Revista Passo a Passo 135 - SebraeMG

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Carta ao Leitor

Compromisso com o empreendedor mineiro

2010 é um ano de grandes desafios para o SEBRAE-MG. Um dos maiores é a realização da Feira do Empreendedor, de 31 de agosto a 5 de setembro, em Belo Horizonte. Na feira, os participantes vão encontrar informações sobre abertura de empresas, gestão, novos empreendimentos, inovações tecnológicas, acesso a mercados e ao crédito.

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A feira é considerada um dos mais importantes eventos de estímulo ao empreendedorismo no país. Atrai, principalmente, quem está interessado em abrir ou ampliar uma micro ou pequena empresa. É um espaço dinâmico para trocar informações, conhecer empresas expositoras e participar de palestras com consultores e especialistas reconhecidos nacionalmente.

Sebrae em Ação. A oportunidade que vai até você.

O evento representa um esforço de toda a equipe do SEBRAE-MG para oferecer o que há de melhor e mais atualizado para os empreendedores mineiros. É nosso compromisso compreender as necessidades de nossos clientes e prover soluções adequadas para eles.

O Sebrae em Ação é um evento itinerante que oferece produtos e serviços para micro e pequenas empresas de

Isso também vale para os polos produtivos de nosso Estado. Nesta edição conheceremos um dos projetos coletivos apoiados pelo SEBRAE-MG: o de manga madura para consumo, que está sendo realizado na região de Jaíba. Esse trabalho está reforçando a competitividade de um grupo de produtores da região.

todo o Estado. Por onde passa, deixa conhecimento por meio de palestras, consultorias e orientação empresarial. Uma oportunidade e tanto para você, de Ipatinga e região,

Outro projeto de destaque nesta edição é o Clube da Casa – Central de Negócios que vem alcançando ótimos resultados. A filosofia deste programa é bem simples: unir empresários para comprar e vender melhor. Uma prova de que boas ideias nem sempre demandam altos investimentos.

que quer incrementar seus negócios e se preparar para atender a um mercado cada vez mais exigente.

22 e 23 de junho, em Ipatinga ACIAPI / CDL Rua Uberlândia, 331 – Centro

Vagas limitadas | inscrição 1 litro de leite Apoio:

re Aliz Ação:

Foto: Miguel Aun

Informações: 0800 570 0800 | www.sebraemg.com.br

Roberto Simões Presidente do conselho Deliberativo do SEBRAE-MG 3


Expediente

Índice

Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931. Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg, Fapemig, Fecomércio-MG, Federaminas, Fiemg, Indi, Ocemg, Sebrae e Sede Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG: Roberto Simões Superintendente: Afonso Maria Rocha

Junho • Julho • 2010 • Ano XVI • Número 135

Diretor Técnico: Luiz Márcio Haddad Pereira Santos Diretor de Operações: Matheus Cotta de Carvalho

14 Capacitação: MPEs investem em crescimento e aperfeiçoamento de sua gestão.

Conselho Editorial Albertino Corrêa, Aline de Freitas, Andréa Avelar, Luciana Patrícia Rezende da Silva, Carolina Xavier, Daniela Almeida Toccafondo, Danielle Fantini, Edelweiss Petrucelli, Victor Antônio de Almeida, Gustavo Moratori, Jefferson Ney Amaral, José Márcio Martins, Karinne Mendes, Léa Paula Fonseca Ribeiro, Lilian Botelho, Március Marques Mendes, Maria Gorete Cordeiro Neves, Paulo César Barroso Veríssimo e Regina Vieira.

18 Capa: Produtores de manga de Jaíba se reúnem para conquistar novos mercados. 22 Indústria: Moveleiros de Passos aumentam capacidade de produção com o PAT.

Assessor de Comunicação: Lauro Diniz Jornalista responsável: Andréa Avelar

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Gestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estratégica

de Negócio.

Editores Executivos: Bianca Alves e Wagner Concha

34 Artigo: Malu Weber define o perfil do estagiário ideal.

Chefe de Reportagem: Bianca Alves

40 Varejo: Papelarias do Triângulo aprimoram gestão para aumentar faturamento.

Colaboraram nesta edição: Carla Medeiros, Frederico Alberti, Juliana Garcia, Lilian Lobato, Luciana Sampaio, Luiza Leite, Marco Antonio Corteleti e Selma Tomé

44 Central de Negócios Empresas de material de construção criam marca única para conquistar mercado.

Projeto Gráfico e Diagramação: Carla Marin/ Jumbo Fotografia - capa: Gustavo Black

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Ilustrações: Lucas Costa Val/ Jumbo Impressão: Del Rey Periodicidade Bimestral

56 Formalização: Registro como Empreendedor Individual amplia negócios de profissionais autônomos. 64 Design: Os vencedores da segunda edição do Prêmio Sebrae Minas Design. 68 Indústria: Indústria de lingerie em Vargem Grande enfrenta apagão de mão de obra.

Tiragem: 15 mil exemplares

74 Prêmio: Alunos da ETFG conquistam os primeiros lugares em desafio internacional.

Cartas para a redação passoapasso@sebraemg.com.br Endereço: Av. Barão Homem de Melo, 329 Nova Suíça – Belo Horizonte – Minas Gerais CEP: 30460-090 – Telefone: 0800-5700800 www.sebraemg.com.br 4

28 Tecnologia: SEBRAE-MG lança nova versão do software Plano

78 Perfil: Macro Oeste abriga forte agropecuária e é polo de 64 jun•jul•2010

Turismo e Tecnologia da Informação.

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Notas

Notas 80% Realizam Shows

24%

Recebem menos de 200 reais de cachê por apresentação

Feira do Empreendedor 2010 Maior evento do empreendedorismo mineiro, a “Feira do Empreendedor 2010” irá reunir no Expominas, entre 31 de agosto e 5 de setembro, um público esperado de mais de 80 mil pessoas. São quatro pilares principais – Feira de Mercado, Feira de Ideias e Oportunidades de Negócio, Mulher Empreendedora e Encontro do Jovem Empreendedor – e uma série de atividade interativas como palestras, seminários, workshops, rodada de negócios, mostra de oportunidades, intervenções culturais, artesanato, tecnologia, oficinas, jogos empresariais. A edição de 2008 recebeu 62.000 visitantes, com mais de 26 mil pessoas capacitadas, além de ter gerado uma expectativa de negócios de R$ 121 milhões.

78%

As informações sobre a programação e inscrições estarão disponíveis em breve no portal www.sebraemg.com.br/feiradoempreendedor

São Compositores

27%

Bússola Sebrae

Tem entre 16 e 25 anos de carreira

80%

30%

Produzem MPB

Divulgam o Trabalho pela Internet

Diagnóstico da música A falta de patrocínio e financiamento dificulta a divulgação, distribuição e comercialização da música mineira no mercado fonográfico. Este é um dos aspectos

apontados pelo diagnóstico da cadeia produtiva do setor musical, encomendado à Fundação João Pinheiro como parte do projeto do SEBRAE-MG para organizar

e desenvolver o mercado da música independente na capital. A pesquisa foi feita com 1.200 artistas, entre compositores, instrumentistas e cantores.

Meu primeiro negócio Medalhista olímpico, o nadador Gustavo Borges fez um paralelo entre o esporte e o mundo corporativo em palestra para mais de 900 pessoas, na primeira edição de 2010 do “Meu primeiro negócio”, realizada em Uberaba, no dia 6 de abril. Promovido pelo SEBRAE-MG desde 2007, o evento reúne em um mesmo espaço oportunidades para quem pretende abrir um negócio ou conquistar mais mercados.

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BÚSSOLA L

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Prêmio MPE Brasil Nos últimos 14 anos, o Prêmio MPE Brasil teve a participação de mais de 22 mil empresas de Minas Gerais. No ano passado, mais de 1500 empresas mineiras se inscreveram. A meta para 2010 é envolver 1% do universo das MPE´s do Estado. Além de serem reconhecidas e certificadas pelas boas práticas de gestão, as MPEs que se inscreverem no Prêmio recebem um relatório de avaliação com os pontos fortes e oportunidades de melhoria em seu negócio. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 2 de agosto no portal. www.premiompe. sebrae.com.br ou nos Pontos de Atendimento do SEBRAE-MG.

Balanço parcial Cidades: Uberaba, Governador Valadares e Pouso Alegre Participantes: 6.709 pessoas nos três primeiros eventos Capacitações: 9262 Atividades: 311, entre palestras, consultorias, workshop, oficinas e Mostra de Oportunidades Programação: 16 a 18 de junho – Conselheiro Lafaiete 05 a 07 de outubro – Itaúna 13 a 15 de outubro – Montes Claros www.sebraemg.com.br/meuprimeironegocio 6

Ferramenta criada pelo SEBRAE, a Bússola é um software de geoprocessamento que auxilia o empreendedor a escolher a localização do seu negócio, ao analisar não só o local, mas o público a ser atingido, com segmentação por faixa da população, sexo e renda; concorrência, distância de fornecedores, etc. É um poderoso auxiliar da pesquisa de mercado, que gera relatórios, mapas temáticos e outras análises geomercadológicas. O SEBRAE-MG oferece o serviço, que é gratuito, há dois anos, mas apenas para municípios com mais de 100 mil habitantes. As pesquisas poderão ser agendadas pessoalmente nos pontos de atendimento e também através do telefone 0800-570-0800, da Central de Relacionamento.

jun•jul•2010

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Notas

Notas

Desafio Sebrae

Lei Geral das MPEs

O Desafio Sebrae é uma competição de amplitude internacional, voltada para estudantes do ensino superior, que simula a concorrência entre empresas em um mercado virtual. Os vencedores de cada etapa ganham troféu, certificado, prêmios e a equipe campeã viaja para o exterior, para conhecer um centro de empreendedorismo, além de representar o Brasil no Desafio Internacional. Em 2010 o jogo teve 12.478 inscrições em Minas e 158.484 no Brasil.

Em Minas Gerais, 82 municípios já aprovaram a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que determina tratamento diferenciado para as MPEs. A Lei Geral amplia a participação das micro e pequenas empresas nas compras municipais e elas ganham incentivos em inovação e tecnologia, acesso ao crédito, simplificação de tributos e redução da burocracia.

Estas MPEs geram

municípios com consultorias do SEBRAE-MG em andamento para auxiliar na implementação da Lei Geral

empregos

População atendida

Sebrae em Ação mil MPEs beneficiadas

Criado em 2005, o projeto Sebrae em Ação já realizou 309 eventos, com cerca de 101 mil participantes em diversos municípios mineiros. A expectativa para 2010 é de 55 eventos, para atender 25 mil participantes. A programação leva em conta a realidade local e oferece atividades como Orientação de Negócios, palestras, Clínicas Tecnológicas, Cine Sebrae (atendimento realizado a partir de cenas de filmes com foco em finanças, marketing, RH e empreendedorismo) e Consultoria de Gestão presencial, individual ou em grupo, realizada por especialistas. Em junho, o Sebrae em Ação tem eventos em Divinópolis, Belo Horizonte e São Lourenço.

Great Place to Work O SEBRAE-MG está inscrito na 14ª edição da lista das “Melhores Empresas para se Trabalhar - Brasil 2010”. Em 2009, o SEBRAE-MG ficou em 139º lugar, em um ranking de 530 empresas inscritas no Great Place to Work – Institute Brasil, que seleciona, a cada ano, as 100 melhores empresas para se trabalhar no país.

Gestão de compras públicas O SEBRAE-MG lançou o software “Gestão das Compras Públicas”, direcionado para prefeituras. Ao organizar e reunir todas as informações referentes ao fornecimento de produtos e serviços para o município, o sistema facilita as compras em empresas locais, possibilitando que os recursos da prefeitura girem na cidade, gerando emprego, renda e desenvolvimento.

A pesquisa mede o nível de satisfação no ambiente de trabalho e, em alguns dos itens avaliados, o SEBRAE-MG teve média superior a das 100 primeiras classificadas. É o caso dos itens “Benefícios oferecidos” e “Oportunidades de Desenvolvimento Profissional”.

Por meio do software, os gestores municipais podem identificar a quantidade de fornecedores locais, os materiais mais comprados, o percentual de licitações em que os vencedores são micro e pequenas empresas e as modalidades de licitação mais utilizadas.

Informações: 0800-570-0800 ou (31)3379-9369 compraspublicas@sebraemg.com.br 8

A Câmara Municipal de Uberaba aprovou no dia 18 de maio projeto que cria a Comissão Permanente de Apoio a Micro e Pequenas Empresas e do Desenvolvimento Local. Com isso, a cidade passa a ter uma comissão que tratará questões específicas e de interesse dos pequenos negócios. Criada a partir de projeto do vereador Carlos Alberto de Godoy, a comissão busca soluções para os problemas enfrentados pelo segmento.

jun•jul•2010

Divulgação Prefeitura Municipal de Uberaba

Informações: Ponto de Atendimento mais próximo ou pelo 0800 570 0800

Comissão apoia MPEs

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Notas

Notas Empresária reinventa pão de queijo

Reforço competitivo Transformar a tradicional região do Circuito das Águas, conhecida pelo turismo termal, em um destino ligado à natureza e ao bem-estar. Este é o objetivo do projeto “Iniciativa de Reforço Competitivo” no APL das Águas, no sul de Minas.

A empresária de Belo Horizonte Mirany Nascimento Soares reinventou um dos mais tradicionais símbolos da culinária mineira: o pão de queijo. Após ser demitida, Mirany participou em 2008 do curso Empretec do SEBRAE-SP e decidiu abrir o próprio negócio em São Paulo. Como já fazia queijo canastra do interior, a empresária decidiu investir na fabricação de pão de queijo, que seria mais caro por ter três vezes mais queijo que o convencional. Hoje, a Formaggio Mineiro fornece pães de queijo a renomados pontos de venda da capital paulista, como os empórios Santa Maria e Casa Santa Luzia e o sofisticado Hotel Fasano.

Um acordo de cooperação assinado entre a Secretaria de Estado do Turismo (Setur-MG), SEBRAE-MG e Comitê Regional de Développement Toristique d’ Auvernia irá adaptar o programa Nattitudes, desenvolvido na região da Alvernia, na França, ao circuito mineiro. O programa irá oferecer aos hotéis e pousadas novas tecnologias, ferramentas de inserção no mercado, melhoria da imagem do produto turístico e a qualificação na prestação dos serviços.

Agência de Notícias A Agência Sebrae de Notícias (ASN) de Minas Gerais está no ar. Além de ser fonte segura para a imprensa regional e nacional, a ASN MG também funciona como um espaço de informações para empreendedores, empresários de MPEs, profissionais ligados à temática dos pequenos negócios, estudantes e instituições parceiras. No site há notícias, reportagens especiais, fotos, entrevistas, artigos e sugestões de pautas.

www.mg.agenciasebrae.com.br

Artesanato Artesãs apoiadas pelo SEBRAE-MG criaram a Central de Comercialização e Artesanatos do Vale do Urucuia. A iniciativa é uma vitrine das peças produzidas por mais de 300 artesãos de dez cidades da região. Eles utilizam corantes naturais extraídos de frutos do cerrado, casca de cebola e sucatas de ferro para dar cor às peças (mantas, jogos americanos). Agora as artesãs emitem notas fiscais, têm o acom10

panhamento de um contador e ainda a ajuda de profissionais para orientar o processo de gerenciamento e produção das cinco associações dos municípios de Natalândia, Bonfinópolis, Riachinho, Uruana de Minas, Sagarana e da Central de Comercialização sediada em Arinos-MG.. Parceiro na iniciativa, o SEBRAE-MG oferece capacitações para profissionalizar e melhorar a qualidade dos produtos. As artesãs participam de treinamentos na área de design, associativismo, empreendedorismo, acesso ao mercado e gestão. jun•jul•2010

Ponto de Partida 1

Ponto de Partida 2

Os Workshops Ponto de Partida são ministrados em eventos do SEBRAE-MG como “Meu primeiro negócio” ou “Sebrae em Ação”. Com duração de uma hora, os participantes conhecem o funcionamento de negócios como loja de roupa, lanchonete, salão de beleza, padaria, papelaria e escola infantil e ficam por dentro dos cuidados e principais aspectos a serem observados no planejamento das atividades.

Em 2009 foram realizados 82 workshops, que levaram conhecimento e experiências de empresários de sucesso, além de promover o diálogo e a troca de experiência com aproximadamente 1.200 participantes. Em 2010, eles já aconteceram em Uberaba, Governador Valadares e Pouso Alegre e, pela primeira vez, vão fazer parte da programação da Feira do Empreendedor. 11


Consultoria

Consultoria

Retenção de ISSQN Atenção, departamentos financeiros e contadores. A nota fiscal de serviços prestados pelos microempreendedores individuais (MEI) não deve sofrer retenção de ISSQN. Isso porque, segundo a Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006, o imposto devido já está incluído na guia de pagamento de suas obrigações mensais – o DAS, Documento de Arrecadação do Simples para o empreendedor individual. Independente do município de recolhimento ou do faturamento do empreendedor, o valor padrão de ISSQN é de R$ 5. Ou seja, o contratante não pode reter ISS do empreendedor individual, porque ele já paga todo mês este valor, que é destinado pelo órgão arrecadador ao município onde o EI está registrado. Se a retenção ocorrer o empreendedor não tem como compensá-la ou solicitar sua restituição.

