterra de Magos, em 1996, continua as suas memórias de navegante no rio Tejo, e dános a conhecer uma outra faceta da sua escrita; poemas.
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MANUEL MARQUES FRANCISCO
Nasceu em 1944, fez a instrução primária, na escola Carmona – Salvaterra de Magos, tendo a Profª. Natércia Assunção, depressa notado que Manuel Francisco, tinha aptidões para a poesia, pela forma como rimava a quadras. Na adolescência aprendeu e tocou acordeão, motivado pela “onda” de emigração clandestina a salto para França, nos anos 60 do séc. XX, foi também tentar a sua sorte naquele país. Não perder a sua veia poeta, mas nunca levou a sério esse valor, guardando o seu trabalho de grande inspiração. Entre a década de 70 e 80, colaborou com o Poeta/Escritor; Gabriel Raimundo, nos seus livros (Na Estranja), (Pontes, Túneis, Usinas e Maisons).
30 Regressado, a Portugal depois da revolução de Abril de 1974, Em plena liberdade, depressa foi motivado pelo Associativismo Agrícola nacional, a esteve presente em algumas reuniões preparativas de contestações nesta área.. Como empresário no campo técnico agrícola. A poesia, era uma companheira, nas horas livres, pois acredita no amor, na bondade, na tolerância e paz entre o ser humano. No campo do companheirismo, nunca esqueceu os seus amigos de infância, e até mesmo daqueles que
ano, de 1964,ainda jovens adolescentes foram seu companheiro na Inspeção Militar, e desde aí nunca deixou de organizar e estar presente na organização dos encontros anuais – assim vai matando saudades !... Um dia, em 2015, com tanto material escrito, encontrou na Editora Modocromia, espaço para a publicação dos seus poemas: Razão de Ser (2014 -Esgotado); Tempo, de outros Tempos (2015); são os livros, a que em breve se juntará Palavras de Cristal; Com Alma e Coração; Marinhais, Terra de Sonhos; Em quatro Gerações Vivas.
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JOSE ASSEICEIRA CARDADOR (Dr.)
José de Carvalho Asseiceira Cardador, nasceu na Chamusca em 1914. e desde muito novo veio para Salvaterra de Magos, onde casou e viveu, e após o falecimento, em 1986, foi sepultado no seu cemitério. O Dr. Cardador, enquanto pequeno agricultor na área da vitivinicultura, nos campos junto ao Tejo a caminho do Escaroupim, foi Vereador Municipal, interessando pela vida social e cultura, e neste campo deu o seu contributo às colectividades da terra. A Misericórdia de Salvaterra, também não deixou de lhe interessar, pertencendo várias vezes ao seu directório, e assim foi tomando conhecimento com o passado daquela Instituição. Por volta de 1974, já em idade avançada, foi até Coimbra, terminar o seu curso de história universal, onde se licenciou. A tese apresentada foi sobre a história da Santa Casa de Salvaterra, com o titulo: “Subsídios para o Estudo da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos”, da qual teve necessidade de mandar fazer
32 alguns exemplares – um para ficar na biblioteca daquela universidade, outros ofereceu-os a amigos. O Dr. José Cardador, passou a lecionar nas cadeiras de História Universal e Português, no Colégio de Nossa Senhora da Paz, em Benavente . Colaborávamos no semanário “Aurora do Ribatejo”, e a nossa aproximação pessoal foi mais intensa, e até chegamos a preencher a sua última página dedicada a “Salvaterra e seu concelho Com amizade ofereceu-me um exemplar daquele livro, com dedicatória, com o passar dos anos, aquele texto dactilografado, sofreu um “acidente”, o que muito o danificou, com pena minha. Os anos passaram, um dia, tive coragem de o recuperar para que não se perdesse – levei semanas a copiá-lo, e acabei de o publicar no meu blogue; “históriasalvaterra.blogs.sapo.pt.”, fazendo agora parte do meu acervo sobre a história de Salvaterra de Magos *********************
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JOSÉ AMARO (José Amaro d`Almeida) – Dr.
No ano de 1972, estava um dia bonito de Primavera, ao cair da tarde, um bater três vezes na porta de minha casa, levou-me a entreabri-la. Um senhor, de idade avançada, bem posto de vestuário, apresentou-se-me e, aí entabulámos um pequeno diálogo acompanhado de um apertar de mãos. Era o escritor, José Amaro (José Amaro D`Almeida), vivendo à longos anos em Lisboa, onde tinha consultório médico. Quando criança, depois da idade escolar, veio até Salvaterra, aprender o ofício, com seu tio/avô; Manuel Amaro com oficina de Ferreiro, mesmo ali à curva para a capela real. Na visita que me fez, ofereceu-me o livro “Contos do Ribatejo”, com uma dedicatória. José Amaro, dizem uns, nasceu em Lisboa, na Mouraria, no dia 9 de Agosto de 1916, e faleceu naquela cidade a 28 de Agosto de 1976, sendo filho do beirão, António Almeida, e de Evangelina Nunes Amaro, ribatejana de Almeirim., e bem cedo veio para a terra da mãe, para casa dos avós maternos. Depois de muito traquejar na vida, sempre estudando e já maduro de idade, licenciou-se e até foi professor no Instituto de Hidrologia, a par de estabelecido na capital, com um consultório, onde até fazia umas análises à urina, e aí detetava doentes com a Diabetes. Outros, como o nosso conterrâneo José Sabino d`Assis, estabelecido em Salvaterra, ali
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junto à torre da Igreja, e que na sua meninice, foi aprendiz de ferreiro, na oficina ali ao pé da capela real. O mestre Manuel Amaro, um dia apresentou-lhe para companheiro o seu sobrinho/neto, José Amaro, vindo de Almeirim. Este foi protagonista de uma situação que anos mais tarde contou, junto a outros em livro “ Contos do Ribatejo – 1972” (1), com o titulo “ O Último Dia do Lobo em Salvaterra” (2).
Apresentou esta narrativa , como verdadeira, apenas lhe dando o cunho literário, que antes publicou nas páginas do jornal “Vida Ribatejana” nos números 2738, 2739 e 2740 de Dezembro e 1971. Segundo o seu biógrafo, António João Gonçalves, que o recorda nas páginas do Jornal “O Almeirinense”, **************************************************** Notas: (1) – José Amaro, dedicou o livro “Contos do Ribatejo” À Memória de Minha Mãe” – Ribatejana de pura gema – Alma grande em corpo pequeno * (2) – “À memória do meu tio/avô Manuel Amaro, humilde serralheiro de ofício, inteligente e bom “
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Fotos obtidas por José Gameiro – 1980 1)
– Oficina de Manuel Amaro * 2) – Habitação do Mestre Manuel Amaro * 3) – Casa do Administrador Rebelo de Andrade
Publicações:
José Amaro (1974), Cartas de um Moinho Saloio, Lisboa: edição de autor, p. 177-183. (2) Op. cit. p.115. (3) In “Quero”, José Amaro (1971), Redondilha Maior, Lisboa: edição de autor, p.123. (4) José Amaro & José Soares de Almeida (1967), Variações sobre o Fado, Lisboa: Edições de Bolso. (5) José Amaro (1973), Contos do Ribatejo, Lisboa: edição de autor, p. 123. (6) In op. cit., últimas páginas.
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Nota: Também a Câmara de Salvaterra de Magos, em edições próprias, fez sair revistas e livros dos quais nos lembramos: O livro com o titulo “FORAL DE SALVATERRA DE MAGOS” (1992), que a colaboração do Arquivo Nacional da Torre do Tombo * A revista “ O FORAL”, cujo titulo trata “ O CONCELHO DE SALVATERRA DE MAGOS DA PRÉ HISTÓRIA AO SÉC.XVIII (Uma compilação de textos) editada em 1996 * UM OLHAR SOBRE SALVATERRA DE MAGOS, edição em livro (2001), que publica fotos das gentes do concelho* “HISTÓRIAS DA RESISTÊNCIA EM SALVATERRA DE MAGOS,” é uma edição da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos (1997), onde guarda as memórias de muitos filhos da terra, que foram perseguidos e torturados, pela polícia política – PIDE, apenas por manifestarem um idealismo de vida, diferente do regime que vingou em Portugal, cerca de 50 anos, até a Abril de 1974. * José Amaro (José Amaro d` Almeida), em 1972, publicou em CONTOS DO RIBATEJO, um episódio ocorrido na sua vida, quando adolescente, a que dá o título: O ÚLTIMO DIA DO LOBO EM SALVATERRA Também foi editado um livro editado em 1997, sobre o Centro Paroquial de Bem Estar Social de Salvaterra de Magos, com o titulo CENTRO PAROQUIAL, que regista os seus 50 anos de Acção Social em Salvaterra de Magos (1947-1997). Autor; Padre Agostinho de Sousa.
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II PINTORES JOÃO DA SILVA ANDRÉ
João Da Silva André, nasceu em Salvaterra de Magos, no dia 12 de Abril de 1924, filho de: Carlos Augusto André, Fragateiro/ou Marítimo, e de Maria Zeferina, doméstica. Seu pai trabalhando nas embarcações aportadas no cais da vala real de Salvaterra de Magos, vivia modestamente, ele bem cedo entrou no mundo do trabalho, como aprendiz de empregado de balcão, no estabelecimento de Augusto Pinhão, comerciante na terra. .Dois anos volvidos, passou para a construção civil, entrando mais tarde ao serviço da RARET, nas instalações da Glória do Ribatejo, onde se manteve até à idade da reforma. João André, já nas suas brincadeiras de menino, utilizava brinquedos por si construídos, e sendo um curioso das coisas da sua terra natal, que ia registando, no campo da poesia, só aos 50 anos de idade, teve a primeira oportunidade de mostrá-la, colaborando com um Conjunto Musical, que se formou na terra, que gravou um CD, quando da comemoração dos 700 anos do Foral de Salvaterra de Magos, e apoiado pelo município local. Também nesse tempo mostrou a sua pequena colecção de artesanato, que esteve em exposição na Capela Real da sua terra natal. .Tem trabalho feito, em pedra de lioz, onde esculpiu motivos sobre a trabalho rural e da vida marítima dos barqueiros da vala real, que fez em 1985 a
39 pedido do executivo municipal, quando do arranjo do espaço ajardinado, da biblioteca municipal. . A cerâmica, também era uma arte periodicamente lhe era solicitada para participação em eventos desta natureza. As escolas não deixavam de o solicitar a estar presente em algumas aulas, sendo conhecido pelos alunos pelo mestre – João André. PARTICIPAÇÕES EM EXPOSIÇÕES DE ARTES PLÁTICAS, ARTESANATO E CERÃMICA 1985 – 17/06 * Exposição de pintura, nas festas do Foral de Salvaterra de Magos 1990 – 03/06 * VI Exposição de Artes Plásticas (Artesanato ao vivo), em Benavente. 1990 – Exposição de Artes Plásticas (Colectiva) na antiga Capela Real em Salvaterra de Magos 1991 – Exposição de Artes Plásticas (Colectiva) na Capela Real, em Salvaterra de Magos 1991 – Exposição de Artes Plásticas (Colectiva), na R.T.P., em Lisboa 1992 – 01/08 * Exposição: I Mostra de Artes Plásticas “ Os Toiros e a Festa Brava” (1) 1992 - Exposição de Artes Plásticas (Individual), em Glória do Ribatejo 1992 – 04/12 * Semana da Cultura Portuguesa no Luxemburgo (2) 1992 – Exposição de artes Plásticas (FERSANT), em Torres Novas
40 1993 – 24/07 * Exposição “ II Mostra de Artes Plásticas” (Colectiva) na Capela Real, em Salvaterra de Magos 1993 – 24/07 * Exposição “ II Mostra de Artes Plásticas” – Tema: Escultura, com a peça “Passe de Peito”, na Capela Real, em Salvaterra de Magos (3) 1994 – Exposição de Artes Plásticas (FERSANT), em Torres Novas 1994 – 07/05 * Exposição “ III Mostra de Artes Plásticas” (Colectiva) “ Motivos Taurinos e Paisagens Ribatejanas”, na Capela Real, em Salvaterra de Magos 1994 – Exposição de Artes Plásticas (Comp.ª das Lezírias) – Filmada para a TVI 1994 - 04/25 * III Mostra de gastronomia de Marinhais – II do Concelho, realizada em Marinhais, pela AMAR
1995 – 09/06 * Exposição de pintura de artistas do concelho (Colectiva), quando das Festas do Foral dos Toiros e do Fandango, na Capela Real, em Salvaterra de Magos 1996 – Exposição de Artes Plásticas, em Samora Correia 1996 – 08/06 * V Mostra de Artes Plásticas “ Motivos Taurinos”, na capela Real em Salvaterra de Magos (4)
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1996 – 06/22 * V Mostra de Artes Plásticas, “ Paisagem Ribatejana”, na Capela Real, em Salvaterra de Magos 1997 – 07/06 * IV Mostra de Artes Plásticas, “ Motivos Taurinos”, Capela Real, em Salvaterra de Magos (5) 1997 – 13/09 * Exposição de Artes Plásticas, em Valkenswoard, Holanda (6) 1998 - Exposição de Artes Plásticas, em Benavente 2000 – Exposição de Artes Plásticas, em Benavente 2001 – Exposição de Artes Plásticas, em Benavente 2002 – Exposição de Artes Plásticas, em Benavente 2003 – Exposição de Artes Plásticas, em Samora Correia (1) – Diploma passado pela câmara municipal de Salvaterra de Magos (2) _ Festejos da geminação entre as duas localidades, Diploma da CMSM (3) – 1ªº Prémio em Cerâmica “Menção Honrosa – Escultura” – Diploma passado pela CMSM (4) – Menção Honrosa – Diploma da CMSM (5) – Menção Honrosa – Escultura, Diploma da CMSM (6) - 3ªº Prémio/Escultura, Diploma da CMSM
DAGOBERTO PINA
Dagoberto Manuel Henriques Pina, nasceu em 1953, em Lisboa, e desde menino, aos 7 anos de idade, veio viver com seus pais e irmã, para Salvaterra de Magos. Era Engenheiro Técnico Agrário, quando como autodidacta, em 1991, iniciou o gosto pela pintura. O gosto ficou, e para um maior aperfeiçoamento da técnica do desenho, logo frequentou um
42 urso de desenho com o professor Máximo Espósito, na cidade de Santarém. 1991 – Exposição colectiva nas Festas do Foral de Salvaterra de Magos 1992 – Exposição colectiva nas Festas do Foral de Salvaterra de Magos * I Mostra de Artes Plásticas subordinada ao tema “ Os Toiros e a Festa”, em Salvaterra de Magos * Exposição colectiva, no Luxemburgo 1993 – II Mostra de Artes Plásticas, em Salvater-ra de Magos 1994 – III Mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos 1995 – IV Mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos 1996 – V Mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos * I Exposição individual, na antiga Capela Real de Salvaterra de Magos * Exposição individual, no Restaurante Pina Manique, em Lisboa 1997 – VI Mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos * Exposição individual, na Galeria da Companhia das Artes, em Santarém *Exposição individual, na Biblioteca Municipal, em Constância *Exposição colectiva, em Valkenswaard (Holanda) * Exposição na Galeria Vieira Guimarães, em Tomar, de parceria com o pintor João Cabral 1998 – VII – Mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos
43 * Exposição individual, na antiga Capela Real de Salvaterra de Magos *Exposição no Centro Cívico de Animação “Edmundo Bettencourt”, Funchal (Ilha da Madeira) * Exposição no Palácio dos Álamos, em Alter do Chão, de parceria com o pintor João Cabral 1999 – Exposição colectiva, na antiga Capela Real de Salvaterra de Magos * Exposição, em Sousel (Alentejo), sobre o tema “ A Caça” * VIII – Mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos * Exposição, no Museu da Electricidade, Funchal (Ilha da Madeira), de parceria com o pintor D` Ornellas e Vasconcelos
ISABEL MIRANDA
Maria Isabel Miranda Fonseca Miranda (Ferreira Lino), nasceu em 1949, em Salvaterra de Magos, e aqui fez a escolaridade. Mais tarde, veio a formar-se no ISLA, como: Tradutora – Intérprete. manifestando-se as suas aptidões depressa revelaram uma inclinação para as artes plásticas. Para aperfeiçoar tal arte, recebeu aulas de desenho do mestre, Massimo Espósito, sediado em Santarém.
