CENTRO CULTURAL E ESPORTIVO DE SOLONÓPOLE LIA PINHEIRO CAVALCANTE LACERDA ORIENTADORA: KELMA PINHEIRO LEITE
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
CENTRO CULTURAL E ES PORTIVO DE SOLONÓPOL E
Trabalho apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário Estácio do Ceará, como requisito de avaliação da disciplina TFG.
Autor(a): Lia Pinheiro Cavalcante Lacerda Orientador(a): Kelma Pinheiro Leite
Fortaleza – CE NOVEMBRO/2017
2 AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente a Deus que se fez presente em todos os momentos sempre guiando meus passos; À minha família, principalmente meus pais e meu irmão, muito obrigada por todo o esforço e pelo suporte nesses últimos anos, principalmente pela paciência e compreensão e por estarem ao meu lado e sempre acreditarem em mim. As minhas tias que sempre se fizeram presentes e me deram carinho e atenção, em especial, tia Cândida pelo acolhimento e tia Carmélia pelo apoio financeiro, sem a ajuda delas jamais teria concluído esse curso. A minha prima Yasmin que escutou meus lamentos e dramas sem reclamar e sempre atenciosa mandando vibrações positivas; A minha amiga de infância e futura companheira de profissão Stenia Rolim que me acompanhou em todas as etapas dessa fase final, com quem pude dividir todo nervosismo e tensão. E que sempre me ajudou no que fosse possível. À professora e orientadora Kelma Pinheiro, agradeço pelo carinho, atenção e dedicação nessa jornada, além de toda assistência, disponibilidade e por sempre está ampliando meus pensamentos. Aos meus amigos da arquitetura, por terem dividido comigo os melhores momentos assim como os de angústias e aflições, em especial a Roberta, Ronoaldo e Lucivânia pelas noites de desespero que mesmo assim encontrávamos motivos bestas para rir, e a Paula que mesmo no auge da loucura do TCC sempre estava sorrindo e disponível para ajudar, desabafar e sair; Aos professores Andréa Dall’Olio e Ugo Santana pelo auxílio durante a disciplina e toda a faculdade. Também presto agradecimento aos demais professores que dividiram comigo seus valiosos conhecimentos, em especial Marcílio Lopes (apesar do terror do ateliê 8), Daniel Arruda, Larissa Porto, André Almeida, Marcelo Fortuna, Joel Filho e Gustavo Costa. A todos, minha sincera gratidão.
3 RESUMO
O anteprojeto arquitetônico de um equipamento cultural para a cidade de Solonópole/CE é o objeto de estudo deste Trabalho Final de Graduação. A principal motivação para a realização de um projeto dessa natureza se baseia na demanda de atividades culturais e artísticas na região do sertão central e à falta de espaços que possam receber esses eventos de maneira adequada. Sendo assim, conceber um Centro Cultural se caracteriza como uma iniciativa de valorização e consolidação da cultura local, bem como de incentivo à conservação dessa cultura. Tem como prioridade fazer um equipamento que se adeque a escala da região e que envolva o conceito da flexibilidade e espaços polivalentes e conceba a integração visual e social desses espaços.
Palavras-chave: Centro Cultural; Cultura; Esporte; Lazer; Novo Urbanismo.
4 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Biblioteca Pública ............................................................................
11
Figura 02 – Artesão Íris Pinheiro ........................................................................
11
Figura 03 – Aula de Zumba no Ginásio Poliesportivo ........................................
12
Figura 04 – Aula de Capoeira no Auditório do CRAS ........................................
12
Figura 05 – Campo de Futebol Improvisado – Bairro Barra Nova .....................
12
Figura 06 – Campo de Futebol Improvisado – Bairro Monte Castelo ................
12
Figura 07 – Mapeamento dos Centros Culturais do Ceará ................................
18
Figura 08 – Capela Bom Jesus Aparecido .........................................................
19
Figura 09 – Obra do Entorno da Capela ............................................................
19
Figura 10 – Mapa de Localização da Cidade no Ceará .....................................
20
Figura 11 – Mapeamento dos Bairros de Solonópole ........................................
22
Figura 12 – Mapa do Plano de Ocupação Inicial de Solonópole ........................
23
Figura 13 – Mapa de Vetores de Expansão .......................................................
24
Figura 14 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo .................................................
25
Figura 15 – Mapa do Sistema Viário ..................................................................
26
Figura 16 – Mapa de Área de Preservação Permanente (APP) ........................
27
Figura 17 – Mapa de Edificações em Áreas de Preservação ............................
28
Figura 18 – Mapa do Centro Econômico ............................................................
29
Figura 19 – Fábrica de Calçados de Solonópole ...............................................
30
Figura 20 – Gráfico da População Residente de 1991/2000/2010 .....................
31
Figura 21 – Gráfico das Matriculas Referente nos Anos de 2005/2009/2015 ....
32
Figura 22 – Bairro Santa Teresa 2012 ...............................................................
35
Figura 23 – Bairro Santa Teresa 2016 ...............................................................
35
Figura 24 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Bairro Santa Teresa ...........
36
Figura 25 – Mapa do Sistema Viário do Bairro Santa Teresa ............................
37
Figura 26 – Terreno e seu Entorno ....................................................................
38
Figura 27 – Topografia do Terreno .....................................................................
39
Figura 28 – Condicionantes Climáticos do Terreno ...........................................
40
Figura 29 – Cuca Barra ......................................................................................
48
Figura 30 – Plantas Perspectivas do Cuca Barra ...............................................
48
Figura 31 – Corte AA e BB do Cuca Barra .........................................................
49
Figura 32 – Implantação Cuca Barra ..................................................................
49
Figura 33 – Dragão do Mar ................................................................................
50
5 Figura 34 – Mapa de Setorização do Dragão do Mar ........................................
51
Figura 35 – Campus Avançado UFC – Russas ..................................................
52
Figura 36 – Planta Baixa do Pavimento Térreo Campus Russas ......................
53
Figura 37 – Planta Baixa do Primeiro Pavimento Campus Russas ...................
54
Figura 38 – Cortes AA, BB e CC do Campus Russas ........................................
54
Figura 39 – Uso de Cobogós na Fachada ..........................................................
54
Figura 40 – Fluxograma .....................................................................................
62
Figura 41 – Partido .............................................................................................
66
Figura 42 – Implantação .....................................................................................
67
Figura 43 – Planta Baixa Térreo .........................................................................
69
Figura 44 – Planta Baixa Primeiro Pavimento ....................................................
70
Figura 45 – Planta Baixa Segundo Pavimento ...................................................
71
Figura 46 – Cortes ..............................................................................................
72
Figura 47 – Fachada Oeste ................................................................................
73
Figura 48 – Fachada Sul ....................................................................................
73
Figura 49 – Fachada Leste .................................................................................
73
Figura 50 – Fachada Norte .................................................................................
73
Figura 51 – Carta Solar ......................................................................................
74
Figura 52 – Vista da Fachada Oeste ..................................................................
76
Figura 53 – Vista do Pátio Central ......................................................................
76
Figura 54 – Vista da Fachada Oeste e Sul .........................................................
77
Figura 55 – Vista do Acesso a Rampa ...............................................................
77
Figura 56 – Vista da Quadra ..............................................................................
78
Figura 57 – Vista do Anfiteatro e Quiosques ......................................................
78
Figura 58 – Vista Geral .......................................................................................
79
6 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Equipamentos Visitados e Analisados ..........................................
12
Quadro 02 – Resumo do Diagnóstico ................................................................
34
Quadro 03 – Normas Técnicas e Portarias ........................................................
58
Quadro 04 – Programa dos Centros Visitados ...................................................
60
Quadro 05 – Programa de Necessidades ..........................................................
62
7 SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................
09
1.1 OBJETIVO GERAL ...........................................................................
09
1.1.1
Objetivos Específicos ........................................................
10
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................ 1.3 METODOLOGIA ...............................................................................
10 13
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ............................................................
15
2.1 2.2 2.3 2.4 2.5
DEFINIÇÃO DE CENTRO CULTURAL ............................................. ORIGEM DOS CENTROS CULTURAIS ........................................... CENTROS CULTURAIS NO BRASIL ............................................... CENTROS CULTURAIS NO CEARÁ ................................................ CENTRO CULTURAL E ESPORTIVO DE SOLONÓPOLE ...............
15 15 16 17 18
2.5.1 2.5.2
Contexto Histórico ............................................................. Aspectos Gerais .................................................................
18 19
3 ÁREA DE INTERVENÇÃO ........................................................................
21
3.1 ANÁLISE URBANA DA CIDADE .......................................................
21
3.1.1 3.1.2 3.1.3 3.1.4
Dimensão Territorial .......................................................... Dimensão Econômica ........................................................ Dimensão Social ................................................................ Dimensão Política Urbana .................................................
21 29 30 32
3.1 O BAIRRO SANTA TEREZA ............................................................. 3.2 O TERRENO ..................................................................................... O 4 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................
34 38
5 REFERÊNCIAS PROJETUAIS ..................................................................
47
5.1 PROJETOS DE REFERÊNCIA .........................................................
47
5.1.1 5.1.2 5.1.3
41
Cuca Barra .......................................................................... Dragão do Mar .................................................................... Campus UFC – Russas ......................................................
47 50 52
6 LEGISLAÇÃO URBANA ...........................................................................
55
7 NORMAS TÉCNICAS, MANUAIS E PORTARIAS ....................................
58
8 8 PROJETO .................................................................................................. 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 8.8
59
PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................. FLUXOGRAMA ................................................................................. CONCEITO E PARTIDO.................................................................... IMPLANTAÇÃO ................................................................................ PLANTAS .......................................................................................... CORTES E FACHADAS ................................................................... CONFORTO TÉRMICO E SOLUÇÕES ........................................... ESTUDO VOLUMÉTRICO ...............................................................
59 64 65 67 69 72 74 76
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................
84
REFERÊNCIAS .........................................................................................
85
9 1
INTRODUÇÃO
Este trabalho final de graduação propõe a elaboração do projeto de um Centro Cultural e Esportivo para o munícipio de Solonópole, localizado no sertão central do estado do Ceará. A escolha do tema se deu a partir de análises da importância do equipamento público para os moradores do município, devido a carência de espaços destinados a valorização artística e cultural da cidade e de áreas adequadas para a prática de esportes. O projeto está inserido no bairro de expansão da cidade de Solonópole, que atualmente ainda possui muitos terrenos livres. A proposta é ocupar esse bairro com praças, áreas verdes e o equipamento cultural a fim de adensar a população nesse bairro e evitar que ela se espalhe e cresça desordenada apresentando cada vez mais vazios urbanos. A iniciativa passa por tentar melhorar o quadro da infraestrutura do bairro e da cidade em geral. É uma tentativa de propor soluções para encarar os problemas existentes, indicar outras perspectivas e oportunidades para a população, mantendo as atividades que já existem e incluindo novas. A ideia é oferecer um programa mais amplo ao município, com melhor qualidade para os usuários, propondo um espaço inovador e convidativo para todas as faixas etárias e classes sociais, um ambiente democrático e motivador para a propagação da cultura e do esporte no local. Dessa forma incentivar a população a ficar na cidade e usufruir e se beneficiar do que ela tem a oferecer.
1.1
OBJETIVO GERAL
Desenvolver um anteprojeto de um Arquitetura e Urbanismo, como requisito acadêmico para a elaboração do Trabalho Final de Graduação, voltado para a implantação de um Centro Cultural e Esportivo, na cidade de Solonópole, Ceará, que
10 vai oferecer atividades voltadas para todas as faixas etárias para o incentivo da arte, a cultura e o esporte no município.
5.1.3 Objetivos específicos
Pesquisar técnicas construtivas que sejam adequadas às condições climáticas da região Sertão Central do Estado do Ceará, bem como à escala e cultura da cidade; Compreender a evolução urbana da cidade de Solonópole através de um estudo sobre o uso e ocupação do solo, áreas de preservação, sistema viário, evolução histórica e processos de expansão para identificação do terreno para o projeto, tendo em vista a falta de plano diretor e mapas do município; Proporcionar espaços de convívio com utilização de vegetação nativa que se adequem ao clima local.
