Paraiba rural

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Edição Especial número

100 A informação correta

O notável

Manelito Vilar



nº 100 - 2015

Indice

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Antonio Henriques Filho Diretor Presidente Denise Sales de Lima Diretora Administrativa e Comercial Colaboradores Antonio Henriques Júnior Juliana Figueiredo Henriques Adauto Neto Naiá Figueiredo de Freitas Anderson Almeida de Freitas Contato: (83) 98639-3023 | 99605-0999 revistatudoaver@gmail.com Sistema Paraíbano de Comunicação CNPJ: 22.557.194.0001-63 Tiragem: 3.000 exemplares

3º Fórum de Secretários da Agricultura Familiar do Nordeste

Riacho dos Cavalos Incentivo à agroecologia alimentação saudável na Paraíba

Aesa no Conselho Mundial da Água Cinco açudes monitorados pelo Governo do Estado estão sangrando

Alimentos orgânicos eles são melhores mesmo Avicultura no Cariri Governo do Estado treina técnicos da Emater

Banana vermelha Conheça seus benefícios à dieta Barragem subterrânea Governo do Estado estimula a construção Pesquisa da Emepa impulsiona a produção de caprinos e ovinos no Semiárido

Projeto que beneficia caprinocultura leiteira no Semiárido paraibano é aprovado pela Sudene

O cuidado com o descarte das embalagens de agrotóxicos Cadastro Ambiental Rural Associação de Produtores de leite do município de Piancó

Manelito Vilar

O notavél

Agricultores da PB usam sementes crioulas que resistem à seca no NE Defensivos naturais Agricultor aprendem a produzir e usar os produtos em Catolé do Rocha


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nº 100 - 2015

3º Fórum de Secretários da Agricultura Familiar do Nordeste

A Paraíba participa da III Reunião de Trabalho do Fórum dos Secretários de Estado ligados à Agricultura Familiar do Nordeste, que aconteceu, em São Luís, no Maranhão, dias 20 e 21/08/2015. O secretário da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido, Lenildo Morais, apresentou uma palestra com a temática Tecnologia, Agroecologia e Extensão Rural: O Caso dos Sisteminhas no +IDH. Segundo Lenildo Morais, o encontro tve como principais objetivos estabelecer um processo de articulação institucional entre os gestores públicos estaduais responsáveis pelas políticas públicas de apoio à agricultura familiar no Nordeste. O propósito foi aperfeiçoamento e o avanço na

construção de estratégias territorializadas e seus instrumentos de política pública para o fortalecimento da agricultura familiar no Nordeste do Brasil. O principal desafio da discussão foi contribuir para a superação da pobreza rural nordestina, cuja base é de agricultores familiares, especializados na produção de alimentos, famílias as quais a inserção no consumo ainda depende do acesso às políticas compensatórias e que a inclusão produtiva é condicionada pela capacidade de recriar sua atividade econômica, atendendo as demandas dos mercados. O Fórum conta com a adesão de todos os estados da região Nordeste, participação destacada pela secretária executiva Marli Trevas:

“Além da troca de informações sobre ações positivas, conhecemos melhor as experiências de outros estados. O Fórum tem este foco o combate à pobreza rural a partir do desenvolvimento da agricultura familiar, um momento em que vamos tratar do crédito rural, com parceiros, e saber da realidade da assistência técnica e o que podemos fazer de forma conjunta”. A terceira reunião foi promovida pelo Fórum dos Secretários, Secretaria de Estado da Agricultura Familiar do Maranhão, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura e pelo Programa de Gestão do Conhecimento para Zonas do Semiárido do Nordeste (Programa Semear Fida/IICA/Aecid).