44 Nos anos oitenta, dedicou-se com grande intensidade à pintura e, nesse período de tempo foi júri de selecção numa mostra de Artes Plásticas, em Salvaterra de Magos. Desde 1989, integra o GART (Grupo de Artistas e Amigos da Arte). ALGUMAS EXPOSIÇÕES, ONDE EXPÕS INDIVIDUALMENTE 1994 – Salvaterra de Magos - (Capela Real) 1995 – Salvaterra de Magos - (Capela Real) 1996 – Montijo - (Museu Municipal) 1997 – Lisboa - (Teatro Maria Matos) 1998 – Lisboa - (Attium da Casa da Imprensa) 2000 – Caldas da Rainha - (Galaria Peppr´s) * - Viseu - (Galeria do Hotel Montebelo) * – Torres Novas - (Galeria Tabu) * – Viseu (Átrio do Hospital de Santo António) 2001 – Viseu (Galeria do Hotel Montebelo) ALGUMAS EXPOSIÇÕES, COLECTIVAS 1992 – Salvaterra de Magos (1ª Mostra de Artes Plásticas) * 1993 – Salvaterra de Magos (2ª Mostra de Artes Plásticas) * 1994 – Salvaterra de Magos (3ª Mostra de Artes Plásticas) * 1995 – Salvaterra de Magos (Capela Real) * 1995 – Salvaterra de Magos (4ª Mostra de Artes Plásticas) * 1996 – Santarém (Salão de Outono) * – Salvaterra de Magos (5ª Mostra de Artes Plásticas) * 1998 – Vila Franca de Xira (A Patriarcal) * – Alenquer (Bienal de Arte de Expressão Figurativa) * 1999 – Caldas da Rainha (Galeria Pepper´s) * 2000 – Alenquer (Bienal de Arte de Expressão Figurativa) * 2004 – Caldas da Rainha (Galeria Pepper´s)
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JOÃO DIAS CABRAL (Dr.)
*Licenciado em Veterinária, vive à longos anos em Salvaterra de Magos, onde exerce a medicina animal, também como médico municipal.*Autodidata nas vária técnicas de pintura, iniciou-se em 1993, na aguarela e mais tarde em óleo. Efetuou desde então exposições em várias Galerias , das quais se destacam; “Galeria Republicana”, Santarém; Capela Real de Salvaterra de Magos; em Tomar, nas Galerias “Vieira” e “Guimarães”; em Lisboa, na Galeria das “Janelas Verdes”; no Funchal, na Galeria “Edmundo Bettencourt”; em Valkenswaard, Holanda; Hotel Sheratou, Lisboa; Hotel Comfort, no Estoril, entre outras. Em 1994,97 e 98, recebeu o 1º prémio nas técnicas de desenho e aguarela, nas várias Mostras de Artes Plásticas, realizadas em Salvaterra de Magos.* Participou na ilustração do livro “Notas de Caça”, de
46 José M. da Cunha.*Ilustrou as capas dos 3 livros publicados pelo Engº. Carlos Rebelo de Andrade, sobre a raça ovina “Merino da Beira Baixa”, raça ovino “Churra do Campo” e raça caprina “Charnequeira”*Encontrando-se representado em inúmeras colecções particulares em todo o país e no estrangeiro. *A Universidade Sénior em Salvaterra de Magos, tem recebido o seu contributo, no ensino das técnicas de pintura a Aguarela. ************************* JOSÉ MANUEL DAMÁSIO CABAÇO
José Manuel Cabaço, nasceu em Salvaterra de Magos, em 1938, após a escola primária, tal como seu irmão Vidaúl Cabaço ,passou a trabalhar na oficina de seu pai – o mestre ferreiro, Sílvio Augusto Cabaço, e ali aprendeu a forjar o ferro, com Bigorna e carvão em brasa. Depressa o seu gosto pelo desenho manifestou-se e a arte de ferraria foi nascendo com bonitas peças de arte. A par do ferro, o pintura em desenho de carvão no papel, dava-lhe o prazer de copiar bonitos fotos. Cabaço, também ele dotado de imaginação, escreve poesia com muito talento. A sua colecção de desenhos guardada ao longo dos aos, deu-lhe oportunidade de expor na Biblioteca Municipal da sua terra.
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III ARTESÃOS Os oleiros; Domingos Gomes da Silva e Gabriel Maria Rosa, na freguesia de Muge, e o cesteiro; Vitor Gonçalves, em Marinhais, eram os últimos sobreviventes em 2015, que ainda fabricavam os artefactos de “Barro” e “Vime e Verga”,. Os primeiros um artesão no fabrico de louças de barro, enquanto o último se dedicava à cestaria. Ana Paula Henriques Guedes, Maria Isabel Damásio Andrade, Rita Maria Henriques Pina, Maria Claudina Codório, Maria Conceição Santos Fonseca, são nomes conhecidos, pelos trabalhos realizados na Pintura de Artes Decorativas. Os trabalhos feitos em Ferro Forjado, encontram nos ferreiros; José Manuel Cabaço, e seu irmão Vidaúl Cabaço, artesãosartistas muito procurados, na arte da ferraria – tal como portões e varandas. Os irmãos Cabaço, desde meninos aprenderam esta arte, com seu pai – o mestre ferreiro; Sílvio Augusto Cabaço, no tempo em que se usava a bigorna para moldar o ferro em brasa, e a forja a carvão.
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Fotos: Página 47
Fotos: 48 Trabalhos Ferraria Faceboock
José Gameiro
IV ARTESANATO
50 O Povo rural, especialmente o campino em plena Lezíria ribatejana quando tinha tempo, resguardava-se do calor, procurando a sombra de árvores, não deixava de fazer algum artefactos como: as esteiras para se deitar quer de dia, quer na noite, tal como os capachos usados em casa.
Estes utensílios feitos com espadanas/ou taboas, (erva nascida a esmo em zonas de águas paradas e terras húmidas, depois de cortadas, eram secas à sombra durante algumas semanas, e quando usadas voltavam a ser molhadas para melhor serem moldadas) As esteiras, enroladas eram colocadas sob suas costas, junto às selas nos lombos dos cavalos, tal com as mantas (mantas lombeiras). Eram trabalhos cuja aprendizagem vinha de criança, e guardados de gerações, A cestaria, também tinha o seu lugar, onde o salgueiro/ ou loureiros eram usadas. As mulheres, em tempo de inverno, quando os trabalhos do campo eram escassos, não deixavam de costurar a roupa, e aproveitavam pedaços de tecidos para fazerem pequenos adereços de artesanato que enfeitavam as camas e móveis.
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ARTESANATO Na Glória do Ribatejo, a feitura dos Bordados a Ponto Cruz, e as Toucas para crianças ainda se conservava muito enraizado entre a população, tendo na Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural, a sua preservação e defesa.
Na freguesia de Salvaterra de Magos, que alongava o seu espaço até aos Foro de Salvaterra, viam-se as moças bordar a Ponto Cruz, e outros utensílios em lã, feitos a duas agulhas. Nos últimos tempos, Maria Celeste Galricho, Maria Fernanda Santos Gomes, Joana Damásio são credenciadas artistas, enquanto Maria Manuela Cantador Pereira, se dedica às Rendas e Ajour.
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Na área da Pintura e Decoração do barro, Paula Cantador, se dedica à pequena pintura de objectos decorativos, de motivos da cultura regional, que vai exposto em certames de Artesanato, tal como: Lizarda Fernandes Jesus, nascida no Granho, vivendo em Salvaterra há mais de três décadas, que encontrou nos tecidos grande motivo para o artesanato Todos eles vão expondo nos certames realizados nas Festas da vila.
Os pratos de culinária, e doçarias usadas no campo ainda no dobrar do séc. XX, a par dos feitos pelas gentes varinas (cagaréus), marítimos e pescadores do Escaroupim, depressa passaram a ser procurados na restauração do concelho, com grande empenho do município de Salvaterra de Magos, que desde 1979, vem mantendo todos os anos, as Festas do “Mês da Enguia”, neste certame de gastronomia é aproveitado para o Artesanato concelhio ser apresentado ao público em grandes dezenas de pavilhões.
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*************** BIBLIOGRAFIA USADA: Das edições, cujos títulos são publicadas nas páginas deste trabalho, e os contos “”OS DIAS LONGOS”, “Á BEIRA DA ESTRADA” de Ângela Sarmento (Tareka) e “CONTOS DO RIBATEJO” (Editorial Organizações1972) BIOGRAFIAS: Pequenos resumos da vida e obra dos autores referenciados, nesta edição, com pesquisa e ordenamento do autor. FOTOS: Do arquivo do autor, e nas Páginas de João Cabral e Manuel Francisco – retiradas do Faceboock
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 31 Documentos para a história de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
Autor José Gameiro (José Rodrigues Gameiro)
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A ORIGEM DO CLUBE ORNITOLÓGICO DE SALVATERRA DE MAGOS - COSM Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR! Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 33 – 0 Depósito Legal: 256481 /07 Edição – 100 Exemplares – Março 2007
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2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 *********************************************
O Autor não deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990 * Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt
Fotos da Capa: - Aves da Ornitologia Desportiva e Emblema do Clube Oritológico de Salvaterra de Magos
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O MEU CONTRIBUTO A ornitófilia desportiva, vem do gosto de criar e manter aves em cativeiro, muitas das vezes ajudando a conservar as espécies em vias de extinção, introduzindo-as depois no habitat natural. A selecção metódica entre “primus pares” leva a que se encontrem exemplares de uma beleza tal que, os criadores nos tempos modernos, através das suas associações todos os anos os mostram em exposições-concursos locais, nacionais e até mundiais. Em 1991, depois de algumas mostras de aves, realizadas no antigo edifício escolar, que depois foi biblioteca municipal, nasceu o Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos- COSM, colectividade, que em poucos anos veio ocupar um lugar de grande relevo na organização do desporto ornitófilo em Portugal. O autor, também ajudou no aparecimento da estrutura federativa-AOSP, organismo até aí desconhecida em Portugal, pois o hoby ornitófilo era apoiado pelos poucos clubes que existiam no país. Porque foi um trabalho de grande persistência de um punhado de criadores, a sua divulgação já fez parte do Caderno de Apontamentos, incluído na colecção ”Recordar, Também é Reconstruir” Em Maio de 2011, fizemos ume edição em PDF sobre esta colectividade, para uma maior divulgação, dando satisfação a pedidos de criadores e associados desta colectividade.. Agora, passados alguns anos e porque continuamos apaixonados por este hobby, mesmo estando afastado da criação de aves, e porque a existência do COSM, conheceu algumas alterações acompanhando o progresso aqui estamos a editar em formato PDF, uma segunda edição. Março: 2015 O Autor JOSE GAMEIRO
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O Inicio da Avicultura em Portugal ! Decerto que as descobertas de novas terras, levadas a cabo pelos navegadores portugueses, no séc. XVI, são um marco importante para a criação e estudo das aves exóticas em Portugal. A partir, daquela epopeia marítima, nós os portugueses contactamos pela primeira vez, com novas aves cheias de exotismo que, passaram a fazer parte dos carregamentos das caravelas, quando do seu regresso à Europa. De inicio apenas a realeza, tinha acesso a tão fascinantes aves, e outros animais de pêlo, porque o povo, esse só muitos séculos depois a eles teve acesso mais directo, em exposições. Entre essas aves, os canários, aves da espécie dos Carduelios, vieram das ilhas oceânicas da Madeira e Açores, e das Canárias, cujo nome mais tem a ver por ser também lugar de habitação daqueles animais caninos. Em Portugal, o rei D. Manuel I, coleccionava animais de pena, e quando ofertava algum, tinha a delicadeza de informar – vieram das terras longínquas !
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Assim, este rei de Portugal, nos seus contactos políticos, com o Papa Leão X, enviou para Roma, como presente, em bem acondicionadas cestas de verga; Pavões, Faisões, Araras, Avestruzes e Canários, quando da embaixada portuguesa chefiada por Tristão da Cunha. Os galináceos de Timor e África, com os Palmípedes, eram as mais usadas nas amostras da corte portuguesa.
AS PRIMEIRAS EXPOSIÇÕES EM PORTUGAL Considera-se que o ano de 1903, foi o marco inicial das exposições públicas de aves em Portugal, e que tiveram lugar na cidade de Lisboa, levadas a cabo pela rainha D. Amélia, com a colaboração da Real Sociedade de Horticultura. Algumas fontes, sustentam que foi D. Pedro V, que fez a primeira amostra de aves e, tudo indica que o modo regular destes eventos no nosso país, teve lugar em 1907. No Largo do Chiado, em Maio de 1911, a comissão de avicultura da Associação Central de Agricultura Portuguesa, fez a sua exposição de aves e na sua inauguração contou com a presença do ministro, Dr. Brito Camacho. Esta comissão de avicultores, era constituída por: Dr. José Freire Andrade, Carlos Zeferino Coelho, José Diniz, Luiz Vasconcelos, José Rumina, Dr. Carlos Almeida Afonso e Leopoldo
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Cardeira. A última exposição levada a cabo por esta comissão, teve lugar em Maio de 1936, na Tapada da Ajuda. Também em Outubro daquele ano, o Grémio de Canaricultores Portugueses, que foi fundado um ano antes, organizou a primeira exposição de aves canoras e de ornamentação. Naquele tempo estava instalado o hábito do “passarinheiros” criarem as suas aves sem selecção e em grandes viveiros. No campo da ornitologia, foi um dado novo o aparecimento de exposições – aves de canto e ornamentais - onde os exemplares tinham lugares individuais. Em 1957, o “Grémio”, dá lugar à Associação de Avicultores de Portugal (AAP), e esta recebe a honra de organizar em Lisboa, o V Campeonato Mundial, um certame da “Conferedation Ornithologique Mondiale”, organismo cúpula internacional da ornitologia desportiva. Pela pronta e boa organização deste certame, logo aos portugueses lhe são cometidos outros eventos internacionais, nesta área. O VII Campeonato Mundial da C.0.M., em 1959 e, o XII em 1966 que teve nos novos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa – FIL. Um outro ainda, em 1970, foi realizado na capital, o XVIII –que deixou recordações, pelas novas mutações de exemplares ali expostos.
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Aos criadores do Norte do país, também foram solicitadas organizações a nível internacional., o I grande prémio Internacional do Porto (1960), Prémio Avícola do Porto (1960)., o II Grande Prémio Internacional do Porto (1962) e, o II Grande Prémio Internacional Avícola do Porto no mesmo ano. Por último na cidade da Maia, em Janeiro de 2001, teve lugar um outro campeonato mundial de ornitologia.
OS CRIADORES DE AVES EM SALVATERRA ! Por volta de 1950, na vila de Salvaterra de Magos, os passarinheiros ainda usavam as armadilhas – um método que vinham de à muitos anos atrás – para capturarem em terrenos abertos, aves da fauna europeia. O verdelhão, e o se primo, o pintassilgo, por serem pássaros canoras, eram muito solicitadas pelas casas de venda de aves, estabelecidas ali à borda do rio Tejo, em Lisboa, Os marítimos da vala real, por terem viagens constantes à capital, aportando ali em vários cais encarregavamse destas capturas. No concelho de Salvaterra de Magos, naquele tempo a floresta, ainda aqui tinha grandes manchas, onde se viam muitos bandos, de Corvídeos como: Os Gaios, Corvos, Pegas e Gralhas. Por serem aves imitantes da voz humana, era tradicional, à porta de uma taberna ou de uma oficina de sapateiro, uma daquelas aves,
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já “domesticada”, respondendo aos insistentes pedidos dos clientes, ou de quem passa-se na rua. Uma pequena gaiola de madeira, era usual ver-se em qualquer residência, com um canário. O periquito, também tinha entrado nos hábitos domésticos, desde que o naturalista inglês John Golden, os estudou e os trouxe da Austrália. A indústria do plástico, ao revolucionar o aparecimento de gaiolas naquele material, o criador passou a dispor destes acessórios mais funcionais e leves, também apropriados para a criação em canaril e, em sistema individual. Não sendo ainda um hábito, anilhar as aves, até para o seu estudo genealógico, em 1988, o autor deste trabalho, já com muita prática na columbofilia, filiou-se num clube existente em Lisboa – Associação de Avicultores de Portugal-AAP, e na Primavera desse ano, anilhou as primeiras crias nascidas. Depressa, em Salvaterra alguns criadores, se interessaram por estes sistema, que sendo um método seguro, quer para a identificação permanente, quer no registo de pedigree.
