Gazeta Rural nº 360

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O sector e todos os que nele trabalham “serão mais valorizados”, diz ministra da Agricultura

Produtores de queijo de Castelo Branco com quebras de 50% nas vendas

Ministra da Agricultura inaugurou Feira Digital do Queijo DOP

ANCOSE negoceia com grande superfície o escoamento de queijo ‘Serra da Estrela’

Arroz de Sarrabulho à Moda Ponte de Lima distinguido pelo segundo ano consecutivo Monsanto ganha pela terceira vez o Prémio Cinco Estrelas

Edição Especial – Visão Global II

Grupo de produtores da região quer abrir loja em Viseu

Adega de Borba comemora 65 anos e “cumpre a missão e os objetivos para que foi criada”

Ficha técnica Ano XV | N.º 360 Periodicidade: Quinzenal Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515) E-mail: jla.viseu@gmail.com | 968 044 320 Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, Lda Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Redacção: Luís Pacheco Opinião: Paulo Barracosa | Rita Barata | Catarina Simões Departamento Comercial: Beatriz Fonte Sede de Redacção: Lourosa de Cima 3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400 E-mail Geral: gazetarural@gmail.com Web: www.gazetarural.com ICS: Inscrição nº 124546 Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda Administrador: José Luís Araújo Sede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu Capital Social: 5000 Euros CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339 Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo Dep. Legal N.º 215914/04 Execução Gráfica: Novelgráfica R. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299 Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/ estatutoeditorial/ Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares Nota: Os textos de opinião publicados são da 2 www.gazetarural.com responsabilidade dos seus autores.

Macedo de Cavaleiros lança campanha de incentivo ao consumo de produtos concelhios Idanha adia eventos para 2021 e canaliza apoios para famílias e economia

A Ervital “para ter qualidade não precisa de sofisticação tecnológica”

United Resins exporta derivados da resina para os principais mercados europeus

Festas da Flor e do Vinho da Madeira terão lugar em Setembro

Câmara de Viseu cancelou festas e marchas populares

Opinião Vítor Monteiro – Covid-19 e ambiente

Crónica Rural - Um dia no monte - Meu querido mês de Agosto


Editorial

“O que é nacional ...é bom” N

unca, como agora, fez tanto sentido apelar ao consumo dos produtos nacionais. O célebre anúncio de uma marca de massas “O que é Nacional é bom”, poderia agora ter uma nova versão, do tipo: “O que é nacional é muito bom e ajuda o País”. Durante tanto tempo ouvimos falar da globalização e, de repente, percebemos que afinal o tal ‘mundo encantado’ para onde nos quiseram levar não passa de uma miragem. Nas últimas quatro décadas a Europa, e o mundo, preocupou-se apenas e tão só com o bem-estar dos cidadãos, sem nunca perceber que isso só não chega. O bem-estar dos cidadãos não é permitir que estes tenham tudo à mão, desde o que comem e vestem, até à origem do automóvel ou da tecnologia que usam no dia a dia. Verdadeiramente, nunca nos preocupámos de onde vêm a maior parte daquilo que consumimos e usamos todos os dias. De repente damos connosco a pensar que mundo andámos a construir no último meio século. Por exemplo, percebemos que coisas tão simples como uma máscara cirúrgica ou um medicamento como o paracetamol são produzidos do outro lado do mundo. Hoje, o que verdadeiramente importa é reforçar a importância de cada vez mais consumirmos o que é nosso, que em Portugal se produz. Dessa forma, estaremos a gerar riqueza e a construir um futuro melhor para nós e para os nossos filhos e netos. Afinal, o que é nacional é muito bom. José Luís Araújo

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A Ministra da Agricultura à Gazeta Rural

O sector agrícola e todos os que nele trabalham “serão mais valorizados” N

uma altura difícil para a humanidade, o setor primário disse presente, garantindo o abastecimento de bens essenciais. A agricultura e o sector agroalimentar não pararam, apesar de todas as condicionantes que a pandemia obrigou. Em entrevista, por email, à Gazeta Rural, a ministra da Agricultura realça a resposta dada, reconhecimento, contudo, “alguns constrangimentos”, como “o fecho do canal HoReca e da retração da procura e de ajustes no comportamento de consumo”. Mária do Ceu Albuquerque diz que há “negociação com a Comissão Europeia no âmbito de um conjunto adicional de medidas de apoio ao setor”, e que está a trabalhar “para garantir respostas às necessidades que sejam identificadas” no setor do vinho. Quanto ao futuro, e uma vez ultrapassado este período, a ministra acredita que “a Agricultura, o setor agroalimentar e os seus profissionais serão ainda mais valorizados”. Gazeta Rural (GR): O setor respondeu bem aos efeitos que a actual situação provocou? Mária do Céu Albuquerque (MCA): No atual contexto, marcado pela pandemia COVID-19, verificou-se que, genericamente e graças ao empenho e dedicação de quem trabalha no setor, a produção agrícola e agroalimentar manteve o seu funcionamento. Contudo, registaram-se alguns constrangimentos, essencialmente decorrentes do fecho do canal HoReca, da retração da procura e de ajustes no comportamento de consumo. Assim, estamos, em permanência e, 4

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claro está, em articulação com as restantes áreas governativas, a acompanhar e a analisar eventuais novas medidas ou atualizações no que respeita às já em vigor. Atualmente, além das medidas transversais no âmbito do apoio ao emprego, tesouraria e diferimento de pagamento de impostos e contribuições, foram adotadas medidas específicas para o setor.

GR: Haverá medidas adicionais para o sector? MCA: Para já foram implementadas medidas relacionadas com os projetos PDR2020 (adiantamentos) e de apoio à promoção de vinhos (mercado externo e interno), foram criadas regras de não penalização de projetos por baixa taxa de execução, foi garantida a elegibilidade de despesas em ações não executadas, a atribuição de adiantamentos e a prorrogação de prazos para cumprimento de obrigações, tendo ainda sido estabelecidos apoios à retirada de produtos do mercado, sem esquecer os frutos vermelhos, e implementadas medidas relacionadas com o reforço dos circuitos curtos. Para além destas medidas, que já estão no terreno, o Ministério da Agricultura está ainda em negociação com a Comissão Europeia no âmbito de um conjunto adicional de medidas de apoio ao setor. Também neste contexto, e visando garantir o essencial


acompanhamento do funcionamento do abastecimento, com o Ministério da Economia e Transição Digital, foi criado um Grupo de Acompanhamento e Avaliação das condições de abastecimento de bens nos setores agroalimentar e do retalho em virtude das dinâmicas de mercado determinadas pela COVID-19. Deste grupo fazem parte, além dos organismos relevantes da Administração Pública, as Associações representativas da Indústria Agroalimentar, Retalho, Distribuição e Logística. O grupo tem reunido periodicamente com a finalidade de acompanhar eventuais situações de perturbação e analisar a aplicação de medidas destinadas a manter ou restabelecer as normais condições de abastecimento. Foi também constituído um grupo interno no Ministério da Agricultura, para acompanhamento do funcionamento dos organismos tutelados e da cadeia de abastecimento alimentar, visando ainda assegurar uma monitorização efetiva da evolução da situação ao cional, do canal HoReca e do turismo, que registam quebras e níveis de nível de recursos e da implementação de plastock elevados. Contudo, como referimos, estamos a trabalhar, em pernos de contingência, e acompanhamento das manência, para garantir respostas às necessidades que sejam identifiempresas do setor. Neste grupo participam as cadas. entidades representativas dos setores e atividades que, pela sua relevância em termos setoriais, GR: Após esta crise, as pessoas vão olhar de outra forma para a têm contacto direto com os operadores e detêm agricultura? um conhecimento mais efetivo da situação. Este MCA: Para que seja garantido o bem-estar das famílias, e como já sagrupo está a fazer um acompanhamento regular lientámos, são imprescindíveis todos os profissionais do setor agroado setor. limentar. E, por isso, reforçamos, aqui, o nosso reconhecimento e a Além destes grupos, diariamente está a ser feito nossa gratidão por todo o trabalho, esforço e dedicação, num contexum levantamento de todas as situações que posto que nos coloca, a todos, à prova. sam ser objeto de constrangimentos e estão a ser Aliás, esse foi também um dos motes da campanha que está a acompanhadas todos as solicitações que chegam decorrer: “Alimente quem o alimenta”, a qual pretende incentivar ao Ministério da Agricultura. Desta forma, o Miniso consumo de produtos locais. Por isso, no âmbito desta mesma tério da Agricultura está a levar a cabo a articulação campanha, o Ministério está a preparar uma plataforma que connecessária com vista à manutenção de todas as atitribuirá para a agilização da venda de cabazes de produtos agroavidades do setor, da produção à distribuição agroalilimentares. mentar, trabalhando em proximidade com os vários Por isso, inaugurámos a primeira Feira Digital de Queijo DOP, intervenientes, nomeadamente com os Municípios e resultante de uma iniciativa conjunta do Município de Oliveira do com os grupos associados às grandes superfícies coHospital, da CIM da Região de Coimbra, dos CTT e da plataforma merciais. Dott. Ou seja, este período difícil deixará, certamente, marcas, obrigando-nos a repensar o funcionamento da nossa sociedade GR: Há problemas no sector do vinho, com quebras e a criar alternativas, soluções (como o teletrabalho, por exemnão só no mercado nacional como internacional. Há, plo). Alternativas e soluções que ficarão para o futuro. ou vão haver, medidas especificas de apoio para este E, olhando para a adesão e para a reação que tem havido pesector? rante as iniciativas que estamos a levar a cabo em prol do setor MCA: Especificamente no que diz respeito ao setor do e do seu bom funcionamento, sentimos que a mensagem está vinho e já tendo sido referidas as medidas em desenvolvia passar. Isto é, não podemos antever o que irá acontecer, mas mento e em estudo, temos efetivamente reporte de uma estamos certos de que, no futuro e uma vez ultrapassado este redução no nível de atividade das empresas do setor. período, a Agricultura, o setor agroalimentar e os seus profisDestacam-se o setor cooperativo e as PME, entidades sionais serão ainda mais valorizados num país que também é menos exportadoras e mais dependentes do mercado nareconhecido pelo que produz. www.gazetarural.com

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Preço do leite também baixou drasticamente