1.2
JUSTIFICATIVA
Centros Culturais são espaços destinados para promover e potencializar a arte e a cultura por meio de atividades culturais, criando assim o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo. O Centro Cultural e Esportivo de Solonópole propõe um espaço de cultura e arte aliado também as modalidades de esporte e ao lazer, afim de despertar talentos artísticos e habilidades esportivas, e proporcionar as interações cotidianas. A implantação do equipamento cultural na cidade baseia-se no novo urbanismo, para evitar que a cidade cresça desordenada e crie grandes vazios urbanos, como já está acontecendo. O propósito, em linhas gerais, do novo urbanismo é deixar a cidade mais adensada, múltiplos usos, com praças e infraestrutura necessária para que as pessoas não precisem se deslocar para grandes centros urbanos em busca de melhores condições ou para zonas específicas.
11 No setor cultural municipal, existe uma carência relevante, que se limita a um único equipamento de cultura, a Biblioteca Pública Municipal (Figura 01), que se encontra em estado inapropriado para o uso, nos quesitos de funcionalidade, conforto térmico e luminotécnico. FIGURA 01 – Biblioteca Pública
FIGURA 02 – Artesão Íris Pinheiro
Fonte: Acervo da Autora
Fonte: Acervo da Autora
Algumas práticas culturais que tiveram importância no passado, como festas e danças artísticas, estão se perdendo com o tempo ou sendo descaracterizadas, a causa se dá pelo fato da inexistência de atividades que mantenham essa cultura viva. Como menciona Dantas (2009, p. 271), nenhuma festa coloca-se em destaque no município para o conceito de grandeza estadual e não existe nenhuma escola com o próposito de ampliar a cultura folclórica para as futuras gerações. Contudo, vale ressaltar o grupo folclórico “maneiro-pau” que participou, em junho de 2006, com suas danças, na festa de comemoração dos 96 anos do Teatro José de Alencar. Um dos destaques na cultura artesanal do município é José Íris Pinheiro (Figura 02), mestre na arte de esculpir, ao qual suas obras foram expostas, em 2007, na entrada principal do complexo artístico do Dragão do Mar, em Fortaleza; e recentemente, em abril de 2017, participou da XII Bienal Internacional do Livro, no Centro de Eventos do Ceará, apresentando uma palestra com o tema “A Figura Feminina na Obra de Íris Pinheiro: Entre o Erótico e o Sagrado”. Além dele, a cidade apresenta alguns outros artesãos que dominam o artesanato de palha, couro e escultura, entretanto caressem de motivação e reconhocimento na própria cidade. De acordo com a citação (DANTAS, 2009, p. 531):
12 “Nenhum produto movimenta o econômico de exportação, não por ausência do artesão, talvez falte a esta gente maior incentivo do poder público, na oferta de alternativas viáveis, para motivar o desenvolvimento, com expressão de progresso.”
A partir daí percebe-se a falta de áreas de exposição, visando a valorização do artesanato e cultura local, e também de cursos de capacitação e aulas práticas para que os jovens possam aprender o artesanato da região e fazer dessa habilidade sua fonte de renda, assim movimentando a economia da cidade. No contexto esportivo, o futebol tem uma característica marcante para o esporte do município, desde 2005, quando aconteceram as primeiras vitórias nos campeonatos regionais. Mas, além dele é notável a prática de outras modalidades de esportes na cidade, como danças (Figura 03), capoeira (Figura 04), lutas e etc, que inclusive vem expandindo cada vez mais, porém são praticados em lugares inaquedados (Figura 05 e 06) e na maioria das vezes improvisados, sem a menor preocupação com o conforto e a funcionalidade. FIGURA 03 – Aula de Zumba no Ginásio FIGURA 04 – Aula de Capoeira no Poliesportivo Auditório do CRAS
Fonte: Acervo da Autora
Fonte: Acervo da Autora
FIGURA 05 – Campo de Futebol FIGURA 06 – Campo de Futebol Improvisado – Bairro Barra Nova Improvisado – Bairro Monte Castelo
Fonte: Acervo da Autora
Fonte: Acervo da Autora
13 Em virtude dessas considerações, acredita-se ser de grande relevância para a cidade e para a população um planejamento de um espaço qualificado para acomodar as modalidades esportivas e culturais já existentes e abrir espaço para novas modalidades.
1.3
METODOLOGIA
A metodologia adotada para o desenvolvimento deste trabalho foi um processo que pode ser dividido em cinco etapas: (1) estudo do referencial teórico; (2) visitas de campo e entrevistas; (3) estudo de projetos de referência; (4) diagnóstico e estudo da legislação e; (5) proposta arquitetônica. Na primeira etapa foram realizadas consultas bibliográficas, com o propósito de obter o devido conhecimento sobre o tema e sua implantação na arquitetura, e sobre as características da área de intervenção escolhida; também foram feitas pesquisa de dados históricos e fotográficos. Outro passo importante foi a análise básica a partir de dimensões territoriais por meio de mapas; e econômica, social e política através de dados e gráficos. Em um segundo momento foram feitos levantamentos em campo, aplicação de entrevistas com usuários e funcionários de centros culturais de referência, e criação de mapas e fluxogramas. A partir das visitas em campo foram feitas avaliações negativas e positivas de cada equipamento visitado para que servisse de diretriz para o programa do projeto. As sínteses das análises feitas são apresentadas no Quadro 01 (p.11). Na terceira etapa foram feitas análises de projetos arquitetônicos e consulta de trabalhos de referências, observando projetos de referências na mesma escala que obtiveram êxitos e tomando eles como orientação. Posteriormente, na quarta etapa, foram realizados levantamentos em campo, estudo de volumetria, análises de legislação, escolha de conceitos e os primeiros croquis.
14 Na quinta e última etapa foi desenvolvido o anteprojeto arquitetônico baseado no estudo realizado anteriormente.
QUADRO 01 – Equipamentos Visitados e Analisados DATA
PROBLEMAS
POTENCIALIDADES
Caixa Cultural – Fortaleza
03/04/2017
Cuca Barra – Fortaleza
05/04/2017
-
- Completo: Modalidades de Cultura, Esporte e Lazer.
Cuca Mondubim – Fortaleza
05/04/2017
-
- Completo: Modalidades de Cultura, Esporte e Lazer.
Cuca Jangurussu 06/04/2017 – Fortaleza
-
- Completo: Modalidades de Cultura, Esporte e Lazer.
- Não tem estacionamento;
- Grande praça.
Centro Cultural BNB – Juazeiro do Norte
07/04/2017
- Nenhuma área verde;
- Boa localização (fica no centro da cidade); - Grande diversidade de atividades culturais.
Sesc – Juazeiro do Norte
07/04/2017
- Não tem estacionamento;
- Completo: Modalidades de Cultura, Esporte e Lazer.
Fundação Casa Grande – Nova Olinda
- Não tem estacionamento; 07/04/2017 - Poucas áreas verdes.
- Regionalismo; - População Similar à de Solonópole.
15 2
2.1
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
DEFINIÇÃO DE CENTRO CULTURAL
Centro Cultural é um único edifício que reúne vários equipamentos culturais em um só, podendo ser de várias escalas, agregando pequenas ou grandes atividades. O objetivo dos centros culturais é oferecer as pessoas um espaço para desenvolver, conhecer e criar novos olhares. De acordo com Ramos, centros culturais podem ser classificados como: “Locais de conhecer, de pensar, de elaborar, de criar; espaços de ação contínua e não-linear, não-convencional, de fazer a cultura viva; espaço de fortalecer as individualidades para atuarem coletivamente, de maneira criativa, elaborando a cultura com as próprias mãos”. (RAMOS, 2007, p 77)
Segundo Milanesi (2003), os objetivos de um centro cultural é sempre buscar novas formas de olhar, refletir e se expressar. Ele usa três verbos fundamentais para explicar a finalidade principal desse equipamento, são eles: informar, discutir e criar. O verbo informar representa as atividades que dão acesso à informação e ao conhecimento por meio de livros, multimídia, teatro, museus e outros. É considerado o verbo essencial pois é a partir dele que o indivíduo se torna mais apto a discutir e criar. O verbo discutir consiste na aplicação de conversas, reflexões e críticas; que podem ser praticadas em espaços como auditórios, salas de reuniões, pátios, áreas de convivências e outros. E por fim, o verbo criar que apresenta o resultado dos dois verbos anteriores, através do conhecimento e da discussão para a transformação, formando novas ideias. O verbo criar pode ser desenvolvido em ateliês, oficinas de arte, dentre outros. Portanto, segundo Milanesi (2003): “Os centros culturais são espaços para cultivar a capacidade de romper e criar”.
16 2.2
ORIGEM DOS CENTROS CULTURAIS
Ainda
que
os
centros
culturais
aparentemente
pareçam
uma
invenção
contemporânea, há indícios que os espaços culturais surgiram na antiguidade clássica, em um complexo cultural conhecido com a Biblioteca de Alexandria, construída pelos egípcios no século II a.C., que de acordo com Milanesi (1997) seria o mais antigo e importante referencial de espaço cultural. A Biblioteca de Alexandria tinha por objetivo preservar e propagar os saberes da época. O equipamento era composto por cerca de 25 espaços como bibliotecas, áreas de exposições, anfiteatro, jardim botânico, zoológico e refeitório. Tinha também outra finalidade que era abrigar documentações do conhecimento existente, de setores diversos, como religião, mitologia, filosofia, medicina e etc. Devido ao programa semelhante acredita-se que os Centros Culturais atuais seriam o resgate desses antigos modelos. No século XIX, nasceram os primeiros centros culturais ingleses, chamados de Centro de Artes. Posteriormente, na década de 50, na França surgiram esses espaços como uma proposta de lazer para os operários franceses com o objetivo de interatividade, que tinha como base os princípios de centros culturais que conhecemos atualmente. Na Europa, o primeiro Centro Cultural foi inaugurado em 1977 em Paris, chamado de Centre National d’art e Culture Georges Pompidou, e também conhecido como o “Beaubourg”, foi um grande marco e foi referência para a implantação de centros de cultura em todo o mundo.
2.3
CENTROS CULTURAIS NO BRASIL
No Brasil, a história dos centros culturais é nova. O país passa a se interessar pelo tema em 1960, entretanto apenas na década de 80 surgiu os primeiros centros culturais brasileiro, localizado na cidade de São Paulo, o Centro Cultural Jabaquara e o Centro Cultural São Paulo. A construção do Centro Cultural Georges Pompidou foi
17 o que impulsionou a implantação desse equipamento em outros países, segundo Ramos (2007, p.04): “A iniciativa pioneira da França, com a construção do Centre National d’Art et Culture Georges Pompidou, inaugurado em 1977, serviu de modelo para o resto do mundo. Em nosso país, o movimento de criação dos centros de cultura iniciou-se na década de 80 e teve um crescimento vertiginoso nos últimos vinte anos, provavelmente, vinculado às possibilidades de investimento através de benefícios fiscais concedidos pelas leis de incentivo à cultura.”
Após o surgimento desses equipamentos em São Paulo se efetivou o sistema de criação de centros culturais e assim se espalhou por todo o país.
2.4
CENTROS CULTURAIS NO CEARÁ
No Ceará a grande referência é o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, localizado na capital Fortaleza, inaugurado em 1999. O equipamento é um dos maiores do Brasil, com 30 mil metros quadrados de área dividida em salas de cinema, museus, biblioteca, anfiteatro, auditório, plenário, praça verde, bares e restaurantes. Entretanto, o Estado do Ceará conta com 184 munícipios divididos em sete microrregiões: Centro-Sul, Jaguaribe, Metropolitana Fortaleza, Noroeste, Norte, Sertão-Central e Sul. Desse total de cidades apenas 28 possuem um equipamento de cultura, dentre essas destaca-se Fortaleza que tem 63 equipamentos culturais cadastrados que dão suporte necessário para a população, esse número é duas vezes maior ao encontrado nos outros munícipios do estado. Com essa proporção nota-se o quanto são escassos nos interiores do Ceará um espaço voltado para valorização e propagação da cultura. O equipamento cultural mais próximo da área de intervenção se encontra a 70 km de distância, no município de Quixelô na microrregião Centro Sul. No Sertão-Central, microrregião ao qual Solonópole pertence, existem apenas três Centros Culturais, em Mombaça, Quixadá e Pedra Branca, que se encontram, respectivamente, a 110 km, 106 km e 102 km de distância. Esses equipamentos das imediações situam-se a uma distância que não supre as necessidades de Solonópole e as cidades no seu entorno.
