Paraíba rural março

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A informação correta - Nº 102 - Preço R$ 5,00

Mandala Sistema

Um projeto auto-sustentável promissor para o Brasil


Expediente

Editoral O inverno e os enganos da meteorologia

Revista Paraíba Rural, nº 102 - 2016

Antonio Henriques Filho Diretor Presidente Denise Sales de Lima Diretora Administrativa e Comercial Colaboradores Antonio Henriques Júnior Juliana Figueiredo Henriques Adauto Neto Naiá Figueiredo de Freitas Anderson Almeida de Freitas Contato: (83) 98639-3023 | 99605-0999 revistatudoaver@gmail.com Sistema Paraíbano de Comunicação CNPJ: 22.557.194.0001-63 Tiragem: 3.000 exemplares

Ser pragmático ou sucinto, pode parecer estar sendo radical... os constantes erros dos cientistas do tempo. É necessário dizer que a dinâmica da natureza, surpreende e desmente de forma avassaladora, os prognósticos ditames, de pessoas presunçosas e pretensiosas, que, ao falar sobre o inverno, nunca acertaram, nem de um dia para o outro. Jamais terão eles, condições de adivinhar, usando termos como “probabilidade”, o que nunca se trata de uma ciência exata. Enquanto, previam o ano de 2016, como mais um ano de seca, Deus demonstra que mesmo com uso de equipamentos sofisticados, nenhum ser humano será capaz de prever de forma precisa a dinâmica da natureza. Como prova disso, a invernada que já abrange todo o nordeste, inclusive as áreas mais tórridas, como o cariri paraibano, demonstra a falta de senso, desses pseudos cientistas. É uma pena, que em se tratando da invernada, que traz boas esperanças para o povo sofrido, do estado da Paraíba, predomine a monocultura, como a cana-de-açúcar, abacaxi, mandioca. Restando muita área cultivável do estado, por estar abandonada ou que só serve para arrendamento de pastagens. Enquanto isso, a agricultura de subsistência (familiar), não encontra o devido incentivo ou apoio. No momento em que o inverno poderia proporcionar uma grande safra de grãos para alimentação do povo sertanejo, não há por parte do sistema, apoio e nem credibilidade junto aos bancos oficiais (quando os pequenos produtores, estão com suas terras penhoradas junto às instituições financeiras). Os mesmos até hoje não conseguiram o perdão das dívidas, como as grandes empresas, bancos privados e latifundiários conseguiram, e o povo irá passar fome. Que país é esse?

Índice

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Efraim defende o Perdão dos Produtores Rurais da paraíba

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“O venevo Está Na Mesa”

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Sistema Mandalla Um projeto auto-sustentável promissor para o Brasil

Como plantar feijão Peixe faz mesmo bem a Saúde

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Agricultores devem ter atenção à exposição ao sol Doenças na Ovinocultura 3


EFRAIM DEFENDE O PERDÃO DA DÍVIDA DOS PRODUTORES RURAIS DA PARAÍBA Renegociação ou perdão das dívidas dos agricultores paraibanos, a luta contra a seca, a transposição do Rio São Francisco, mudança na forma como o Governo Federal trata os produtores paraibanos, essas são algumas das bandeiras de atuação do Deputado Federal Efraim Filho. O deputado afirma que tem estado presente em todas as discussões que envolvem a renegociação e ou perdão das dívidas dos agricultores/produtores paraibanos com o Banco do Nordeste, coloca que “nenhum político da Paraíba, tem lutado mais por essa situação do pequeno agricultor do que nós. Afirmo sem medo de errar, que quem pode atestar o que falo são os representantes das associações dos segmentos que vão à Brasília, nenhum deputado esteve presente no manifesto em frente a sede do Banco do Nordeste em Campina Grande, subindo em cima de carcaças dos esqueletos dos animais mortos pela seca, ou se fez presente na cidade de Patos, quando acorrentamos as portas do Banco do Nordeste, para protestarmos pelo perdão das dívidas dos agricultores, essa tem sido uma bandeira nossa durante nossos mandatos”. Essa bandeira também envolve resolver o problema da seca que aflige o povo nordestino há mais de 100 anos, o deputado salienta que vivemos o ciclo de seca mais rigorosa dos últimos 50 anos e coloca que o ciclo das chuvas retornará, contudo de nada adiantará a chuva chegar se não houver ações que ajudem o agricultor. “Retornando o ciclo das chuvas, se o agricultor não tiver à sua disposição linhas de crédito, de pouco adiantarão as chuvas, porque se não se planta não se colhe, quando não se colhe, 4

não se consegue pagar as dívidas junto às instituições financeiras, e consequentemente não se consegue colocar o pão à mesa da sua família. As reservas aquíferas do Nordeste estão se esgotando, as secas têm sido muito rigorosas. A seca não é nossa grande inimiga, a seca não tem rosto, é um fenômeno natural de caráter cíclico. O grande problema é o poder público tratar a seca até hoje de forma equivocada, como a 50/100 anos atrás, com carros-pipa, ração animal, etc.”. Efraim Morais Filho defende que a transposição do São Francisco e o perdão das dívidas dos agricultores podem solucionar muitos problemas do povo do Nordeste. Sobre a transposição do Rio São Francisco diz que é uma obra essencial para a sobrevivência do setor produtivo do nosso sertão e que, infelizmente, o governo federal tem sido omisso, negligente, vem andando a passos de tartaruga ao invés de acelerar as ações de melhorias, e tem feito chantagem com o homem do campo em troca de uma máquina de votos, em troca de aprovação de projetos e que isso não é correto com uma população tão carente e sofrida. “O que vale é saber que o nosso povo merece a conclusão da transposição, porque somos todos cidadãos do mesmo país e merecemos respeito e dignidade. Na hora que tivermos água, com a transposição concluída e entregue, nosso povo com o suor do seu rosto, vai conseguir crescer na vida, gerar oportunidades de trabalho e vai botar de novo o pão na mesa e ser feliz”. Quanto o retorno do agricultor ao campo, o deputado atrela o assunto ao perdão das dívidas, coloca que é preciso o governo aceitar negociar ou perdoar a dívida. “É