Queijo do Rabaçal com perdas acentuadas na produção A

Dirigente faz balanço “dramático” da situação

Produtores de queijo de Castelo Branco com quebras de 50% nas vendas A

produção de leite e de queijo do Rabaçal, concelho de Penela, produto de Denominação de Origem Protegida (DOP), está a sofrer quebras na ordem dos 40% com a situação criada pela pandemia da covid-19. Alice Pereira, proprietária da Serqueijos, uma das duas grandes queijarias daquela freguesia do distrito de Coimbra, disse que a produção diária de queijo baixou 50%. A produtora considera que houve uma Associação dos Produtores de Queijo do disredução do consumo pelo facto de as grandes superfícies comerciais trito de Castelo Branco (APQDCB) queixounão terem o queijo tão exposto no período em que as famílias por-se de quebras de 50% nas vendas de queijo e fez tuguesas se abasteceram de produtos de primeira necessidade para um balanço “dramático” da situação que o sector um longo período de tempo. está a atravessar. A redução na produção teve consequências imediatas na produ“O balanço é dramático. As vendas de queijo dição de leite, sobretudo no de ovelha, que é utilizado na produção do minuíram mais de 50%. Aquilo que me tem chegado Queijo do Rabaçal DOP juntamente com o de cabra. O presidente ao conhecimento é que há gente muito próximo de da Associação de Produtores do Rabaçal (APRORABAÇAL), Fernanfechar as portas, sobretudo ao nível dos fabricantes”, do Brás, diz que a produção de leite de ovelha reduziu mais de 40% explicou Carlos Godinho, da APQDCB. e o preço baixou drasticamente, baixando de 1,20 euros por litro Este responsável sublinhou que a situação que se até aos 70 cêntimos. vive desde o início da pandemia da covid-19 é muito Com cerca de 1.300 ovelhas, Fernando Brás diz que, neste pegrave e tem um efeito de cascata, ou seja, se não se ríodo, “é trabalhar para aquecer, porque as rações estão ao mesvende queijo, não se pode comprar leite. “Os produtomo preço e tem de se alimentar o gado, embora não seja como res estão muito apreensivos. Não sabem o que devem era”. No entanto, alerta que os produtores “não aguentam mais fazer ao leite e ao queijo. A maior parte não sabe o que do que dois ou três meses” nesta situação. vai acontecer. É uma alteração muito grande na vida das Fernando Brás lamenta, contudo, que muitos dos produtores pessoas”, frisou. de queijo estejam a utilizar muito leite de cabra e vaca numa Já quanto a apoios ao sector, Carlos Godinho explicou zona de DOP. “Os produtores do queijo de cabra não estão a que, para as queijarias, os bancos concedem linhas de sofrer tanto”, salienta o produtor, que critica a inexistência de crédito para apoio à tesouraria: “Para a parte da produmedidas para o setor. “Somos obrigados a trabalhar e não poção, ainda não ouvimos nada. Espero que venham a dar apoios”. Para já, este responsável adiantou que a única sodemos fazer ‘lay-off’, porque não dá para fechar os portões e lução passa por pedir que haja uma diminuição na produdeixar o gado sozinho lá dentro”, enfatiza o dirigente associação, “para ver se se consegue aguentar”. tivo. A Associação dos Produtores de Queijo do Distrito de CasO Queijo Rabaçal DOP é um queijo curado de pasta semitelo Branco é responsável pelos queijos de Denominação de dura a dura, branco-mate, produzido de forma artesanal a Origem Protegida (DOP), queijo de Castelo Branco, Amarelo partir de uma mistura de leites de ovelha e cabra por ação da Beira Baixa e Picante da Beira Baixa. do coalho de origem animal. 6

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Cerimónia decorreu em Oliveira do Hospital

Ministra da Agricultura inaugurou a primeira

Feira Digital do Queijo DOP A

ministra da Agricultura inaugurou a Ao defender a importância de a retoma da economia poder “acontecer de primeira Feira Digital do Queijo DOP forma mais célere”, Maria do Céu Albuquerque insistiu na necessidade de e defendeu uma aliança entre a tradição e a “promover os produtos nacionais” de qualidade, como os diversos queijos inovação para responder aos desafios do setor DOP das comunidades intermunicipais (CIM) da Região de Coimbra, Região face à pandemia da covid-19, dando o exemdas Beiras e Serra da Estrela, Região de Viseu, Dão e Lafões e a Região da plo da primeira feira digital do queijo DOP. Beira Baixa. Após ter visitado uma exploração de leite, As novas tecnologias e a inovação são “a maior arma para vencer” as em Castelo Branco, e uma queijaria, em Olidificuldades colocadas pela atual pandemia, mas igualmente, em geral, os veira do Hospital, por forma a acompanhar o desafios que a economia nacional vier a enfrentar no futuro, disse. escoamento destes produtos, Maria do Céu A ministra expressou “todo ao apreço” aos empresários e trabalhadores Albuquerque esteve em Oliveira do Hospital no do setor agroalimentar, que se mantêm em laboração para “garantir que lançamento da primeira Feira Digital no âmbito nada falte na mesa” dos portugueses. “A agricultura não pode parar, para do setor da agricultura. Na sua intervenção a mibenefício de todas e de todos”, sublinhou. nistra da Agricultura salientou que a iniciativa reNa sessão inaugural da primeira Feira Digital do Queijo DOP, interviesulta de “uma parceria feliz”, entre diferentes enram ainda João Bento e Gaspar d’Orey, das duas empresas parceiras na tidades, para “colocar à disposição de todos um iniciativa, CTT e Dott, respetivamente, além de José Carlos Alexandrino, produto que faz parte” da identidade nacional. presidente da CIM da Região de Coimbra. A primeira Feira Digital do Queijo com denoO também presidente da Câmara de Oliveira do Hospital salientou a minação de origem protegida (DOP) visa ajudar “riqueza” da região, evidente na montra online já disponível, destacou produtores de diferentes queijos certificados o papel das autarquias e a importância do trabalho em parceria, dedo Centro de Portugal. “Temos de responder rasignadamente com as empresas e com o Governo, e louvou o apoio pidamente às mudanças de hoje, já a pensar no e a resposta do Ministério da Agricultura. “Temos de resolver os proamanhã”, afirmou a ministra da Agricultura, numa blemas recorrendo à proximidade e, assim, estaremos a apoiar os cerimónia nos Paços do Concelho de Oliveira do nossos produtores e os nossos agricultores. Os nossos queijos são Hospital que foi transmitida em direto por plataprodutos de excelência e, graças a este projeto, passarão a poder forma digital. Na sua opinião, as iniciativas digitais chegar às casas do nosso país. Temos de valorizar o que é nosso. E as nesta área para vencer as restrições sociais de comvendas que já realizámos através da plataforma são um bom sinal”, bate à pandemia constituem uma experiência que, sublinhou José Carlos Alexandrino. também no futuro, pode contribuir para “aproximar os produtores dos consumidores”. www.gazetarural.com

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Associação compromete-se a fazer a entrega nos Centros de Distribuição

ANCOSE negoceia com grande superfície escoamento de queijo ‘Serra da Estrela’ A

Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela leite de ovelha”, acentuou o dirigente, explicando (ANCOSE) está a negociar com uma grande superfície nacional, que a ANCOSE, a pedido dos pastores, tem vindo da área alimentar, a venda de queijo Serra da Estrela, com o comproa “congelar muito leite” nas suas instalações, em misso de fazer a entrega nos centros de distribuição. cujas câmaras frigoríficas está acumular igualmente A informação foi avançada à Gazeta Rural pelo presidente da ANqueijo que os criadores “não conseguem vender” na COSE (nr, a 15 de Abril). Manuel Marques adiantou que as converatual conjuntura. sações estão em estado avançado e espera que, logo que possível, Entretanto, a sede da ANCOSE, na Bobadela, foi as entregas possam ser feitas, “o que permitirá o escoamento de reaberta ao público, após ter sido encerrada durante uma boa parte do queijo”. três semanas, permitindo “reorganizar os serviços e É que o presidente da Associação está preocupado com a situacriar condições de segurança” para dirigentes, trabação dos pastores, dadas as dificuldades no escoamento do leite, lhadores e sócios, face à atual pandemia. lamentando que a indústria tenha baixado o preço de 1,25 euros O presidente da associação distinguiu a atual situapara 80 cêntimos por litro. “Estamos preocupados com a situação dos criadores de ovelhas da Serra da Estrela da crição dos pastores. Um rebanho com 100 ovelhas dá mil euros de se desencadeada pelos grandes incêndios de 15 e 16 de prejuízos por mês”, disse o presidente da associação, Manuel Outubro de 2017, que atingiram cerca de 30 municípios Marques, a propósito da crise que afeta o setor devido à pando Centro de Portugal, incluindo concelhos da região demia da covid-19. demarcada do queijo DOP Serra da Estrela. “Nessa traOs associados da ANCOSE, com sede no concelho de Oliveira gédia, conseguimos ajudar-nos uns aos outros. Mas agodo Hospital, “enfrentam problemas no escoamento do leite” ra não. É uma crise em todo o país, com toda a gente a para as queijarias com denominação de origem protegida sofrer”, sublinhou Manuel Marques. (DOP), mas também para as fábricas que produzem queijo Quanto à Feira Digital do Queijo DOP o dirigente “louva a não certificado, embora estas continuem a importar leite de iniciativa” para “ajudar a últrapassar a situação dificil que atraEspanha. vesamos”. Contudo, Manuel Marques coloca algumas reserManuel Marques disse ter conhecimento que “apenas vas quanto à sua funcionaliodade, uma vez que “o transporte uma empresa” que produz queijo DOP Serra da Estrela, em de queijo ‘Serra da Estrela’ exige alguns cuidados e pode não Mangualde, manteve o preço do leite. “Não há saída para o chegar nas melhores condições ao consumidor”, alerta. 8

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Com o prémio Cinco Estrelas Regiões

Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima distinguido pelo segundo ano consecutivo O

Aconteceu pela primeira vez

Cabrito Estonado de Oleiros recebeu ‘Cinco Estrelas Regiões 2020’

Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima voltou este ano a ser distinguido de entre as várias marcas portuguesas e ícones de referência nacional, com o “Prémio Cinco Estrelas Regiões”. Considerado merecedor desta distinção pelos consumidores portugueses, o Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima é já uma marca identitária do Cabrito Estonado de Oleiros foi galardoado, concelho e da gastronomia portuguesa. pela primeira vez, com o prémio ‘Cinco EsO savoir faire e a autenticidade deste prato ancestral, atraem anualtrelas Regiões 2020’, que avalia produtos, serviços mente milhares de visitantes à vila mais antiga de Portugal. Num cone marcas que em 2020 foram considerados pelos ceito ligado à terra e à tradição, este que é o ex-líbris da gastronomia consumidores portugueses como extraordinários, limiana, faz-se acompanhar de enchidos e fumados, tornando-se realmente Cinco Estrelas. num verdadeiro motor do desenvolvimento económico da região. O suculento e estaladiço Cabrito Estonado de OleiArroz, sangue, carnes (de galinha, vaca e de porco desfiadas) resros conta anualmente, por altura da Páscoa, com um petivamente das raças minhotas e bísaro são os ingredientes essenFestival onde - aliado ao Vinho Callum – junta cenciais desta iguaria que terá nascido em meados do século XIX, com tenas de pessoas de todos os pontos do país para uma receita que as gentes da terra souberam manter inalterável provar esta iguaria. Este ano, o Festival foi cancelado ao longo dos anos. Intimamente ligado à agricultura, à época das dado o contexto atual do Estado de Emergência, devicolheitas e à matança do porco, este prato nasceu num contexto do à pandemia de Covid-19. ligado ao trabalho no campo, e posteriormente passou da cozinha O Município de Oleiros encara esta distinção “não familiar, para a profissionalização. só como um reconhecimento, mas também como um O Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima havia sido já incentivo para que o Festival se volte a realizar no próxidistinguido em 2019 pelo “Prémio Cinco Estrelas Regiões”, um mo ano, e para que possamos retomar – Município, ressistema de avaliação que distingue marcas, produtos, recursos tauração e produtores – o trabalho de dignificação deste patrimoniais e serviços de grande relevo e potencial de valorique é um marco na gastronomia regional e nacional”. zação. O elevado nível de exigência da metodologia Cinco O prémio com elevado nível de exigência e rigor da metodoEstrelas destacou 119 vencedores, entre as 952 marcas logia, destaca um grupo restrito de marcas que se evidenciam avaliadas organizadas em 171 categorias. De acordo com pela sua excelência e elevado nível de satisfação global junto a organização, o Prémio Cinco Estrelas Regiões é um sistedos consumidores. Esta distinção pretende não só reconhecer ma de avaliação que identifica, segundo a população portuguesa, o melhor que existe em cada uma das 20 regiões empresas portuguesas que se diferenciam a nível regional, (18 distritos + 2 regiões autónomas) ao nível de recursos mas também identificar o que de melhor existe em Portugal naturais, gastronomia, arte e cultura, património e outros ao nível de gastronomia, sítios e património, cultura e lazer, ícones regionais de referência nacional; bem como premeia hotelaria, tecnologia, desporto e diversos outros ícones de referência e interesse nacional. empresas portuguesas que se diferenciam a nível regional.

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Não haverá a habitual cerimónia de entrega de galardões

Monsanto ganha pela terceira vez o Prémio Cinco Estrelas A

aldeia histórica de Monsanto, no particular, do concelho de Idanha-a-Nova”, refere a autarquia, que “expressa concelho de Idanha-a-Nova, venceu a sua satisfação por mais este prémio atribuído a Monsanto e congratula-se o Prémio Cinco Estrelas Regiões 2020, pelo com todos os monsantinos, idanhenses, empresários, investidores, agenterceiro ano consecutivo. Numa votação tes culturais e turísticos, visitantes e turistas que orgulhosamente fazem de nacional que envolveu mais de 300 mil parMonsanto um destino de referência em todo o Mundo”. De acordo com a organização, o Prémio Cinco Estrelas Regiões é um sisteticipantes, Monsanto foi novamente eleito Ícone de Referência Nacional na categoria de ma de avaliação que identifica, segundo a população portuguesa, o melhor Aldeias e Vilas. que existe em cada uma das 20 regiões (18 distritos + 2 regiões autónomas) ao nível de recursos naturais, gastronomia, arte e cultura, património Em 2018 e 2019, a denominada ‘Aldeia Mais e outros ícones regionais de referência nacional; bem como premeia emPortuguesa de Portugal’ já havia conquistado presas portuguesas que se diferenciam a nível regional. o Prémio Cinco Estrelas, renovando o título Através de uma votação nacional, que contou com 313 450 participannesta terceira edição do concurso. tes, os portugueses identificaram, para cada região, o que consideram “No contexto atual do Estado de Emergência Cinco Estrelas a vários níveis. em Portugal, devido à pandemia de Covid-19, Tendo em conta a atual conjuntura em Portugal e no Mundo, a orgaesta distinção dá ânimo para continuarmos a nização adianta que este ano não se irá realizar a habitual Cerimónia de trabalhar para um futuro melhor, que permita a Entrega dos Prémios. retoma do dinamismo turístico de Portugal e, em

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Edição Especial

O presente e o futuro: Visão global II Nesta edição continuamos a auscultar a opinião dos diversos sectores sobre o momento que o mundo atravessa. Percorremos o país e perceber o que se passa em cada região e os efeitos que já se notam nos diversos sectores.

Câmaras Municipais

“Apostar na recuperação da produção nacional e a criação de emprego” GR: Que efeitos está a ter a actual situação no concelho? RG: O Concelho da Moita, enquanto município da Área Metropolitana de Lisboa, está a ter os impactos que são comuns a esta região, desde logo na saúde pública, mas também na economia local. Acompanhamos com preocupação o evoluir desta situação, criando as melhores condições possíveis no atual quadro, para que as respostas públicas, de higiene e salubridade, mas também de apoio social ou o tratamento dos espaços públicos, não deixem de existir. GR: Esta situação pode vir a provocar uma ‘fuga’ das pessoas dos grandes centros para o interior do país? RG: As medidas tomadas no quadro da mitigação dos efeitos desta pandemia, desde logo o Estado de Emergência, como é conhecido, obrigam ao confinamento em casa de todos aqueles cujos trabalhos não são essenciais. Assim, não se prevê, até pelo quadro legal, que seja possível essa “fuga” massiva das pessoas para o interior do país.

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GR: Sendo uma situação inusitada, que mudanças antecipa no futuro próximo? RG: O próximo futuro, sendo completamente imprevisível, e dependente da evolução da situação de saúde pública que atravessamos, trará certamente desafios a que será necessário responder de forma solidária, entre as várias instituições e as populações, de forma a que a esta crise não se some um desastre económico. Será necessário apostar decididamente numa recuperação que privilegie a produção nacional e a criação de emprego. Mas também em políticas de defesa do Serviço Nacional de Saúde que invertam o percurso de delapidação a que este tem estado sujeito. Se alguma coisa fica desta pandemia é que só as respostas públicas de saúde serão capazes de enfrentar de forma sólida situações como a presente. Rui Garcia Presidente da Câmara da Moita


“Um mundo mais unido e solidário” GR: Que efeitos imediatos está a ter a atual situação no concelho? SO: A atual situação levou de imediato ao encerramento dos equipamentos municipais, ao cancelamento das Festas do Concelho/Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem, a alteração dos procedimentos, dos horários dos trabalhadores da autarquia e ao encerramento particamente de todo o comércio tradicional.

SO: Poderá levar no imediato ao aumento considerável da taxa de desemprego e a problemas sociais graves na s o c i e dade Portuguesa. É preciso que todas as Instituições, incluindo obviamente as autarquias, estejam atentas e despertas paras estas situações procurando soluções para as mesmas.

GR: Como avalia as medidas do Governo para minimizar a situação? SO: Penso que têm sido tomadas todas as medidas necessárias com vista a dar resposta a uma situação nova, difícil e complexa.

GR: Que mudanças antecipa no futuro próximo? SO: A nível dos comportamentos e da forma de pensar de cada um de nós dentro da sociedade onde estamos inseridos. Acho que existe um mundo antes do COVID-19 e emergirá um novo/reformulado após o COVID-19. Um mundo mais unido e solidário.

GR: Que repercussões esta crise pode ter a curto/ médio prazo?

Sérgio Oliveira Presidente da Câmara de Constância

“Tem de haver um enorme espírito de solidariedade nas instâncias internacionais” GR: Que efeitos imediatos está a ter a actual situação no concelho? PJI: À semelhança do todo o país, está a ser implementado pelo município de Alcobaça um plano de contingência que consequentemente se materializou-se em várias medidas, como o encerramento dos espaços públicos municipais; a suspensão da agenda cultural; a higienização das ruas do concelho; a reorganização do Mercado Municipal de Alcobaça; a doação por parte da Câmara Municipal de 50 mil euros ao Centro Hospitalar de Leiria para aquisição de ventiladores e outro material médico; a coordenação entre autarquia, Juntas de Freguesia e entidades de âmbito social, para reforçar o apoio aos munícipes mais vulneráveis e/ou sem apoio familiar direto, entre outras medidas. GR: Como avalia as medidas do Governo para minimizar a situação? PJI: Situações-limite como esta implicam sempre muitas dificuldades na sua gestão, o que de resto se tem

visto em todos os países. Tanto o Governo como as autarquias e a sociedade civil, estão em sintonia para fazer todos os possíveis de modo a apoiar o Sistema Nacional de Saúde e, consequentemente, os cidadãos portugueses. GR: Que repercussões esta crise pode ter a curto/ médio prazo? PJI: A principal consequência desta pandemia é a crise económica que já está instalada no contexto internacional. Tem de haver um enorme espírito de solidariedade nas instâncias internacionais pois ninguém sairá incólume. GR: Que mudanças antecipa no futuro próximo? PJI: A pandemia do Covid-19 irá seguramente introduzir novas rotinas sociais que têm de ser implementadas para garantir a prevenção de futuras pandemias. Toda a sociedade irá ajustar-se a uma nova realidade que nunca experienciámos sendo, portanto, de difícil antevisão. Paulo Jorge Inácio Presidente da Câmara de Alcobaça www.gazetarural.com