Riacho dos Cavalos

O sítio Riacho dos Cavalos foi a verdadeira origem do atual município que lhe levou o nome. Era pródigo em aguadas, razão porque o gado e cavalos da região, procuravam aquele lugar para ali matar a sede. O fato contribuiu igualmente para batizar o local como Riacho dos Cavalos. A colonização ou descoberta do território que hoje é o município, deu-se a par com a colonização de Catolé do Rocha, pelos idos de 1774, assim como as áreas que deram origem à formação dos municípios de Jericó, Bom Sucesso e Brejo dos Santos. Quanto a fundação do povoado, entretanto, as datas são outras. O terreno onde seria mais tarde implantada a cidade, pertencia ao Sr. Francisco Carneiro Vaz, conhecido na intimidade como “Véi” Carneiro ou Major “Véi”, que doou parte de sua terra, para que servisse de patrimônio da Igreja que seria futuramente ali construída, sob a invocação de São Francisco, o santo de sua devoção, que seria óbvio, o padroeiro

da cidade. A construção da Igreja foi iniciada pouco tempo depois, e só foi concluída em 1934. O começo da edificação da cidade propriamente dita, ocorreu com o início da construção do açude público em 1932, idealizado e construído na gestão do Dr. José Américo de Almeida quando Ministro de Viação e Obras Públicas. No local denominado “Barrocas”, foi iniciada a construção do açude público em 25-04-1932, pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, atualmente DNOCS, e concluída em 05-07-1933. O açude Riacho dos Cavalos, que também foi denominado Cabaibu, com seus 17.699.000 de metros cúbicos, foi o empreendimento de maior vulto e utilidade já executado no município, pois atraiu para a região os maiores benefícios de ordem econômica. Tal construção deu-se no momento de maior precisão por parte da população local, isto é, a seca de 1932/33 que assolou a região. Em

1932, quando o ministro José Américo autorizou a construção do açude público existia naquela localidade apenas duas casas, além da sede do sítio. Com a chegada de trabalhadores para o início das obras novas residências foram surgindo. Com o decorrer das obras, surgiu uma feira aos domingos que consistia na reunião de pessoas que trabalhavam na construção do açude e de outras que vinham trazer e expor à venda os produtos da região para serem comercializados. O local da referida feira era uma latada ou barraca improvisada que posteriormente fora substituída por um galpão de tijolo coberto com telhas que atendeu as necessidades da população por muitos anos. No local do citado galpão, encontra-se hoje o prédio da prefeitura municipal. Em 1933, quando foi concluída a construção do açude, a vila estava formada e pertenceu a Catolé do Rocha até sua emancipação política em 1961.


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Incentivo à agroecologia alimentação saudável na Paraíba

A adoção de práticas de cultivo de alimentos orgânicos está se expandindo na Paraíba, levando extensionistas a se aperfeiçoarem por meio de cursos, e agricultores familiares a se credenciarem para o fornecimento a programas institucionais como PAA e PNAE. Trata-se de uma ação do Governo do Estado, executada pela Gestão Unificada Emepa/Interpa/Emater (GU), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e Pesca (Sedap). Recentemente, a Emater encerrou em Patos a capacitação de 800 famílias agricultoras de vários municípios integrantes do Território do Médio Sertão, por meio de 40 oficinas de produção de mudas frutíferas, forrageiras, leguminosas, e essências florestais nativas e exóticas adaptadas. Na ocasião, ensinou, também, todas as técnicas de manuseio e guarda de sementes de segurança alimentar. Durante as capacitações, foram abordadas temáticas importantes quanto à produção de defensivos naturais e alternativas para o controle de pragas e doenças em culturas e em criações de animais. Aproveitando os recursos locais, foram produzidos biofertilizantes, caldas, macerados e outros preparos naturais, que substituem os agrotóxicos, com vantagens econômicas, ambientais

e à saúde de agricultores e consumidores. O agricultor João Calixto, participante da oficina da Comunidade de Poço Dantas, município de São José de Espinharas, disse que aprendeu muito com essa prática, “pois é muito bom trabalhar com defensivos naturais que temos no sítio, sem prejudicar a nossa saúde e também o nosso bolso”. Esse processo de capacitação tem duração de três anos e a Emater está trabalhando o seu quadro técnico, conciliando experiência e motivação para a realização do trabalho junto às 800 famílias, com o Governo do Estado fomentando a produção de alimentos saudáveis, mesmo em condições de estiagem extrema, que vem ocorrendo há cerca de quatro anos consecutivos. De acordo com o coordenador do contrato 108/2014 - Agroecologia do Médio Sertão, Jailson Lopes da Penha, todo o trabalho executado, fruto de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), tem permitido a prática agroecológica, como estratégia de desenho de propriedades rurais com produção sustentável, numa perspectiva de convivência com o Semiárido. Para o diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do MDA/SAF/Dater, Marenil-