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AMOSTRAS DE AVES De 1988 a 1990, José Gameiro, António Pires Gomes e Jorge Manuel Marreiros, tomaram a iniciativa de organizar as primeiras mostras de aves em Salvaterra de Magos. O espaço disponível, foi a biblioteca municipal, cedida pelo executivo camarário, para estes certames, era o prelúdio de uma grande “caminhada” da ornitologia desportiva nesta vila ribatejana. A participação de diversos pássaros como: Canários, Psitacídeos, Exóticos, Columbídeos e Palmípedes, e o grande número de visitantes, foram o mote para a constituição de uma associação de criadores – o clube ornitológico se Salvaterra de Magos. Foram três anos de grande entusiasmo, que sendo uma novidade levou à divulgação deste hobby desportivo em Salvaterra de Magos, levando a juntar novos criadores que vieram a formar um clube ornitológico na vila.
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NASCEU O CLUBE ORNITOLÓGICO DE SALVATERRA DE MAGOS- COSM Em 21 de Março de 1991, um pequeno grupo de criadores, especialmente de canários, encabeçados por José Rodrigues Gameiro, no cartório notarial de Salvaterra de Magos, assinam a escritura pública da fundação do COSM.
SÓCIOS INICIAIS Por necessidade dos estatutos, e antes das primeiras eleições, aderiram como iniciadores do COSM os associados: “José Rodrigues Gameiro, Jorge Manuel Dâmaso Marreiros, António Manuel Pires Gomes, Carlos Alfredo T. Matias (Dr.), Maria Conceição da Silva Gameiro, Fernando Manuel Ferreira da Silva, António Miguel Rodrigues Gameiro, João Dias Cabral (Dr.), João Manuel Gomes Delgado, José Manuel Matias Coelho, João Luís Rodrigues e Angelo Miguel da Silva Gameiro” * Logo na primeira Assembleia Geral, foi votada favoravelmente a proposta de José Gameiro, ser o fundador com o número 001
67 A SUA IDENTIFICAÇÃO . Depois de vários desenhos, foi escolhido um apresentado pelo associado; José Gameiro, que tendo por base o brasão municipal com algumas adaptações: na faixa em branco o nome do clube: Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos-COSM, a encimar os lados aparecem dois canários de cor amarela, no centro um falcão, ave emblemática da antiga arte de falcoaria real, em Salvaterra de Magos. Este emblema passou a identificar a Associação, conforme era requisitado nos seus estatutos.
68 SEDE DO CLUBE A sede da colectividade, foi inicialmente instalada na rua Alm. Cândido dos Reis, numa sala cedida graciosamente no antigo edifício da creche paroquial, graças à colaboração do padre Agostinho de Sousa. Foi uma situação verificada durante quatro anos, e devido ao já elevado número de sócios que se vinha registando, o COSM deixou de utilizar aquele edifício paroquial. Todo o material e utensílios de exposições, especialmente gaiolas, património que as direcções, vinham enriquecendo anualmente o clube, estavam recolhidos, a titulo precário em instalações camarárias. Depois desta longa situação sem sede social apropriada, e numa iniciativa do associado Fernando Ferreira da Silva, foi alugada uma velha casa na Av. José Luís Brito Seabra (frente ao antigo palácio da falcoaria).
69 Em 2001, a direcção eleita sob a chefia de José Luís Lamarosa Ferreira, num trabalho de grande entusiasmo, leva a cabo naquela velha habitação, as necessárias obras, instalando a sede da colectividade, até porque o elevado número de associados justificava-o. EXPOSIÇÕES Depois da experiência da realização de Mostras de Aves, avançou-se para a I Exposição de aves canoras e ornamentais, que se realizou em 1991, no pavilhão desportivo da escola secundária – Dr. Gregório Fernandes - situação que se verificou durante os três anos seguintes. Nova etapa neste âmbito teve lugar desde 1998, nos celeiros da EPAC, edifício já na posse da câmara municipal, local onde se pretendia construir um novo Mercado Diário , Esta situação verificou-se até 2001.
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Com a assiduidade anual de exposições, o COSM, passou a ser um clube referenciado, e do norte a sul do país, novos criadores solicitaram a sua inscrição de sócios, requisitando anilhas oficiais. Os seus ficheiros depressa chegaram a contar com cerca de uma centena de associados. O bom relacionamento entre o COC (Clube Ornitológico Coruche) e a Associação Avicultores de Portugal – AAP (Lisboa), depressa levaram a que estas colectividades emprestassem gaiolas e outros acessórios para suprir a falta que se fazia sentir devido à grande procura, nas exposições-feira. O panorama da ornitologia nacional, estava no inicio da sua organização a nível federativo, a presença de representantes do clube, em várias reuniões foi solicitada.. Num desses encontros realizado em Almada, o presidente; José Gameiro, acompanhado de Jorge Manuel Marreiros, tiveram franca participação nos trabalhos, onde o presidente do COSM, propôs que a nível nacional que nas anilhas oficiais, em alumínio, consta-se o Stam do clube, e o de Salvaterra ficaria COSM, no emissão de anilhas do ano seguinte, verificou-se que o stam poderia comportar apenas três letras – o que veio a sofrer uma alteração para SMG Numa outra reunião, José Gameiro, foi ao encontro aceitando uma proposta vinda de representantes de um grupo de clubes do
71 norte do país, para a formação de uma Federação, representativa dos clubes. Na falta de unanimidade em os presentes, ficou deliberado a criação da AONP (Associação Ornitológica Norte Portugal) para os clubes do norte ,até Rio Maior, e da AOSP (Associação Ornitológica Sul de Portugal), que representaria do clubes do Centro, Sul e Ilhas. Mais tarde ainda se trabalhou na constituição de uma Confederação que incluísse as Associações já constituídas/ou a constituir – visto haver necessidade de uma represenção de Portugal, junto do COM – entidade mundial. Mais tarde a Associação do Sul, passou para FOSIP. O COSM E A CULTURA O Clube Ornitológico de Salvaterra, dando resposta corpo dos seus Estatutos, foi prestando apoio aos pedidos das escolas, quanto à conservação das aves na natureza e em cativeiro, no edifício da Escola Secundária e Preparatória, o presidente da colectividade José Gameiro, deu uma palestra sob o tema”Aves em Cativeiro – “comece pelo princípio”, levando mesmo os alunos a terem um primeiro contacto com diversos pássaros criados em cativeiro, especialmente canários, Um outro encontro no auditório da Escola da Escola Profissional da vila, teve lugar um colóquio sob o tema “AS AVES EM CATIVEIRO – UM HOBBY DESPORTIVO”, onde estiveram convidados credenciados Juízes (classificadores) portugueses acreditados a nível mundial.
72 RECUPERAÇÃO DE AVES No âmbito das suas obrigações, foi dando apoio na O COSM, , foi estando disponível para o estudo e ajudar na recuperação de aves vitimas de acidente, o que aconteceu muitas vezes, através da colaboração dos vigilantes da natureza, sediados em Coruche, as leva para o Centro de Recuperação de Aves – Boquilobo/Golegã. Aves como: Falcões, Tordos, Andorinhas, Pombos, Abatardas, Melros, Corujas e Mochos, foram algumas das espécies recolhidas.
Aves feridas e recuperadas * Fotos de José Gameiro
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AS CRISES DIRECTIVAS E ASSOCIATIVAS Conforme consta dos direitos dos associados/criadores, estes podem requisitar anualmente anilhas oficiais, e utilizarem as exposições-feira, promovidas pelo clube para exporem e venderem as suas aves. Durante anos a fio os dias da realização dos certames eram visitados por centenas de outros criadores e entusiastas deste hobby desportivo. No dia da atribuição dos troféus, era uma festa com a presença de familiares e amigos dos premiados. .Nos tempos de eleições para novos órgãos directivos, e na ajuda solicitada para a realização das exposições, os seus deveres, eram dissimulados com desculpas de vária ordem, para impedir a sua presença e contributo. O património associativo desceu, e pequenos dislates ajudavam a saída de alguns, dando mais tarde verem-se estes na origem do aparecimento de outros clubes na zona - ficavam assim, todos mais fragilizados. Os corpos directivos, são sempre difíceis de compor, quanto aos actos eleitorais. Nos últimos anos os sócios Rui Gaspar Pereira e António Pires Gomes e Nuno Rangel Grou, entre outros criadores de boa vontade lá vão conseguindo manter o COSM em actividade, e em 2015, com um bom plano de trabalho delineado para a época receberam do executivo camarário a cedência de uma sala/sede no edifício de uma antiga escola primária.
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RECONHECIMENTO:
José Gameiro em 1998 e 2014
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Edição: José Rodrigues Gameiro
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CADERNO DE APONTAMENTOS N.º 32 Documentos para a História De
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
OS SEUS DESPORTOS O Autor: JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Foto da Capa: - A equipa do CDS, em 1952
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: A ORIGEM DO CLUBE DESPORTIVO SALVATERRENSE (OS SEUS DESPORTOS) Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A 5 Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 34 – 7 Depósito Legal: 256482 /07 Edição: 100 Exemplares – Março 2007
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2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 ********************** O Autor deste texto não segue o acordo otográfico de 1990 * Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704
E - mail: josergameiro@sapo.pt
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O MEU CONTRIBUTO ! Estávamos em 1957, o campo da bola, em Salvaterra de Magos, foi instalado provisoriamente, nos terrenos, da Horta do Loureiro, propriedade da Misericórdia local. O último sitio, tinha sido em terreno camarário, por detrás do hospital, após várias mudanças, que vinham desde 1926. A Columbofilia, foi para além do futebol, a primeira prática desportiva a passar pelo Clube Desportivo Salvaterrense - C.D.S., antes que os seus praticantes organizassem uma associação. Ao longo dos tempos, todos os desportos e hobys praticados em Salvaterra de Magos, não deixaram de ter um vínculo com o CDS, sendo a colectividade mais antiga na vila. Um dia, em 1968, para um trabalho jornalístico, para o semanário; Aurora do Ribatejo, conseguimos durante alguns dias reunir com a ajuda do barbeiro; Alexandre Varanda da Cunha, um grupo que foram praticantes do futebol, nesta terra. Mesmo com a idade já avançada, não deixaram de nos prestarem uma valiosa ajuda. Com a recolha de tanta informação, não deixamos de a divulgar num primeiro Apontamento, no Caderno editado em 2007,onde juntamos outras modalidades desportivas, que se praticaram nesta vila, através do CDS, ao longo dos tempos. Também editamos um livro sobre a Origem do Clube Desportivo Salvaterrense, Agora chegou o momento de fazermos uma segunda edição deste Caderno revisto e aumentado.
Março. 2015
JOSÉ GAMEIRO
(José Rodrigues Gameiro)
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O FUTEBOL, O PRIMEIRO DESPORTO EM SALVATERRA DE MAGOS
Naquele já longínquo ano de 1926, vivendo em Lisboa, o casapiano; António Roquette, nascido em Salvaterra de Magos, vestindo a camisola de guarda-redes (Keeper, como então se dizia), da selecção nacional de futebol, enchia as páginas dos jornais, que noticiavam a sua fama Roquette, frequentemente vinha de visita à sua terra, e trazia consigo vários jogadores, entre eles: Mário Pita, Gustavo Teixeira e Victor Silva, ídolos do futebol lisboeta e nacional. Era por seu intermédio, que se realizavam amiúdas vezes, alguns jogos de futebol na vila, em campos e sítios improvisados. O gosto da sua prática começou a minar jovens, e para defrontar aqueles jogadores de Lisboa, os rapazes de Salvaterra, constituíram duas equipas; OPERÁRIO e o RURAL, mas as rivalidades, logo minaram a existência destes dois agrupamentos e o seu desaparecimento foi inevitável. Os jogos realizavam-se agora mais assiduamente nos terrenos do Massa pez, propriedade da casa agrícola Oliveira e Sousa, onde apareceu o Estrela.
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O ESTRÊLA FUTEBOL CLUBE
Com o aparecimento do Estrêla Futebol Clube, faziam parte da sua equipa, os jogadores: António Pinheiro, Nazário, Júlio Lino, Sebastião Cabaço, Fernando Luiz das Neves “O Ciranda”, Joaquim Santos (Tanganho) e Luís Figueiredo, entre outros. A SEDE DO ESTRÊLA
A sede do Estrêla Futebol Clube, encontrava-se na casa do director, Augusto da Luz, na rua Machado Santos, onde à noite na parede, era colocada uma pequena caixa em madeira, envidraçada, com uma vela no seu interior, servindo de reclamo do clube. A equipa, do Estrela, esteve durante algum tempo sob a orientação do jogador do Benfica; Victor Silva e, foi nesse período que apareceram os irmãos: Mac-Braid e José Morais, e outros dois irmãos de nome Cabaço, além de Júlio Lino, este como: guarda-redes.
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Foram jovens, que ao derem nas vistas e durante muitos anos foram ídolos neste desporto, especialmente o Mac, que em todo o Ribatejo, tinha grandes admiradores. O entusiasmo provocado na vila, com os resultados obtidos, pelo Estrela, que entretanto defrontava equipas de terras vizinhas, determinando a realização de um torneio. Nele jogaram os jovens da vila, integrando equipas como: Os Morcegos, O Marítimo, O Rural, O Sempre Aparece, O Coração, e o já consagrado Estrêla. Nos jogos disputados, deram mais nas vistas, Joaquim Cunha, Mário Antão, Mário Caramelo, Francisco Magalhães e Eurico Borrego. O GREMIO ARTÍSTICO SALVATERRENSE
Em 1938, existia em Salvaterra de Magos, a associação recreativa – o Grémio Artístico Salvaterrense, cuja fundação vinha do Dia de Reis, do ano de 1925. Esta colectividade, tinha a sua sede na Trav. do Forno de Vidro, e apenas como associados pessoas que tivessem profissões de operários como: Pedreiro, Barbeiro, Padeiro, Caixeiro de Balcão e Carpinteiro de Obras.
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Aos outros trabalhadores como: Sapateiro, Funileiro, Carpinteiro de Carros e Trabalhadores do Campo, era-lhes vedado a condição de sócios, utilizando a população em geral aquele convívio social, apenas em dias de bailes, ali organizados. CLUBE DESPORTIVO SALVATERRENSE
Em 1947, numa assembleia-geral, sendo Presidente da Direcção, o Mestre – Ferreiro; Silvio Cabaço, que propôs e foi aceite a extinção do Grémio Artístico, e nasceu o Clube Desportivo Salvaterrense – CDS A equipa do Estrêla Futebol Clube, é convidada e aceita integrar-se no Clube Desportivo Salvaterrense – CDS, deixando o antigo sistema, da sua sede na residência de um dirigente. O jovem barbeiro, Alexandre Varanda Cunha, agora dirigente do CDS, tem a ideia do emblema do clube, e com outros, como José da Quitéria, pintam o símbolo da colectividade, que tem em fundo uma roda de bicicleta, pois naquela época vivia-se a paixão do ciclismo. Muitos jogos foram realizados, quer em campeonatos distritais, quer em condições de amizade, com outras equipas vizinhas como: Benavente, Coruche, Almeirim, Cartaxo e Azambuja.
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Por intermédio dos irmãos Ruy e José Andrade, grandes adeptos do Benfica, trazem a Salvaterra, a sua equipa de futebol, onde jogam no dia 2 de Abril de 1950. De 1954 a 1957, a prática do futebol esteve praticamente inexistente no CDS, mas naquele último ano, foi retomada, estando à frente da direcção; João Morais Alexandre e Sérgio Filipe Andrade. A antiga “Horta do Loureiro” propriedade da Misericórdia local, foi o local escolhido para a instalação de um campo provisório, onde ainda se encontra.
A MOTONÁUTICA
Nos anos 60 do séc. XX, o Clube Desportivo Salvaterrense, já tinha
aberto as suas portas a outras modalidades desportivas, como uma secção de: Motonáutica, que estava agora em franca expansão no país. Salvaterra de Magos, com o rio Tejo, e a Barragem de Magos, nos seus subúrbios, teve em Mário Maymone Madeira, os irmãos; Manuel João e José Raposo, os irmãos Ramalho e Mário Gonzaga Ribeiro entre outros, a sua representatividade neste desporto motorizado.
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O CICLISMO
Retomando uma tradição antiga que, vinha dos “duelos” Nicolau e Trindade, em que Joaquim Pinto Figueiredo (Joaquim Tarau) e Fernando Vieira Andrade (Fernando Tapada), foram praticantes, muito recordados pelas gerações antigas. Alguns jovens interessavam-se pela modalidade, e em 1961, uma equipa é constituída através de uma secção no CDS, A oportunidade de ali se instalar foi dada através de um comerciante de bicicletas acabado de se instalar na vila. Naquele ano de 1961, a equipa disputa várias provas de grande relevo no panorama desportivo nacional, para iniciados, onde alguns obtêm bons resultados.