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Edição Especial

“Vamos sair desta crise

mais fortes e com o espíri-

to comunitário renovado” GR: Que efeitos imediatos está a ter a actual situação no concelho? JFN: Neste momento, a situação no concelho é de relativa tranquilidade. Temos um número residual de infetados e as pessoas têm respeitado as indicações para se manterem em confinamento social e só saírem de casa para trabalhar ou para irem às compras. Também o Município da Sertã tem colocado em marcha uma série de ações que pretendem sinalizar a situação que estamos a atravessar e aconselhar para uma série de boas práticas que devem ser seguidas durante esta pandemia. Além disso, decorrem com grande regularidade diversas ações de desinfeção de espaços públicos por parte dos nossos serviços de limpeza. Estamos, igualmente, atentos aos efeitos que esta situação pode vir a ter no tecido empresarial local e vamos monitorizar com extremo rigor tudo o que acontecer. GR: Como avalia as medidas do Governo para minimizar a situação? JFN: No geral, pensamos que o Governo e as autoridades de saúde têm estado à altura da situação, aplicando

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um conjunto de medidas que contribuíram para mitigar os efeitos desta terrível pandemia. A aplicação do Estado de Emergência, a resposta dos serviços de saúde e a forma como os portugueses têm sabido reagir a tudo o que tem sucedido são sinais muito encorajadores. GR: Que repercussões esta crise pode ter a curto/ médio prazo? JFN: Entendemos que ainda é cedo para antecipar repercussões futuras resultantes dos efeitos desta pandemia, embora seja certo que a nossa economia se vai ressentir bastante. No entanto, o foco agora deve ser o combate ao Covid-19. GR: Que mudanças antecipa no futuro próximo? JFN: Este é claramente um exercício de futurologia, pois é extemporâneo perspetivar o futuro. Contudo, acredito que vamos sair desta crise mais fortes e com o espírito comunitário renovado. Além disso, também será importante aprender com algumas lições que esta pandemia e os seus efeitos nos tem revelado. José Farinha Nunes Presidente da Câmara da Sertã


“Nos momentos difíceis estamos juntos.”

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Edição Especial

Agricultura “Necessitamos duma União Europeia mais proativa na resolução dos problemas europeus” GR: Que efeitos já se notam fruto na situação actual? JR: Já começam a surgir constrangimentos ao nível da expedição de gado vivo e de carne, a suspensão da exportação de próteas para a Holanda e a perspetivar-se tempos ainda mais complicados no sector do leite. O encerramento dos estabelecimentos de restauração, de unidades hoteleiras, de cantinas e outros serviços introduzem naturalmente distúrbios na cadeia de distribuição local e no território continental, por isso, as empresas e as cooperativas têm de reorientar os seus produtos e ir ao encontro das novas tendências e necessidades dos consumidores. GR: Como avalia as medidas do Governo, nomeadamente o ministério da Agricultura, para minimizar a situação? JR: As medidas implementadas pelo Governo da República, embora importantes, são insuficientes e as resoluções adotadas não são totalmente ajustadas à realidade regional e aos agricultores em particular, pelo que, necessitamos que sejam mais abrangentes e criadas outras a nível regional, pelo que já apresentámos várias propostas que entendemos serem imprescindíveis para fazer face à atual situação, decorrente da pandemia do covid-19. Da União Europeia aguardamos maior flexibilização e simplificação dos programas comunitários, nomeadamente, ao nível das candidaturas e controlo de campo e a antecipação das ajudas aos agricultores, com níveis de percentagem superiores aos usualmente aplicados e medidas de intervenção nos mercados. GR: Que repercussões esta crise pode ter nos próximos tempos? JR: A pandemia afecta todos os Estados-Membros e isso está a introduzir perturbações em cadeia e nos mais diversos sectores de atividade. A crise económica já se 16

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começa a sentir sem que os países tenham ultrapassado a crise de saúde pública. A União Europeia está a mostrar esforços, mas é importante ajustar a Política Agrícola Comum para que se mantenha o abastecimento e que não existam perturbações de mercado nas trocas comercias intra e inter-comunitárias, assim como é incontornável a necessidade de uma intervenção na zona Euro para a economia, não apenas as dos países do sul, não colapse. O futuro da própria União Europeia pode estar em causa se não existirem soluções capazes de resolver os problemas existentes nos diversos países europeus. Necessitamos duma União Europeia mais proativa na resolução dos problemas europeus. GR: Que mudanças prevê que possam vir a acontecer? JR: Até que se encontre uma vacina para o covid-19, muito vai mudar no nosso quotidiano. Teremos de encontrar compromissos na governação, na economia e na reorganização social. Será imperativo ter em conta que a crise não tocará a todos de forma igual, mas que o Estado e a sociedade continuarão a ter obrigações sociais e que isso representará sacrifícios. Que de uma vez por todas se dê o devido valor e o reconhecimento que a actividade agrícola tem sido; apesar de todas as restrições, medos e ansiedades um pilar essencial em tempos de crise e de incerteza. Os Agricultores não baixarão os braços, porque para alimentar toda a sociedade, a agricultura não pode parar. Jorge Rita Presidente da Federação Agrícola dos Açores


Setor do Vinho “Será fundamental a criação imediata de uma medida concreta de

Destilação de Crise” GR: Que efeitos imediatos está a ter a actual situação no sector? JMA: Assistimos a uma descida de cerca de 40% nas vendas do sector, à data de hoje. Este decréscimo era esperado, visto que os bens de primeira necessidade não incluem o vinho, embora seja um produto consumido culturalmente. Não nos podemos esquecer que este é um flagelo mundial. GR: Como avalia as medidas do Governo, nomeadamente o ministério da Agricultura, para minimizar a situação? JMA: Todas as medidas são de saudar e seguramente muitas delas serão aproveitadas pelas empresas. Concretamente em relação ao setor vitivinícola, e analisando a situação em que nos encontramos, acho que será fundamental a criação imediata de uma medida concreta de Destilação de Crise. Esta, terá efeitos de regulação do setor, com efeitos benéficos ao nível dos stocks de vinho face a uma vindima que se aproxima, assim como um efeito extremamente positivo na disponibilização de álcool para o mercado. GR: Que repercussões esta crise pode ter a curto/médio prazo? JMA: O primeiro é, sem sombra de dúvida a liquidez

“Os efeitos são catastróficos económica e financeiramente” GR: Que efeitos imediatos está a ter a actual situação no sector? JR: No imediato os efeitos são catastróficos económica e financeiramente. GR: Como avalia as medidas do Governo, nomeadamente o ministério da Agricultura, para minimizar a situação?

das empresas, o segundo o desemprego, e poderá existir um terceiro que é a falta de matéria prima. Todas as empresas estão sujeitas a ver um decréscimo no seu capital financeiro, mesmo as financeiramente sólidas podem chegar a uma situação de falta de liquidez. E obviamente as PME que estão expostas ao mercado, sem falar nas microempresas ou nas empresas que vivem do seu rendimento diário, que se encontram numa situação critica. Com isto, muitas empresas vêm a sua sobrevivência em risco, o que levará a encerramentos, e por sua vez ao aumento do desemprego. GR: Que mudanças antecipa no futuro próximo? JMA: As empresas terão de ter em conta que o consumidor passará a ter um maior cuidado com aquilo que compra e consome, que vai haver uma mudança drástica das estratégias de comunicação e, obviamente, a “guerra das vendas”, ou seja, quando voltarmos à normalidade social todos vão querer vender e o consumidor estará demasiado debilitado, seja financeiramente seja emocionalmente para se preocupar com compras de segunda necessidade, pelo que irá procurar o mais barato. Também acredito que as pessoas terão uma maior consciência do que os rodeia e do seu bem-estar individual, assim como uma maior preocupação pelo ambiente. E com esta fase pela qual passamos, sem sobra de dúvida que o consumo digital está a ter uma mudança rápida, que se manterá no futuro. José Miguel Almeida Presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito

JR: Não tenho uma visão global sobre as medidas do Governo e seus efeitos na agricultura da região. GR: Que repercussões esta crise pode ter a curto/médio prazo? JR: Uso o mesmo adjectivo da resposta 1, no curto e médio prazo. GR: Que mudanças antecipa no futuro próximo? JR: As mudanças são tão imprevisíveis como o desejadíssimo controle do agente (novo coronavírus). Jorge Reis - Quinta de Reis www.gazetarural.com

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Novo projecto deve arrancar nos próximos meses

Grupo de produtores da região do Dão quer abrir loja em Viseu N

uma altura de grandes mudanças, há também novas ideias e projectos em marcha. É o caso de um grupo de produtores da região do Dão que quer avançar com a abertura de uma loja física em Viseu, com o objectivo de vender os seus produtos diretamente ao consumidor. O projeto, que está em fase de arranque, terá também outras vertentes e junta, para já, produtores de vinho e queijo, mas está aberto a que outros se juntem à iniciativa. O objectivo é oferecer ao consumidor final uma diversidade variada de produtos de qualidade. Fonte ligada ao projecto adiantou à Gazeta Rural que, para já, “o segredo é a alma do negócio”, uma vez que “estão a ser definidos os princípios que vão juntar os promotores”, desde o objeto social até à forma de gestão. Contudo, os objectivos estão bem definidos e passam pela “venda direta ao consumidor, que assim passa a ter acesso a produtos de qualidade a preços mais convenientes”. Um dos aspectos que reputam de “muito importante” é a qualidade dos produtos, bem como forma como são conservados até à sua entrega ao consumidor. “Vamos ter vinhos acessíveis, organolepticamente corretos, assim como topos de gama”, garantem os promotores. Um produtor de queijo ‘Serra da Estrela’ também aderiu à iniciativa. O projecto contempla ainda outras vertentes, como a criação de uma loja online, dinâmica e com informação detalhada, para os produtores tão importante como a loja física. Os promotores pretendem praticar, por exemplo, preços variáveis em função da quantidade adquirida de um mesmo produto e programas de fidelização. Outra aposta será a organização de eventos, que não ficarão apenas por provas dos produtos dos associados. Para já o objectivo imediato é a organização funcional e a abertura do espaço de venda, mas a ideia é, futuramente, a abertura de lojas noutras localidades, quer por administração directa, quer por franchising. A mensagem é “aproximar produtores e consumidores”, permitindo “aos primeiros ter a rentabilidade necessária para produzir cada vez com mais qualidade e aos segundos melhores produtos a bons preços, tudo num só espaço, com os mesmos funcionários e a otimização de recursos”. Afinal, “porque permitimos que produtores vivam com dificuldades dando a intermediários a maior fatia do negócio?”, questionam os promotores.