18 FIGURA 07 – Mapeamento dos Centros Culturais do Ceará
Fonte: http://www.rndutra.com.br/consultores.php. Acessado: 30/03/2017 às 11:50 - Adaptado pela Autora.
2.5
CENTRO CULTURAL E ESPORTIVO DE SOLONÓPOLE
É impossível entender completamente a área de estudo escolhida, assim como seus problemas e potencialidades, sem antes conhecer o contexto urbano no qual ela se insere. Com essa intenção, foi feita uma breve análise acerca do munícipio de Solonópole, levantando sua localização, história e características urbanas.
19 2.5.1 Contexto Histórico
A história do munícipio se inicia com o sesmeiro português Manoel Pinheiro do Lago que ao chegar a região firmou residência na fazenda Umari, situada nas margens da queda d’água do Riacho do Sangue. Durante a posse do seu genro, Major Simeão Correia Lima, na fazenda, foi achado um crucifixo nas imediações do local que resultou na construção da Capela do Bom Jesus Aparecido (Figura 08) em forma de agradecimento. Posteriormente, nascia um povoado no entorno da capela, ao qual recebeu o nome de Santa Cruz da Cachoeira, inerente ao cruzeiro elevado no local. Como cita Dantas (2009, p.16): “A aparição do crucifixo com a esfinge do Bom Jesus tomou assento na história local como assunto envolvido de mistérios e de fé. Foi assim que aquela gente encontrou razões para ativar a sua religiosidade que culminou na construção de uma capela para acomodar a imagem e em frente da ermida, erguido um cruzeiro, carpintejada a madeira. O cruzeiro motivou o primeiro nome do lugar. ”
Logo depois, passou a se chamar apenas pelo nome Cachoeira, sem o termo Santa Cruz, e em 1863 tornou-se distrito de Jaguaribe. Em 1870 seu território foi desmembrado de Jaguaribe e passa a ser elevado a posição de Vila Cachoeira. Por meio do Decreto nº 1.114, em dezembro de 1943, passou a ser chamada de Solonópole, em virtude a Dr. Manoel Solon Rodrigues Pinheiro, advogado, jornalista e professor natural do munícipio. FIGURA 08 – Capela do Bom Jesus Aparecido
FIGURA 09 – Obra no entorno da Capela (2016)
Fonte: http://www.solonopole.ce.gov.br/portal. Acessado dia 29/05/2017 ás 23:28
Fonte: http://www.solonopole.ce.gov.br/portal. Acessado dia 29/05/2017 ás 23:28
20 2.5.2 Aspectos Gerais
Solonópole é um munícipio do estado do Ceará inserido na região do Sertão Central a 275 km de distância da capital Fortaleza, tem sua população de 2016 estimada em 18.127 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Suas rodovias de acesso são a BR- 226, CE-060 e CE-153 e faz divisa com os seguintes munícipios: Banabuiú ao lado norte, Jaguaretama e Jaguaribe ao leste, Orós, Quixelô e Acopiara ao sul e Milhã e Dep. Irapuan Pinheiro no Oeste.
FIGURA 10 – Mapa de localização da cidade no Ceará
BANABUIÚ
JAGUARETAMA
MILHÃ SOLONÓPOLE
IRAPUAN PINHEIRO
ACOPIARA
2
5
100 m
JAGUARIBE
QUIXELÔ
1
ORÓS
2
Fonte: http://www.rndutra.com.br/. Acessado: 30/03/2017 às 11:50 - Adaptado pela Autora.
50 m
21 3
3.1
ÁREA DE INTERVENÇÃO
ÁNALISE URBANA DA CIDADE
Diante do contexto histórico, identifica-se que a estrutura urbana de Solonópole teve início com ocupações em áreas próximas ao Riacho do Sangue a qual ao decorrer do tempo a cidade foi evoluindo sem nenhum processo de planejamento adequado, de modo que se desenvolveu de forma desordenada surgindo episódios de falta de infraestrutura, desgaste ambiental, exclusão social, dentre outros problemas. Desta maneira fez-se necessário um breve levantamento de informações sobre a situação atual do município, com objetivo de definir critérios para a implantação do projeto em um local adequado e colaborar com um estudo urbanístico para a cidade. Foram feitas análises da estruturação urbana, que abordará o cenário recente de Solonópole, a partir de quatro variáveis: territorial, econômica, social e política.
3.1.1 Dimensão Territorial
Na dimensão territorial será mostrada uma visão geral do território quanto a condição em que Solonópole se encontra atualmente, relativo ao desenvolvimento e expansão, uso do solo, meio ambiente e sistema viário. O município de Solonópole possui uma área territorial de 1.536,15 km² e conta com, além do distrito-sede, mais cinco distritos: Assunção (1964), Cangati (1935), Pasta (1951), Pref. Suely Pinheiro (1991) e São José de Solonópole (1902). A sede é dividida entre os bairros (Figura 11): Centro, Alto Vistoso, Barra Nova, Planalto Santa Teresa, Domingos Sávio, Monte Castelo e Simeão Machado e Conjunto Nossa Senhora das Graças.
22 FIGURA 11 – Mapeamento dos bairros de Solonópole
Santa Tereza
Domingos Sávio Monte Castelo
Centro Barra Nova Simeão Machado
Conj. Nossa Sra.das Graças Alto Vistoso
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora. 100
200
400 m
LEGENDA: Limite dos Bairros
Após o povoado de Vila Cachoeira sofrer duas inundações, 1917 e 1921, respectivamente, foi desenhado a primeira planta do município em 1923 (Figura 12). A planta indica o plano de ocupação inicial de Solonópole, que se localiza em uma parte do bairro centro atualmente, onde se encontra a igreja e o cemitério, edificações que permanecem até hoje, sofrendo apenas algumas modificações e reformas. Além desses edifícios institucionais, vale ressaltar a Casa Aluísio Cavalcante que é uma residência que passou por diversos usos, mas que se mantem com as mesmas características da época em que foi construída, tornando-se, sem dúvidas, um grande patrimônio para a cidade.
23 FIGURA 12 – Mapa do Plano de Ocupação Inicial de Solonópole (1921)
Fonte: PINHEIRO, Francisco Solonópole. Adaptado pela Autora.
Dantas.
LEGENDA: Institucional: Igreja e Cemitério Casa Aluísio Cavacalnte
1
O Mapa de Vetores de Expansão (Figura 13) mostra as ocupações de Solonópole em etapas. A primeira etapa é indicada pelo Plano de Ocupação Inicial (Figura 12), que está representado pela cor vermelha, após ele surge o vetor 01 que indica a segunda etapa de crescimento territorial, esse vetor se limitou devido a barreira criada pelo recurso hídrico existente. Em razão do obstáculo causado pelo riacho a cidade passou a se expandir para o lado norte e ao mesmo tempo surgiram construções no decorrer das rodovias. O vetor 03, a última etapa, é o mais recente e o que ainda passa por processo de urbanização, ainda se encontra com pouca infraestrutura e grandes vazios urbanos. A marca verde trata-se da área proposta para futuras expansões, a
24 fim de tentar garantir o adensamento da população nesse perímetro e evitar que ela cresça desordenadamente. FIGURA 13 – Mapa de Vetores de Expansão
VETOR 03
VETOR 02 VETOR 02
VETOR 01
VETOR 02
VETOR 02
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora.
LEGENDA: Ocupação Inicial de Solonópole
Área Proposta para Futuras 100
200
400 m
Expansões
Observando o Mapa de Uso e Ocupação do Solo da cidade (Figura 14) nota-se a predominância residencial em todo o munícipio, com a presença de um polo de comércio e serviços na região central, instituições de ensino bem distribuídas entre os bairros e alguns vazios urbanos no lado norte do munícipio, que conforme mostra o mapa anterior (Figura 13), foi a área mais recente a ser habitada. No mapa também se percebe poucas praças e áreas verdes na cidade, possuindo sua grande maioria
25 no centro da cidade e poucas ou quase nenhuma nos bairros localizados nos extremos do município. FIGURA 14 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora.
100
200
LEGENDA: Habitação Comércio e Serviços Institucional Vazios Urbanos Esportes Educação Saúde Praças
400 m
/ No que se refere ao Sistema Viário (Figura 15), a cidade é servida por três rodovias importantes, a CE-153, CE-060 e BR-226, sendo uma localização em potencial devido à variedade de acessos e ser rota para outras cidades, tornando um ponto de conexão. A CE-153 ou Rodovia Padre Cícero cruza a cidade ligando a capital
26 Fortaleza a Região do Cariri, que dá acesso aos municípios de Banabuiú e Quixadá, e a capital Fortaleza; a CE-060, conhecida como estrada do algodão, liga Solonópole com a região Centro-Sul, fazendo contato com os municípios de Quixelô e Iguatu, viabilizando a rota de escoamento da pesca que é um forte campo da economia local; e a BR-226 dar acesso as outras cidades do centro do estado, como Senador Pompeu e Quixeramobim, e é onde está localizado o Hospital Municipal.
FIGURA 15 – Mapa do Sistema Viário
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora.
LEGENDA: Rodovias
100
200
400 m
Principais Avenidas
Para analisar o clima de Solonópole, foram consultados dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e recursos hídricos). O clima predominante é o Tropical Quente Semi-árido com uma
27 temperatura média de 27°C, podendo alcançar a uma máxima de 33°C e mínima de 21°C. Observando os ventos, sua direção dominante é o Leste e, quanto a sua velocidade, variam entre fraco e moderado. O sistema hídrico de Solonópole é composto por lagos, açudes e riachos, os quais amenizam as condições térmicas do munícipio. Destacam-se entre esses, o Açude Boqueirão que abastece a cidade, e o Riacho do Sangue que deságua dentro do açude e que também teve grande importância para o desenvolvimento do município. Nota-se através do Mapa de Áreas de Preservação Permanente – APP (Figura 16) que não foram respeitados os limites dados pelos corpos d’água e que se encontram ocupações nas margens dos lagos e riachos, o que comprova que não existe FIGURA 16 – Mapa de Áreas de Preservação Permanente (APP)
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora. Fonte das Imagens: Acervo da Autora.
LEGENDA:
Áreas de Preservação Permanente 100
200
400 m
Limite de Edificações Construídas
28 nenhuma fiscalização a cerca desse tema. A partir dessa observação, esse mapa, baseado nas leis do Código Florestal - Lei nº 4771 de 15 de setembro de 1965, propõe uma poligonal de preservação para assegurar a proteção ambiental no munícipio. A Figura 17 apresenta as edificações construídas em áreas de risco e preservação
.
ambiental, esse problema tem se agravado devido à falta de legislação que impeça essas construções em áreas de ameaça. FIGURA 17 – Mapa de Edificações em Áreas de Preservação
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora. Fonte das Imagens: Acervo da Autora.
LEGENDA: Edificações
100
200
400 m
em
áreas
de
Preservação
Diante das análises territoriais constata-se que o maior problema urbano é encontrar soluções para a situação atual, motivados por falta de um planejamento adequado e também por abrigar construções irregulares (Figura 17), ocupando áreas de
29 preservação, cada vez mais graves. Para evitar isso precisam de planejamento para prevê futuras expansões com planejamento adequado.
3.1.2 Dimensão Econômica
No que se refere a dimensão econômica de Solonópole, o munícipio tem diversas ramificações sobre o tema, antigamente a atividade econômica principal era a agropecuária e a pesca, com uma produção agrícola de algodão, arroz, mandioca, mandioca e feijão. Com o decorrer dos anos e por efeito da migração da zona rural para a zona urbana o foco econômico maior passou a ser o comércio, que se FIGURA 18 – Mapa do Centro Econômico
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora. Fonte das Imagens: Acervo da Autora.
LEGENDA: Centro Econômico
100
200
400 m
30 manifesta de maior forma no centro da cidade (Figura 18), onde se encontram lojas em geral, supermercados, farmácias, padarias, distribuidoras, restaurantes e o mercado municipal. No ano de 1999, outra atividade econômica ganhou espaço em Solonópole, tratavase da apicultura, criação racional de abelhas, que até os dias de hoje movimenta a economia da cidade. Em 2006 o munícipio reunia 39 produtores, assistidos pelo projeto APIS (Apicultura Integrada Sustentável), possuindo cerca de 2.000 colmeias. No ano de 2013 a produção de mel foi de 3.500 kg e em 2014 alcançou a 14.100 kg de colheita, esses resultados estimulam as perspectivas para a economia local. Recentemente, em 2014, foi inaugurada a primeira indústria do munícipio (Figura 19). A fábrica calçadista Neorubber, com sede no Rio Grande do Sul, chegou a Solonópole ofertando 58 vagas de emprego e atualmente a fábrica já possui mais de 300 funcionários, o que trouxe grandes retornos positivos para economia, gerando fonte de renda para o munícipio e diminuindo a taxa de desemprego.
