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Goiânia, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

8 >> ESSÊNCIA

CONTINUAÇÃO DA CAPA

Pequi com aurora boreal O Alasca pertence aos Estados Unidos, ainda que esteja separado do território do país pelo Canadá. É também o estado mais escassamente povoado dos EUA, com menos de 500mil habitantes. Para quem imagina chegar lá e encontrar um iglu, vai tirando o alce da chuva. A paisagem do Alasca é verde durante grande parte do ano e a fauna é mais presente do que se imagina. Quem assistiu ao filme Na Natureza Selvagem tem uma vaga ideia de como é a paisagem local. Os parques nacionais são belíssimos, com florestas densas, planícies e cadeias de montanhas. E a fauna é exuberante, com cervos correndo pelos campos, manadas de alces atravessando as rodovias e ursos “pescando” bem próximo aos turistas. Foi esse Alasca que Armanio e Joselle encontraram durante o mês que lá estiveram. “É uma paisagem sempre muito bonita, surpreendente.” Surpreendente também foi encontrar entre os quase 500mil habitantes outros dois goianos. Cláudio, que mora em Fairbanks há 15 anos, confessou sentir saudade de comer pequi. “Eu tinha colocado na nossa bagagem uma conserva de pequi. Minha mulher não come e eu como muito pouco, mas acabei levando. Quando o Cláudio me disse que tinha saudade, eu saí, busquei a conserva e coloquei na frente dele. Ele não podia acreditar,” diz Armandio. “Lea, outra amiga goiana que conhecemos lá, se ofereceu para comprar frango e nós comemos pequi como deve ser, com frango e arroz,” diz Joselle, sorrindo. A experiência do casal em ver de perto a aurora boreal, algo tão trivial para os alasquenses como o pequi é para os goianos, também é uma lembrança inesquecível. “É algo inimaginável. Um espetáculo que se abre e fecha, tal qual cortinas. Nunca imaginei que fosse tão bonito e surpreendente. As imagens estão guardadas para sempre comigo,” conta Armandio. Após nove meses de aventura e pelo menos 12 mil fotos (como as que ilustram essa matéria) e dezenas de vídeos na bagagem, eles retornaram a Goiânia na semana passada. Foram 65 mil quilômetros percorridos e são muitas as histórias para contar e a certeza de que outras viagens virão. Entre as fotos, chama a atenção uma que Armandio tirou sentado do lado de fora do ônibus mágico, abandonado que serviu de moradia para o alpinista Christopher McCandless, cuja história está contada no filme Na Natureza Selvagem. No filme, Christopher se isola dos amigos e da família e parte de carona rumo ao Alasca, onde encontra a paz, tão almejada. Após a jornada, ele se dá conta de que“a felicidade só é verdadeira quando compartilhada”. Armandio diz que parte de sua busca foi inspirada no filme, que o marcou muito. Christopher só descobriu tarde a lição, e acabou morrendo sozinho no Alasca, envenenado por acidente. Já o casal de viajantes partiu com esse conceito na bagagem, e por onde passaram deixaram algo melhor que fotografias e trouxeram algo mais valioso que souvenires: amizade.

O “veículo-casa” do casal de viajantes, que enfrentou temperaturas entre 46ºC e 25ºC negativos

Alces pastam livremente nas pradarias multicoloridas dos parques e florestas do Estado do Alasca

Amandio em frente ao ônibus onde morou Chris McCandless, vivido por Emile Hirsch no filme Na Natureza Selvagem


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