VOLUME VI CADERNOS DE APONTAMENTOS N.º 36 - 41
Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS
Séc. XIII – Séc. XXIArtesãos Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
Autor JOSÉ GAMEIRO
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Capa: Volume 37 – Parodiantes de Lisboa Volume 43 Falcoaria Real Salvaterra de Magos
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Volume VI
Cadernos de Apontamentos Nº 36 – 41 2ª Edição Revista e Aumentada
Indice: 36 – Parodiantes de Lisboa (Ruy e José Andrade) 37 – A Morte do Conde dos Arcos 38 – A Origem das Festas do Foral, dos Toiros e do Fandango de Salvaterra de Magos 39– Os Escuteiros de Salvaterra de Magos 40 – A Origem dos Bombeiros Voluntários, e da Banda de Música – Salvaterra de Magos 41 - A Falcoaria Real de Salvaterra de Magos
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Primeira Edição - Tipo de Encadernação: Papel A5 Brochado Edição: 100 exemplares – Março 2007 Autor: Gameiro – José Editor: Gameiro – José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120 – 059 SALVATERRA DE MAGOS
++++++++++++++++++++ 2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2015 `++++++++++++++++++++ Contactos: Telef. 263 505 178 * Telem. 918 905 704 E mail : josergameiro@sapo.pt Os Textos destes Cadernos não acompanham o Acordo Ortográfico de 1990
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 36 Documentos para a História De
SALVATERRA DE MAGOS
* SEC. XIII – SEC. XXI * Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
Ruy e José Andrade )
“50 Anos de Rádio!” O Autor
JOSÉ GAMEIRO
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Fotos da Capa: Ruy e JosĂŠ Andrade - Grupo ( Os Parodiantes de Lisboa)
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8 Primeira Edição
Titulo: OS PARODIANTES DE LISBOA (Ruy e José Andrade) “50 na Rádio” Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Tipo de Encadernação: Brochado - Papel A5 Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49
Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 38 – 5 Depósito Legal: 256486 /07 Edição – 100 Exemplares - Março 2007
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2ª EDIÇÃO REVISTA E ACTUALIZADA **************************
* Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918905 704
* e-mail: josergameiro@sapo.pt
O autor deste texto não segue o Acordo Ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO
O tempo passa, as gerações nascidas depois daquele dia maravilhoso que, foi o 25 de Abril de 1974, vieram encontrar um tempo de liberdade, onde cada um pode exprimir os seus pensamentos, sem repressões. Decerto quererão saber quem foi os obreiros da famosa equipa dos “Parodiantes de Lisboa”, que fez os portugueses “encostarem o ouvido” à rádio portuguesa, durante meio século. O séc. XX tinha 20 anos, na vila de Salvaterra Magos, existiam várias famílias com o nome: Andrade. Numa delas, um ramo genealógico, tinha a alcunha de “Os Charutos” e, nele nasceram três irmãos rapazes; o Eduardo, o João e o Fernando Filipe Andrade. Este veio a casar com Zulmira Fernandes. O casal teve uma prole de seis filhos: quatro rapazes e duas raparigas. Deles destacaram-se o José Andrade (1920 -2002), e Ruy Andrade (1921-2006). O pai, Fernando Andrade, sendo Padeiro, por volta de 1936/37, um dia estabeleceu-se na vila, como Comerciante na rua Machado Santos, com uma pastelaria e Mercearia. A casa ficava ao lado da Farmácia Martins e, uns meses depois, o espaço foi dividido com o seu filho, José Andrade, que entretanto já aprendera o ofício de barbeiro e, ali se instalou. Agora que passaram alguns anos da primeira edição deste Caderno, vamos fazer uma 2ª edição revista e aumentada. Março: 2015
JOSÉ GAMEIRO
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RUY E JOSÉ ANDRADE (Os Parodiantes de Lisboa)
O Ruy Andrade, ainda jovem foi até Lisboa, para os balcões dos famosos armazéns Grandela. O José Andrade, andava aprendendo o ofício de barbeiro, pouco tempo depois, já mestre feito, abriu oficina, num espaço cedido pelo pai, onde a clientela afluía. Poucos anos depois também foi de abalada até à capital do país, Contou-nos esta passagem de vida, Fernando dos Santos, barbeiro, na rua Dr. Gregório Fernandes, e também aprendiz daquela arte nos tempos de José Andrade. A ARTE DE FAZER RIR !
Fazer rir era tão perigoso, que o jornal semanal humorístico “A Bomba”, lançado pelos dois irmãos Andrade, de parceria com Manuel de Menezes Santos e Manuel Puga “explodiu”, após pouco tempo de vida. A censura não lhe deu tréguas, e foi uma das causas do seu desaparecimento. Com uma primeira experiência na área do teatro amador, no Clube Estefânia, em Lisboa, onde criaram um grupo “Conjunto Teatral
Pró-Arte”, nele participava também um outro seu irmão, o Eduardo Andrade.
12 Depois do desaire, do jornal a “Bomba”, Ruy e José Andrade, criaram em 13 de Março de 1947, – “Os Parodiantes de Lisboa” entram nas ondas da rádio, com o seu programa “Parada da Paródia”, sendo as emissões transmitidos às 20 horas, na então rádio Peninsular. .Acompanharam este projecto; Ferro Rodrigues, Santos Fernando, Mário de Meneses, Mário Ceia, Manuel Puga, e outros que periodicamente foram dando o seu contributo. O humor, e a piada, eram a chama das rústicas, dos seus programas como: “Vira o Disco”, “RadioNovelo”, “Teatro-Trágico”, “Entre as Dez e as Onze”, “PBX”, “Piadinhas e Torradinhas”, e ”Compadre Alentejano”. Fazendo rir, mesmo a quem não tivesse vontade, foram programas que, os Parodiantes de Lisboa, passaram ao longo de meio século, nas emissoras fazendo humorismo, ouvido por milhões de portugueses – no país e no e estrangeiro. Em 1968, as vozes, dos personagens que passaram nos seus programas, eram “emprestadas “ por: Maria Cristina, António Callaty, Vasco
Fernandes, Maria Helena Silva, Daniel Garcia, Virgílio de Barros, Maria Eduarda de Freitas Caldas, Duarte Ferreira, Maria Fernanda Cordeiro, João Capela, Jorge Mendes, Eduardo Andrade, Maria Eva Cardoso e Fernando de Almeida.
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O APOIO ÁS INICIATIVAS EM SALVATERRA DE MAGOS Um dia de 1954, foi criado o Grupo Dramático dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, para os ensaios da peça “Os Campinos”, pediram a Ruy Andrade, devido à sua experiência teatral, ajuda na direcção e encenação. A peça subiu ao palco e em três espetáculos teve casa cheia, logo os convites de Instituições das terras vizinhas, para actuações. O grupo ainda durou algum tempo acabando motivos vários.
Os manos Andrade, grandes adeptos do “seu” Benfica, também deram alguma ajuda, pelo menos simbólica, ao Clube Desportivo Salvaterrense, A prática do futebol em Salvaterra, estava parada, o campo junto à Praça de Toiros, tinha deixado de ser usado, em 1957, com a instalação do novo campo de jogos, nos terrenos do Loureiro, em terreno cedido pela misericórdia local, foi solicitada aos irmãos Andrade a sua ajuda nas conversações com a HEAA, para a retirada de um posto de alta pensão – cabos que atravessavam o espaço. Pela colaboração , a nova direcção do
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CDS, ainda foi sondada por alguns sócios para que aquele recinto, tivesse os seus nomes em sinal de agradecimento. A Câmara municipal, acedeu à proposta do seu presidente; José Matias Pinto de Figueiredo, para a realização de umas festas anuais em Salvaterra de Magos. Para a comissão, foram convidados; Ruy e José Andrade, e em 1976, teve lugar a primeira edição das Festas dos Toiros e do Fandango de Salvaterra de Magos. OS 40 ANOS NA RÁDIO Ao comemorarem 40 anos na rádio, os “Parodiantes de Lisboa” tinham no ar uma hora do programa “ Graça com Todos ” em horário nobre, ouvido no continente e ilhas, Angola e Moçambique, e muitas estações estrangeiras, destinadas aos emigrantes portugueses. Entretanto foi criada, a empresa “
Parodiantes de Lisboa – Publicidade e Artes Gráficas, Lda.”, laborava num último andar de uma nova urbanização, na Av. Estados Unidos da América, em Lisboa, e dela dependiam meia centena de colaboradores, o irmão Eduardo Andrade, também passou a ter lugar naquela empresa. Tendo uma “carteira” de cerca de duzentos clientes, com uma lista na ordem dos cinquenta anunciantes, em espera.
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Em 1990, quando do seu 43º aniversário, “Os Parodiantes de Lisboa”, num protocolo com a câmara municipal de Lisboa, inauguraram com a sua participação durante anos, a Casa do Humor, que funcionou num espaço cedido no Museu Rafael Bordalo Pinheiro, no Campo Grande. Nos primeiros anos da televisão em Portugal, os Parodiantes animaram muitas noites televisivas. A par dos programas que já emitiam em várias estações de rádio, tinham lançaram um jornal, com o título “Parada da Paródia” semanário humorístico, onde o “carton” era a piada, chegou a uma tiragem de 70 mil exemplares, em cada edição. AS OBRAS NA PASTELARIA DE SALVATERRA Quando das obras de remodelação da antiga Pastelaria “Sol da Leziria”,, na década 70, que passou a usar o nome “A Cabana dos Parodiantes”, tinha as paredes forradas com cartons e o tecto com caniço – um palco para teatro revisteiro. Era o salão de chá, muitos daqueles desenhos, eram do mestre Martins . O irmão Rafael Andrade, passou a gerir aquele espaço renovado, sendo a especialidade da pastelaria os pastéis; “Os Barretes”, são um doce regional, original da “Cabana dos Parodiantes”, de Salvaterra de Magos - Ribatejo, de Portugal, Trata-se de uns pastéis de laranja, amêndoa, ovos e açúcar, que são uma autêntica especialidade. Sendo uma fabrico exclusivo, desta pastelaria desde 1946, e tornados famosos pela publicidade passada nos programas de rádio dos Parodiantes de Lisboa.
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Ainda nos dias que passam, quem passar por Salvaterra de Magos - Enfiar um Barrete na cabana dos Parodiantes é uma experiência deveras estimulante, não deixando de levar como recordação, e um presente para familiares e amigos. As Vozes dos Parodiantes Em 1968, as vozes, dos personagens que passaram nos seus programas, eram “emprestadas “ por: Maria Cristina, António Callaty, Vasco Fernandes, Maria Helena Silva, Daniel Garcia, Virgílio de Barros, Maria Eduarda de Freitas Caldas, Duarte Ferreira, Maria Fernanda Cordeiro, João Capela, Jorge Mendes, Eduardo Andrade, Maria Eva Cardoso e Fernando de Almeida. Ao longo da sua actividade radiofónica, foram alvo de preitos de gratidão, uma delas a grande homenagem da Casa do Ribatejo, que decorreu no restaurante “Filtejo”, nas instalações da Feira Internacional de Lisboa.
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Muitos deles estiveram, até ao último minuto, nos Parodiantes, que no dia 18 de Março de 1997, deixou de emitir a sua última emissão, fazendo 50 anos de actividade, José Andrade, veio a falecer em 2002, com 82 anos de idade, e no dia 24 de Janeiro de 2006, os Telejornais davam-nos a infausta notícia, da morte do Ruy Andrade, aos 84 anos de idade. ****************************
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Bibliografia / fotos usados:
* - Apontamentos biográficos recolhida pelo autor * - Revista “Magazine” – 1967 * - Revista “Vida Mundial” – 1968 * - Jornal “O Ribatejo” – 1984 * - Jornal Vale do Tejo – JVT
Fotos Usados: Pág. 2 – Ruy Andrade * José Andrade Pág. 3 - José Andrade, recebendo um prémio atribuído aos “Parodiantes de Lisboa ” – Primeira página de uma edição do jornal “Parada da Paródia” Pág. 4 – Fernando, irmão de Ruy e José Andrade, também ele membro dos “Parodiantes de Lisboa” Fotos extraídas do vídeo do Programa “Parabéns” – Herman José . TV “Memória” Pág. 5 – Grupo de trabalho, que emprestavam as vozes nos diversos programas dos “Parodiantes de Lisboa” * Embalagem dos bolos “Barretes”, fabricados na Pastelaria dos “Parodiantes”, em Salvaterra de Magos
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 37 Documentos para a História De
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc.
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
(Uma Certeza nesta Vila) O Autor JOSÉ GAMEIRO
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Capa: Cena pintada e usada na capa do livro “Contos e Lendas “ edição “Colecção Civilização” * Rebello da Silva (Quadro moldura do autor desse Caderno de Apontamentos)
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo: A MORTE DO CONDE DOS ARCOS “ Uma certeza nesta terra ! “ Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS
ISBN: 978– 989 – 8071 – 39 – 7 Depósito Legal: 256487 / 07 Edição: 100 exemplares - Março de: 2007
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2ª Edição Revista e Aumentada – Março 2017 *************************** Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 e-mail: josergameiro@sapo.pt
O Autor deste texto não segue o Acordo Ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Porque a morte do jovem Conde dos Arcos, na presença do rei D. José, num “brinco” de toiros, nesta vila de Salvaterra de Magos, foi motivo para Rebello da Silva, cerca de meio século depois, dela fizesse uma narração romanceada nos seus contos e lendas: “A última corrida de toiros em Salvaterra”. obra, marcante na literatura do séc. XIX, época do romantismo português, onde o escritor realça a passagem da corte, pelo paço real de Salvaterra. Aquela edição em livro, deu origem às mais variadas interpretações, no meio literário e artístico, onde a pintura, é a mais relevante. A tauromaquia, especialmente os cavaleiros, receberam a sua influência do séc. XVIII, que ainda é usada nos nossos dias, o traje completa-se usando um laço negro, na gola da casaca, caindo para as costas, junto à nuca, em sinal de luto, pela morte do conde. O local da tragédia, muitas e acérrimas discussões tem causado, ao longo dos tempos, pois iminentes interessados na causa taurina, e não só, ainda afirmam que a mesma aconteceu, mas, não em Salvaterra de Magos. Assim, reuni alguma documentação sobre o assunto e, nas páginas deste Apontamento, também dou o meu contributo, para se compreender melhor a obra de Luiz Rebello da Silva. Março: 2015
JOSÉ GAMEIRO
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A ORIGEM CONDE DOS ARCOS, (Cronologia) O Titulo foi criado pelo rei Filipe II de Portugal, (III de Espanha), pela carta real de 2 de Fevereiro de 1620 sendo, pela primeira se fala deste titulo – Conde dos Arcos, em conotação à povoação de Arcos de Valdevez. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.
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D II. Luís de Lima Brito e Nogueira D. Lourenço Maria de Lima Brito Nogueira D. Tomás de Noronha D. Marcos de Noronha, casado com Maria Josefa de Távora D. Tomás de Noronha (1 de maio de 1679 - 8 de setembro de 1760), casado com Madalena Bruna de Castro D. Marcos José de Noronha e Brito (4.5.8 1768) * casado com Maria Xavier de Lencastre * (Vice-rei do Estado do Brasil - Salvador de 1755-1760) D. Juliana Xavier de Lencastre * Casada com Manuel de Menezes e Noronha D. Marcos de Noronha e Brito * último Vice-rei do Brasil e Capitão General de Mar e Terra dos Estados do Brasil (18061808) D. Manuel de Noronha e Brito D. Nuno de Noronha e Brito D. Maria do Carmo Giraldes Barba Noronha e Brito D. José Manuel de Noronha e Brito de Menezes de Alarcão D. Pedro José Wagner de Noronha de Alarcão
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O CONDE DOS ARCOS E A HISTÓRIA Alguns cronistas deixaram escrito ao longo dos séculos nas páginas de vários registos, informações que ainda vem servindo de fonte, neste séc. XXI, mas é atribuída a Alexandre Herculano, a primeira edição da História de Portugal, que depois de começar em 1830, e os primeiros anos de 1840, a reunir documentação, que deu origem à primeira edição entre 1846 e 1853, mas não passando da época do rei D. Afonso III. Quanto ao Conde dos Arcos, são dispares a data da morte de Manuel Noronha e Menezes, que terá sido o 7º daquela cronologia, mas por casamento. Outros sustentam, que aquele Conde, sendo filho do Marquês de Marialva, terá sido o 4º donatário daquele titulo. Outros ainda, escreveram que Manuel de Menezes, nasceu em Lisboa, e faleceu na zona de Marvila, naquela cidade, e que terá desejado vir descansar no sono eterno em Salvaterra de Magos. A Gazeta de Lisboa, jornal que acompanhou a época josefina, não deixa de registar, que o rei D. José, ao passar períodos de férias em Salvaterra, com jornadas da prática de caça e outros divertimentos, na área da cultura – para isso mandou construir uma Casa da Ópera, não deixando de assistir a outros espectáculos, como corridas de touros. Terá sido, numa dessas estadias em Salvaterra,, que no ano de 1772, a corte do rei D. José I, depois de uma caçada, houve uma corrida taurina (*) na vila
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mas há quem detenha a afirmação que foi ali perto, nas terras da Murteira (Samora Correia), que tal aconteceu. O registo da morte do jovem Conde dos Arcos, sabe-se que, foi feito nos serviços da secretaria do paço real de Salvaterra, e do mesmo, fez notícia a“ Gazeta de Lisboa”., jornal da época. ***********
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Quadro pintado por A. Figueiredo – frente pavilhão do concelho de Salvaterra, na exposição de Santarém - 1936 ***********
(*) De acordo com o registo cronológico dos titulares “Conde dos Arcos”, regista-se a sua morte em 1779, mas em documentos conhecidos posteriormente, como: “certidão de óbito”, a sua morte ocorreu em 10 de Fevereiro de 1778, em Marvila (Lisboa), tendo sido enterrado em Salvaterra. * Em registos controversos há afirmações do seu contrário. O que sempre persistiu como certa, foi a narrativa romanceada do escritor, Rebello da Silva que lhe a data de 1772, mesmo tendo este vivido no séc. XIX.
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A MORTE TRÁGICA DO CONDE, NUNCA ACONTECEU !.. O controverso investigador da temática taurina portuguesa, Eduardo Pizarro Monteiro, falecido em 1991, em diversas conferências, fez a análise sobre a morte do Conde dos Arcos, Deixou escrito um seu trabalho publicado em 1982,,a Miscelânea ,História de Portuga, II, com o titulo: “A Última Corrida de Toiros Real de Salvaterra de Magos”, nunca aconteceu, desmontando assim o romance de Rebello da Silva. No entanto outras fontes, como: Dicionários e Enciclopédias, fazem alusão à sua morte, em Salvaterra. Outros ainda davam a conhecer uma oração fúnebre escrita em 1778, onde consta que a sua morte foi natural. A 3ª INVASÃO FRANCESA Quando da 3ª e última Invasão francesa, segundo registos, uma parte daquele exército, esteve aquartelado, em Valada do Ribatejo (Cartaxo), no palácio que foi da família Brito Seabra, e usou as débeis instalações existentes do que antes era o Paço Real de Salvaterra. Um encontro entre as tropas portuguesas e as invasoras, aconteceu em terrenos de Lezíria no termo desta vila com ao rio Tejo. Do confronto, o exército português, com a ajuda da população local, deu-lhe boa réplica, fazendo-o destroçar.
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Com tal encontro à vista, muitas famílias conseguiram pôr-se a salvo, especialmente navegando até ao Brasil, com os seus bens, pois sabia-se, que haveria saque nas vivendas e palacetes, como aconteceu nas invasões anteriores. Entre os bens do palacete da família Brito Seabra, encontravam-se alguns documentos alusivos à tragédia ocorrida com o Conde dos Arcos, disso nos dá conta uma nota, inserta na cronologia, da sua árvore genealógica. AS PEDRAS TUMULARES NO CONVENTO Tal como no adro da Igreja Matriz de Salvaterra, nos terrenos do Convento de Jericó, existia um espaço que servia de cemitério. No convento, para além dos seus frades Arrábidos, eram sepultados outros corpos, que recebiam bênçãos para ali ficarem num descanso eterno. Muitos daqueles túmulos térreos foram saqueados, outros retirados a tempo de tal profanação da horda da 3ª invasão francesa. Este episódio, ainda era contado, pelas gerações antigas, no início do século XX, dizendo-se que, os restos mortais do Conde dos Arcos, vieram do Convento, para a vila de Salvaterra de Magos. Com a venda daquele antigo templo religioso, algumas pedras tumulares, foram empilhadas, junto ao que restava da sua capela destinada ao culto de Nª Senhora da Piedade, estando nela em sítio apropriado, a imagem do mártir S. Bacco.