Equipa do CDS, coa camisola “Aivil” sua, patrocinadora * o Autor é o penúltimo do grupo * Foto José Gameiro
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Dando nas vistas, alguns são cobiçados pelo Benfica, Sporting e Vilafranquense, clubes que vêm a representar. Ainda naquele ano, realizou-se uma grande prova de ciclismo, em Salvaterra de Magos, com 20 voltas à vila, onde participaram os ciclistas mais credenciados do país, O ANDEBOL Também o Andebol, pela mão do Prof. Fernando Assunção, depois de passar pela Casa do Povo, encontrou no Desportivo Salvaterrense, condições de disputar vários campeonatos. No inicio da sua existência, vários foram os atletas que se notabilizaram, e foram representar clubes de escalão nacional, entre eles: João Santa Bárbara, no decorrer da sua existência como atleta, foi homenageado a nível de governo, por ser o mais representativo à data, na selecção nacional.
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O VOLEIBOL A modalidade do Voleibol, teve no seu início uma secção no CDS, que durou cerca de dois anos, mas com uma actividade “acidentada”, levando os seus responsáveis a sair e criar um clube com nome de, VOLLEY CLUBE DE SALVATERRA A PESCA DESPORTIVA
Sendo um hoby mais de cariz íntimo e pessoal, faz despertar grande interesse num grande número de adeptos. Uma secção desta actividade, teve pelo CDS, em 1968,a sua actividade, participando em vários concursos da modalidade, onde se destacaram entre outros; Manuel Inês Ferreira e sua esposa, Raquel Ribeiro, que no seu activo desportivo, têm o título de campeões nacionais. Mais tarde o grupo deixou o Salvaterrense, e representando outras camisolas, o casal Inês, tem sido chamado a participar em campeonatos dês pesca, além fronteiras, onde já foram campeões.
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O ATLETISMO Os bombeiros da vizinha vila de Benavente, em 1973, realizaram uma corrida desta modalidade. Um grupo de jovens de Salvaterra de Magos, composto por: António Simões Guedes, José Luís Lamarosa, João Luís E. Pinheiro e José Luís Pinheiro, participam nela, representando os bombeiros da terra. O entusiasmo cresceu, e no ano seguinte a secção criada nos bombeiros, levou a cabo a realização de uma prova interbombeiros, pelas ruas da vila, numa distância de 15 kms, onde se inscrevem 95 participantes. Os representantes dos bombeiros da terra, são os vencedores, com o primeiro lugar, para António Guedes e o 3º para Carlos Duarte. Em 1983, estes na esperança de melhores contactos desportivos, fazem abrir uma secção no Clube Desportivo Salvaterrense, são seus responsáveis; Joaquim da Conceição e António Simões Guedes, mas devido a várias “situações”, a equipa e a modalidade deixaram de existir.
O JUDO
Foi nos Bombeiros de Salvaterra que a modalidade, teve o seu início, em 1981, por intermédio do jovem Júlio Marcelino, que agregou a participação de 70 entusiastas.
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Volvidos três anos, uma secção no CDS, dá apoio para a participação em competições de nível federado, mas dificuldades de vária ordem depressa, o conjunto fica reduzido a 29 praticantes., acabando por “morrer” algum tempo depois.
O HOQUEI EM PATINS
O Parque Infantil tinha acabado de ser construído, tinha um ringue, uma pista com piso cimentado para vários desportos. Um grupo de jovens, em 1976, levado por alguns que já sabiam patinar, começam no exercício de aprender aquela modalidade. Uma secção, é criada no Clube Desportivo Salvaterrense, para as necessárias inscrições e participações em provas de calendário. O seccionista, Nelsou Caleiro, esforçou-se na remoção da carga burocrática, que a modalidade impunha, e depressa uma equipa composta por: Luís Silva, Carlos Cantador, Jorge Castanheira, José Adão, Manuel Maria, Amadeu Silva e
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Manuel Pedro, defronta a equipa do Clube Desportivo de Torres Novas, e sofreu uma derrota de 12-0. Em 1977, sob a orientação do antigo praticante, Mário Duarte, recebeu o Sport Lisboa e Benfica, para a taça de Portugal, foi eliminada da prova. No ano seguinte, orientada por um outro antigo praticante, Fernando Conde, ainda realiza alguns jogos, as dificuldades financeiras, são a origem do seu desaparecimento
OS TRAMPOLINS Foi com o entusiasmo dos prof. António Lopes e Joaquim Raposo, que a modalidade dos Trampolins, se iniciou em Salvaterra de Magos. Numa prática com treino regular, apontando para as competições desportivas, foram criadas equipas, que representaram, os serviços sociais da Câmara
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Municipal de Salvaterra de Magos, e o Núcleo de Trampolins da então escola C+S de Salvaterra. A Ginástica – modalidade de Trampolins ganha novo impulso com o prof. Carlos Matias, que treinando um vasto grupo de jovens atletas, leva em 1991, alguns a serem selecionados, três atletas com as classificações seguintes: Christina Kenitz, 9º, João Santos, 25º em iniciadios, e Sérgio Patrício, 17º em seniores B. Em 1993, sob a orientação do Prof. Carlos, já integrados, numa secção no Desportivo Salvaterrense, A modalidade ganha novo alento, onde o seu presidente da direcção Eng.º Helder Esménio, teve papel de grande relevo, com o apoio dado aos atletas, que viriam a ganham lugar de destaque mesmo a nível nacional e mesmo mundial.
A procura dos jovens por esta modalidade, leva, a câmara municipal, a disponibilizar um velho armazém, para servir de
94 pavilhão de treinos e competições. Em 1996, os atletas, Amadeu Neves, Christina Knitz e Mariana Cardoso, são convocados para representar Portugal, no campeonato do mundo que se realizou no Canadá. Esta modalidade, ganha de novo impulso, e desliza-se do CDS, sendo criado o Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos, e o prof. Carlos Matias, vai continuando a ser uma grande referencia, para atrair a juventude, fazendo naquele “viveiro” grandes praticantes desta modalidade de ginasta, que são escolhidos para representarem Portugal, em provas mundiais.
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Vítor Cabaço e João Santa Bárbara, António Figueiredo, e Júlio Piçarra, atletas iniciados no CDS, jogaram na selecção nacional portuguesa, e representaram outros clubes de nomeada, em Portugal.
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Selecção nacional de futebol, por intermédio de António Roquette, jogou em Salvaterra de Magos, num jogo treino
Equipa de Andebol do Clube Desportivo Salvaterrense
Equipa de Voley, do Clube Desportivo Salvaterrense
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BIBLIOGRADIA USADA: * DOCOMENTOS PARA A HISTÓRIA DO CLUBE DESPORTIVO SALVATERRENSE * livro do autor, pronto a ser editado.
* Notícias publicadas na época, pelo autor, na comunicação social, especialmente no Jornal Vale do Tejo, em 2002 * Artigos sobre desporto, publicados no Jornal Vale do Tejo – Ano 2000
FOTOS USADOS: * Pág. 2 António Roquette, Jogador do Casa Pia, e da Selecção Nacional + Pág. 4 – Equipa do Estrela Futebol Clube: 1º Plano – Joaquim Amaro (Moliço), Jaime Quitério, Alberto Couto, Manuel da Silva ( Manel Néu) Geraldo Andrade e João Inácio – 2º Plano: Joaquim Cunha, Júlio Caniço, MacBraid Fernandes, Victor Damásio, Victorino Oliveira e Júlio Lino * Pág. 5 – Ano: 1947 * Equipa do Clube Desportivo Salvaterrense: 1º Plano: Mac-Braid Fernandes, Manuel João Raposo (Raposo II), José Luís Borrego, Joaquim Cunha e José Luís das Neves * 2º Plano: A. Rodrigues (Director), Manuel Nu, José Raposo (Raposo I), Victor Damásio, Jaime Quitério, João Tavares, Mário Caramelo e Alfredo Magalhães * Pág. 6 – 1964 * Equipa da Scudaria Magos – CDS * Pág. 7 – Joaquim Pinto Figueiredo (Joaquim Tarau) * Ano de 1961: Equipa de ciclismo do CDS - Alfredo
98 Xavier, Daniel Carvalho, Mário Leal, José Gameiro, e José Manuel Damási (Humberto Fernandes - Treinador) * pág. 9 - Raquel Ribeiro e seu marido Manuel Inês, quando em competição, num concurso de pesca, representando o CDS * Raquel Ribeiro, Campeã Europeia de Pesca Desportiva – Anos: 1980, 1984 e 1993 (vice-campeã nacional) *Pág.10 – Ano: 1984 – O Judoca, Júlio Marcelino em competição, realizado num torneio em Esposende. * Pág. 11 – Ano: 1977, Equipa de Hóquei em Patins do CDS * Pág. 12 – Ano: 1994 – Equipa de Trampolins do CDS * Pág. 16 - - Mac-Braid Fernandes, António Cadório (Leitão) e José Morais
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 33
Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
*Uma via para o seu Desenvolvimento Demográfico e Socioeconómico*
Autor JOSÉ GAMEIRO
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Primeira Edição
FICHA TÉCNICA: Titulo: A VALA REAL (Uma via para o seus Desenvolvimento Demográfico e Sócio-económico) Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 35 – 4 Depósito Legal: 256483 /07 Edição: 100 Exemplares – Março 2007
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********************** 2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 *********************
* Tel. 263 504 458 * 918 905 704 E - mail: josergameiro@sapo.pt
O Autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990
Fotos da Capa: - Curso da Vala Real desde a Montante até à Ponte - 1985 * Curso da Vala real para Jusante, desde a Ponte com os barcos Fragateiros, aportados - 1950
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O MEU CONTRIBUTO A económica de Salvaterra de Magos, via-se pelo constante trânsito mercantil, das Fragatas, que iam e vinham com as marés do rio Tejo, movimento que as leis assinados por reis ao longo dos séculos, lhe davam grande importância na riqueza do país. Eu, que morada no botaréu, ali ao lado da Capela, no dobrar do séc. XX, não deixava de brincar com o rapazio da zona na calçada do cais, uma obra construída em 1936, e dos velhos marítimos, que por ali deambulavam, ouvíamos histórias, como aquelas dos golfinhos que vinham desde Alverca, saltando ao lado dos barcos, até junto da boca da vala, regressando junto a outros que viajavam até Lisboa. No final das cargas, ou descargas, havia as caldeiradas, feitas pelas mãos dos fragateiros, com jeito para a culinária, Comida, acompanhada de vinho bebido pelos garrafões, que mandavam os rapazes buscar na taberna do Ti Artur Xavier, ou então surripiado nos muitos barris que por ali aguardavam carregamento. Das suas comidas, ao rapaz que fazia o “recado” davam um naco de pão com enguias fritas – daquelas grossas que depois de meia-cosidas, dando gordura à refeição, eram retiradas para fritar, e comidas como conduto. No final do repasto havia cantoria aos disfarces e tudo acabava em bem. Na primeira metade do séc. XX,
104 ainda mostrava a grandeza do seu porto, um cais onde aportavam algumas dezenas de barcos. Os fragateiros, já não faziam navegação rio abaixo, rio a cima até terras de Abrantes, o caudal estava escasso, especialmente no verão, a Barragem do Castelo de Bode, tirara-lhes essa riqueza – a água. Foi o primeiro sinal de morte, para uma navegação que vinha de séculos, pouco depois em Dezembro de 1851, com a inauguração da ponte de Vila Franca de Xira, foi o seu fim. Os Varinos/Cagaréus, que um dia vieram das terras de Ovar, para Lisboa para (re) povoar o bairro da Madragoa, após o terramoto de 1755, Alguns séculos depois, no final do séc. XX, algumas outras famílias chegaram a Salvaterra, vindas dos lados da Murtosa, fazendo por aqui a pesca do peixe do rio. Os anos passaram, para eles também havia tempo de mudança, o pescado já não dava para sustento da família, os mais velhos eram poucos – os filhos, estavam procurando na emigração novas formas de sustento. A Construção civil, foi o refugio para muitos. Ao homem do campo, foi tempo mudar de rumo, mesmo que lentamente, iam de abalada à procura do trabalho fabril, tornavam-se operários, nova vida económica social e cultural, os esperavam naquela mudança. A mecanização e o regadio das terras, chegara e a dispensa da mão humana (grandes ranchos), e as
105 manadas de gado, já não interessa ao seu desenvolvimento produtivo. Tal mudança, não deixava de afectar o trabalho dos fragateiros da vala, as camionetas de carga, estavam agora a substituí-los. O cais por vezes tinha um aspecto desolador – sem movimento. Ainda vimos e assistimos às descargas de muitos e grandes caixotes de madeira com material, que veio dos Estados Unidos da América, com destino à Glória do Ribatejo. A RARET, estava a instalar-se nos seus terrenos. Um outro produto estava a ser usado na agricultura da região um adubo (preto), pesando cada saca uma centena de quilos cada uma - eram toneladas, que os fragateiros carregavam às costas, num vai e vem através de pranchas de madeira, para camionetas e carroças, enchendo os antigos celeiros de cereais. da vila Talvez aquele trânsito nada tivesse a ver com o movimento que o porto marítimo tivera durante séculos, iniciado na época da Idade Média, e que foi o ponto do seu desenvolvimento mais notório no séc. XVIII, época em que a realeza vinha ao seu Paço Real, e ali aportava nos Bergantins. Passados alguns anos desde a edição do primeira Caderno, consideramos agora oportuno a edição de uma segunda, devidamente revista e aumentada. Março 2015 JOSÉ GAMEIRO
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I A BACIA DO VALE DO TEJO O grande Vale do Tejo, segundo nomenclaturas editadas nos finais do séc. XIX, os geógrafos, atribuíam ao período do Quaternário, a existência da região, agora denominada por terras da Lezíria, limitada administrativamente pelas Beiras, e Alto Alentejo. Estando grande parte das suas terras na Estremadura (1936-1976)
Segundo aqueles estudos, estava situada como tendo duas subregiões: o Ribatejo Norte e o Ribatejo Sul, pois encontravam-se separadas, por uma bacia hídrica, cuja relevância se dá especialmente no rio Tejo. A província do Ribatejo teve uma duração de cerca de 40 anos., em 1996 passou a incorporar-se nas 8 regiões então criadas.
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No final do do séc. XIX, e no primeiro quartel do séc .XXI, a vasta Lezíria, onde se descortinavam muitas áreas de terras de aluvião, junto às margens daquele curso de água, encontravamse grandes mouchões. Nessa zona de grande planície, o armazenamento de águas das cheias, que todos os anos ali ficavam depositados naquelas terras, eram locais pantanosos, que provocavam em época estival, doenças como: a malária, aos povos vizinhos. No primeiro Foral de Salvaterra, arquivado no tomo I. página 616, da Portugaliae Monomenta Histórica, escrito em latim, onde à mistura com privilégios concedidos, constam já aquelas situações que vitimava as populações de borda-de-água.
II A VILA DE SALVATERRA DE MAGOS, E A VALA REAL
O Foral de 1 de Julho de 1295, atribuído pelo monarca, D. Dinis, que manda povoar a vila de Salvaterra de Magos, nas exigências feitas, constata-se o uso da via fluvial, para movimentar através do rio Tejo, produtos agrícolas e outras mercadorias. Os trabalhos da abertura daquela Sangria, tinham começado no sítio da Ameixoeira, passando pelo sítio de Magos, onde
108 deveria existir um Paul, sendo o seu ponto de ligação com o Tejo, a Boca da Goiva. A dita obra de abrir a “sangria”, ainda não estava completa, conforme se lê no Foral do rei D. Manuel I, concedido a 20 de Agosto de 1517, a Salvaterra de Magos.
Também o rei D. João IV, em 1650, fazia constar, numa determinação real “ Por constar que o Paul de Magos”, não está ainda aberto, mandava-o ele abrir, por conta da renda do Infante, despesa calculada em 45 mil cruzados ficando com légua e meia de comprimento, num percurso de nascente para poente. Foi seu último donatário; Pêro Guedes, antes da sua passagem para a casa real e entregue ao infante D. Luís. A VALA REAL
Junto às primeiras casas lado Norte, num pequeno logradouro de lodos, aportavam pequenos barcos de carga de mercadorias, que navegavam numa pequena vala, sujeita às águas das marés, vindas do Tejo. Por vezes viam-se os de vela latina, que faziam as viagens longas, com destino a Lisboa e Santarém. Nalguns documentos, nota-se a informação da existência de uma passagem em madeira, que servia de ponte a caminho do campo, dando acesso à estrada dos “espanhóis (Almeirim e
109 Santarém) e à barca que no Tejo, ligava à outra margem, para Valada, Cartaxo e Azambuja.
1954 – Rapazes descalços sentados na muralha da Ponte da Vala ( o autor – José Gameiro), é 3º lado Esquerdo
Um documento de 1758, descreve que a Vala Real/ ou Sangria, tinha uma ponte de cantaria junto da vila e, de permeio com uma outra a montante, umas portas/ou sarilhos,no valado do lado direito, que alimentava um moinho de água, para moer arroz (1).