uma pena que o governo e os bancos não tenham concordado até agora com isso, continuamos com a estratégia da renegociação, mas renegociar quando não se chove é quase impossível. O agricultor fica sem condições de honrar com a negociação, sem meios de garantir o pagamento do parcelamento, o que acarreta atraso, multa e juros. Por isso abraçamos essa causa, ou seja, o perdão das dívidas dos agricultores familiares, paraibanos, nordestinos, pois o homem do campo precisa de crédito para retomar suas atividades agropecuárias, e o cercamento das áreas de criação de bovinos, caprinos e ovinos, é uma necessidade gritante e que tem um custo alto para os agricultores familiares. A produção agrícola está comprometida devido a diversos fatores e precisa ser retomada para evitar colapso no abastecimento”, frisa Efraim Filho. O deputado vai além ao abordar o tema dos produtores/agricultores sofridos do Nordeste e destaca a necessidade da extensão rural com assistência técnica de qualidade e transferência de tecnologias, além do apoio da EMATER. “A EMATER PARAÍBA, tem uma importância vital dentro desse contexto, de produzir com qualidade e produtividade, além de ser um serviço público de qualidade a que todos têm acesso”. Finalizando, o deputado federal deixa um recado que também serve de incentivo ao povo nordestino: “A partir do momento que tivermos água, aí sim mostraremos nossa capacidade de colaborar mais ainda para o desenvolvimento e abastecimento do nosso país. A Paraíba não quer migalhas, não quer esmolas, a Paraíba quer obras estruturantes e permanentes”.

FOMENTO MULHER E QUINTAIS PRODUTIVOS A linha de crédito Fomento Mulher disponibilizada pelo Incra é o reconhecimento da importância do trabalho produtivo das mulheres da reforma agrária. As mulheres que contam com o apoio de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) podem usar o fomento para a implantação de quintais produtivos e com isso garantir alimentação saudável,

mais qualidade de vida para sua família e gerar renda. Quem pode ter acesso? Todas as trabalhadoras assentadas da reforma agrária atendidas por serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) podem acessar o Fomento Mulher. Para isso, é necessário que

o cadastro esteja atualizado no Incra, não ter recebido crédito Apoio Mulher anteriormente e estar inscrita no CadÚnico. O papel do técnico ou técnica de Ater é de elaborar o projeto produtivo na área em que a mulher assentada deseja investir o recurso. Para mais informações procure a equipe técnica do seu assentamento.

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‘Transgênicos no son alimentos, señala médico argentino.

Agricultores familiares paraibanos trocam experiências na produção de polpas Agricultores familiares dos municípios de Alhandra e Pitimbu conheceram as instalações da unidade produtiva de polpas de frutas na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, no município de Gurinhém, que recebeu o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que garante a comercialização de seus produtos em todo território nacional. Assessorados pela Gestão Unificada Emepa/ Interpa/Emater (GU), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), os agricultores dos dois municípios do Litoral paraibano manifestaram o desejo de conhecer o funcionamento da agroindústria de polpa, para avaliar a possibilidade de também instalar uma unidade na sua região, onde existe potencial para produção de frutas. Representantes dos agricultores familiares da Zona da Mata Norte, que já trabalham com a produção de polpas de fru6

tas e desejam obter o selo de certificação, visitaram a indústria em Gurinhém. Durante a visita, os agricultores ouviram do proprietário Martinho de Paiva, do Sítio Nossa Senhora da Conceição na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, como se deu todo o processo de implantação, até obter a certificação do Mapa. Destacou que, desde o primeiro momento quando decidiu pela nova atividade, seguiu as orientações dos extensionistas da Emater, o que facilitou a aprovação do projeto porque estava dentro dos padrões e exigências do Ministério. Martinho de Paiva informou aos visitantes que a proposta é o aproveitamento de toda a produção de frutas da região, e já trabalha com dez tipos de sabores. Também contou que sua matéria prima é fornecida por dez agricultores, com uma produção anual de sete toneladas de polpas de frutas. A proposta é, na parceria com a Emater, estim-

ular o plantio de fruteiras como alternativa de geração de renda para as famílias. A história do agricultor chamou a atenção dos visitantes pela dedicação e perseverança. Há quatro anos, foi aconselhado pelos extensionistas para produzir polpas com as frutas de maracujá de um pé existente no quintal. Gostou da experiência e, reunindo suas economias, deu início à instalação da unidade produtora de polpas. No momento está preparando o terreno para o plantio de uma área com mil pés de maracujá usando o sistema de irrigação por gotejamento, com a utilização das águas da barragem subterrânea existente no local, construída no ano passado. A unidade de polpas “Tuttifrutas Comércio Polpa de Frutas” contém despolpadeira, bancadas em inox, tanque dosador, mesas de descaroçamento, sete freezers, dois tanques de lavagem e enxague, além de uma cisterna com capacidade de 50 mil litros de água.

Entrevista con el portal de internet Salud Popular, Balbea critica el uso de transgénicos y agrotóxicos, pues cree que son una tecnología que sirve al propósito de dominar los territorios de los países productores. Para el médico, el acto de comer y producir alimentos está vinculado directamente con la cultura de los pueblos, y esto está siendo ¿Cuál es el propósito de una tecnología como los transgénicos? Las tecnologías no son neutras. Son instrumentos políticos y algunas sirven a determinados poderes, para implementar determinadas acciones. Si una tecnología tiene apoyo de toda la industria, va a ser creado un proceso de legitimación social para que las personas la acepten. En el caso de los transgénicos, ellos sirven para la dominación de algunos territorios, por la producción de commodities [productos primarios] en favor del capital. Usted dijo que comer es un acto cultural. ¿Cómo cambian los transgénicos nuestra forma de comer y producir? El alimento es mucho más que nutrientes. A veces, comemos sin tener hambre, por una relación social que se establece alrededor de producir y preparar los alimentos. Cuando dejamos de producir alimentos y pasamos a los productos transgénicos, que son mercaderías, no existe esa relación, porque es una producción que va a contramano de la cultura de los pueblos. En Argentina, por ejemplo, no tenemos la cultura de comer soja, pero tenemos una expansión de la frontera agrícola basada en el cultivo de soja. En Brasil, ocurre lo mismo. Es una producción