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O CONDE DOS ARCOS, ESTARÁ NA IGREJA MATRIZ A Igreja Matriz de Salvaterra, no dobrar do séc. XX, sofreu obras de conservação no interior do edifício, Ao ser retirado, junto ao altar um gradeamento em ferro ali existente, vieram a ser identificadas, algumas pedras tumulares; uma das quais, seria do seu fundador; D. João Martins de Soalhães, mas segundo documentos credíveis, este morreu, em 1325, quando Arcebispo de Braga, e aí foi sepultado na Sé. Naquelas obras de 1958, era pároco da freguesia, o Padre José Rodrigues Diogo, perante tal achado mostrou-os a alguns paroquianos, mais íntimos, Segundo ele, a outra seria de Manuel de Menezes e Noronha, falecido em Lisboa, em 1778, mas nos arquivos da paróquia também existia documentação guardada, que incluía uma cópia do assento do óbito do Conde dos Arcos, e um outro com a autorização de receber a transladação da pedra tumular do Convento dos Arrábidos para aquele edifício religioso, na vila, quando da 3ª Invasão Francesa, sob o comando de Massena. -
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MANUEL DE MENEZES E NORONHA ( Conde dos Arcos) CERTIDÃO DE ÓBITO
Aos vinte e um dias do mez de Fevereiro de mil setecentos e setenta e oito faleceu o IIImº e Excmº Conde dos Arcos, Manuel de Menezes e Noronha, casado com a IIImª 7ª Condeça dos Arcos, D. Juliana Xavier de Noronha, Morador no Largo da Antigua Igr.ª do Salvador, Districto desta freguesia de S. Thomé. Não fez test.to,e foi sepultado em Salvaterra de Magos, no Conv.to dos Religiosos Arrábidos de Jericó; de que fiz êste assento que assinei. – Pe. Pedro Francisco Caneva
********* Registos Paroquiais, Freguesia de Santo André * Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
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MNAUEL JOSÉ DE NORONHA E MENEZES ( Conde dos Arcos) Pedro de Alcântara de Menezes Noronha Coutinho (4º Marquês de Marialva) * irmão de; Diogo José Vito de Menezes Noronha Coutinho (5º Marquês de Marialva), António Luís de Menezes, Joaquina José Bento de Menezes, Ana José Mónica de Menezes e Noronha, Rodrigo José António de Menezes (1º Conde de Cavaleiros (titulo doado por D. Maria I – 1802) Casado com: D. Eugénia de Assis * Pai de: Manuel José Noronha e Menezes, Conde dos Arcos (Lisboa; 3.6.1740 – Salvaterra de Magos; 1770, casado com Juliana Xavier de Lencastre (Caparica: 29 de Março de 1732 – Lisboa: 19 de Janeiro de 1814, 7ª Condessa dos Arcos): Maria Benedita de Noronha, e Marcos de Noronha e Brito ( 8º Conde dos Arcos)
******* https.//pt.wwwikipedia.org/hiki/Maequês_de_Marialva
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RECORDAÇÕES DO ACONTECIMENTO Para além da obra escrita de Luiz Augusto Rebello da Silva, no séc. XIX, onde artistas no campo das artes plásticas, têm dado azo à sua imaginação pintando quadros alegóricos à preservação deste acontecimento histórico. Quando da inauguração da Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos, em 1985, num espaço ajardinado foi colocado numa parede um grande painel em azulejos, de cor azul, a imortalizar a cena da morte do jovem Conde dos Arcos. Um texto escrito em pedra de lioz, serve de legenda. No ano 2003, os autarcas da freguesia local, num espaço do largo da praça de toiros da vila, construíram um pequeno suporte, com a esfinge de Rebello da Silva, e um quadro em azulejos, alusivo ao acontecimento, - “A morte do Conde dos Arcos e seu pai, o Marquês de Marialva, matando o touro na arena” e, um texto homenageando o escritor.
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“ULTIMA CORRIDA REAL DE TOUROS EM SALVATERRA” Transcrição do Livro “Contos e Lendas” Colecção Civilização Nº 11 * Livraria Civilização - Porto
“ O Sr. D. José, primeiro de nome, era em Salvaterra um rei em férias. A verdade é que os maldizentes notavam, em segredo, que Sua Majestade em Lisboa estava sempre ao torno e o marques de Pombal, no trono. O prolóquio fundava-se na habilidade mecânica do monarca como torneiro. E no caracter dominador do marquês como ministro. Vicejavam os campos em plena primavera. A amendoeira cobria-se de flores, os bosques enfolhavam-se , as veigas vestiam-se e matizavam-se , e a brisa doudejava indiscreta arregaçando o lenço à donzela que passava, ou roubando um beijo à rosa perfumada. Tudo eram alegrias e cânticos… os rouxinóis nas moutas, o coração nos amores, e a natureza nos sorrisos ao sol esplendido que a dourava, Uma tourada real chamara a corte a Salvaterra. Os fidalgos respiravam nestas ocasiões menos oprimidos. Não os assombrava tão de perto a privança do ministro. Ao touros eram bravos, os cavaleiros destros, o anfiteatro pomposo e o cortejo das damas adorável. O prazer ria na boca de todos. Por cumulo de venturas p marquês de Pombal ficara em Lisboa, retido pelo conflito com o embaixador de Espanha. Contava-se
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em segredo nos recantos do palácio o diálogo travado entre o enviado castelhano e o secretário de estado português, louvando-o uns em alta voz, para os ecos daquelas paredes repetirem o elogio, crucificando-o outros sem piedade, para saciarem os ódios. As devotas e os fidalgos puritanos eram pelo espanhol, e pediam a Deus que os rebates da guerra próxima despenhassem o plebeu nobilizado.
Os magistrados e os homens de capa e volta defendiam o marquês e respondiam com meios sorrisos às fogosas jaculatórias dos zelosos do trono e do altar. O marquês de Pombal tinha-se negado com firmeza às concessões exigidas imperiosamente pelo governo castelhano. - Muito bem, - atalhou o embaixador - um exército de sessenta mil homens entrará em Portugal e fará… - O quê? – perguntara o marquês ,sorrindo-se, com a tremenda luneta assestada e no tom mais indiferente.
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- Fará entender a rezão e a justiça de el-rei, meu amo, a Sua Majestade e a vossa excelência ! - redarguiu meia oitava acima o espanhol, supondo o ministro fulminado. Sebastião José de Carvalho franziu as sobrancelhas, carregou a viseira, e cravando a vista e a luneta no diplomata, retorquiulhe friamente: - Sessenta mil homens muita gente é para casa tão pequena; mas, querendo Deus, el-rei, meu amo e meu senhor, sempre há-de achar onde hospedá-la. Mais pequena era Aljubarrota e lá couberam e lá couberam os que D. João de Castela trouxe. Vossa excelência pode responder isso ao seu governo. E, levantando-se para despedir o embaixador, acrescentou: - Bem sabe vossa excelência que pode tanto cada um em sua casa ,que mesmo depois de morto são precisos quatro homens para o tirarem! O embaixador saiu jurando por Dyos y la Virgen Santíssima e o marquês preparou-se para a guerra. O caso é, como dizia o nosso Zeferino na Sobrinha do Marquês , que Sebastião José de Carvalho foi um grande ministro e que fez muito pela nação. Hoje há menos quem responda assim à letra às ameaças dos estrangeiros. Berra-se muito, dorme-se a sono solto ao som dos hinos patrióticos, e depois salva o castelo de madrugada e está salva a pátria. O marquês de Pombal prezava as artes e protegia e animava as classes médias.
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Êsse pouco que o reino progrediu deveu-se a êle.. Se a industria nunca acabou de sair da infância, a culpa quási toda foi dos mais governos que sucederam ao seu, e também do povo que não quis trabalhar de-veras Mas vamos aos touros reais Dêsses é que o ministro não gostava nada. Queria-os ao arado e não à farpa, e parecia-lhe melhor, que os toureadores, sendo fidalgos, servissem o Estado com a pena ou com a espada, e, e, sendo mecânicos, que lavrassem, tecessem e ganhassem honradamente a vida, enriquecendo-se a si e à nação. Mas el-rei D. José, cedendo em tudo ao marquês, quanto aos touros não admitia reflexões. Nisto era rei a valor e Bragança legitimo. Os fidalgos sabiamno e por isso disfrutavam doces prazeres – a satisfação do gosto nacional e a contradição da vontade do ministro. Desatendê-la sem perigo e pela mão do soberano era para êles um deleite e um triunfo. Nestas funções não vigorava a severidade das últimas pragmáticas. Outro motivo de júbilo. Quem queria podia arruinar-se em luxuosos vestidos, enfeites e toucados. As bordaduras e os recamos de ouro, os veludos e sêdas de fora, talhados à francesa, resplandeciam constelados de pérolas e diamantes. Por cima dos mais ricos trajos e das mais vistosas côres desenrolavam-se os anéis ondeados das empoadas cabeleiras . As damas ostentavam as graças de seus donaires e tufados, e emoldurando o belo oval dos rostos nos penteados caprichosos, sorriam-se para os gentis campeadores, e os seus olhos cheios de luz e de ,promessas estimulavam até os tímidos.
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Correram-se as cortinas da tribuna real. Rompem as músicas. Chegou el-rei, e logo depois entra pelos camarotes o vistoso cortejo, e vê-se ondear um oceano de cabeças e de plumas. Na praça ressoam brava alegria as trombetas, as charamelas e os timbales. Aparecem os cavaleiros, fidalgos distintos todos, com o conto das lanças nos estribos e os brazões bordados no veludo das gualdrapas dos cavalos. As plumas dos chapéus debruçam-se em matizados cocares, e as espadas em bainhas lavradas pendem de soberbos talins
Os capinhas e forcados vestem com garbo à castelhana antiga. No semblante de todos brilha o ardor e o entusiasmo. O conde de Arcos, entre os cavaleiros, era quem dava mais na vista. O seu trajo, cortado à moda da côrte de Luiz XV de veludo prêto, fazia realçar a elegância do corpo. Na gola da capa e no corpete sobressaíam as finas rendas da gravata e dos punhos.
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Nos joelhos as ligas bordadas deixavam escapar com artifício os tufos de cambraieta alvíssima. O conde não excedia a estatura ordinária; mas, esbelto e proporcionado, todos os seus movimentos eram graciosos. As faces eram talvez pálidas de mais, porém animadas de grande expressão, e o fulgor das pupilas negras fuzilava tão vivo e por vezes tão recobrado, que se tornava irresistível. Filho do Maquês de Marialva e discípulo querido de seu pai, do melhor cavaleiro de Portugal, e talvez da Europa, a cavalo, a nobreza e a naturalidade do seu porte enlevavam os olhos. Êle e o corcel, como que ajustados em uma só peça, realizavam a imagem de centauro antigo. A bizarria com que percorreu a praça domando sem esfôrço o fogoso corcel, arrancou prolongados e repetidos aplausos. Na terceira volta, obrigando o cavalo quási a ajoelhar-se diante de um camarote, fê que uma dama escondesse turvada no lenço as rosas vivíssimas do rosto, que de-certo descobriram o melindroso segrêdo da sua alma, se em momentos rápidos como o faícar do relâmpago pudesse alguém adivinhar o que só os dois sabiam. El-rei, quando o mancebo o cumprimentou pela última vez, sorriu-se, e disse voltando-se: - Porque virá o conde quase de luto à festa? Principiou o combate. Não é propósito nosso descrevermos uma corrida de touros. Todos teem assistido a elas e sabem de memória o que o espetáculo oferece de notável. Diremos só que a raça dos bois
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era apurada, e que os touros se corriam desembolados, à espanhola. Nada diminuía, portanto, as possibilidades o perigo e a poesia da luta. Tinham-se picado alguns bois. Abriu-se de novo a porta do curro, e um touro prêto investiu com a praça. Era um verdadeiro boi de circo, Armas compridas e reviradas nas pontas pernas delgadas e nervosas, indicio de grande ligeireza, e movimentos rápidos e bruscos, sinal de fôrça prodigiosa. Apenas tocara o centro da praça, estacou como que deslumbrado, sacudiu a fronte e, escarvando a terra impaciente, soltou um mugido feroz no meio do silêncio, que sucedera às palmas e gritos dos espectadores. Dentro em pouco oe capinhas, salvando a pulos as trincheiras, fugiam à velocidade espantosa do animal, e dois ou três cavalos expirantes, denunciavam a sua fúria. Nenhum dos cavaleiros se atreveu a sair contra êle. Fêz-se uma pausa. O touro pisava a arena ameaçador e parecia desafiar em vão um contentor. De-repente viu-se o conde dos Arcos firme na sela provocar o ímpeto da fera e a hástea flexível do rojão ranger e estalar, embebendo o ferro no pescoço musculoso do boi. Um rugido tremendo, uma aclamação imensa do anfiteatro inteiro, e as vozes triunfais das trombetas a charamelas encerraram esta sorte brilhante. Quando o nobre mancebo passou a galope por baixo do camarote, diante do qual pouco antes fizera ajoelhar o cavalo, a mão alva e breve de uma dama deixou cair uma rosa, e o conde, curvando-se com donaire sôbre os arções, apanhou a flor do chão sem afrouxar a carreira, levando-a aos lábios e meteu-a no peito. Investindo depois com o touro, tornado imóvel com a raiva concentrada, rodeou-o
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estreitando em volta dêle os círculos até chegar quási a pôr-lhe a mão na anca. O mancebo desprezava o perigo e pago até da morte pelos sorrisos , que seus olhos furtavam de longe, levou o arrojo a arripiar a testa do touro com a pontada lança. Precipitou-se então o animal com fúria cega e irresistível. O cavalo baqueou traspassado e o cavaleiro, ferido na perna, não pôde levantar-se. Voltando sôbre êle o boi enraivecido arremessou-o aos ares, esperou-lhe a queda nas armas, e não se arredou senão quando, assentando-lhe a pata sôbre o peito, conheceu que o seu inimigo era um cadáver. Êste doloroso lance ocorreu com a velocidade do raio. Estava já consumada a tragédia e não havia expirando ainda o eco dos últimos aplausos. De repente um silêncio, em que se conglobavam milhares de agonias, emmudeceu o circo. Rei, vassalos e damas, meio corpo fora dos camarotes, fitavam a praça sem respirar e erguiam logo depois a vista ao céu como para seguir a alma que para lá voava envolta em sangue. Quando o mancebo, dobrado no ar, exalava a vida antes de tocar o chão, um gemido agudo, composto de soluços e chôro, caiu sobre o cadáver como uma lágrima de fogo. Uma dama desmaiada nos braços de outras senhoras soltara aquêle grito estridente, derradeiro ai do coração no peito. ao rebentar. El-rei D. José, com as mãos no rosto, parecia petrificado. A côrte desta vez acompanhava-o sinceramente na sua dor. Mas o drama ainda não tinha concluído. Quem sabe ?! O terror e a piedade iam cortar de novo mágoas o peito a todos.
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O marquês de Marialva assistira a tudo do seu lugar. Revendose na gentileza do filho, seus olhos seguiam-lhe os movimentos brilhando radiosos a cada sorte feliz. Logo que entrou o touro prêto, carregou-se de uma nuvem o semblante do ancião. Quando o conde dos Arcos saiu a farpeá-lo, as feições do pai contraíram-se e a sua vista não se despregou mais da arriscada luta. De-repente o vélho soltou um grito sufocado e cobriu os olhos, apertando depois as mãos na cabeça. Os seus receios haviam-se realizados. Cavalo e cavaleiro rolam na arena, e a esperança pendia de um fio ténue ! Cortou-lhe rapidamente a morte, e o marquês perdido o filho, luz da sua alma e ufania de suas câs não, proferiu uma palavra, não derramou uma lágrima; mas os joelhos fugiam-lhe trémulos , e a elevada estatura inclinou-se vergando ao pêso da mágoa excruciante. Volveu, porém, em si, decorridos momentos. A lívida palidez do rosto tingiu-se de vermelhidão febril subitamente. Os cabelos desgrenhados e hirtos revolveram-selhe na fronte inundada de suor frio como as sêdas da juba de um leão irritado. Nos olhos amortecidos faíscou instantâneo, mas terrível, o sombrio clarão de uma cólera, em que todas as ânsias insofridas da vingança se acumulavam. Em um ímpeto a presença reassumiu as porções majestosas e erectas como se lhe corresse nas veias o sangue do mancebo que perdera. Levando por acto instintivo a mão ao lado, para arrancar da espada, meneou tristemente a cabeça.
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A sua boa espada, cingira-a êle próprio ao filho neste dia que se convertera para sua casa em dia de eterno luto. Sem querer ouvir nada, desceu os degraus do anfiteatro, seguro e resoluto como se as neves de setenta anos lhe não branqueassem a cabeça. - Sua majestade ordena ao marquês de Marialva, que aguarde as suas ordens ! - disse um camarista, detendo-o pelo braço. O vélho estremeceu como se acordasse sobressaltado e cravou no interlocutor os olhos desvairados, em que reluzia o fulgor concentrado dum pensamento imutável. Desviando depois a mão que o suspendia, baixou mais dois degraus. - Sua majestade entende que êste dia foi já bastante desgraçado e não quere perder nêle dois vassalos … O marquês desobedece às ordens de el-rei ?!... - El-rei manda nos vivos e eu vou morrer !.... atalhou o ancião, em voz áspera, mas sumida - Aquêle é o corpo do meu filho ! - e apontava para o cadáver – Está ali ! Sua majestade pode tudo menos desarmar o braço do pai, menos deshonrar os cabelos brancos do criado que o serve há tantos anos. Deixe-me passar, e diga isto. D. José vira o marquês levantar-se e percebera a sua resolução. Amava no estribeiro-mor as virtudes e a lealdade nunca desmentidas. Sabia que da sua bôca não ouvira senão a verdade, e a edea de o perder assim era-lhe insuportável. Apenas lhe constou que êle não acedia à sua vontade, fêz-se branco, cerrou os dentes convulso, e. debruçado para fora da tribuna
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Aguardou em ansioso silêncio o desfecho da catástrofe. A esse tempo já o marquês pisava a praça, firme intrépido como os antigos romanos diante da morte. Dentro do peito o seu cotação chorava, mas os olhos áridos queimavam as lágrimas quando subiam a rebentar por êles. Primeiro que tudo que a vingança. Por impulso instantâneo, todo o ajuntamento se pôs de pé. Os semblantes consternados e os olhos arrasados de água, exprimiam aquela contensão de espirito, em que um sentido parece concentrado todos. - Deixai-o ir ao vêlho fidalgo ! A mágoa que o traspassa, não tem igual. O fogo, que lhe presta vida e forças, e a desesperação, Deixai-o ir, e de joelhos ! Saúdai a majestade do infortúnio ! O pai angustiado ajoelhou junto do corpo do filho e pousou-lhe depois um ósculo na fonte. Desabrochou-lhe o talim e cingiu-o , levantou-lhe do chão a espada e correu-lhe a vista pelo fio e pela ponta de dois gumes. Passou depois a capa no braço e cobriu-se. Decorridos instantes estava no meio da praça e devorava o touro com a vista chamejante, provocando-o para o combate. Cortado de comoções tão cruéis, não lhe tremia os braços e os pés arraigavam-se como se um poder oculto e superior lhos tivesse ligado repentinamente à terra. Fêz no circo um siêncio gélido, tremendo e tão profundo que poderiam ouvir-se até as pulsações do coração do marquês naquela alma de bronze valese mais que a vontade. O touro arremete contra ele … Uma e muitas vezes o investe cego e irado, mas a destreza do marquês
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esquiva sempre a pancada. Os ilhais da fera arfam de fadiga, a espuma franja-lhe a bôca, as pernas vergam e resvalam, e os olhos amortecem de cansaço. O ancião zumba da sua fúria. Calculando as distâncias, frutra-lhe todo d golpes sem recuar um passo. O combate demora-se. A vida dos espectadores resumese nos olhos. Nenhum ousa desviar a vista de cima da praça. A imensidade da catástrofe imobiliza todos. De súbito sôlta el-rei um grito e recolhe-se para dentro da tribuna. O vélho aparava a peito descoberto a marrada do touro, e quási todos para rezarem por alma do último marquês e Marialva. A aflitiva pausa apenas durou momentos. Por entre as névoas, de que a pupila trémula se embaciava, viu-se o homem crescer para a fera, a espada fuzilar nos ares e logo após sumir-se até aos copos entre a nuca do animal. Um bramido, que atroou o circo, e o baque do corpo agigantado na arena, encerraram o extremo acto do funesto drama. Clamores uníssonos saúdaram a vitória. O marquês tinha dobrado o joelho com a fôrça do golpe, levantava-se mais branco do que um cadáver. Sem fazer caso dos que o rodeavam, tornou a abraçar-se com o corpo do filho, banhando-o de lágrimas e cobrindo-o de beijos. O touro ergueu-se, e, cambaleando com a sezão da morte, veio apalpar o sítio onde queria expirar. Ajuntou ali os membros e deixou-se cair sem vida ao lado do cavalo do conde dos Arcos.