Como formalizar

minha empresa? O primeiro passo é a definição do nome empresarial e sua localização, fazendo uma consulta na Junta Comercial e no INPI, para ver se alguém teve a mesma ideia que você, além de uma consulta prévia junto a Prefeitura sobre regras de liberação de alvará. Segundo o analista do SEBRAE-MG, Haroldo Santos Araújo, a empresa deverá ser definida como individual, LTDA (sócios), S.A. (Sociedade Anônima), Cooperativas ou Associações. O documento de constituição da empresa para a individual é o REMP (requerimento de empresário); para a LTDA, o Contrato Social e para as outras, o Estatuto e sua ata de reunião de constituição. O registro é realizado pelo sistema de cadastro sincronizado disponibilizado no site da Receita Federal, onde é gerado o Documento Básico de Entrada – DBE. Outro sistema é o Módulo Integrador, que é disponibilizado no site da Junta Comercial do Estado, onde é gerado o REMP (empresa individual) ou a Ficha de Cadastro Nacional – FCN (para todos os outros tipos de empresas). Os documentos devem ser enviados à Junta Comercial do Estado, que irá registrar a empresa na Junta Comercial, Receita Federal e Estadual e em vários municípios do Estado. Onde a Prefeitura não participa do cadastro sincronizado, solicite o registro diretamente na Prefeitura. Todos estes processos necessitam de um contador, com exceção das micro empresas com faturamento anual de até R$ 36.000,00 e do tipo individual, que podem realizar seu registro de forma simplificada pelo site www.portaldoempreeendedor.gov.br. O SEBRAE-MG não realiza o registro de empresa, mas orienta sobre todo o processo através de atendimentos especializados, consultorias, cursos e palestras sobre formalização e gestão empresarial.

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Como escolher

uma franquia? Em vários momentos, surgem questões relacionadas à ocupação e o futuro. Que caminho seguir? Você adora gastronomia, mas estética está mais em alta. Sempre gostou de música, mas acha que isso não dá dinheiro. Quem sabe não adquire uma franquia na área de lazer? De acordo com o analista de Atendimento do SEBRAEMG, Fábio Petruceli, isso não é exclusividade de quem quer dar o primeiro passo no sentido profissional. “Durante toda a vida estamos revendo nossas vocações, desejos e oportunidades profissionais e financeiras. Se você está disposto a contratar uma franquia, as dúvidas virão em ambos os sentidos, determinantes para o sucesso do negócio e realização pessoal”, explica. Para quem quer uma franquia, é bom saber que aí nasce uma relação muito forte: é preciso descobrir o histórico de mercado da franquia e da marca, as taxas cobradas e o que cada uma significa, tempo de retorno do investimento, as expectativas e regras, limites de autonomia e ação, etc. É preciso estudar e levantar informações sobre opções. Conversar com franqueados do grupo também pode ser muito útil. “Quanto mais acertada for sua escolha, maiores as chances de sucesso, de fortalecer o grupo franqueado e sua marca, e de alcançar a realização pessoal e profissional”, diz o analista. jun•jul•2010

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Capacitação Adriana Senhorinha, proprietária da Granero Transporte

Capacitação profissional

para empresas Programa para empresas avançadas possibilita nova visão de negócios

Por Carla Medeiros Foto: Mauro Marques

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mpresas consolidadas também estão no foco do SEBRAE-MG. O Programa SEBRAE para Empresas Avançadas é um conjunto de soluções de curto e médio prazo para aperfeiçoar o modelo de gestão, garantir a competitividade e expandir os negócios. Ao todo, 150 empresas mineiras já participaram da capacitação profissional.

saibamais O Programa SEBRAE Para Empresas Avançadas é composto por três soluções:

Estratégias Empresariais

Módulo que combina teoria e prática ao implantar estratégias para que a empresa aproveite novas oportunidades, explore suas potencialidades, crie valor, seja sustentável e diferenciada. Os encontros presenciais e orientações individualizadas têm como resultado a elaboração de um plano de ação estratégico, por meio do preenchimento de planilhas eletrônicas.

Gestão Financeira – Do controle à decisão

Combina encontros presenciais e a internet como ferramenta para interação entre consultor e participantes. Tem o objetivo de desenvolver uma gestão financeira eficaz na empresa. Aborda temas como controles financeiros, capital de giro, custos e precificação, indicadores e planejamento orçamentário. Todo processo de aprendizagem acontece por meio de aplicação prática no negócio. A capacitação é feita sob medida para cada empresa, a partir de um diagnóstico

Gestão da Inovação – Inovar para Competir

Propõe apresentar conceitos e exemplos dos mais diferentes tipos de inovação através de treinamentos, consultorias e oficinas, destacando as possibilidades para a pequena empresa. O curso possibilita aos participantes elaborar um conjunto de ações práticas de incentivo à inovação, para melhorar seus produtos, serviços, processos, estratégias de marketing e gestão, tendo como objetivo o aumento da competitividade da empresa.

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jun•jul•2010

O público-alvo são os proprietários e administradores de pequenas empresas já estabelecidas no mercado, que necessitam de ferramentas diferenciadas para crescimento e aperfeiçoamento de sua gestão. A coordenadora do Programa no Estado, Silvana Gonçalves, conta que, após uma pesquisa, “o SEBRAE-MG percebeu que havia um público carente de orientação para ampliar seus negócios. Diante disto investiu em soluções e capacitações para empresas com estas características”. Três módulos são a base do programa: Estratégias Empresariais, Gestão Financeira e Gestão da Inovação. A metodologia é aplicada em treinamentos, consultorias, oficinas e ferramentas eletrônicas. “Oferecemos soluções eficazes, já que os empresários que acompanham o mercado buscam resultados imediatos e práticos para a empresa”, diz a coordenadora. A iniciativa foi implantada em Minas em 2009, com seis turmas pilotos, em Uberlândia, Juiz de Fora, Belo Horizonte, Contagem e Ipatinga – municípios com forte viés empresarial. Segundo Silvana Gonçalves , os resultados ultrapassaram as expectativas iniciais, o que motivou o SEBRAE-MG a ampliar o programa e levá-lo para 30 cidades mineiras até o final deste ano. ”A meta é atingir mais de duas mil e trezentas empresas em 2010, com novos produtos e metodologias”, afirma a coordenadora.

Melhorias

De acordo com a empresária Adriana Senhorinha, proprietária da Granero Transporte, em Uberlândia, o programa possibilitou a criação de novas estratégias voltadas para a área comercial, operacional e financeira em sua empresa. “Tivemos melhorias notáveis no campo administrativo e de planejamento de custos com a implantação de indicadores de qualidade para programar prazos, medir satisfação dos clientes e avaliar fornecedores”, diz Senhorinha, destacando ainda o treinamento de colaboradores. “Buscava conhecimento, diversificação dos negócios e atrair novos clientes e encontrei solução no SEBRAE”, conclui. O proprietário da papelaria Kraft, em Ipatinga, Ricardo Luiz, que participa do módulo “Gestão Financeira – do controle da decisão”, disse que procurou o SEBRAE para orientações financeiras. “Meu objetivo é ampliar meu lucro: fazer lançamentos corretos, ter estoque ideal, vendas positivas e gastos pessoais equilibrados. Tenho tirado minhas dúvidas e todo conhecimento adquirido levo para a empresa. As melhorias já estão acontecendo, minha visão de negócios mudou”, revela. 15


Pingue-pongue

Estevam Duarte de Assis Proprietário da rede de Supermercados Bretas

Pingue-pongue Por Bianca Alves Foto: Ignácio Costa

Para ser grande, é preciso

ter humildade e simplicidade

A

os 53 anos, Estevam Duarte de Assis é o dono dos Supermercados Bretas, a quinta maior rede do país e a primeira de capital nacional. Com um faturamento de R$ 2,1 bilhões por ano, a empresa está há 56 anos no mercado e começou suas atividades em Santa Maria do Itabira, MG, em um armazém de 170 metros quadrados e sete funcionários. Hoje, são 11,2 mil funcionários, número que deve passar para 13 mil até o final de 2010, trabalhando em 59 lojas, 42 delas no Estado. Mesmo chefiando um negócio tão grande, Estevam preserva um estilo de administrar dos tempos de pequeno. Para começar, não abandonou o hábito de visitar as lojas, o que só é possível no avião da empresa, com o qual sai de manhã, muitas vezes para percorrer três estados. Com sua família, que administra o negócio, fez voto de pobreza – o empresário mora de aluguel, não tem TV nem computador, anda em um carro popular e não tem mais do que 12 camisas para vestir. À frente da Associação Mineira de Supermercados (Amis) desde março, Estevam promete uma gestão voltada para os pequenos empreendimentos, que respondem por 85% dos associados. Estevam Duarte de Assis

O que um pequeno empresário deve fazer para, um dia, ser grande como o senhor? Ele precisa ter humildade e simplicidade. Deve começar o mais baixo possível, de preferência trabalhando em uma empresa na qual ele vai ser o melhor empregado, trabalhar em todos os setores e saber de tudo. Só aí ele poderá ser empresário. Você vê o exemplo da pessoa que quer montar uma ótica. Ela não deve investir tudo o que tem e ir logo abrindo. Primeiro, ela tem que trabalhar no setor, ver como é que compra, como é que vende, qual é a margem de lucro. Hoje está tudo muito especializado e não há espaço para aventura. Nossa família nasceu dentro do supermercado. Eu tenho 53 anos de idade e o supermercado tem 56. Por que muitos dos pequenos negócios não conseguem sobreviver? O que acontece é que este empresário não experimenta ser empregado antes. Ele pega o capital que tem e aplica em um negócio de risco, algo que ele não fez ainda e é por isso que dá tudo errado. Eu entrei numa construtora de Belo Horizonte como office-boy e saí como sócio. Saí em 83, dei tudo que eu tinha para os pobres e fui morar com os índios no meio da Floresta Amazônica. Queria ser padre. Fiquei lá um período e vi que não tinha nada a ver com os padres missionários, então voltei e assumi a construtora em Rondônia. Fiquei lá dois anos, voltei e fui trabalhar no Bretas, com 29 anos. O supermercado na época tinha sete empregados lá em Santa Maria de Itabira, um armazém que não tinha nem um check out (caixas), uma gôndola ou uma geladeira. O Bretas tem lojas em cidades com mais de 50 mil habitantes. Como é o relacionamento com fornecedores locais? Interior tem um jeito próprio de trabalhar. Dos nossos fornecedores, 25% são locais, mas eles têm que mostrar o desempenho. A gôndola não é elástica, só cabem nela aqueles produtos. Então, para entrar algum, tem que sair outro, que tem que ser melhor. De preferência, um produto diferenciado, que atraia o consumidor e tenha preço. Os produtos que mais compramos de fornecedores locais são água sanitária, café, produtos de limpeza, arroz. Em Goiânia, sorvetes.

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jun•jul•2010

O Bretas cresceu 17% em 2009, com um desempenho bem acima da média dos supermercados mineiros, que foi de 2,82%. O que o senhor espera de 2010? Nós devemos crescer mais 20% este ano. Vamos investir cerca de R$ 70 milhões para abrir 12 lojas em Minas Gerais, Goiás e Bahia e reformar outras seis. A gente tem que investir; quem está vivo, cresce. Se você não crescer, perde a visibilidade inclusive com fornecedor, porque ele também tem que crescer. Só pegamos dinheiro com BNDES. É o dinheiro mais barato do país, mas a empresa tem que ser organizada, tem que provar que tem estrutura. O Bretas começou a pegar dinheiro com o BNDES há 12 ou 13 anos e hoje devemos R$ 60 milhões, dívida que deve chegar a R$ 90 milhões no meio do ano. O senhor agora é o presidente da Amis, cuja maioria de associados é de pequenos supermercados, muitos deles concorrendo com o senhor no interior. Dos associados da Amis, 85% são de pequeno porte, com até oito check outs. Pretendo fazer uma gestão agregadora. Eu sinto os problemas lá do interior, em cada cidade desse estado tem Procon, tem Ministério Público, supermercado é loja aberta. São dezenas de fiscalizações, tem hora que a pressão é demais sobre o pequeno. Vamos ouvir o pequeno empresário, fazer pesquisa: o que está chateando, o que causa mais transtorno. O setor supermercadista está aumentando de tamanho, mas em compensação a loja perto de casa também tem espaço. Com as dificuldades de trânsito e o custo do combustível, as pessoas estão gostando de comprar perto de casa. O setor supermercadista tem problemas com mão de obra? O que os pequenos negócios do setor estão precisando para crescer? Supermercado é primeiro emprego. O empregado vai aprender dentro do conceito da empresa. Para o pequeno, é difícil ter mão de obra capacitada para setores como padaria, açougue. Outra coisa são os impostos, que deveriam ser diferentes para os menores. Para acabar com a cultura de fazer coisa errada. O empresário, mesmo apertado, paga impostos, faz a coisa certa. Mas se o Brasil não cuidar dos pequenos, vai pagar caro no futuro. 17


Capa

Capa

Hora de colher

Para cuidar das exigências, Darcy Glória contratou os serviços de Edivaldo Gomes Dias, que faz o controle das planilhas e da mão de obra para realizar o plantio e a colheita da manga. “É preciso muito cuidado para preencher relatórios com as exigências do selo Global Gap. Para alcançar a certificação, são necessárias mudanças na infraestrutura, o que demanda investimentos”, explica Edivaldo.

os frutos

O projeto incentivou os produtores a investirem em casas de embalagem, conhecidas como Packing Houses. Nesses locais ocorre o processo de limpeza, embalagem e resfriamento das frutas, armazenadas até a chegada dos contêineres refrigerados que, mais tarde, são conduzidos aos aeroportos.

Produtores de manga de Jaíba se preparam para alcançar a certificação Global Gap

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produtor rural Darcy Glória saiu de Belo Horizonte para Jaíba, no início da década de 1990, para abrir um posto de gasolina. Em 2001, mudou de ramo: adquiriu um lote, fez um empréstimo no banco e plantou banana, limão e manga. Com o tempo, desistiu da banana e passou a dedicar-se à produção qualificada de manga e limão. Atual Presidente da ASLIM (Associação de Produtores de Limão do Jaíba), Darcy é dono de uma plantação de mais de 50 hectares, na qual produz, anualmente, 870 toneladas de limão e aproximadamente 600 toneladas de manga.

Darcy é um dos 20 fruticultores de Jaíba que recorreram ao SEBRAE-MG com o objetivo de certificar suas frutas para conquistar novos mercados, inclusive estrangeiros. Para ele, uma das mais importantes certificações é a Global Gap, que estabelece normas voluntárias para a certificação de produtos agrícolas em todo o mundo e permite a exportação para a União Europeia. “Além da oportunidade de venda para países da Europa, o produtor também passa a ter controle de rastreabilidade (informações precisas sobre o produto) e a adotar boas práticas agrícolas”, afirma o técnico do SEBRAE-MG na região, Jadilson Borges, que acompanha o projeto “Manga madura para consumo”, iniciado em julho de 2009 com o objetivo de fortalecer a competitividade das empresas na cadeia produtiva da fruta. Após análises mercadológicas feitas por uma empresa de consultoria internacional, definiu-se o foco na manga palmer madura para consumo, como produto de maior lucratividade para o fruticultor. Atualmente, o projeto está em sua primeira fase, que é o de adaptação das propriedades para obterem o selo de qualidade internacional Global Gap.

O diretor financeiro da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Jorge de Souza, afirma que o projeto do SEBRAE-MG aumentou a consciência empreendedora dos fruticultores. “Hoje esses fruticultores, além de produtores rurais, são também homens de negócios. Eles aprenderam a fazer a leitura do que o mercado está pedindo e sobre as melhores opções para se agregar valor ao produto”, afirma.