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Delfim Costa, Director Geral, à Gazeta Rural

Adega de Borba comemora 65 anos

e “cumpre a missão e objetivos para que foi criada”

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Adega de Borba está a comemora 65 anos. Foi a 24 de Abril de e, desta forma, mantém a estabilidade e sustenta1955 que um grupo de viticultores se reuniu pela primeira vez bilidade dos 270 produtores associados da Adega. com a intenção de fundar uma cooperativa na região. Seis dias depois tomava posse a primeira direcção da Adega Cooperativa de Borba. GR: Um dos segredos para o sucesso da Adega Após uma época em que só o grande valor das castas regionais e foi ter entendido, no tempo certo, a importância a excelência das condições naturais permitiam que a produção de da profissionalização dos diferentes sectores? vinho no Alentejo se mantivesse, os anos oitenta, do século passado, DC: Acreditamos que sim, foi um dos pilares immostraram todo o potencial da região para a produção de vinhos, portantes e, por isso mesmo, vamos continuar a avaliado e confirmado pelo consumidor. aprofundar essa linha estratégica: profissionalizar os Seis décadas depois a Adega de Borba tem cerca de 270 assosetores e valorizar os recursos humanos da empresa. ciados e produz 1,2 milhões de caixas de 9 litros, sendo um dos maiores produtores do seu sector. Os seus vinhos provêm de 2 300 GR: Com cerca de 270 produtores, a Adega de Borhectares de vinha, distribuídos por 70% de castas tintas e 30% de ba é das maiores a nível nacional. O segredo passa castas brancas. pelo acompanhamento de proximidade e pela retriEm entrevista à Gazeta Rural, o director geral da Adega faz um buição justa do valor das uvas? balanço positivos dos 65 anos da Adega, que “cumpre a misDC: Procuramos acompanhar de muito perto os trasão e os objetivos para que foi criada”. Delfim Costa diz que a balhos dos nossos sócios, conhecemos detalhadamente cooperativa “cresceu, ganhou reputação no mercado, lançou e o potencial de todas as parcelas de vinha que produzem consolidou um conjunto de marcas de vinho de qualidade com para a Adega. Isso permite-nos tentar melhorar permanotoriedade e excelente aceitação”. nentemente a produção e planear correta e atempadamente as vindimas, e os vinhos que daí vão resultar. Gazeta Rural (GR): Que balanço faz dos 65 anos da Adega? Depois temos uma política de preços das uvas assente Delfim Costa (DC): O balanço é inegavelmente positivo, pois em inúmeros parâmetros de avaliação, orientados para fapassados 65 anos constata-se que a Adega de Borba cumpriu vorecer a produção de qualidade. Tentamos pagar as uvas a missão e os objetivos que levaram à sua criação: substituira um preço remunerador e, ultimamente, temos consegui-se aos intermediários que não valorizavam devidamente a do pagar aos sócios mais cedo do que está definido. Nos produção vinícola Regional. últimos anos, a vindima começa com a anterior totalmente A Adega de Borba cresceu, ganhou uma boa reputação no paga. Isso é importante para o nosso sócio. mercado, lançou e consolidou um conjunto de marcas de GR: A Adega de Borba tem algumas referências que são vinho de qualidade com notoriedade e excelente aceitação 22

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icónicas, como a do rotulo de cortiça. Há marcas que podem ‘sustentar’ um produtor ou o mercado, hoje, exige que este tenha que ter diferente vinhos para mercados diversos? DC: Há hoje uma enorme oferta de marcas e vinhos, das mais diversas origens. Acreditamos que a solução para esta injustificada proliferação de novas marcas é contrapor marcas fortes, com história e com notoriedade, pois acreditamos que o consumidor vê essas marcas como uma aposta segura. Por outro lado, e voltando à missão que a Adega recebeu na sua fundação, outro dos nossos pilares estratégicos é a “promoção e valorização dos vinhos produzidos no terroir de Borba” e isso é um fator de diferenciação e de qualidade, que passados 65 anos, temos a certeza que o consumidor aprecia. Estes dois fatores têm norteado a nossa política de marcas e levam a que privilegiemos marcas como o Adega de Borba, o Rótulo de Cortiça, o Convento da Vila, o Montes Claros e, mais recentemente, o Quintas de Borba. GR: A Adega abriu recentemente um restaurante. O enoturismo e a enogastronomia são cada vez mais importantes para os produtores? DC: Acreditamos que o enoturismo e a enogastronomia começaram como uma vertente do marketing de vinhos, uma forte ferramenta de promoção, mas que rapidamente se tornaram negócios em si mesmo. Para a Adega de Borba, as duas vertentes continuam a ser importantes: dar a conhecer as nossas marcas e vinhos, associar a estes vinhos uma Região com uma história, promover a gastronomia regional e a forma perfeita como se conjuga com os nossos vinhos. Somos hoje com certeza o principal polo de atração de visitantes a Borba, pois recebemos alguns milhares de visitas anuais na Adega, em visitas agendadas a pagas, o que mostra o interesse e a intencionalidade. Esta crise que o COVID-19 provocou, suspendeu tudo isto, mas queremos acreditar que é uma suspensão apenas temporária. www.gazetarural.com

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“Consuma Local” visa ajudar pequenos produtores

Macedo de Cavaleiros lança campanha de incentivo ao consumo de produtos do concelho «C

onsuma Local» é o nome da campanha que o Município de contactados por uma grande superfície do conceMacedo de Cavaleiros lançou, de incentivo ao consumo de lho que quer saber que produtos e quantidades produtos agrícolas e de pecuária produzidos no concelho. Para o efeios nossos produtores têm para venda, estando em to, está já a ser criada, uma base de dados com todos os produtores cima da mesa a possibilidade de comprarem parinteressados em participar, e assim escoar os seus produtos. “Sabete desses produtos”, revela Benjamim Rodrigues, mos das dificuldades sentidas por muitos produtores nesta fase, raacrescentando que “é este espírito de entreajuda zão pela qual queremos servir de elo de ligação entre quem produz no território que pretendemos incentivar e que está e quem pretende comprar, mas, neste momento, não pode sair de na base do desafio lançado pela ministra da Agriculcasa”, refere o presidente da autarquia, Benjamim Rodrigues. tura e que serviu de inspiração para o lançamento do Para facilitar este intercâmbio comercial entre produtor e consu“Consuma Local”. Quem sabe se não será possível remidor final, o autarca explica que a autarquia está a contactar os plicar esta iniciativa após o final de todas as restrições produtores do concelho “e a fazer um levantamento dos produtos impostas por esta crise sanitária”. que têm para venda”. Posteriormente “será criada uma base de Dos contactos estabelecidos até ao momento, o dados com os contactos a divulgar na página da autarquia, nas EDRU revela que os principais produtos disponíveis nossas redes sociais, assim como pelos presidentes de junta de são os queijos, azeite e morangos. Do trabalho no freguesia, de forma a facilitar a ponte com os produtores agrícoterreno que irá ser feito nos próximos dias e semanas las e de pecuária”. espera-se que seja igualmente possível acrescentar a “Na nossa região estamos, naturalmente, a falar de produtocriação de animais. res que até aqui vendiam para pequenas superfícies comerciais “Estou convicto de que esta iniciativa vai ser um suou mesmo para o consumidor final”, sustenta Benjamim Rodricesso e que assim iremos evitar que muitos agricultores gues. Mesmo assim, frisa, “já se inscreveu cerca de uma dezena sejam obrigados a deitar fora o que produzem por não de produtores”. terem quem lhes compre os produtos”, admite Benjamim Consciente da estrutura demográfica do setor primário no Rodrigues. “Os produtos locais têm muita qualidade e faz concelho, o autarca acrescenta que, “através do Gabinete de todo o sentido que compremos o que é nosso, até porque, Empreendedorismo e Desenvolvimento Rural (EDRU), estão assim, estamos a animar o nosso mercado interno e a enrijá a ser feitos contactos com as pessoas que vivem da terra quecer a economia do concelho”, conclui. e da criação de gado e que, como sabemos, não têm redes sociais nem usam a internet”. Ainda de acordo com Benjamim Rodrigues, esta iniciativa já começou a surtir efeitos. “Os técnicos do EDRU foram 24

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Para mitigar os efeitos a curto e médio prazo da crise

Idanha adia eventos para 2021

e canaliza apoios para famílias e economia A

Câmara de Idanha-a-Nova decidiu adiar para 2021 os eventos da agenda municipal deste ano, para mitigar os efeitos a curto e médio prazo da crise pandémica da Covid-19 na vida das famílias, das empresas e das instituições do concelho. A medida foi aprovada por unanimidade em reunião de Câmara e está em linha com o esforço nacional para dar resposta às necessidades extraordinárias do combate à epidemia de COVID-19. O objetivo é canalizar as verbas que estavam alocadas à generalidade dos eventos previstos até final de 2020, “para consagrar medidas robustas de forma a prevenir a infeção por coronavírus, conter a pandemia, ajudar a salvar vidas e ajustar as políticas municipais de desenvolvimento socioeconómico às necessidades mais imediatas do sector produtivo e empresarial, com vista a reforçar a sua capacidade de resistência às contingências atuais e alavancar a sua futura recuperação económica”, explica o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova.

Numa fase em que ainda há uma grande incerteza sobre o real impacto da Covid-19, Armindo Jacinto sustenta que a autarquia “não hesitará em fazer os investimentos necessários para proteger ao máximo a saúde da população, bem como reforçar os apoios sociais e criar mecanismos de apoio à liquidez das empresas e, mais tarde, de apoio ao relançamento da economia”. Armindo Jacinto realça que “as medidas dirigidas ao tecido económico pretendem complementar os apoios nacionais e comunitários que existem e venham a existir”. Alguns exemplos são a distribuição de equipamentos de proteção individual por lojas de bens essenciais, a prorrogação de prazos de pagamento e a campanha ‘Alimente quem o Alimenta’, destinada a apoiar os produtores locais no escoamento de produtos agroalimentares, muito em especial os frescos e os perecíveis. A autarquia está ainda a preparar outras ações direcionadas às empresas e instituições do concelho, incluindo linhas de assistência no acesso às medidas temporárias do Governo para apoiar o emprego e as empresas durante a pandemia. Ao mesmo tempo, estão já a ser planeadas ações de relançamento da economia após este período.