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Nesse momento os espectadores olhando para a tribuna real estremeceram. El-rei, de pé e muito pálido, tinha junto de si o marquês de Pombal, coberto de pó e com sinais de ter viajado de pressa. Sebastião José de Carvalho voltava de propósito as costas à praça falando com o monarca.. Punia assim a barbaridade do circo. - Temos guerra com a Espanha, senhor. É incrível. Vossa majestade não pode não pode consentir que os touros lhe matem o tempo e os vassalos. Se continuássemos neste caminho … cedo iria Portugal à vela. - Foi a última corrida marquês. A morte do conde dos Arcos acabou os touros reais enquanto eu reinar. - Assim o espero da sabedoria de vossa majestade. Não há tanta gente nos seus reinos, que possa dar-se um homem por um touro. El-rei consente que vá em seu nome consolar o marquês de Marialva ? - Vá, É pai. Sabe o que há-de dizer-lhe …. - O mesmo quê ele me diria a mim, se Henrique estivesse como está o conde. El-rei saiu da tribuna, e o marquês de Pombal, entrando na praça em tôda a majestade da sua elevada estatura , levantou nos braços o vêlho fidalgo, dizendo-lhe com voz meiga e triste: - Sr.. Marquês ! Os portugueses como v. ex.ª., são para darem exemplos de grandeza de alma e não para os receberem.. Tinha um filho e Deus levou-o. Altos juízos seus. A Espanha declarou-nos a guerra e el-rei, meu amo e meu senhor, precisa do conselho e da espada de v.exª., E travando da mão, levou-o quási nos braços até o meterem na carruagem. D. José cumpriu a palavra dada ao seu ministro. No seu reinado nunca mais se picaram touros reais em Salvaterra. “ In Rebello da Silva
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Biografia: Luís Augusto Rebelo da Silva (Rebello da Silva) (Lisboa; 2.4.1822 — Lisboa; 19.Serembro 1871 foi um jornalista, historiador, romancista e político português, colaborador activo de múltiplos periódicos e membro das tertúlias intelectuais e políticas lisboetas da última metade do séc. XIX. Foi um dos primeiros professores do Curso Superior de Letras, fundado em 1859 por D. Pedro IV, leccionando a cadeira de História. Colaborando em múltiplos jornais e revistas, Rebelo da Silva afirmou-se como o mais prolífico dos escritores românticos portugueses, distinguindo-se ainda como orador e político, tendo exercido, entre outros, os cargos de deputado do reino, e ministro. Foi pai de Luís António Rebelo da Silva, cientista e professor de Agronomia, que lhe sucedeu na Câmara dos Pares. **********
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luís_Augusto_Rebelo_da _Silva 1.
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Bibliografia usada: Pasta documental do Autor: “ A Morte do Conde D`Arcos na Última Corrida Real em Salvaterra de Magos” * O Convento de Jericó:- Livro Alfredo Betâmio de Almeida – 1990 *Última Corrida de Touros em Salvaterra: Rebello da Silva * Tip. Adolpho de Mendonça, Ldª - Lisboa, 1920 *Dos ” Contos” de Eça de Queiroz * Jornal “ O Correio da Manhã” – 17/7/1991 * Jornal “O Ribatejo” – 3/6/1988 * Jornal Vale do Tejo – 9/7/1997 * 17/4/2003 * Revista “Equitação Nº 10 – 1997 Fotos usados: Foto: Pintura, de Marqin Maqueda - cena da Morte do Conde dos Arcos * Quadro sobre a morte do Conde dos Arcos – Pintura da entrada do Pavilhão do concelho de Salvaterra de Magos, na Exposição de Santarém, em 1936 * Pág. 5 – Pedra tumular, na Igreja Matriz de Salvaterra de Magos * Estrado em madeira tapando as pedras tumulares * Cópia do texto da Certidão de Óbito da morte do Conde dos Arcos - documento publicado na Revista “Equitação” Nº 10 de Mai/Jun1997 * Painel (quadro) em Azulejo na parede do Jardim da Biblioteca Municipal; 1985 * Largo Rebelo da Silva (Junto à Praça de Toiros) * Pintura – capa da embalagem de bolos, fabricados em Salvaterra; 1958 *
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Nota - Ver; Apontamentos Nº 03 * A Propósito de Toiros em Salvaterra de Magos ” Nº 15 “ Contos e Lendas ” e Nº 18 “ Homenagens e Inaugurações ” ***********
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CADERNO DE APONTAMENTOS N.º 38 Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII - Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
O Autor:
JOSE GAMEIRO
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Primeira Edição
FICHA TECNICA: Titulo: A ORIGEM DAS FESTAS DO FORAL, DOS TOIROS E DO FANDANGO Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues ISBN: 978– 989 – 8071 – 41 – 5 Depósito Legal: 256489 /07
Edição: 100 Exemplares – Março de 2007 Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS
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************************** 2ª EDIÇÃO REVISTA E AUMENTADA – MARÇO 2015 **************************
* Contactos: Tel. 263 505 178 * Telem.: 918 905 704
O Autor deste texto não segue o Acordo Ortográfico 1990
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O MEU CONTRIBUTO !
As festas do FORAL DOS TOIROS E DO FANDANGO, passaram há muitos anos, a fazer parte do calendário dos festejos de Salvaterra de Magos. É um cartaz de promoção turística, onde a grande carolice de dezenas de pessoas, ao longo da sua existência, têm dado muito do seu tempo, para que elas anualmente se continuem a realizar. Os poderes autárquicos da terra, câmara municipal e junta de freguesia, desde a primeira hora têm apoiado a sua concretização, na dispensa de trabalhadores, maquinaria e no campo financeiro. Naquele ano de 1969, seria a terceira edição do que se pretendia uma iniciativa para mostrar o que de melhor se produzia no concelho na área agro-pecuária. Uma grande contrariedade tinha “ensombrado” os festejos do ano anterior - a PIDE esteve, a fiscalizar a actuação dos estudantes de Coimbra, e os seus primitivos responsáveis, deixaram caminho aberto aos mais novos. Convidado que fui, por Manuel Joaquim Parracho e José Manuel Cabaço, entre outros para fazer parte do grupo, que levou à organização daquelas que foram as últimas “FESTAS DOS TOIROS E DO FANDANGO DE SALVATERRA DE MAGOS”.- ano de 1969. Voltei em 1984, onde estive até 1995, nas Comissões que organizaram as FESTAS DO FORAL DOS TOIROS E DO FANDANGO e, em 1996 e 97, Além de outras tarefas comprometime com a edição do livro da sua publicidade, para a angariação de mais alguns fundos. Depois de alguns passados, sobre a primeira edição deste Caderno, chegou o momento de uma 2ª edição revista e aumentada. MARÇO: 2015
O Autor: JOSE GAMEIRO
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A ORIGEM DAS FESTAS DOS TOIROS E DO FANDANGO DE SALVATERRA DE MAGOS
Foi em 1930, que a população de Salvaterra de Magos, tinha assistido pela primeira vez a uma exposição Agro-industrial, realizada por um grupo de homens de boa vontade. O êxito foi grande, mas o que para alguns parecia ser a melhor forma de divulgar o que se fabricava no concelho, não teve continuidade Anualmente, em Maio, apenas a feira de divertimentos e quinquilharias, era a única forma de juntar famílias e alegrar a população. Alguns anos depois, em 1936, o concelho esteve representado na Exposição - Feira de Santarém, onde foram mostrados todo o potencial, da cultura do povo, especialmente a rural. Para isso, muito contribuíram: José Seabra Ferreira Roquette, Dr. Alberto Fernandes Barreiros, José Eugénio de Menezes, Armindo Filipe Biscaia de Jesus, José Adelino Fernandes , Rafael dos Santos Gonçalves, entre outros. O Pavilhão do concelho instalado naquele certame, que durou alguns dias, tinha na sua frente uma pintura alusiva à última tourada real em Salvaterra. Há muitos anos, que a venda de gado, tinha sido transferido para a Freguesia de Marinhais, lugar onde se justificava, pois a sua população criava várias espécies de animais, onde predominava, o gado suíno.
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Muitos anos depois, em 1966, o então presidente da câmara municipal, José Matias Pinto de Figueiredo, agregando um valioso grupo de pessoas, levou a cabo a realização das “FESTAS DOS TOIROS E DO FANDANGO”, que ocupou os dias daquela feira, tendo os festejos lugar de 7 a 15 de Maio. Voltava a estar no espirito daquele gente, mostrar os produtos da agro-pecuária, com gado exposto, produzidos e criado no concelho. Aderiram à iniciativa do autarca; Joaquim da Conceição
Lopes, Prof. Armando Duarte Miranda, Eng.º Romeu Fortes Pina, Dr. José Asseiceira Cardador, Manuel Augusto Silva Valente, José Teodoro Amaro, João Vicente Santos da Fonseca, António José da Silva, Eugénio das Neves, João Sabino de Assis e José Lopes Ferreira Lino.
Mário da Silva Antão e José Manuel Torroais, convidados por aqueles, tiveram trabalho de grande mérito que, na altura foi também reconhecido pela autarquia. O terreno escolhido para as festas, foi junto à praça de toiros, local onde se realizava anualmente a feira de Maio e tinha servido de campo de futebol, espaço agora ocupado pela Jardim Infantil da vila. Uma conferência de imprensa, realizada no Restaurante Ribatejano, levou à divulgação do programa, com um banquete oferecido pelo seu proprietário. Nas boas vindas aos convidados, encarregaram-se, os filhos da terra, Ruy e José Andrade, dos Parodiantes de Lisboa, que animaram o repasto.
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O dia aprazado da inauguração chegou cheio de sol, a multidão radiante começou a juntar-se à entrada do recinto das festas, o governador civil e outros convidados estavam a chegar, os aplausos e entusiasmo depressa se apossou de todos os presente. O povo de Salvaterra, sabia e sabe receber ! Os bombeiros locais e a sua banda de música, duas filas de campinos a cavalo, em traje de festa, estavam perfilados, os foguetes começaram a estalar no ar, uma solta de pombos completavam o cenário. D. Bernardo Mesquitela, governador civil de Santarém, José Pinto Figueiredo, presidente do município de Salvaterra de Magos e, todos os membros da comissão da Feira - Exposição, depois de uma breve alocução, deram início aos festejos, com uma visita, aos pavilhões do gado, onde predominava o de engorda e leiteiro Também estiveram presentes, entre outros convidais, os presidentes das câmaras vizinhas, de Benavente e Coruche. A muita maquinaria exposta, destinada à lavoura era uma novidade, pois a agricultura estava em transformação. O certame, com o seu vasto programa de divertimentos, foi um bom cartaz turístico para a vila. Nos anos seguintes, as festas continuaram, mas em 1968, uma aborrecida participação da Tuna Académica de Coimbra, que na sua actuação no palco, fez uma
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declarada afronta ao governo, levou a que muitos outros espectáculos do programa fossem anulados. A polícia política (PIDE), estava presente entre a assistência e no ano seguinte, em 1969, a organização encontrava-se muito debilitada. Tal como em 1968, um grupo de jovens assumiu levar a cabo tal evento, com várias actividades que, integraram no seu programa, as largadas de toiros tiveram lugar na Av., José Luís Brito Seara, junto à escola primária. As provas de campinos e cabrestos, decorreu na Av. principal da vila. No entanto foi o fim daqueles festejos ! AS ENTRADAS DE TOIROS Certo é, a grandiosidade da Lezíria ribatejana, as manadas de toiros bravos e o campino –o seu cartaz com as entradas de toiros, já pertenciam a um passado do primeiro quartel do século XX, Os curros eram encabrestados e conduzidos pelos campinos, desde o campo, muitas vezes com várias dias de viagem, e só entravam na praça pelas horas da madrugada, um dia antes da corrida. Os percursos, obrigavam à passagem pelo meio das localidades. Então aconteciam as esperas de toiros !
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Aí sim, era de ver o povo, os mais afoitos, tirarem os toiros do meio dos bois cabrestos, e a brincadeira com o gado era um prato forte, porque mostrava a coragem do homem do Ribatejo. Em algumas povoações, ainda se mantinha a tradição, realçandose os festejos de Vila Franca de Xira, até porque Santarém capital do distrito, há muito tinha entrado em decadência.
14 ANOS DEPOIS
Em 1983, o executivo camarário de António Moreira, através do Vereador da Cultura; Joaquim Mário Antão, aproveitando o entusiasmo que, grassava pelo país, nos primeiros anos que se seguiram ao dia da liberdade – 25 de Abril de 1974; levou a cabo a realização das primeiras Festas do Foral de Salvaterra, comemorando o 688º aniversário da vila. Os Escuteiros de Salvaterra, deram o seu contributo, e o programa teve lugar nos dias 3, 4 e 5 de Junho. Um pequeno folheto, inseria o programa de pequenas actividades, especialmente do âmbito cultural, e uma breve resenha informativa da história da vila de Salvaterra de Magos. No ano seguinte, em 1984, os festejos foram mais desenvolvidos, até porque um vasto grupo de salvaterenses sentiram o sinal dado pelos Escuteiros, na promoção daquelas festas, nasceram assim; as FESTAS DO FORAL DOS TOIROS E DO FANDANGO, e no dia 6 de Junho tiveram o seu início. Os festejos, ocupavam duas semanas, sendo a primeira para a parte cultural.
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Estava dado o mote, para se iniciar a outra parte que seria mais virada para a vertente dos festejos tradicionais, e aí entravam os toiros e os campinos. Não foi esquecida a noite da sardinha assada, onde vinho, oferecido pelos vinicultores da terra e, da região, dava para ser distribuído por muitos barris de madeira, de 100 litros, ao longo da Avenida principal da vila. O pão, uma oferta dos padeiros, era cortado aos pedaços pelos jovens escuteiros. As sardinhas, eram oferecidas ao povo pela comissão de festas. Nos anos seguintes as exposições e mostras de artesanato, mesmo as danças e cantares dos ranchos folclóricos, passaram a ter dia certo no programa das festas, e decorriam no palco instalado no Largo dos Combatentes. Os agrupamentos estrangeiros que, se exibiam no palco de Salvaterra de Magos, eram os mesmos que se deslocavam à Feira do Ribatejo, em Santarém. As picarias à vara larga, e outras provas de competição, recordavam a arte dos campinos no seu quotidiano laboral, passaram a ter lugar, nos terrenos de Trás-Monturos, e o fogo de artificio, encerrava os festejos. Naquele ano de 1984, as “FESTAS DO FORAL DOS TOIROS E DO FANDANDO” de SALVATERRA DE MAGOS , foram realizadas pela comissão composta por: António da Silva Ferreira Moreira,
Joaquim Mário da Silva Antão, Vidaúl Sílvio Cabaço, Mário Maymone Madeira, Manuel Santana Silva Lobo, Armando Rafael de Oliveira, Ana Maria Pessoa de Oliveira Antunes, Mário Duarte Travessa, José Rodrigues Gameiro, Manuel Ferreira, António Gonçalves, Fernanda Policarpo Lobo, Carlos Eugénio Machado das Neves, Joaquim Mendes, Maria Elisa Viana, Miguel Viegas, Maria
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Leonor Cadório Silva, Cláudia Machado das Neves, Carlos Manuel Henriques Duarte, Helena Isabel Henriques, Paula Cristina Felício, Mafalda Conceição Lopes Silva, Brioletes Pessoa de Oliveira, Maria Júlia Ramalho Neves Faro, Iolanda Maria Moreira Neto Ferreira Magalhães, Maria Fernanda Roquette Cabaço Oliveira, José Rafael Doutor Sabino Assis, Maria do Carmo Taveira Antunes Martins, Manuel Loureço Policarpo, António Pita Rabita, e José Manuel Torroais. O membro da comissão, João Manuel Ferreira Monteiro, assumiu a responsabilidade do secretariado, para os contactos das várias actividades do programa. Nas edições dos anos seguintes, que ocuparam um espaço dos anos de 1985 a 1988, a sua comissão esteve assim composta:
António da Silva Ferreira Moreira, Cassiano Manuel Rodrigues Gameiro, Vidaúl Sílvio Cabaço, Joaquim Mário Silva Cardoso Antão, Iolanda Maria Moreira Neto Ferreira Magalhães, Maria Júlia Ramalho Neves Faro, Dr.ª Maria Leonor Cadório Silva, Manuel Fernandes Travessa, Manuel Santana Silva Lobo, Mário Maymone Madeira, Carlos Eugénio Machado das Neves, António Miguel Rodrigues Gameiro, José Manuel Torroais, Armando Rafael de Oliveira, Mário Duarte Travessa, Maria Fernanda Policarpo Lobo, Maria Fernanda Roquette Cabaço Oliveira, Dr.ª Ana Maria Pessoa de Oliveira Antunes, António Gonçalves, José Rodrigues Gameiro, Francisco Manuel Ferreira Gomes, Acácio Santa Bárbara, Miguel Viegas, Maria Elisa Viana, Joaquim Mendes, José Manuel Jorge, Brioletes Pessoa Oliveira, secretariado por João Manuel Ferreira Monteiro. Alguns, para organizarem as actividades que estavam sob a sua responsabilidade, faziam deslocações, sendo estas e outras despesas, pagas do seu bolso. Mesmo a aquisição das flores e,
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prendas oferecidas, aos convidados e artistas, eram por si adquiridas., sendo algumas oferta de floristas. A Comissão, depois começou a empenhar-se na feitura de um pequeno emblema de lapela, e uma placa, que simbolizava as festas, era uma forma de angariação de fundos. Uma Quermesse, foi instalada em pavilhão construído para tal efeito, e passou a ser uma referência nas Festas de Salvaterra de Magos, a venda de rifas, sorteavam pequenas peças utilitárias, que a população oferecia em vários peditórios, ao longo do ano, ou que se compravam na indústria vidreira e da louça. Em 1985, Manuel Fernandes Travessa, então encarregado na organização taurina, levou a cabo uma entrada de toiros pela Av. principal da vila, até à praça de toiros. No dia do desfile dos campinos, o mesmo Fernandes Travessa, teve a ideia de se integrar no cortejo, montado a cavalo, com trajes de lavrador, a partir daí passou a existir no programa das festas, um desfile de cavaleiros, amazonas e carros aparelhados que percorrendo a avenida principal da vila, terminavam com os cabrestos assistindo à missa campal, no palco das festas. Neste cenário, uma figura ligada à vida do campo, passou a ser homenageada. Em 1987, as largadas de toiros, restringiam-se a um espaço do lado norte da Av., Roberto da Fonseca, pois os seus lindos canteiros de flores, não se compadeciam com os estragos causado naqueles dias festivos. Os moradores, continuaram a engalanar com colchas e mantas antigas, as varandas.
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As mantas lembravam as “Lombeira”, que a campinagem ainda no primeiro quartel do séc. XX, usava por cima das costas quando pastava o gado em dias de inverno. As montras dos estabelecimentos, mostravam utensílios e fotos, que eram memórias antigas, ligadas ao mundo rural.
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Festas dos Toiros e do Fandango - 1976
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Festas dos Toiros e do Fandango – 1976
67 A carolice dos festeiros, patenteava-se no amor à sua terra, mas diversas diferenças de opinião sobre a forma de levar a cabo a concretização de um vasto programa de duas semanas, levava muitos a sair. Os que ainda teimavam em ficar, eram também já um elo de segurança, perante os compromissos assumidos, e uma garantia para as entidades contactadas. As Tasquinhas, passaram também a dar outra alegria ao espaço das festas, as instituições da terra, aderiram para aí tirarem alguns proventos financeiros. Um ano houve que estavam “emsombradas” pela chuva que não deixava de cair havia vários dias, uma entusiasta da comissão, e grande devota de um santo, querido na terra, lhe fez preces, e os restantes dias foi de um sol, que muito abrilhantou os festejos. Os anos foram passando, a comissão de festas, tinha necessidade de renovação de novos membros todos os anos, alguns não conseguiam levar a sério a sua missão, deixando o resto dos companheiros em grandes dificuldades, na concretização de um vasto programa de duas semanas. Em 1987, as largadas de toiros, restringiam-se a um espaço do lado norte da Av., Roberto da Fonseca, pois os seus lindos canteiros de flores, não se compadeciam com os estragos causados, naqueles dias de festa taurina ribatejana. As festas do Foral dos Toiros e do Fandango – Salvaterra de Magos passaram a ser um período de tempo, para as famílias se encontrarem ! Nesse ano, quando da publicação do relatório das contas, a comissão deixou um saldo de cerca de 600 mil escudos.