Investimentos em frutas diferenciadas geram melhores compradores e aumentam o poder de barganha dos produtores

O fruticultor também mudou seu olhar a respeito do consumidor final e de seu cliente direto. Uma das premissas aplicadas pelo SEBRAE-MG é a compreensão de que, ao garantir o período exato de maturação e a excelente qualidade da fruta, ela cairá no gosto do consumidor, que voltará a consumi-la. Quanto ao cliente direto, verifica-se que investimentos em frutas diferenciadas geram melhores compradores. Com um produto diferenciado, distribuidores podem comprar de menos produtores. E como os distribuidores procuram relações de longo prazo para minimizar riscos, aumenta-se o poder de barganha dos produtores. Certificação de frutas amplia mercado e controla a rastreabilidade

São vários os requisitos para a certificação: instalação de depósitos de adubo e banheiros a cada 500 metros; coleta seletiva de lixo e envio para local adaptado; sinalização do uso de defensivo agrícola; placas de sinalização com a descrição da variedade da manga palmer, a localização da fruta na propriedade, a análise da água tanto para consumo humano, como para a irrigação, além de análise de resíduos, treinamentos em segurança no trabalho, entre outros. Darcy Glória colhe 870 toneladas de limão e 600 toneladas de manga por ano

Por Luiza Leite Fotos: Gustavo Black 18

jun•jul•2010

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Capa

Capa Parcerias fundamentais

Jaíba

O técnico Cláudio Wagner enfatiza a importância das parcerias na realização do projeto. Fazem parte do time de parceiros: a ABANORTE (Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas), entidade central dos produtores na região do Jaíba; CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), FAEMG (Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais), Secretaria de Agricultura do Governo de Minas, à qual estão vinculadas entidades como a EMATER e a EPAMIG e a Competitiveness, empresa de consultoria espanhola contratada para o SEBRAE-MG durante a construção do projeto.

BH

No mercado externo, objetivo é vender 1,5 mil toneladas de manga para Holanda, Inglaterra e Portugal até dezembro de 2011. Para 2012, a previsão é de 5 mil toneladas

A manga no Brasil e no mundo

Florescimento é referência para a colheita das mangas

Além da absorção de novos conceitos, aspectos técnicos “da cerca para dentro” também são uma preocupação do produtor. É preciso selecionar o momento exato da colheita para que a fruta chegue ao mercado internacional “madura para consumo”. O sócio-proprietário da fruticultura de 120 hectares de manga e 40 de abacate, Chiguetoshi Kojima – vindo do interior de São Paulo e mora-

O sabor da manga não é o mesmo se a fruta for retirada fora do ponto

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dor há quinze anos de Jaíba - diz que “depois do SEBRAE, mudou para a gente o conceito de se colher uma fruta boa.” Segundo ele, se a manga não é retirada no ponto, o sabor da fruta não é bom. “Uma referência importante para sinalizar a colheita é o aparecimento das flores na mangueira. Cinco ou seis meses após o florescimento, a manga já está boa para ser colhida”, ensina Chiguetoshi. Atento ao foco do projeto, o técnico do SEBRAE-MG Jadilson Borges anuncia o próximo passo: a venda de mangas Palmer, certificadas pelo Global Gap, para os mercados sofisticados. “A meta é fornecer para o mercado de Belo Horizonte e São Paulo 4 mil toneladas até dezembro de 2011 e 6 mil toneladas até dezembro de 2012”, revela Borges. No mercado externo, o objetivo é vender, para Holanda, Inglaterra e Portugal, 1500 toneladas até dezembro de 2011 e cinco mil toneladas até dezembro de 2012 via trade. jun•jul•2010

• Brasil é o 7º produtor de manga no mundo e o 2º no hemisfério sul. • Brasil é o 3º país exportador de manga (em volume) no mundo. • As importações de manga no mundo se concentram em três polos principais: EUA, Europa e o Oriente Médio. • Brasil exporta principalmente para a Europa e os Estados Unidos. • Brasil concorre com o Peru e o Equador no mercado dos EUA e com a África do Sul e o Peru no mercado europeu.

Jaíba e região:

• Número de produtores: 83 • Produção (toneladas por ano): 19.020 • Hectares plantados: 2.075

DADOS DA ABANORTE www.abanorte.com.br

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Indústria

A

Por Selma Tomé Fotos: Gustavo Black 22

umento de produtividade nas empresas, mais competitividade e melhor logística de trabalho dentro das fábricas são alguns dos resultados alcançados por 18 empresários do setor moveleiro de Passos, que participam do Programa de Alavancagem Tecnológica do SEBRAE (PAT). Eles estão implantando mudanças em suas fábricas e aumentando a capacidade de produção a partir de processos tecnológicos que aprenderam no curso. Implantado em Passos em 2009, o programa estimula a criação e a sustentação dos pequenos negócios, por meio de ações continuadas em gestão industrial e em capacitação empresarial. jun•jul•2010

Móveis rústicos, gestão avançada Casas demolidas emprestam seus pedaços para novas criações nas empresas de Passos 23


Indústria O empresário Claudinei Lopes Bonfim, dono da Independência Móveis, participou da primeira turma do PAT e já implantou parte do programa. “A estrutura da empresa favorece a aplicação de toda a metodologia de produção proposta e já conseguimos aumentar o aproveitamento da matéria-prima, diminuindo o desperdício em pelo menos 10%”, afirma. A ideia de aplicação do programa, segundo ele, é organizar a matéria-prima próxima ao setor de produção, para evitar perda de tempo. “Podemos aumentar a produção com o mesmo número de pessoas, através da organização do espaço em uma sequência de produção”, explica Claudinei, que produz uma média de 600 peças por mês. A meta é aumentar este número para 1.400 peças, tão logo seja implantado o programa nas novas instalações da fábrica, que trabalha especificamente com madeira de demolição. O mesmo entusiasmo está presente no dia a dia de trabalho na empresa de Luiz Rogério Ferreira, que abriu sua fábrica de móveis rústicos – Branco Móveis Rústicos - há oito anos. Ele afirma que sua história está dividida em duas etapas: “antes do SEBRAE e depois do SEBRAE”, diz o empresário, orgulhoso do diploma que ostenta na parede e que, segundo ele, é hoje o seu maior diferencial. “Quando entra um cliente aqui em meu escritório e vê que eu fiz curso no SEBRAE, vai logo dizendo que isto é uma grande referência. Eles valorizam mais o meu trabalho, dá mais credibilidade ao meu negócio. Antes eu saia para vender, hoje saio para entregar”, conta.

Indústria Modernidade de processos

O grande diferencial do programa é que os empresários têm, à sua disposição, um consultor particular, que verifica mudanças e indica se é preciso ajustes nas empresas

O empresário aprende na sala de aula os conceitos. Como dever de casa, leva para a empresa o que precisa ser feito

De acordo com Andréa Furtado, coordenadora estadual do PAT, o programa em Passos obteve resultados excelentes com aproveitamento real nas empresas das técnicas ensinadas durante o curso. “Os empresários entenderam o objetivo do PAT. Buscaram eliminar os gargalos em suas empresas e o aumento da produtividade foi imediato. Este é o objetivo do SEBRAE”, aponta Andréa. A coordenadora salienta que o grande diferencial do programa é que os empresários têm, a sua disposição, um consultor particular que verifica “in loco” as mudanças nas empresas e indica se ainda é preciso ajustes. “O empresário aprende na sala de aula os conceitos e como dever de casa, leva para a empresa o que precisa ser feito. O consultor acompanha estes processos e dá orientações individualizadas de acordo com cada caso”, explica.

BH Passos

Fabiana Rodrigues Rocha, analista do SEBRAE-MG em Passos,diz que há planos de aumentar a abrangência do PAT no município. Ela informa que uma nova turma, desta vez com os empresários da confecção, está sendo formada para iniciar os trabalhos em agosto. A parceria é com a Associação Passense das Indústrias de Confecção (Apicon).

Claudinei Bonfim reduziu em 10% o desperdício de matéria-prima

A produção de Luiz Rogério Ferreira, da Branco Móveis, aumentou em 40%

jun•jul•2010

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Antes de participar do PAT, Luiz Rogério tinha apenas dois clientes e vendia um caminhão de mercadoria por mês. Hoje os clientes aumentaram para seis e a produção está lotando três caminhões/mês. O número de funcionários dobrou - de seis para doze - e ele comprou duas máquinas novas. Sem contar a produção, que ficou em média 40% maior. A empresa Branco Móveis Rústicos é pioneira na exportação de pisos para restauração de casas, vilas e castelos na Itália. Na Oficina de Artes Móveis Rústicos, de Liliane e Luidy Ribeiro de Almeida, as mudanças começaram na organização administrativa. Um espaço exclusivo foi criado para abrigar o escritório da empresa, que antes do PAT não existia. A estrutura física foi reorganizada e a logísitica na distribuição dos trabalhos entre os funcionários também. “Aprendemos a aproveitar os funcionários dentro das características produtivas de cada um. Isto já é um grande diferencial”, afirma Liliane. A empresária afirma que sua produção cresceu aproximadamente 20% e que a expectativa é aumentar ainda mais este número. “De pedidos, a gaveta está cheia”, garante. 24


Indústria

Indústria

Novo ciclo da madeira A indústria moveleira do município tem um grande potencial de crescimento econômico. Para organizar e melhorar o setor, a Prefeitura Municipal de Passos começou um projeto de reconhecimento do polo moveleiro e buscou a parceria do SEBRAE-MG para consolidar o projeto. O assessor de gabinete da Prefeitura Gleisson Oliveira Bueno, é um dos coordenadores na organização do setor e afirma que os móveis passenses já conquistaram o mercado e são destaque na utilização pioneira de madeira de demolição, considerada ecologicamente correta pelo reaproveitamento. “Antigamente madeiras nobres como peroba rosa eram queimadas, hoje são reaproveitadas em móveis”, explica Gleisson. De acordo com ele, o Estado do Paraná é o grande fornecedor das empresas passenses e um dos mais ricos nesse tipo de madeira, em virtude da sua tradicional arquitetura. Recuperada de antigas construções como casarões de fazendas, a madeira de demolição tem história, tem vida. Nas ranhuras, marcas de pregos, restos de tintas e em seus nós, é quase possível “ver” a história e nobreza dela.

De pedidos, a gaveta está cheia, garantem Luidy e Liliane Ribeiro, da Oficina de Móveis Rústicos

Móveis de Passos são pioneiros no uso de madeira de demolição

Mais mercados

Um dos desafios do polo moveleiro de Passos é a capacitação de mão de obra. Segundo o coordenador do projeto, Ricardo Andrade, um passo nesse sentido será dado com a oferta de cursos no setor pelo IFET – Instituto Federal Tecnólogico (antigo CEFET). “Passos será a 2ª cidade do Brasil a ter um curso voltado para cadeia produtiva de móveis”, anuncia o coordenador. De acordo com Andrade, a produção de Passos é comercializada em São Paulo, tanto capital como interior, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Belo Horizonte e, em menor quantidade, para o Nordeste. “A maioria dos compradores são lojistas que revendem para o consumidor final. Através da parceria com o SEBRAE-MG e o apoio da Prefeitura e do Governo Federal, os moveleiros pretendem prospectar e ampliar o mercado para seus produtos”, finaliza. 26

Polo moveleiro • Número de empresas fabricantes de móveis: 140 • Linha de móveis produzida: rústicos; rústicos com toque e acabamento moderno; móveis finos modulados e móveis em alumínio para área de lazer • Produção mensal - 28.000/30.000 peças por mês, variando entre cadeiras, armários, mesas e adornos • Geração de 3000 empregos diretos jun•jul•2010

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Tecnologia

Tecnologia

Downloads por todo o Brasil

O que era bom ficou

ainda melhor

A

2,37% Distrito Federal

Por Lilian Lobato Foto: Gustavo Black

brir um negócio pode parecer tarefa fácil, mas não é. Criar uma empresa e programar o que é preciso para fazê-la funcionar é um desafio que exige tempo, dinheiro e muito planejamento. O primeiro passo é elaborar um plano de negócios - documento em que será possível registrar objetivos, fazer projeções financeiras, definir etapas e obter análises, que possam diminuir os riscos e as incertezas quanto ao futuro do empreendimento. Um caminho seguro para isso é utilizar o software Plano de Negócios, do SEBRAE-MG. Eleita como uma das melhores ferramentas de gestão do país pela Revista Info Exame 2009, ganhou em abril deste ano uma nova versão, ainda mais dinâmica e eficiente. De acordo com o analista de Educação, Empreendedorismo e Cooperativismo do SEBRAE-MG, Cláudio Afrânio, a versão 2.0 do software ganha em funcionalidade e didática. A ferramenta, que foi desenvolvida pelas áreas de Atendimento, Educação e Tecnologia da Informação, detém uma navegação simplificada e ainda é autoexplicativa. “O cliente faz estimativas de custos, avaliação de cenários com exemplos, obtém índices gráficos e perspectivas. O plano pode ser feito por quem deseja abrir um negócio ou até mesmo expandi-lo. O melhor é que na nova versão, o planejamento pode ser feito para até cinco anos”, revela. Foi este o diferencial que atraiu a empresária Luciane Gomes de Castro, proprietária da Patarraz Comércio de Moda Ltda, especializada em roupas femininas e acessórios. Há quase três anos, quando abriu o negócio, ela elaborou o plano de negócios a par28

tir da primeira versão do software. “A loja foi aberta e deu certo, mas a projeção foi feita para apenas um ano”, explica. O lançamento da segunda versão foi a oportunidade que Luciane Gomes teve para programar como será o andamento dos negócios por um tempo mais longo. Segundo a empresária, o novo programa traz uma integração entre as informações que são condizentes com a realidade. “É fundamental fazer o plano de negócios, capaz de orientar e instituir parâmetros de conduta em todos os setores”, afirma. Graduado em Ciências da Computação, Alessandro Silva Angeruzzi está abrindo a Up and High Confecções, cuja produção será vendida por meio do comércio eletrônico. Para isso, já utilizou a nova versão do plano de negócios e mostrou-se satisfeito com o resultado. “É completo e objetivo. O cálculo é automatizado, com projeções de vendas que ampliam o horizonte”, garante.

Entre 9 de abril e 2 de maio deste ano, 3.300 clientes realizaram 4.538 downloads do software Como Elaborar um Plano de Negócios do SEBRAE-MG.

35,34% São Paulo

29,33%

2,13%

Minas Gerais

Pernambuco

2,04%

3,72%

Bahia

Paraná

De acordo com Angeruzzi, que mora em Uberlândia, o planejamento faz toda a diferença no andamento do empreendimento. Segundo ele, é preciso estar atento aos detalhes para não trabalhar no “escuro” e pensar sempre na viabilidade do negócio no mercado. A historiadora Ana Karina Ribeiro Bernardes é exemplo de empreendedor por oportunidade. Ela, que pretende trabalhar com a coleta de vidros, já pesquisou sobre o assunto e, além do plano de negócios, agendou uma consultoria no SEBRAE-MG. “É uma forma de enxergar melhor a dimensão do empreendimento e confirmar sua viabilidade”, explica. Segundo Ana Karina, é fácil utilizar o novo software. Ao programar a estratégia, ela pensou na sustentabilidade e na lucratividade que poderia ser gerada e, além disso, identificou a demanda de Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde ela mora atualmente e localizou o empreendimento. jun•jul•2010

2,17% Espírito Santo

4,38% Rio de Janeiro

3,07%

2,66% Santa Catarina

Rio Grande do Sul

Como fazer download do software Plano de Negócios 2.0 • Entrar no site: www.sebraemg.com.br • Clique em Plano de Negócios, cadastre-se no site, preencha o questionário e envie para análise gratuita.

Ao usar o software do SEBRAE-MG, Ana Karina considerou a sustentabilidade e a lucratividade da coleta de vidros

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Em Foco 1

Em Foco

Em Foco

A sexta edição da SuperAgro Minas reuniu entre 26 de maio e 6 de junho os principais agentes do agronegócio mineiro no Expominas, em Belo Horizonte. O evento ofereceu palestras, seminários aos visitantes, além de mais uma edição da Expocachaça.

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Fotos: Ronaldo Guimarães

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1 Roberto Simões, presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG 2 Solenidade de abertura da Superagro 3 Gilman Viana, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais 4 Palestra durante Seminário de Fruticultura 5 Produtores de hortifruti apoiados pelo SEBRAE-MG expõem na feira 6 Juliana Costa Gomes, apicultora premiada no 18º Congresso Brasileiro de Apicultura

1 Estande do SEBRAE-MG 2 Atendimento no estande do SEBRAE-MG 3 Palestra de Másio Magalhães, presidente da Federação Mineira de Apicultura 4 Equipe do SEBRAE-MG: Ricardo de Castro, Danielle Fantini, Fernando Ataíde e Cláudio Wagner 5 Participantes da feira no estande do SEBRAE-MG 6 Expocachaça

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Em Foco

Em Foco

Congresso Mineiro de Municípios e Lei Geral em Betim

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Fotos: Luciana Gama e Gláucia Rodrigues

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1 Palestra do analista do SEBRAE-MG, Felipe Ansaloni, sobre compras governamentais 2 Estande do SEBRAE-MG no CMM 3 Equipe da unidade de Políticas Públicas do SEBRAEMG; Afonso Maria Rocha, diretor-superintendente do SEBRAE-MG; Paulo Okamoto, presidente do SEBRAE Nacional; Luiz Márcio Haddad, diretor técnico do SEBRAE-MG 4 Ângelo José Roncalli de Freitas, vice-presidente da AMM, e Paulo Okamoto 5 Afonso Maria Rocha; Ângelo Roncalli, vicepresidente da AMM; Paulo Okamoto; Rogério Moreira, consultor jurídico da AMM; e Luiz Márcio Haddad 6 Atendimento no estande do SEBRAE-MG

No dia 6 de maio o presidente do SEBRAE Nacional, Paulo Okamoto, esteve no Congresso Mineiro de Municípios, em BH. Depois foi para Betim, onde acompanhou a assinatura do documento que sancionou a Lei Geral no município. O presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAEMG, Roberto Simões, também esteve em Betim, acompanhando a solenidade.