hecha, especialmente, para la exportación, que atiende al interés de otras naciones. demás, varios estudios muestran que ingerir productos transgénicos genera enfermedades, como cambios en el tubo digestivo, además de la química asociada al producto genéticamente modificado: no hay transgénico que no tenga, en su composición, agrotóxicos. ¿Por qué países como Brasil y Argentina continúan usando agrotóxicos comprobadamente peligrosos, que fueron prohibidos en otros países? Esos países, principalmente Europa, decidieron, por presiones populares y otros motivos, que esos venenos causan daños a la salud. Pero, en países como Brasil y Argentina, donde es más fácil manipular la política, su uso continúa. Son países que no son verdaderamente soberanos, no pueden articular sus propias políticas; ellos responden a políticas que se desarrollan en los países capitalistas centrales. Dependen de esa economía que se decide en otro lugar y es aplicada en sus territorios. Hay una libertad e impunidad que permite imponerse al derecho de los pueblos. ¿Por qué hay un silencio de parte de la comunidad científica sobre muchas denuncias y cuestionamientos en relación con los transgénicos? Pienso que por falta de conocimiento, por el tipo de formación que existe, que naturaliza esas tecnologías como algo indispensable para la economía y la sociedad. Es el paradigma de que la economía pesa más que la vida. Toda nuestra vida pasa por

el consumo. Lo económico tiene un valor que está por encima de cualquier otro derecho, es la forma de funcionar de la sociedad. Y, cuando se piensa que no hay alternativa, es una victoria para esa forma de pensar dominante, que no nos deja pensar que hay formas de producir sustentables y que la salud es algo utópico. Pero, cada vez más, el debate se va dando en forma mayor, en lugares más importantes. La acumulación de información y el malestar social que se van generando a través de este tema ya no permite que algunos miren hacia otro lado [e ignoren el asunto]. ¿Y cómo la red de médicos de Argentina contribuye para que se dé ese debate? Cuando los científicos van en contra de los intereses de la industria, ellos son perseguidos, dejados de lado de cargos y carreras, sólo por publicar lo que creen que es correcto. Es preciso tener un espacio donde los médicos, los profesionales de la salud y otras disciplinas se sientan seguros para poder investigar y compartir la información. Ya realizamos tres congresos de salud ambiental, con personas que participaron en discusiones sobre transgénicos, agrotóxicos, sobre modelos productivos diferentes. Ese proceso creó una unión de científicos comprometidos con la salud y la naturaleza en América Latina. La red ha sido un espacio que permite crear y cuestionar, sin que esas personas se sientan perseguidas por la industria, tengan apoyo y espacio para pensar otra ciencia que esté a favor de los intereses del pueblo. 7


“O Veneno Está Na Mesa” alternativas ao atual modelo agrário

Veneno I foi extremamente pertinente e O Veneno II está sendo também. Hoje você tem uma média de 1.500 pessoas que acessam O Veneno IIpela internet por dia. O filme está liberado no Youtube em alta definição. E a cada dia que eu entro para ver os números, há mais espectadores.

Documentarista Silvio Tendler fala sobre política na agricultura e no cinema

Como foi o processo de encontrar essas iniciativas alternativas? A ideia de lançar o Veneno Está Na Mesa II surgiu da necessidade de complementar a primeira parte. A primeira parte teve muito impacto porque a gente fez todas as denúncias contra os agrotóxicos. E as pessoas ficaram desesperadas, pensando “será que isso não tem solução?”, “estamos condenados à morte?”. E aí eu comecei a conversar com pessoas que disseram que existe, sim, um outro tipo de agricultura. Disseram que existem a agroecologia, a agricultura alternativa, os insumos agrícolas que são naturais e não venenosos, os saberes ancestrais, que lidam com a natureza há muito mais tempo e com muita mais 8

sabedoria. Então, eu achei que era importante na segunda parte do documentário reforçar os males que esse processo adotado hoje está fazendo na natureza. E ao mesmo tempo mostrar que existem alternativas. Daí nasceuO Veneno II. Qual é a sua avaliação sobre o movimento da agroecologia? A minha avaliação é que hoje existe uma grande consciência de que os agrotóxicos são extremamente danosos à saúde. Hoje a quantidade de lojas, de restaurantes que trabalham com orgânicos é muito maior do que na época do Veneno Está Na Mesa I. Hoje eu acho que existe uma consciência. Você fala com as pessoas e elas têm conhecimento. Eu acho que O

Você sempre lança seus trabalhos na rede. Qual é a importância desta atitude? Cinema é pra ser visto. Não é pra ficar em casa, trancado numa prateleira. Ele é pra circular. É um produto de livre circulação. Então, eu boto na internet. Quem quiser, vai lá, assiste, copia, divulga pro seus amigos. E hoje isso está funcionando muito. Todos os meus filmes estão na internet. E as pessoas me respeitam muito mais por isso. Porque eu não estou muito preocupado em ganhar dinheiro. Eu estou preocupado em discutir ideias. É uma forma de você informar mais as pessoas. Os próprios jovens cineastas, assistem, discutem, tomam como exemplo. E isso também acaba criando redes. Eu fico muito feliz porque tem dado certo. E qual é a importância de abordar temas políticos? Você acha que faltam cineastas com esta abordagem? Tudo na vida é político. Até as pessoas que acham que não estão fazendo política estão fazendo política. Então, a política