68 AS DISISTÊNCIAS
Todos os anos, o cenário era o mesmo, alguns entravam na Comissão das Festas, nas primeiras reuniões, apresentavam as suas propostas e ideias, confrontados em desenvolverem-nas e concretizarem-nas, para a sua integração no calendário festivo, desistiam deixavam de aparecer e, cá fora passavam a comentar, que a Comissão das Festa era dominada por alguns. ****************** ************
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. AS COMISSÕES DE FESTAS
Para organizar as festas do ano de 1990, e segundo documentação disponível na época, comprometeram-se inicialmente: António da Silva Ferreira Moreira, Vidaúl Silvio
Cabaço, José Rodrigues Gameiro, Joaquim Mário Antão, Manuel Fernandes Travessa, Acácio Silva Santa Bárbara (*), Mário Maymone Madeira (*), Manuel Santana Silva Lobo, Armando Rafael Oliveira, Dr. Ana Maria Pessoa Oliveira Antunes, Mário Duarte Travessa, Manuel Ferreira (*), António Gonçalves, Fernanda Policarpo Silva Lobo, Carlos Eugénio Machado das Neves (*), Miguel Viegas, Carlos Matias, Dr.ª Maria Leonor Cadório da Silva, Cláudia Machado das Neves (*), Maria Elisa Viana, Carlos Manuel Henriques Duarte, Helena Isabel Henriques Duarte, Paula Cristina Felício (*), Mafalfa da Conceição Lopes Lopes da Silva (*), Brioletes Pessoa Oliveira, Maria Júlia Ramalho Neves Faro, Iolanda Maria Moreira Neto Ferreira Magalhães, Maria Fernanda Roquette Cabaço Oliveira (*), José Rafael Doutor Sabino Assis (*), António de Jesus Cardoso, João António Aleluia (*), António Francisco Almeida Morais (*), Eugénio Manuel Fernandes Gomes, Mariana da Conceição Guerreiro Militão (*), Ana Cristina Silva Ferreira Ramalho e José Manuel Figueiredo Torroais. O saldo deixado após publicação das contas, para o ano seguinte, foi de cerca de 78 mil escudos. A qualidade, atingida pelas “FESTAS DO FORAL, DOS TOIROS E DO FANDANGO”, em Salvaterra de Magos, levou a mesma a ser
72 recomendada, no Boletim Nacional da Secretaria de Estado do Turismo. Para a angariação de publicidade, a grande suporte do seu custo, as festas passou a contar com um livro editado, que também mostrava fotos de tempos idos. Em 3 de Fevereiro de 1992, a população foi alertada e convidada para uma reunião, pois a falta de elementos, colocava em risco a sua organização naquele ano e nos seguintes. .A resposta foi boa por parte de muitos jovens, que integrados num grupo de antigos festeiros, foi possível dar continuidade a um projecto, que já era da população salvaterrense
************ (*) – Elementos que não acabaram o elenco da comissão das festas
No ano de 1993, a noite da “SARDINHA ASSADA”, atingiu a oferta, na ordem de uma tonelada e, para tal muito contribuiu a vinda a Salvaterra, do XXIV Cruzeiro do Tejo, uma iniciativa da secção de vela do ALHANDRA SPORTING CLUB. Uma prova fluvial, que a comissão das festas e a autarquia apoiavam, pelo elevado número de visitantes que trazia a Salvaterra de Magos. Os barcos aportavam no cais da vala real, e o tão elevado número de forasteiros, acampavam nos terrenos próximos, por uma noite. Neste ano, editado em livro apropriado, nas suas páginas na Comissão de Honra, constavam os salvaterrenses: António da Silva Moreira (Presidente da Câmara Municipal de
Salvaterra de Magos) e José Rodrigues Gameiro (Presidente da Assembleia de Freguesia de Salvaterra de Magos.
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Em 1996, verificava-se a saída de alguns festeiros, e após uma convocação, um grupo de três dezenas de pessoas, parte delas relacionadas com antigas comissões, reuniu-se, e após discussão foi deliberado continuar com as festas e constituir a Associação de Amigos de Salvaterra - AMIMAGOS, com escritura pública. Mais foi decidido, que a partir daquela data as festas, funcionassem autonomamente em relação aos poderes autárquicos. O corte, tinha em mente dar continuidade às iniciativas há muito implementadas e apenas receber daqueles poderes, os apoios logísticos e financeiros. Naquele encontro, não foram esquecidos de apontar nomes, como: Armando Maymone Madeira, Vidaúl Cabaço, Armando
Rafael de Oliveira, Joaquim Mário Antão, Fernanda Policarpo Lobo, José Manuel Torroais, José Rodrigues Gameiro, Manuel Santana Lobo, e muitos outros, que empenhadamente, desde 1984, e durante muitos anos, disseram sim, às festas da sua terra. A nova estrutura, que tomou a seu cargo a realização das festas de 1996 e 1997, no ano seguinte publicou as contas, onde se podia verificar a sua amplitude, pois já movimentavam os 9 mil contos.
No final do ano de 1997, concelho de Salvaterra de Magos, após eleições autárquicas, viu alterado a sua composição Politica/partidária. As festas, começaram aí a sentir a sua influência.
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Uma associação cívica, foi criada e passou a gerir a Comissão de Festas, os festejos passaram a ter um novo formato. O espectáculo taurino, passou a ter maior predominância no seu programa, com as largadas de toiros a terem lugar desde a praça de toiros, ocupando um espaço da Av. Roberto da Fonseca. Em 2001, toda a sua organização dava mostras de um figurino onde os colaboradores, estavam conotados com os executivos quer da Câmara, quer da Junta de Freguesia, muitos deles na esperança de angariar um emprego naquelas autarquias. COMISSÃO EXECUTIVA
Armando Ferreira, Miguel Viegas, Cláudia Neves, Sónia Bacatelo, Carlos Abreu, Graça de Almeida, Euprépria Oliveira, Elisa Cantador, Helena Duarte, Isabel Romana, João Nunes Santos, Manuel Vasco Catarriça, José Gaspar da Silva, Julieta Hipólito, Maria Fátima Cipriano, Lisete Fiel, José Nunes, António Maria e Guilhermina Duarte COLABORADORES
Francisco Monteiro, José Anacleto, Francisco Duarte, José Miguel Ferreira, Manuel Bacatelo, Manuel Carlos, Manuel Cantador, Manuel Caniço, João Rafael Caleiro Narciso, Custódio Caniço e Joaquim Pedro Fernando *********
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FOTOS USADAS:
Pág. 8 – Entrada do Recinto das Festas dos Toiros e do Fandango “ de Salvaterra de Magos – 1966 Pág.9 - Comissão de Honra das Festas, espera chegada do Governador Civil de Santarém * Chegada do Governador Civil de Santarém Pág.10 - Menina, entrega as chaves do recinto das Festas, ao Governador Civil e Presidente da Câmara – 1996* Desfile dos Bombeiro a caminho do recinto das Festas * Desfile da Banda de Música, a caminho do recinto das Festas – 1966 * Parada de Campinos, fazendo a Guarda de Honra – 1966 * Recinto das Exposição das Máquinas Agrícolas – Festas 1996 Pág. 11 – Reportagem do Jornal “Correio da Manhã”, sobre o regresso das Festas – 1984 * Programa das primeiras Festa do Foral dos Toiros e do Fandango – 1984 *Inicio do cortejo de Campinos e Cabrestos – Av. Dr. Roberto Fonseca * Prova de Campinos da Casa Agrícola José Lino, na Av. Principal da vila - 1988 Pág. 12 - Largada de Toiros, junto da Praça de Toiros * Largada de Toiros, na Av., Principal de Salvaterra * Homenagem ao Campino, Manuel Fernandes (Manuel Paleão) está junto José Gameiro, na reportagem – 1998 * Missa Campal – Festas 1998 * Entrada de toiros, nos festejos da inauguração da Praça de Toiros em 1920 BIBLIOGRAFIA USADA:
* Revista a Hora, edição de 1936, e edição de 1966 * Revista “ Salvaterra de Magos, Através dos Tempos “ * Comunicação Social - Diversa * Documentação do autor * Livros, Programas e outros documentos das Festas
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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS N.º 39 Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
( UMA ESCOLA DE SOLIDARIEDADE ) O Autor: JOSÉ GAMEIRO
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Primeira Edição FICHA TECNICA: Titulo:
OS ESCUTEIROS DA VILA
( Uma Escola de Solidariedade ) Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues ISBN: 978– 989 – 8071 – 42 – 2 Depósito Legal: 256490 /07 Edição 100 exemplares – Março de 2007 Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS
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2ª Edição Revista e Aumentada ********************
* Contactos: Tel. 263 505 178 * Tem. 918 905 704 E-mail: Josergameiro@sapo.pt Este texto não segue o Acordo Ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Os meus irmãos, foram da primeira leva, e pertenceram durante anos aos Escuteiros de Salvaterra de Magos. Eles sabiam do meu interesse pelas coisas da história da nossa terra. Um dia, alertaram-me quando tinham acabado de limpar o vasto matagal, de um espaço anexo à capela real, sua sede, ali existiam e foram postas a descoberto pedras tumulares e jazigos. Delas fiz fotografias e notícia nos jornais!. Aquela juventude, não deixou no entanto de danificar um velho armário, que continha um órgão de tubos – veio a saber-se, os tubos, andavam a servir de brincadeira, e acabaram por desaparecer. De perto, fui vivendo a existência do escutismo, nesta vila, os seus encontros, os grandes movimentos de solidariedade, a azafama dos preparativos para os acampamentos, com estadias durante vários dias fora foram organizados em ambiente famíliar. A mudança da sua sede para o edifício da antiga creche paroquial, levou a sonharem de um dia terem instalações próprias de raiz, o que veio a concretizar-se, eles, os escuteiros, bem o merecia. Estavam organizados pertencendo a organizações nacionais, e as causas humanitárias a que se entregavam eram relevantes, fazendo do escutismo uma escola de solidariedade.
Março: 2007
JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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O APARECIMENTO DO ESCUTISMO A história do escutismo vem do século XIX, e está intimamente ligada a um cidadão inglês, o 1º Barão de Ban-Powell (Robert Stephenson Smyth Baden – Powell), nascido em Londres, em 1857. Quando jovem e depois dos estudos, ingressou no exército inglês, onde usou os conhecimentos adquiridos, enquanto criança, na companhia dos seus doze irmãos. Na guerra do Transvaal, em 1899, durante 217 dias e enquanto aguardava a chegada de reforços, treinou crianças e jovens adolescentes, no desempenho de tarefas como: cozinha, comunicações, primeiros-socorros, etc. Anos mais tarde, em 1907, sendo já general do exercito inglês, na ilha de Brownsea, organizou um acampamento com 20 jovens dos 12 aos 16 anos de idade. Em 1908, na qual teve a ajuda de sua irmã, Miss Agnes Baden-Powell,, fundou os “Boy Scouts”, tendo em 1910, criado as “Girl Guides”. Das experiências adquiridas com os jovens ingleses, Baden Powell, escreveu um livro “Escutismo para Rapazes” publicado em 1918. Era um método de educação de carácter, pelo desenvolvimento das virtudes cívicas e de espírito humanitária, depressa atraiu os jovens em todo o mundo civilizado, pois era como o autor definia “ uma escola da mocidade que tem por fim a formação a formação do homem, moralmente, intelectualmente e fisicamente perfeito”.
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O ESCUTISMO EM PORTUGAL O escutismo em Portugal, data de 1911, com algumas experiências efectuadas em Macau, mas a sua legalização vem com a “Associação dos Escuteiros de Portugal” em 1913, na cidade Braga, era uma prática que se cria independente de credos religiosos e políticos, aliás como a original inglesa. Depressa as suas boas práticas, vieram ao encontro da igreja católica, que deu abrigo ao Corpo Nacional de Escutas, fundado em 27 de Maio de 1923, daí nasceram muitos agrupamentos, então criados pelo país. OS ESCUTEIROS EM SALVATERRA Um dia, naquele ano de 1964, vieram até Salvaterra de Magos, os jovens: José Barata e João Rodrigues Azevedo, escuteiros, que se tinham “aborrecido” no agrupamento da sua terra, Benavente, Ofereceram os seus préstimos de escutas, e foram ouvidos, pelo padre José Rodrigues Diogo, que acarinhando a ideia, a que aderiram um largo número de jovens. O novo Agrupamento de Escutas de Portugal, recebeu o Nº 68º e, foi instalado com sua sede provisória, numa divisão da antiga capela real da vila.
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José Luís Serra Borrego e Maria da Conceição Quitério, passaram a ser os chefes do novo Agrupamento de Salvaterra de Magos. O padre José Diogo, assumiu o cargo de responsável máximo pela sua organização e desenvolvimento, no seio da juventude da terra. Os irmãos: Cassiano e António Miguel Gameiro; os irmãos: Miguel Casimiro e João: Casimiro, os irmãos: João Catarino de Freitas e António, José Hipólito Ramalho, Júlio Pereira, Carlos Torroais Albuquerque, João Coutinho, Manuel João Videira Morais, são nomes que a memória guardou, como os primeiros aderentes, pois a falta de registos, obriga a falhas involuntárias. O compromisso oficial, teve lugar, meses depois, na igreja matriz da paróquia de Salvaterra de Magos, e o culminar desta cerimónia, logo levou à adesão de mais jovens (rapazes e raparigas). Estavam assim criadas, várias secções, onde os Exploradores e Lobitos, davam vida ao Agrupamento.
84 Amiúdas vezes faziam acampamentos, aproveitando as condições naturais da Barragem de Magos, passando a confraternizar com outras organizações escutistas, a serem uma prática por eles usada em Portugal, e no estrangeiro. A vida do escutismo em Salvaterra, ao longo do tempo, tem tido o apoio de, António José Narciso e de Ana Cadório, a Nocas, que desde muito jovens se entregaram à causa escutista. Depois daquela instalação na Capela, onde estiveram poucos meses, saíram e foram ocupar uma pequena casa na avenida principal da vila, regressando novamente à capela real. Uma das suas grandes necessidades, sempre realçadas, era uma sede em condições, pois a sua instalação agora no edifício da antiga creche, na rua Cândido dos Reis, não satisfazia a modernização que se pretendia naquele agrupamento. Várias gerações de crianças jovens, passando pelo 68º Agrupamento Escuteiros de Salvaterra, encontraram nos chefes do Agrupamento; José António Narciso, Maria Leonor Cadório da Silva, e Paulo Jorge, têm dado, grandes exemplos no escutismo de como se deve estar em comonidade. Este Agrupamento, sendo um baluarte antigo, na Diocese de Santarém, que tendo uma vasta área, a adesão a esta prática é muito fraca. No concelho de Salvaterra, existem dois. O 1012, na Gloria do Ribatejo e o 698 em Marinhais.
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A NOVA SEDE
Com o apoio do padre, Agostinho de Sousa, responsável pela paróquia, em 1979, o então presidente da Câmara, Gameiro dos Santos, e o Secretariado para a Juventude, assumiram o encargo da construção de uma nova sede., que ocupou um espaço na retaguarda do edifício paroquial (anos atrás ali funcionou um centro de apoio aos pobres com fornecimento de alimentação, uma creche e por último um centro de formação juvenil - obras levadas a cabo pela fábrica da Igreja Paroquial, da freguesia) O edifício, com entrada pela rua do Rossio, foi solenemente inaugurado, em 1997, e veio dar novas condições para uma nova etapa, na vida do 68º Agrupamento de Salvaterra de Magos, cujos componentes continuam, colaborando em apoios humanitários. Especialmente no peditório nacional, organizado pela Cruz Vermelha Portuguesa.
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Escuteiros, após a Cerimónia de Compromisso,
frente à Igreja Matriz de Salvaterra de Magos
Escuteiros num Acampamento – Barragem de Magos
Um Grupo de Escuteiros – Lobitos
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António Miguel Rodrigues Gameiro – 1964 Foto: José Gameiro José Manuel Rodrigues Oliveira – 1964 Foto: José Gameiro
António Miguel Rodrigues Gameiro – 1964 Foto: José Gameiro
António Miguel Rodrigues Gameiro - 1964 Foto: José Gameiro
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Notícia dos Jornais Notícia publicada no JVT
18.12.1997 * José Gameiro
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BIBLIOGRAFIA USADA: * Grande Enciclopédia Portuguesa – Brasileira * Documentos do Autor * Jornal Vale do Tejo – 18.12.1997
FOTOS USADAS: * Pág. 1 – Padre, José R. Diogo * Pág. 2 – Escuteiros: António Miguel Rodrigues Gameiro e seu irmão, Cassiano Manuel Rodrigues Gameiro * Pág. 3 – Edifício da antiga capela real de Salvaterra de Magos, 1º local sede dos Escuteiros do 68º Agrupamento de Escuteiros de Salvaterra de Magos * Pág. 3 - Edifício da antiga Creche Paroquial - local da sede dos Escuteiros * Pág. 4 – Obras para a construção da nova sede Edifício sede dos Escuteiros, em dia de inauguração.
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 40 Documentos para a História de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XXI Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
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Fotos da Capa: Bombeiro, apagando um incêndio no Pinhal dos Morros* Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos
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Primeira Edição FICHA TECNICA:
Titulo: A ORIGEM DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS, E DA SUA BANDA DE MÚSICA Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN : 978– 989 – 8071 – 43 – 9 Depósito Legal: 256491 /07 Edição: 100 Exemplares - Março de: 2007
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2ª Edição Revista e Aumentada ************************** * Contactos: Tel. 263 504 458 * Telem. 918 905 704 Josérgameiro@sapo.pt
O Autor deste texto não segue o Acordo Ortográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO ! É chegada a hora de fazer-se um balanço e, registar o que foi o passado desta Associação Humanitária, com o seu corpo activo de bombeiros voluntários, e da banda de música, desde o já distante ano de 1935. Uma exposição documental e fotográfica, sobre a instituição, esteve patente na Capela real, no ano de 2005, durante o período das Festas do Foral. Colaboramos em tal evento, disponibilizando o arquivo documental e fotográfico, de muitos anos, que guardamos sobre os Bombeiros e da sua Banda de Música. Agora é tempo de os dar a conhecer a um público mais numeroso. Num tempo recente, ciente das grandes dificuldades financeiras em que vivia os Bombeiros de Salvaterra, cuja origem incidia na construção de um novo quartel, decidi oferecer em 2007, um texto já preparado para uma eventual publicação em livro, do seu historial, afim da instituição obter algumas receitas, tal trabalho foi entregue. O tempo passou, da publicação dessa edição, registei total desinteresse, reformulando o texto, dei origem à edição em sistema online. Neste trabalho, “Recordar, Também é Reconstruir”, sendo um pequeno Caderno de Apontamentos, lembro, dirigentes, bombeiros e músicos, haverá lugar de destaque para os seus muitos benfeitores, sendo justo ficar registado a contribuição do filantropo salvaterriano; Gaspar da Costa Ramalho, pois merece uma referência especial, em jeito de homenagem. A tantos outros, aqui também lhes deixo a mesma lembrança, pois sem a divulgação dos seus nomes a memória dos homens é sempre injusta. 2015
José Gameiro
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A INSTITUIÇÃO ! Associação dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, foi constituída para servir a população de Salvaterra de Magos e seu concelho. Já com uma existência de oitenta anos, graves crises “abalaram” o seu longo percurso que, no entanto sempre foi ultrapassando, porque homens de boa vontade responderam a esses momentos de grande aflição. A sua história, mesmo que simples, está repleta de situações que, valerá a pena contar, não só pelos actos de grande humanismo, e heroísmo que, fez escola no seu corpo activo. No campo cultural, a sua banda, soube estar à altura, desde que foi formada dentro da Associação. Os seus executantes deliciaram o povo, transmitindo a arte da música, tocando obras que, celebrizaram muitos compositores ao longo dos séculos, até que acabou em 2010 Assim em três capítulos, tentamos divulgar as suas histórias, para que constem !
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Capitulo I CORPO ACTIVO
Naquele ano de 1935, da vizinha vila de Benavente, chegaram os bombeiros para ajudar o povo a combater um incêndio que se arrastava à muitas horas numa arrecadação de palha, pois a bomba, tipo cilindro, e uns quantos metros de mangueira, material muito antiquado, pertença do município não chegavam para vencer as chamas. Em casos extremos, em Salvaterra de Magos, ainda se usavam, as duas filas; do balde cheio, balde vazio. Trabalho que mobilizava homens e mulheres, em extensas filas até ao poço mais próximo, chegando muitas vezes a ser usada a água da vala real. Na vila de Salvaterra de Magos, na sua urbanização habitacional predominavam as construções com telhado de meiacana, com infraestruturas de madeiramento que, estavam sujeitas ao “aliciamento” das chamas, provocadas pelas chamas nas chaminés das habitações.
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Os incêndios, quando aconteciam eram pavorosos, os grandes celeiros e palheiros construídos juntos às habitações, davam azo a isso, e assim nos dizem alguns relatos deixados nas páginas destes ou daquele documento que, nos vai servindo de memória. Naquele incêndio, em que se teve de pedir o auxilio dos bombeiros de Benavente, mesmo com a prontidão da sua chegada, levou mais de hora e meia. A sua acção ficou-se
pelo rescaldo, ajudando os poucos bombeiros da vila. O povo, socorreu-se mais uma vez do balde. O armazém e a palha, estavam perdidos pela acção do fogo e da água, não sendo a desgraça tão grande como se esperava, como se ouvia na gritaria, do povo que ajudava a combater as chamas. Perante aquele quadro impressionante, o Dr. José António Vieira,
secundado por José Sabino de Assis e Justiniano Ferreira Estudante, tomaram a iniciativa da criação de uma comissão
99 para a constituição de uma Corporação de Bombeiros Voluntários. O povo aderiu à subscrição pública, levada a cabo, tendo sido apurados, 17.133$50, com a inclusão de uma verba da câmara municipal do valor de 5.000$00.
Muitos jovens da terra, passaram a pertencer às fileiras da corporação dos bombeiros, que entretanto tinha sido oficializada. Tinha sido oficializada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos. Um orçamento para a compra de material e fardamento, dava conta que a despesa seria de 34.600$00, a comissão administrativa da Associação, após vários tentativas para ultrapassar, a falta da restante verba, foi com desgosto que pôs o seu mandato à disposição das entidades oficiais da terra. Ultrapassado este percalço, pois a câmara municipal, sob a presidência de José Luiz Ferreira Roquette , em reunião, deliberou elevar a quantia do município para mais 23.600$00.