FIGURA 19 – Fábrica de Calçados de Solonópole
Fonte: Acervo da Autora
3.1.3 Dimensão Social
Na dimensão social serão abordados os tópicos: demografia, habitação, saúde, educação, lazer e cultura. Fazendo uma análise demográfica dos últimos 20 anos
31 constata-se que a população residente urbana evoluiu constantemente durantes os últimos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). FIGURA 20 – Gráfico da População Residente de 1991/2000/2010 100% 80% 60%
10.208
9.186
8.559
5.623
7.716
9.106
1991
2000 Rural
2010
40% 20% 0% Urbana
Fonte: Autora baseada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Seguindo a evidencia da figura anterior (Figura 20), a taxa de urbanização passou de 35,52% em 1991 a ser de 51,55% em 2010. A densidade demográfica (habitantes por quilômetros quadrado) também aumentou no decorrer desses 20 anos, passando de 11,04 hab./km² em 1991 a 11,50 hab./km² em 2010. Na temática habitação, a média de domicílios particulares ocupados no munícipio, segundo o censo de 2010 do IBGE, é de 5.310 moradias no total, sendo essas 2.852 na zona urbana e 2.458 da zona rural, com um número de moradores de respectivamente, 9.100 e 8.535. Na saúde, a taxa de mortalidade infantil média do munícipio é de 17,44 para cada 1.000 nascidos vivos, comparado com as outras cidades do estado fica numa classificação de 49 de 184. Em 2009, Solonópole possuía 9 estabelecimentos de saúde SUS, segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE, e em 2015 foram cadastradas 19 unidades de saúde pública, segundo a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA). Na educação, de acordo com os índices de 2010 a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade foi de 98,4%, isso posiciona o munícipio na posição de 15 de 184 dentre os munícipios do estado do Ceará. Na figura 21 podemos acompanhar o número de
32 matrículas dos níveis fundamental e médio, nos anos de 2005, 2009 e 2015, com base nas análises do gráfico nota-se que houve uma involução dos alunos matriculados. FIGURA 21 – Gráfico das matrículas referentes aos anos de 2005/2009/2015 4.000 3.000
2.000
3.562 2.812
2.140
1.000 670
0 2005
751 2009 Fundamental Médio
579 2015
Fonte: Autora baseada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
No quesito cultura e lazer, o munícipio possui uma cultura antiga e tradicional que traz eventos atualmente para cidade como festivais de quadrilha, festejos do padroeiro, carnaval dos idosos, natal branco, queima judas, exposição agropecuária, desfile do dia sete de setembro e o grupo cultural maneiro-pau. Além desses, haviam outros costumes antigos que foram se perdendo com o tempo, como as tertúlias dançantes, roubo do santo, reisado, festas de reis, entrudo, debulha de feijão dentre outras culturas antigas. Os pontos de lazer principais da cidade são a AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) e o Balneário Prefeita Suelly Pinheiro, além das praças públicas e do canteiro central da avenida principal, a Av. Prof. Sifredo Pinheiro mais conhecida como Avenida do Estudante, onde funcionam quiosques de alimentação e reúnem centenas de pessoas nos finais de semana.
3.1.4 Dimensão Política Urbana
O munícipio possui a Lei Orgânica de Solonópole/CE, vigente desde de 2008, que age como a mais importante constituição municipal. Essa lei dispõe de incentivos a cultura, esporte e lazer; e também disponibilização regras para o desenvolvimento urbano como cita-se nos tópicos a seguir:
33 Cap. II: Da Competência do Município - Art. 9° - V – Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e a ciência. Cap. IV: SEÇÃO II: Da Cultura e do Desporto – Art. 168° - O município promoverá o desenvolvimento cultural da comunidade local, nos termos da Constituição Federal, especialmente mediante: I – Oferecimento de estímulos concretos ao cultivo das ciências, artes e letras; II – A proteção aos locais e objetos de interesse histórico-cultural e paisagístico; III – Incentivo à promoção e divulgação da história, dos valores humanos e das tradições locais; IV – Criação e manutenção de núcleos culturais e no meio rural e de espaços públicos devidamente equipados, segundo as possibilidades municipais, para a formação e difusão das expressões artístico-culturais populares; V – Criação e manutenção de bibliotecas públicas nos distritos e bairros da cidade; Art. 169 – § Único – O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social. Art. 170 – O município apoiará e incrementará as práticas esportivas na comunidade, mediante estímulos especiais e auxílios materiais ás agremiações amadoras organizadas pela população em forma regular. Cap. IV: Do Desenvolvimento Urbano do Munícipio - Art. 137° - A política do desenvolvimento urbano do Munícipio, observadas as diretrizes fixadas em lei federal, tem por finalidade ordenar o pleno desenvolvimento das funções urbanas e garantir o bem-estar da comunidade local, mediante a implementação dos seguintes objetivos gerais: I – Ordenação da expansão urbana; II – Integração urbano-rural; III – Prevenção e a correção das distorções do crescimento urbano; IV – Proteção, preservação e recuperação do meio ambiente; V – Proteção, preservação e recuperação do patrimônio histórico, artístico, turístico, cultural e paisagístico; VI – Controle do uso do solo de modo a evitar:
34 a – Parcelamento do uso do solo e a edificação vertical excessivos com relação aos equipamentos urbanos e comunitários existentes; b – a ociosidade, subutilização ou não utilização do solo urbano edificável; c – usos incompatíveis ou inconvenientes.
Finalizando o diagnóstico, podemos perceber os pontos negativos e positivos do munícipio através do quadro síntese abaixo: QUADRO 02 – Resumo do Diagnóstico
- Crescimento urbano desestruturado causando uma desorganização espacial;
PROBLEMAS
- Poucas áreas verdes e falha distribuição das praças, deixando alguns bairros esquecidos; - Carência de equipamentos de lazer; - Ocupação ilegal em áreas de preservação.
- Cidade com potencial para crescimento devido ser rota de viajantes; POTENCIALIDADES
- Grandes artesões locais; - Cultura e tradição antiga e forte.
3.2
O BAIRRO SANTA TERESA
O bairro Planalto Santa Teresa fica situado no lado norte da cidade, foi escolhido para a área de intervenção devido apresentar grande potencial para abrigar o equipamento
35 público, por ser a alguns anos o alvo de crescimento da cidade, como mostra a Figura 22 e 23 de 2012 e 2016, respectivamente. FIGURA 22 – Bairro Santa Teresa 2012 FIGURA 23 – Bairro Santa Teresa 2016
Fonte: Imagem Satélite. Google Earth. .
FIGURA 00Satélite. – Bairro SantaEarth. Teresa Fonte: Imagem Google Fonte: Imagem Satélite. Google Earth.
2016
Sua escolha foi estratégica para estar próximo ao Estádio Municipal, a Escola Técnica Estadual de Educação Profissional de Solonópole (em construção) e a Creche Municipal com o intuito de agregar ao Centro Cultural e Esportivo, pois são equipamentos significativos em relação ao programa que será proposto, diante disso manterá uma forte relação com as crianças e os jovens que frequentarão essas instituições, facilitando o acesso. A seleção do bairro também se deu pelo fato de valorizar a área e torna-la convidativa para a população, fazendo com que elas tenham vontade de ir morar lá, evitando que se espalhem e criem novos espaços pouco adensados, de modo a prevenir o aumento do número de vazios urbanos na cidade. A partir da análise do Mapa de Uso e Ocupação do Solo do bairro Santa Teresa (Figura 24) nota-se que é um bairro pouco adensado e com predominância de habitações residenciais horizontais, com alguns pontos comerciais pequenos, como padarias e comércios locais; constata-se também a presença de dois órgãos institucionais religiosos e uma unidade de saúde, além dos equipamentos de educação e esporte citados anteriormente. Destaca-se como o problema principal do bairro a carência de espaços de lazer do tipo praças e áreas verdes, que se resume apenas a uma única praça, localizada no lado norte do bairro. E como potencialidade, o forte comércio gastronômico na
36 margem da CE-153 (Rodovia Padre Cícero) que vem cada vez evoluindo mais em virtude de ser uma via de grande fluxo, levando infraestrutura para o bairro em questão e melhorando a condição econômica de todo o munícipio. FIGURA 24 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Bairro Santa Teresa
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora. Fonte das Imagens: Acervo da Autora.
LEGENDA: Área de Intervenção Estádio Municipal Creche e Escola Técnica (em construção) Posto de Saúde Praça Igrejas Comércio e Serviços Habitações
37 Tendo em consideração o sistema viário do bairro Santa Teresa (Figura 23), esse item ainda apresenta deficiência. Apesar de ser um bairro que vem evoluindo bastante, em média de 40% das vias que formam o bairro ainda se encontram em situação insatisfatória, sem pavimentação e com péssimas condições para pedestres e veículos que circulam por lá. Ainda que boa parte das vias estejam nessa circunstância atualmente, nos últimos anos houve um avanço considerável e notável na pavimentação e já se encontram muitas ruas pavimentadas, inclusive as ruas que delimitam o terreno de intervenção já passaram por esse processo de pavimentação e se encontram em ótimo estado. Devido a esse quadro de evolução, acredita-se que num futuro bem próximo o bairro esteja com esse serviço totalmente concluído. FIGURA 25 – Mapa de Sistema Viário do Bairro Santa Teresa
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora. Fonte das Imagens: Acervo da Autora.
LEGENDA: Rodovias Ruas Pavimentadas Ruas Não Pavimentadas
38 3.3
O TERRENO
Nesse capítulo serão abordados os diversos fatores que influenciaram diretamente nas decisões projetuais do equipamento cultural e esportivo. Serão apresentados aspectos acerca do terreno de intervenção, fazendo considerações sobre seu entorno, dimensões, área e topografia, além de condicionantes climáticos atribuídos a região de implantação do projeto.
FIGURA 26 – Terreno e seu entorno
TERRENO 01 A = 8.191,55 m²
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora.
TERRENO 02 A = 5.399,30 m²
LEGENDA: Área de Intervenção Habitações Comércio e Serviços
Vazios Urbanos
39 A área de intervenção foi dividida em dois terrenos, como mostra a Figura 24, o terreno 01 tem uma área de 8.191,55 m² e o terreno 02 de 5.399,30 m² totalizando uma área de 11.895,80 m². Os terrenos estão localizados entre as ruas Celadon Pinheiro, Raimundo Nogueira Pinheiro, Tv. Luís Almeida e Rodovia Padre Cícero e com a Rua Maria Francilino Pinheiro Landim que está posicionada entre os dois terrenos. As áreas pertinentes do entorno são o restaurante Rancho Zé Luís e a churrascaria Ponto do Sabor, enquanto as outras edificações da vizinhança são residências familiares e conta também com a presença de muitos lotes vazios. O terreno tem uma área ampla que pode proporcionar espaços abertos e livres com áreas verdes, que é a principal carência no bairro. Um dos pontos que vai criar diretrizes para o projeto é o gabarito do entorno do terreno que é horizontal e tem em média de três a cinco metros de altura. A topografia (Figura 27) também tem grande relevância, o terreno possui um declive de dois metros no lado sul e de três metros no lado norte, de modo que o terreno tem as extremidades mais elevadas e a parte central fica mais baixa. FIGURA 27 – Topografia do Terreno
Fonte: Autora
40 Em relação aos condicionantes climáticos do terreno (Figura 28), o movimento solar acontece no sentido Leste-Oeste de modo que a insolação maior atinge principalmente esses eixos, concluindo que as fachadas com menor insolação são as orientadas para o lado norte e sul; e em relação a ventilação predominante, esta vem da direção leste. FIGURA 28 – Condicionantes Climáticos do Terreno
TERRENO 01 A = 8.191,55 m²
Fonte: Google Earth adaptado pela Autora.