1 Estande do SEBRAE-MG 2 Atendimento no estande do SEBRAE-MG 3 Diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Arnaldo Correia e analista do SEBRAE-MG, Jefferson Ney Amaral 4 Público acompanha solenidade no auditório do Centro Administrativo Papa João Paulo II 5 Afonso Maria Rocha, Paulo Okamoto, e Roberto Simões, presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG 6 Solenidade de assinatura de documento que sanciona a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em Betim

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Artigo

Em busca de estagiário

com doutorado

em Harvard? Por Malu Weber*

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equipe de Recursos Humanos estava há dias me pedindo para preencher o formulário de requisição de um novo estagiário para minha equipe. Só assim era possível começar a fazer o processo de recrutamento nas universidades. Eu tinha pressa, mas o protocolo era indispensável, até para que o time fosse assertivo na hora de escolher os possíveis candidatos. Comecei então refletindo sobre as necessidades de nossa área, o tamanho dos desafios, as sensibilidades, as demandas do dia a dia; quais as responsabilidades que esse novo funcionário teria e as urgências que já o esperavam. Pensando nisso, comecei a descrever o que eu imaginava ser o perfil do estagiário ideal.

Para encabeçar a lista, coloquei no papel, quase sem pensar, o que eu entendia ser óbvio para um estudante já trazer com ele; e a primeira palavra que veio em mente foi... experiência! Claro, pensei, preciso de um estudante que já traga certa experiência na bagagem. Além de falar e escrever fluentemente português - e inglês, com texto impecável dirigido para diferentes públicos; que saiba trabalhar sob pressão; que tenha inteligência emocional e que seja um bom articulador; que saiba ouvir, que seja sucinto ao falar e vá direto ao ponto; que tenha maturidade suficiente para lidar com frustrações; e ser resiliente (claro) seria condição inegociável... 34

Ao terminar, resolvi checar se não tinha esquecido nada. E à medida que fui lendo minha “listinha básica”, fui ficando envergonhada de mim mesma e de minha expectativa surreal. Caramba, pensei, depois de tantas atribuições, só faltava eu exigir desse estagiário um doutorado em Harvard! Aliás, como exigir tudo isso de alguém que está batalhando para ter a primeira oportunidade de trabalho e que provavelmente não sabe como funciona o ambiente empresarial? É claro que ter boa formação conta (ainda mais neste mundo competitivo em que vivemos) mas o que mais esperar de alguém para essa vaga, além de muita vontade de aprender, com espírito crítico e brilho nos olhos? E aí me dei conta de que estamos, mesmo, vivendo em uma sociedade urgente, imediatista e sem paciência. Se não pararmos para refletir, já estamos querendo até que os estagiários, que vêm para as empresas começar suas carreiras, cheguem prontos e com muito jogo de cintura. Mas se não cabe a nós formá-los e desenvolvê-los, quem o fará? E mais: será que estamos preparando sucessores e deixando nas organizações pessoas melhores do que nós? Eu sei, eu sei: educar dá trabalho. É preciso dedicar tempo de nossas agendas para formação de nossa gente. A começar pelo estagiário. Precisamos ensiná-lo a ler as entrelinhas, a ter postura adequada, a entender o que foi dito - e o que não foi; reconhecer seus acertos, ajudá-lo a entender os erros, incentivando seu amadurecimento profissional. E isso tudo não se aprende na escola. Muito menos em Harvard. Isso se chama vivência. E aí está comigo e com você, caro gestor, a responsabilidade de compartilhá-la. * Gerente-Geral de Marca e Comunicação Corporativa Grupo Votorantim e professora âncora em gestão de pessoas no MBA da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Campinas ( SP).

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do

jun•jul•2010

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Quem tem conhecimento vai pra frente. 35


Economia Por Carla Medeiros Fotos: Ronaldo Guimarães

Economia

Notável agronegócio mineiro

Do café ao morango A partir de parceria entre SEBRAE-MG e FAEMG foi criada a publicação Perfil do Agronegócio Mineiro, cujo objetivo é reafirmar a importância do setor não apenas para o Estado, mas também para o Brasil. Dados da Assessoria Técnica da FAEMG, referentes ao ano 2009, mostram que na agricultura o café (49,2%), morango (55%), batata-inglesa (32,7%), alho (25,2%), cenoura (20%) e florestas plantadas (23,2%) ocupam o primeiro lugar no ranking nacional de produção. Na pecuária, Minas também é líder nacional na produção de leite (27,8%) e equinos (14,6%).

Um dos setores mais importantes da economia tem o apoio do SEBRAE-MG

M

inas Gerais se destaca no cenário nacional como líder em várias culturas. A soma de fatores como o extenso território e suas múltiplas formas de relevo, a variedade do clima, a história da ocupação e do desenvolvimento do Estado, desde o ciclo do ouro, moldaram o perfil da agropecuária mineira e as cadeias de produção que nela se desenvolveram ao longo dos séculos.

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Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG e da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Roberto Simões, “Minas motivou a criação de indústrias e redes de atacado e varejo, além de empresas de exportação que compõem o pujante agronegócio mineiro. Essa cadeia de transformação e comercialização espalha pelo país e pelo mundo o resultado do esforço diário de centenas de milhares de produtores rurais de todas as regiões do Estado, responsáveis pela produção de expressiva variedade de alimentos nutritivos e saudáveis. A diversificação é a principal característica do Estado”, afirma o presidente.

jun•jul•2010

A força do agronegócio mineiro na economia nacional se confirma na representação de 26,46% do PIB brasileiro e renda de aproximadamente R$ 764,6 bilhões, de acordo com dados do Cepea, em 2009. Na perspectiva estadual, o analista do setor de agronegócios do SEBRAE-MG, Rogério Galuppo, afirma que o PIB do agronegócio mineiro representa 31% do PIB total do Estado de Minas Gerais. “Isso demonstra a importância das empresas ligadas ao agronegócio para Minas. O SEBRAE-MG como entidade de fomento empresarial enxerga neste setor uma grande oportunidade de contribuir com o desenvolvimento do Estado, através da implementação de projetos coletivos que reforcem a competitividade das empresas do segmento rural.

Para Roberto Simões, os investimentos no campo permitem o aumento da produção, a adoção de modernas tecnologias e avançadas técnicas gerenciais, paralelamente a iniciativas inovadoras de preservação e defesa do meio ambiente. “Os ganhos de produtividade possibilitam a geração de mais empregos e melhor distribuição de renda, estimulando a conquista de mercados e a comercialização de produtos que espalham a qualidade mineira afora”, conclui.

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Economia

Economia

Principais regiões produtoras Alto Paranaíba

Noroeste

40,6% da produção de sorgo 16,6% da produção de milho

16,6% da produção de café 14,4% da produção de feijão 21,2% da produção de milho 40,3% da produção de batata-inglesa 85% da produção de cenoura 23,9% do rebanho bovino 25,5% da produção de leite da produção de alho

da produção de feijão Minas Gerais é líder nacional na produção de batata-inglesa, entre outros produtos

Central

Ações no agronegócio O SEBRAE-MG acompanha o desenvolvimento do agronegócio mineiro com estudos e projetos setoriais coletivos para o desenvolvimento e acompanhamento do setor. Pesquisas de resultados identificam os impactos dos projetos para as empresas e verificam o grau de contribuição da entidade para o crescimento da agropecuária. Para fomentar o agronegócio, os projetos são estruturados com base nas necessidades de mercado das empresas rurais. “As iniciativas podem ser de ordem tecnológica e/ou gerencial, com a realização de estudos setoriais, planos de posicionamento estratégico, estudos de mercado, missões empresariais, palestras, cursos, rodadas de negócios, clínicas tecnológicas e consultorias”, ressalta Galuppo.

Sul de Minas

40,8% da produção de café 14,7% da produção de banana 20,4% da produção de milho 48,3% da produção de batata-inglesa 16,9% da produção de tomate 34,6% da produção de ovos de galinha** ** Junto com o Sudoeste

da produção de tomate

Zona da Mata

19,1% da produção de café

Norte

da produção de morango

Triângulo Mineiro da produção de banana

93,5% da produção de abacaxi 81,6% da produção de laranja 45% da produção de sorgo 20,5% da produção de tomate 23,9% do rebanho bovino* 25,5% da produção de leite* * Junto com o Alto Paranaíba

Sudoeste

da produção de cana da produção de ovos de galinha 38

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Fonte: Assessoria Técnica da FAEMG

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Varejo Ricardo Santos, da Exata Papelaria, lembra que o projeto mostrou o valor do setor financeiro

Por Juliana Garcia Fotos: Mauro Marques

Conhecimento

que traz resultado Projeto Comércio Varejista de Papelarias e Materiais de Escritório muda hábitos administrativos de empresários do Triângulo Mineiro

T

odo varejista sabe que é indispensável entender seu produto e a demanda dos clientes. Mas é preciso ir além. Ao aprimorar os processos de gestão – de marketing, pessoas, finanças, estoque e comercial – e adequá-los às exigências de mercado, ele tem um diferencial competitivo, que acaba de ser conquistado por um grupo de papelarias das cidades de Uberaba, Uberlândia e Araxá

“Agora sabemos usar esse diferencial e transformá-lo em resultado”, afirma Lucas Oliveira Faria, responsável pela área de marketing e comunicação da BIG Papelaria, referindo-se ao Projeto Comércio Varejista de Papelarias e Materiais de Escritório, desenvolvido pelo SEBRAE-MG. A empresa, localizada em Uberlândia, não possuía um setor financeiro definido e todas as decisões eram tomadas com base em experiências passadas, o que prejudicava o desenvolvimento econômico do empreendimento. “O projeto nos norteou acerca de nosso mercado de atuação. Hoje temos condições de vasculhar e enxergar de fato os eventuais problemas financeiros da empresa e interpretar dados para construir uma ação favorável ao desenvolvimento da BIG Papelaria”, conta Faria. Outra empresa que aprimorou seu departamento financeiro foi a Exata Papelaria, em Uberaba, que percebeu com o projeto a importância do setor para a empresa. “Além de aperfeiçoarmos o gerenciamento das compras, estoque e marketing, o projeto nos permitiu saber onde está o dinheiro da empresa e como utilizá-lo. E nos mostrou o valor do setor financeiro”, comenta Ricardo Santos, um dos proprietários da papelaria Exata. O Projeto Comércio Varejista de Papelarias e Materiais de Escritório foi aplicado em 15 empresas do setor. “As ações desenvolvidas focaram o aprimoramento do processo de gestão de marketing, mercado, comercialização e processos”, relata o consultor responsável, Claudio Lima. 40

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Varejo

Varejo A ação de merchandising

O principal objetivo do projeto é desenvolver o trabalho de gestão interna e ampliar a visão mercadológica dos empreendedores. “Melhoramos nossa organização e disciplina, mas o melhor foi que aumentamos nosso faturamento em 20% no exercício de 2009”, conta Ricardo Santos, da Exata Papelaria. Com o objetivo de auxiliar os empreendedores a criarem uma imagem que cative seus clientes, o projeto trabalha ações de publicidade através de atividades que ensinam melhores formas de expor os produtos internos e a propaganda externa. “O trabalho com nossa imagem é o próximo passo importante a ser dado. O projeto está nos ajudando com layout externo e interno para nos tornarmos mais atrativos aos clientes”, conta Ricardo.

Donaldo, da D’Santos, diminuiu gastos e desperdícios ao reformular a gestão do estoque

Gerenciamento de estoque

O gerenciamento de estoques envolve escolha de produtos, organização, avaliação de preços e da demanda. Todas estas questões foram trabalhadas com os empreendedores por meio de atividades práticas e teóricas. Donaldo Santos Junior, um dos proprietários da Livraria e Papelaria D’Santos, reformulou a gestão de estoque de sua empresa para minimizar gastos e desperdícios. “Antes eu não tinha uma preocupação real, eu comprava e esperava vender. Meu estoque tinha um valor altíssimo para o setor”, lembra Donaldo. “Precisávamos mudar hábitos administrativos. O problema com o estoque alto foi um dos pontos detectados, hoje trabalhamos de forma consciente todas as gestões”, completa. Os resultados alcançados pelo projeto são fruto do trabalho conjunto de todas as gestões. Os participantes puderam trocar informações e aprimorar conhecimentos sobre todas as áreas administrativas de uma empresa. “É um conjunto de informações que gera um resultado crescente e a melhora em cada setor amplifica as conquistas”, comemora Donaldo. 42

O refinamento do planejamento empresarial se deu por meio de palestras, workshops e seminários. “Os métodos são bastante eficazes. Os consultores nos dão dicas e nos mostram os benefícios de usar as ferramentas de gestão que facilitam nossa rotina de trabalho, além de nos capacitarem para avaliar as condições financeiras reais de nossa empresa”, conta Claudeci Basílio, um dos sócios proprietários da papelaria A Principal Papelaria, de Uberaba. Entre as ações, destacam-se a implantação do conceito de Gerentes de Linha de Produtos, estruturação de novos segmentos de comercialização, maior controle financeiro, reestruturação de lay out de loja e apresentação do conceito de marketing. “Com elas, pretendemos alcançar aumento de produtividade, melhoria da performance e aperfeiçoamento visual das empresas”, explica o consultor. Lucas Faria, da BIG papelaria, comprova o resultado destas ações: “Agora temos lideranças diferentes nas diversas áreas da empresa, criando uma diretoria mais abrangente, facilitando a tomada de decisões e expandindo nossa visão de mercado”, garante. jun•jul•2010

“Do ponto de vista estratégico, é importante para as papelarias entenderem a dinâmica deste mercado e acabarem com dependências sazonais, como a ‘volta às aulas’”, diz o consultor Lima. Para Claudeci Basílio, da A Principal Papelaria, o projeto foi imprescindível para o desenvolvimento administrativo dos proprietários. “Projetos como este deveriam se expandir para outras áreas, pois têm a função de esclarecer, fortalecer e acima de tudo ajudar o empreendedor a errar menos”, afirma.

Empresas implantaram rotina de metas, acompanhamento de vendas, clientes e ticket médio, o que resultou em um crescimento de 9% nas vendas entre 2008 e 2009

O projeto teve início em agosto de 2008, com uma programação de consultorias e workshops voltados para o aprimoramento dos empreendedores e suas equipes. “A partir do projeto, fizemos algumas adequações na gestão que refletiram diretamente nos resultados, tais como propagandas mais direcionadas e acompanhamento financeiro”, relata Claudeci Basílio Em dezembro de 2009, as empresas implantaram rotina de estabelecimento de metas, acompanhamento de vendas, clientes e ticket médio. “O crescimento de vendas verificado em 2009 com relação a 2008 foi de 9%, com destaque para o “volta às aulas”, que chegou a 30%”, conta Andrea Marques Lima, técnica do SEBRAE em Uberaba. Ela adianta que, em 2010, novos temas foram programados, com destaque para RH, Central de Negócios, Reforço de Finanças e Visitas Técnicas Empresariais. O Projeto Comércio Varejista de Papelarias e Materiais de Escritório termina em dezembro deste ano, quando será realizado workshop de encerramento e medição dos resultados finais.

Lucas Faria, da BIG Papelaria, agora enxerga eventuais problemas financeiros

Sócio d’A Principal Papelaria, Claudeci Basílio atesta a eficiência das dicas dos consultores

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Central de Negócios

Muitas empresas,

Por Marco Antônio Corteleti Fotos: Gustavo Black

uma só marca Assessorada pelo SEBRAE-MG, central de negócios Clube da Casa muda cultura organizacional de um grupo de empresas de construção civil do Sul de Minas, tornando-as mais competitivas e preparadas para o mercado

João Maiolini, da Maiolini Madeira, e Agenor Rosa, presidente do Clube da Casa

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Central de Negócios

Central de Negócios

O

Uma das ações mais inovadoras do Clube da Casa, segundo Garcia, foi a contratação de uma empresa de Belo Horizonte para fazer o planejamento de marketing do grupo, por sugestão do próprio SEBRAE-MG. “A F Criativos foi responsável pela criação da nova marca, que destaca o nome Clube da Casa em detrimento do nome da empresa, que agora ocupa um espaço menor na fachada das lojas”, explica o presidente do grupo. “Essa mudança enfrentou forte resistência por parte dos empresários, que não queriam aceitá-la, mas no final houve um consenso de que o coletivo deveria se sobrepor ao individual”, relembra.

velho e sábio provérbio popular “a união faz a força” nunca esteve tão evidente como nestes tempos de economia globalizada. Que o diga um grupo de empresários, proprietários de lojas de material de construção, que lançou há seis meses o Clube da Casa, central de negócios desenvolvida em parceria com o SEBRAE-MG que já se tornou um sucesso na região.