********* (1)- Nos anos 50 do séc. XX, ainda se viam no valado (margem direita), algumas das suas pedras * Nelas as mulheres, 20 anos antes ali lavavam a roupa * Agora estão tapadas pelo lodo e terra, com salgueiral por cima.
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Da vila, a menos de eia légua vislumbrava-se a margem esquerda do rio, as suas águas no verão que corriam mansamente para Lisboa,, vindas em linha desde as entradas de Rodão.. Ao longo dos tempos, o constante aumento do movimento de mercadorias e, até do trânsito de pessoas, que o cais da Vala Real suportava, vindas nas fragatas registadas na sua portagem, e de outras que vinham de Alcochete, Montijo, Azambuja, Vila França de Xira, Constança, Santarém, Moita e Benavente, aumentavam o tráfego daquele estreito caudal de água. Também os pescadores, especialmente os Varinos/ou Cagaréus, vindos das terras de Aveiro, no séc. XVIII, para o (re) povoamento do bairro da Madragoa (Lisboa), após o terramoto de 1755, também desde aquele tempo por aqui passaram a pescar no rio em pequenas bateiras, fazendo a lota do peixe, no cais da vala. Os valados da vala, periodicamente tinham de ser reparados, pois os rombos provocados pelas águas das cheias, que todos os anos vitimavam animais e culturas, num ciclo vicioso. Em 1908, devido a um Inverno chuvoso, que durava há meses, a falta de trabalho dos trabalhadores do campo, levou o presidente da câmara municipal a escrever um pedido, a sua magestade o rei (*), a limpeza da vala real, e seus valados deram trabalho aos habitantes do concelho e de outras terras vizinhas.
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Ponte antiga e Muralha * José Gameiro
Uma outra grande obra em 1941/42, foi efectuada na Vala Real de Salvaterra de Magos, o seu cais foi totalmente remodelado, uma vasta zona recebeu estacaria, alguma com 12 metros de comprimento, sendo depois revestido todo o local com uma camada de betão e calçada portuguesa. Uma muralha em pedra, concluiu aquela benfeitoria, ladeando a estrada de acesso ao campo, terminando no muro da sua ponte. A construção desta, segundo alguns especialistas poderá ser da época da ocupação filipina, em Portugal., no séc. XVII, até porque nesse período de tempo, tanto o palácio como outras edifícios reais de Salvaterra, foram alvo de ampliação e conservação. Consta que a ponte da vala real foi reconstruída em pedra aparelhada, tendo entre as suas duas bocas, a Jusante e Montante, corta águas para “amansar” a corrente, obra mandada construir quando da visita a esta vila, do rei Filipe III **************
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(*) A LIMPEZA DA VALA
Já depois da “morte” do seu tráfego marítimo com Fragatas, após a construção da Ponte de Vila Franca, em 1951, periodicamente, aquele espaço que serviu de porto da Vala Real, tem sido sujeito a trabalhos de limpeza, especialmente na retirada dos lodos da bacia do cais, pois estes crescem devido à falta da intensa navegação daqueles barcos, Nos últimos anos outros usos têm sido dados à vala real, em 1980, ali foi construída uma comporta, por cujo pavimento passou a efetuar-se o trânsito – ao lado, a ponte original, ficou esperando uma “morte lenta”, pois nunca mais foi reparada e conservada. Em 1987, uma notícia na comunicação social, dá conta da presença do membro do governo, Carlos Pimenta, em Salvaterra de Magos, pois veio apreciar um projecto que no futuro dava àquele espaço secular, um novo tipo de utilidade – uma marina, que seria enquadrada numa vasta obra de recuperação do local e até mesmo do rio, até ao Escaroupim.
Construção do Cais Vala * Fotos retiradas da Revista Magos III –CMSM 2015
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Fotos de José Gameiro
Foto – José Gameiro
Um pequeno túnel, dava acesso à chamada vala pequena, ladeada de um lado, por árvores plantadas no final do séc. XIX, por aquele chegavam as águas da drenagem dos terrenos dos Foros de Salvaterra, e até mesmo as sobras de um grande tanque que servia para os animais beberem quando ali passavam em manadas. Era a vala da pardaleira, como o rapazio lhe chamava no dobrar do séc. XX, um bom local para as crianças aprenderem a nadar, antes de passarem para a vala grande. Naquele sitio os autarcas da terra, acharam por bem, em 2000, construírem, uma ETAR, onde passava a ser canalizado todo o esgoto doméstico da vila. Para aproveitar o espaço do cais e de um antigo casario ali existente, o executivo municipal, em 2005, ali mandou construir um edifício para fins culturais, obra que foi muito contestada
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* ) – Cópia do pedido da Câmara Municipal, para a limpeza da Vala real A Câmara Municipal do concelho de Salvaterra de Magos como representante dos interesses do seu município, não pode deixar de mais uma vez implorar a attenção de Vossa Majestade para uma das mais urgentes necessidades do seu concelho afim de que Vossa Majestade se digne dar –lhe remédio. Existe neste concelho uma valla que partindo desta villa se dirige ao Tejo, constituindo a única comunicação fluvial que liga esta villa com Lisboa e mais terras marginais do Tejo, é por esta valla que são transportados todos os géneros produzidos neste concelho e mais parte dos do concelho de Coruche que se dirigem aos mesmos pontos, Daqui se vê a grande importância que para estes concelhos tem a navegabilidade da mesma valla attendendo ainda a que o transporte fluvial é o que maiores garantias offerece devido à modalidade do prêço . É porém desfavorável o estado em que a dita valla se acha, principalmente na sua entrada no Tejo onde os assoriamentos desta quase lhe impedem a entrada, tendo de esperar-se a praia-mar para ella se effectuar. Se não for removido urgentemente o lodo que constantemente as marés alli depositam e reparada convenientemmente a mesma entrada, tornar-se-há dentro em pouco completamente impossível a navegação. E não sendo possível a esta Câmara cujos encargos lhe absorvem totalmente os seus rendimentos, prover a este mal vem esta mesma câmara respeitosamente pedir a Vossa Majestade para que esses trabalhos sejam
115 feitos com a possível urgência pela direcção das obras públicas do Tejo (Secção Hidráulica), a quem pertencem os trabalhos d`esta natureza, e por isso P.e a Vossa Majestade Haja por bem deferir. C.. M. .Salvaterra de Magos, Maio de 1908 * O Presidente da Câmara * Os Vereadores
III
A IMPORTÃNCIA DO SEU PORTO
O Foral de D. Dinis, trouxe-lhe importância de concelho, que muito contribuiu para o seu povoamento e com o decorrer dos tempos, o comércio das mercadorias aqui movimentadas, chegavam também, à Flandres, “uma terra muito para lá de Espanha”, conforme se pode ler num documento régio de D. Manuel I Do início da sua existência como povoado, o seu termo geográfico, comportava seis aldeias (Culmieiro, Misericórdia, Coelhos, Cabides, Figueiras, Bilrete de Cima) onde viviam 33 vizinhos, que acresciam aos habitantes da vila, totalizando: 1572 almas. No sítio do Escaroupim, foi plantado um grande pinhal, nos moldes do de Leiria. A Salvaterra de Magos, em 1497 chegou um grupo de 40 colonos rurais, daquelas terras longínquas, que vinham engrossar a população rural, trazendo novos hábitos de cultura etnográfica. Como as estatísticas eram irregulares, muitas vezes
116 o recenseamento, era feito quando acontecia alguma situação de guerra, mesmo nesses casos, os números conhecidos são só de mancebos, até aos 18 anos. Nos recenseamentos de 1864 e 1878, a diferença populacional já era grande, verificando-se, no primeiro caso; 677 fogos com 2329 habitantes e no segundo; em 1878, o número aumenta para 696 fogos, para uma população de 2537. Com o decorrer dos séculos, sempre aqui chegaram e se instalaram famílias, pois as crises populacionais ocorridas no país, também afectavam esta vasta zona ribatejana. Nos últimos anos do séc. XIX e, na primeira metade do século XX, a chegada à Lezíria ribatejana (desde Golegã, Chamusca, Almeirim, Salvaterra de Magos e Benavente), de ranchos de mulheres, vindo das Beiras (as Barrõas) especialmente das terras entre Leiria e Pombal, que aqui vinham trabalhar uma época sazonal, desde Março até Setembro, regressando a casa m já muito depois das vindimas. Todos os anos, jovens raparigas por aqui ficavam casadas, especialmente com campinos e trabalhadores braçais. Num estudo estatístico publicado em 1940 (1), dava conta que a população da freguesia de Salvaterra de Magos, se cifrava em 5.253 habitantes (2.502 varões e 2,751 fêmeas), num cômputo de 1.280 famílias regulares. Nesse mesmo registo, o seu movimento demográfico dava-nos outras informações:
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Anos de 1937 a 1940 Nascimentos: Em 1937 – 394 * Em 1938 – 398 * Em 1939 – 413 * Em 1940 – 395 Casamentos: Em 1937 – 77 * Em 1938 – 99 * Em 1939 – 76* Em 1940 – 143 Óbitos: Em 1937 – 175 * Em 1938 – 170 * Em 1939 – 148 * Em 1940 – 197 Nado-mortos: Em 1937 – 17 * Em 1938 – 25 * Em 1939 – 20 * Em 1940 – 21
Num trabalho publicado em 1981, da autoria de J. Manuel Nazareth e Fernando dos Santos, sobre um censo estatístico, da população de Salvaterra de Magos, datado de 1788, onde se regista uma densidade populacional de 2537 habitantes (1), aí já são identificados, crianças, solteiros, casados, viúvos e suas profissões. Com o passar dos tempos, Salvaterra de Magos no recenseamento de 1981, mostrava um quadro de aumento significativo populacional: Homens, 3885 e Mulheres 4238, que incluídos no total do concelho, davam a este uma população de 18.584 habitantes. Os alojamentos agora na vila, eram de 2,971 num conjunto de 2.655 edifícios e dez anos depois em 1991, registava um decréscimo populacional, passando a contar com 4773 habitantes, os habitantes de Foros deixaram de contar. *********** (1)- Salvaterra de Magos nos finais do séc. XVIII: - Aspectos sócio demográficos – Análise Social – 1981
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MOVIMENTO ECONÓMICO E SÓCIO CULTURAL Quando em 1758, Salvaterra de Magos deixou de ter donatário e passou para a casa real, consta no seu memorial, que as terras do seu termo, davam em abundância; Cevada, Trigo, Milho e Legumes nas terras frescas, continuando o seu porto fluvial a ter grande importância no seu escoamento. Neste novo ciclo, a terra era explorada pelo agricultor proprietário, que em família constituía uma casa agrícola, e sendo o trabalhador braçal ou o campino remunerados ao dia. Alguns anos faltavam para o séc. XX estar meio, o trabalhador rural, a par das grandes crises que suportava por falta de trabalho, devido às terras alagadas, pelas cheias, tinha uma jorna que para os homens, muitas vezes andava por 5 tostões e uma garrafa de vinho (água-pé), diariamente, num trabalho de sol-asol. Existem documentos importantes, que fornecem notas da de vida económica da população de Salvaterra de Magos, da pena do Dr. José Miranda do Vale (*), num trabalho publicado em 1936, em que faz uma análise comparativa com um outro de 1870 (**), feito por Silvestre Bernardo Lima. Este, dá-nos a informação que o Ribatejo, tem uma pecuária pouco densa e de inferior classificação, pois ficava em 10º lugar entre 17 distritos. Neste recenseamento distrital, encontra-se o concelho de Salvaterra de Magos, na 3ª posição classificativa no distrito,
119 quanto ao gado cavalar, com 1.690 cabeças, sendo Santarém o 1º com 1.949 e Mação em último lugar, com 22 cabeças. Num outro estudo publicado, em 1900 (***), desta feita pelo prof.Paula Nogueira, existiriam no Continente 90.000 cabeças de gado cavalar, num valor conjecturado de 2.595.000.000 réis, tendo por média de cabeça o valor de 28.833 réis, contribuindo o distrito de Santarém com 13,3% (12.000 cabeças), onde Salvaterra de Magos, tinha lugar de destaque. Vinte e cinco anos depois, o número destes animais baixa para 80.078, ocupando Salvaterra, a 3ª posição no distrito, com 1.530, estando o concelho do Sardoal, em último lugar com 19 cabeças de gado cavalar. Novo arrolamento foi efectuado, em 1934, continuando os criadores de gado cavalar de Salvaterra de Magos, na 3ª posição, no distrito, com 1.339 cabeças, e o Sardoal a manter o último lugar, mas desta feita com um aumento de 4 unidades. Quanto ao gado Muar, Salvaterra de Magos, tem em 1870, 42 animais, em 1925 aumentou para 116, tendo em 1934 um efectivo de 141 cabeças de gado desta espécie Neste recenseamento, nos mesmos anos, existem na freguesia; gado Asinino: 482,1,244 e 1.416 cabeças, como também uma existência de: 3.332,3.344 e 1959 cabeças de gado Bovino
*************** (*) – Boletim Nº 48 da Junta Geral do Distrito de Santarém (**) – Considerações Gerais e Analíticas do Recenseamento Pecuário de 1870 (***) – Les Animaux Agricoles
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PRODUÇÃO AGRICOLA
As suas terras durante séculos deram produção cerealífera, cujos registos datam do reinado de D. Sancho II, mas sendo repartida pelos nobres, seus proprietários e pelas instituições religiosas, que aqui também vinha receber privilégios. No entanto é já no século XX, são feitas estatísticas assiduamente a nível nacional e distrital, desde 1933, verifica-se alguns dados da sua agricultura de sequeiro. Na produção de Trigo, temos em 1933 – 2.472.440 litros, em 1934 – 4.764.900 litros, em 1935 – 4.229.510 litros, em 1936 – 459.120 Kgs, em 1937 – 1.255.560 Kgs, em 1938, 1.170.000 Kgs, e em 1939 – 1.563.000 Kgs. * No Milho, encontra-se naqueles anos a produção seguinte: 1.298.900 Litros – 615.800 – 646.190 – 852.280 – 930.760 – 631.000 e 822.000 * Arroz, 3.000.000 Kgs – 3.300.000 – 2.156.100 – 3.144.530 – 4.232.124 – 3.067.000 – 4.351.000* Centeio, 246.400 litros – 190.640 – 185.400 – 125.590 – 256.290 – 289.000 e 291.000 * Na produção da Fava e respeitante àqueles registos, verifica-se a falta de informação em três anos. 1933,1934 e 1936, mas em 1935, a produção
121 foi de 315.860 Litros, em 1937 – 106.100, em 1938 – 136.000 e em 1939 232.000 As suas terras, areno-arenosas, não eram muito exploradas, no plantio da oliveira e seguindo os dados dos anos já referidos, encontra-se em 1933 – 39.040 litros, em 1934 – 17.980, em 1935 – 24.210, em 1936 – 2.420, em 1937 – 74.530, em 1938 – 6.000 e em 1939 – 2.844 A bacia do Tejo, com terras de Aluvião, por natureza frescas e recebendo anualmente os nateiros das cheias, estavam desde meados do século XIX, a receber o plantio da vinha, que se estendia lentamente, às terras arenosas, que tinham pertencido à coutada real de Salvaterra de Magos. Naqueles registos, encontra-se a seguinte produção de vinho: Em 1933 – 35.017.840 litros, em 1934 – 4.936.050, em 1935 – 4.407.110, em 1936 – 2.366.220, em 1937 – 3.673.341, em 1939 – 4.859.400 e 1939 – 3.707.000 Na alimentação a população, tinha no mercado carnes como: Vaca, Carneiro e Porco, para além dos galináceos e patos que criava em suas capoeiras A cotação das carnes no mercado, dão-nos a resposta seguinte: Vaca, em 1937 custava 9$00 o quilo, em 1938 -8$00, em 1939 – 7$00, em 1940 – 7$00 Quanto ao Carneiro, sendo mais consumido, pela população rural, que o criava anualmente em suas pequenas parcelas de terreno, mesmo assim, temos em 1937 – 6$00 o quilo, em 1938 – 5$00, em 1939 – 4$00 e em 1940, o mesmo preço. A carne de porco, era a mais consumida, qualquer família rural, não deixava de fazer um esforço financeiro para a compra de um bácoro e ao longo do ano com a engorda feita, no Outono, procedia-se à matança, onde o agregado familiar e
122 alguns convidados preparavam as carnes (era dia de festa), ficando os enchidos em fumeiro e as carnes a salgar. Pelo S. Martinho, ou pelo Natal, começava-se pelo toucinho e entremeadas, nas sopras de feijão branco, ou grão.