O corpo activo dos bombeiros, depressa encontrou espaço para o seu aquartelamento, num edifício na nova Av. José Luís Brito
100 Seabra. De noite, num trabalho árduo e incessante que, durou alguns meses, os membros do corpo activo construíam um pronto-socorro, fruto de um desenho de um deles – António Henriques Alexandre, onde foi aproveitada uma camioneta de carga. No dia da sua apresentação em cerimónia pública, foi prestada homenagem ao Dr. José Vieira, sendo madrinha da viatura, sua filha, a menina, Maria Alice Rocha Brito Vieira, estando acompanhada das Srªs. D. Ana Ferreira Gomes e D. Maria Adelaide Madeira da Mata, colocou as fitas comemorativas no estandarte da Corporação.
Alguns anos passaram, a presença dos voluntários de Salvaterra, quer nos fogos, quer nos serviços de socorro em ambulância, passa Um novo quartel, era uma necessidade premente, Gaspar da Costa Ramalho, em 1936, no seu espírito de grande benemerência, mandou construir, em terrenos seus, um
101 novo edifício moderno para a época cada vez mais solicitado, oferecendo-o à instituição, onde mais tarde albergou também a sua Banda de Música, entretanto criada..
Alguns comandantes, tiveram a generosidade de permanecer durante anos à frente de um corpo activo, formado por gente que devotadamente ali prestou, ou vem prestando o seu voluntariado, dando assim do melhor que tem para com o seu semelhante – num grande espírito de magnanimidade Amiúdas vezes a instituição, passou por crises de administração – os seus associados - nem sempre estavam disponíveis para a servir, criando situações difíceis, que eram ultrapassadas, por homens bons, detentoras de grande espírito de empenho, pondo assim muito dos seus tempos livres, ao serviço da comunidade. Com o decorrer dos anos, novas exigências foram criadas à Corporação, dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, com a sua inserção em associações regionais, e nacionais de bombeiros , foram
102 originando a constante renovação de meios e aprendizagem de técnicas novas. Aos seus homens, para combater fogos em plena época estival e, nas calamidades invernosas, são periodicamente ministrados cursos, estando na mesma situação o socorrismo para ambulâncias. A corporação mantinha um número de voluntários, que se renovava constantemente, até porque se compunha na maioria de pedreiros e profissões afins. Ao toque de alarme, num constante bater do sino, largava-se tudo – havia fogo. Quanto ao chamamento da ambulância, o toque era espaçado, até porque os acidentes de trabalho ou de viação eram poucos.
Um caso digno de registo, por volta de 1956, andando um menino, na escola primária, foi ao médico da vila, Dr. Joaquim Carvalho, pois seus pais foram alertados, pela professora, que algo de saúde, não estava bem, com a criança. O médico, prescreveu-lhe um internamento de urgência no hospital do Rego (Curri Cabral)., em Lisboa. Era uma sexta-feira. Contactado o bombeiro responsável pelas saídas da única ambulância, dos voluntários de Salvaterra, foi recomendado a espera até à
103 próxima terça-feira, dia em que a viatura se deslocava a Lisboa, com outros doentes. A criança, foi internada, esteve cerca de 15 dias naquela unidade hospitalar – “o doente, era o autor destas linhas.”
UM DIA DE FESTA, UM DIA DE LUTO !
Mais um aniversário da instituição se comemorava naquele ano de 1968, o dia solarengo de Verão, convidava a um passeio e o acidente aconteceu, conforme consta na notícia publicada em vários jornais. Uma delas saiu no jornal O Século. BOMBEIROS DE SALVATERRA MORREM EM ACIDENTE NA RECTA DO CABO
“Ontem, dia 25 de Agosto, dois bombeiros voluntários de Salvaterra de Magos, morreram num grave acidente na estrada recta do cabo. Era dia de aniversário da corporação, e os voluntários após um almoço de confraternização, pensaram dar um passeio, visitando outras corporações como: Almeirim, Cartaxo, Azambuja e Benavente seria o fim da jornada de convívio com um cumprimento, aos colegas da vila vizinha. A tarde já ia alta na estrada da recta do cabo, sofreram um grave acidente. Do embate, resultou a morte de dois bombeiros, Ezequiel Jorge, o mais velho da corporação, e João Luís Castanheira, natural de Benavente, estabelecido na vila de Salvaterra, com um café junto ao quartel e, que dava a sua colaboração, como motorista, quando necessário. Muitos dos ocupantes da viaturas
104 ficaram gravemente feridos, e a viatura ficou sem recuperação, segundo se pensa ! “ * In Jornal “ O século ” 26/8/1968 *
NOVA VIDA
Tendo os bombeiros, como dogma “VIDA POR VIDA”, a crise instalada, após o acidente de viação, em 1968, os bombeiros estavam desmotivados com o abandono de alguns activos, a situação começou a ser sanada, com uma iniciativa, do então presidente da câmara municipal, José Pinto de Figueiredo, que convidou uma nova equipa de dirigentes.. Segundo, relato de um dos membros da equipa convidada, Mário Silva Antão; o autarca convidou o Eng.º Romeu Fortes Pina que, tomasse conta da corporação dos bombeiros.
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O Egº Romeu, formou uma “comissão administrativa” com Mário Silva Antão e António Viegas , a que viriam a juntarem-se outros. O primeiro passo foi a compra de uma viatura-cisterna, de grande capacidade de armazenamento de água, para incêndios, que foi encontrada em bom estado numa outra congénere na zona de Lisboa. Um carro para o transporte dos voluntários e, duas ambulância, passaram a ser as quatro viaturas do parque automóvel. O antigo e degradado material, especialmente o de combate a incêndios, foi lentamente substituído - escadas e mangueiras – a par do trabalho de recuperação do edifício-sede da instituição que, durou alguns meses. Uma sirene de grande alcance sonoro, foi instalada, no quartel, substituindo assim o velho sinal de pedido de socorros aos bombeiros, instalado na torre da igreja matriz. usando os sinos da igreja matriz da vila, ,sinal que vinha desde 1935. O corpo-activo, foi renovado, com a entrada de novos voluntários, especialmente de jovens que aderiram à iniciativa. Após este período doloroso, para a história dos bombeiros voluntários de Salvaterra de Magos, com muitas carências, e dificuldades ultrapassadas, os cargos de directores, eleitos em actos eleitorais, passou a ter o seu ciclo normal. Uma placa em pedra, colocada no edifício do quartel, recorda e agradece, ao Eng. Romeu Fortes Pina, a sua colaboração.
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As Assembleias - gerais Na já longa vida, da Associação dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, verifica-se uma situação comum a muitas outras instituições. Os associados desinteressam-se pela vida das suas colectividades, não aparecendo, nos seus dias mais nobres; as suas Assembleias-gerais. Por vezes, com o calor e entusiasmo próprio daqueles debates associativos, em que a vida das instituições está em causa, situações existem, em que a intriga e maledicência, se “esforça” por denegrir, o trabalho, de quem se devotou afanosamente em servi-las, em contraste com outras onde é “apetecível”, ouvir louvores pelo zelo empenhado. Veja-se uma Assembleia Geral, realizada em Janeiro de 1960, na sua acta consta a presença, 32 sócios - incluindo os directores, e na sua ordem de trabalhos, discutiu-se a “venda” do alvará da exploração do cinema que era sua pertença. Numa outra, em Dezembro de 1999, convocados para se pronunciarem, quanto à actualização dos seusEstatutos. A presença era escassa, para além dos membros da mesa da Assembleia Geral, composta por:
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José Manuel da Luz Ferreira, Manuel Luís de Oliveira e Francisco Santos Travessa., estavam os membros da Direcção e Conselho Fiscal. No lugar de associados, podiam -se ver: António Manuel Pires Gomes, Vasco Manique, Mário da Silva Antão, António Carlos Costa Paiva, Carlos Cantador Duarte, José Porfírio Morais, Armando Rafael Oliveira, Joaquim Mário Antão, João Mendes da Silva e Carlos Leonel Duarte. Em duas outras mais recentes, até porque se realizavam eleições, por serem actos que, estavam envoltos em polémica, e a coberto da comunicação social, verificou-se a afluência de um número de associados nunca antes registado, Na realizada no dia 4 de Janeiro de 2001, registou-se a presença de 179 sócios, enquanto um ano depois estiveram a votar cerca de meio milhar sócios. Entre os 494 associados, muitos era pela primeira vez que estavam presentes num acto eleitoral daquela instituição, mesmo sendo associados à muitos anos. A causa era motivada por uma grande polémica, entre as duas listas que se apresentaram a eleições, tendo uma delas andado a motivar pessoalmente os seus correligionários a estarem presentes.
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OS FESTEJOS DE ANIVERSÁRIO
Mesmo que modestamente, os responsáveis pela associação, ao longo da sua existência, não deixavam de registar aquela data que simboliza o “nascimento” da corporação de bombeiros, muito acarinhada pelo povo do concelho.
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RECEBER PREMIO EM TEMPO DE ANIVERSÁRIO
No dia da comemoração dos seus 46 anos de vida, muitos dos seus voluntários são galardoados com a medalha de ouro de duas estrelas, assim nos dá conta a notícia seguinte: “Com dois dias de antecedência da data, segundo foi justificado para ser em dia de descanso. Comemorava-se o 38º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos.
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Na oportunidade, toda a Direcção presente recebeu um justo galardão que, foi atribuído à corporação – A Medalha de Ouro de duas Estrelas. Em formatura frente ao quartel, na rua 25 de Abril, com o corpo activo, encontravam-se os voluntários da secção de Muge, recentemente criada para servir a população daquela vila e freguesia do concelho. Nestes festejos, honraram com a sua presença, os bombeiros vizinhos de Benavente. Feita continência aos visitantes: Presidente da Federação Distrital de Santarém e conselheiro da Inspecção do Serviço Nacional de Bombeiros e ao presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal. O presidente da Direcção, Dr. José Gameiro dos Santos, deu inicio às cerimónias, começando por fazer um breve historial da associação, finalizando dizendo que os actuais dirigentes, tiveram como especial prioridade “arrumar a casa”, o que em parte já estava conseguido. Fez severas criticas aos CTT, pois à muito estava requisitada uma nova linha de telefone, e até à data não tinham obtido resposta daquela empresa. Seguidamente, o Comandante, Carlos Leonel Duarte, informou que os bombeiros de Salvaterra, durante o último ano, prestaram entre outros serviços, 7909 horas de ambulância, 93 assistências a acidente de viação, acudiram a 33 acidentes
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Tiveram presentes em 8 fogos de habitação, socorreram 71 parturientes, foram chamados a combater 3 fogos em searas, tendo as viaturas percorridos cerca de 10.110 km. Usando de seguida a palavra, o presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Santarém, deu os parabéns à Associação Humanitária de Salvaterra de Magos, através da sua direcção. Com um contacto assíduo com estes, teve ensejo de verificar o dinamismo e carolice que, manifestavam nos desejos de conseguirem mais e melhor para os seus bombeiros, assim era seu dever registá-lo publicamente, disse.
Seguidamente, o presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal, depois de salientar o que este ano se vem passando em todo o país, onde os pinhais e florestas, estão em chamas, vitimas na sua maior parte de mãos criminosas, segundo se está a apurar, é de ver a presença dos bombeiros que não regateando esforços e sacrifícios, ali chegam a andar dias a
112 fio. Mais disse: A minha presença em Salvaterra de Magos, devese ao facto da sua Corporação de Bombeiros, ter sido galardoada com a “MEDALHA DE OURO DE DUAS ESTRELAS” – prémio instituído a nível nacional e, este ano ser a escolhida com tal distinção honorifica que, certamente enriquecerá o seu historial. De seguida com a ajuda do comandante do corpo activo, colocou tão significativo galardão, no estandarte da instituição. O último orador da cerimónia, foi o Dr. Alexandre António Monteiro, ali presente na qualidade de vice-presidente da câmara municipal, destacando o trabalho feito por esta direcção, especialmente com a criação de uma secção de bombeiros voluntários, na vila e freguesia de Muge. A finalizar a cerimónia, foram distribuídos os diplomas atribuídos pela Cruz Vermelha Portuguesa, aos bombeiros que dias antes tinham terminado um curso de socorrismo, ministrado naquela instituição de solidariedade. Fechou a cerimónia, o Padre, José Diogo, pároco da freguesia, benzendo duas viaturas; um Jeep e uma ambulância com a matricula, NO-74-61. O primeiro veiculo, recebeu o nome “Bombeiros Fundadores”, estando presentes a representá-los e foram padrinhos, os ex-voluntários, José Teodoro Amaro, os irmãos Sebastião e Augusto Cabaço, João Feliciano Gil e João Miguel Oliveira (João Capadão). A segunda viatura, recebeu o nome “António Pedro Ferreira”, estando presentes, sua viúva e filhos. 23/08/1981 * Reportagem de: José Gameiro
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UM NOVO TEMPO NA ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS !
Os tempos são outros! A época da benemerência passou, até porque o homem moderno, é diferente, está distanciado e pouco afectivo na solidarização para com a comunidade onde vive. Passou a exigir dos poderes públicos a resolução das suas necessidades básicas, deixou de praticar a filantropia para com os seus semelhantes mais necessitados.
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UM SONHO, UM NOVO QUARTEL !
Construir, um novo edifício para quartel-sede, foi o lema da direcção eleita para o mandato – 1999/2000 “As velhas instalações à muito se tornaram insuficientes para a prestação dos socorros que a população do concelho merece”, Joaquim Mário Antão, foi o porta-voz deste desejo, e com empenho, deu inicio ao processo. Logo um projecto deu entrada em muitas secretarias oficiais, e a homologação da construção foi concedida e comparticipada. Entre as várias entidades, foi a câmara municipal e a Associação dos Bombeiros, que mais se responsabilizaram em suportar os custos da obra, assim foi noticiado na comunicação social. No ano de 2003, a direcção recém-eleita, tinha no seu programa eleitoral, a promessa: * RECUPERAR A BOA RELAÇÃO ENTRE A DIRECÇÃO E OS BOMBEIROS - DIGNIFICAR A INSTITUIÇÃO *. A direcção não se ficou pelo apaziguamento do mal estar que reinava no corpo activo, mobilizou – se, também para a construção de um novo aquartelamento, visto o edifício que ocupavam já não reunir as condições suficientes para o seu trabalho – estar ao serviço da população do concelho.
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PROJECTO PARA UM NOVO EDIFICIO DOS BOMBEIROS
CONCURSO PÚBLICO
Algum tempo depois, nos jornais foi publicada a notícia do acordo que foi possível encontrar entre o executivo camarário e os membros da direcção, a nível institucional, já que o relacionamento existente tinha um clima de alguma crispação, que a comunicação social da região, servia para constantemente publicar, os pontos de vista sobre vários assuntos, em que a discórdia era mais latente.
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A DETENÇÃO POLICIAL DOS SEUS DIRIGENTES
O conflito instalou-se entre a presidência da câmara, e a AHBVSM, logo após a tomada de posse do novo executivo autárquico. As notícias passaram a ser notórias em 1999, com os bombeiros a queixarem-se que os subsídios lhes tinham sido retirados(1). O distanciamento entre as duas entidades era cada vez mais, questionando-se o presidente da direcção; Carlos Marques, que via com preocupação que o foco de todo aquele diferendo era com o comandante da corporação; Carlos Leonel Duarte, que seria a ponte para o ataque a outros dirigentes, que já tinham pertencido ao executivo camarário.
Momento da detenção policial, do Comandante dos Bombeiros, Carlos Leonel –Foto publicada no Jornal “Correio da Manhã” ************ (1)-Jornal O Mirante; 25 de Dezembro de 2003; pág. 26
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Em 2004, culminou uma investigaão que durava há ano e meio; por; “peculato, apropriação ilegítima, favorecimento pessoal e económico” de um processo entrado no tribunal em 2002, contra; Carlos Leonel, Joaquim Mário Antão e Dr. José Gameiro dos Santos, Na operação policial de detenção; “Sirene Oculta”, interveio o Núcleo de Investigação da GNR, Coruche, e no dia 23 de Maio, pela manhã junto ao edifício dos Bombeiros (era dia de festa), o seu comandante foi detido. A presença do jornal “Correio da Manhã” (1), foi de imediato comentada pela população, como muito estranha, tal, decerto já estava avisado do que iria acontecer.
Momento em que os ex-dirigentes dos Bombeiros, deixavam o Tribunal *Foto Jornal Vale do Tejo *********** (1)http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=110886&idselect=9& idCanal=9&p=94 24/05/2004 Página Web 2 e 3
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Joaquim Antão, também foi detido, o que não aconteceu com Gameiro dos Santos, que estava ausente em Espanha, tendo-se colocado às ordens da policia, logo que chega-se a Portugal. Ainda nesse dia, Jornais e televisões, encheram as suas páginas e noticiários, o que aconteceu nos dias seguintes. Os filhos do antigo edil Gameiro dos Santos, numa conferência de imprensa, deram a conhecer uma carta que o pai recebeu, em 1997, remetida por: João Casimiro com ameaças. Tempos depois, com nova eleição na AHBVSM, João Casimiro, está à frente dos novos dirigentes, e segundo a voz do povo eram “porta-voz” e zelavam pelos desígnios dos autarcas em exercício – câmara e junta de freguesia de Salvaterra de Magos. Novas suspeitas passaram a circular, os visados, estes teriam feito uma gestão ruinosa, onde incluíam compras e seguros. Entretanto, João Casimiro, desdobrava-se em entrevistas à televisão e jornais O Ribatejo e o Mirante (1), entre outros deram grande relevo às suas palavras. A AHBVSM, distribuíram um comunicado sobre o assunto, onde convocavam uma conferência de imprensa. Meses depois o tribunal não lhes imputou quaisquer responsabilidades nos processos de que eram acusados, pelo que o mesmo foi arquivado, e os suspeitos saíram em liberdade. ********** (1)-O Ribatejo; edição27.05.2004; Pág.13
120 *O Mirante; 03.2004; Pรกg. 23
ANร NCIO DO CONCURSO:
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* Recortes de Jornais: NOTICIAS DE SALVATERRA !
Acidente Salvaterra de Magos, hoje, dia 4, pelas 9,30 horas, na ocasião em que a Corporação dos Bombeiros Voluntários desta vila se dirigia para o local onde costuma fazer os seus exercícios, encontrava-se parado, na avenida do Calvário; um carro de bois, pertencente a Luiz Roquette (Herdeiros). Sobre o carro encontrava-se uma criança de 7 anos. Os bois assustaram-se por qualquer motivo e fugiram em louca correria, levando atrelado o carro, levando em cima uma pobre criança. Graças à rápida intervenção de alguns bombeiros que seguiram correndo atrás do carro e em especial ao voluntário, Sebastião Augusto Cabaço, que conseguiu saltar, para dentro do veiculo, a criança foi salva de um desastre, pois já se preparava para saltar para a estrada. Os bois só pararam a grande distância desta vila. Era de maior justiça que o bombeiro, Sebastião Cabaço fosse louvado, obtendo, assim o prémio da sua nobre acção – C. **************
122 Nota: Mais tarde, em 1990 – O autor deste texto, recebeu a informação, junto do Sr. Gastão Caçador Aleluia, nascido em 1936 – era ele a criança que em 1943, foi alvo da notícia publicado no jornal “ O
Nova Crise de Dirigentes Esta Associação Humanitária, periodicamente tem o condão de sofrer de graves crises de dirigentes. A comunidade de Salvaterra, parece não entender que Instituições como estas, precisam de homens de boa vontade, para gerir o seu corpo directivo para subsistir, já que no campo operacional, vão aparecendo jovens de ambos os sexos.
Por volta de 2010, estava ao serviço da Instituição um funcionário, que na falta de dirigentes “assumiu” o encargo de dirigi-la, depressa com as suas directrizes impostas, muitos sócios afastaram-se, além de outras situações no campo financeiro, serem encontradas, o que levou à realização de uma Assembleia Geral extraordinária, para normalizar a actividade da Associação.
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Oferta de material Os organismos oficiais, devido ao grande desgaste do material, especialmente das viaturas vão periodicamente ofertando outras, suprindo as suas substituições. Em 2013, o executivo da junta de freguesia de Salvaterra, de João Nunes dos Santos, ao deixar as suas funções - para deixar as suas contas saldadas, em desfavor dos seguintes, ofereceu algumas viaturas com cerimónia festiva. Em 2014, o novo executivo camarário, atendendo às solicitações fez a oferta de algum material e fatos, que foi entregue em dia da Missa Campal, das festas da terra.