son Batista, o trabalho da Emater em agroecologia “fortalece a economia das famílias e proporciona qualidade de vida para produtores e consumidores que passam a consumir alimentos mais saudáveis, além da importante contribuição para a sustentabilidade do Semiárido”. O diretor do Dater destacou, também, que o desafio da melhoria da qualidade de vida das famílias agricultoras, bem como da sociedade em geral, que consome grande parte de alimentos advindos do campo, “passa pela adoção de práticas agroecológicas, que num contexto de região semiárida é indispensável à cobertura do solo, para que a água que cai das chuvas possam se infiltrar, ao invés de escorrer pela superfície”, ensina. Feira Agroecológica - A primeira feira agroecológica da agricultura familiar, orientada pela Emater, em São Sebastião de Lagoa Roça, região administrativa de Areia a poucos dias. São 21 agricultores, distribuídos em 16 barracas padronizadas, comercializando todas as sextas-feiras, mais de 30 produtos totalmente livres de agroquímicos. A Emater já instalou mais de 30 feiras da agricultura familiar, todas em fase de transição agroecológica, ou seja, com produtos saudáveis, vindos diretamente do campo para o público consumidor.


Aesa no Conselho

Mundial da Água Três meses após conquistar uma cadeira no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), a Paraíba passa a fazer parte do World Water Council, o Conselho Mundial da Água. A organização internacional aprovou dia 20.08.2015, a adesão da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) e convidou o Governo do Estado para o 8º Fórum Mundial da Água. A adesão da Aesa foi aprovada pela Assembleia de Governadores que é formada por especialistas em recursos hídricos de seis países: Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos,

França e Turquia. “A partir de agora poderemos participar do debate global sobre a segurança dos recursos hídricos. Compartilhando o conhecimento com especialistas de outros países, vamos desenvolver melhor a nossa função e cumprir nosso papel, que é garantir água de qualidade para a população”, observou o presidente da Aesa, João Fernandes da Silva. O Conselho Mundial realizou em abril deste ano, na Coreia do Sul, o 7º Fórum Mundial da Água. A próxima edição será em Brasília, em 2018. “Este é o maior evento mundial sobre recursos hídricos.

São mais de 20 mil participantes e pela primeira vez o Brasil vai sediá-lo”, destacou João Fernandes, acrescentando que o tema será Compartilhando Água. O Brasil tem, atualmente, 46 membros no Conselho Mundial da Água. A organização internacional é composta por representantes de governos, academias, sociedade civil, empresas e organizações não governamentais. Sua estrutura é constituída por um Comitê Mundial formado por 36 governadores, dos quais quatro são brasileiros. A sede permanente fica na cidade de Marselha, na França.


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Cinco açudes

monitorados pelo Governo do Estado estão sangrando Cinco dos 124 açudes monitorados pelo Governo do Estado estão sangrando. Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), as precipitações que caíram no mês de julho/2015, melhoraram o nível dos reservatórios localizados na faixa litorânea e no Brejo, mas no Sertão a situação ainda é preocupante. De acordo com os dados da Aesa, 39 reservatórios estão em condição crítica, com menos de 5% da capacidade. Outros 36 têm menos de 20% e 44 estão com mais de 20% do volume total. Juntos, todos os açudes acompanhados pela Aesa conseguem acumular 3,7 bilhões de

metros cúbicos e atualmente estão com 742 milhões de metros cúbicos. “Temos realidades bem distintas. Enquanto que no Cariri e Sertão alguns açudes estão secando, no Litoral os reservatórios estão enchendo”, observou o presidente da Aesa, João Fernandes da Silva. “Entre maio e julho temos uma maior incidência de chuvas na faixa litorânea. No Sertão, as precipitações ocorrem com mais frequência entre fevereiro e abril”, ressaltou a meteorologista Carmem Becker. Os reservatórios que estão sangrando são: Araçagi, na cidade de mesmo nome; Gramame-Mamuaba, no Conde; Jan-