FEIRAS E MERCADOS A Feira anual considerada Feira Franca, era conhecida no séc. XVI, segundo alguns documentos (1), realizava-se em Setembro, pelo S. Miguel, tempo do acabar as colheitas, tinha lugar no caminho próximo do Convento. Conhece-se que a feira de Benavente, começou no ano 1745, com a de Salvaterra decaindo de procura. No séc. XIX, a feira principal de Salvaterra, já se realizava em Maio em terrenos da vila, e no primeiros anos do séc. XX, os autarcas promoveram uma outra em Setembro, fim do verão, depois dos trabalhos agrícolas terem terminado, também era tempo para a compra de novas roupas, teve duração curta, terminou no dobrar do século, pois coincidia com a da vizinha Benavente. A primeira, mantem-se ainda nos nossos dias, mas agora sem a grandeza e colorido do passado. O Mercado mensal de animais, especialmente do porco, deixou de existir na década de 30 do séc. XX, devido à grande criação destes animais, em Glória do Ribatejo, Foros de Salvaterra, Granho (Muge) e Marinhais, passou a realizar-se nesta última povoação. *************** (1) – O Convento de Jericó (1542-1834) * Alfredo Betâmio de Almeida * edição Câmara de Benavente/ 1990
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O Desenvolvimento sócio económico Em 1937, na vila de Salvaterra de Magos, contavam-se 43 veículos automóveis, em 1938 – 54, em 1939 – 50 e em 1940 passou para 57 * Camionetas de carga: em 1937 eram 28 e em 1940 – 32 veículos Bicicletas, tinham licença camarária: em 1937 -204, em 1938 276, em 1939 – 228 e em 1940 – 207 * Motocicletas: em 1937 – 15 e em 1940 – 25 * Carros de tracção animal: em 1937 – 337 e em 1940 – 579
********** O DESEMPREGO
Sempre que o mau tempo, se prolongava com chuvas desde o inicio das vindimas, com alguns dias de sol de premeio – o chamado verão de S. Martinho, em Maio seguinte ainda as terras mostravam–se encharcadas das cheias. Era tempo de novas sementeiras, havia que reparar valados e estradas, os autarcas recorriam ao governo central, para dar subsídios para o povo rural suprir as suas necessidades económicas. No dobrar do séc. XX, com a mecanizaçã na agricultura, a substituir grandes ranchos de trabalhadores na terra, estes estavam ameaçados. A industrialização ainda era escassa. Com as transformações sociais, encontradas a partir da Revolução de Abril de 1974, o Governo, através da Lei 169-D/75 de 31 de Março, cria um esquema de “Fundo de Desemprego”, a implementar em todo o país. Nos primeiros anos da década de 80, no concelho de Salvaterra, verifica-se um surto de desemprego em várias áreas
124 de trabalho, e câmara põe um edifico as dispor dos serviços de Santarém, para os necessário serviços administrativos. Alguns anos depois, devido à reorganização deste serviços, os trabalhadores dos concelhos de Salvaterra, Benavente e Coruche, encontraram um novo e moderno espaço num edifício construído, em Salvaterra de Magos.
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1983 * Desemprego – inscrição em Salvaterra * Foto José Gameiro
1990 Novo edifício Centro de Emprego * Foto José Gameiro
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Bibliografia usada: * Os Forais ( D. Dinis, D. Manuel e D. Fernando) * Anais de Salvaterra de Magos – José Estevam –1959 * Boletim da Junta da Província do Ribatejo (1933 e 1940) * Salvaterra de Magos, nos finais do séc. XVIII * Aspectos sócios-demográficos – J. Manuel Nazareth e Fernando de Sousa * Análise social (Revista do Gabinete de Investigações sociais) – Segunda série * Vol. XVII – 1981-2º * Salvaterra de Magos “ Uma vila no coração do Ribatejo” (1ª edição 1985 e 2ª edição 1991 (esgotados): do Autor * Comunicação Social Diversa
Fotos Usados: Pág. 2 Vala real, com as suas léguas de cumprimento, a caminho do Tejo Ano: 1987 // Foto do Autor * Pescador Varino/ou Cagaréu, pescando na Vala real – Ano: 1967 * Foto de Eduardo Gageiro (Revista Século Ilustrado) * Pág.3 – Última Grande cheia na Vala Real – Ano:1979 // Foto do Autor * Pág.4 – No grupo de rapazes descalços, sentados no muro da Ponte da Vala real, encontra-se o autor (esperavam os carros com uvas das vindimas ) - Ano: 1952 * Pág. 5 - O Autor volta à Ponte da Vala real, 50 anos depois * A Ponte da Vala real, apresenta um estado de ruína – Ano: 2006// Fotos do Autor * Pág. 6 – Limpeza do Lodo na bacia da vala real – 1988 * Paredão do cais da Vala real, os três túneis passagem de água – Ano. 2000 –Foto: Autor * Pág.7 – Casario antigo, onde existiram duas tabernas ( zona de cheia – ano de 1953 – a d * Pág. 10 - Fila de Desempregados, para se inscreverem – Ano 1985 – Foto do Autor * Pág. 13 – Em tempo de ceifar o trigo – Ano: 1943 ( a d) * 1983 Desempregados junto aos serviços de Desemprego
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Edição: José Rodrigues Gameiro – Março 2015
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CADERNO DE APONTAMENTOS N.º 34
Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XIX Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
SUAS RUAS, LARGOS E JARDINS O Autor: JOSÉ GAMEIRO
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Fotos da Capa: - Obras na antiga rua do Calvário, dando lugar à Av. Vicente Lucas de Aguiar, mais tarde Av. Dr.. Roberto Ferreira da Fonseca – Foto: Ano: 1943 (Alexandre Cunha)
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo:
URBANIZAÇÃO, E TOPONOMIA DA VILA ( Suas ruas, Largos e Jardins) Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 37 – 0 Depósito Legal: 256484 /07 Edição: 100 Exemplares - Março 2007
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2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 *************************** * Contactos Tel. 263 504 458 * Telem. 918 705 914 E-mail: josergameiro@sapo.pt
O Autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Ao longo dos séculos, a religião, força militar e a política, sempre tiveram em cada época, destas coisas dar, ou mudar os nomes às ruas das urbes, sendo os feitos de cada cidadão, em cada época merecedor dessa memória futura. Decerto são dos bons exemplos dados, e em Portugal, as grandes localidades, depressa adoptaram este simbolismo, nos seus espaços habitados, sobressaindo as ruas e praças. A vila de Salvaterra de Magos, durante muitos séculos esteve confinada a pouco mais de 7 ruas e alguns largos, onde algumas das propriedades da casa real, ficavam na orla dessas vias de trânsito público. O povo dava grande importância, à conotação toponímica, com nomes ligados à religião católica, daí algumas das ruas terem nomes de santos, como: Santo António, São Paulo e S. Sebastião. Com o decorrer do tempo gerações ainda existem, que falam, tão embevecidos da sua rua,
por nelas considerarem a sua habitação, ou o seu nascimento, ligando-as à sua entidade pessoal. Por imperativos do terramoto de 1909, a vila de Salvaterra de Magos, teve de alargar o seu espaço urbano e, depressa abarcou outras identificações para as suas novas artérias abertas em terrenos mais para sul da povoação. Todas elas concluídas no novo regime republicano, acabado de surgir no país, em 1910, depressa a toponímia da vila, sofreu grande
132 transformação na sua toponimia, pois foram substituídos nomes, que duravam à séculos. O factor político, deu alento aos autarcas que foram passando pelo município, para uma outra mudança, foi a revolução em 25 de Abril de 1974, pois até aí as mudanças eram quase inexistentes. Em Salvaterra as placas toponímicas, de ferro esmaltado a azul, do início do século XX, e as mais recentes em pedra, colocadas nas ruas da vila, omitem junto ao nome, um pequeno dado biográfico do escolhido, aliás um dado presente que se vê nas grandes cidades e, seria a melhor maneira de dar a conhecer o escolhido, perpetuando a vida e obra do homenageado. Passados alguns anos desta edição, e algumas alterações dão motivo para fazermos uma segunda edição revista e aumentada. Março: 2015 JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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A LOCALIZAÇÃO A povoação de Salvaterra de Magos, está localizada na margem Sul do rio Tejo, em pleno coração da Lezíria, fica a cerca de 50 km de Lisboa e a 30 de Santarém. A Província do Ribatejo existiu desde 1936 a 1996, pertencendo agora o concelho, de Salvaterra de Magos ao Distrito de Santarém, tem como fronteira administrativo-territorial; os concelhos de Almeirim, Cartaxo, Coruche, Benavente e Azambuja, com a área de 269 Km2, Em 1965 (1) mantendo as suas confrontações sofreu algumas alterações na sua área de superfície. TOPONOMIA A antiga toponímia da vila mostra as sete ruas de Salvaterra de Magos, antes de 1788, como: Largo S. Sebastião, Rua do Arneiro, Azinhaga das Oliveiras, Rua do Jogo da Bola, Trav. do Forno de Vidro, Trav. do João Gomes, Trav. do Hospital, Rua das Cozinhas, Rua de S. Paulo, Rua de Santo António, Rua Direita, Rua de Água, Rua do Pinheiro, Rua do Calvário e o Largo do Pelourinho (Junto à Câmara). No lado Este, junto da povoação, existiam terras de baldio, que durante séculos foi vaze douro público, sendo conhecido por Trás-Monturos.
134 Esta zona, no final do século XIX, recebeu um arranjo urbanístico, por via da feitura da estrada, para o Escaroupim, com acesso ao porto fluvial da Palhota. No espaço junto às moradias e por onde viria a passar a estrada foi colocada estacaria, e passou a ser conhecido pelo Rossio da vila, dali o acesso ao campo dava-lhe grande beleza e foram plantadas carreiras de choupos. Quando da extinção da casa real, no reinado de D. Maria II, os seus bens foram leiloados em Salvaterra, e já no final do séc. XIX, com a destruição do que restava do seu Paço Real e Casa da Ópera, registou-se que muita da pedra daqueles edifícios, serviu para calcetar algumas ruas primitivas da vila. A construção de grandes adegas e armazéns para produtos agrícolas, estavam na moda, muita dessa construção a par de habitações, por via do terramoto de 1909, que atingiu Salvaterra sofreu grandes estragos, até mesmo a sua destruição. URBANIZAÇÃO As habitações Povoação pequena que era, vinda da época medieval, no final do séc. XIX, começo do séc. XX, as suas habitações ainda eram construídas por pequenas casas térreas, alinhadas ao longo das ruas, onde eram usados materiais como: terras de aluvião (simples ou com palha) (1), em forma de bloco, intervalado por um fiada de tijolo em forma de taipa, as paredes, rebocadas com argamassa de cal e, madeiramento que suportava a telha portuguesa com forma de meia cana de barro cozido. A porta em madeira, sem vidro, pintada de cor, que ia do verde, ao castanho e azul, que dava acesso ao interior da casa por um
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corredor, que por sua vez comunicava este com as poucas divisões existentes (uma sala de entrada/ou casa de fora, um quarto e cozinha. A cozinha normalmente de espaço, para uma grande chaminé construída quase sempre a um canto, onde funcionava uma lareira, a lenha, sendo a comida cozida durante
horas, dentro de uma panela (também conhecida por burra),em ferro fundido, com um tripé a sustentá-la, em cima do lume. Na lateral da chaminé, existia uma aba do mesmo material, ou em madeira, que servia para guardar pequenos utensílios, especialmente os fósforos e o candeeiro a petróleo. Junto à chaminé uma bancada fechava o espaço e servia de pial para os potes e infusas de barro com água. Por ser grande a cozinha, o espaço ostentava uma pequena escada em madeira, fixa à parede dando acesso ao sobrado (sótão), servindo a madeira do chão deste, de tecto à sala e ao quarto do casal.
136 . O sótão, para além de armazém, era muitas vezes usado como quarto, pois as famílias quase sempre eram numerosas, com muitos filhos, dormindo juntos por vezes os rapazes com as raparigas, enquanto crianças. O pavimento da habitação era de salão (2), que era lavado semanalmente com um pano embebido em água, para continuar lustroso e macio. No dobrar do século XX, as novas moradias construídas, usavam já na construção o tijolo com cimento, sendo cobertas a telha Marselha, na parede frontal para a rua, a porta encontrava-se agora muitas vezes com uma janela de cada lado, ficando as divisões interiores separadas com um corredor no meio da cas
Palacetes As famílias de grandes posses, especialmente os grandes proprietários e agricultores, possuíam em Salvaterra a sua residência de grandes dimensões tipo palacete, alguns vinham do século XVIII e, tinham miradouro em cima do telhado. Nos últimos anos do séc. XIX, início do séc. XX, na vila passaram a existir outras construções, com primeiro andar, onde o azulejo forrava a sua frontaria, era um sinal de poder económico, cópia dos novos edifícios construídos em Portugal, pelos imigrantes, regressados de África e Brasil. *********** (1)-Nos tempos modernos, em 1965, sofreu alterações; houve permuta de terrenos com o concelho Benavente, por troca, por apoiar a inauguração o seu Tribunal (2)– Salão ( terra negra de aluvião)
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Nos trabalhos de recuperação das habitações, um novo projecto urbanístico levou a alargar o seu perímetro de povoação, sendo construídas novos arruamentos para Sul e Poente da vila, obras que se arrastaram por alguns anos,
No final daquele ano o rei D. Manuel II, ainda aqui esteve para se inteirar dos danos sofridos pelo sismo, e inteirar-se das necessárias soluções às pretensões de uma “Comissão de Homens Respeitados “ entretanto constituída no concelho, para a recuperação da vila. O novo regime politico Republicado, que teve lugar em Outubro de 1910, veio encontrar as obras de Salvaterra a meio, os novos autarcas afectos ao regime, logo se apressaram a mudar a toponímia da vila, aliás uma situação verificada em todo o país. Nos terrenos a Sul, próximos das chaminés das antigas cozinhas do que foi o paço real, que ainda se mantinham de pé, foram abertas algumas ruas: A que o povo conhecia rua “Debaixo dos Arcos” – começava de norte para sul e tinha no local restos
138 de construção que ligava o palácio velho ao paço das damas, mais tarde recebeu o nome rua Heróis de Chaves. A rua Marquês de Pombal, com prolongamento com Rua Luis de Camões, dando acesso à nova estrada E N 118-2, que liga Salvaterra à EN 118. A rua Elias Garcia (que ainda chegou a ter o nome Conde Arcos, mas por pouco tempo), a do Hospital, por estar em frente ao novo hospital. A rua do Charco, ficava junto ao muro da nova Horta do Sopas, (tinha sido aberta para alimentar o povo de produtos hortícolas – tinha num dos seus topos, para os lados dos Moinhos, um forno de fabrico de cal), passou a ser conhecida por Gago Coutinho, em homenagem ao seu feito de ter atravessado o Atlântico, até ao Brasil. O conhecido Largo Dr. Oliveira Feijão, nome ilustre da medicina, contemporâneo do filho da terra; Dr. Gregório Fernandes, deu lugar à Praça da República. O muito antigo Largo do Palácio, não teve tempo de saber que, se chamava de 5 de Outubro, passou a Largo dos Combatentes, em memória dos militares portugueses que estiveram na I guerra mundial (1914 -1918). O tempo passava, a miúdas vezes, lá aparecia um novo nome e, a vila de Salvaterra, sempre incompleta na sua toponímia, até porque poucos eram os largos e ruas a serem urbanizados. Em 1950, um novo mapa da vila, nos mostra uma vila cuja toponímia era assim conhecida: Av. José Luís Brito Seabra, (ocupando a antiga Rua Jogo da Bola e Largo S. Sebastião), terminava em frente ao antigo Palácio da Falcoaria. No antigo largo, onde existiu um hospital (enquanto o terreno esteve de poisio – realizava-se a feira anual), em 1937, foi construída uma
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escola, um pequeno arruamento, lateral recebeu o nome, Av. António Viana Roquette. Rua Almirante Cândido Reis, (Rua Santo António), Rua Machado Santos, (Rua Direita), Rua Miguel Bombarda, (Rua do Pinheiro), Rua de Água, Av. Vicente Lucas de Aguiar (que foi a Rua do Calvário), Trav. da Azinhaga, Rua Mártires da Pátria, antes conhecida pela rua do Monteiro, (em terreno devoluto foi autorizado a construção de pequenos quartos), Trav. do Forno de Vidro, e Trav. das Amoreiras.