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Joaquim Morgado, em entrevista à Gazeta Rural

A Ervital “para ter qualidade não precisa de sofisticação tecnológica” A

Ervital, sedeada em Mezio, no concelho de Castro Daire, tem-se destacado no mercado de produtos biológicos, numa aposta na origem dos mesmos, vindos de “uma exploração no meio do nada”, como referiu Joaquim Morgado, administrador da empresa, em entrevista à Gazeta Rural. Criada em 1997, “de um ‘acidente’”, a Ervital tornou-se numa referência, nacional e internacional, na produção biológica, procurando a originalidade e aproveitando as condições únicas que o Mezio oferece. “Para termos qualidade não precisamos de ter sofisticação tecnológica”, refere Joaquim Morgado, que defende a produção biológica “como forma de atingir a qualidade máxima dos produtos”. GR: Como nasceu a Ervital? Joaquim Morgado (JM): A empresa nasceu formalmente em 1997, embora o seu processo de criação remetesse ao ano de 1991. A Ervital é uma empresa multifuncional, liderada por três sócios, desde a sua génese, e nasceu de um ‘acidente’. A primeira atividade surgiu de um desafio de experimen26

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tação que a empresa decidiu fazer com a espécie hortelã-pimenta (Mentha piperita). Os resultados não foram muito positivos, mas, à luz do pouco conhecimento da altura, decidimos avançar com o projeto. Foi feita então a primeira instalação de um campo, que já teria um cliente destinado. No entanto, mais uma vez, o negócio não correu como planeado. Surgiu então a necessidade de comercializar o produto por outras vias, designadamente criando marca e embalagem próprias. GR: A Ervital nasceu para inovar no cultivo das plantas aromáticas? JM: Em 1997 não havida tradição de cultivo de plantas medicinais e aromáticas e, como tal, a Ervital foi pioneira no uso das plantas de uma forma completamente dispare, deixando para trás a rudimentar coleta na natureza. Esta tem muitas desvantagens, nomeadamente o contributo para a extinção das plantas, fatores externos que não permitem fazer um controlo da qualidade e com contaminação frequente. A forma de cultivo que a Ervital implantou veio,


de certa forma, mudar todo esse processo, embora não tivéssemos inventado nada fomos pioneiros neste setor de atividade. GR: A qualidade e diferenciação dos produtos depende da região em que são produzidos? JM: A empresa nasceu em Mezio, uma freguesia do concelho de Castro Daire, uma zona pobre e isolada mas com características únicas e não exploradas. Numa zona rural, afastada de qualquer foco de poluição e de qualquer modo de produção que não seja biológico, a Ervital manteve-se assim ao longo dos anos. Uma exploração no meio do ‘nada’ dá-nos tudo, incluindo a segurança da qualidade dos nossos produtos. GR: Que fatores contribuem para a qualidade dos produtos?

JM: Os campos destinados ao cultivo são fundamentalmente ao ar livre, embora também tenhamos algumas estufas. Apostamos com inovação num tipo de cultura, num modo de produção diferente dos já existentes, e na agricultura biológica. Sempre fui agricultor e defendo a agricultura biológica como forma de atingir a qualidade máxima dos produtos. A qualidade dos produtos Ervital é conseguida através de uma boa gestão dos vários recursos inerentes ao processo produtivo, nunca valorizando excessivamente a produtividade. Os produtos primam pela elevada intensidade de sabor e aroma e isso não é compatível com uma produção em massa. GR: Fazem visitas guiadas às vossas instalações? JM: Temos uma zona de exploração com cerca de 10 hectares, embora não esteja toda a ser explorada. Ninguém que visite as nossas instalações fica impressionado com a extensão das áreas ou com uma grande produção, mas ficam genuinamente impressionados com a simplicidade dos nossos processos que nos permitem obter

todos os dias

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uma qualidade de excelência. Para termos qualidade não precisamos de ter sofisticação tecnológica. Fazemos também vários workshops, pelo menos uma vez por ano, com um carácter muito prático, e uma sala onde as pessoas possam assistir também a palestras, mas damos mais importância ao contacto com os produtos. A nível externo também temos parcerias com várias entidades, que nos permitem fazer atividades também noutras instalações. Estamos também envolvidos em vários projectos de I &D, tendo como parceiros instituições de ensino, centros de investigação e empresas de vários setores. A intenção é podermos participar em processos de partilha de informação e saberes de modo a potenciar o conhecimento e o melhor aproveitamento deste tipo de plantas. GR: Onde se podem encontrar os produtos da Ervital? JM: Para além do nosso site, temos vários pontos de revenda em todo o país, mas os produtos Ervital são encontrados com grande facilidade. Naturalmente que em centros urbanos possuímos mais pontos de revenda. Tentamos sempre que cada consumidor tenha acesso aos nossos produtos, de qualidade, e tenha em mente uma decisão mais capaz e mais educada para optar pelos nossos produtos e por produtos biológicos no geral. GR: Como passam essa mensagem ao consumidor? JM: Nós recebemos frequentemente pessoas nas nossas instalações e organizamos também workshops, precisamente para fazer esse processo educativo relativamente aos nossos produtos. Especialmente convidamos também quem tem os nossos produtos à venda, para conseguir passar uma informação adequada. GR: Como estão no mercado nacional e internacional? JM: Estamos no mercado internacional, nomeadamente 28

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em França. Somos ainda fornecedores de outros clientes, sem perder o nome de origem, tanto para o estrangeiro como a nível nacional. Mas ainda temos bastante para crescer a nível interno, ainda temos muito para explorar, porque apesar de sermos experientes nesta área, ainda somos uma empresa pequena.

GR: Apostam mais na vertente medicinal e alimentar, mas estendem-se por outras áreas? JM: Temos mais de uma centena de produtos no mercado. Somos tendencialmente curiosos e vamos desde a semente ao produto final. Fazemos o aproveitamento das nossas próprias sementes, replicamos e produzimos plantas e temos a autorização por parte do Ministério da Agricultura como Viveiristas, assim como temos a certificação BIO por uma das Entidades Certificadoras. O nosso mercado passa muito pelo uso medicinal e alimentar, no entanto, os nossos produtos tendencialmente começam a ser usados em outras áreas, por exemplo, na indústria têxtil.

GR: Já receberam uma distinção importante? JM: Sim. A Ervital foi reconhecida como a melhor empresa de Agricultura Biológica num concurso de âmbito nacional, o que foi uma surpresa. Por outro lado, temos conseguido prémios a nível internacional, em concursos de análise da qualidade alimentar, designadamente em Inglaterra.


Candidaturas apresentadas pela Câmara de Tondela

Louça preta de Molelos e Festas das Cruzes nomeadas para as “7 Maravilhas de Portugal”

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louça preta de Molelos e a Festas das Cruzes foram nomeadas para as “7 Maravilhas de Portugal*”, tendo sido recentemente certificadas com o selo oficial de nomeadas. O tema da edição deste ano do concurso é a Cultura Popular, tendo como grande objetivo a promoção do património cultural imaterial do país, nomeadamente o artesanato, as feiras e romarias, músicas e danças, e outras tradições populares. Neste contexto, a Câmara de Tondela candidatou às 7 Maravilhas de Portugal, na categoria Procissões e Romarias, a Festa das Cruzes, que se realiza no Guardão, 40 dias após a Páscoa. Trata-se de uma celebração que acontece no Dia da Ascensão do Senhor e que tem como propósito a devoção e preces para proteção dos campos agrícolas. As 4 ladainhas- a dos anfitriões (Freguesia do Guardão) e as forasteiras (Santiago de Besteiros, Castelões e Santa Eulália de Besteiros- refletem exatamente essas súplicas. Estas juntam-se, com as cruzes devidamente engalanadas e proporcionam o momento alto da festividade, o abraço das cruzes e dos pendões. As referidas comemorações têm registo bibliográficos com mais de 300 anos, e realizam-se em todas as quintas-feiras da Ascensão, ano após ano, juntando as populações das Terras de Besteiros numa manifestação de fé e, em simultâneo, associando festejos profanos de convívio e partilha dos célebres “farnéis”. Já a candidatura da louça preta de Molelos, na categoria Artesanato, foi promovida pela ADICES, em estreita colaboração com o Município de Tondela. Esta candidatura tem na “bilha do segredo” a sua peça mais emblemática. Depois destas duas nomeações, segue-se agora um período em que as candidaturas serão avaliadas por um grupo de especialistas, devidamente qualificados e independentes, sendo posteriormente votadas pelo público em geral.

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Empresa está instalada na Figueira da Foz

United Resins exporta derivados da resina para os principais mercados europeus A

Em 2019, a empresa apresentou um volume de empresa de produtos de derivados de resina de pinheiro Unifaturação de 34 milhões de euros, transformando ted Resins, instalada na Figueira da Foz, exporta praticamente 25 mil toneladas de resina, que atualmente é comtoda a sua produção para os mercados mais desenvolvidos da União prada a 12 mil quilómetros de distância no Brasil e na Europeia. Argentina, que nos últimos anos se tornaram grandes Quase 100 por cento da sua produção destina-se aos cinco prinprodutores. cipais mercados da União Europeia - Alemanha, Benelux, Suécia, “No primeiro ano de atividade faturámos 25 miFrança, Itália, “que são os mais desenvolvidos industrialmente”, lhões de euros. Em Portugal, não há muitos exemplos salienta à agência Lusa o diretor executivo e presidente Mendes de empresas que comecem e faturem logo no primeiFerreira. Os dois por cento remanescentes são consumidos no ro ano 25 milhões de euros, e se os valores da matériamercado nacional em dois “pequenos clientes”, acrescenta o em-prima se mantivessem ao preço de 2011 estaríamos presário. com um volume de negócios superior a 60 milhões de A laborar desde o final de 2010, num espaço com 12 hectares, euros”, destaca Mendes Ferreira. é uma das poucas empresas químicas nacionais que sintetiza Nesse ano, explica o empresário, a matéria-prima derivados da resina de pinheiro, comercializando um conjunto atingiu um preço recorde de 3.500 dólares por tonelada. de produtos sob a marca registada Unik. “O nosso primeiro ano “Para se ter a noção da volatilidade, hoje estamos na casa completo foi em 2011, portanto posso dizer que a United Redos 850 dólares, que é o preço, mais ou menos, de há 12 sins não é uma filha da crise, mas foi gerada e nasceu num anos. Portanto, a volatilidade nesta matéria foi elevada, contexto absolutamente de crise a todos os níveis”, sublinhou foi digamos, exagerada, e foi muito promovida pela carteMendes Ferreira, engenheiro químico de formação. lização chinesa”, sublinha. Os derivados da resina produzidos pela empresa constituem “Quando começámos a atividade importávamos exclusia matéria-prima principal das tintas de impressão (livros, revamente da China, depois começámos a importar da Indovistas, jornais), todo o tipo de adesivos, desde rotulagem a nésia e passados 10 anos importamos quase exclusivamenadesivos de termo-fusão, e colas de madeiras e sapatos, ente do Brasil e da Argentina”, detalha Mendes Ferreira. tre outras. Entre o portfólio de produtos, estão também as Além de estar “a 10 ou 12 mil quilómetros de distância, substâncias para as tintas de marcação de estradas e pavimudou-se do quadrante Este para Oeste, o que é uma coisa mentos, pastilhas elásticas e ceras depilatórias para mulher. 30

