Alasca

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Goiânia, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ESSÊNCIA VIAGEM

Na natureza selvagem Casal percorre 65 mil km de carro em viagem de ida e volta de Goiânia até o Alasca Fotos: Amandio Palhares e Joselle Ribeiro carro, o básico é um luxo). “A gente contava com algum conforto, como banho quente, comida feita por nós,” conta Armandio. Mas havia um incoveniente, o espaço da casa, menor que uma mesa. “Se um de nós estivesse cozinhando, o outro não podia fazer nada, nem abrir a geladeira,” conta Jos Ribeiroielle.

JÚNIOR BUENO

Era 1928. Três brasileiros partiram rumo à América do Norte num Ford T, com o sonho de construir uma rodovia que ligasse as três Américas. Dez anos depois eles chegaram ao destino, depois de conhecer 15 países, sendo saudados pelos presidentes de cada nação. Desconhecida por grande parte dos brasileiros, esta história foi resgatada por Beto Braga no livro O Brasil Através das Três Américas. Desde essa jornada pioneira, muita gente se aventura em percorrer o enorme continente de carro, conhecendo de perto paisagens e pessoas que passam longe dos roteiros das agências de viagem. Amandio Palhares, nascido em São Paulo, mas estabelecido em Goiânia, sempre teve esse sonho. “Herdei de meu pai essa paixão por viajar de carro. Minha família trabalhava com carros de corrida, a gente adorava viajar de car ro, para qualquer lugar,” explica. A mulher de Armândio, Joselle Pinheiro, foi as poucos sendo convencida da vontade que o marido tinha em desbravar o mundo. “Eu digo que o sonho é dele, mas aos poucos eu fui abraçando esse sonho,” conta. Com a ideia tomando for ma, ele começou a frequentar feiras para viajantes e percebeu que realizar esse sonho era cada vez mais possível. A primeira aventura do casal de comerciantes foi em 2007, para a Patagônia. “A gente só tinha uma barraca, foi um teste,” explica Armandio. Logo em seguida, uma segunda etapa, dessa vez para Machu Picchu e para o Deserto do Atacama, no Chile, em ple no inverno, para se acostumar às temperaturas mais baixas. “Era um frio de 25 graus negativos,” diz Josel le. Então, no dia 18 de maio de 2014 eles partiram para o Alasca a bordo de uma caminhonete equipada – que fa zia as vezes de casa também. E não é qualquer casa, já que ela era equipada com aquecedor, frigobar, fogão e cama, entre outros luxos (para quem viaja de

Praia na Costa Rica, onde a natureza é reverenciada pelos habitantes

Um dos parques nacionais do Canadá, cuja paisagem é rica e exuberante

Do calor do México ao frio do Alasca, o casal conheceu as três Américas

A casa com rodas percorreu 15 países, nas três Américas, com algum pla nejamento sobre o tempo, mas nenhum roteiro do que iriam encontrar pelo caminho. “Nós ouvimos falar que os parques nacionais do Alasca fecham dia 15 de setembro, então fizemos de tudo para chegar lá antes dis so,” explica Armandio. E no trajeto eles puderam conhecer paisagens incríveis. A temperatura entre os locais variou entre 46 graus positivos e 15 negativos. Lugares como praias paradisíacas no Peru que eles nunca ouviram falar; a exuberância da fauna e flora da Costa Rica,onde o respeito à natureza, segundo eles, se reflete na saudação dos habitantes: “Pura vida!”; a beleza das praias da região da Baja California, no México, que não fica nada a dever para as praias do Caribe; os Parques Nacionais da Flórida, com paisagens indescritíveis; o parque nacional Great Smoky Mountains, com suas cachoeiras geladas; o deserto canadense de Carcross, considerado um dos menores deserto do mundo. As Cordilheiras dos Andes, o Canal do Panamá, e as pirâmides de Tikal, na Nicarágua... Mas o que mais encantou o casal foi a receptividade que eles encontraram por onde passaram. “Foram 16 famílias que nos acolheram, sem nem conhecer, que ajudaram, que ofereceram pouso, comida, que ficavam felizes em ajudar”, diz Armandio. Joselle completa: “Eu sempre ouvi falar que o brasileiro é o povo mais hospitaleiro, mas conheci pessoas em vários países que abriram mão da própria cama para um casal de estranhos dormir. Quem você conhece que faria isso hoje em dia?” Além dessas residências, eles dormiram em campings, postos de combustíveis e eté em estacionamentos de supermercados.


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