Como foi o processo de encontrar essas iniciativas alternativas? A ideia de lançar o Veneno Está Na Mesa II surgiu da necessidade de complementar a primeira parte. A primeira parte teve muito impacto porque a gente fez todas as denúncias contra os agrotóxicos. E as pessoas ficaram desesperadas, pensando “será que isso não tem solução?”, “estamos condenados à morte?”. E aí eu comecei a conversar com pessoas que disseram que existe, sim, um outro tipo de agricultura. Disseram que existem a agroecologia, a agricultura alternativa, os insumos agrícolas que são naturais e não venenosos, os saberes ancestrais, que lidam com a natureza há muito mais tempo e com muita mais sabedoria. Então, eu achei que era importante na segunda parte do documentário reforçar os males que esse processo adotado hoje está fazendo na natureza. E ao mesmo tempo mostrar que existem alternativas. Daí nasceuO Veneno II. Qual é a sua avaliação sobre o movimento da agroecologia? A minha avaliação é que hoje existe uma grande consciência de que os agrotóxicos são extremamente danosos à saúde. Hoje a quantidade de lojas, de restaurantes que trabalham com orgânicos é muito maior do que na época do Veneno Está Na Mesa I. Hoje eu acho que existe uma consciência. Você fala com as pessoas e elas têm conhecimento. Eu acho que O Veneno I foi extremamente pertinente e O Veneno II está sendo também. Hoje você tem uma média de 1.500 pessoas que acessam O Veneno IIpela internet por dia. O filme está liberado no Youtube em alta definição. E a cada dia que eu entro para ver os números, há mais espectadores. Você sempre lança seus trabalhos na rede. Qual é a importância desta atitude? Cinema é pra ser visto. Não é pra ficar em casa, trancado numa prateleira. Ele é pra circular. É um produto de livre circulação. Então, eu boto na internet. Quem quiser, vai

lá, assiste, copia, divulga pro seus amigos. E hoje isso está funcionando muito. Todos os meus filmes estão na internet. E as pessoas me respeitam muito mais por isso. Porque eu não estou muito preocupado em ganhar dinheiro. Eu estou preocupado em discutir ideias. É uma forma de você informar mais as pessoas. Os próprios jovens cineastas, assistem, discutem, tomam como exemplo. E isso também acaba criando redes. Eu fico muito feliz porque tem dado certo. E qual é a importância de abordar temas políticos? Você acha que faltam cineastas com esta abordagem? Tudo na vida é político. Até as pessoas que acham que não estão fazendo política estão fazendo política. Então, a política que eu faço é a política sincera. Outros preferem empurrar a realidade pra baixo do tapete. Eu fico muito feliz por estar fazendo filmes assumidamente políticos e que discutem ideias. Eu acho que existem muitos documentaristas alternativos que colocam no Youtube, na internet. Talvez por não terem vindo do grande mundo do cinema, eles não sejam tão conhecidos como eu. Mas eles existem. Existem e fazem trabalhos respeitáveis.

Qual é a dificuldade de fazer documentário no Brasil? O circuito comercial está todo dominado. Hoje eu estava vendo que as grandes companhias de cinema anteciparam a distribuição dos filmes delas porque na época prevista para o lançamento, que é em julho, vai ter Copa do Mundo e ninguém vai ao cinema. E hoje você tem cerca de três mil salas de cinema com três ou quatro filmes norte-americanos ocupando-as. Então, não existe muito espaço para o filme brasileiro. Eles são condenados a passar no máximo em uma sessão depois do almoço, num cineminha capenga. Eu boto na internet e quem quiser assiste. As pessoas fazem sessões dos filmes gratuitas e as salas lotam, as salas enchem. As pessoas querem discutir, me convidam, fazem questão que eu vá. Como se fosse um lançamento comercial, é verdade. E é um lançamento de verdade. Então, eu acho que eu não tenho problema. Eu acho que é lamentável que o Ministério da Cultura não tenha nenhum tipo de política pra esse tipo de cinema. A Ancine hoje só se preocupa com frivolidades, com filmes do chamado entretenimento. Eles ficam felizes quando o Brasil, por exemplo, durante um ano, faz 15 milhões de espectadores. Só que 15 milhões de espectadores, num País de 200 milhões de habitantes, não é nada. Quer dizer, a grande maioria da população brasileira não vai às salas de cinema. E os meus filmes circulam em todo território nacional, em todos os lugares, para todos os tipos de público. Então, eles que são os alienados. E não é só o documentário. O cinema brasileiro como um todo não recebe nenhuma atenção. Como é que um País de 200 milhões de habitantes se contenta que 4 ou 5 filmes por ano façam sucesso? O Brasil tem público para fazer 200 filmes por ano. E nos cinemas, são 4 ou 5 que fazem sucesso. Num País de 200 milhões, quando um filme faz 1 milhão de espectadores, que é menos de 0,5% da população brasileira, as pessoas comemoram. Isso está tudo errado. 9


Programa estimula uso de palma forrageira na ração Um trabalho desenvolvido pela Emater-MG, em parceria com outras instituições, está estimulando agricultores do norte de Minas a cultivar palma forrageira. A ideia é utilizar a planta juntamente com outras culturas, como o sorgo, milho e milheto, na alimentação complementar do rebanho bovino. O trabalho teve início na safra 2011/2012, quando foram implantados campos de multiplicação de palma forrageira, em áreas de agricultores familiares. Na safra 2013/2014 foram distribuídas 42 mil mudas da planta para 39 agricultores. Os beneficiados assumiram o compromisso de doar uma parte do material produzido no primeiro ano para outros agricultores. “Agora, estamos avançado em um trabalho integrado de ensino, pesquisa, extensão e gestão, em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros, Epamig, Embrapa e a Cooperativa Crescer. Estamos formalizando um Termo de Cooperação Interinstitucional”, diz André Mendes Caxito, coordenador Técnico da unidade regional da Emater-MG em Janaúba. Entre os objetivos desse termo está a implantação de uma Unidade de Referência Tecnológica de Palma Forrageira (URT Palma), no município de Porteiri10

nha. Uma das propostas é realizar um processo de transferência de tecnologia para os produtores da região, além de ser um campo de multiplicação de palma forrageira. De acordo com André Caxito, outro objetivo do termo de cooperação é desenvolver uma pesquisa relacionada com a palma forrageira na composição de dietas de vacas leiteiras. Ainda segundo o coordenador regional da Emater-MG, a palma forrageira é uma cultura típica do semiárido brasileiro, com área aproximada de 400 mil hectares. Ele explica que trata-se de uma cultura com ampla adaptação climática e que exige uma nutrição adequada devido a alta extração de nutrientes do solo. André Caxito ressalta que o pré-plantio é uma etapa fundamental no processo. É nesse momento que ocorre a seleção e o preparo das mudas, que devem ficar na sombra por 15 dias para a cicatrização do corte realizado. No preparo de solo, explica o técnico, deve ser avaliado o grau de compactação da área e, em muitos casos, é preciso fazer a subsolagem, aração e gradagem. O alinhamento de plantio obedece a declividade do terreno. Caso seja plano, o ideal é plantar no sentido leste-oeste. “A cultura da palma forrageira, quando bem manejada, é sinôni-