1980 - Beco (Impasse) dos Quartos * Foto José Gameiro
Rua Porfírio Neves da Silva (rua da Azinhaga), Rua 31 de Janeiro, Trav. do Forno, Trav. do Bilbau, Trav. do Secretário, Rua da Capela Real, Rua Nova de S. Paulo, Rua Trás da Igreja, Rua Marquês de Pombal, a antiga Trav. do Cotovelo (passou para Trav Heróis de Chaves) ,
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O Largo dos Combatentes da Grande Guerra, também é conhecido popularmente por Largo do Lopes, ou do Ribatejano. A antiga Rua do hospital, registada em mapas da vila (séc. XVIII) passou de nome e recorda o iminente cientista, médicocirúrgico, Gregório Fernandes, filho de uma antiga família da terra, e a casa onde nasceu, ostenta várias placas de homenagens, de que foi alvo. Para outros beneméritos como: Francisco Ferreira Lino, os irmãos Roberto (Roberto da Fonseca e Vicente Roberto), têm sido esquecidos, com culpas graves para aqueles autarcas que, aos longos de muitas décadas, passaram pelos destinos do concelho. Com a revolução de Abril de 1974, logo houve oportunidade para os novos responsáveis camarários se “apressarem” a mudar e doar novos nomes às ruas da vila, como: António João Ramalho Almeida, que substituiu a Rua de Água, Porfírio Neves da Silva, deu lugar ao Gen. Humberto Delgado. A Rua Marquês de Pombal, absorveu a pequena Luís de Camões, tendo a toponímia do poeta substituído a rua Direita, a Rua 31 de Janeiro, foi repartida com a rua 25 de Abril . Outros espaços da urbanizações da vila, apareceu a Rua Padre Cruz, Rua Capitão Salgueiro Maia, Padre José Rodrigues Diogo, Rua Centro Paroquial. A avenida emblemática da terra, deixou de ter o nome Vicente Lucas de Aguiar, para Dr. Roberto Ferreira da Fonseca. Aproveitando uma homenagem que antigos alunos prestaram à
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sua antiga Profª Primária, Natércia Rita Assunção, o arruamento com o Bairro da Chesal, Escola Secundária e Parque Infantil, passou recebeu o seu nome. Em 12 de Outubro de 1999, os responsáveis da Junta de Freguesia, chefiados por João Nunes dos Santos, num “impulso de solidariedade”, mudaram a Rua Trás-sa-Igreja, para Timor Lorosae, estava-se a viver a “euforia” da visita a Portugal, de Charana Gusmão, presidente de Timor novo país lusófono. Ao findar do século XX, mais ruas e largos foram recebendo nomes, como: Dr. Joaquim Gomes de Carvalho, distinto médico, com consultório na vila, que durante anos foi Delegado de Saúde no concelho, dando também contributo à Misericórdia local. Rebelo da Silva, escritor, que imortalizou a morte do Conde dos Arcos, numa corrida real de toiros, em Salvaterra de Magos, também passou a ter o seu largo, junto à Praça de Toiros.
Rua Centro Paroquial * Foto José Gameiro
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RUA GASPAR DA COSTA RAMALHO
Nesta onda de novas doações de nomes, finalmente, e depois de tantos anos de reparos feitos, alguns na comunicação social, à falta de respeito dos autarcas, para com este filantropo, foi atribuído a sua toponímia a uma artéria que, confina com a rua Padre José Diogo, e a entrada da Misericórdia local, onde se encontra o seu edifício sede e, Lar/Centro de Dia de Idosos (*) A URBANIZAÇÃO DA EN 118 (Junto à Praça de Toiros )
Volta na volta, o espaço que envolve a Praça de Toiros, é alterado com arranjos urbanísticos. Desde 1940, data do seu primeiro embelezamento, que é um terreno apetecível para os autarcas locais, darem nas vistas! Entre muitas outras, já lá foram construídas zonas ajardinadas separadoras de trânsito, um sistema eléctrico de semáforos, cópia do que se usava em todo o país, na prevenção dos acidentes rodoviários. Em 1996, um novo estudo levou à construção de duas placas separadoras de trânsito, cujo projecto final dava em duas fontes artificiais, um projecto de um arq. italiano Flávio Barbini, que estagiava nos serviços de obras da câmara municipal. ********* (*)- Vs – Caderno de Apontamentos * Honra ao Mérito
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Era uma arquitectura moderna, e em voga por essa Europa fora, logo o povo as chamou de “tigelas”, mas era uma nova forma urbanística, encontrada, pelo executivo do então presidente do município, José Gameiro dos Santos
Na segunda foto; Júlio Gonçalves observa as obras * Fotos José Gameiro
Aconteceram, as eleições autárquicas de 1997, um novo executivo camarário chefiado por Ana Ribeiro foi eleito, a obra estava a meio, foi tomada a decisão de substituir a construção por uma “Retunda”, que depois recebeu uma emblemática figura ribatejana - Campino a cavalo com um toiro bravo. Com inauguração, prevista para o dia 11 de Outubro de 2002, a mesma veio a acontecer no dia 18, com a pompa e circunstância desejada pelos executivos autárquicos – Junta de Freguesia e Câmara Municipal. de Salvaterra de Magos
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OS SEUS ESPAÇOS AJARDINADOS Jardim da Praça da República O vasto Largo, Dr. Oliveira Feijão, no final do século XIX, era um espaço emblemático, pois era o único na vila e, disso nos dá conta uma planta da vila, quando das obras que recebeu, para a construção do jardim público, deixando de existir as escadarias, uma em frente ao edifício municipal, que dava acesso da Igreja Matriz à Fonte de Santo António, e uma outra que dava acesso à Capela real. O novo jardim público, segundo algumas vozes, era uma construção semelhante a um outro existente em Almeirim,
Funcionário Municipal – José Gameiro Cantante, frente à entrada do Jardim Público, na Praça da República (1956) Foto Alexandre Cunha
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O jardim, na frente para a residência paroquial, tinha um bonito portão de entrada, construído em ferro, suportado por duas colunas em pedra e, pegado a si o mercado diário da terra. Este espaço público de Salvaterra de Magos, tornou-se uma curiosidade fotográfica, no primeiro quartel do século XX, sendo agora uma saudade. As suas fotos reproduzidas em quantidade fazem a decoração em tudo quando é lugar público, especialmente em cafés e salas de restaurantes. Após a revolução republicana, de 1910, o largo mudou de nome, e passou para Praça da República. No seu terreno, passa um subterrâneo, que transportava um caudal de água, que alimentava a Fonte de Santo António., que estava encostada em forma de meia-lua, à parede em pleno largo de Santo António (espaço que ligava a rua do mesmo nome à antiga capela real). A destruição da construção original do jardim e mercado, verificou-se em 1957, para dar lugar a uma nova urbanização ajardinada. Jardim do Largo Combatentes
Situado num grande espaço térreo no centro de Salvaterra de Magos, mesmo ali em frente ao edifício escolar “ O Século”, passou a ser conhecido pelo jardim do Lopes, ou do Ribatejano
146 A sua urbanização como jardim público, ronda o ano de 1957, pois até aí, no local apenas existiam algumas árvores, já de idade avançada, e o terreno era de argila com pequena pedra redonda (saibro). O seu espaço, ocupado com um quadrado, cujo chão recebeu calçada portuguesa, para além da relva, sustentava canteiros de flores, nas quatro épocas do ano. O abastecimento da rede pública de electricidade à vila, em 1951, trouxe a possibilidade, de aí serem colocados, quatro candeeiros de grande altura, construídos em cimento, de configuração redonda
AS ESCADARIAS (Capela Real)
No final do século XIX, em 1892, a construção da estrada de Salvaterra ao Escaroupim, levou a que algumas janelas e portas do edifício da antiga capela do paço real, fossem emparedadas, pois o nível da estrada subiu no lado Sul, do jardim público., passando a existir uma estrada com acentuado declive. Também por volta de 1956, foi destruída a Fonte, com a sua escada.
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Avenida Dr. Roberto F. Fonseca
A rua do Calvário, nos primeiros anos do século XX, ainda era uma grande artéria, onde passava o gado, próximo hospital da vila, onde num espaço com pinhal tinha uma grande cruz em pedra, ali foi construído a emblemática Praça de Toiros, aquela cruz foi transferida para o cemitério local, onde se encontra, mas sem a base de assento primitivo Vinte cinco anos depois, um grande investimento urbanístico, trouxe à rua do Calvário, a dimensão de avenida, com os seus grandes canteiros para relva e flores, onde as árvores em fila, de ambos os lados, contemplavam os seus cerca de 900 metros de comprimento. Recebeu o nome de Avenida: Vicente Lucas de Aguiar, antigo presidente da câmara municipal, passou a ser a via de maior transito, na vil Logo após a revolução de Abril de 1974, e com a mudança de alguns nomes nas ruas, a avenida passou a ser conhecida por: Dr. Roberto Ferreira da Fonseca, distinto médico, nascido em Salvaterra e, seu presidente da câmara municipal.
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A FONTE DO ARNEIRO
Vem de séculos a existência desta Fonte, com uma construção
abobada e escadaria em pedra de lioz. Passou por períodos de anos, em que a zona envolvente, esteve descuidada. Por volta de 1985, o terreno de acesso e o próprio Fontanário, que ainda deita água através de duas bicas, receberam obras de conservação.
Ano 2000 - O autor, junto à roda de pedra, na Fonte do Arneiro Foto José Gameiro
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O vereador Joaquim Mário Antão, com um pequeno projecto urbanístico, alindou o espaço ajardinando-o, sendo colocada ali uma roda de pedra, como padrão emblemático, do existente ainda nos anos 40, recordando a roda dos enjeitados.
Jardim do Bairro da Chesal
Com a construção do primeiro núcleo de casas, da Cooperativa Habitacional de Salvaterra de Magos, nos anos 70, do séc. XX, que ocupou uma parte dos terrenos da Antiga Coitadinha, sendo destruído o que restava de um Moinho de Vento, ali foram apareceram vários espaços ajardinados. Jardim do Cemitério
Numa grande zona de terreno, envolvente ao campo santo, da freguesia de Salvaterra, por volta de 1980, foi programado construir uma área de jardim. Ali foi criado um sítio verde e plantadas muitas árvores. Estas cerca de 20 anos depois, a relva e o arvoredo davam ao local um bonito
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espaço ajardinado. No entanto, no lado Este, foram cortadas as árvores e tudo foi alterado, dando lugar a um novo acrescento ao cemitério da vila. Jardim da Capela da Misericórdia
O terramoto de 1909, destruiu o que ainda restava da Albergaria/hospital da Misericórdia de Salvaterra e, em 1962, no local restava ainda duas paredes (à frente e atrás) pegadas à capela. Já em 1957, o Dr. José Cardador, tinha fotografado a pedra alusiva a esta casa de saúde, que se encontrava na da frente, junto à porta. A família da casa agrícola Oliveira e Sousa, resolveu urbanizar aquele espaço em jardim, ficando a sua manutenção a cargo do município local. A pedra de mármore, foi colocada na parede trás, que foi aproveitada como muro e, colocada na porta, um gradeamento em ferro. *********************** **********
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Jardim da Capela em 2000 * Foto José Gameiro
Albergaria - Pedra em Mármore , foto de 1957 José Gameiro
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BIBLIOGRAFIA UDADA: Anais de Salvaterra – José Estevam - Edição 1958 * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo – José Gameiro Edições; 1985 e 1992 - 2014 * Comunicação Social - Avulsa * Revista “A Hora” – Ano de 1939 * Revistas – Publicações Anuais da CMSM * Jornal Vale do Tejo – JVT – 2002 * Cadernos Apontamentos – Autor - Livro : A Toponímia da Vila – 2ª Edição FOTOS USADAS: Pág. 3 – Palacete da família Roberto(s) * Pág.5 -Terrenos do Rossio da Vila * Desenho do Paço Real de Salvaterra * Pág. 7 – Palacete tipo inglês (família Alberto Lapa - construído na Rua Heróis de Chaves).* Pág.8 – Mapa de Salvaterra – 1788 * Pág. 9 – Rua Cap. Salgueiro Maia * Pág.10 – Ano 1996, Nova urbanização junto à Praça de Toiros (Júlio Gonçalves) * Construção de duas placas ajardinadas na entrada da Avenida (EN118) ano: 2000* Pág. 12 Inauguração do Busto rei D. Dinis (Presidente da Câmara de Salvaterra e Governador Civil de Santarém) * José Gameiro Cantante (Funcionário da Câmara) em frente ao Portão do Jardim Pág. 13 - Jardim Largo dos Combatentes, ano: 1957 * Pág. 14 – Desenho do espaço do Jardim Público junto à Câmara Municipal, com a Fonte de S. António e Escadarias * Pág. 15 – Avenida Dr. Roberto F. Fonseca *Pág. 17 – Espaço ajardinado, Bairro da Chesal, 2000 * Máquina arrancando as árvores, junto ao cemitério* Pág. 18 - Pedra do Portal do Albergue/Hospital da Capela da Misericórdia * Espaço Ajardinado, local onde existiu o Alberque da Capela, 1960 Pág. 15 – Portal da Hospedaria e Jardim da Capela da Misericórdia
ANEXO FOGRÁFICO. I, II,III, IV I – Foto 1- Largo dos Combatentes – Ano 1957 * Foto 2 – Rua 25 de Abril, Ano 2006 * Foto 3 – Rua Miguel Bombarda, Ano: 1999 * III – Foto 1, Uma ruela dos Quartos, Ano: 1986 * Foto 2 – Rua Alm. Cândido dos Reis (Casa da Família Roberto) Ano 1981* Foto 3 – Rua António João Almeida, Ano 1981* IV – Foto 1 – Rua Machado Santos, Ano 1940 * Foto 2 – Rua Machado Santos.