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JUSTA HOMENAGEM, QUE SE AGUARDA ! Gaspar da Costa Ramalho A direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, de 1998, manifestou intenção de reparar uma injustiça pública, que também seria da Instituição, para com quem lhe prestou tanta benemerência, Sabendo desta preocupação, fizemos sair um artigo no JVT – Jornal Vale do Tejo. PARA QUANDO UMA RUA PARA GASPAR DA COSTA RAMALHO
“No passado dia 20 de Outubro, mais um aniversário passou da data do seu nascimento. Quase sempre tardiamente, ou nunca, as pessoas sabem ser agradecidas. Umas vezes por preconceitos que ultrapassam os desejos. Na população de Salvaterra de Magos, ainda existe uma geração que, conheceu e, beneficiou da benemerência que, ele soube distribuir dos haveres que tinha, pelos pobres seus concidadãos. Depois de alguns anos a “pesquisar” as várias formas da sua benemerência, sobressaem, as instituições da sua terra, as mais contempladas. “Gaspar Ramalho, nasceu em Salvaterra de Magos no dia 20 de Outubro de 1868, filho de José de Sousa Ramalho e de Joaquina Victoria. Ao longo de uma vida de 94 anos, foi um grande lavrador, com propriedades nos concelhos
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de Azambuja, Vila Franca, Benavente e Salvaterra, a sua imensa riqueza foi gerida com benemerência humilde. Quando do terramoto de 1909, onde as populações de Samora Correia, Benavente e Salvaterra de Magos sentiram os seus efeitos devastadores mais de perto, logo a mão amiga de Costa Ramalho se manifestou dizendo presente. O seu grande “martírio” eram sempre os necessitados, especialmente das crianças. Para tornar realidade um sonho da população Salvaterrense, em 1912 acompanhado de um outro lavrador, Francisco Ferreira Lino, construiu o edifício que viria a servir de hospital e, o ofertou à Misericórdia local. No entanto e porque os Invernos eram rigorosos e devastadores, a classe rural sofria na carne essa tremenda calamidade. No ano de 1900, construiu uma grande adega e armazéns, aproveitando as ruínas do que ficou conhecido pelo paço novo/ou Palácio das Damas, situado no agora Largo dos Combatentes.
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Obra que serviu para dar trabalho, durante meses tanto a gente da construção civil, como rurais que no campo não encontravam trabalho, especialmente no tempo de inverno. Durante décadas foi local para muitos postos de trabalho – mesmo na posse de outro proprietário, até à sua destruição para dar lugar a uma nova urbanização naquele local. Quando da construção da Praça de Toiros em 1920, a “Comissão Construtora” se debatia com dificuldades financeiras para concretizar o que esperava ser uma realidade, logo um “anónimo” suportou os valores, em falta, realizando assim os desejos daqueles que estavam empenhados na construção do belo edifício tauromáquico, que hoje Salvaterra tem à entrada da vila. Não ficou por aqui o seu apoio, pois quando do ciclone de 15 de Fevereiro de 1941, logo construiu bancadas em cimento, tendo o Conde de Monte Real –Jorge de Melo e Faro - e sua esposa, suportado a (re)construção das paredes da praça.
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Com o seu coração sempre preocupado com o bem estar dos desprotegidos da sorte, o campo cultural foi enriquecido com a construção de um cine-teatro - nos anos 20, Para tal transforou alguns dos seus celeiros que possuía na Rua Machado Santos. Depois da obra concluída ofertou-a aos Bombeiros Voluntários de Salvaterra, situação mais tarde também acontecida, com a construção do edifício do quartel.
Continuando a pugnar pelo bem-estar da população, nunca esquecendo os mais necessitados, em 1935 cria a “Casa do Povo de Salvaterra de Magos”, onde tomou lugar de Presidente da Comissão organizadora e, depois da sua legalização foi Presidente da Assembleia-geral.
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Para o efeito cedeu uma sua casa na Rua Cândido Reis, junto ao solar da família Roquette e, ofereceu à Instituição durante anos o valor de renda, que na altura era de 600$00 anuais, ajudando depois a erguer o edifício definitivo. num terreno cedido pelo município local. Como a sua maneira de estar na vida era de grande descrição, teve sempre a humildade de nunca estar presente aos festejos inaugurativos, onde a sua mão bafejou os necessitados. A presença da sua benemerência aparecia quando se apercebia das dificuldades das instituições da terra; que o diga a Santa Casa de Misericórdia e, os Bombeiros, entre outras tantas, sempre que nos fechos das contas as várias gerências estavam em apuros com saldos negativos, logo um “anónimo” repunha as importâncias em falta. Aos cortejos de oferendas promovidos pela Misericórdia, que na década de 1950 ainda se realizavam, Gaspar Ramalho, assumia a sua responsabilidade de cidadão salvaterrense, ofertando grandes quantidades de produtos agrícolas para o respectivo leilão de angariação de fundos. Faleceu a 13 de Junho de 1962, na terra que o viu nascer, Salvaterra de Magos. Agora que se registam 130 anos do seu nascimento, e 36 após o seu falecimento, parece-me chegada a hora de deixar-mos de ser ingratos. As instituições à muito já prestaram o seu reconhecimento, as autarquias locais – câmara e junta de freguesia, continuam a ignorá-lo ! Vamos colocar o seu nome uma rua.! (*) ************ Nota: Aos mais tarde, em 2005, uma rua por detrás do cemitério da vila, recebeu a sua toponímia – artéria, que dá acesso à Misericórdia de Salvaterra de Magos.
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CAPITULO II COMO NASCEU A BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS Naquele ano de 1965, João Pereira (Jope), estava mais uma vez, de visita a Salvaterra de Magos e, como habitualmente procurou-me para saber coisas da terra ! Aproveitou a sua estadia e não deixou de fez-nos a oferta das suas memórias, um trabalho sobre a origem da Banda de Música, solicitando-me com grande empenho que as divulga-se, no Jornal “Aurora do Ribatejo”, no espaço que detínhamos naquele semanário. Seria para conhecimento das gerações vindouras, recomendou-nos ! “ Todas as bandas de música, por mais modestas que sejam, têm a sua história; porém, porque a Banda dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos se relaciona com uma das mais interessantes passagens dos meus tempos de rapaz, julgo conveniente e interessante esta narrativa, para que os antigos não esqueçam e os novos conheçam, como de um grupo de modestos e simples rapazes, nasceu uma obra digna da corporação e da terra a que pertence. Nesse
131 tempo ainda Salvaterra não gozava dos benefícios da luz eléctrica, sendo os locais de mais movimento iluminados por candeeiros a gás calcário. Numa noite de Agosto, à luz de um desses velhos candeeiros colocado à esquina da rua Direita, sentados num poial de uma das portas do estabelecimento do Sr. Pedro dos Santos, um grupo de rapazes discutia: não assuntos de futebol, como certamente hoje faria, mas a forma de conseguir organizar algo de útil e agradável, ao seu espirito e a terra que lhes serviu de berço. Pensavam uns em formar um grupo folclórico; outros num grupo cénico; outros ainda, alvitravam a formação de um grupo coral. Todas estas ideias, eram discutidas sob inúmeras hipóteses, arrastando-se até bastante tarde. Já passava da meia-noite, quando me assaltou o cérebro uma feliz ideia. Haviam uns antigos executantes de bandas de música outrora existentes na vila, que tiveram influência na construção de um Coreto em Alvenaria, dentro do Jardim, quando este sofreu obras de urbanização. Estes antigos músicos conservavam ainda em seu poder velhos instrumentos, como relíquia do passado, alguns dos quais eu conhecia, o que me levou a ter o seguinte desabafo: Éh, rapaziada, se fossemos pedir alguns desses velhos instrumentos que se encontram em poder dos músicos antigos para fazer a surpresa de
132 tocarmos o Hino da Restauração no dia 1 de Dezembro ?! Todos concordaram com esta ideia, ficando desde logo combinado ir no dia seguinte, falar aos antigos músicos, expondo-lhes as nossas intenções.
No outro dia, à hora do almoço, já se encontravam na nossa posse alguns instrumentos: o Cornetim do Manuel Doutor, o Contrabaixo do João Borrego.
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O Velho Sebastiana, também tinha um Barítono, tal como o sapateiro; Roberto Serra, possuía um Saxofone. Enfim tudo o que fora possível descobrir ! Começaram então a fervilhar os comentários, como não podia deixar de ser; favoráveis uns, desfavoráveis outros. Havia quem nos encorajasse a prosseguir, indicando até alguns benéficos pormenores e, havia os que não acreditavam em rapazes – detractores sempre existiram, dizendo a quem lhes abordava o assunto: - Vocês ainda acreditam em qualquer coisa feita por rapazes?! - Tenham mas é juízo, eles não conseguem nada !...
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Entretanto a notícia espalhava-se por toda a localidade e a rapaziada salvaterrense, tomando conhecimento desta resolução, acorria ao nosso encontro inscrevendo-se com entusiasmo numa já então longa lista de candidatos a futuros filarmónicos. No grupo existia um elemento que já conhecia muito bem a música, era o “Zé Carlos” - José Carlos Augusto Cabaço - foram dele as primeiras lições de solfejo recebi. Embora a intenção inicial fosse resumida apenas ao Hino tocado pelos seis ou sete iniciadores de tão genial ideia, a verdade é que em poucos dias já se encontravam inscritos uns 38 rapazes desejosos de tocarem quaisquer instrumentos. Começou então um verdadeiro assalto ao velho instrumental, elucidados por alguns velhotes, especialmente pelos que sempre acreditaram no êxito do nosso empreendimento, descobrimos: Bombardinos, Clarinetes, Saxofones, Trombones, Trompas, etc Alguns deixaram de ver a luz do dia à dezenas de anos, em consequência de que se encontravam lindamente “ornamentados” com enormes teias de aranha e bonitas manchas verdes. Um Contrabaixo, que me veio parar às mãos, para limpar, tinha dentro um ninho com oito inocentes ratinhos !
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Para conseguir tirar dele algum som, tive de o lavar com sete panelas de água quente e cerca de dois quilos de potassa. Isto prova bem o estado em que se encontravam alguns desgraçados instrumentos, cujo estado de conservação era igual ou parecido, originando a todos tarefas idênticas ao meu. Depois de tudo isto à força de entusiásticas canseiras, começaram as primeiras lições que, como não podia deixar de ser, tiveram início nas respectivas escalas, tiradas com muitos assopros e algumas bochechas.
O solfejo ministrado a cada executante foi apenas o indispensável para compreender o Hino da Restauração, pois faltavam só 3 meses e de qualquer maneira o grupo sairia a tocar. Os que já conheciam algumas notazinhas de música ensinavam os outros,
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facilitando assim a tarefa do incansável “Zé Carlos” que por ser o mais habilitado, era na altura o nosso “Maestro”. Algumas semanas antes do ambicionado dia, já todos – ou quase todos – sabiam tocar o hino, embora a maioria o fizesse de ouvido, porquanto o solfejo tornava-se difícil e complicado em tão pouco tempo. Já então alguns dos incrédulos, reparando na
Maestro – António Paulo Cordeiro
azafama da rapaziada, começaram a acreditar na possibilidade de se poder organizar qualquer coisa de jeito, tal não era o louco entusiasmo com que a mocidade salvaterrense se entregava ao seu sonho ! Agora não era apenas o desejo de tocar o Hino da Restauração, não senhor; havia já uma ambição mais forte, a de poder formar uma filarmónica,
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preenchendo uma falta existente há dezenas de anos ! Praticamente os dias de descanso não existiam: o tempo passava-se velozmente e era necessário que o grupo saísse o melhor possível, ainda mesmo que a maioria tocasse de ouvido. Todos os dias se ensaiava e muitas vezes ouvi ralhar minha mãe: - Oh rapaz, tu não tens assento para nada; mal chegas a casa, jantas à pressa e sais, parece que andas maluco com o diabo da música, ora esta ! E era verdade, ela tinha razão coitada, como quase sempre a têm todas as mães que advertem os filhos quando lhes notam quaisquer anormalidade. Eu andava numa autêntica loucura; quase que não comia e trazia os lábios vermelhos e inchados devido ao bocal do contrabaixo: era este o instrumento que eu tocava. O Jacinto Hipólito, o “Lagarto”, comprometera-se a tocá-lo mas, ao ver o estado como o pobre instrumento saíra do sótão da casa do João Borrego, cheio de teias de aranha, de manchas negras, e com um fofinho ninho de ratitos dentro da campânula, não quis tocar nele; foi então que o levei para casa e o lavei, como já disse. Para melhor poder afinar o conjunto, começámos a compreender que seria necessário o auxilio de
138 alguém mais velho e de mais competência, pois a boa vontade e os conhecimentos do “Zé Carlos” não eram já suficientes. Conhecedor desta nossa intenção, o Sr. Roberto Júnior,(vulgo Roberto da Ferradora), músico competente e homem já de certa idade, ofereceu os seus préstimos como orientador e ensaiador, não desdenhando pôr a sua calva rodeada de cabelos brancos ao serviço dum grupo de irrequietos rapazes, cujas idades se cifravam entre os quinze e os vinte e três anos. Num amplo celeiro da Companhia das Lezírias que, para o efeito nos emprestaram, começaram os ensaios sobre a nova orientação. Tocando e marchando horas sem fim, nunca houve entre o numeroso grupo um queixume, um desânimo, ou qualquer sinal de aversão. Na noite que antecedeu o dia 1º de Dezembro desse ano, nenhum de nós dormiu em casa. O grande benemérito, Sr. Gaspar da Costa Ramalho, pôs à nossa disposição uma casa, nesse tempo ainda desabitada, para nela passarmos essa noite e onde organizámos uma ceia, finda a qual ninguém mais dormiu: as horas pareciam ter o dobro dos minutos o que, na ânsia de ver chegar a madrugada, dava a todos a ilusão de horas mais compridas. Um foguete, logo seguido de um morteiro, ambos lançados pelo velho empregado da Câmara,
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Sr. Vitorino (dos Candeeiros), deu a indicação de que eram já cinco horas da manhã. Faltava a penas uma hora para que o sonho de toda a rapaziada se tornasse realidade ! Às cinco e meia, cada um com o seu instrumento debaixo do braço, todo o grupo se dirigiu para o Largo da Câmara Municipal, em cuja frente se tocaria pela primeira vez. Todos formados, a postos, esperámos que o relógio da torre da Igreja Matriz, desse as seis badaladas. Logo que a primeira ecoou, rompeu o Hino da Restauração, tocado (?) por trinta e tal rapazes cheios de alegria por verem enfim satisfeita a sua ambição. Muito povo se aglomerou também em frente aos paços do concelho e, ao verificarem a alegria, o entusiasmo, e até a comoção daqueles endiabrados rapazes, não puderam conter-se e em muitas faces se viram lágrimas de comovida satisfação. A todas a ruas, travessas e becos, foi levado o “Hino da Restauração”, tocado repetidas vezes, entre o estralejar dos foguetes, a vozearia do rapazio, o ladrar dos cães e o cantar dos galos que, habituadas habituados a serem só deles os únicos sons ouvidos àquela hora, pareciam cantar de maneira diferente, certamente irritados por
140 notarem que algo de estranho tirava a primazia do despertar da “Aurora” naquele dia. À medida que o grupo avançava ia engrossando a comitiva de admiradores, pois à nossa passagem não havia quem resistisse ao desejo de se levantar e seguir atrás da música. Ao meio-dia, repetiu-se as volta, o mesmo sucedendo à noite: Salvaterra, encontrava-se então entusiasmadíssima com a proeza dos seus moços, cujo feito mais parecia um sonho que uma realidade ! Terminada a tarefa daquele dia, alguém lembrou a conveniência em continuarmos, aproveitando o entusiasmo inicial para a formação de uma filarmónica na terra, preconizando até uma reunião para discutir o assunto. Durante um jantar de homenagem preparado para o efeito, ficou combinado a formação do agrupamento que a partir daquele momento passou a denominar-se GRUPO MUSICAL SALVATERRENSE, ficando o Sr Roberto Júnior, como director artístico. Alugou-se um celeiro onde foram montadas as respectivas instalações e, aproveitando a boa vontade de muitos amigos, foi lançada uma pequena cotização mensal que, juntamente com o produto de algumas festas, nomeadamente bailes, servia para suprir as despesas. Embora o grupo musical, fosse formado com grande entusiasmo e ficasse sob a orientação de boas vontades, a sua existência foi curta (cerca
141 de um ano apenas), e pouco brilhante porquanto não começou da melhor maneira. Conforme já lhes contei, a grande maioria dos componentes não sabia solfejar, pelo que não haveria muito a esperar do seu valor como filarmónicos: a prova é que durante um ano conseguiram apenas ensaiar e tocar duas marchas bastantes simples. Começaram então a aparecer algumas discordâncias, pela forma decorria a orientação do agrupamento, pois alguns, com justificada razão, insistiam para que fossem ministradas lições de solfejo aos executantes antes de serem postos à estante.
O senhor Justiniano Ferreira Estudante, saudoso comandante dos bombeiros voluntários, notando talvez os pontos de discórdia existentes na rapaziada, pediu a comparência dos principais obreiros do Musical no seu gabinete, a quem expôs, com palavras bastante elucidativas, as vantagens que adviriam da transferência do Grupo para aquela Corporação.
142 Como nem todos concordassem com a referida transferência, havendo até alguns que afirmavam não querer entregar à Corporação dos Bombeiros uma obra que tanto trabalho dera, ficou deliberado efectuar-se uma reunião entre todos, onde cada um, por escrutínio secreto, se manifestaria consoante a sua vontade, resolvendo assim o futuro da música em Salvaterra. Setenta por cento da rapaziada, mais ou menos, se manifestou favorável à dissolução do Grupo Musical, cuja resolução encheu de júbilo o Sr. Justiniano, porque viu possível formar o que tanto entusiasticamente idealizara – uma banda de música dentro da corporação que tanto adorava. Se havia elementos orgulhosos da sua obra, satisfeitos por pertencerem ao número dos que tornaram possível a formação de um grupo musical em Salvaterra, eu era dos mais entusiastas, tanto mais que me pertencia, além dos outros, a honra da iniciativa. Todavia não concordava com a existência do agrupamento dentro daquela orientação, por me parecer impossível a sua manutenção sem ordem e sem preparação artística, o que equivaleria a um bom cavalo sem pernas, um bom relógio sem ponteiros, etc.. Daquele dissolvido grupo nunca Salvaterra poderia esperar quais quer acções que a dignificassem. Os que me acompanharam nestas passagens poderão justificar se tenho ou não razão !
Que se poderia esperar de músicos (?) sem saberem solfejar? Alguns, quando se lhes dizia que os instrumentos deveriam dar lugar ao solfejo por uns tempos,
143 respondiam de mau humor: Solfejo para quê? Isto a poder do tempo toca-se; vocês nunca ouviram dizer que água mole em pedra dura tanto bate até que fura ?... Por discordar destas disparatadas opiniões, perdi a amizade de alguns amigos, inclusivamente a do próprio Zé Carlos Cabaço que até então fora um dos mais dedicados ! Como a consciência me diz ainda hoje que procedi de forma a não ter de arrepender-me, sinto satisfação por ter também contribuído para a formação da Banda dos Bombeiros. Não julguem, que foi fácil organizar devidamente a banda dentro da Corporação dos Bombeiros; algumas dificuldades surgiram de princípio, pois lá também havia quem pretendesse fazer caminhar o conjunto tal como entrara, com músicos artificiais, levando ainda mais um ano, talvez, a encontrar o verdadeiro caminho. Foi então que a respectiva direcção, dando crédito às nossas insistências, o maestro e compositor, António Paulo Cordeiro, para formar a futura banda, o que todos encheu de entusiasmo e esperança, dada a sua reconhecida competência. Este senhor, depois de observar individualmente todo o conjunto, ordenou que alguns colocassem os instrumentos na prateleira, sendo durante algumas semanas substituídos pelos livros de solfejo, passando em seguida diversas lições, exercitando cada um no seu instrumento. O entusiasmo recrudesceu, registando-se a entrada
144 de um bom número de aprendizes, e quando pela primeira vez, depois desta orientação, os salvaterrenses viram e ouviram o novo conjunto, já não lhe chamaram o “Grupo dos Rapazes”, como anteriormente, mas sim a nossa Banda dos Bombeiros!... Embora sem grandes aspirações, a minha Banda – como orgulhosamente lhe chamo – tem vindo a caminhar através dos tempos, umas vezes melhor outras pior, como sucede com todas, até mesmo algumas com grandes aspirações, mas sempre afinadinha e gritando “presente” em todos os festejos que a sua terra realize.” ****************** “Esta é a verdadeira história, da banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, contada por quem viveu as suas primeiras alegrias e tristezas, sempre animado do mais sincero desejo de contribuir para algo de útil à sua terra. “ In – João Pereira (Jope)
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A vida, esse “fantasma” que nos encaminha para onde quer, obriga-me a viver longe de Salvaterra; porém isso não obsta a que siga apaixonadamente o seu rodar, interessando-me por tudo que lhe diz respeito, e muito especialmente pela sua Banda, de cujo caminhar me informo sempre que a visite.” O documento, tinha agora divulgação pública, no entanto João Pereira, distribuiu alguns exemplares por amigos de longa data. UMA OUTRA VERSÃO * O carteiro da vila, Henrique da Graça, também um dos que iniciaram aquela aventura, dias depois, encontrou-nos e dissenos: “ Olha, que naquela história da Banda, do João Pereira, faltalhe lá uns permeares. Eu um dia conto-te ! “
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* Joaquim Conceição Damásio, também me deu a conhecer, um pouco da sua versão. Na história da banda, existem umas trocas de situações ! “ Os anos passaram, deles e de muitos mais, nada veio a público, sobre outros pontos de vista, quanto ao aparecimento, da que viria a ser a Banda de Música dos bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos Um dia, José Henrique Serra da Graça, entregou-me uma brochura, onde era contada a versão do seu pai; Henrique da Graça. O SEU PERCURSO ! Desde aquele já longínquo ano de 1938, esta casa, por via da cultura musical, foi uma escola de virtudes, não só pelo companheirismo ali encontrado, como pelas dezenas de mestres que, ali passaram e, souberem incutir nos jovens alunos, o respeito por esta sublime arte que é a música. Envelheceu, teve uma vida com alguns percalços que muitas vezes foram de “agonia”, mas sempre foram ultrapassados, apareciam sempre alguns ”carolas” prontos a dirigi-la. A sua escola funcionava, a juventude aderia e, todos os anos saia uma fornada de músicos, uns ingressavam no agrupamento e aprendiam a marchar, outros seguiam caminhos diferentes, iam mais enriquecidos – a cultura musical, era agora sua companheira. Depois de muitos anos em que o entusiasmo era tanto que em 1950, levou à constituição de grupo teatral, a que foi dado o nome: GRUPO DRAMATICO DA BANDA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE
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Este agrupamento levou à cena, no então Cineteatro dos Bombeiros, uma peça em três actos, da autoria SALVATERRA DE MAGOS.