Para implantar a nova marca, todas as lojas tiveram que passar por uma reforma. Hoje, as unidades do Clube da Casa seguem o mesmo layout. “Agora estamos partindo para a reforma interna, implantando o novo design de autosserviço, como um supermercado, e show-room. O tradicional balcão continua, mas não ocupa mais toda a loja como antes”, afirma Garcia.

O planejamento de marketing do Clube da Casa envolveu a criação de nova marca e reformas, inclusive internas, para que as lojas tenham o novo design de autosserviço e show-room. Dessa maneira, os estabelecimentos estão mais bonitos e modernos

Inaugurada em abril, a sexta loja do empresário João Maiolini, em Varginha, já apresenta o novo layout interno. “Além de deixar o estabelecimento mais moderno e bonito, a disposição dos produtos em gôndolas facilitou o atendimento e deixou os clientes mais à vontade”, reforça Maiolini, que está no ramo há 30 anos. BH Três Pontas Varginha

Lojas estão implantando o design de autosserviço, deixando os clientes mais à vontade

Há três anos, eles se reuniram pela primeira vez para tentar superar a limitação de crescimento das suas empresas e perceberam que modernizar a gestão dos negócios era a melhor forma de fazer o faturamento subir novamente. A ideia de formar uma associação já vinha sendo aventada entre os empresários e amigos Agenor Garcia Rosa e João Vitor Gorgulho, mas só começou a ser delineada durante um curso sobre gestão patrocinado pela empresa Holcim. “A forma mais comum de associação que existe na nossa região é a central de compras, que visa basicamente a obter descontos com os fornecedores, mas nós queríamos muito mais que isso. Nosso objetivo era uma central de negócios”, relata Agenor Garcia Rosa, proprietário da Miari e Companhia Ltda., de Três Pontas, e presidente do Clube da Casa, formado por 21 empresas com atuação em 30 cidades da região Ciente da força e da tradição das empresas no Sul de Minas – a Miari, por exemplo, tem 82 anos de existência –, Agenor Rosa e João Gorgulho procuraram o SEBRAE-MG, para ajudá-los a desenvolver um modelo de central que permitisse, entre outras coisas, gerenciar melhor seus negócios e desenvolver uma marca forte, que pudesse ser referência para toda a região. 46

jun•jul•2010

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Central de Negócios A marca Clube da Casa ganha destaque nas fachadas, comprovando que o coletivo se sobrepõe ao individual

Cultura do associativismo

Implantar a cultura do associativismo entre os empresários foi um dos grandes desafios do SEBRAE-MG para fazer o Clube da Casa dar certo. “Esse trabalho teve fundamental importância para a formação da rede, principalmente entre os empresários mais novos, que atuam no ramo há cerca de dez anos. Durante seis meses, o SEBRAE-MG atuou de forma intensiva para disseminar a cultura do associativismo por meio de palestras e consultoria”, relata o vice-presidente do Clube da Casa, João Gorgulho.

Representando um grupo de empresas sólidas, o Clube da Casa foi criado para ganhar mais mercado e ao mesmo tempo vencer a competição acirrada do setor

Um exemplo de como o associativismo já se tornou importante para o Clube da Casa: “Se um empresário está precisando de um produto e vê que a fábrica vai demorar a entregá-lo, ele manda um e-mail para todos os associados relatando sua necessidade e aquele que tiver o produto disponível empresta ao colega. Isso mostra como o Clube da Casa se tornou uma sociedade de fato”, afirma Gorgulho, que acrescenta: “Quando o empresário pensa apenas no seu negócio, dificilmente este tipo de sociedade consegue sucesso”. De acordo com Juliano Cornélio, gerente da Macro Sul e gestor do projeto Centrais de Negócios no Sul de Minas, a instituição procurou trabalhar, na primeira fase de treinamento, toda a concepção da central de negócios em uma marca que já nasceu forte. “O Clube da Casa, que representa um grupo de empresas sólidas, foi criado para ganhar mais mercado e ao mesmo tempo vencer a competição acirrada que existe hoje”, afirma. No ano passado, o Clube da Casa teve um faturamento de R$ 115 milhões, 15% a mais em relação a 2008. Para este ano, o grupo estima uma expansão de 20%. Outro ganho importante do Clube da Casa foi o aumento significativo do seu poder de negociação com a indústria. “Além dos melhores preços e descontos variados, conseguimos fechar contratos com alguns fornecedores por tempo determinado para estampar as suas marcas ao lado da nossa, tanto nas fachadas das lojas quanto em materiais de promoção e até na mídia”, informa Garcia. Segundo ele, já assinaram contrato com o grupo fornecedores do porte da Tigre (tubos e conexões), Sasazaki (esquadrias) e Quarzolit (argamassas), todas por um período de 24 meses. Os ganhos do contrato são divididos igualmente entre todos os associados, grandes e pequenos, que pagam uma mensalidade de R$ 1 mil ao caixa da associação. Outro exemplo do forte poder de negociação conquistado pelo Clube da Casa foi sua inclusão na faixa de maior percentual de descontos oferecido pela Tigre. “Hoje, todas as lojas do grupo recebem a classificação de maior percentual. Antes, havia empresas pequenas que recebiam apenas o menor e a diferença entre as duas faixas pode variar até 25%”, ressalta o presidente do Clube da Casa. 48

Planos de expansão

O grupo já está pensando em ampliar o número de lojas, a serem abertas em cidades onde a associação ainda não possui unidade. “Mas ainda não decidimos quando nem qual o modelo de gestão que será adotado nas novas lojas, podendo, inclusive, ser por meio de franquias. Vamos definir essa questão com clareza a partir de maio, quando começa a segunda etapa de consultoria feita pelo SEBRAE-MG, que vai trabalhar mais a fundo a capacidade gerencial em vários focos: mercado, finanças, Recursos Humanos e processos”, informa Garcia. Também será trabalhada nesta segunda etapa a individualidade das empresas de uma forma mais profunda e outras iniciativas como a participação em missões empresariais, possibilitando que o grupo conheça e conquiste novos mercados. “Hoje, O Clube da Casa é uma associação coesa, com objetivos bem definidos e disseminados dentro do grupo, o que favorece a competitividade”, destaca Juliano Cornélio. jun•jul•2010

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Central de Negócios

Central de Negócios

Centrais de negócios focam atuação em conjunto de empresas Lançado em 2003 pelo SEBRAE Nacional, o projeto Centrais de Negócios vem mudando a cultura e a forma de as empresas se organizarem e se posicionarem no mercado. A ideia é reunir grupos e empresários do mesmo setor para que, de forma coletiva, consigam resultados que, individualmente, jamais poderiam alcançar. “Juntos, eles têm maior poder de negociação, mais acesso a crédito, planejamento de marketing mais eficiente, mais possibilidades de ampliar o negócio e de aumentar a carteira de clientes, além de conseguir novos mercados”, explica Algeny Gomes Ferreira, analista técnica e responsável pelo projeto em Minas Gerais. A instituição atua em todos os setores, do agronegócio à indústria, sem esquecer o comércio. “Nosso maior número de grupos está no agronegócio, com casos bem sucedidos junto à associação de produtores de leite, café, morango e hortifrutigranjeiro”, informa. Mas, o projeto que se tornou referência nacional do SEBRAE-MG foi a Rede Construir,

Associação

Cidade/Região

Número de empresas/ produtores

que reúne 25 empresas de material de construção do Norte de Minas. Entre os principais resultados alcançados pela rede estão aumento do faturamento (200% em apenas quatro anos); criação de centro de distribuição; aumento do número de lojas e mudança de layout das unidades. Atualmente, Minas Gerais possui 88 centrais, das quais 26 têm apoio do SEBRAEMG. Em 2009, foram lançadas nove centrais (veja quadro). Segundo Algeny, ainda este ano deverão ser lançadas mais quatro: calcário, em Pains; café, em Santo Antônio do Amparo; leite, em Barroso; e supermercados, em Guanhães. A central tem prazo de um ano e meio para ser formada por meio de um processo de 419 horas de treinamento com os grupos. Deste total, 119 horas são ministradas dentro da sala de aula. O restante do treinamento é aplicado nos parceiros, em pesquisa e no monitoramento do trabalho que está sendo realizado pelo grupo.

Farmasul

Farmácia de Manipulação

Ampar

Mineradora de calcário

Coccamig

Cooperativa de Café

Rede Construir

Comércio de material de construção

Norte

25

Toque Brasil

Moda íntima

Juruaia/Sul

17

Coração do Vale

Produção de morangos

Bom Repouso/Sul

36

Supermercados

Guanhães/Leste

14

Construai

Comércio de material de construção

Sul

17

Agrifami

Hortifrutigranjeiros

Inhapim/Leste

30

Clube da Casa

Comércio de material de construção

Sul

21

Tece Bem

Indústria Têxtil

Guaranésia/Sul

10

Cooperativa de Café de Santo Antônio do Amparo

Café

Santo Antônio do Amparo/Oeste

12

Cooperativa de Leite de Barroso

Leite

Barroso/Campo das Vertentes

15

(lançamento este ano)

Rede Viareal

(lançamento este ano)

(lançamento este ano)

(lançamento este ano)

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Tipo de negócio

jun•jul•2010

Varginha/Sul Pains, Córrego Fundo e Arcos/Oeste Sul, Zona da Mata e Triângulo

16 6 15

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Entrevista

Ousar José Dornelas

é preciso Por Lilian Lobato Fotos: Samuel Mendes

Curiosidade, criatividade, senso de inovação e bom faro para oportunidades são características do empreendedor

O

usadia e brilho nos olhos não podem faltar a um empreendedor. É o que garante o especialista em empreendedorismo José Dornelas, professor de cursos de MBA na FIA – Fundação Instituto de Administração, na USP – Universidade de São Paulo e professor convidado em diversos programas no país e no exterior. Além disso, Dornelas foi o primeiro e único professor brasileiro como Visiting Scholar no Centro de Empreendedorismo do Babson College – considerada a melhor escola de negócios com foco em ensino de empreendedorismo no mundo. Escritor de diversos livros sobre o tema, Dornelas também preside a Empreende – consultoria especializada em empreendedorismo e captação de recursos – e ressalta a importância de acreditar nos sonhos. “No entanto, para empreender é preciso mais que isso, sendo fundamental planejar e aprender a gerir um negócio”, diz o especialista. Dornelas esteve em Belo Horizonte, em abril deste ano, proferindo uma palestra na sede do SEBRAE-MG. Segundo ele, é possível aprender a ser um empreendedor com criatividade, curiosidade, senso de inovação e bom faro para identificar as oportunidades. 52

jun•jul•2010

O que é ser empreendedor? É ter visão de futuro, um projeto de vida e arregaçar as mangas para fazer acontecer. É farejar a oportunidade, tendo inovação e criatividade. Além de poder contar com o auxilio das pessoas, já que ter uma boa equipe, que complemente o seu perfil, faz toda a diferença no resultado final do negócio. Nenhum empreendedor cresce sozinho. É preciso multiplicar o conhecimento e pensar sempre na sustentabilidade. Qual o perfil necessário para se tornar um empreendedor? São muitos os perfis. Existem os visionários, os comprometidos, os inovadores, aqueles que detêm senso crítico, outros com habilidade de inspirar as pessoas e, ainda, os que têm o brilho nos olhos. Essa é umas das características mais importantes de um perfil empreendedor, acreditar realmente naquilo que está sendo proposto. E, claro, adquirindo habilidades de gestão. O que é ter uma atitude empreendedora? É identificar a oportunidade, criar estratégias, gerir os recursos, prever os riscos, fazer o plano de negócios e dar o pontapé inicial. Isso é o recomendável em função do mercado atual não permitir o erro, até mesmo pela frustração e prejuízos que pode causar. 53


Entrevista O empreendedor nasce pronto ou é possível aprender? Muitos nascem com a predisposição a ser empreendedor, mas é possível aprender as técnicas. Hoje, no Brasil, existem muitas alternativas para se obter conhecimento em empreendedorismo como as faculdades e a própria Internet, que também é um meio que difunde muito bem o tema, além dos livros. Entretanto, há um mito muito difundido que diz que, para ser empreendedor, é preciso nascer com algo especial. E, na verdade, o que é observado nas pesquisas ao longo dos anos é que os empreendedores podem aprender a adquirir habilidades para, então, enfrentar o desafio de fazer acontecer. É claro que sempre existirão empreendedores natos, porém os estudos mostram que a maioria dos que empreendem não necessariamente descobriram logo no início da formação que empreender era uma opção de carreira. Existe um segredo para obter sucesso nos negócios? Não há segredo, mas é preciso conhecer os riscos do negócio, avaliar se há viabilidade, para não cometer os erros que a maioria costuma fazer. É fundamental planejar a execução do projeto, pensar na relevância do que pretende fazer e se vale a pena investir. Não existe uma receita de bolo, mas é preciso ter cautela, experiência e uma programação do que será feito. A criatividade é a característica mais importante para empreender? Tem sido considerada a mais importante. Porém, diria que para empreender não é uma obrigação você ser criativo. É claro que sendo, você acaba tendo ideias inusitadas e até inovadoras que colaboram para o projeto de ter uma empresa. Mas, mais importante que ser criativo, é ser curioso. Hoje, todas as pessoas têm ideias, mas nem todas são viáveis para se transformar em negócios. Ser curioso significa que você pode identificar boas oportunidades no mercado, observando o que já existe, o que as pessoas falam, as necessidades não atendidas e o mais importante, entendendo o que os outros empreendedores têm feito em outros mercados. Qual a melhor opção: ter um emprego formal ou o próprio negócio? Muitos jovens chegam a trabalhar para obter experiência, mas pela autonomia proporcionada pelo negócio próprio, acabam se tornando empreendedores. No entanto, é preciso fazer uma análise criteriosa ao escolher o caminho. Antes de abrir um empreendimento, é importante passar por diversos estágios na faculdade e até ter tido um emprego, 54

Entrevista para conhecer o mercado. É fundamental correr em busca dos sonhos e pensar que o dinheiro não pode ser o objetivo final, o que pode interferir no processo de empreender.

Mais importante que ser criativo, é ser curioso. Hoje, todas as pessoas têm ideias, mas nem todas são viáveis para se transformar em negócios. Ser curioso é poder identificar boas oportunidades no mercado, entendendo o que os outros empreendedores têm feito.

O que indicam as taxas de empreendedorismo no Brasil? A nova edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2009, divulgada em abril, aponta que, mesmo com a crise financeira internacional, o Brasil atingiu a sua maior taxa de empreendedorismo por oportunidade: 9,4% contra 5,9% da taxa de empreendedorismo por necessidade. A taxa de empreendedorismo por oportunidade vem demonstrando crescimento gradativo, passando de 8,5%, em 2001, para 9,4%, em 2009. Os responsáveis pela pesquisa (IBQP e Sebrae) explicam que a elevação em 2009 se deve ao alto crescimento ocorrido isoladamente nos empreendimentos nascentes, que passou de 2,93%, em 2008, para 5,78%, em 2009. 4,3% são empreendimentos nascentes por oportunidade. No ranking dos países com nível comparável de desenvolvimento econômico, o Brasil é o sexto mais empreendedor, com taxa de 15,3%, o que equivale a 18,8 milhões de pessoas. A atual taxa está acima da média histórica do Brasil, que é de 13%. Em 2008, a taxa ficou em 12%. Qual a importância de ter taxas de empreendedorismo por oportunidade superiores às por necessidade? Empreendedores por oportunidade são aqueles que iniciaram suas atividades para melhorar sua condição de vida, ao identificar uma oportunidade para empreender. Geralmente, nesse perfil, ocorjun•jul•2010

É imprescindível uma melhora nos índices de sobrevivência das empresas com três ou quatro anos de vida, já que 70% delas acabam morrendo no Brasil. Parte do ciclo de vida está relacionada à competição e a outra parte ao preparo do empreendimento.

re o desenvolvimento econômico e o crescimento do negócio, o que é de suma importância para o avanço do País. No caso dos empreendedores por necessidade, a pessoa não é visionária, mas precisa empreender para a sua sobrevivência. Entretanto, o empreendedor por necessidade pode se tornar um empreendedor por oportunidade e obter a visão empreendedora e o crescimento econômico.