mo de segurança produtiva para o agricultor familiar. Ela é altamente eficiente no uso da água e da radiação solar. Quando bem conduzida, ela consegue passar pelo período de estiagem e pelo período da seca”, diz Caxito. Para o técnico, o principal custo de implantação da lavoura é na aquisição das mudas. No entanto, segundo ele, “o agricultor não precisa fazer um investimento alto, adquirindo muitas mudas, pois ele mesmo poderá multiplicar o próprio material produzido em sua propriedade, ampliando o seu palmal nos anos seguintes” afirma. Após um ano de cultivo, a palma cultivada pode servir como mudas e na alimentação do rebanho. A Emater-MG orienta os agricultores a acrescentar a palma forrageira na alimentação complementar do rebanho juntamente com o milho, o sorgo e milheto. “A planta pode chegar a 40% na composição da silagem de sorgo, por exemplo. Se a estiagem for severa, pode haver um comprometimento das lavouras de sorgo, afetando a quantidade e a qualidade do material produzido. A palma entra como segurança produtiva, pois ela passa pela estiagem sem comprometer a quantidade. No período da seca, ela está adequada para fazer parte da ração, sendo inserida junto com a silagem”.

Sistema Mandalla: Um projeto auto-sustentável promissor para o Brasil No Brasil, a agricultura familiar representa 84,4% das propriedades rurais, 75,7% da população ocupada na agricultura e 38% do valor bruto da produção agropecuária, segundo o Censo Agropecuário do IBGE. Isso significa que a agricultura familiar, ao contrário do que muitos pensam, tem um papel fundamental na produção dos alimentos e na manutenção da economia agrícola brasileira. O homem do campo forma, assim, a base da economia primária do Brasil. Porém, ele carece de incentivos, meios e condições técnicas e econômicas adequadas, as quais deveriam dar os suportes necessários para uma boa qualidade de vida, servindo essas mesmas para incrementar o seu potencial produtivo e a sua relação saudável e equilibrada com o meio ambiente. O sistema de produção agrícola predominante no Brasil tem afetado gravemente as famílias que vivem no campo. Elas têm sido exploradas economicamente e privadas dos conhecimentos nativos de suas culturas locais quanto aos recursos e formas de

produção tecnologicamente inteligentes e ecologicamente sábios. Uma alternativa produtiva, humanizante e ecologicamente inteligente O Sistema Integrado de Produção Mandalla ou Projeto Mandalla é uma forma de agricultura familiar auto-sustentável peculiar que tem tido bons resultados em muitos estados do país. Foi criado pelo administrador Willy Pessoa há cerca de trinta anos, e sua filosofia tem como base a recapacitação para a auto-sustentabilidade do homem do campo, dentro de suas próprias condições culturais tradicionais – o que inclui o meio ambiente e a cultura. Segundo Willy, “a base filosófica da Mandalla é que a família rural produz sua própria alimentação com qualidade, produtividade, responsabilidade social e exercício da cidadania.” A abordagem do projeto leva em conta os recursos ambientais e as características sociais, econômicas e culturais de cada região, e espera conseguir sempre um desenvolvimento sistêmico

dos grupos e comunidades que adotam o Sistema Mandalla. Em boa parte das regiões onde o Sistema de Produção Mandalla tem sido adotado, existe crescimento econômico, familiar e social, além do reflorescimento das culturas humanas tradicionais. Junto com isso, os recursos naturais têm sido utilizados inteligentemente. A educação dos novos tem sido mais ampla, rica e bem orientada em valores humanos essenciais, porque recuperou os positivos modelos culturais tradicionais. Boa parte desse processo inicia-se diretamente com a capacitação oferecida pelo Projeto Mandalla, que leva à educação e à capacitação técnica dos chefes de família. Grande atenção é dada para o papel educativo da mulher na formação moral e humana das gerações futuras: “… porque se você educar um homem, você educa um indivíduo. E educando uma mulher, educa uma geração. Então, é na família que está o princípio de todas as mudanças que nós pretendemos fazer”, diz Willy. 11


A estrutura física e funcional do Sistema Mandalla

Sistema Mandalla não tem nenhum vínculo com a esfera política, nem é partidário de nenhuma ideologia econômica, social ou política em particular. O projeto é voltado para os indivíduos e a coletividade dentro de uma perspectiva altruísta, benevolente e comunitária. Vantagens e benefícios sócio-econômicos do Sistema Mandalla Já existem milhares de Sistemas Mandallas em dezenas de cidades brasileiras e em diversos estados. Em algumas regiões, os cultivadores que vivem a partir do Sistema Mandalla chegam a receber mais de R$ 2.000,00, o que é muito mais do que receberiam trabalhando em lavouras ou criadouros de terceiros. A partir disso, a economia local é estimulada e uma prosperidade saudável e equilibrada aparece na região, dentro dos parâmetros e recursos socioambientais possíveis. Isso impede naturalmente a opulência, a desigualdade social e a má distribuição de riquezas e de recursos materiais. Os jovens, especialmente os estudantes e universitários, são convidados a conhecer o Projeto, quando então recebem informações relevantes sobre a sua interação e responsabilidade com o meio ambiente, sobre as possibilidades de valorização de suas próprias culturas locais e sobre a importância dos seus modelos sócio-culturais tradicionais. Os estudantes aprendem os aspectos técnicos essenciais do Sistema Mandalla e se tornam capacitadores para o ensino e a disseminação do Projeto. O Sistema Mandalla utiliza os próprios recursos naturais, aproveitando ao máximo todos os elementos ambientais locais (água, terra, sol, vento, e vegetação nativa) e as criações animais das próprias pessoas interessadas, economizando meios e recursos, reutilizando a água e reciclando nutrientes a partir dos excrementos dos animais e da compostagem, entre outros. Além disso, a irrigação feita 12