gada, em Mamanguape; Olho D’água, em Mari; e Suspiro, em Serra da Raiz. “Também temos notícias de alguns açudes que não são de responsabilidade da Aesa que também estão completamente cheios. É o caso do Agenor Cabral de Lira, na cidade de Natuba”, acrescentou João Fernandes. A lista completa com a quantidade de água armazenada em cada açude monitorado pela Aesa está disponível no sitewww. aesa.pb.gov.br. Na página também são disponibilizadas informações sobre autorização para uso da água bruta e o trabalho desenvolvido pelos comitês de bacias hidrográficas.


Alimentos orgânicos eles são melhores mesmo

Os métodos de produção alimentar que lançam mão de agrotóxicos oferecem alimentos com até 40% menos vitaminas, minerais e fitoquímicos do que há 50 anos, de acordo com relatório da organização norte-americana The Organic Center. Esse fator, aliado ao pouco consumo de frutas, legumes e verduras e a busca por industrializados, pode ter consequências prejudiciais para o organismo do seu filho. Por isso, além de incentivar as crianças a ter uma alimentação saudável, o consumo de orgânicos, desde os primeiros anos de vida, contribui e muito na prevenção de doenças crônicas e no desenvolvimento do sistema imunológico, segundo a nutricionista Denise Carreiro. Isso porque, ao optar por esses alimentos, você evita que o seu filho consuma compostos químicos presentes em pesticidas que são estranhos ao organismo. Dados do The Organic Center apontam que alimentos produzidos sem defensivos e agrotóxicos contêm níveis 30% maiores de antioxidantes, além disso, eles apresentam mais nutrientes, sabor e duração de vida pós-colheita. 10

Neste ano, a Agência Internacional de Pesquisas do Câncer (Iarc) divulgou uma pesquisa na qual classifica cinco pesticidas como possivelmente cancerígenos, sendo quatro deles liberados no Brasil.

“Quando há sobrecarga de agrotóxico, aditivos, substâncias agressoras, e não há nutrientes que façam o processo de desintoxicação, vemos as taxas de câncer aumentarem”, explica a nutricionista.

Saúde x economia Cerca de 30% mais caros do que os alimentos não organicos, consumir orgânicos pode, no fim, significar economia. Isso porque, ao possibilitar que o sistema imunológico do seu filho esteja preparado para lidar com agressores externos, o gasto com medicamentos diminui. “O que um nutriente faz nenhum remédio faz. A ação que o nutriente tem é naturalmente esquecida, como o exemplo da vitamina C, que atua como antialérgico”, diz Denise. A conta, segundo ela, é simples: “Somos formados de nutrientes, não de remédios. O que significa esse “mais caro” quando você vai promover saúde para uma criança? Precisamos entender a importância de dar base adequada para formação e ação de todas nossas células.” Deixar de consumir frutas, ver-

duras e legumes, porque pesam no orçamento não é uma saída, já que esses alimentos são fundamentais para a saúde da família. Por isso, para diminuir a conta, procure produtos da estação e compre fora das grandes redes -- quanto menos intermediários entre o produtor e você, melhor. Procure especialmente pelos alimentos que entram na lista dos maiores índices de uso de químicos, como morango, tomate, pepino e pimentão. Outra dica importante, que vale tanto para os orgânicos quanto para os alimentos convencionais, é laválos muito bem antes do consumo. Inclusive, para aqueles que contêm produtos químicos, o excesso pode ser minimizado. Segundo Denise, para alimentos mais resistentes, vale usar uma bucha nova e água corrente, sem detergente.


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Avicultura no Cariri

Governo do Estado treina técnicos da Emater A consolidação da atividade avícola na Paraíba, com assessoramento da Gestão Unificada Emater/Emepa/Interpa (GU), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), está levando aos agricultores familiares uma possibilidade de aumentar sua renda e a qualidade de vida familiar e para melhor atender aos avicultores realizando treinamentos com técnicos, a exemplo do que aconteceu em Monteiro, na recentemente. O Curso Avançado de Avicultura Alternativa para técnicos da Emater Região de Serra Branca teve como facilitadores os instrutores Vicente de Assis Ferreira e Hermano Severino de Araújo, que contribuíram para consolidar a formação da cadeia produtiva da avicultura alternativa em todo o Cariri paraibano, com uma perspectiva real de contemplar um número significativo de agricultores familiares dos 21 municípios que compõem a região, informou o coordenador regional da Emater em Serra Branca, Walmir Azevedo.