Qual o motivo dos empreendimentos no Brasil continuarem tendo uma alta taxa de mortalidade? Atualmente, existem 15 milhões de pessoas empreendendo no Brasil. Porém, é imprescindível que haja uma melhora nos índices de sobrevivência das empresas, entre três e quatro anos de vida, já que 70% dessas acabam morrendo. Parte do ciclo de vida está relacionada à competição e a outra parte ao preparo do empreendimento desde o seu início. Diante da sua experiência nacional e internacio-

nal, quais as diferenças notáveis da cultura empreendedora brasileira, na comparação com os demais países? A cultura internacional é mais focada no planejamento e no resultado final. Já o brasileiro pensa mais na motivação. Além disso, os países desenvolvidos focam em demasia a inovação, que é primordial para que um negócio sobreviva em um mercado tão competitivo, fato que não acontece no Brasil, mesmo com as boas ideias sugeridas por muitos jovens. O senhor é autor de diversos livros. Como surgiu a ideia de escrever? Escrevi meu primeiro livro quando percebi que havia pouca informação a respeito do assunto e, atualmente, já tenho dez livros publicados como o best-seller nacional “Empreendedorismo, transformando ideias em negócios” e “Empreendedorismo Corporativo”, finalista do Prêmio Jabuti. Está nos meus planos continuar escrevendo. 55


Formalizar

para crescer

Formalização

Trabalhadores ampliam seus negócios ao se tornarem Empreendedores Individuais

E

mitir nota fiscal, participar de licitações e concorrências públicas e comprar mercadorias de atacadistas são ações e procedimentos fundamentais para o crescimento de um negócio. E que agora são acessíveis aos profissionais autônomos que se formalizam com Empreendedores Individuais. A categoria estabelecida pelo Projeto de Lei Complementar 128/2008 aperfeiçoou a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa 123/2006. Entre as vantagens da formalização está a ampliação dos focos de mercado do empreendedor. Por Carla Medeiros Fotos: Gustavo Black

Como qualquer profissional formal, o Empreendedor Individual também segue regras, recolhe impostos e contribuições mensais - de valores fixos independente da receita bruta -, e tem acesso a benefícios trabalhistas. De acordo com a Lei, ele não pode ter sócios, deve optar pelo Simples Nacional, com receita bruta anual de até R$ 36 mil e contar com apenas um funcionário com piso salarial da categoria ou salário-mínimo. A implantação da figura do Empreendedor Individual é para o SEBRAE uma importante ferramenta de formalização empresarial e um mecanismo de inserção social. A avaliação é da gerente de Atendimento ao Empreendedor do SEBRAE-MG, Mara Veit, enfatizando que as características do programa seguem a linha da entidade que é promover a competitividade e o desenvolvimento das micro e pequenas empresas. O analista da Central do Empreendedor Individual, Sebastião Moreira, acrescenta que o registro como Empreendedor Individual é um grande projeto de inclusão social, por desburocratizar o processo de formalização de micro empresas. Mara Viet conta que, mesmo com a implantação do Simples Nacional, havia uma lacuna para as micro empresas com faturamento de até R$ 36 mil por ano, pois as exigências e custos aplicados eram os mesmos para empresas que faturavam anualmente até R$2,4 milhões. “Este fato gerava o entendimento comum de que a formalização das micro atividades ainda era algo caro, complexo e longe da realidade. A criação da categoria aproximou as regras e custos de formalização de autônomos com o objetivo do 56

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SEBRAE de fomentar o empreendedorismo”, explica. “A categoria Empreendedor Individual gera benefícios para a economia mineira com a integração econômica das micro atividades, que se caracterizavam como informais em sua maioria. Ela gera menos desnível nas disputas de mercado entre empresas e leva as empresas a se profissionalizarem de forma mais acelerada”, ressalta a gerente.

Forte apoio

O SEBRAE-MG apoia o desenvolvimento e profissionalização das micros e pequenas empresas por meio de cursos, palestras, consultorias, feiras e missões, bem como articulações junto a órgão públicos e internacionais. Segundo Mara Veit, as iniciativas da entidade visam divulgar a importância do conhecimento sobre gestão de negócios para o sucesso das micro e pequenas empresas. “As principais ações são a realização de eventos sobre gestão e oportunidades de negócios como SEBRAE em Ação, Meu Primeiro Negócio e Feira do Empreendedor, bem como orientação através de nosso telefone 0800 570 0800, chat, consultorias por telefone e presenciais, palestras e encontros empresariais”, diz. A Central de Atendimento ao Empreendedor Individual - uma iniciativa do SEBRAE-MG, Junta Comercial, Prefeitura, Previdência Social, Receita Federal e Banco do Brasil - é o local onde os interessados têm acesso a informações sobre etapas da formalização, regras, impostos e contribuições, além dos benefícios trabalhistas. 57


Formalização

Empreendedor Individual

Meta do Estado

Até agora, 35 mil empresas se formalizaram no Estado e a meta é que 120 mil o façam até o final de 2010. De acordo com a assistente da Central do Empreendedor Individual do SEBRAE-MG, Danielle Cícera de Andrade, Minas Gerais contribui com aproximadamente 12% do total de novos empreendedores registrados no Brasil, que são em torno de 230 mil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que no Brasil existem cerca de 10 milhões de trabalhadores informais. Em Minas Gerais, um milhão de profissionais são autônomos.

Empreendedores confirmam sucesso

O empreendedor individual Adriano Menezes Pinho, do ramo de iluminação e equipamentos de som para eventos, afirma que seus negócios ampliaram em 30% após se orientar pelo SEBRAE e se formalizar. “A nota fiscal garante minha competição no mercado em busca de novo público. O registro abre meu acesso ao crédito, garante investimento e motiva meu trabalho”, observa. Nilton Gonçalves também buscou orientações no SEBRAE para registrar sua atividade. O empreendedor diz vender com mais tranquilidade e credibilidade a “Vassoura Ecológica”, feita de garrafas pet. O foco de mercado da empresa são as licitações públicas, o que só foi possível concorrer após a formalização. “A empresa tem nome, marca e CNPJ. É muito bom trabalhar dentro da Lei. Sempre incentivo colegas a seguirem o mesmo caminho e procurar o SEBRAE-MG”, diz. Para o fotógrafo Alessandro Carvalho, novo empreendedor individual, o maior benefício da categoria é a forma desburocratizada de ter CNPJ. “Outra vantagem está na credibilidade da empresa e facilidade de emitir nota fiscal. Antes meus serviços eram cobrados através de RPA (Recibo de Pagamento de Autônomo) ou por Nota Fiscal de uma associação a que sou filiado, mas ambos não eram aceitos facilmente. Já perdi oportunidades de trabalho por falta de registro legal”, conta. 58

Iniciativa pioneira O SEBRAE-MG elaborou uma série de dez cartilhas com dicas importantes sobre diferentes negócios, orientações sobre cálculos empresariais, informações de cursos e de como obter registro jurídico. As cartilhas podem ser adquiridas gratuitamente via internet pelo portal do SEBRAE-MG e as edições impressas são vendidas nos Pontos de Atendimentos, por R$ 4 cada. O analista de Atendimento, Wellington Lima, observa que as cartilhas trazem informações que vão além dos processos de legalização. “Foram incluídas orientações sobre os negócios, sugestões de cursos e exemplos de planilhas para que o empreendedor conheça os cálculos e tenha consciência dos custos”, explica Lima. “Queremos não apenas que os empreendedores se formalizem, mas que também se profissionalizem e alcancem bons resultados”, conclui. Segundo Wellington, a ideia é ampliar a coleção criando cartilhas sobre diferentes ramos de negócios. “Outros estados brasileiros devem seguir o exemplo e publicar a série de cartilhas do Empreendedor Individual em suas regiões, com adaptações”.

Temas das cartilhas:

• Fornecimento de refeições em marmitex; • Carrinho de Cachorro Quente; • Produção de Chocolates, Trufas e Bombons; • Produção de Biscoitos, Pães e Bolos Caseiros; • Serviço de Conserto de Roupas; • Instalação e Manutenção Elétrica; • Serviço de Pintura em Edifícios; • Assistência Técnica em Computadores; • Reparação de Calçados, Bolsas e Artigos de Viagem e Chaveiro. jun•jul•2010

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Indústria

Uma marca

C

omo enfrentar a concorrência massacrante dos calçados fabricados na China? E a queda do dólar, que torna ainda mais barata essa produção distribuída por todo o mundo? A resposta para questões como essas pode estar na criação de uma identidade própria, com valor agregado, admirada por todos. O Brasil precisa de um design legítimo, que distingua o sapato brasileiro no cenário mundial. E porque não aproveitar a riqueza de cores e temas da cultura brasileira?

chamada Brasil 14º Seminário Nacional da Indústria de Calçados debate o design como diferencial competitivo para o setor calçadista Por Bianca Alves Fotos: Gláucia Rodrigues e Rafael Motta

Indústria “Temos que procurar uma maneira de construir um “made in Brasil forte”, sendo cada vez mais brasileiros. Criando conceitos nossos, que possam se refletir nos calçados e acessórios e definir uma coleção”, defendeu o estilista Walter Rodrigues, um dos debatedores do 14º Seminário Nacional da Indústria de Calçados, realizado em abril pela Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), com apoio do SEBRAEMG e várias entidades do setor. O evento aconteceu pela primeira vez em Minas Gerais, dentro da programação do Minas Trend Preview e trouxe a Nova Lima grandes nomes do design nacional, como o próprio Rodrigues, Ronaldo Fraga, Rose Andrade e Dijon de Moraes, em debate mediado pela professora Dorotéia Pires, chefe do Departamento de Design da Universidade Federal de Londrina. O Diretor-Executivo da Abicalçados, Heitor Klein, destacou a parceria com o SEBRAE, que inclui uma série de iniciativas com foco na indústria de calçados, tanto nacional quanto regional. “O design é o diferencial competitivo que estamos enxergando para o calçado brasileiro na próxima década”, disse Klein, que anunciou um importante produto da parceria, o Sistema de Informações Competitivas (SIC), portal com a coleta, tratamento e análise de todo a informação que possa ser útil para a cadeia produtiva, do couro até o calçado. Segundo Klein, o sistema entrará em operação experimental em julho e plena em janeiro de 2011. Para Afonso Maria Rocha, diretor superintendente do SEBRAE-MG, o design é fator primordial para a sobrevivência das pequenas empresas. “Neste mundo sem fronteiras, a diferenciação é fundamental”, apontou, acrescentando que é devido a este pensamento que a entidade vem apoiando uma série de ações nesta área. E citou o Prêmio Sebrae Minas Design (veja matéria nesta edição) como um estímulo ao desenvolvimento de um design mineiro.

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Indústria

Indústria No Minas Trend Preview

Em sua sexta edição, o Minas Trend Preview, primeiro evento de pré-lançamento do Brasil, apresentou, no período entre 28 de abril e 02 de maio, as tendências da indústria mineira da moda para a temporada de primavera-verão 2010/2011. O SEBRAE-MG participou com um lounge de cenografia inusitada e impactante. Modelos de vitrine tinham sobre a

O segredo, diz Walter Rodrigues, é ser cada vez mais brasileiro

Ronaldo Fraga foi um dos convidados do 14º Seminário Nacional da Indústria de Calçados

Heitor Klein, da Abicalçados, destaca o design como diferencial competitivo para a próxima década

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Polos calçadistas

Levar as ferramentas e conceitos que se traduzam em competitividade e sustentabilidade para micro e pequenas empresas, é o trabalho do SEBRAE-MG em três polos calçadistas do Estado – Belo Horizonte, Nova Serrana e Guaxupé. “São várias ações e, em cada polo, um foco definido”, explica a analista do SEBRAE-MG, Juliana Orsetti. Em Guaxupé, os conceitos trabalhados são de gestão da operação no chamado “chão da fábrica”. “Lá eles fabricam botinas e calçados de segurança e nós estamos melhorando o processo produtivo e preparando os fabricantes para o mercado com cursos de qualidade e Programa de Alavancagem Tecnológica, por exemplo”, aponta.

cabeça monitores de TV mostrando as criações em calçados e bolsas dos polos de Belo Horizonte, Nova Serrana e Guaxupé. Muitas das empresas acompanhadas pelo SEBRAE-MG expuseram na feira, como é o caso da fabricante de calçados e bolsas Junia Gomes, de Belo Horizonte. A experiência com o SEBRAE-MG, diz Junia, foi muita positiva desde o início. “O pessoal orienta mesmo sobre aperfeiçoamento de vendas, classificação de clientes, custo. São dicas importantes que esclarecem muitos pontos e fazem a diferença”, explica a empresária, que vende calçados para todo o país e já exporta uma parte de sua produção para Angola, Japão e Estados Unidos. Tradicional fabricante de calçados femininos, a Amaia, de Nova Serrana também esteve no evento. A proprietária, Paula Pessoa, participou do projeto Foco Competitivo e mudou radicalmente o rumo de sua empresa. “Minha família tinha fábrica de tênis e o projeto me encorajou a mudar. Tive contato com compradores de produtos mais sofisticados, suporte para vir à primeira feira e resolvi apostar no segmento fashion”, conta Paula. “No ano passado, minha coleção ocupava uma prateleira. A desse ano tem mais de 100 itens”, comemora a empresária, que está vendendo seus sapatos para todo o Brasil.

Conceitos para um design genuinamente nacional

Em Nova Serrana, a metodologia do Foco Competitivo levantou a necessidade de diversificar a produção e transformar o pólo calçadista em produtor de moda rápida para aumentar a participação das indústrias no mercado nacional e internacional. O conceito de moda rápida exige que a produção, o desenvolvimento e a mudança de coleções sejam feitas com a mesma velocidade que os clientes modificam seus gostos. “O mercado exige qualidade, inovação, design e valor agregado. Isso fez com que Nova Serrana buscasse uma estratégia voltada para moda e serviços”, explica a analista do SEBRAE.

“Paulo Freire dizia “A cabeça pensa onde os pés pisam”. No design, muitas vezes tiramos o pé da nossa terra, influenciados pelo eurocentrismo”. (Dorotéia Pires)

Já em Belo Horizonte, o foco é o mercado. “São empresas que têm marcas reconhecidas. BH é um pólo que dita moda. A estratégia é avançar no acesso a mercados, estimulando a participação em feiras e missões e capacitar os empresários para exportar”, explica Juliana Orsetti.

“Muitas vezes, quem vem de fora nos enxerga melhor do que nós mesmos”. (Ronaldo Fraga)

jun•jul•2010

“A marca Brasil não é documentação de estilo exótico, mas algo divertido, sofisticado” (Ronaldo Fraga) “Uma síndrome de inferioridade faz com que o brasileiro olhe menos para a sua realidade, de onde pode tirar os elementos para criar” (Rose Andrade) “A proposta é essa; irmos a Milão e voltarmos cheios de Brasil” (Dorotéia Pires) “Se usa design para tudo, queimando referências. Nunca se teve tanto acesso à informação e, no entanto, nunca fomos tão sem graça no momento de criar” (Ronaldo Fraga)

“É preciso ter uma história para contar, cujos elementos podem ser os materiais, as origens do povo, a natureza, as madeiras disponíveis. Mas é uma decodificação sutil”. (Dijon de Moraes) 63


Design Prêmio

Prêmio

campeão

Por Bianca Alves

Segunda edição do Prêmio Sebrae Minas de Design teve 468 projetos inscritos, quatro vezes mais do que em 2008

Rodrigo, 24 anos, é bi-campeão do Prêmio. Na edição passada, ganhou na categoria Ferro Fundido, com as panelas Aviador. Foi à Itália em missão internacional promovida pelo SEBRAE-MG e voltou com uma certeza: “É um prêmio que dá visibilidade e reconhecimento profissional. O SEBRAE tem um nome respeitado e o prêmio ligado a ele, consequentemente, também tem”, afirma o designer.

U

m poleirinho para guardar todas as bugigangas que a gente usa, mas vive esquecendo onde está: celular, mp3, chaves, carregador. Esta é a proposta da estante porta-trecos, projeto criado pelo designer Rodrigo Braga França para o 2º Prêmio Sebrae Minas de Design, que ficou em primeiro lugar no setor Móveis em Ubá.

A primeira edição do prêmio, em 2008, teve mais de 120 projetos inscritos. A segunda quase quadruplicou este número – foram 468 projetos inscritos em 2010. “O prêmio desafia o profissional a entender o contexto da pequena empresa e voltar os olhos para a sua realidade”, diz Rodrigo que, para criar seu projeto, fez uma ampla pesquisa sobre o ambiente das indústrias em Ubá, levantando os públicos e demandas.