através da micro-aspersão, promove uma economia média de 30% no consumo de água, quando comparada com as formas de irrigação convencionais. Outro benefício da micro-aspersão é que ela evita a erosão do solo, tão comum em muitas formas de irrigação convencional, porque a primeira asperge a água de forma ampla e difusa para um grande número de plantas, sem concentrar-se com intensidade em locais definidos, enquanto a segunda tende a saturar locais específicos da terra, provocando sulcos erosivos. A água da irrigação do Sistema Mandalla provê ao solo uma grande fertilidade, porque a criação dos animais feita no primeiro círculo enriquece-a naturalmente com diversos compostos orgânicos. Apesar de todos os aspectos positivos, existem algumas falhas na implantação e difusão do Sistema Mandalla que ainda impedem que o Projeto se torne um sucesso consistente em escala nacional. Por exemplo, em algumas regiões, mesmo que essas tenham obtido melhoras com o uso do Sistema Mandalla, os indivíduos que vivem exclusivamente a partir desse sistema não têm alcançado tão bons resultados econômicos, devido à falta de suporte técnico-informativo adequado e certas dificuldades

instrumentais. Eles encontram dificuldades técnicas no cultivo e na viabilização de sua produção, entre elas a instabilidade ou a queda sazonal da produção, além da dificuldade de venderem seus produtos nos mercados, pois não têm meios adequados para conservá-los e/ou transportá-los. Ainda não foram desenvolvidas as condições necessárias para serem certificados como produtores orgânicos pelas associações dos produtores orgânicos. Mesmo sendo um excelente projeto, em alguns aspectos o Sistema Mandalla precisa de reflexões e aprimoramentos. Por exemplo, na promoção de um melhor suporte técnico-informativo durante o período em que os produtores estiverem se estabelecendo dentro de suas condições técnicas e funcionais próprias, e daquelas necessárias para a sua integração nos mercados locais. O Projeto Mandalla tem sido um recurso valioso para milhares de famílias no Brasil, inclusive em zonas castigadas pela seca, que recobraram suas capacidades produtivas, afastaram o fantasma da fome, incrementaram suas economias, revitalizaram suas culturas e sociedades e recuperaram e orientaram muitos jovens a partir de consistentes valores humanos e saudáveis modelos culturais tradicionais.

A estrutura física do Sistema Mandalla ocupa uma área média de 50 x 50 metros. Constuitui-se de nove círculos concêntricos. Diferentes culturas agrícolas e animais são cultivados ao redor de um reservatório de água, que é a base essencial do sistema. Os primeiros três círculos são compostos de um tanque de água onde existe uma criação de peixes e animais de pequeno porte – galinhas, marrecos, coelhos e similares. Há culturas de frutas e hortaliças, além de café, batata-doce, mandioca e similares. Nas bordas do terceiro círculo são cultivadas plantas medicinais e ornamentais. Do primeiro ao terceiro círculo, tudo é destinado à melhoria da qualidade de vida dos que vivem a partir de seu próprio Sistema Mandalla. Os três círculos provêm praticamente todo alimento necessário para o núcleo familiar. Na verdade, uma única Mandalla alimenta até cerca de

vinte pessoas. No entanto, esses três primeiros círculos, além de proverem todos os alimentos necessários para as famílias, promovem um incremento econômico inicial mínimo, que é conseguido com a venda do excedente da produção obtida. Do quarto ao oitavo círculo, a função dos cultivos é a melhoria da condição econômica das famílias. Os agricultores escolhem e cultivam uma rica variedade de plantas alimentícias de acordo com os espécimes locais e a demanda de mercado. Aqui, o cultivo se destina essencialmente à venda dos produtos agrícolas para indústrias, mercados e similares. O nono é o círculo de equilíbrio ambiental. Ele envolve os demais círculos e cumpre as funções de proteger o Sistema Mandalla através de cercas-vivas e quebra-ventos, prover uma parte da alimentação dos animais e fazer a inserção da Mandalla, de forma

ecologicamente equilibrada, no meio ambiente circundante. O Sistema Mandalla não necessita de nenhum tipo de defensivo agrícola devido à forma peculiar em que as diferentes culturas agrícolas são distribuídas dentro de sua estrutura em forma de círculos concêntricos, que as protege naturalmente das pragas. Por isso, os alimentos obtidos são naturalmente orgânicos. A irrigação das plantas ocorre a partir da água do tanque central, que é bombeada e distribuída por um sistema simples de irrigação piramidal feito por seis tubos de mangueira plástica, que irrigam os nove círculos. A construção do tanque de água, a feitura dos círculos concêntricos e a instalação do sistema de irrigação levam poucos dias para serem concluídos. Assim, a base de instalação do Sistema Mandalla é rápida. O custo médio de sua instalação pode sofrer variação de região para região.

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eDIÇÃO 37

MARÇO de 2014

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Agricultores devem ter atenção à exposição ao sol

Como

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O feijão comum (phaseolus vulgaris) é cultivado para a obtenção e o consumo de suas sementes, que são muito nutritivas. Atualmente há um grande número de variedades cultivadas, que variam bastante na cor, forma e tamanho das sementes. O feijão é cultivado no continente americano desde a antiguidade, e atualmente é uma das mais populares sementes usadas como alimento, sendo cultivado praticamente no mundo todo. Há atualmente milhares de cultivares, que podem ser agrupados em tipos de acordo com a coloração, o sabor, a forma e o tamanho, como por exemplo, feijão-preto, feijão-carioca, feijão-branco, feijão-jalo, feijão-rajado, feijão-vermelho e feijão-rosinha, entre outros. O feijão cru contêm a lectina fitohemaglutinina, que é uma substância tóxica. O cozimento do feijão em alta temperatura destrói esta lectina (cozimento lento abaixo da temperatura de ebulição da água não elimina esta substância), de forma que o consumo de feijão cozido de forma adequada é totalmente seguro. A concentração de fitohemaglutinina nas sementes varia bastante de cultivar para cultivar. Feijões crus não devem ser consumidos. Embora seu consumo seja incomum, as folhas do feijoeiro também podem ser consumidas. As folhas podem ser consumidas cozidas ou refogadas, sendo que as mais jovens também podem ser consumidas cruas. 14