Salvador Marques, cujo nome e situação focava a vida dos CAMPINOS, ensaiada por Ruy Andrade. (Parodiantes de Lisboa), naturais desta terra. O êxito foi tal, que ouve necessidade de o representar, pelo menos mais uma vez, para a população de Salvaterra, sendo convidados em terras vizinhas. Por vários motivos Teve vida curta !..... A presença da Banda, era solicitada para estar presente em tudo quanto eram festas populares e cerimónias oficiais, No final do séc. XIX, foi construído um Coreto, dentro do Jardim público, para os grupos de música existentes na vila actuarem. Em 1957, levou a mesma volta que grande parte daquela urbanização, com as obras ali efectuadas. A câmara municipal, construiu um grande em madeira ( foi seu carpinteiro; um mestre do ofício conhecido por; José Batata). Quando era necessário para os concertos, era instalado no Largo dos Combatentes. Os empréstimos deste Coreto para as povoações vozinhas eram muito solicitados, com o passar do tempo ficou degradado e desapareceu.
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NOVOS EXECUTANTES D grupo mais antigo, persistiam em continuar, passando por cima das crises que amiúdas vezes apoquentava o grupamento; falta de executantes e mesmo de dirigentes. António Travessa, Ezequiel Inácio, Manuel Joaquim Travessa, Hernâni Arroz Damásio, Manuel Sebastião Catarino, José Luís Borrego, Fernando Santos, LuísGonçalves, Emílio Coelho, Florentino Viana, e alguns mais que a memória dos registos teima em esconder. No ano de 1970, a banda de música dos bombeiros, tinha a dirigi-la o muito saudoso entre os executantes. o maestre, Mendes Soldado, exímio sabedor da arte, de Bethoven e Josephe Verdi. Um grupo de jovens, entre eles, meninas, que seria a primeira vez a acontecer. Desejavam aprender música, e o maestre, após uma conversa com o grupo, disse-lhes: “ Saberão música, e até tocar um instrumento ! Mas gostaria de ver todos, a tocar na banda de música dos bombeiros voluntários de Salvaterra de Magos. Naquele mesmo ano, em dia festivo, o primeiro grupo de jovens músicas sai, integrando os seus novos companheiros de estante. O povo viu-os marchar e tocar, pelas ruas de Salvaterra. Em algumas faces, correram lágrimas, a banda dos bombeiros, era uma das iniciadoras deste novo feito, em que as mulheres, passaram a tocar nas bandas de Música de Bombeiros e Filarmónicas de Portugal. O sonho de Pedro dos Santos, Justiniano Ferreira Estudante, Paulo Cordeiro, entre outros. Pena nossa, não poder encontrar registos de todos
149 os músicos e directores que, se empenharam e viveram a vida da Banda de Música dos Bombeiros, ao longo da sua existência. **************** Notas de Reportagem, na Comunicação Social ! A BANDA DE MUSICA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SALVATERRA DE MAGOS COMEMORA O SEU 43º ANIVERSÁRIO NA IGREJA MATRIZ
A Banda dos Bombeiros estava em festa. Comemorava o seu 43º aniversário, no dia 6 de Novembro, um concerto, na Igreja matriz, com um vasto programa foi atentamente apreciada por um público que, a encheu por completo a Igreja Matriz de Salvaterra.. Entre a assistência, notava-se a presença de grande número de visitantes que, vieram expressamente da Azambuja, afim de assistirem ao espectáculo musical. A banda apresentou-se ao público, reforçada com elementos da Filarmónica daquela vila, que também trouxe para a actuarem um Coro de crianças (Infantil), num total de 60 vozes. Era uma presença inédita nesta vila, aguardada com uma certa expectativa, pois os sons ouvidos naquele templo religioso decerto patenteavam um êxito dos 110 executantes presentes.
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A abrir a sessão, o Jovem director João António Hipólito, em breves palavras, disse dos anseios e potencialidades da banda de música dos bombeiros e, num comovente apelo aos exexecutantes que, por motivos diversos se tinham afastado que regressassem, a banda precisava de todos.
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Também dirigiu a palavra aos pais e encarregados de algumas instituições, que encaminhassem as crianças ao encontro da música, pois a banda de música é uma escola de arte e, os compensaria no enriquecimento da sua cultura. Incluídos no vasto programa, foram executadas as peças: Dr.
Vieira de Carvalho, Camélia, No Jardim dum Templo Chinés, Canções e Cantigas, Dallas, Coimbra, Baile dos Passarinhos, Hino da Alegria, Aleluia e Coro dos Escravos “Nabucco” Antes de finalizar o concerto, foi anunciado à assistência que, mais um músico iria abandonar a banda, o executante – José Luiz Serra Borrego, após uma permanência de 43 anos, motivos de saúde o impediam de continuar. A assistência, que enchia por completo aquele templo religioso, de pé atribuiu-lhe demorada salva de palmas. O José Luís, levantando-se, comovido, e com as lágrimas nos olhos, agradeceu. Naquela estante, verificou-se que, valeu a pena tantos anos de dedicação à “nossa” Banda de Música. A terminar o espectáculo, o Coro e Banda, cantaram e tocaram o “CORO DOS ESCRAVOS”, com a assistência envolvida numa prolon gada ovação, pedindo uma repetição. Este encontro, foi um reatar de tradições, onde os povos de Salvaterra e Azambuja, fizeram lembrar, outros encontros que, aconteceram nos primeiros anos do século. 6/ Novembro/ 1982 * José Gameiro
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DATAS MEMORÁVEIS
ACTUAÇÃO NO II FESTIVAL DA FNAT
A Banda de Música da AHBVSM, estava francamente num período de grande estabilidade, com os músicos motivados para dignificar a comunidade a que pertencem. O grupo recebeu com alegria o convite para participar no II Grande Concurso Nacional de Bandas de Músicas Civis, que teve a duração de dois anos; 1968-1971. Participou e foi ultrapassando várias eliminatórias, Esteve presente em Évora, no Teatro Garcia de Resende, um dos seus executantes, o saxofone-tenor; Luís António Almeida, apresentou-se a actuar, com uma perna engessada e em maca. Dessa presença naquele estado, recebeu ele, e a Banda um fervoroso Louvor, a enaltecer o sentido de responsabilidade e dedicação, servindo a sua comonidade. Presença no estrangeiro Os emigrantes de Salvaterra, com uma grande comunidade no Luxemburgo, fizeram o convite e receberam a visita da sua Banda de Música. Esta actuou, num Jardim
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público, em privado para eles numa Associação Cultural, e por último estiveram num programa da Tv daquele país. A geminação entre o povo de Salvaterra de Magos e, de Valkansuaard (Holanda), levou à actuação naquela vila, no dia festivo da assinatura do processo de grande amizade, com aquela comunidade. Esta assim dada continuidade ao que aconteceu já no séc. XIII, em vinham para Salvaterra de Magos, Falcoeiros. Os festejos naquela localidade holandesa, vieram mais tarde aqueles a retribuir a visita com uma comitiva e assinando um novo protocolo. O MEIO SÉCULO DA BANDA Estiveram presentes, naquele dia festivo do ano de 1989, os poucos músicos fundadores da banda de música, a receber as medalhas comemorativas. Mário da Silva Antão, Joaquim da
Conceição Damásio e Carlos da Costa Paiva, foram acompanhados por uns quantos, como: António Travessa, Fernando Santos, Ezequiel Inácio, executantes que já “marcavam
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presença” há muitos anos na banda e, receberam também tão merecida homenagem.
O jovem músico Luís Andrade – faz continência a D. Dinis, estatueta acabada de ser inaugurada * Fotos José Gameiro
No local, em frente ao edifício-sede dos bombeiros, muito público assistia aquele acto comemorativo e, enquanto nós, tomávamos notas para uma notícia, vimos em sítio de grande descrição, um homem já de idade avançada, com o lenço limpando uma lágrima, o incomodo era de certo grande, manifestava assim, a grande alegria de todos, A banda de música, já tinha 50 anos, Era o João Pereira ! ****************************
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OS DIRECTORES DA BANDA ! Pena nossa não poder, aqui fazer justa e merecida identificação de todos os dirigentes, que passaram pela banda de música., mas os registos disso nos impedem, mas não ficará mal, em nomear: Pedro dos Santos, Eurico dos Santos Borrego,
Alexandre Varanda da Cunha, José Martins dos Santos, José Manuel Cabaço, João Almeida da Silva, José Teodoro Amaro,
Manuel Santana Lobo, João Pinto Oliveira, Carlos Cantador Duarte e João Hipólito Viegas.
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AS CRISES Durante a sua existência, de vez enquanto, a banda de música, tem sofrido algumas crises, quer de dirigentes, quer de executantes. Em 1970, inicia-se um novo e grave período de vida naquela Banda de Música que, levou alguns anos a debelar e, só em 1976, foi totalmente sanada, após um grupo de 6 jovens dirigentes, com alguns dos antigos músicos que regressaram. Muitos que pertenceram à sua “raiz”, já a tinham deixado, a morte de uns e a velhice de outros, eram algumas das causas de tão mau momento que agora passava a banda. Dos mais antigos, persistiam em continuar: António Travessa,
Ezequiel Inácio, Manuel Joaquim Travessa, Manuel Sebastião Catarino, Hernâni Arroz Damásio, com mais um pequeno punhado de novos executantes que entretanto se tinham preparado na escola musical da instituição.
Não seria justo deixarmos de registar a dedicação de Diamantino Jacob, pelo seu empenho, até mesmo sacrifício que dedicou por largo tempo ao sector da cultura musical, em Salvaterra. Este dirigente desenvolveu, grandes esforços, para manter bem alto o espírito da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos.
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A BANDA DE MÚSICA ACABOU !.... A crise vinha persistindo nos Bombeiros, no seu sector económico e financeiro, havia algum tempo. Um funcionário geria a Associação na falta de eleitos para a sua responsabilização. Os sócios estavam em debandada, com os novos critérios impostos na sua administração, o que também trazia grandes dificuldades no relacionamento com a “Comissão” responsável pela gerência da Banda de Música, na área financeira.
Em 1958 – A Banda de Música nas Festas de Glória do Ribatejo
Para resolver este problema que parecia insolúvel, os poucos músicos já existentes, em 2011, criaram a Academia de Música Salvaterrense–onde a principal actividade seria a Filarmónica. Hernâni Arroz o Damásio, e seu filho José António Soares
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Foto José Gameir
Damásio, trataram de reunir os músicos dissidentes, e com outros novos elementos, deram corpo à criação da Filarmónica Salvaterrense, Continuaram a utilizar o espaço que desde sempre foi destinado à música, no antigo edifício do quartel dos bombeiros, dentro da vila. Outros valores no campo da música, foram dando lugar à oferta da Academia. Em 2012, no seu folheto de ofertas, podia-se ver a expressão Musical (crianças de 3 a 6 anos de idade) e iniciação musical (6 a 8 anos), para além da guitarra e piano. Anualmente apresentação a escola de alunos, e vão estando presentes nas festas da terra. Já promoveu o I encontro de Bandas em Salvaterra de Magos, onde estiveram presentes, no Celeiro da Vala, onde esteve presente com a Associação Cultural e Musical, Recreativa e Humanitária de Negrelo do Douro; Sociedade Filarmónica Benaventense, festival realizado num dia 1º de Maio.
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A FANFARRA DOS BOMBEIROS Desde o início da corporação, em 1935, um terno de clarins ajustava-se à representação da instituição, com seu estandarte, nos dias festivos. Com o decorrer dos anos, por volta de 1948, chegou a existir mais de uma dúzia, que tocavam: clarins, tambores e caixas. Uma ou outra vez, a crise era notória, por falta de componentes, porque os ensaios requeriam muitas horas de grande dedicação. Em 1968, um jovem bombeiro, Vítor Soares (Diogo), que no exército tinha pertencido a uma das suas fanfarras, teimava em recrutar camaradas para aquela prática e, à noite nos treinos, era ele o fio de ligação com os ensaiados. Em 2001, Joaquim Carvalho, José Narciso, Vítor Diogo e Luís Silva, eram os seus grandes entusiastas Um ano houve, pela saída do 1º de Dezembro, que o músico do bombo grande, depois de tantas “marteladas” o rebentou num dos lados, passando a fazer o esforço de “bater” no lado que estava disponível. Este grupo, não parou, e em Setembro de 2003, fizeram um grande ensaio pelas ruas de Salvaterra de Magos, que a comunicação social noticiou.
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ELA ESTÁ DE VOLTA A FANFARRA DOS BOMBEIROS ! “No passado dia 13, a noite estava quente, mas calma, os telejornais mostravam-nos medonhos incêndios, que lavram no país, especialmente em Mafra – os bombeiro, esses soldados da paz, andavam lá. Aqui, ao longe, sons de grandes tambores, entrou-nos por casa dentro, o povo veio à rua, era a Fanfarra dos Bombeiros da nossa terra, que estava de volta. Depois da última vez, que tocou num 1º de Dezembro, já lá vão uns meses, volta agora mais alegre, com mais energia, a nova Fanfarra, composta por um grupo de cerca de 40 elementos, onde entre os jovens se viam meninas e crianças, no seu primeiro ensaio, animarem as ruas da vila de Salvaterra.Os tambores, as caixas e os clarins, tocavam já em grande harmonia, neste preparar para o dia da apresentação pública (espero seja breve), nos “envaideça” deles, do muito brilho e enriquecimento, que certamente vêm dar à sua “nossa” corporação – os bombeiros voluntários de Salvaterra de Magos. Porque a Fanfarra, está de volta, o povo da terra, certamente os vai apoiar, e eles merecem-no Aqui dou conta, da imensa alegria, que foi ver aquela “rapaziada” que não desiste.” Como eles marchavam, foi bom de ver ! In) – Jornal “O Mirante”
JOSE GAMEIRO
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Dos Jornais:
O PRIMEIRO DE DEZEMBRO DE 2006
Uma tradição comemorada nesta terra, conhecida pelo menos desde o século XIX, o primeiro de Dezembro era lembrado pelos vários grupos musicais que, percorriam as ruas da vila, tocando o “Hino da Restauração” pela madrugada daquele dia, até o sol nascer – Depois era dia de trabalho! A tradição manteve-se com a Banda de Música dos Bombeiros, disso se encarregou sozinha até ao aparecimento da Fanfarra daquela Associação.
A Banda no ano de 2006, serviu para que seis meninas tocassem pela primeira vez em público, pois marchavam garbosamente pelas ruas da vila, fazendo parte dos 21 jovens elementos que, engrossavam a Banda de Música. Como sempre foi tocando o “Hino da Restauração”. Um grande entusiasta, Diamantino Jacob, dedicado dirigente, também os teve à sua porta e, uma música especial foi tocada para António Armando Sousa Pinheiro, como retribuição do apoio
162 que presta, desde há anos ao agrupamento,, especialmente, neste dia 1º de Dezembro. Foram dois momentos muito bonitos! Naquele grupo de jovens músicos, lá continuavam a marchar e tocar, dois “sobreviventes” de uma outra geração mais antiga; Manuel Sebastião Catarino e Hernâni Arroz Damásio, sob a direcção do maestro; Luís Silva. Umas horas antes, ainda era noite, já a Fanfarra dos Bombeiros, alegrava as ruas da vila, com um enorme cortejo de participantes, onde se via a juventude, mesmo crianças que tocavam os seus tambores. Os clarins davam o mote ! In José Gameiro
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***************** BIBLIOGRAFIA USADA: * Revista: A Hora – 1936 * Jornal Aurora do Ribatejo * Jornal O Ribatejo * Jornal Correio da Manhã * Jornal Vale do Tejo * História da Origem da Banda de Música, dos Bombeiros de Salvaterra de Magos – JOPE * Livro: A Origem da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos - JOSE GAMEIRO * FOTOS USADOS: * Pág. 3 – Carreta dos bombeiros voluntários, usada, para apagar os fogos, antes de 1935, a bomba de água, depois foi incorporada no pronto-socorro * Pág. 4 - Fotografia “histórica” da Comissão Fundadora, * Primeiro corpo activo dos bombeiros * Pág. 5 – Justiniano Ferreira Estudante, um dos fundadores e 1º comandante dos bombeiros. * Alguns bombeiros, que construírem a viatura de pronto-socorro para incêndios. * Pág. 6 - Em 1936, o quartel dos bombeiros em construção, oferta do benemérito Gaspar da Costa Ramalho * Pág. 7 – Em 1939, um mapa de estatísticas, da Província do Ribatejo, com a existência de bombeiros. * 1ª Viatura – Ambulância dos Bombeiros – 1950 * Pág. 8 - A velha viatura, construída pelos bombeiros, durante vários meses, envolvida no acidente na Recta do Cabo, em 1964 * Pág. 9 – Primeiros Estatutos da Associação dos Bombeiro S. Magos * Pág. 11 - 1939, Folheto divulgando festejos do 5º aniversário dos bombeiros.
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* Pág. 12 – Notícia publicada no Jornal sobre 38º aniversário dos Bombeiros * Pág. 13 – Carlos Leonel Duarte, actual Comandante dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos * Logótipo do autocolante 50 anos de existência dos bombeiros * Pág.14 - Noticia dos festejos, do 50º aniversário dos bombeiros * Pág. 15 – Bombeiros desfilando nas ruas de Salvaterra – 1960 * Fanfarra, em 1966 * Local do primeiro Quartel dos Bombeiros, foto de 1980 * Pág, 17 – Celebração do compromisso entre a câmara municipal e os bombeiros, para a construção de um novo Quartel * Desenho da Fachada, do Projecto da Obra do novo quartel * Pág. 19 - Anúncio do concurso para a construção do novo Quartel * Pág. 20 – Foto do Benemérito – Gaspar Costa Ramalho * Pág. 22 – Antigo Cine-teatro Salvaterrense, na rua Machado Santos, construção de Gaspar Ramalho e oferta aos Bombeiros * Pág. 25 - A Banda de Música, Mestre: Pedro Sotero Sesmaria e Director: Pedro dos Santos* Pág. 26 - Á frente da Banda, os músicos: Luís Almeida e Luís Gonçalves, nas festas da Glória * Pág. 27 – Notícia da Homenagem ao mestre/músico, António Paulo Cordeiro * Pág. 28 – A Banda no dia 1º de Dezembro – 1999, com jovens executantes, saídos da sua escola * Pág. 33 – Emílio e o seu Conjunto (Grupo de músicos: Emílio Coelho, Raul Marques Damásio, Porfírio ...., Eugénio ...., e Ernesto ...... * Pág. 35 – A Banda com o Maestro João Teófilo, tocando na escadaria da Igreja Matriz * Pág. 37 – Em 1970,apresentação pública, executantes saídos d escola Banda dos Bombeiros * Pág. 38 – Programa do aniversário, informando da sua actuação dentro da Igreja Matriz de Salv. Magos
165 s * Pág. 39 – Notícia publicada, do concerto na Igreja Matriz, onde o músico José Luís Borrego, anunciou a sua saída * Pág. 40 – Actuação, na Igreja Matriz * Notícia do Jornal sobre a actuação da Banda no Luxemburgo – 1986 * Pág. 42 – O Maestro, João Teófilo, junto a novos músicos saídos da escola da Banda de Música , que tocaram na apresentação de um produto comercia l * Pág. 43 - A Banda actuando num programa para Televisão, no lançamento de um produto comercial * O jovem músico Luís Travessa, na homenagem a D. Dinis * * Pág. 44 – A Fanfarra dos Bombeiros, em dia de desfile pelas ruas da vila. * Pág. 46 – Banda de Música, e Fanfarra dos Bombeiros – 1º Dezembro, 2006
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CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 41 Documentos para a história De
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc- XXI
Património: Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político, Económico e Desportivo
(Uma Arte de caçar na Coutada da Vila) O Autor:
José Gameiro (José Rodrigues Gameiro)
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Fotos da Capa: - Fachada do Edifício “ Palácio da Falcoaria de Salvaterra”, Foto do Autor: Ano 1983
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FICHA TECNICA: Titulo: A FALCOARIA REAL DE SALVATERRA
( Uma Arte de Caçar na Coutada da Vila) Tipo de Encadernação: Brochado – Papel A5 Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS ISBN: 978– 989 – 8071 – 45 – 3 Depósito Legal: 256493 /07 Edição: 100 exemplares - Março de 2007
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********************************** 2ª EDIÇÃO REVISTA E AUMENTADA **********************************
Contactos: * Tel. 263 504 458 * Telem: 918 905 704 e-mail: josergameiro @sapo.pt O Autor deste texto não segue o acordo autográfico de 1990
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O MEU CONTRIBUTO Tínhamos talvez os 10 anos de idade quando entramos pela primeira vez no Pombal da Falcoaria. Estávamos em tempo de exame da 3ª classe, éramos para aí uns 25 repetentes, de um professor que no ano anterior, só levou uma meia dúzia de alunos a passarem de classe. A professora, Natércia Assunção, desdobrava-se em sua casa, todas as tardes a prepara-nos, ensinando-nos para ficarmos num plano igual aos da sua turma. de três dezenas de educandos. A sua casa, era o local do ajuntamento de tanto rapazio. Naquela tarde de início de verão, a redacção era sobre história local, e como o local do ensino em situação de prolongamento, era “pegado” ao antigo edifício da Falcoaria e seu Pombal, lá fomos visitar as instalações. Alguém, morador nas pequenas habitações, facultou a chave, e de “ranchada” entramos num espaço onde ainda havia vestígios de ter sido armazém de palha. Quanto ao Pombal, estava cheio de mobílias e cadeiras velhas, restos de mudanças nas instalações municipais. Em grupo junto à porta, fomos contando, para aí três centenas de buracos na parede arredondada do edifício de construção que vinha do séc. XVIII. Aqueles buracos serviram de ninhos para os pombos criarem. Completamos esta visita, com informações que a professora, conseguiu através da ajuda preciosa, das famílias, Lapa, Freire e Roquette. Para o nosso trabalho escolar, visitamos ainda, uns dias depois a Capela da Misericórdia (antiga Capela de Santo António), e a Igreja Matriz.”