Saboneteira Gota, projeto de Lucas Gras (SP)

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Poleirinho, projeto de Rodrigo Braga França (MG)

“Em Ubá, os produtos são muito similares. Falta transmitir conceito, ter um estilo próprio. É isso que faz diferença para o consumidor, que procura algo com que se identifique e traduza um estilo de vida. O projeto fala da informalidade do dia a dia, é divertido, bem humorado e útil”, define, destacando a sustentabilidade de seu “poleirinho”, que é fabricado a partir de pinus de reflorestamento. 65


Prêmio Formato pioneiro

“O SEBRAE-MG trabalha várias ações ligadas ao design. O Premio é mais uma maneira de fazer o encontro da pequena empresa com os designers e, principalmente, gerar negócios”, aponta a analista de Tecnologia e coordenadora do prêmio, Andrea Tristão. Em sua segunda edição, o Prêmio SEBRAE Minas de Design abrangeu os seguintes setores econômicos: Ardósia - Papagaios/MG, Calçados - Nova Serrana/MG, Eletroeletrônicos - Santa Rita do Sapucaí/MG, Móveis Ubá/MG, Resíduos da Construção Civil e Resíduos da indústria de ardósia, calçados, eletroeletrônicos e móveis. O formato é pioneiro. “Não se trata apenas de premiar um projeto em ardósia, mas de ardósia explorada em Papagaios, com todo o contexto social e econômico que cerca o APL (Arranjo produtivo local)”, sublinha a coordenadora. Foi o caso de Gilberto Almeida Junior, vencedor na categoria profissional do setor Ardósia/ Papagaios, que criou uma banheira para ser comercializada pelos empresários de lá. Para isso, analisou cada característica do polo, entre elas capacidade de produção e mão de obra disponível. “O projeto é simples, mas com estilo diferenciado e potencial de negócios muito grande”, diz Gilberto. “Quis aproveitar o que eles têm, a ardósia misturada a outros componentes e, por isso, o projeto não gera resíduos”, completa o designer, que teve seu trabalho selecionado para a Bienal Brasileira de Design 2010, que será realizada em Curitiba.

Prêmio profissionais de design, que, em sua maioria, são microempresas de serviços. “Muitos dos participantes conseguiram vender seus produtos em função da premiação”, conta Andréa. Uma realidade para Gilberto, que, depois de participar do concurso em 2008, teve vários contatos de empresas. “O nome do SEBRAE é muito forte, dá credibilidade ao projeto que ganha ou mesmo que participa do concurso. Isso reverte em negócios futuros”, sustenta. O paulista Lucas Wilkinson Gras, 23 anos, não conhecia o concurso. Soube dele através do professor Milton Azevedo, da FAAP, que propôs a participação no concurso como trabalho de sua matéria, Ecodesign. Lucas mandou apenas um projeto, uma saboneteira em ardósia – a Gota, projeto vencedor na categoria Resíduos. “Além de aproveitar os restos da ardósia, ela também economiza sabonete, já que o mantém seco, suspenso em uma grade”, explica o estudante. Para ele, a função do Design é justamente essa: “criar produtos bons, ecologicamente corretos e que ganhem o mercado”. Outro estudante vencedor é Danilo Gomes Ribeiro, que criou um no-break para o setor eletroeletrônico em Santa Rita do Sapucaí. Aos 22 anos, estudante da Escola de Design da UEMG, Danilo enxerga um papel fundamental para o design no fortalecimento da pequena e média empresa. “A meu ver, o profissional que insere as atividades de design em determinado contexto, tem uma responsabilidade direta com a inovação e a diferenciação competitiva”, diz Danilo. “E o design é ferramenta fundamental nesse processo de geração não só de novos produtos, mas de ideias e conceitos coerentes com as necessidades das empresas e do próprio mercado de consumo”, conclui.

Nobreak, projeto de Danilo Gomes Ribeiro (MG)

A comissão julgadora, formada por Adélia Borges, Dijon de Moraes, Itiro Iida, Milton Gama e Ivens Fontoura, avaliou cinco critérios nos trabalhos apresentados: originalidade, concepção formal, inovação tecnológica, adequação ao mercado, viabilidade industrial e impacto ambiental. “Alguns são mais importantes, como a adequação ao mercado. Afinal, a gente quer ir ao polo e apresentar o produto aos fabricantes”, explica Andrea Tristão.

Setor Ardósia Calçado Eletroeletrônico

Nome do projeto Cuba Vitalitá Calçado para Motoboy Nobreak - Santa Rita do Sapucaí

Representante Equipe Bárbara Luiza Viegas Paulo Emanuel Lucas Neves Danilo Gomes Ribeiro

Móveis

Abstrak

Daniel Bahia Gontijo

Resíduos

Gota

Lucas Wilkinson Gras

Julia Macieira Lawton Danilo Gomes Ribeiro Sergio Junio da Silva Emanuel Lucas Neves Sergio Junio da Silva Fernando Henrique Moraes Ravi Bellardi Tavares dos Santos

Universidade UEMG UEMG UEMG UEMG FAAP

Categoria profissional Setor

Nome do projeto

Ardósia

Banheira Icon

Calçado

Eletroeletrônico

Lizard - Calçado para Corrida na Areia Equipamentos para redução do consumo de energia/aparelhos em stand by

Representante Equipe

Universidade

Gilberto Almeida Junior Fabiano Caixeta D´Alcântara

Fernando Rezende Faria Thiago José Porto de Souza Thiago Fonseca dos Reis Rodrigo Wagner Araújo

Milton Azevedo Neto

Cristiano Antônio de Magalhães Paulino Pereira

UEMG

Ulisses Andrade Noronha Neuenschwander Penha Frederico Mendes Teixeira

UEMG

Móveis

Poleirinho Estante-porta-treco

Rodrigo Braga França

Resíduos da construção civil

PERMEA - Piso intertravado permeável

Natália Mara Oliveira

UEMG UEMG

UEMG

Premiação Os vencedores da segunda edição do Prêmio SEBRAE Minas Design foram premiados no dia 9 de junho em Belo Horizonte. Eles receberam troféu e certificado de reconhecimento, mas ainda vão ter muitos outros prêmios:

1. Participação na Mostra do 2º Prêmio Sebrae Minas Design, a ser realizada no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

2. Participação no Catálogo do 2º Prêmio Sebrae Minas Design, a ser distribuído pelo SEBRAE-MG para as empresas dos setores e municípios selecionados nesta edição.

O SEBRAE-MG faz essa ponte em mão dupla, diz ela, lembrando que ao aproximar o design das micro e pequenas empresas, o prêmio também aproxima a empresa dos 66

Categoria estudante

3. Os vencedores nas duas categorias participarão de missão internacional, organizada pelo SEBRAE-MG. Em se tratando de trabalho em equipe, participará da missão um representante do grupo.

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Indústria

À procura de

trabalhadores

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Indústria

Desenvolvimento do polo de moda íntima de Vargem Grande, no Vale do Rio Doce, é tão vertiginoso que falta mão de obra para atender a demanda Por Frederico Alberti Fotos: Gustavo Black

O

s empresários de Vargem Grande, distrito de São João do Manteninha, no Vale do Rio Doce, vêm quebrando a cabeça para solucionar um problema que causaria inveja em praticamente todos os outros 5.560 municípios brasileiros: a carência de trabalhadores para ocupar as inúmeras oportunidades de emprego que diariamente surgem na região.

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Indústria

Indústria Passo maior

Quando os empresários já haviam organizado seus negócios, o SEBRAE-MG percebeu que era o momento de dar um passo maior e, entre 2009 e 2010, ofereceu o Programa de Alavancagem Tecnológica (PAT) que, como o próprio nome diz, busca elevar o patamar de tecnologia das empresas a fim de reduzir custos e aumentar a eficiência produtiva.

O ex-policial militar Emerson da Silva Xavier produz 10 mil calcinhas por dia e emprega 75 pessoas

A 500 quilômetros de Belo Horizonte, Vargem Grande tem uma população aproximada de dois mil habitantes e emprega atualmente mais da metade em suas quase 50 fábricas de moda íntima. A produção mensal do pólo chega a 500 mil peças de lingerie, mas poderia ser bem mais. “Praticamente todas as fábricas estão com entregas atrasadas e evitando aceitar muitos pedidos, porque não temos como garantir a produção por falta de costureiras”, conta Emerson da Silva Xavier, ex-policial militar que há 12 anos se dedica à confecção de calcinhas e tops de algodão e emprega 75 pessoas, com uma produção média de 10 mil calcinhas/dia. Resolver a falta de trabalhadores não é tarefa simples. Até mesmo os homens da cidade já deixaram seus antigos empregos e assumiram as máquinas de corte e costura (atualmente 40% da mão de obra é masculina). É o caso de Vicente de Paula Farias, que trabalhou por quase vinte anos produzindo tijolos nas olarias, que costumavam ser a principal atividade econômica do distrito. “Há quatro anos, surgiu a oportunidade de trocar o

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trabalho sob o sol quente pelo de costureiro. Admito que no começo tinha um pouco de vergonha de mexer com calcinhas, mas hoje não troco isso por nada. Aqui eu e minha mulher – ela trabalha na mesma fábrica – temos carteira assinada, férias, 13º salário e remuneração por produtividade, algo que nunca tive na vida”, afirma. O boom econômico da moda íntima em Vargem Grande começou em 2005 com as primeiras ações do SEBRAE-MG junto aos empresários da indústria de confecção. Marcelo Gonçalves, técnico do SEBRAE-MG na região, lembra que há cinco anos as fábricas eram todas de fundo de quintal, informais e sem processos produtivos eficientes. Ele calcula que os cursos e consultorias ajudaram a elevar a produtividade do setor em 60% desde então.

Pelo PAT, uma instrutora especializada na indústria de confecção ofereceu treinamento noturno sobre todo o processo industrial, incluindo arranjo físico da fábrica, controle de produção, fluxo de fabricação, padronização de rotinas operacionais e apuração dos resultados. Durante o dia, ela percorria as fábricas dando consultoria prática sobre os tópicos discutidos nas aulas. “Resultado: algumas fábricas conseguiram aumentar a produção em 50% já no mês seguinte ao PAT”, assegura Gonçalves. “O PAT é extremamente eficiente e, o melhor de tudo, irreversível. Quer dizer, uma vez que o empresário conhece e adota ferramentas que melhoram a competitividade

de seu negócio, ele nunca mais volta a trabalhar como antes”, avalia Andrea Furtado, analista de Tecnologia do SEBRAE-MG e coordenadora estadual do Programa. Os irmãos Luana e Leandro Andrade participam de todas as ações do SEBRAE-MG em Vargem Grande e creditam aos ensinamentos adquiridos o acréscimo de 30% na produção e nas vendas da pequena confecção familiar, que emprega 12 pessoas. “Buscamos aproveitar ao máximo as orientações dos especialistas, como a divisão das unidades de produção em células e a abertura da loja para atender melhor os clientes. Hoje temos ideias, equipamentos, matérias-primas e muita demanda. Só não crescemos mais porque não há como aumentar a produção nem diversificar a carteira de produtos quando não há mão-de-obra disponível”, comenta Luana. Segundo Marcelo Gonçalves, as próximas ações do SEBRAE-MG na região incluem consultoria gerencial com foco na área financeira, missão empresarial a outros pólos do setor e oficina de criação, além da formalização da associação das

indústrias de confecção do município e de uma pequena central de negócios, para facilitar a compra conjunta de matérias-primas. “Como todos os programas do SEBRAE-MG, estas ações certamente serão muito úteis para nos tornamos ainda mais competitivos. E como já absorvemos toda a mão-de-obra disponível na cidade, também precisamos encontrar um modo de atrair novos trabalhadores se quisermos continuar crescendo, acompanhando a demanda por nossos produtos que é cada dia maior”, insiste Emerson Xavier. O crescimento acentuado do setor vem mudando o panorama do distrito. De acordo com o prefeito Fernando Alencar, o faturamento conjunto das empresas de confecção, estimado em mais de R$ 60 milhões de reais por ano, é quase sete vezes maior que o orçamento da prefeitura para o mesmo período. Como consequência, o comércio de Vargem Grande já movimenta mais recursos que o da sede, São João do Manteninha. “O distrito tem, seguramente, o menor índice de pobreza de toda a região”, destaca o prefeito.

A empresa de Luana e Leandro aumentou o faturamento em 30%. Só não cresce mais porque não há mão de obra disponível

A primeira iniciativa foi o curso de gestão de pequenos negócios, que ensinou noções básicas de administração a cerca de 30 gestores locais. Nos anos seguintes foram realizados cursos específicos, como os de vendas, contabilidade e consultoria em design.

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Indústria

Indústria Efeitos positivos ultrapassam a divisa do estado

Como tudo começou

Há vinte anos, a dona de casa Ilza Maria Mendonça decidiu produzir jogos de toalhas para cozinha para ajudar no orçamento doméstico. A cada três dias ela completava um conjunto, que vendia para parentes e amigos. Ilza só passou a produzir moda íntima cinco anos mais tarde, quando a irmã que mora em Belo Horizonte conseguiu moldes de calcinhas com uma costureira da capital. “Achei que seria mais lucrativo porque era possível, sozinha, produzir 60 unidades por dia, contra apenas três jogos de cozinha por semana”, explica.

BH

São João da Manteninha (Vargem Grande)

A troca deu tão certo que, em pouco tempo, Ilza precisou de ajuda para atender os pedidos que se avolumavam. Atuando na informalidade, ela contratou familiares para a pequena fábrica instalada no quintal de casa. Com o passar do tempo, os parentes optaram por deixar o emprego e abrir negócios próprios. Começou assim a proliferação de fábricas de lingeries em Vargem Grande. “Ainda hoje alguns funcionários investem em empresas próprias tão logo adquirem o conhecimento necessário. E como todo mundo é parente ou amigo, ninguém se incomoda, pelo contrário, até apoia”, detalha a empresária, que atualmente conta com 40 colaboradores em sua fábrica já formalizada.

Ronilson Carneiro era vendedor ambulante em Itamaraju, na Bahia, quando chegaram às suas mãos, pela primeira vez, as peças íntimas do polo de Vargem Grande, em 2004. Impressionado com a qualidade e o potencial comercial do produto, viajou até a cidade com o intuito de adquirir uma grande quantidade para revender em seu estado. Passados seis anos, Carneiro deixou o comércio ambulante e se tornou um importante distribuidor, com mais de quatro mil revendedoras na Bahia e no Tocantins. “O mercado baiano recebeu bem o produto por seu acabamento e pelo preço competitivo, o que me faz buscar 45 mil peças a cada viagem a Vargem Grande”, contabiliza Carneiro, que almeja voos ainda mais altos. “O trabalho desenvolvido na cidade me motivou a também começar a produzir. Já adquiri algumas máquinas e estou conversando com o SEBRAE da Bahia para abrir minha própria fábrica no Nordeste”, adianta. Ex-vendedor ambulante, Ronilson Carneiro se tornou um importante distribuidor da lingerie mineira, com revendedoras na Bahia e no Tocantins

Ilza Mendonça começou fazendo jogos de cozinha em casa e hoje tem 40 colaboradores em sua empresa, já formalizada

Programa de Alavancagem Tecnológica O Programa de Alavancagem Tecnológica (PAT) é voltado para empresários de micro e pequenas empresas dos setores de confecção, calçados, móveis, cerâmica, metal-mecânico, plástico e borracha interessados em implementar ferramentas de gestão e, assim, melhorar os processos de produção e aumentar a competitividade. O PAT é dividido em duas etapas, envolvendo trei72

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namento em sala de aula e consultoria na própria planta industrial. No ano passado participaram 300 empresas e, segundo a coordenadora estadual do programa, Andréa Furtado, elas obtiveram, em média, 40% de aumento da produtividade e 30% de redução no consumo de matérias-primas apenas 30 dias após a conclusão da primeira etapa. Para este ano, a expectativa do SEBRAE-MG é capacitar mais 300 indústrias de todo o estado. 73


Prêmio

Prêmio

CAMPEÕES DO

EMPREENDEDORISMO

Por Luciana Sampaio Foto: Divulgação SEBRAE

Alunos da ETFG conquistam o 1º, o 2º e o 3º lugares em um dos desafios internacionais de empreendedorismo mais importantes do mundo: o Global Business Challenge

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Prêmio

Prêmio

C

omo é que se conjuga competitividade com espírito de equipe? Quem pode responder a essa pergunta são os sete alunos da Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG) do SEBRAE-MG, em Belo Horizonte, que representaram o Brasil e a América Latina em um dos maiores desafios de empreendedorismo do mundo: o Global Business Challenge, em Nova York, entre os dias 18 e 29 de março deste ano. Na volta para casa, além de histórias para contar e lembranças para toda a vida, eles trouxeram na bagagem os troféus de campeões de primeiro, segundo e terceiro lugares na competição, que envolve delegações de 13 países dos cinco continentes. São eles: Matheus Vaz de Melo Gomes, Érica Yuri Yoshiwara e Gabriel Chagas Brasil. Também marcaram presença na competição Cristiano Lacerda, Isadora Valle, Raquel Siqueira e Rodrigo Dias. Todos membros da mesma equipe de brasileiros, que têm entre 17 e 18 anos e se submeteram a um exame específico para participar da competição.