Clima A temperatura deve ficar entre 15°C e 30°C durante todo o ciclo de cultivo da planta, sendo que o ideal são temperaturas entre 18°C e 25°C. O feijão não suporta geadas e baixas temperaturas. Luminosidade Necessita de alta luminosidade, com luz solar direta. No entanto, em regiões com maior intensidade de radiação solar, pode ficar parcialmente sombreado por plantas mais altas cultivadas na mesma área, como o milho. Solo Cultive preferencialmente em solo bem drenado, fértil e rico em matéria orgânica, com pH entre 5,5 e 6,5. Estas plantas podem formar uma associação simbiótica com bactérias conhecidas como rizóbios, capazes de fixar o nitrogênio do ar no solo como amônia ou nitrato, podendo assim prover o nitrogênio necessário para a planta e ainda enriquecer o solo com este elemento. Antes do plantio, pode ser feita uma inoculação das sementes com estas bactérias, utilizando inoculantes encontrados no comércio. Irrigação Irrigue de forma a manter o solo sempre úmido, mas sem que o solo fique encharcado. Plantio Semeie as sementes direta-

mente no local definitivo, a uma profundidade de 3 cm a 7 cm (3 ou 4 cm de profundidade nos solos pesados e profundidades maiores em solos mais leves). A germinação ocorre normalmente em até duas semanas.O espaçamento pode variar com a variedade cultivada e as condições de cultivo, mas em geral um espaçamento de 40 a 60 cm entre as linhas de plantio e 7 a 10 cm entre as plantas é considerado adequado. Tratos culturais Retire as plantas invasoras que estiverem concorrendo por recursos e nutrientes, especialmente no primeiro mês de cultivo. Colheita A colheita depende da variedade cultivada e das condições de cultivo, sendo feita geralmente de 80 a 100 dias após a germinação. As vagens que se encontram secas podem ser colhidas manualmente em plantações muito pequenas. Em plantações maiores, a colheita é realizada quando cerca de 90% das vagens se encontram secas, cortando ou arrancando as plantas, manualmente ou com o uso de máquinas específicas para isso. Também é possível colher antecipadamente, quando as vagens estão amareladas, e então deixar as plantas cortadas ou arrancadas secarem completamente ao sol.

Uma doença, em muitos casos misteriosa e incurável, mudou os rumos da família Colovini. Membros da família Colovini, perceberam manchas estranhas nos braços e consultaram um médico para saber qual era o problema. A preocupação de ser algo grave se confirmou. O casal de agricultores familiares gaúcho, de Santo Ângelo, recebeu o diagnóstico de câncer de pele. “A doutora disse que a causa era a exposição ao sol, porque nós ficávamos o dia inteiro trabalhando embaixo do sol quente e, infelizmente, aconteceu”, conta Anselmo, hoje com 53 anos. A propriedade de 12 hectares, onde família cultiva milho e cria gado de leite, ficou a cargo dos filhos. O casal, então, começou o intenso tratamento contra a doença. A cura, tão difícil em alguns casos, felizmente chegou à casa da família Colovini. O lado bom da história foi o conhecimento. Com indicação da dermatologista, o casal não pode mais traba-

lhar ao sol sem proteção. “Curei-me do câncer em 2013 e Alice em 2014, mas foi complicado. Foi muito ruim para nós, sofremos muito. E tudo isso por ignorância. Não sabíamos que era tão importante assim usar o protetor solar”, lembra Anselmo. Alice e Anselmo se dedicam

de 8 a 10 horas diárias à produção dos alimentos. São 15 mil litros de leite produzidos por ano na Fazenda Colovini. “Não podemos deixar de trabalhar e o sol aqui fica muito forte. Então, começamos a usar o protetor solar. Eu nem sabia que o sol fazia tão mal assim. Agora, não deixo de passar o protetor antes de trabalhar. É regra aqui em casa, juntamente com o uso do chapéu”, salienta. Como usar Segundo dermatologistas, o filtro solar deve ser passado diariamente, mesmo em dias não ensolarados. “Tem de passar todos os dias, pela manhã, especialmente nas áreas que ficam mais expostas, como rosto, pescoço, colo, e braços”, afirma. O protetor solar deve ser aplicado antes da exposição ao sol. Deve-se aplicar o filtro solar de 15 a 30 minutos antes da exposição, para que a pele absorva o produto e para que se tenha o efeito químico de proteção desejado. 15


Peixe faz mesmo bem a Saúde Presença de ômega-3 fez peixes serem considerados alimentos saudáveis Mas os peixes realmente fazem tão bem assim? Se sim, qual é o melhor peixe do ponto de vista nutricional? NOs últimos anos, a boa reptação do peixe esteve associada à presença de ômega 3, ácidos graxos essenciais que o corpo não produz a partir de outras substâncias - são “poli-insaturadas” -, encontrados em abundância em certos peixes. Durante muito tempo a ciência apoiou e incentivou o consumo de peixe. Estudos sugeriam que o consumo era bom para o coração, o desenvolvimento do cérebro e o crescimento. O ômega 3 começou a ser adicionado a certos alimentos, como leite, sucos e cereais, e uma indústria de suplementos de óleo de peixe floresceu. Mas, mais recentemente, pesquisas ligaram o ômega 3 a um risco maior de desenvolver certos tipos de câncer (como o de próstata) e descartaram que o consumo de suplementos de óleo de peixe reduz o risco de doenças cardíacas. Também descobriu-se que o excesso de ômega 3 pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral.