TERRENO 02 A = 5.399,30 m²
LEGENDA: Área de Intervenção
41 4
REFERENCIAL TEÓRICO
Os conceitos utilizados como princípios de estudo e fundamentação teórica para o projeto proposto são dois: um a nível de cidade e outro a nível de arquitetura. Estes conceitos foram tirados dos livros: “A cidade como um Jogo de Cartas” e “Morte e Vida das Grandes Cidades” que deram suporte ao conceito urbanístico e “Lições de Arquitetura” e “Arquitetura sob o Olhar do Usuário” que deram suporte ao conceito arquitetônico. O primeiro conceito abrange a escala urbana. Trata-se da análise urbanística voltada para o conceito do novo urbanismo, que se refere a crítica de Jane Jacobs ao modelo de construção das cidades modernistas. Jacobs defende a ideia da aplicação dos grandes centros urbanos e da diversidade, aglomerando a população e proporcionando um grande número de usuários do espaço urbano. Jacobs retrata que diminuir a densidade populacional das cidades não garante segurança contra o crime, a ideia é exatamente o oposto, quanto mais pessoas estiverem nas ruas mais seguras e tranquilas elas serão, aumentando o convívio entre os usuários e melhorando o dinamismo e a diversidade de usos da cidade. “As altas densidades habitacionais são tão importantes para a maioria dos distritos urbanos e seu desenvolvimento futuro e tão raramente consideradas como fator de vitalidade [...] As altas densidades habitacionais são malvistas no urbanismo ortodoxo e na teoria do planejamento habitacional. Acredita-se que elas levam a toda espécie de dificuldades e ao insucesso. [...]” (JACOBS, Jane, 2000, p. 223).
Santos é outro autor que apoia a nova concepção do urbanismo, ele trata a rua como um suporte de usos múltiplos. Condena as classificações funcionalistas que insistem em ver as ruas apenas como espaço de circulação de veículos e pessoas, e destaca que certos fatores como segurança dependeriam muito das possibilidades de uso da rua. “Esse tipo de problema acontece porque a maioria das cidades brasileiras cresce sem princípios ordenadores que prevejam evoluções. Quando pensam no futuro é para fazer tudo superdimensionado, o que também é ruim: os espaços ficam enormes sem nenhuma garantia de que depois serão necessários na forma em que foram executados. ” (SANTOS, Carlos Nelson F. dos, 1988, p. 92)
42 Outra concepção acerca do urbanismo é o reconhecimento da calçada como parte primordial para o bom desempenho das áreas urbanas. Além de sua principal função que é a circulação, elas quando usadas fazem com que as pessoas tenham sensação de proteção e segurança no ambiente da rua. “O principal atributo de um distrito urbano próspero é que as pessoas se sintam seguras e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos. [...] A calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios da rua a observar as calçadas. [...] Há muita gente que gosta de entreter-se, de quando em quando, olhando o movimento da rua.“ (JACOBS, 2000, p. 30, 35-36).
Santos classifica que o uso das calçadas funciona como um parque público linear de lazer coletivo: “A calçada larga é um elemento urbanístico muito útil. Grande parte do lazer coletivo se dá no passeio, lugar ótimo para crianças brincarem sob as vistas da mãe, para adolescentes namorarem, para velhos tomarem sol, para os vizinhos baterem papo [...] A calçada acaba funcionando como verdadeira praça linear. ” (SANTOS, Carlos Nelson F. dos, 1988, p. 98)
No que corresponde aos parques, Jacobs inclui nesse grupo as praças e os pátios públicos, que são os tipos mais conhecidos de parques urbanos. Eles podem se estabelecer em vazios urbanos desvitalizados e sem uso, e se tornar um elemento positivo para o bairro e para a cidade. Segundo a jornalista esses espaços são considerados um presente dado à população da cidade, porém para que uma praça ou um pátio tenham utilidade as pessoas precisam querer estar neles, de modo que ela argumenta que os parques urbanos são diretamente movidos pela forma como a vizinhança interfere neles. “Espera-se muito dos parques urbanos. Longe de transformar qualquer virtude inerente ao entorno, longe de promover as vizinhanças automaticamente, os próprios parques de bairro é que são direta e drasticamente afetados pela maneira como a vizinhança neles interfere. ” (JACOBS, Jane, 2000, p. 104)
Até aqui falamos da concepção do novo urbanismo e do funcionamento da cidade da visão de seus elementos essenciais: suas ruas, calçadas e parques. Seguindo o método dos livros escolhidos, o segundo conceito trabalha a arquitetura e suas diversas variações.
43 Hertzberger, aborda a conexão entre espaço e seus usuários, afirmando que esse vínculo pode existir numa arquitetura que permita sua apropriação, transformando um lugar prazeroso e favorável para encontros casuais. Dessa maneira, a arquitetura é aberta a interpretações individuais deixando o espaço aberto a diversos usos. “Pois o que precisamos é de uma expansão das possibilidades de todas as coisas que projetamos, para torna-las mais úteis, mais aplicáveis e, portanto, mais adequadas a seus objetivos, ou adequadas a mais objetivos.” (HERTZBERGER, Herman, 2015, p.176)
A ideia da flexibilidade é criar espaços multifuncionais, ou seja, espaços que possam acomodar várias funções diferentes sem, no entanto, que a arquitetura perca sua essência, como cita Hertzberger (2015, p.148): “O essencial, portanto, é chegar a uma arquitetura que, quando os usuários decidirem dar-lhe um uso diferente do que foi originalmente concebido pelo arquiteto, não seja perturbada a ponto de perder sua identidade.”. O autor acredita que os espaços com muita restrição ao uso causam fragmentação em vez de integração, o que gera um problema. Os espaços polivalentes ou versáteis mantêm sua especificação e segue funcional de acordo com sua primeira intenção, entretanto permitem outros usos que, eventualmente, lhe busque. “Para estar à altura das mudanças, as formas têm de ser construídas para permitir uma miríade de interpretações. Têm de poder assumir vários significados e depois abandoná-los novamente sem prejudicar a sua identidade. Isso significa buscar formas primárias que, além de aceitar um programa de necessidades, possam também libertar-se dele. A forma e as necessidades se inspiram uma na outra. A impossibilidade de criar um ambiente individual que se ajuste a todos torna necessário permitir interpretações individuais ao se projetar as coisas de modo a serem realmente capazes de interpretação.” (HERTZBERGER, Herman, 2015)
Voordt (2013, p. 38) faz uma comparação de uma situação cotidiana para explicar a essência da flexibilidade: “Assim como um terno sob medida só cabe numa pessoa, o espaço projetado para cumprir apenas uma função geralmente é muito pouco adequado a outras funções. No entanto o uso e os usuários mudam com o tempo.” É por causa desse transtorno que muitos arquitetos tentam projetar espaços apropriados para usos múltiplos, permitindo ao usuário ter suas próprias interpretações e intervenções.
44 Seguindo a concepção de Voordt (2013, p.203), ele ressalta que além de usar a flexibilidade como meio de prever mudanças futuras, a sustentabilidade é outro ponto relevante de medida futura, é uma pré-condição da facilidade e da qualidade de vida no futuro. Ele aborda isso em razão do tema sustentabilidade ser responsável por práticas de qualidade ambiental, como energia, água, matéria, mobilidade e lixo, que tem o objetivo de evitar problemas, como poluição do ar, gasto de matérias-primas, aquecimento global e desastres ecológicos, de modo a atender as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. A integração é um tema pertinente, ela pode acontecer de duas formas, do tipo integração visual e integração social. A integração visual acontece por meio de espaços que permitam a contemplação de outros espaços, permitindo ao usuário um panorama de visão que faça a conexão dele com outro cenário. A integração social acontece através de ambientes de lazer e convívio. Segundo o autor Herman Hertzberger (2015, p.177), a medida mais elementar para capacitar as pessoas a se instalarem e ficarem à vontade em seu ambiente de forma imediata é provavelmente o assento, porém ele alega que o objeto para sentar não precisa obrigatoriamente apresentar apenas essa função e ser um objeto especifico, de modo que se torne inviável para outros objetivos, o ideal é ter um objeto flexível ao seu uso e que o usuário interprete a mobília ou a estrutura do seu jeito. De uma forma que não se tenha um espaço exclusivo para sentar, mas sim um espaço com outras funções que dê essa possibilidade as pessoas. “Um lugar para sentar oferece uma oportunidade de apropriação temporária, ao mesmo tempo em que cria as circunstâncias para o contato com os outros. [...] A extrema funcionalidade de um projeto torna-o rígido e inflexível, isto é, oferece ao usuário do objeto projetado muito pouca liberdade para interpretar sua função de acordo com sua vontade.” (HERTZBERGER, Herman, 2015, p. 177)
No contexto de acessibilidade, Theo J. M. van der Voordt (2015, p.172) expressa: “Pode-se considerar boa a acessibilidade de uma edificação quando usuários regulares e visitantes esperados não têm dificuldade para chegar ao seu destino e consegue participar das atividades previstas e usar as instalações necessárias para isso.” Levando sempre em consideração o dimensionamento de espaços e de alturas voltadas para a acessibilidade, projetando ambientes acessíveis e usáveis, adotando o conceito “projetar para todos”.
45 No livro “Arquitetura sob o Olhar do Usuário”, o autor Voordt (2015) classifica os tipos de funções de uma edificação, dentre essas funções temos a função cultural, em que ele relata que o projeto deve atender as exigências ligadas ao caráter ambiental, que envolve fatores estéticos, arquitetônicos, ambientais e de planejamento e desenho urbano de determinada região, de maneira que a edificação e as atividades que nela abrigam não causem incomodo ao usuário e nem prejudiquem o meio ambiente. O objetivo da função cultural é projetar uma edificação clara, compreensível, reconhecível e, ao mesmo tempo, familiar; defendendo a qualidade da edificação através dos valores culturais e dos significados simbólicos, que é como a forma, função e técnica permitem uma síntese original e com uso eficaz dos recursos regionais. “[...] É essencial que a forma da edificação derive das necessidades do usuário e da possibilidade de obter uma construção eficiente com os materiais e técnicas disponíveis, levando em conta o contexto do projeto urbano. ” (VOORDT, Theo J. M. van der., 2013, p.13)
No que diz respeito ao conforto térmico, a edificação, em especial os centros culturais que é o tema do projeto proposto, deve proporcionar um clima interno desenvolvido para o usuário e para as atividades que ele vai desenvolver. Para adquirir ambientes confortáveis, eficientes e salubres, Voordt (2013, p.10) explica que: “Isso exige um “filtro” protetor que separe o interior do exterior e uma infraestrutura eficiente.” Nessa citação o autor demonstra a importância dos elementos de proteção solar para separar os espaços interior/exterior garantindo uma proteção térmica no lado interno da edificação e assegurando o conforto das pessoas que vão fazer uso desses espaços. De modo geral, Voordt (2013) distingue o que é qualidade arquitetônica e qualidade funcional. A qualidade arquitetônica ele vincula ao valor de utilidade, que é o nível em que a edificação é adequada para o uso previsto e garante a ele uma dimensão a mais, ou seja, refere-se até que ponto o espaço contempla aos usos possíveis desejados. Na qualidade funcional ele faz uma síntese de todos os tópicos abordados e conclui que: “A qualidade funcional exige que a edificação tenha boa acessibilidade (“acesso para todos”), crie espaço suficiente, tenha uma disposição eficiente e compreensível, seja suficientemente flexível e ofereça condições físicas e espaciais que garantam um ambiente seguro, salubre e agradável.” (VOORDT, Theo J. M. van der., 2013, 12)
46 Concluindo a fundamentação teórica, serão utilizados no projeto os conceitos de flexibilidade e polivalência, integração social e visual, acessibilidade, conforto térmico e função cultural; de modo que esses conceitos reproduzam um equipamento que ligado aos princípios urbanísticos de Jane Jacobs, crie espaços como pátios públicos, praças e largas calçadas, e incentive ao adensamento da população no bairro de intervenção, assim formando um espaço movimentado, trazendo convívio e sensação de segurança entre os usuários.
47 5
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Para uma boa compreensão acerca da arquitetura de espaços culturais, a seguir temos três obras que foram selecionadas de forma criteriosa quanto ao uso, a realidade local de sua implantação e qual contribuição sua arquitetura possibilitou ao lugar que foi inserido. Os projetos de referências apresentados são de escala regional, apresentando equipamentos localizados no Ceará, buscando ter contato com as variadas soluções de projetos nessa região, onde podemos, após análise deles, observar aspectos que foram fundamentais para o desenvolvimento deste projeto.