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extraordinária em termos de experiência, que ninguém percebe isto, como é que uma empresa, um nicho de mercado do qual pouco se fala, consegue ter este tipo de experiência”, frisa. Na década de 80 do século XX, Portugal foi o segundo maior produtor mundial de resina, com 150 mil toneladas, mas atualmente produz entre cinco a seis mil toneladas. “Tínhamos cerca de 15 mil pessoas direta e indiretamente na nossa floresta e passámos para cerca de 500/600 atualmente”, observa o diretor executivo da United Resins. Para o empresário, a quebra da produção nacional a partir da década de 1980 deveu-se ao abandono da floresta por parte das pessoas, que procuraram trabalho na construção de grandes infraestruturas realizadas a partir da segunda metade dessa década, através dos fundos estruturais a que Portugal teve acesso. Mendes Ferreira não tem dúvidas de que “toda essa injeção de fundos da União Europeia levou a que as pessoas fizessem uma passagem das atividades agrícolas e florestais para a construção e produção de infraestruturas, que descaracterizou e despovoou completamente o interior e a área florestal”. “Isso explica bem a mudança do tecido florestal a nível nacional e a propagação do eucalipto, que continua a ter uma aplicação industrial de forma mais ou menos protegida ou estimulada pelas grandes papeleiras que fazem a sua utilização, o que não aconteceu na fileira do pinheiro”, realça. A floresta de eucalipto “é desabitada, pois a presença humana é muito reduzida, ao contrário da resinagem, que era uma atividade que obrigava a presença física e contínua das pessoas de pelo menos 10 meses por ano”. A construção da United Resins, que emprega atualmente 60 trabalhadores [começou com 25], representou um investimento superior a 20 milhões de euros, tendo sido comparticipada pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), que considerou o projeto um “caso de estudo no Programa Operacional do Centro”. www.gazetarural.com

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Últimas

Terão lugar entre os dias 3 e 27, em simultâneo

Festas da Flor e do Vinho da Madeira terão lugar em Setembro A

s datas da realização da Festa da Flor, marcada para Maio, e a do Vinho da Madeira, dois importantes cartazes do calendário da animação do Governo Regional, foram reprogramadas e vão coincidir em Setembro, anunciou o executivo madeirense. A informação veiculada pela secretaria regional de Turismo e Cultura, através da direção do Turismo, informa que o Governo da Madeira “decidiu reajustar o calendário de Animação Turística 2020 em resultado da pandemia mundial da Covid-19”. Destacando “todo o efeito que tem causado nos mercados emissores e no destino Madeira”, este departamento do executivo incados de origem de turistas, quer nacionais, quer sular refere que “na realidade impediu que decorresse conforme internacionais”. “O efeito pretendido decorre da neprogramado”. cessidade de impor ao mercado um grande aconteSobre a Festa da Flor que estava programada para entre 30 de cimento que constitua a viragem de uma página face Abril e 25 de Maio, a secretaria regional sublinha ser uma “decisão à crise em que nos fez mergulhar a covid-19”, vinca o sensata” o seu adiamento para o mês de Setembro. “Esta recalengovernante insular. Eduardo Jesus pretende que estes darização da Festa da Flor para o nono mês do ano fez com coincieventos “devolvam a confiança do mercado, o bemdisse com a Festa do Vinho da Madeira, que decorre anualmente -estar e a alegria às pessoas, residentes ou visitantes”, neste mês das vindimas”, realça. sublinha no mesmo documento. Por esta razão, a secretaria regional de Turismo e Cultura da A secretaria regional também anunciou que fica canMadeira “decidiu realizar os dois eventos em Setembro, reorgacelada a edição 2020 do Festival do Atlântico, que denizando toda a programação”, decorrendo entre os dias 03 e 27. corre usualmente em Junho, em que em cada sábado Os momentos altos destes cartazes, nomeadamente o cortejo do mês, na baía do Funchal, há espetáculos piromusicais, da Festa da Flor, fica agendado para dia 6 de Setembro, enquanconjugando o fogo de artifício com a música. “A realidato a Vindima ao vivo no Estreito de Câmara de Lobos deverá de que ainda vivemos da pandemia da covid-19 não se acontecer a 12 do mesmo mês. coaduna com a característica do Festival”, pois a alegria O secretário regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, que transmite “colide, em parte, com o quadro atual que considera que “a junção do grande evento que constitui já a vivemos, a exigir algum recato e consideração por quem Festa da Flor, com a Festa do Vinho da Madeira, no mesmo sofre”, indica a secretaria. mês, a título excecional e só para 2020, vai potenciar um moO calendário de animação da Madeira ainda inclui até ao mento muito importante para a Região a nível turístico”. final do ano o Festival Colombo, na ilha do Porto Santo (23 a 27 Setembro), o Festival da Natureza (06 a 11 de Outubro) Também considera que “vai permitir que seja o grande moe as Festas do Fim do Ano (01 de Dezembro a 10 de Janeiro). mento de relançamento do destino Madeira junto dos mer32

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Incluindo as seculares cavalhadas de Vildemoinhos e de Teivas

Câmara de Viseu cancelou festas e marchas populares

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Câmara de Viseu anunciou o cancelamento das festas das freguesias e marchas populares de Santo António, assim como os cortejos de São João, com as seculares cavalhadas de Vildemoinhos e de Teivas. “Face à pandemia da covid-19, que nos obrigou ao isolamento social, e tendo em conta as previsões das autoridades de saúde, o Município de Viseu decidiu cancelar o cartaz ‘Festas & Marchas Populares’, programado para o mês de Junho”, adianta a autarquia, em comunicado. O documento explica que “o município reconhece não estarem reunidas, no atual contexto, as condições para a preparação, organização e realização, quer das marchas populares, quer da festa das freguesias”. “Esta é uma decisão dolorosa, mas que deve ser assumida desde já”, refere o presidente da Câmara de Viseu, António Almeida Henriques. No caso das Cavalhadas de Vildemoinhos e de Teivas, que integram o cartaz das “Festas & Marchas Populares”, também os seus promotores - responsáveis pela organização dos cortejos - comunicaram o cancelamento de ambos os eventos. “Quero deixar uma palavra às organizações destas seculares tradições. Sei o quanto lhes custou optar pelo cancelamento, mas estamos perante uma crise sanitária, o que nos obriga, em primeira instância, a preservar a saúde pública”, destacou o autarca. A autarquia deverá aprovar um aviso para a apresentação de propostas de reprogramação e reagendamento de projetos aprovados no ‘Viseu Cultura’ que tenham sido ou sejam afectados pela crise gerada pela pandemia.

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Opinião

Covid-19 e ambiente C

ientistas, ambientalistas, amantes da Natureza e cidadãos cotrabalho ou escola, a pé, de bicicleta, em transpormuns, todos comungam da ideia de que este período de grande te público ou partilhando o carro. Sabemos que sofrimento e de sérios constrangimentos por que passamos, é tammuito poucos o fazem no nosso país. Os Municípios bém o tempo em que, nas últimas décadas, ar menos poluído respi(com exceção do de Lisboa, e apenas nos últimos ramos. 3 anos), insistem em não infraestruturar as cidades Lemos e vemos nos Media, que os peixes voltaram aos canais de com vias que permitam o uso seguro e quotidiano Veneza, que as aves mais arredias (e outros animais que nos temem) de bicicletas (normais ou elétricas). Têm multiplicase aproximam das urbes (quase) desertas, que o ar que respiramos, do ciclovias e passadiços vocacionados para o lazer. dentro e fora das cidades é mais puro, permitindo-nos mesmo senViseu, com uma ecopista por todos elogiada, não tir o perfume das flores primaveris, impondo-se ao cheiro desaavançou ainda no sentido da implementação de faixas gradável dos escapes dos automóveis. Tudo isto em resultado de cicláveis urbanas. uma brutal diminuição do tráfego aéreo e automóvel, bem como Podemos e devemos ter uma indústria mais limpa, de alguma redução da atividade industrial. apenas com uma eventual ligeira diminuição de lucros, A origem desta terrível doença tem sido explicada pela containvestindo em tecnologias que permitem emissões minação de humanos por um vírus proveniente de morcegos e/ muito reduzidas. Temos que nos consciencializar de ou pangolins que, na China, são utilizados pela medicina popuque o processo de aquecimento global em que vivemos lar, e até como alimento. (e que dramaticamente afetará as futuras gerações) tem Aqui chegados, lembraria que, em resultado do nosso estatude ser mitigado já. As tempestades inusitadas, as secas to de predadores nº1 do Planeta, temos, ao longo da História, e as inundações, a irrespirabilidade do ar nas grandes ursido castigados por vários vírus (Ébola, SARS, VIH), presentes bes e parques industriais, são sinais de que o Ambiente (mas inócuos) em diferentes animais (morcegos, chimpanzés, não está bem. etc.). Finda a pandemia, resolvidas as inadiáveis urgências soA nossa relação com a Natureza tem sido de total desrespeicioeconómicas, seremos capazes de avançar por novos cato para com os seus equilíbrios e a sua lógica e, no sentido de minhos de desenvolvimento que nos permitam diminuir as reverter a situação, muitos ambientalistas e cientistas têm-se desigualdades sociais, e construir um Planeta mais limpo e dedicado a demonstrar que é possível e desejável andar meseguro para os nossos filhos e netos? nos de avião ou de carro, sem daí resultar sensível mal-estar ou desconforto. Atentemos nos países, mais ricos do que Vítor Monteiro nós, onde os cidadãos fazem as deslocações diárias para o 34

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Gazeta Auto

Toyota Proace L 1.5D Por Jorge Farromba

Guidelines Esta foi a minha primeira experiência de ensaio com uma viatura de 9 lugares. É certo que ensaiei outras viaturas com 7 lugares, mas esta tem subjacente uma ideia enraizada de que foi feita para trabalhar e, em consequência, não tem as valências que encontramos num familiar. Mas como o comprova o texto, tudo isso é errado. Saí do ensaio a querer passar mais tempo com a Toyota Proace.