O Curso O conteúdo programático do curso abordou o histórico das atividades da avicultura, as raças que podem ser criadas, o manejo produtivo, alimentar e sanitário, além de instalações e comercialização da produção de ovos e carne. Por ocasião do curso, foi realizada visita ao abatedouro industrial do município de Monteiro, onde os técnicos puderam observar o processo de beneficiamento dos frangos, bem como recepção das aves, abate, assepsia, corte,

embalagens, pesagem, câmera fria e entrega do produto final, além de conhecer todos os segmentos do abatedouro. O grupo de participantes também visitou uma unidade de produção para acompanhar detalhadamente as instalações adequadas de um aviário. Houve ainda a prática de vacinação. Entre outros, participaram do curso, os extensionistas Antonio Alberto e Afonso Cartaxo, que na região também assessoram os avicultores.

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Banana vermelha Conheça seus benefícios à dieta

A banana é fruto mais consumido do mundo. A banana vermelha é mais cremosa, mais doce e mais rica que a banana amarela comum. Tem ricas propriedades, possui três açúcares naturais: frutose, sacarose e glicose, combinados com muita fibra. A banana vermelha possui seis vitaminas e onze minerais, o que a transforma em ótima fonte de energia. Um fruto excelente para quem pratica esporte e para quem faz regime alimentar, oferecendo uma série de benefícios para a nossa saúde. É conhecida também como banana Red Dacca, é menor e mais grossa do que a banana comum. Quando madura,

a banana vermelha crua tem uma carne cremosa de cor roseada. As bananas vermelhas são importadas de produtores do leste da África, Ásia e América do Sul. Elas são as favoritas na América Central, mas são vendidas em todo o mundo. Quanto mais vermelho o fruto, maior é a presença de caroteno e o nível de vitamina C. A banana vermelha possui vários nomes, dependendo de sua região de cultivo, incluindo o espanhol Red, Red cubano, Colorado ou Lal kela. Seu nome botânico oficial é Red Dacca. O seu cultivo é muito vigoroso e resistente, produz cachos com até cem frutos.

Como consumir a banana vermelha Além do consumo in natura, também pode ser consumida cozida em sobremesas e pratos semisalgados. Em preparados para sobremesas, pode acompanhar frutas como maçãs, morangos, amoras, frutas cítricas e no preparo de iogurtes. Nos pratos salgados, pode acompanhar cremes, carne de porco, frango, feijão preto, limão, manga, abacaxi, nozes, caju e avelãs. (specialtyproduce) Baixa caloria Como todas as frutas, as bananas vermelhas fazem uma adição de baixas calorias a sua dieta. Uma banana vermelha média contém apenas cento e dez calorias. Ótima fonte de fibra A banana vermelha pode ajudá-lo a suprir às suas necessidades diárias de fibra. Uma banana vermelha média tem quatro gra12

mas de fibra, supre dezesseis por cento do seu valor diário de fibra. As mulheres precisam de cerca de vinte e cinco gramas de fibra por dia, e os homens precisam de trinta e oito gramas por dia. A inclusão de mais alimentos ricos em fibras em sua dieta como a banana vermelha pode reduzir o risco de doença cardíaca e diabetes tipo 2. Rica fonte de Potássio A banana vermelha é uma boa fonte de potássio. Uma banana média contém 400 miligramas, supre onze por cento de seu valor diário. O ser humano precisa de uma ingestão adequada de p otássio para o equilíbrio de fluidos e eletrólitos, bem como também precisa de potássio para a função cardíaca, contrações musculares e digestão. Alimentos ricos em potássio podem ajudar a reduzir os níveis da pressão arterial.