5.1
PROJETOS DE REFERÊNCIA
5.1.1 Cuca Barra
O projeto do Cuca Barra fica localizado no bairro Barra do Ceará em Fortaleza no Ceará, foi desenvolvido através de um concurso nacional organizado pela Prefeitura de Fortaleza juntamente com o IAB-CE (Instituto de Arquitetos do Brasil) no ano de 2006, ao qual a proposta vencedora foi a do arquiteto Eduardo Suzuki. A área de intervenção conta com 14.506,00 metros quadrados com uma área construída de 5.686,5 m² que foi concluída em 2009. O público alvo atendido são jovens de 19 a 25 anos de idade e é utilizado principalmente nos finais de semana.
“A proposta estabelece a apropriação do espaço de forma convidativa, determinando planos e eixos visuais com ampla permeabilidade e integração. Os setores foram divididos e organizados por três volumes principais: teatro, atividades múltiplas/ administrativas e o ginásio poliesportivo coberto. Além das áreas descobertas: quadra de areia/apoio; praça de exposições; piscina; teatro de arena/esportes radicais e quadra polivalente. A idéia estruturada é fundamentada em critérios espaciais dispostos de forma funcional e racional que pudessem manter uma relação dinâmica e flexível.” (Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos. Acesso em 28/04/2017 ás 23:15)
48 Figura 29 – Cuca Barra
Fonte: https://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/cuca-barra-recebe-inscricoes-para-cursos-extensivosate-sabado-24. Acesso em 19/04/2017 às 14:30
O projeto trata-se de uma reforma de uma edificação preexistente com a união de um bloco em anexo. O edifício que foi reaproveitado foi ocupado com atividades administrativas, sanitários, ensino e pesquisa, salas de dança e luta, laboratórios de áudios visuais e salas de multiuso. Enquanto o outro bloco exerce a função de cine teatro com plateia de capacidade para 200 pessoas, a piscina semiolímpica, ginásio poliesportivo e uma praça de convivência voltada para o Rio Ceará para os usuários do equipamento e as pessoas da comunidade. Figura 30 – Plantas Perspectivas Do Cuca Barra
Fonte: http://suzukiarquitetura.com.br/det_premiacoes.asp?codigo=1. Acessado: 26/04/2017 às 12:20
49 Figura 31 – Corte AA e BB Do Cuca Barra
Fonte: http://suzukiarquitetura.com.br/det_premiacoes.asp?codigo=1. Acessado: 26/04/2017 às 12:20
Figura 32 – Implantação Cuca Barra PROGRAMA DE NECESSIDADES Biblioteca CineCuca Teatro Anfiteatro Espaços de Convivência Ginástica Natação Futsal Voleibol Basquete Pilates Lutas (Jiu Jitsu, Kung Fu) Pista Skate Artes Plásticas
Fonte: http://suzukiarquitetura.com.br/det_premiacoes.asp?codigo=1. Acesso em 26/04/2017 às 12:00.
Os pontos relevantes desse projeto para o projeto proposto foram: o programa de necessidades, a setorização, os fluxos, a funcionalidade, os materiais tradicionais e tecnologias construtivas simples e adequadas, a apropriação e o uso da topografia, além da ultilização de grandes áreas verdes e a ultilização de um espaço compartilhado com a comunidade.
50 5.1.2 Centro Dragão Do Mar de Arte e Cultura
O Dragão do Mar, a maior referência para o estado do Ceará e um dos maiores do Brasil no quesito equipamento cultural, é um projeto dos arquitetos Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo. A edificação fica inserida no bairro Praia de Iracema em Fortaleza, inaugurado em 1999, e conta com 30.000 metros quadrados de área construída em que se aplicam atividades de arte e cultura, como o Teatro Dragão do Mar e suas salas de cinema, Museu da Cultura Cearense, Museu da Arte Contemporânea do Ceará, Planetário Rubens de Azevedo, Anfiteatro Sérgio Mota, Espaço Rogaciano Leite Filho, Biblioteca Leonilson, além do auditório, multi galerias temporárias, espaços de exposições e a praça verde. O complexo recebeu esse nome devido a homenagem ao personagem histórico cearense, o jangadeiro Chico da Matilde, também conhecido de Dragão do Mar, que se recusou a transportar escravos para serem vendidos no sul do Brasil. Figura 33 – Dragão Do Mar
Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/Centro_Drag%C3%A3o_do_Mar_de_Arte _e_Cultura_%284%29.jpg. Acesso em 19/04/2017 às 15:00
51 FIGURA 34 – Mapa De Setorização Do Dragão Do Mar SETOR VERMELHO: 1- Memorial da Cultura Cearense – MCC (Exposição Vaqueiros) 2- Entrada Principal (Lojinha Dragão do Mar)
3- Livraria 5- Ateliê de Artes 6- Espaço ao lado da Livraria 8- Diretoria de Museus 14- Torre de Café 15- Loja Ceart SETOR VERDE: 9- Praça Verde 13- Espaço Rogaciano Leite Filho SETOR LARANJA: 16- Estátua do Patativa do Assaré 17- Planetário Rubens de Azevedo 18- Espaço Mix 19- Diretoria de Ação Cultural 20- Administração do Planetário 21- Teatro Dragão do Mar 22- Cinemas 23- Auditório 24- Anfiteatro SETOR AZUL: 10- Museu de Arte Contemporânea MAC 11- Doca- Carga e Descarga - MAC 12- Ouvidoria/ Informação SETOR CINZA: 7- Biblioteca Menezes Pimentel 25- Arena Dragão do Mar 27- Praça Almirante Saldanha Fonte: http://www.dragaodomar.org.br/espacos.php?pg=mapa. Acessado: 26/04/2017 às 10:30
Os pontos que se destacam nessa obra são: o estilo regionalista e o uso de materiais e técnicas de construções acessíveis, o programa de necessidades, o anfiteatro, aberturas para luz solar e ventilação, as áreas livres para encontros e os objetos de integração visual, como a rampa que funciona como um espaço flexível, servindo para a plateia ter visão da praça nos dias que tiverem espetáculos. Outra questão importante foi na arquitetura paisagística em que se optou por usar espécies de vegetação nativa, como a carnaubeira e a bananeira de leque.
52 5.1.3 Campus Avançado UFC - Russas
O Campus Avançado da UFC (Universidade Federal do Ceará) é um projeto do escritório Rede Arquitetos em parceria com a RI Arquitetura, que contempla os arquitetos: Bruno Braga, Bruno Perdigão, Igor Ribeiro, Epifânio Almeida, Ricardo Braga e Inês Sobreira. O projeto abrange três unidades estruturais: o pórtico de acesso, a passarela de conexão e o bloco administrativo-didático, o conjunto foi pensado de forma a facilitar as futuras expansões e pensar em cada unidade de forma individual, mas sempre tentando interligar os blocos, seja pelos elementos de proteção ou pelos materiais usados. O campus fica localizado na cidade de Russas no Ceará e apesar de não se tratar de um equipamento cultural é uma instituição de ensino construída no interior do estado, e a partir disso a principal referência desse equipamento foi a escala da edificação.
FIGURA 35 – Campus Avançado UFC Russas
Fonte: https://www.redearquitetos.com/ufc-campus-russas
53 FIGURA 36 – Planta Baixa do Pavimento Térreo Campus Russas
Fonte: https://www.redearquitetos.com/ufc-campus-russas. Acesso em 12/06/2017 as 12:00
FIGURA 37 – Planta Baixa do Primeiro Pavimento do Campus Russas
Fonte: https://www.redearquitetos.com/ufc-campus-russas. Acesso em 12/06/2017 as 12:00
54 FIGURA 38 – Cortes AA, BB e CC do Campus Russas
Fonte: https://www.redearquitetos.com/ufc-campus-russas. Acesso em 12/06/2017 as 12:00
Outros itens de interesse desse projeto foram o uso de pilotis, a horizontalidade, a utilização de cobogós como elemento de proteção solar, os matérias e técnicas de construção simples e a valorização do uso de áreas livres sombreadas e sem uso especifico para troca de conhecimento. FIGURA 39 – Uso de Cobogós na Fachada
Fonte: https://www.redearquitetos.com/ufc-campus-russas. Acesso em 12/06/2017 as 12:00
55 6
LEGISLAÇÃO URBANA
A legislação urbana vigente do munícipio de Solonópole, datada de 1974, com mais de 40 anos de vigência se torna inviável porque foge totalmente do contexto atual, por conta disso, para o desenvolvimento desse trabalho foi necessário um estudo urbanístico da cidade para dar diretrizes a fim de justificar a implantação de um equipamento urbano no local escolhido. Através desse estudo urbanístico foram compreendidas as características físicas, econômicas, sociais, urbanas, ambientais, climáticas e culturais. Os dados levantados nessa pesquisa foram baseados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPECE (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e recursos hídricos), INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), Resoluções do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a legislação vigente e visitas em campo. No entanto, para efeito desse trabalho, foi realizada uma discriminação selecionando as leis que se fazem coerentes com o cenário urbano recente, fazendo assim uma ligação entre o Código de Postura e a análise urbanística elaborada. Apesar de não estabelecer nenhuma exigência especifica acerca das edificações, a seguir dispõemse os tópicos do Código de Postura do Munícipio (Lei Nº 28/74 de 25 de Maio de 1974) que serão aplicados como orientação para o projeto: TÍTULO I (Do Município): CAPÍTULO VII : “Artigo 36 – As ruas, avenidas e praças, reger-se-ão pelos dispostos deste capítulo quer seja construídas pelo poder público ou pela iniciativa privada. I – quando avenidas, estas terão uma largura mínima de 14 metros, e se destinarem a um maior trânsito; II – quando as ruas, terão uma largura mínima de 8 (oito) metros, se tratando de via dominante;
56 III – as demais ruas terão no mínimo de 6 (seis) metros, e se tratar de vias públicas secundárias. § 1º - No centro das avenidas será construído canteiros em toda sua extensão, que se destinam ao ajardinamento das vias públicas, bem como, a iluminação pública que será colocada no centro destes. § 2º - A arborização das ruas será feita nas margens esquerda e direita com o afastamento mínimo de 50 (cinquenta) centímetros do meio fio.” (página 11)
CAPÍTULO XII: Secção II - “§ 1º - Nas salas de espetáculos, deve ter placa luminosa com dizeres “SAÍDA” bem legível.“ (página 21) Secção XI – “Artigo 144 - Os proprietários de residências na zona urbana da cidade são obrigados a construir muros nos quintais de fundos correspondentes e terrenos baldios. § Único - A altura dos muros para terrenos baldios e quintais de fundos correspondentes, será de 3 (três) metros.” (página 31) TÍTULO II (Das Edificações em Geral): CAPÍTULO I: Secção II - “§ Único - O requerimento para construir, reconstruir ou reformar os prédios, devem ser acompanhados de: I. Planta com cota de cada pavimento nas escalas de 1:100 ou 1:50 com destino, áreas e dimensão de cada compartimento; II. Do telhado, indicando o sentido do escoamento das águas nas escalas de 1:100 ou 1:200; III. Desenho da fechada principal e outras que forem voltadas para logradouros públicos na escala de 1:50; IV. Cortes transversais e longitudinais, passando pelas partes mais altas e mais baixa do prédio, indicando a linha do terreno natural, a altura dos pés direitos, a altura de vergas, na escala de 1:50;
57 V. Plantada situação do prédio, indicando a sua posição em relação ao prédio mais próximo, e destinado a atualização da planta cadastral, na escala de 1:2000.” (Página 40) “Artigo 180 - São elementos essenciais de um projeto: I. A altura do prédio; II. A posição das paredes externas; III. Os pés direitos; IV. A posição e área dos vãos externos, quando nas fachadas e áreas dos vãos nas demais paredes externas; V.A parte da cobertura que integra a fachada; VI. As saliências e balanços.” (página 41) Secção VII - “Artigo 192 – As calçadas e passeios no perímetro urbano, são 2,50 (dois metros e cinquenta centímetros) nas ruas largas e 1,50 (um metro e cinquenta centímetro) nas ruas estreitas sendo construídos de mosaicos, cimento ou pedras.” (página 49)
58 7
NORMAS, TÉCNICAS, MANUAIS E PORTARIAS
Abaixo segue o quadro síntese com as normas técnicas que nortearão o projeto do equipamento cultural e esportivo e os seus respectivos pontos de relevância no projeto:
QUADRO 03 – NORMAS TÉCNICAS E PORTARIAS NORMA
TÍTULO
ANO
REFERÊNCIA TÉCNICA
NBR 15220
Desempenho Térmico de Edificações
2003
Guiará a análise do estudo térmico do projeto proposto.