Estética – Exterior e Interior Desenhar uma viatura de 9 lugares que sirva para utilização em trabalho, mas também como viatura de passageiros, não é um exercício fácil. Exige-se em ambos os casos um desenho que proporcione espaço interior abundante e poucos obstáculos. E foi isso mesmo que a Toyota fez. Criou uma estética que serve esse mesmo propósito, mantendo a linhagem da frente que identifica atualmente a marca, onde sobressaem atributos como robustez e fluidez, com uma transição para a traseira que se faz com pequenos detalhes estilísticos de modo a criar harmonia no desenho e, na traseira, uma porta direita mas estilizada. No interior desaparece por completo a ideia de se con36

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duzir um furgão. É certo que alguns detalhes ainda não estão com a ergonomia dos mais recentes familiares da marca, mas “caminham para lá”. Os materiais utilizados são robustos e a qualidade de construção é evidente. O tablier é de desenho tradicional sem grandes concessões ao design. Funcional será a palavra mais correta, mas com todos os ingredientes necessários para trabalho e lazer.

Materiais, user experience, interior Todos os materiais são de plástico rijo, mas com qualidade na sua montagem. A aposta na funcionalidade em prol da longevidade. Com amplo espaço interior e dotado de bancos confortáveis (o do condutor com apoio de braço), somente o duplo banco dianteiro direito é mais restritivo pela sua posição mais vertical, algo que na versão de 8 lugares desaparece pois são oito os bancos individuais. De resto todos os acessos ao interior se realizam de modo fácil e simples


Em estrada O estereótipo criado provavelmente ainda vem da minha infância e foi com ele que entrei na Proace. Confortavelmente instalado, não esperava tanto conforto numa viatura, nem tão pouco uma insonorização tão cuidada. Os primeiros kms foram feitos com cautelas redobradas pois o veículo é longo e são necessários cuidados redobrados em curva. Mas passados os primeiros kms e a aprendizagem e habituação necessária, a simplicidade de condução é efetiva, a entrada em curva faz-se de modo preciso para o que contribui uma direção que lê bem a estrada e aposta na precisão. Os bancos são confortáveis, mesmo após 700 kms de utilização e a PROACE fez um trajeto interessante. Desde Lisboa à Ericeira, em direção a Cantanhede, Bairrada, Figueira da Foz e Leiria e, no final, o cansaço existiu mas não adveio do modelo. Mesmo no mau piso é confortável, a caixa de velocidades é precisa e bem escalonada e dei por mim a acreditar que o motor não podia ser 1.5 a diesel com 120Cv, tal a disponibilidade do mesmo para o peso do conjunto.

Consumos e preço Numa viatura com quase 2.000kg conseguir consumos em estrada perto dos 6 litros aos 100kms é deveras interessante. Podemos referir que o ensaio foi feito sem peso adicional (2 ocupantes ao invés dos 9 ocupantes e bagageira carregada). Certamente o fulgor aqui demonstrado será substancialmente menor, bem como os consumos irão aumentar. Mas o que retive deste ensaio é que temos hoje viaturas deste segmento com um nível de evolução enorme, com uma qualidade de condução de bom nível, um chassis e suspensões preparados para qualquer piso e uma insonorização de qualidade. Seja na versão ou longa (a do ensaio), na versão de 3, 8 ou 9 lugares (a do ensaio) o certo é que a avaliação foi bastante positiva. Na versão ensaiada o valor é de 39.000 €. www.gazetarural.com

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Crónicas Rurais

Um dia no monte: meu querido mês de Agosto

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura... (Alberto Caeiro, 1925, poema VII)

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á fazia semanas que andava por casa entre leituras acadêguiu e caiu no esquecimento por quase duas décadas. micas e organização de notas de viagem. Um estranho vazio A história me havia sido contada pela Dona do café havia-se instalado no meu cotidiano que nem mesmo o sol do da Aldeia em minha última estada e confirmada pelo verão chegava a preencher, quando minha esposa, fortuitamenPastor nas nossas caminhadas. Hoje, no entanto, dissete, declarou: “preciso de férias!”. Talvez pensara ela em algum -me o Pastor, uma nova dinâmica estava a formar-se hotel de charme na costa algarvia; talvez almejara explorar uma com uma juventude bem-disposta que, entre outras rota gastronômica de queijos e vinhos pelo Douro; ou talvez iniciativas, resolveu reativar a festa e dar-lhe o brilho de quisera descobrir os Açores; o fato é que não perguntei! Aprooutrora. veitei a deixa para entusiasmadamente propor-lhe um outro Dentre esses jovens, um informático agora criador de programa: a festa da Aldeia do Alvão! maronesas me havia particularmente tocado pelo miliA festa da Aldeia já foi uma referência na região. Era comum tantismo e engajamento na revitalização do mundo rural. massas se deslocarem para lá durante um fim de semana de Filho da terra, ele viveu anos no Porto até perceber que, agosto e desfrutar de um parêntese de partilha e intercâmbio longe da Aldeia, tornava-se pequeno. em suas rotinas agrícolas. Esse movimento de retorno dos filhos da terra não foi Com o tempo, porém, a Aldeia foi murchando, sua popuúnico à Aldeia e tem se repetido em muitas outras localilação emigrou e os que ficaram perderam lentamente a aledades por Trás-os-Montes afora. São eles informáticos, adgria e mobilização conjunta para receber. A festa se extinministradores, zootécnicos, etc., que concluíram que “nas 38

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cidades a vida é mais pequena” que “no cimo do outeiro” e regressaram às casas, retomaram as terras familiares e insuflaram novo fôlego a povoados adormecidos. A festa da Aldeia do Alvão estava em todas as bocas dos aldeãos. Esse ano seria sua reinauguração e todos pareciam comprometidos com seu êxito. A programação que decorria durante um fim de semana se estruturava em torno de dois momentos fortes -o concurso do gado maronês, no sábado, e o concurso das cabras bravias, no domingo-, pontuados por torneios de malhão, de sueca, ranchos folclóricos, arraiais... e, claro, muita comida! O entusiasmo na Aldeia era tão genuíno e intenso que não pude evitar de ser contagiado: queria também comparecer à festa! Esposa convencida pelo discurso (ou simplesmente resignada), viajamos até a Aldeia. Ao chegar, deparei-me com um retrato bem diferente daquele que tinha guardado. A Aldeia pulsava: janelas abertas e floridas, ruas tomadas por famílias e crianças a transbordar por todo lado, carros enfileirados ostentando matríde maronesa enquanto o concurso do gado maronês decorria. Era um culas diversas (belgas, francesas, luxemburguedesfile de vacas ornamentadas e criadores orgulhosos perante juízes sas, suíças, etc.) e um bilinguismo ambiente. Não escrupulosos. As regras nem as diferentes modalidades me eram cose conseguia mais dizer se a língua oficial da Alnhecidas e apenas admirava a beleza dos animais e as rivalidades entre deia era o português ou o francês (em todas suas criadores. declinações regionais). Foi no domingo que reencontrei o Pastor. Ocupado e entretido, ele O Café também estava metamorfoseado. Ponto estava a ajudar na descarga de animais participantes no concurso das central do torneio de sueca, o Café vibrava ao som cabras bravias. Ele mesmo concorria com meia-dúzia deles em diverde copos e interjeições, enquanto a Dona, bela e sas categorias -chibos, cabras reprodutoras, cabras isoladas, etc.- enalegre, atendia e servia os clientes com o apoio quanto sua esposa lhe havia substituído no monte. Festa ou concurda irmã e da filha. Não pude esconder a felicidade so, às cabras de seu rebanho pouco lhes importava e o imperativo quando esta me reconheceu e recebeu-me com um era alimentarem-se. sorriso. Trocamos poucas palavras naquele momento, mas o convite nos Apresentei-lhe a minha esposa e ela à sua irmã e à foi feito para juntarmo-nos a ele e a família logo no jantar. O dia essua filha. Pedimos um Beirão. Ao nosso lado da bartava frio e o concurso de bravias parecia-me ainda mais enigmático ra, um casal, ele, português, ela, francesa, puxou a do que o de maronesas: juízes zootécnicos passavam de cercado conversa e rapidamente simpatizamos. Ele, emigranem cercado a avaliar cada animal com relação ao padrão da raça te português residente na França, estava lá para pas(aspecto geral, cabeça, tronco, membros e pelagem). Após delisar agosto em sua terra natal. Fã de sueca, ele estava berações e as premiações das quais o Pastor também saiu condeeletrizado pelo torneio. corado, dirigimo-nos à casa de seus pais. Não era a primeira vez Confesso que não entendo nada de sueca, mas mique tinha a oportunidade de compartilhar com eles a mesa farta nha esposa, ao oposto, queria conhecer tudo do jogo e a companhia alegre e desta vez não foi diferente: um ambiene até considerou inscrever-se no torneio. É certo que te caloroso e acolhedor. os prêmios eram tentadores-cabras, leitões, galos e coeNo caminho de volta à nossa casa, a saudade já me subia e só lhos- porém um tanto inoportuno para levar ao nosso se dissipava na certeza de que um dia voltaria. apartamento caso ela ganhasse. Despedimo-nos momentaneamente do casal que viera a ser uma constante companhia durante o restante do fim de semana. Nesse sábado, não tive a oportunidade de ver o Pastor que se encontrava no monte a pastorear. Conheci, porém, *Texto original Por: Júlio Sá Rego sua esposa. Muito simpática, ela estava a servir sandes www.gazetarural.com

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