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“Foram atribuídos ao ômega 3 diversos benefícios sobre os quais não se têm certeza”, disse à BBC Eduardo Baladía, editor da revista Nutrição Humana e Dietética e promotor do Centro de Análise de Evidência Científica da Fundação Espanhola de Dietética e Nutrição (FEDN). “Na verdade, temos dúvidas sobre o ômega 3. É muito problemático dizer que consumi-lo faz bem para a saúde.” O quadro completo Um ponto sobre o qual os especialistas concordam é que o valor nutritivo do peixe não começa e não termina no ômega 3. “Se você pudesse dizer, com certeza, que os benefícios de comer peixe se originam inteiramente na gordura poliinsaturada, então ingerir pílulas de óleo de peixe seria uma alternativa a comer o próprio peixe. Mas é mais provável que uma pessoa precise da totalidade das gorduras dos pescados, suas vitaminas e minerais “, escreveu Howard Levine, chefe editorial da publicação de Saúde da Universidade de Harvard, em

um artigo em 2013. “Às vezes nos fixamos demais em supernutriente e superalimentos”, diz Eduardo Baladía. “A ingestão de peixe substitui o consumo de carne, que têm gorduras menos saudáveis. Isso podemos considerar verdade absoluta. E, só por isso, já é interessante comer peixe”, completa. Então, qual peixe? Em revistas e jornais, inúmeros artigos recomendam a opção por peixes com mais gordura, porque eles são ricos em ômega 3. A Clínica Mayo, em Rochester, nos Estados Unidos, por exemplo, diz que “peixes gordurosos, como salmão, truta, arenque e atum, contêm mais ômega 3, e, assim, proporcionam benefício maior.” Baladía, por sua vez, acha que há espaço para peixe com baixo teor de gordura - e, portanto, calorias. “Especialmente em uma sociedade em que o consumo de energia é alto, em que as gorduras saturadas e o colesterol são elevados, uma refeição sem isso, feita apenas de proteínas, é atraente”, diz ele. Semana Santa o ano todo? Mas o conselho é não transformar a dieta da Sexta-Feira Santa em rotina o ano todo. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido recomenda comer apenas uma porção de peixe gorduroso por semana - por causa de sustâncias tóxicas, como o mercúrio, presentes nestas espécies devido à contaminação das águas - e quantas vezes quiser de peixes pouco gordurosos. Mas todos concordam que frutas e verduras ainda são a chave de uma alimentação saudável.

Doenças na Ovinocultura Pesquisa mapeia as principais doenças de caprinos e ovinos no Brasil Está em fase avançada os estudos realizados por pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos em nove estados do Brasil para identificar o nível de infecção dos rebanhos de pequenos ruminantes pelas nove principais doenças que afetam caprinos e ovinos. O trabalho de campo foi concluído no Nordeste e estão sendo coletadas amostras nos três estados de outras regiões do país. A pesquisa, iniciada em janeiro de 2009, resultará na caracterização

do perfil zoossanitário da caprinocultura e da ovinocultura tropical por território. Três das doenças são contempladas pelo Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos (PNSCO), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): Artrite Encefalite Caprina (CAE), Maedi-Visna (MVV) e Brucelose Ovina. O resultado da pesquisa envolvendo esse grupo irá subsidiar o estabelecimento do programa e orientar políticas públicas e privadas para

o controle das enfermidades. As outras seis doenças impactam negativamente a produtividade dos rebanhos, daí a importância do diagnóstico. Trata-se de Linfadenite Caseosa, Clamidofilose, Neosporose, Toxoplasmose, Língua Azul e Leptospirose. Para prevenir as doenças, é necessário aplicar as técnicas de manejo sanitário de pequenos ruminantes.

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Cajueiro Anão Resiste a Seca para o mercado de fruta fresca é bem aproveitada pelas indústrias de suco, pois apresenta polpa muito amarela, conferindo uma excelente coloração aos sucos. As castanhas apresentam cerca de 10 gramas, sendo bem aceita tanto pelos industriais como pelas minifábricas artesanais. Alta produtividade A variedade atende às características do Semiárido, região que apresenta clima seco e quente, caracterizada por oito meses de plena seca. Nesse período de poucas chuvas, o BRS 226 ganhou destaque por causa de sua elevada produtividade e resistência à estiagem. O clone de cajueiro-anão precoce BRS 226 tem sido um forte aliado de produtores para enfrentar a seca que acometeu a região Nordeste nos últimos

três anos. Lançado pela Embrapa em 2002, o clone é recomendado para plantio comercial de sequeiro na região do semiárido. Embora seja uma cultura de sequeiro, o pomar de cajueiro anão BRS 226 pode contar com um sistema de irrigação de baixo custo. A irrigação é feita duas vezes por semana com cerca de meia hora de duração e os frutos irrigados nascem mais cedo e são mais robustos. O pesquisador da Embrapa Luiz Serrano afirma que o BRS 226 vem sendo testado em várias regiões do país com resultados satisfatórios. Em cultivo irrigado e com adequado suprimento de fertilizantes, a produção de castanha pode atingir até 3 mil kg por hectare e a de pedúnculos 30 mil kg por hectare. Seus frutos podem ser colhidos à mão, porque é de pequeno porte, menos de três metros.

Fonte: Embrapa (Crédito/blog Diário do Nordeste)

A Embrapa está incentivando o cultivo do cajueiro-anão BRS 226 Planalto. A cultivar tem resistência à resinose e tolerância ao estresse hídrico. Outra vantagem do cultivo de clones de cajueiro-anão é o pequeno porte, que proporciona a colheita manual do caju ainda na planta. Dessa forma, o pedúnculo, que até então era praticamente descartado, passou a ser aproveitado em diversas agroindústrias e no mercado de fruta fresca. Do pedúnculo do caju fabrica-se a polpa de caju pasteurizada e congelada para a produção de suco, néctar de caju, xarope de caju, refrigerante de caju, doce de caju em massa, doce de caju em pasta, doce de caju em calda, geleia de caju, caju-ameixa, cajuína, rapadura de caju e mel clarificado de caju. O pedúnculo não selecionado

Av. Ministro José Américo de Almeida, 1200 Loja 102 - Torre João Pessoa - Paraíba e-mail: robson.nery@atacadaodocriador.com.br Fone: (83) 3221.7467 - 3566.8000

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