NBR 9050
Norma Regulamentadora de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos
2004
Estabelecerá critérios e parâmetros técnicos de condições de acessibilidade universal a serem aplicados no projeto.
NBR 9077
Saída de Emergência em Edifícios
2001
Determinará os parâmetros de saídas de emergência em edificações.
NBR 15287
Norma Regulamentadora de Trabalhos Acadêmicos
2006
Especificará os princípios gerais para a elaboração de projetos de pesquisa.
1995
Definirá as condições para a elaboração de projetos de arquitetura e para a construção de edificações.
NBR 13532
Projetos Arquitetônicos
59 8
8.1
PROJETO
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Para a elaboração do pré-dimensionamento e do programa de necessidades foram realizados estudos com projetos de referências, informações coletadas do livro Neufert (2013), visitas em equipamentos com o mesmo uso e entrevistas com diretores e coordenadores de alguns centros culturais no interior do Ceará e na capital Fortaleza. Vale ressaltar que o programa se trata de um estudo preliminar e poderá sofrer mudanças ao longo do desenvolvimento do projeto. A partir das informações coletadas nas entrevistas e visitas foi feito um quadro síntese com as modalidades presentes nos centros culturais e a capacidade de cada um deles, para que a partir dessa análise seja feita a estimativa da capacidade e das áreas do projeto proposto. Dentre essa seleção de equipamentos contidos no quadro síntese (Quadro 04), dois tem um grau de importância maior em relação ao projeto: A Fundação Casa Grande localizada em Nova Olinda, interior do Ceará, foi a principal referência para o Centro Cultural e Esportivo de Solonópole, devido a sua característica regional e a escala local que tem a demanda estimada similar à do município de intervenção, contribuindo para a planejamento da capacidade de cada espaço. Posteriormente, a rede Cuca, localizado em Fortaleza, que conta com uma grande diversidade de modalidades culturais, artísticas e esportivas, que serviu de diretriz para a escolha das atividades para o programa apresentado e a partir dele foi complementado com outras áreas devido as características culturais da cidade.
60 QUADRO 04 – PROGRAMA DOS CENTROS VISITADOS Caixa Cult.
Cuca Barra
Cuca Mondubim
Cuca Janguru -ssu
Centro Cult. BNB
Sesc Juazeiro do Norte
Fundação Casa Grande
CULTURA: Teatro
184
200
300
300
250
180
Cinema
-
70
70
70
200 (Agreg ado ao teatro)
-
(Agregado ao teatro)
Auditório
-
50
50
50
50
-
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
(Agregado ao teatro) Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
-
-
-
-
Sim
Sim
Sim
20
20
20
15
8 a 12
10
-
-
-
-
30
-
20
20
20
25
30
10
20
20
20
20
-
-
5
5
5
-
-
3
Sim
Sim
Sim
-
Sim
-
-
Sim
Sim
Sim
-
Sim
-
-
30
30
30
-
30
-
-
Sim
Sim
Sim
-
-
-
-
Sim
Sim
Sim
-
30
-
-
Sim
Sim
Sim
-
-
-
-
Sim
Sim
Sim
-
-
-
-
Sim
Sim
Sim
-
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
-
Sim
Sim
Biblioteca Galeria de Sim Artes Sim Museu Sala de Oficinas Sala de Aula Sala de Informática Sala de 80 Multiuso Estúdio Musical ESPORTIVO: Piscina Quadra Poliesportiva
Sala de Dança Pista de Skate Acad. Musculação Acad. Ginástica Acad. Artes Marciais LAZER: Playground Áreas Verdes/ Praças
61 Foi criado 6 (sete) setores, cada um com seus espaços e suas especificidades, são eles: 1. Centro Cultural: Esse setor disponibiliza uma programação com atividades de arte e cultura que permitem a população vivenciar serviços, como cine auditório, museu, cinema, exposições de arte, oficinas e estúdios de música e tv, além de estimular a busca e o compartilhamento do conhecimento, através de leitura e pesquisa oferecendo não só aos alunos, mas a toda a população um ambiente de estudo e troca de aprendizado. 2. Capacitação: Esse setor oferece através da realização de cursos, palestras e oficinas uma oportunidade para formar jovens e crianças habilitados a explorar a arte, principalmente as das tradições locais, como artesanato com madeira, couro e palha, música e dança, e a culinária regional, para quem sabe transformar essas técnicas em fonte de renda. 3. Centro Esportivo: O centro esportivo traz um programa amplo em modalidades de esporte, abrangendo as modalidades existentes e complementando com novas, totalizando em 8 espaços destinados a prática de esportes, que são estes, piscina semiolímpica, quadra poliesportiva, sala de dança, pista de skate, academia de musculação, academia de ginástica e academia de artes marciais. 4. Lazer: O espaço de lazer oferece uma grande praça que irá conter playground, quiosques com gastronomia local, lojinhas para venda do artesanato produzido no centro cultural, anfiteatro e um espaço destinado para espetáculos como carnaval dos idosos e das crianças, festivais juninos, natal branco, dentre outros eventos que são tradição na cidade 5. Administrativo: O setor administrativo é onde funcionará o gerenciamento e a coordenação de todo o edifício e também onde está o setor de marketing que divulgará por meio de rádio local, panfletos e outros recursos de propaganda os eventos realizados no equipamento cultural.
62 6. Serviço: Área destinada aos funcionários e aos serviços de modo geral, como limpeza, manutenção, carga e descarga, dentre outros, que darão suporte aos demais setores. O critério para formação e divisão desses setores foi de acordo com a necessidade do uso que o equipamento irá oferecer. O programa de necessidades em geral foi pensado para dar suporte as atividades da cidade e levar as pessoas para se reunir em um espaço completo com uma capacidade para 560 pessoas e uma área total de 2.906,35 m².
QUADRO 05 - PROGRAMA DE NECESSIDADES CENTRO CULTURAL E ESPORTIVO DE SOLONÓPOLE 1. CENTRO CULTURAL AMBIENTES 1.1 Cine Auditório 1.1.1 Foyer 1.1.2 Palco 1.1.3 Plateia 1.1.4 WC 1.1.5 Espera dos Atores. 1.1.6 Camarim Feminino 1.1.7 Camarim Masculino 1.1.8 Cabine de Projeção 1.3 Biblioteca 1.3.1 Acervo 1.3.2 Atendimento 1.3.3 Estudo Coletivo 1.3.4 Sala de Estudo Grupo 1.3.5 Guarda Volumes 1.4 Galeria de Artes/ Exposição 1.5 Museu 1.5.1 Museu do Homem do Sertão 1.5.2 Museu da História do Solonópole 1.5.3 Museu Íris Pinheiro 1.6 Sala de Oficinas 1.7 Laboratório de Informática 1.8 Sala de Multiuso 1.9 Estúdio Musical 1.10 Estúdio Tv/Vídeo
QUANTIDADE
ÁREA
1 1 150 lugares 4 1 1 1 1
91,60 m² 50 m² 150 m² 3,00 m² 28,80 m² 17,45 m² 15,00 m² 15,00 m²
1 1 1 2 1 2 3 1
150 m² 30 m² 70 m² 11,70 m² 10 m² 60 m² 70 m² 70 m²
1278,15 M² ÁREA TOTAL 379,85 m² 91,60 m² 50 m² 150 m² 12,00 m² 28,80 m² 17,45 m² 15,00 m² 15,00 m² 283,40 m² 150 m² 30 m² 70 m² 23,40 m² 10 m² 120 m² 210 m² 70 m²
1
70 m²
70 m²
1 3 1 1 1 1
70 m² 42,90 m² 45 m² 43,65 m² 37,55 m² 30 m²
70 m² 128,70 m² 45 m² 43,65 m² 37,55 m² 30 m²
63 2. CAPACITAÇÃO AMBIENTES 2.1 Oficina de Artesanato 2.2 Oficina de Gastronomia Regional 2.3 Mini Auditório 1.2.1 Plateia 1.2.2 Palco 3. CENTRO ESPORTIVO AMBIENTES 3.1 Piscina 3.2 Quadra Poliesportiva 3.3 Sala de Dança 3.5 Acad. Musculação 3.6 Acad. Ginástica 3.7 Acad. Artes Marciais
QUANTIDADE 2
ÁREA 55 m²
290 M² ÁREA TOTAL 110 m²
2
55 m²
110 m²
1 50 lugares 1
70 m² 50 m² 20 m²
QUANTIDADE 1 1 1 1 1 1
ÁREA 85,00 m² 450 m² 104,90 m²
70 m² 50 m² 20 m² 807,30 M² ÁREA TOTAL 85,00 m² 450 m² 104,90 m²
104,90 m²
104,90 m²
62,50 m²
62,50 m²
QUANTIDADE
ÁREA
146 M² ÁREA TOTAL
1
-
-
3 1 2
12 m² 80 m² 15 m²
QUANTIDADE
ÁREA
36 m² 80 m² 30 m² 222,30 M² ÁREA TOTAL
1
102,75 m²
102,75 m²
1 1 1 1 1
28,40 m² 35,10 m² 13,10 m² 12,80 m² 30,15 m²
QUANTIDADE 2 1 1 2 1 1 1 1 1
ÁREA 15,50 m² 17,45 m² 30 m² 8 m² 8 m² 21,00 m² 23,60 m² 8 m² 8 m²
28,40 m² 35,10 m² 13,10 m² 12,80 m² 30,15 m² 162,60 M² ÁREA TOTAL 31,00 m² 25 m² 30 m² 8 m² 8 m² 21,00 m² 23,60 m² 8 m² 8 m²
4. LAZER AMBIENTES 4.3 Praça Externa para Espetáculos 4.4 Quiosques 4.5 Anfiteatro 4.6 Lojas 5. ADMINISTRATIVO AMBIENTES 5.1 Sala Administração Corporativa 5.2 Sala de Reunião 5.3 Setor de Marketing 5.4 Almoxarifado 5.5 Arquivo 5.6 Recepção Adm. 6. SERVIÇO AMBIENTES 6.1 Vestiário Funcionários 6.2 Copa/ Refeitório 6.3 Carga e Descarga 6.4 Depósito de Lixo 6.5 DML Geral 6.6 Almoxarifado 6.7 Setor de Manutenção 6.8 Ar Condicionado 6.9 Depósito Teatro
64 8.2
FLUXOGRAMA
O fluxograma serve para identificar e entender como funcionam os diferentes tipos de acessos e fluxos de acordo com o tipo de usuários. Abaixo segue o fluxograma baseado na programação planejada para o projeto, dividido pelos setores definidos pelo programa de necessidades.
FIGURA 40 – Fluxograma
Fonte: Autora
65 8.3
CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
Nesse capítulo serão apresentados o conceito e a evolução do partido arquitetônico adotado, e será explicada a solução volumétrica encontrada durante o processo de projetação. O conceito arquitetônico surgiu a partir da ideia de criar espaços que permitam a integração dos morados do município com a edificação possibilitando o acesso livre e respeitando os visuais do entorno sem criar barreiras, além de criar áreas flexíveis com a criação de espaços polivalentes e multifuncionais que permitam ao usuário dar o uso de acordo com a ocasião, sempre com a preocupação em conceder espaços sombreados e confortáveis para um uso prolongado. Uma das referências importantes para o partido foi extraído do livro “Arquitetura Sob o Olhar do Usuário” em que o autor Theo J. M. van der Voordt (2013) fala dos diversos conceitos e parâmetros que dão diretrizes para a forma da edificação: “De acordo com essa abordagem, a forma é determinada principalmente pelo contexto. Os fatores que exercem influência significativa são as características urbanas e arquitetônicas do terreno, a sua situação geográfica, o contexto sociocultural, o contexto histórico, o contexto jurídico (legislação e normas) e o contexto econômico. Aqui o projeto é guiado pelo esforço em criar objetos que são utilizados, de forma eficaz e eficiente, aplicando-se os meios disponíveis tanto no processo de projetar quanto no projeto propriamente dito.” (VOORDT, Theo J. M. van der., 2013, p.69)
De acordo com a concepção de Voordt (2013), a volumetria inicial surgiu a partir da conformação geométrica do terreno, ou seja, a composição volumétrica foi influenciada pela forma do terreno, possibilitando um generoso recuo como uma estratégia de criar uma perspectiva mais interessante ao edifício, essa volumetria representa a área do programa de necessidades ( Passo 1). O volume inicial foi fragmentado em blocos independentes de acordo com a função que cada um vai exercer (Passo 2).