*********** Nota: elementos extraídos do caderno escolar – ano de 1955, que guardamos.
Março: 2015
JOSE GAMEIRO ( José Rodrigues Gameiro )
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A ORIGEM
Salvaterra, nasceu em terrenos arenosos, fazem parte da bacia do rio Tejo, que banha a povoação no seu lado sul, a caminho do mar, sendo ferteis na cultura de produtos frescos. A vinha é disso testemunha. As terras da charneca, além do arvoredo daí dependente, também produz culturas de sequeiro. Segundo alguns escritos, a sua povoação sofreu grandes influências, quando Portugal recebeu imigrações do sul de França. “Salvaterra, em 1295, era um pequeno povoado de pouco mais de uma centena de habitantes, recebeu do rei D. Dinis, o seu primeiro foral, onde lhe foram atribuídas regalias, que sendo município feudal, também conhecido na idade média, de concelho imperfeito. Com a abertura do Paul, em Magos, para escuar as àguas que nasciam lá para os lados da Ameixoeira, dando origem à cultura do arroz. Salvaterra de Magos, povoação, muito abalada com o terramoto de Lisboa, de 1755 e, um outro em 11 de Novembro de 1858, com dois incêndios no Paço Real, acabou por completo com a sua vida palaciana. Os restos que, ficaram do palácio foram convertidos em pedra e aproveitados para outros fins, incluindo o pavimento das poucas ruas, existentes então na vila. Com a venda de todo o património da casa real, no séc. XIX, incluindo os terrenos da sua coutada real, que ocupavam quase todo o território concelhio. A vida social e económica da vila de Salvaterra de Magos, desde aí aconchegou-se à pacatez de uma vida humilde e despercebida, que teve os seus tempos áureos nos meados do século XIII.
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Dos poucos edifícios que daquela época ficaram, até ao século XX, a sua existência passou a estar protegida por lei, entre eles conta-se o edifício que foi da Falcoaria Real e o seu Pombal, as Chaminés, do antigo Paço Real, e o bonito edifício da Capela Real. Para o nosso trabalho escolar, visitamos ainda, uns dias depois a Capela da Misericórdia (antiga Capela de Santo António), e a Igreja Matriz.”
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A REAL FALCOARIA EM PORTUGAL Já em 1210, mais propriamente a 28 de Dezembro daquele ano, D. Sancho II, despachava correio sobre a arte de caçar com aves de rapina, pois só a classe nobre os poderia possuir e usar. Se o jogo de pêla, era antigo no país, as cavalhadas e as justas praticadas no Ribatejo Sul, também eram animadas, pois mostravam a arte e destreza de montar a cavalo. Outros divertimentos, exigiam algum aparato e elegância dos nobres como, os brincos com toiros e as caçadas. Quanto à caça de altenaria, sabe-se que esta forma de caçar, era usada pelos Árabes, que viveram aqui nas terras que deram origem a Portugal, e que transmitiram a sua prática ao povo. Naquela correspondência real, enviada ao Bispo de Coimbra, isentava todo o clero de irem ao fossado e a qualquer outras expedições, a não ser contra os mouros que invadissem o país, se denunciassem quem tivesse a posse e caça-se com aves de rapina. Baeta Neves, que se socorreu das pesquisas efectuadas por Rui de Azevedo, P. Avelino de Jesus da Costa e Marcelo Rodrigues Pereira, publica parte daquele documento na Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, com o título “SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA FALCOARIA EM PORTUGAL” “Adhuc concedo ut nunquam teneatis in domibus notris meos aztorarios neque falcoanarios neque blistarios neque detis eciam bestias meis aztoraiis neque falconariis quod ducant illas ad ripariam”
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A tradução para o português actual, seria o seguinte: “ Ainda determino que nunca retenhais nas nossas casas os meus açoreiros nem os falcoeiros nem os balistários, nem entregueis também os animais aos meus açoreiros nem aos falcoeiros para os conduzirem ao rio” (1) Em outro documento (António Gomes Ramalho, Volume I) a lei de 25 de Dezembro de 1255, de D. Afonso III – Dizendo respeito aos preços de géneros e salários na Província do Minho” faz mais de uma referência, a Açores, Gaviões e Falcões: “ Et mando firmiter et defendo, quod nullus sit ausus filiare ova de azores, nec de gavianis, neque de falconibus, et ille qui filiaverit pectabit mihi pró quolibet ovo decem libras, et corpus et habere suum remanebit in meã protestare. Et nullus sit ausus filiare azorem nisi quindecim diebus ante festum saneti Johanis baptiste: Et quicumque filiaverit pertabit mihi pró quolibet azore decem morabitinos, et remanebit corpus et havere suum in meã protestate: Et nullus sit ausus filiare gavianum nec falconem nisi de tribus unum et quicumque filiaverit pectabit mihi pro quolibet centum sólidos…” Este texto corresponde à seguinte tradução livre: ( Proíbo firmemente que se apanhem ovos de açores, de gaviões ou de falcões e quem os apanhar, pagarme-á dez libras por cada ovo e a sua aprensão. Ninguém pode apanhar açores senão 15 dias antes da festa de S. João Batista, mas se alguém o fizer pagarme-á por cada açor dez morabitinos e a sua apreensão. *************** (1)
– Tradução para o português actual – Pe. Prof. Doutor: Manuel Naia
Ninguém pode apanhar gaviões ou falcões a ser de três um e o que o apanhar pagar-me-á cem soldos ).
176 E mais adiante “ … Et luva de meliori corzo, vel meliori gamo de azor valeat viginrt denários: Et melhor luva de gaviano valeat quindecim denários: Et luva de azor vel gaviano de carnario scodado valeat decem denários, et si fuerit carnario, qui non fuerit scudado, valeat sex denários, et melhor cascavel de azor valeat unum solidum: Et melor cascavel de gaviano valeat octo denários: Et meliores peyos de azor sin.sírico valeat três denários. Et meliores peyos de gaviano valeat duos denários…” a que corresponde da mesma forma;
( E a melhor luva de gavião custe quinze dinheiros. A luva de açor ou de gavião de carneira endurecida (?) custe 10 dinheiros e se for de carneira, não endurecida custe 6 dinheiros e a melhor cascavel de açor custe um soldo. O melhor cascavel de de gavião custe 8 dinheiros. E as melhores piós de açor sin. sirico (?) custem 3 dinheiros. E as melhores piós de gavião custem 2 dinheiros ) A primeira lei sobre Coutadas, que atinge o espaço entre o Tejo e o Guadiana, data de 1 de Março de 1362, e tem a ordem de D. Pedro I (1) Com o decorrer dos séculos cada vez era mais forte o gosto pela caça de Altanaria em Portugal, onde os monarcas vão assinando leis, de protecção às aves de rapina, dando novas regalias a quem delas tratava ou possuía, especialmente os fidalgos da corte. ************** (1) – Livro único da Chancelaria do rei D. Pedro I, fls..68-v (Torre do Tombo)
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PALACIO DA FALCOARIA EM SALVATERRA DE MAGOS No lado Poente de Salvaterra de Magos, nas extremas com o concelho de Benavente, o infante D. Luiz, irmão do rei D. João III, mandou construir um edifício apalaçado para a Falcoaria da vila, onde anexava as habitações dos falcoeiros, que lhe custou mil 50 cruzados
Todo este conjunto de construções chegou aos nossos dias mesmo, que em grande parte adulteradas na sua traça original. Recomenda-se a leitura de um estudo de J. Silva Correia, editado em 1958, que se socorreu de escritos de Diogo Fernandez Ferreira, datados de 1616 e, de informações colhidas junto de Nuno Sepulveda Veloso, considerado o único caçador, ou antes o único praticante em Portugal, na nobre arte de caçar com Gaviões, Açores e Falcões.
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O já referenciado, Nuno Veloso, visitou Salvaterra de Magos, em 1987, onde iniciou os preparativos, a uma demonstração de caça com aquelas aves, que se efectuou no ano seguinte. O POMBAL
É uma bonita e original construção, suporta nas paredes do seu interior cerca de 310 “buracos”, onde os pombos criavam, para servirem de alimentação e treino às aves de caça, como: Falcões, Açores e Gaviões. Nos últimos anos do séc. XIX, foi todo o património da casa real, aqui existente, vendido em haste pública, levando praticamente ao seu desaparecimento, e o que ficou foi adulterado na sua riqueza arquitectural, como é o caso da Falcoaria, que chegou aos nossos dias em estado lastimoso. Os responsáveis que durante todos esses anos, estiveram na governação da câmara municipal, devem merecer a crítica das gerações presentes e futuras, que agora terão que os recuperar, se a isso ainda forem a tempo !.
No mandato camarário de António Ferreira Moreira, em 1995, conseguiuse a compra deste património, que estava na posse de, Jorge de Melo e Faro - II Conde de Monte Real
179 António Moreira e Gameiro dos Santos, foram grandes entusiastas pela recuperação do palácio, e seus anexos, levando mesmo à feitura de projectos, para um museu nacional da Falcoaria, aqui fosse instalado. Estes autarcas, levaram Salvaterra de Magos, a uma geminação de boa amizade cultural, com Valkansuard, vila holandesa, com afinidades muitos próximas, concretizada com assinatura de protocolos, pois eram de lá que vieram os falcoeiros., no séc. XVI e XVII. Houve troca de festejos nas duas povoações, em Salvaterra, na ocasião foi inaugurada uma estatueta de um falcão, num Largo da vila A Falcoaria em Salvaterra, é um desejo em aberto para o turismo local, que muito teria a lucrar com tal concretização. Num programa de televisão, José Hermano Saraiva, emitido pela RTP, já registou o estado do edifício, e a necessidade da sua recuperação. No Inverno de 2004, mais uma vez a desatenção do poder local, que teima em não reparar o que os nossos antepassados nos deixaram, levou a que o telhado daquele património acabou por cair (*)
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180 (*) – Notícia publicada no Jornal Vale do Tejo – edição de 26 de Fevereiro de 2004 Nota: Maqueta feita nos mandatos de António Moreira e Gameiro dos Santos, Para a recuperação do palácio da falcoaria – Aguardando subsídios, para dar início às obras.
DESCRIÇÃO DE UMA CAÇADA REAL
“ Começaram no dia 19 de Fevereiro de 1755, as memoráveis caçadas no sítio de Paredes, na coutada de Salvaterra, e no dia 20 a batida efectuou-se no sítio da Mesa dos Negros, entre o Monte do Conde e o terreno das Figueiras, onde apareceram alguns Javalis, que Suas Majestades e Altezas correram. Houve caçada,
no dia 21 às Adens e aos Patos, no Paul de Trezoito,; e no dia 22 no Paul de Magos em que se abateram muitas daquelas aves, após o que a família real foi de passeio à grande Tapada das Rezes, propriedade de D. Pedro. No dia 23, em Escaroupim, com luzida pompa teve lugar uma caçada às lebres, onde trabalharam Falcões e Açores. Saíram primeiro doze Falcoeiros, vestidos de pano carmesim, com muitos galões de ouro, vestias azuis e canhões com galões de prata e todos de cabelos atados na nuca debaixo do chapéu tricórnio. Outros Falcoeiros, também a cavalo, iam com os Falcões no pulso enluvado, e dois levavam duas
181 galgas cada um atada pela coleira, com seus cordões de seda. Os Falcões que, já tinham trabalhado, metiam-se a descansar em magnifica liteira de veludo forrada a carmesim, com galões de ouro;. Um conjunto de músicos a cavalo, vestidos de veludo verde e ouro. Um conjunto de músicos a cavalo, vestidos de veludo verde, com galões de prata., tocava os seus instrumentos de metal. A encerrar, o cortejo, um outro coro de músicos, era chamado o “Coro do Monteiro-Mor” – Francisco de Melo o qual também envergava vestimenta principesca.”,tocando suas trompas e trombetas. “ Fechavam o brilhante cortejo, os infantes D. Pedro e D. António, a Corte, os Criados, Moços da Estribaria e alguns estrangeiros convidados, atraídos pelo fausto das caçadas reais em Salvaterra “ **************
Da autoria de Baeta Neves, nos “SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA FALCOARIA EM PORTUGAL”, publicado na separata do boletim, da Sociedade de Geografia de Lisboa – 1983, retiramos do seu conteúdo: * Documento Nº 4 * Real Falcoaria de Salvaterra de Magos Anno de 1821 “Relação dos Empregados na Real Falcoaria da Villa de Salvaterra de Magos, dos ordemnados, que percebem, dos títulos porque recebem , e dos annos de Serviço, de cada hum dos mesmos, formalizada na conformidade da Portaria da Regência do Reyno, de 31 de Março, e ordem da Montaria-Mór, de 2 de Abril, ambas do corrente anno; pelo Doutor Juiz de Fora, e Coutadas da sobreditta Villa MESTRES
182 * Henrique Waymans, de setenta e sette annos de idade, de sessenta annos de serviço, serve por Portaria do Excelentíssimo Monteiro-Mór do Reyno, de 15 de Maio de 1801, com o ordenado annual de duzentos e outtenta e outto mil reis” * Jacome Grima, de sessenta e cinco annos de idade. Não tem tempo algum de serviço; foi elevado ao dito emprego, por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 5 de Março de1802, referida ao Aviso Régio de 24 de Fevereiro do ditto anno, com o ordenado annual de duzentos e outenta e outto mil reis” OFFECIAIS * João Guilherme, de sesenta e três annos de idade, com trinta e nove annos de serviço; serve por Portaria de 15 de Maio de 1801, com o ordenado annual de duzentos trinta mil e quatro centos reis” * Joze Huberto Verúven, de cincoenta e três annos de idade, com trinta e hum annos de serviço; serve por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 13 de Abril de 1804, com o ordemnado annual de duzentos trinta mil e quatro centos reis” * Manoel Faria, de quarenta annos de idade, sem tempo de serviço; foi elevado ao ditto Emprego, por avizo de S.M.F., de 12 de 7brº de 1803, com o ordemnado annual de duzentos trinta mil, e quatro centos reis” AJUDANTES * Manoel Nogueira, de sesenta annos de idade, com trinta e dois annos de serviço, serve por Avizo Régio de 15 de Março de 1794, com 0rdemnado annual de cento quarenta e quatro annos, digo e quatro mil reis” * Eloi Joaquim , de cincoenta e cinco annos de idade, com vinte e outto annos de serviço; serve por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 10 de Janeiro de 1797, com o ordemnado annual de cento quarenta e quatro mil reis” * João Hertrois, de trinta e nove annos de idade, com dezoutto annos de serviço, serve por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não apresentou; por estar auzente desta Villa com o ordemnado annual de cento e quarenta e quatro mil reis” * António Ricardo, de quarenta annos de idade, com vinte e hum annos de serviço; serve por Portaria
183 de 21 de Março de 1806; com ordemnado annual de cento quarenta e quatro mil reis” APRENDIZES * Francisco Guilherme, de trinta e hum annos de idade, com dezenove annos de serviço, serve por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 10 de 9brº de 1802, com o ordemnado annual de setenta e dois mil reis” * Joze Joaquim Moraes, de vinte e outto annos de idade, com quatorze annos de serviço, serve por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 22 de Abril de 1807, com o ordemnado annual de setenta e dois mil reis” TENÇAS DE VIUVAS E FILHAS DE FALCOEIROS * Anna Maria da Conceição, viúva de offecial, vence a tença annual de cento quinze mil e duzentos reis; por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não aprezentou; por estar ausente da Villa”* Anna Joaquina Barbosa, viúva de Ajudante, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não apresentou por estar auzente da Villa, a tença annual de seenta e dois mil reis” * Gertrudes Roza Nogueira, filha de Ajudante, vence por Avizo Régio de 21 de Junho de 1794 a tença annual de trinta e seis mil reis” * Maria dos Anjos, filha de Mestre, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não aprezentou, a tença annual de setenta e dois mil reis” * Margarida Isabel, filha de Mestre, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não aprezentou por estar auzente desta Villa, a tença annual de setenta e dois mil reis”* Joanna Isabel, filha de Mestre, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não aprezentou por estar auzente desta Villa, a tença annual de cento quarenta e quatro mil reis” * Anna Patronilha, Maria Fortunatta, e Ritta Catharina, todas três filhas de Mestre, vencem por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 5 de 7br.º de 1806, referida ao Avizo Régio de 3 de 7br.º do ditto anno, a tença annual de cento quarenta e quatro mil reis”
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MEDICOS E CIRURGIÕES DA FALCOARIA * O Bacharel João António de Leão, médico, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, o partido de quarenta mil reis, annual, “datada de a Portaria em 10 de Abril de 1805” * Joaquim António da Fonseca, cirurgião, vence por hum despacho do Exllmº Monteiro-Mór ,proferido em hum requerimento, em o anno de 1805; o partido annual, de dezanove mil e duzentos reis” Somando os sobreditos Ordemnados, e Tenças, a total quantia de dois contos sette centos, hum mil e seis centos reis”. Além dos sobredittos vencimentos, vencem os mesmos Empregados também quando estão doentes, duzentos reis diários, para galinha, e remédios, pago tudo pela Real Fazenda. E por não haver mais, que declarar ouve o sobreditto Ministro esta relação por concluída; e Eu Joze Joaquim Sabinno Lucas Escrivão do Judicial, e Coutadas, a escrevi e asignei aos cinco de Abril de mil outto centos, e vinte e hum” O Juiz de Fora
Thomaz de Freitas Coelho Machado Torres Joze Joaquim Sabinno Lucas ***********
185 BIBLIOGRAFIA USADA: * Subsídios para a história da Falcoaria em Portugal (Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa * Baeta Neves)-1983 * A Propósito de Caça * (A Real Falcoaria de Salvaterra de Magos) - João Maria Bravo, Dr. * O Paço Real de Salvaterra de Magos * Joaquim M. Correia Silva, e Natália Brito Correia Guedes * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo – José Gameiro * Francisco Câncio – Instituto de Coimbra e do Instituto Português de Arqueologia, Histórico e Etnográfico “ Síntese fotográfica e Documental – Exposição em Salvaterra de Magos – 1983 * Comunicação Social – Jornal Vale do Tejo – Edição de 24/2/2004 FOTOS USADAS: * Pág. 4 – Palácio da Falcoaria, Ano: 1983 – Do Autor * Palácio da Falcoaria, ano 2000 – Jornal Vale do Tejo * Pág. 5 - Interior do Palácio da Falcoaria – lado Norte * Interior do Palácio da Falcoaria – lado Sul * Pombal, edifício único na Península Ibérica * Pág. 6 – Nuno Sepúlveda, Amante da Falcoaria, treinando o seu Falcão de nome: “Walkiria” * Pág, 7 – Edifício onde se instalava o “ Monteiro - Mor ” da vila, junto à Igreja Matriz – Foto de: A. Cunha, Ano:1944
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