No teste, além do desempenho nos estudos, eles foram avaliados quanto à fluência no idioma inglês e, ainda, habilidades e competências comportamentais exigidas pelo mercado para o profissional que pretende enfrentar o desafio de trabalhar em equipe multicultural. O desafio era resolver um case empresarial – neste ano foi o do clube de futebol argentino Boca Juniors entre 1996 e 2006; responder a 12 questões sobre temas ligados a planejamento estratégico, marketing, finanças, logística, Recursos Humanos, economia, entre outras matérias no segundo idioma e, ainda, apresentar trabalho final, em power point, para uma seleta banca formada por professores de Gestão e altos executivos norte-americanos. Tudo isso em um prazo de duas horas e meia.

Festa com bandeira

O evento promovido pela Wise, empresa americana que apoia a educação nos Estados Unidos, entrou no calendário dos alunos da ETFG a partir de 2007, quando a escola recebeu, em função da qualidade do seu projeto de Empresas Simuladas, o convite do Centro de Empresas Simuladas do Brasil. “Da primeira vez fomos ver como era. Da segunda, fizemos uma festa no palco com direito a bandeira do Brasil e tudo mais. Nesta, um dos professores americanos me confidenciou que disse a seus alunos que eles deveriam se sentir confortáveis em equipes que tivessem estudantes brasileiros” comenta o professor da 76

ETFG, Elber Sales, que selecionou e acompanhou os estudantes nas três edições do Global Business Challenge. É ele, também, o responsável pela palestra que, durante dois anos, embalou o sonho dos alunos da instituição. “Hoje, somos recebidos com respeito. Além de professor, eu sou empresário e fiz o plano da minha empresa na universidade. Sou apaixonado pelo tema. Os nossos alunos são formados para atuar em mercados globais, seja como gestores de suas próprias organizações ou de suas carreiras”, destacou. Um arcabouço intelectual que se somou ao espírito de equipe que acompanhou os sete alunos durante a competição. Embora tenham sido orientados a agir com perspicácia e agressividade – e estavam muito bem preparados para fazê-lo – os jovens se reuniram para estudar o case juntos e para responder, antes de serem separados em equipes multiculturais, às prováveis questões sobre o tema. Uma vez preparados, cada um seguiu o seu caminho. Matheus Vaz de Melo Gomes, 17 anos, que completa 18 anos em junho próximo, ingressou em uma equipe composta também por um austríaco, um búlgaro e dois americanos. “Foi uma experiência única. Pela primeira vez eu me vi discutindo sobre negócios em inglês. O Brasil não perde em nada para os outros jun•jul•2010

participantes. Nós nos preparamos muito bem e nos mantivemos como uma equipe, embora estivéssemos separados em outros times de trabalho. Ganhamos de outras nações. Não competimos entre nós”, observou. A experiência e a vitória em Nova York é apenas o primeiro passo para a construção de uma carreira de sucesso. Matheus Vaz disse que pretende estudar Engenharia de Produção, um curso que se aproxima da atividade industrial no que se refere a processos e logística. Na equipe que reuniu um americano, um inglês, um romeno e um indonésio e tirou o segundo lugar geral, havia também uma brasileira: Érica Yuri Yoshiwara. A jovem de 17 anos ainda não escolheu o curso universitário que pretende seguir quando concluir os estudos na ETFG, mas enfrentou com coragem o desafio da diversidade de culturas e, consequentemente, de estilos e opiniões. “O processo de adaptação não foi tão difícil. Mas experimentamos o conhecimento que adquirimos na escola na prática. Vi que tudo pode mudar e que é preciso ter sempre um plano B”, ressaltou. Integrar o time de brasileiros que participaram do Global Business Challenge foi, para ela, uma vitória à parte. “No primeiro ano, assisti à palestra do professor Elber e defini que essa seria a minha meta”, afirma. Aluna com média superior a 90, ela tem uma visão ampla do que seja empreendedorismo, algo que, segundo a estudante, não se leva apenas para a empresa, mas para a vida toda. Gabriel Chagas Brasil, 17 anos, também se interessou pelo desafio de negócios desde que ouviu a palestra do professor Elber. “É uma experiência pessoal e profissional muito gratificante”, ressaltou. Na sua equipe havia um búlgaro, dois americanos e uma estudante austríaca, o que, nem de longe, comprometeu a capacidade de competição do jovem mineiro. Ao contrário, ele voltou confiante de que sua qualificação não ficou a dever em nada aos colegas das outras delegações. Em dúvida sobre um dos muitos cursos da área de Engenharia, o estudante pretende adquirir experiência no mercado antes de empreender. Gabriel diz que vai continuar participando de seminários para construir a sua carreira que, já na largada, tem um prêmio internacional de empreendedorismo. Incentivo para se superar não faltará.

Não é de hoje Desde 2008, os alunos da Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG) do SEBRAE-MG, em Belo Horizonte, brilham no Global Business Challenge.

2010

1º Matheus Vaz de Melo Gomes (31) 3223-1424/9242-0246 2º Erica Yuri Ioshiwara (31) 3373-4541/8449-8837 3º Gabriel Chagas Brasil (31) 2551-6285/9923-1193

2009

1º Matheus Rigueira de Azevedo 3º Paulo Rodrigues Arantes

2008

1º João Pedro Veloso Malheiros

Paulo Rodrigues Arantes, Matheus Rigueira de Azevedo e João Pedro Veloso Malheiros

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Perfil

Perfil

Do café à

O Triângulo, isoladamente, participa com 13 % do PIB do Estado, destacando-se nos segmentos de biotecnologia e a agroindústria. O Alto Paranaíba apresenta o maior equilíbrio setorial entre as atividades econômicas, com a produção de soja, café, leite, suinocultura, extração de minerais, metalurgia e segmentos relacionados ao turismo. No Noroeste da região, onde se localizam os municípios de Paracatu, Buritis e Unaí, o alicerce econômico é a extração de zinco, metais preciosos e as atividades agrícolas de soja, arroz e trigo e a pecuária bovina.

tecnologia

Ao todo, 88 municípios fazem parte da macrorregião Oeste. No Triângulo, estão as cidades de Uberlândia, capital mineira da Logística e um dos maiores centros atacadistas do país; Uberaba, pólo de genética animal e capital mundial do gado Zebu e Ituiutaba, onde está em implantação o primeiro projeto integrado de produção de plásticos a partir de álcool em escala global do mundo. E o município de Frutal, centro de excelência e referência em estudos de sustentabilidade de recursos hídricos.

da informação

A

macrorregião Oeste do SEBRAE-MG é constituída pelas regiões do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste Mineiro, que, além da vegetação de cerrado, têm em comum a produção agrícola de alta produtividade por hectare. Café, milho, cana-de-açúcar e soja são alguns dos principais produtos, mas a região é também um importante polo de logística.

No Alto Paranaíba, localizam-se Patos de Minas, capital do milho, mas também grande produtora de arroz, soja e feijão, entre outros grãos; Patrocínio, maior produtor de café do Brasil e Araxá, famosa pelo Turismo nas Termas do Barreiro e nas paisagens inesquecíveis da Serra da Canastra. No Noroeste, destaca-se o agronegócio de grandes dimensões, como em Unaí, importante produtora de grãos e Paracatu, que se destaca pela mineração de ouro. As tradicionais rodadas de negócios realizadas em Uberlândia hoje são realizadas no Encontro de Negócios Brasil Central, maior evento do interior de Minas e um dos maiores do Brasil. “O encontro traz para a região diversos seminários, palestras, consultorias e a tradicional rodada de negócios, que amplia seu alcance para o segmento público e para compradores internacionais”, descreve o gerente da Macro Oeste, Marden Magalhães. “Com estes eventos, buscamos inserir na agenda das empresas mais informação e conhecimento, subsídios fundamentais para aumento da competitividade e sustentabilidade”, completa.

Por Bianca Alves

Macro Oeste O SEBRAE-MG apóia na região 52 projetos finalísticos e individuais; Em 2010 serão investidos nestes projetos R$ 9,2 milhões.

Atendimento Previsão 2010

• Previsão 2010 • 9,3 mil consultorias • 460 palestras e oficinas • 220 cursos • 122 missões • 14 eventos • 4 Rodadas de Negócios – inclusive o Encontro de Negócios Brasil Central • 10 mil empresas formais atendidas • 2,3 mil empresas informais atendidas (auxilio na formalização) • 16 mil pessoas físicas

Uberlândia é a capital mineira da Logística e um dos maiores centros atacadistas do país

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jun•jul•2010

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Perfil

Perfil

Setores importantes

Os projetos do SEBRAE-MG na Macro Oeste atendem às necessidades de competitividade dos mais importantes setores econômicos da região, como café, leite, turismo ou tecnologia de informação, entre vários outros. Segundo Marden, o setor de TI, em Uberlândia, se desenvolve em um novo ambiente empresarial, onde as restrições de tempo e espaço foram eliminadas. “Centenas de empresas fazem parte deste arranjo produtivo e o nosso propósito é que o projeto Tecnologia da Informação seja pioneiro no uso da metodologia do Foco Competitivo. Uma das principais ferramentas de construção de projetos coletivos do SEBRAE-MG, ela tem por objetivo o aumento da competitividade, lucratividade e sustentabilidade das empresas, estimulando a dinâmica de cooperação e inovação”, aponta o gerente. Já o projeto Cafeicultores do Cerrado reúne 15 grupos do Educampo, com 250 produtores. Ele inclui os projetos de Busca da Denominação de Origem e de Internacionalização do Café do Cerrado, entre outros, cujo objetivo é estruturar a região para participar de maneira ativa na comercialização de cafés com valor agregado para os principais mercados consumidores do mundo. Um diferencial importante do projeto está no envolvimento de diversos atores da cafeicultura: as associações, produtores, cooperativas e centros de tecnologia.

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Ganhos na Fazenda

Terra de gente famosa A região que define a Macro Oeste é terra de gente conhecida em todo o Brasil. É o caso de Uberlândia, onde nasceu Grande Otelo ou de Uberaba, onde viveu o médium mais famoso do mundo, Chico Xavier, escolhido o “Mineiro do Século XX”. Ituiutaba é a terra do escritor Luis Vilela e do cantor Moacir Franco. Araxá é o berço e a fonte de Dona Beja, cuja casa é museu e Patos de Minas tem, entre seus registros, os do nascimento de Autran Dourado e Olegário Maciel. Em Monte Carmelo nasceu o romancista Mário Palmério. Outro nome famoso, mas de Cordisburgo, no região central de Minas, se inspirou nas paisagens do Noroeste Mineiro para criar uma das mais importantes obras literárias do pais. O Parque Nacional Grande Sertão Veredas recebeu o nome em homenagem a João Guimarães Rosa, que registrou a luta dos sertanejos em sua obra-prima, Grande Sertão: Veredas.

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Presidente da Associação de Cafeicultores de Monte Carmelo (Amoca) e da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Francisco Sergio de Assis se juntou a outros 15 produtores de café há quatro anos para participar do projeto. “Quando o Sebrae nos procurou, nós compramos a ideia e está indo tudo muito bem”, comemora o cafeicultor. Ele conta que, antes do Sebrae, as fazendas não tinham controle ou indicadores. “Só depois é que vimos o quanto isso era importante”, revela. Os ganhos dos produtores são expressivos. Segundo Sérgio, a produtividade aumentou 15% no período, enquanto a rentabilidade melhorou cerca de 50% e a taxa de remuneração, 30% “Como hoje nós sabemos o nosso custo, a gente consegue tomar melhores decisões de venda”, diz o produtor, destacando a intensa cooperação entre os participantes do programa. “Nós absorvemos tudo de bom que o outro faz. Essa transferência de tecnologia ajuda todos em todas

as operações da fazenda”, atesta. Para o cafeicultor, o projeto está revolucionando a cafeicultura do Cerrado. “Nós sempre fomos ousados, mas o SEBRAE abriu ainda mais as nossas cabeças”, garante.

Turismo de bem estar

Em Araxá, o SEBRAE-MG atua junto ao trade turístico, com projetos de capacitação e orientação dos empresários. O objetivo é transformar Araxá em referência do turismo de bem-estar, aumentando a competitividade das micro e pequenas empresas do setor. Participante das atividades desenvolvidas no projeto, o empresário Leonardo Pereira do Santos, o Branco, aproveitou uma visita técnica a Monte Verde e trouxe para Araxá o passeio em quadriciclos, uma moto de quatro rodas de fácil utilização nas trilhas da Serra da Canastra. “A ideia era ter um produto diferenciado, acessível a várias faixas etárias”, conta Branco, que, em sua empresa de receptivo turístico, oferece também visitas

contemplativas em um jeep. O novo negócio, segundo o empresário, é um sucesso. “O único momento em que paramos foi durante a troca de controle do Grande Hotel do Barreiro, a qual a operação está vinculada. Mas depois tudo voltou ao normal e a procura é constante”, diz Branco, que é presidente da Associação Circuito da Canastra - que congrega os municípios de Araxá, Tapira, São Roque, Sacramento, Campos Altos e Perdizes - e parceiro na continuidade e desenvolvimento dos projetos em parceria com o SEBRAE-MG. Segundo Marden Magalhães, a Macro Oeste está sempre buscando a inovação, que se traduz em utilização de novas metodologias como o Foco Competitivo, o Programa de Incentivo à Inovação, a implantação da Sociedade de Garantia de Crédito (SGC) do Alto Paranaíba, dentre várias iniciativas que, destaca o coordenador, “fortalecem nossos princípios institucionais de ousadia, criatividade e excelência”.

O Grande Hotel do Barreiro, em Araxá, é uma das principais atrações turísticas da região

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Perfil

Principais projetos do SEBRAE-MG na Macro Oeste • Comércio Justo Café do Cerrado Patrocínio • Cafeicultores do Cerrado Patrocínio, Monte Carmelo, Araxá, São Gotardo e Carmo do Paranaíba • Comercialização de leite in natura pela Pontal Leite (MR Frutal) • Denominação de origem do Café do Cerrado (MR Patrocínio) • Internacionalização do Café do Cerrado (MR Patrocínio) • Projetos leite no Triângulo Mineiro (MRs: Frutal, Ituiutaba, Uberaba e Uberlândia) • Projetos leite no Alto Paranaíba (MRs: Araxá, Patrocínio e Patos) • Projeto leite no Noroeste (MR Unaí) • Produção de madeira certificada em tora e para lenha em Monte Carmelo • Artesanato de palha de milho em Patos de Minas • Artesanato polo veredas Vale do Urucuia • Comércio varejista de calçados e acessórios de Uberlândia e Ituiutaba • Comércio varejista de farmácias e drogarias de Ituiutaba e Uberlândia • Comércio varejista de supermercados e mini mercado de Ituiutaba e região • Comércio varejista de papelarias e materiais de escritório de Uberaba e região • Desenvolvimento do comércio e serviços de Uberaba e Uberlândia • Atendimento a empreendedores e empresários das nove Microrregiões • Encontro de Negócios do Brasil Central • Tecnologia da Informação de Uberlândia • Biotecnologia do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba • Logística no Triângulo Mineiro • Serviços de atividades desportivas de Patos, Uberlândia e Patrocínio • Desenvolvimento do território Vale do Urucuia • Fortalecimento da cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro de Frutal • Turismo de bem estar em Araxá • Turismo de negócios Uberlândia, Uberaba e Araxá • Turismo rural em Uberaba • Aprimoramento do ambiente legal para MPE na Macrorregião Oeste • Desenvolvimento de habitat de inovação em Uberlândia • Sociedade de Garantia de Crédito da Região Alto Paranaíba

atendimentos

municípios

Agronegócios Artesanato Comércio Individuais Indústria/Territorial Serviços Turismo

400mil 853 45mil

Macro Oeste

empresas

Articulação Caminhos

O SEbraE-MG TaMbéM quEr aTEndEr VOcê. O Sebrae-MG pode fazer toda a diferença no seu negócio. Em 2009, milhares de empresas receberam todo o apoio que precisavam para se capacitar e enfrentar o mercado cada vez mais competitivo. Ótimos resultados foram conquistados, mas o Sebrae-MG ainda quer fazer mais por você em 2010. Você pode ser atendido nos pontos de atendimento, pelo site www.sebraemg.com.br ou pelo 0800 570 0800. Transforme a sua micro ou pequena empresa em um grande negócio.

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