66
FIGURA 41 – Partido 1- Volumetria a partir da conformação Geométrica do Terreno
3- União dos Blocos pelo Bloco de Circulação Vertical
2- Fragmentação em Blocos de acordo com a Função
4- Organização dos Blocos formando um Pátio Central
Fonte: Autora
A seguir foram feitas análises dos condicionantes climáticos e do entorno, diante dessa percepção os blocos foram organizados para a atender as condições climáticas, de modo que a 2 blocos passaram a ter maiores fachadas voltadas para Norte-Sul, garantindo uma volumetria mais longitudinal e menores fachadas para o Leste-Oeste. O terceiro bloco foi posicionado entre os outros dois blocos, criando um vazio central com a intenção de criar uma área de convivência interna e um lugar de contemplação da praça, esse bloco foi elevado em relação aos demais para servir de barreira da insolação e gerar sombreamento na área de convivência no período da tarde (Passo 3). A última etapa, que resultou a solução do volume final traz a união desses blocos por meio do bloco da rampa. A altura permaneceu reduzida, preservando a harmonia com o entorno do terreno e o padrão do munícipio de Solonópole (Passo 4).
67 8.4
IMPLANTAÇÃO
Nesse tópico será apresentado a divisão dos blocos na implantação da edificação no terreno 01, de acordo com o dimensionamento realizado no programa de necessidades, e sua relação com o terreno 02 que será uma praça. Um dos aspectos mais relevantes dessa proposta de implantação consiste na criação do pátio central em forma de escadaria que pode ser utilizada como área de convivência, anfiteatro e também como um elemento de integração visual entre o Centro Cultural e Esportivo e a praça localizada no outro terreno, tornando-se um espaço flexível para o usuário, a topografia inclinada permite a criação dessas escadarias do tipo arquibancadas para FIGURA 42 – Implantação
03 02 03 02 04 04 01 01
LEGENDA:
Edificação Principal Fonte: Autora
Áreas Contruídas na Praça
68 o uso do pátio como um local de contemplação aos eventos e espetáculos que vão acontecer na praça.
O bloco 01 envolve o setor Esportivo e o setor Administrativo, ambos com acessos independentes pelo pátio central. O bloco 02 é onde estar inserido o setor do Centro Cultural e o setor de Capacitação, a união dos setores foi decidida devida a ligação por meio das atividades culturais; seu acesso ocorre pela rampa que está na entrada principal voltada para a avenida, porém o acesso é facilitado por todos os lados devido a planta livre. O Teatro foi localizado no bloco 03, a entrada fica voltada para a avenida principal e com acesso independente. Ao lado fica localizado o setor de serviço que tem acesso pela rua lateral que tem menor fluxo, facilitando o carga e descarga.
No terreno 02 foi projetada uma praça que dará suporte tanto as atividades realizadas no Centro Cultural quanto a população do bairro que carece de áreas verdes. Na praça ficou inserida a quadra poliesportiva, os quiosques que irão vender os produtos produzidos pelo setor de capacitação e a área para espetáculos que são tradição na região, além de um amplo espaço de lazer com o uso de vegetação nativa e espécies que se adequem ao clima local. Dessa forma, para o paisagismo, foram selecionadas algumas categorias de plantas, do tipo árvores foram escolhidos o ipê-roxo, ipê amarelo, flamboyant e juazeiro, do tipo palmeiras foram as carnaúbas, no grupo das herbáceas foram elegidos o mandacaru, o cacto bola, a rosa do deserto e a macambira e para as forrações a xanana.
69 8.5
PLANTAS
O pavimento térreo destina-se ao bloco do teatro com uma parte do serviço e ao setor esportivo e administrativo no outro bloco, o restante do terreno foi feito uma grande área de convivência com uma planta livre facilitando os fluxos. O Teatro tem o acesso pela avenida principal, a Rodovia Padre Cícero, tem a entrada recuada como estratégia de proteção solar e conta com uma capacidade e 150 pessoas. O serviço é onde está localizado o carga e descarga que tem acesso pela rua de menor fluxo e reúne todos os ambientes de funcionários e serviços. O setor esportivo dispõe de uma piscina para aula de natação infantil, academias de artes marciais, musculação e dança. E por último setor Administrativo que tem um acesso independente e conta com todo o programa que se responsabiliza pela parte burocrática e de marketing da edificação. FIGURA 43 – Planta Baixa do Térreo
LEGENDA:
Setor Esportivo Setor Administrativo
Teatro Fonte: Autora
Setor de Serviço
70 Na planta do primeiro pavimento fica locado o setor do centro cultural que se dispõe as salas de oficinas, laboratórios, museus, biblioteca e etc. E é nesse andar também que se encontra a segunda parte do setor de serviço que fica mais reservada. A ligação entre os dois blocos acontece pela passarela que fica na rampa de acesso aos blocos.
FIGURA 44 – Planta Baixa Primeiro Pavimento
LEGENDA:
Setor Esportivo Setor do Centro Cultural
Teatro
Setor de Serviço
Fonte: Autora
O segundo e último pavimento é onde fica todo o setor de capacitação, com as oficinas de gastronomia regional, artesanato e o auditório para palestras e cursos. Esse andar tem acesso ao amplo teto jardim que é mais uma área de convivência interna que permite uma visão do entorno.
71 FIGURA 45 – Planta Baixa Segundo Pavimento
LEGENDA: Setor de Capacitação Teto Jardim Fonte: Autora
72 8.6
CORTES E FACHADAS
Através dos cortes e das fachadas é possível visualizar o gabarito da edificação e quais as formas de proteção solar adotadas. No primeiro corte nota-se como foi feita a distribuição da plateia do teatro e o forro acústico para condicionamento do ar, nesse mesmo corte podemos ver com detalhe como é o funcionamento das brises e do jardim que fazem a proteção da fachada oeste. No corte seguinte observa-se como é a circulação vertical, escada e rampa, e a relação entre os dois blocos ligado pela rampa/passarela. Em ambos os cortes é fácil notar a diferença de altura dos blocos. FIGURA 46 – Cortes
Fonte: Autora
A seguir são apresentadas as fachadas e seus elementos de composição. Na fachada Oeste foi utilizada brises, jardim vertical e parede dupla para proteger a insolação, outro aspecto relevante foi a decisão de recuar o bloco do teatro para o pilotis gerar sombreamento nesse bloco. A fachada Sul foi trabalhada com cobogós de cerâmica que filtram a radiação solar direta de algumas janelas importantes, como as do museu e biblioteca, e também garantem a iluminação difusa e a ligação com o exterior na parte da piscina, permitindo aos alunos da natação ter visão do lado de fora. A Fachada Leste é marcada pelos corredores de circulação do bloco do centro cultural e capacitação, é uma fachada simples de cor branca que se destaca pela grande coberta amarela da rampa. E a fachada Norte é onde fica localizada a entrada de
73 serviço, nessa fachada foi trabalhado apenas com o concreto aparente e também é nela que tem a vista da caixa d’água (tipo: castelo d’água). FIGURA 47 –Fachada Oeste
Fonte: Autora
FIGURA 48 –Fachada Sul
Fonte: Autora
FIGURA 49 –Fachada Leste
Fonte: Autora
FIGURA 50 –Fachada Norte
Fonte: Autora
74 8.7
CONFORTO TÉRMICO E SOLUÇÕES
Para gerar conforto térmico foi pensado na elaboração de cobogós, brises, marquises, varandas e vegetação, além da própria forma da edificação servir de proteção solar para as áreas de convivência. “A arquitetura é o jogo sábio, habilidoso e grandioso de volumes expostos à luz. Nossos olhos são feitos para ver formas na luz; a luz e a sombra revelam estas formas.” (CHING, Francis D.K. apoud LE CORBUSIER, 2008, p. 170)
Na fachada Oeste foi usado brises horizontais fixas, que permitem a passagem da ventilação e a visual das pessoas para o externo, depois das brises foi feita uma varanda jardim de 2 metros para garantir mais ainda a proteção dessa fachada. Para comprovar a eficácia desses brises usadas na fachada mais prejudicada devido se expor ao poente, foi feito um estudo com a carta solar.
FIGURA 51 – Carta Solar
Fonte: Autora
75 De acordo com o resultado da carta solar as brises geram um ângulo de 65º de sombra, que significa sombra o ano inteiro entre as 07:00h da manhã e 16:30h da tarde, que protegem as salas de laboratórios, oficinas, auditório e salas de multiuso que vão ter funcionamento até as 17h. O resultado foi bastante positivo pois as brises cumprem 95% do que é desejado.
76 8.8
ESTUDO VOLUMÉTRICO
FIGURA 52 – Vista da Fachada Oeste
Fonte: Autora
FIGURA 53 – Vista do Pátio Central
Fonte: Autora
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FIGURA 54 – Vista da Fachada Oeste e Sul
Fonte: Autora
FIGURA 55 – Vista do Acesso a Rampa
Fonte: Autora
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FIGURA 56 – Vista da Quadra
Fonte: Autora
FIGURA 57 – Vista do Anfiteatro e Quiosques
Fonte: Autora
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FIGURA 58 – Vista Geral
Fonte: Autora
80 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível concluir através dessa pesquisa que a região de Solonópole é carente de espaços destinados a cultura e que o bairro de intervenção necessita de áreas verdes e infraestrutura básica. Esse tipo de problema priva a população de uma melhor qualidade de vida e deixa crianças e jovens sem perspectivas. O Centro Cultural e Esportivo de Solonópole foi idealizado para ser uma edificação que permita seu uso com flexibilidade e integração, tendo em vista a preocupação com a proteção da identidade local do equipamento, pensando sempre em materiais, técnicas e vegetações disponíveis na região, mas sem deixar de ser um espaço envolvente, confortável e dinâmico. Além do estudo para o projeto arquitetônico, este trabalho contribuiu com uma análise referente ao levantamento e diagnóstico sobre o planejamento urbano de Solonópole para que, a partir dessa pesquisa, apareçam novos estudos relativos a ele, e para que sirva como suporte nas decisões projetuais.
REFERÊNCIAS
LIVROS: CHING, Francis D.K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. 2º Ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2008. DEL RIO, Vicente. Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento. São Paulo: Pini. 1990. HERTZBERGER, Herman. Lições da Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2015. JACOBS, Jane. Morte e Vida das grandes cidades. 3º Ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. – (coleção cidades) LYNCH, Kelvin. A imagem da cidade. 3º Ed. – São Paulo: Editora WMF Martins
Fontes, 2011. – (coleção cidades) MELENDEZ, Adilson. Edifícios Culturais: Centro Cultural Usiminas: Sito Arquitetura. São Paulo: Livraria BKS, 2006 (Coleção arquitetura comentada, 8). MILANESI, Luís. A Casa da invenção. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. NEUFERT, E. A Arte de Projetar Em Arquitetura. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. PINHEIRO, Francisco Dantas. Solonópole. ABC Editora, 2009. SANTOS, Carlos Nelson F. A Cidade como um Jogo de Cartas. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. VAINER, André; FERRAZ, Marcelo. Cidadela da Liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompeia. São Paulo: Edições Sesc.
VAN LENGEN, Johan. Manual do arquiteto descalço. 1º Ed. – São Paulo: B4 Ed., 2014. VOORDT, Theo J. M. van der. Arquitetura sob o olhar do usuário. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.
PUBLICAÇÕES: BARRETO, Flávio Ataliba F.; MENEZES, Adriano Sarquis B. de; ASSIS, Dércio Nonato Chaves de. (org). Perfil básico municipal 2016 de Solonópole. IPECE, 2012. RAMOS, Luciene Borges. Centro Cultura: território privilegiado da ação cultural e informacional na sociedade contemporânea. Artigo apresentado no Terceiro Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, 2007.
PINTO, Gabriela Baranowski; PAULO, Elizabeth de; SILVA, Thaisa Cristina da. Os Centros Culturais como Espaço de Lazer Comunitário: O Caso de Belo Horizonte. CULTUR/ano 6 - nº 02. 2012.
SITE: Projeto
Concurso
Cuca
Barra.
2006.
Disponível
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.065/2640?page=3>. em 28/04/2017 ás 23:15.
em: Acesso
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CENTRO CULTURAL E ESPORTIVO DE SOLONÃ&#x201C;POLE
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