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Feira do Míscaro em Sátão “é uma aposta ganha”

Diz Alexandre Vaz, presidente da Câmara

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a Feira do Míscaro é uma aposta ganha” no concelho de Sátão

O Lardo de São Bernardo, em Sátão, recebe no fim de semana de 5 e 6 de novembro a XiV Feira do Míscaro, evento que promove um produto com grande relevância, nesta altura do ano, no concelho. a “capital do Míscaro” vai proporcional dois dias de muito animação, com inúmeras atividades, uma prova de míscaros, um magusto e a atuação da Rebeca, a meio da tarde de domingo.

O presidente da Câmara de Sátão salienta que a Feira do Míscaro “é uma aposta ganha”. Alexandre Vaz diz que “já há bastante míscaro, pelo que acredita, depois da não realização do evento em 2020 devido à pandemia, que este será um “certame atrativo”, atendendo às muitas solicitações que tem chegado à autarquia, não só de expositores, mas também de pessoas interessados em adquirir este tão afamado produto.

gazeta Rural (gR: A Feira do Míscaro regressa este ano?

Alexandre Vaz (AV): Tivemos um ano sem Feira do Míscaro, pelas razões conhecidas. Vamos ter uma feira nos moldes anteriores, pelo menos assim o esperamos. A avaliar pelas inscrições que temos para expositores, julgo que teremos um certame atrativo, como foi em 2019. A feira vai decorrer no sábado e domingo. No primeiro dia haverá a abertura da feira, pelas 16,30 horas, e à noite a banda The Brothers animará todos quantos estiveram no recinto.

Domingo será o grande dia, com inúmeras atividades, como uma prova de míscaros, um magusto e a atuação da Rebeca, para animar a nossa feira.

Esperamos que muitas pessoas nos visitem. O míscaro continua a ser muito apreciado e nós vemos isso pelos pedidos que recebemos de pessoas que os querem comprar aqui no concelho.

Pensamos que a Feira do Míscaro é uma aposta ganha. Vamos na décima quarta edição e esperamos que a feira deste ano não será inferior às anteriores, apesar de termos ultrapassado um período difícil, de pandemia, mas, acreditamos, será uma grande edição, com muitos visitantes, promovendo um produto endógeno do nosso concelho. Será uma grande festa também para dar a conhecer o melhor que o nosso concelho tem para oferecer.

gR: Já há muito míscaro?

AV: Já há bastante míscaro. Já fizemos algumas provas. Tivemos um grande evento, realizado na Quinta da Taboadella, com os sabores da terra, entre os quais o nosso míscaro.

gR: este é um produto que ‘marca’ o concelho. em que medida o concelho ‘vai atrás’ desse produto?

AV: Permita-me voltar um pouco atrás e olhar para o início deste trajeto, que tem sido a Feira do Míscaro. Quando pensamos na realização deste evento não quisemos ser diferentes só porque sim. Pertencemos à Região Demarcada do Vinho do Dão e temos muito bom vinho. A Quinta da Taboadella, em Silvã de Cima, adquirida pela Família Amorim, é hoje uma referência do que de melhor se faz na região e no país, não só na produção de vinhos, mas também com um conceito de enoturismo diferenciador.

No concelho de Sátão poderíamos ter pensado numa Feira do Vinho, numa Feira do Queijo, mas quisemos

uma coisa diferente, daí termos criado este certame à volta do míscaro. Respondendo à sua pergunta, o Sátão vai atrás da Feira do Míscaro para dar mais visibilidade ao concelho, promovendo o território e as coisas boas que por cá temos.

gR: A Quinta da taboadella é hoje o ex-libris do concelho?

AV: É, sem dúvida. Tem hoje uma adega do melhor que há em Portugal, pelos investimentos que foram feitos na sua recuperação, pela abertura que tem para quem os visita, pois têm sempre a funcionar uma loja com vinhos e outros produtos endógenos da nossa região. Por tudo isso, temos que olhar para a Taboadella como um ponto muito importante no enoturismo e um polo de atração do nosso concelho.

Disse isto há dias. Quando promovemos o vinho, estamos a divulgar a nossa cultura e o nosso património. Neste campo, a Taboadella veio dar um salto grande nesta área para o concelho de Sátão. Contudo, penso que ainda é muito cedo.

A Taboadella é conhecida há muitos anos, há séculos mesmo, pois já no tempo dos romanos ali se produzia vinho. Foi renovada e requalificada há pouco tempo, mas, acredito, vai contribuir decisivamente para que o concelho de Sátão seja mais conhecido. O evento que lá realizámos recentemente, poderíamos tê-lo feito noutra qualquer localidade, mas escolhemos a Silvã de Cima, e a Quinta da Taboadella, por todas as razões que atrás enunciei.

gR: os dados preliminares do Sensos deste ano mostram que a desertificação do interior continua. São investimentos como o que foi feito na taboadella que podem atrair gente a estas regiões?

AV: Um dos problemas do interior, e talvez o mais grave, é a desertificação. A atração de pessoas a estes territórios pode ser feita através dos autarcas, que muito têm trabalho e lutado nesse sentido. Contudo, isso só pode resultar com a colaboração da Administração Central. Esta tem que criar incentivos e proporcionar acessibilidades que permitam a fácil mobilidade das pessoas. Se assim não for o país vai continuar a ‘cair’ para o litoral. Os autarcas, sozinhos, por mais que tentem, por mais que se esforcem, não vão conseguir resolver esta questão.

Obviamente que a Quinta da Taboadella, para além da produção de vinhos de grande qualidade, é, sem dúvida, um polo de atração de gente ao concelho. Isso faz mexer a nossa economia e, dessa forma, melhorar a qualidade de vida das nossas gentes. Isto é o que um autarca deve ansiar para a população do seu concelho.

Para inverter o ciclo de desertificação que tem assolado o interior nas últimas décadas é necessário que o poder central olhe de outra forma para estas regiões. As pessoas que insistem, e resistem, em viver no interior têm os mesmos direitos, pelo que é necessário que lhe dêem as mesmas condições de quem vive no litoral e nas grandes cidades. Um exemplo prático são as áreas de acolhimento empresarial. Se a Administração Central quisesse, era possível que muitas empresas que hoje se instalam no litoral, o fizessem no interior. Bastava haver melhores acessos. Com isso o território ficaria melhor ‘distribuído’.

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