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CADERNO DE APONTAMENTOS nº 35
Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
UMA DINASTIA DE TOUREIROS O Autor: JOSÉ GAMEIRO
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Capa: António Roberto da Fonseca (Pai) * Vicente Roberto e Roberto Jacob (Filhos – Irmãos) * Bandarilheiros séc. XIX e XX
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Primeira Edição
FICHA TECNICA: Titulo: A Disnastia Roberto (s) * Uma família de Toureiros *
Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS
ISBN: 978– 989 – 8071 – 37 – 8 Depósito Legal: 256485 /07 Edição: 100 Exemplares - Março de: 2007
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O meu contributo Nem só os aficionados tauromáquicos, têm curiosidade em saber quem foram os irmãos Roberto (s), Qualquer enciclopédia, faz referência a António Roberto da Fonseca., e seus irmãos, Antão José da Fonseca e Luís Roberto da Fonseca, são os iniciadores conhecidos desta linhagem artística. Quem visita Salvaterra de Magos, no largo da sua Igreja Matriz, vê ali construído um bonito edifício, todo ele com a sua fachada em azulejo de cor verde, forma de decoração, muita usada nos finais do séc. XIX, e primeiros anos do séc. XX. Segundo alguns documentos, dizem-nos que a classe rica da terra – os Lavradores, também receberam a influência dos novosricos, vindos de África e do Brasil. Escrever sobre os Roberto(s), ou das Casa Agrícola; Roberto & Roberto e, a sua sucessora; Irmãos Roberto, é de muita responsabilidade, pois é uma Dinastia, cujo passado enche de certo muitas páginas, e o nosso propósito é apenas um pequeno Apontamento. Eles muito deram à sua terra, através de várias gerações, mesmo para além do simples glorificar o nome de Salvaterra de Magos. A sua terra mãe, ainda não lhes fez o merecido agradecimento, dando ao menos o seu nome a uma rua. Por minha parte, aqui deixo registado o meu agradecimento à D. Elvira Roberto e seu esposo, Arq. Luís Vasconcellos, pelo apoio prestado na cedência de alguns documentos Para esta excelsa família, encaixa o provérbio popular. “ Quem dá o tem, a mais não é obrigado! Março: 2015
JOSE GAMEIRO
(José Rodrigues Gameiro)
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*************************
2ª EDIÇÃO REVISTA E AUMENTADA – EDIÇÃO 2015 ************************* * Tel. 263 505 178 * Telem. 918 905 704 O Autor deste texto não segue o acordo ortográfico de 1990
159 ROBERTO (S UMA DINASTIA DE TOUREIROS A ORIGEM
Os nomes Jacob, ou Robert, referenciados em Salvaterra de Magos, nos meados do séc. XVIII, segundo alguns estudos estão ligado aos falcoeiros, vindos da Holanda, da zona de Valkenswaard. como mestres daquela arte. Alguns deles casaram, com mulheres da vila, e deixaram descendência como: Antão José Roberto (1), nome já aportuguesado. Dos irmãos Roberto(s); António Roberto da Fonseca, Luís Roberto da Fonseca, e Antão José da Fonseca, existem registos que vieram de Angra do Heroísmo (Açores). Os tempos passaram, este apelido, ainda se mantém naquela ilha, desconhecendo-se serem ou não desta genealogia, ou se ambos são descendentes dos primitivos vindos da Holanda. Segundo alguns registos, uma das três invasões francesas, houve aqui em Salvaterra de Magos, forte confronto tendo o povo local muito ajudado, o exército anglo-português, quando da retirada dos franceses. Sabe-se que, devido à invasão, muitas famílias se ausentaram de Salvaterra, com destinos incertos. A família Roberto, foi de abalada até Lisboa, onde o Conde de Almada (2), os acolheu. ********** (1)– Livro; Paço Real de Salvaterra de Magos (2)- Um edifício apalaçado, ainda existente na vila, ostenta na sua fachada a “ Pedra de Armas” daquela família “ Os Almadas”
160 António Roberto da Fonseca, desde muito novo, aos 12 anos de idade, mostrou aptidões para enfrentar toiros de lide. Seus irmãos, Luís e Antão, também exprimiam este gosto, e tourearam alguns anos. António Roberto, como bandarilheiro, esteve durante anos em actividade, chegando a actuar com os filhos: Vicente Roberto da Fonseca, Roberto da Fonseca e João Roberto da Fonseca, quer em Portugal ,quer em Espanha, onde fizeram alarde da sua magnifica destreza, em praças de toiros, retirou-se das arenas em 1859. João Roberto da Fonseca, segundo algumas crónicas, atingiu um plano pouco lisonjeiro, em relação ao dois irmão; Vicente e Roberto. Um filho do primeiro, com o mesmo nome do pai, e conhecido apenas por “João Roberto” teve lugar de destaque, mesmo em confronto, com os tios, nas arenas tauromáquicas. Nesta dinastia dos toureiros Roberto(s), alguns registos, fazem referência a um descendente de nome Tito da Fonseca., que também actuou com muita arte, perante animais em praça, em dias de festa de toiros. Alguns tratados da especialidade taurina, ainda conservam uma ou outra crónica, das actuações destes “monstros” da tauromaquia portuguesa., que foram Vicente e Roberto da Fonseca.
161 A tourear, ganharam fama e proveito, mas foram humildes na vida cívica. Depois de retirados das arenas, recolheram-se à vida da agricultura, na sua terra natal- Salvaterra de Magos. A agricultura, e a criação de gado bravo, foram caminhos deixados em aberto, que seus descendentes durante anos souberam aproveitar, continuando a honrar os nomes de Roberto e Fonseca. SINTESE GENEALÓGICA A casa agrícola Roberto (s), quer sob o nome Roberto & Roberto, quer mais tarde com o ferro Irmãos Roberto, chegou a dar trabalho, sustentando muitas dezenas de famílias, de Salvaterra, e da região ribatejana, na área da campinagem. ALGUNS REGISTOS DA DINASTIA ROBERTO ANTÓNIO ROBERTO DA FONSECA, natural de Angra de Heroísmo, nasceu em 1801, muito novo veio viver para Salvaterra de Magos, com seus pais e irmãos.
Nele foi encontrada muita aficion, foi bandarilheiro profissional, toureou na antiga praça de toiros existente no Salitre (Lisboa). * Retirou-se da profissão de picar toiros, em 1859, veio a falecer em Salvaterra de Magos, a 21 de Março de 1882
162 ANTÁO JOSE DA FONSECA, nasceu em Angra do Heroísmo (Açores) * Depois de viver em Salvaterra de Magos, chegou a tourear a pé e a cavalo, como amador, em algumas praças do país. LUIZ ROBERTO DA FONSECA, nascido em Angra do Heroísmo, tal como seus irmãos, Antão José da Fonseca e Luiz Roberto da Fonseca, veio a falecer em Lisboa em 1896. * No continente, foi bandarilheiro profissional, onde durante cerca de 20 anos actuou em praças de toiros, e segundo algumas crónicas, era um toureiro modesto entre os seus pares. JOÃO ROBERTO DA FONSECA, natural de Salvaterra de Magos, onde nasceu a 8 de Fevereiro de 1827 * Filho de António Roberto da Fonseca. * Faleceu em Samora Correia, no dia 31 de Dezembro de 1859. * Tal como seu pai, tios, e irmãos, foi toureiro, na categoria de bandarilheiro, não conseguiu atingir a fama que seus irmãos Vicente e Roberto, tiveram perante os aficcionados. VICENTE ROBERTO DA FONSECA – Nasceu em Salvaterra de Magos, a 28 de Outubro de 1835, foi por ventura o mais famoso no campo artístico, nas arenas de Portugal e Espanha, de toda a família Roberto. Foi bandarilheiro profissional, toureando com seu irmão Roberto Jacob, aos 9 anos de idade foi visto em público a lidar uma bezerra.
163 Histórias, estão registadas nos manuais do mundo dos toiros, que os dois, para além de fazem a sorte da gaiola, e da cadeira, chegaram ao ponto de colocar armas brancas, amarradas aos cornos dos toiros, especialmente em corridas em Espanha, onde eram muito solicitados para este tipo de espectáculos. A SUA MORTE No dia da passagem dos 76 anos da sua morte, o autor deste Apontamento, sendo colaborador do jornal “Diário do Ribatejo”, que se publicava em Santarém, remeteu ao articulista do mesmo, na área da tauromaquia – Eusébio Jorge, uma crónica que tinha em arquivo, extraída de uma antiga publicação com o nome “BRANCO e NEGRO”, da autoria de António Júlio Valle de Sousa – Coimbra, 1 de Julho de 1897 Mais tarde, em 1992, voltou a utiliza-la, nas colunas do Jornal Vale do Tejo, com redacção em Salvaterra de Magos, pela sua importância histórica, aqui também a deixamos: “Vimos hoje, com a alma alanceada por uma profunda saudade, registar o primeiro aniversário do falecimento dessa simpática individualidade que se chamou Vicente, prestando a devida homenagem a esse incomparável amigo que soube conquistar um nome imorredoiro no toureio português, onde é contado entre os seus grandes mestres, nobilitar-se por actos de filantropia em que se reflectiu a bondade da sua alma.
164 Amigo delicado galgava por cima das maiores dificuldades e sacrifícios para servir os seus amigos, fazendo um perfeito contraste com a sociedade actual, tão degenerada; filantropo benemérito, via na felicidade dos outros a sua própria felicidade; era assim que despendia uma grande parte da sua fortuna, angariada nas arenas de Portugal e Espanha. Protegeu hospitais, montepios e outras casas de beneficência, e em socorrer muita pobreza ignorada, fazendo renascer a esperança no peito dos desgraçados. Como bandarilheiro Vicente Roberto ocupou desde muito novo um dos primeiros lugares entre os mais ilustres artistas da tauromaquia Portuguesa. Vicente Roberto, nasceu em Salvaterra de Magos em 1836, sua mãe Maria Gestrudes, preocupada com o seu futuro, ainda o recomendou a um alfaiate de Vila Franca de Xira, onde aprendeu o ofício. Com 13 anos de idade, toureou em Almada, onde o Conde de Vimioso, estando presente, desceu à arena abraçando-o e lhe ofereceu um fato completo de bandarilheiro. Aos 18 anos começou a apresentar-se como toureiro de profissão, juntamente com seu pai e seu irmão Vicente, que foi igualmente um excelente artista. Em 1858, estreou-se na praça do Campo de Sant’ Ana, e estão bem vivas na memória de todos as ovações que ali alcançou. Em 1865, correndo toiros desembolados, toureou com seu irmão Roberto na corrida à portuguesa que inaugurou a praça do Campo Pequeno.
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Quando toureava, em 1888, na praça da Figueira da Foz ficou gravemente ferido, e teve que recolher ao hospital da Misericórdia local. Durante vários dias, esteve entre a vida e a morte, acabando por se recompor com grande carinho e cuidados médicos daquele estabelecimento hospitalar. Já recomposto, doou àquela instituição um importante donativo, e no seu testamento deixou-lhe um legado, manifestando assim a sua gratidão. Depois deste lamentável desastre, agravou-se cada vez mais a sua saúde e após um doloroso e prolongado martírio, que suportou com paciência dum mártir, faleceu às 11 horas, do dia 1 de Junho de 1896. A lúgubre notícia do seu falecimento, se bem que há muito esperada, trouxe a Salvaterra de Magos, uma multidão de admiradores e amigos, que na companhia do povo da terra desfilaram perante o féretro e espargindo mil benções sobre aquele que foi um dos seus filhos mais dilectos e um dos seus mais devotados protectores. Vicente Roberto, evidenciando mais uma vez os seus sentimentos piedosos, deixou em testamento vários legados à Misericórdia de Salvaterra de Magos, Figueira da Foz, Coruche e ao Montepio da terra que o viu nascer”.
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ROBERTO JACOB DA FONSECA, nasceu em Salvaterra de Magos, a 20 de Outubro de 1840. Começou por acompanhar seus irmãos, Vicente e João revelando-se um valor a aproveitar na tauromaquia portuguesa. Apesar disso, só lhe foi permitida a sua apresentação pública na praça da Azaruja, em 1859, obteve tal êxito na sorte de bandarilhas, que os críticos o viram como um vanguardista dos toureiros portugueses da época. Passou a fazer dupla com seu irmão Vicente, figurando em cartaz com outras grandes figuras. Em 1860, na arena do Campo Sant’ana, foi a sua consagração. Esteve na inauguração da Praça de Toiros de sua terra – Salvaterra de Magos, em 1 de Agosto de 1920, onde dirigiu a corrida, tendo vindo a falecer em Dezembro daquele ano. Após a sua morte, em testamento aperfilhou o filho - Roberto da Fonseca Júnior, tendo três descendentes, um dos filhos foi viver para Coruche, continuando a sua genealogia, também a viver em Famalicão. JOÃO ROBERTO DA FONSECA (João Roberto), nasceu em Salvaterra de Magos, a 19 de Março de 1860. Por ter o mesmo nome do pai, era conhecido apenas por “João Roberto”, ficando órfão de pai muito cedo, encontrando nos seus tios (Roberto da Fonseca e Vicente Roberto), a necessária protecção familiar. Também enveredou pela vida artística, como bandarilheiro, influenciado pela fama dos seus tios.
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A sua estreia nas arenas, foi em Alcácer do Sal, a convite do avô do que viria, mais tarde a ser “ mestre “ do cavaleiro, João Núncio, onde a critica da especialidade lhe teceu grandes elogios e augurou bom futuro na tauromaquia portuguesa. Depressa os convites para actuar em praças do país, surgiram, toureou em Vila Franca de Xira, Santarém, Coruche. Numa corrida, em 1879, na Barquinha, fez parte do cartel, actuando com as primeiras figuras, como seus tios (Vicente Roberto e Roberto da Fonseca), e Marcel Botas, os toiros eram da afamada ganadaria Dr. Máximo da Silva Falcão, teve uma actuação brilhante, ofuscando os seus opositores. Em muitas outras actuações, em praças de Portugal e Espanha, esteve em confronto com o também famoso bandarilheiro, José Peixinho. Em 1882, ofereceu os seus préstimos em benefício de uma creche, na praça do Campo Sant`Ana (Lisboa). Por motivo de doença de seu tio, Vicente Roberto, o público exigia a sua presença com mais frequência. a actuar em Lisboa, foi contratado por seis épocas. . Actuou em todas praças de toiros do país, incluindo a do Campo Pequeno. Na sua terra – Salvaterra de Magos, também bandarilhou muitas vezes, em corridas realizadas em praças construídas em locais diferentes da vila.
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Foi em Portalegre, no ano de 1895, que fez a sua despedida das arenas, numa corrida em que esteve magnifico a bandarilhar, conforme consta nas crónicas da época. Mais tarde, na sua terra, actuou num festival de beneficência, mas sem o traje de luces. Com a sua morte terminou, a mais notável dinastia de toureiros que existiu em todos os tempos, em Portugal. A CASA AGRICOLA
O Toureiro João Roberto, retirado dos aplausos das multidões, recolhe-se ao sossego dos campos, e passou gerir a casa agrícola, e o testamento, que seu tio Roberto Jacob da Fonseca, que achou por bem deixá-lo como testamenteiro. No seu solar, em várias salas, guardava as recordações e valiosas prendas de que foi alvo., quando os aficcionados o consideravam um ídolo em arena Possuindo propriedades, nos concelhos de Salvaterra de Magos, Benavente e Coruche, a sua casa agrícola, para além de produzir cereais de sequeiro, tinha no gado, especialmente nos toiros o seu maior símbolo. O ferro RR (Roberto & Roberto), era sempre solicitado para actuar em arenas do país, e em 1931, 16 toiros da sua ganadaria, tinham sido corridos, 8 em Tomar, e 8 em Estremoz. . Em 1939, já com 78 anos de idade era a imagem viva da gratidão dos que ainda o não tinha esquecido como ídolo, das arenas. Da filantropia que sempre soube fazer, recebeu muitos
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agradecimentos. Caso da Misericórdia de Santarém, que em 14 de Maio de 1918, lhe atribuiu um diploma de honra, de reconhecimento pela sua colaboração como toureiro, e cedência dos toiros numa corrida organizada pelo hospital. A Associação dos Toureiros Portugueses, em 14 de Fevereiro de 1924, confere-lhe em diploma o título de sócio honorário. Em 1928, um diploma com data de 11 de Junho, é-lhe conferido pelo Ministério da Guerra, pela presença do seu gado cavalar, numa exposição de poldros. Depois da sua morte, os seus filhos, Vicente Roberto da Fonseca, (Dr.) Roberto da Fonseca, e João Roberto Ferreira da Fonseca, deram seguimento à actividade agrícola, e o gado passou a usar o ferro: IR (Irmãos Roberto). Continuando a criação de gado bravo, a nova ganadaria, depressa ganhou respeito no público aficcionado, e os artistas em praça só desejavam lidar aquele tipo de gado, que lhes davam dias de glória em praça. Entre eles contavam-se, os mestres; Simão da Veiga, João Branco Núncio. O século XX, estava a meio, a Casa do Ribatejo, que nesse tempo vivia dias de grande luzimento, não se esqueceu desta dinastia de toureiros, que foram os Roberto (s). Em aparatosa homenagem, onde o povo acorreu em massa, descerrou uma placa de agradecimento, que foi colocada na fachada num prédio da família, na rua Cândido dos Reis, onde ainda se encontra.
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Vicente Roberto Ferreira da Fonseca
Dr. Roberto Ferreira da Fonseca
JoĂŁo Roberto Ferreira da Fonseca
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1920 – Toiros da Casa Roberto, na entrada para a corrida Inaugural da Praça de Toiros de Salvaterra de Magos
1955 - Toiro da ganadaria IR (Irmãos Roberto), aproveitado para reprodutor, depois de corrido em muitas praças * Foto Família Roberto
1957 - Manada de toiros bravos da ganadaria IR (Irmãos Roberto), na Herdade dos Coelhos (Salvaterra de Magos)
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Bibliografia:
* Revista “Branco e Negro” – Coimbra – 1897 * Revista “A Hora” - 1936 * Jornal Vale do Tejo – JVT * 2000 * Documentos de recolha do autor * Livro: Pedaços da História da Tauromaquia, na Vila de Salvaterra de Magos – séc. XVIII – XXI *Caderno Apontamentos – A Família Roberto (s)
Fotos Usados s/ Legenda * pág. 6 – Vicente Roberto da Fonseca * pág. 8 – Irmãos Roberto e Peixinho (Bandarilheiros) * pág.10 – João Roberto da Fonseca
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Edição: José Rodrigues Gameiro – Março 2015