Ótima fonte de vitamina B6 A vitamina B-6 é uma vitamina solúvel em água necessária para o metabolismo de proteínas e metabolismo das células vermelhas do sangue. A pobre ingestão de vitamina B-6 pode levar a anemia. Uma banana vermelha média atende vinte por cento do seu valor diário de vitamina B-6. Banana vermelha é boa fonte de vitamina C A banana vermelha é também uma boa fonte de vitamina C, supre quinze por cento de seu valor diário. A vitamina C é uma vitamina importante para o crescimento, a saúde imunológica. A vitamina C também é um antioxidante que oferece proteção contra os radicais livres, que podem ajudar a reduzir o risco de doenças cardíacas.


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Barragem subterrânea Governo do Estado estimula a construção

Na busca de encontrar alternativa definitiva para a convivência com a estiagem, o Governo do Estado, por meio da Gestão Unificada Emater/Emepa/Interpa – vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca –, numa ação integrada com prefeituras municipais e outros parceiros, vem estimulando a construção de barragens subterrâneas, a exemplo de Frei Martinho, no Curimataú, região administrativa de Picuí. Recentemente, na comunidade Cauassu de Baixo, na propriedade de Pedro Gomes de Oliveira, houve uma demonstração sobre a construção de barragem subterrânea utilizando lona. Participaram do evento 12 agricultores familiares e lideranças do município: o presidente da Câmara de Vereadores, Rodolfo Morais; a secretária de Agricultura do Município, Isabelle Cristina; o secretário da Infraestrutura, Judemar Santos Araujo, e o presidente do Conselho Municipal

de Desenvolvimento Rural Sustentável, José Aldomário Lira. A construção de barragem subterrânea tem se constituído numa saída para convivência com a seca, criando condições de armazenamento de água que poderá ser usada para o consumo humano e animal, e até para execução de projetos de irrigação, com isso, garantindo renda para as famílias agricultoras. Na construção desta barra-

gem, foi utilizada lona comprada pelo agricultor, que é técnico da Emater, e a prefeitura cedeu a retroescavadeira e a enchedeira, com a mão-de-obra dos agricultores participantes da unidade demonstrativa. Ao final, agricultores demonstraram interesse em também construir uma barragem em suas propriedades, o que será possível com a parceria da prefeitura municipal e a orientação da Emater-PB.

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Pesquisa da Emepa impulsiona a produção de caprinos e ovinos no Semiárido

Um sistema alternativo de produção de caprinos e ovinos para o Semiárido que está sendo desenvolvido pela Emepa, empresa integrante da Gestão Unificada Emater/Emepa/Interpa – vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca, permite que os rebanhos tenham um ciclo de três parições em dois anos. As pesquisas são desenvolvidas em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), propostas pelo projeto Agrocapri, que devem impulsionar ainda mais a caprinovinocultura. Segundo Wandrick Hauss de Sousa e Felipe Cartaxo, pesquisadores do projeto Agrocapri, essa conquista permitirá resolver, em parte, um grande problema da indústria frigorífica e do mercado consumidor, que é a regularidade de animais e maior oferta dos produtos comercializados. Uma das metas do Agrocapri é aperfeiçoar os sistemas, aumentando a eficiência produtiva e diminuindo os custos de produção. A ideia é, ao final do projeto, mostrar se este sistema é também viável do ponto de vista econômico ou apontar indicativos de possam auxiliar as 14

políticas públicas para a produção de caprinos e ovinos no Semiárido. De acordo com os pesquisadores, os resultados parciais já mostram que esse modelo de produção é viável. “Observamos que mesmo convivendo com anos atípicos de chuva, há possibilidade de fazer com que o animal produza um parto extra comparado com o sistema tradicional. Para isso, é necessário que se tenha reserva alimentar, principalmente silagem, além de toda a estratégia alimentar que o animal requer durante o ciclo fisiológico da reprodução, que contempla a gestação e a lactação e a cria”, explicou Wandrick Hauss. O sistema alternativo de produção proposto pelo Agrocapri está incorporando várias tecnologias e as aperfeiçoando dentro de uma forma sistêmica, entre elas: o efeito macho antes da reprodução, o flash alimentar e o sistema de suple-

mentação alimentar no terço final da gestação. Destaca-se também a maneira de criar os animais no sistema de “creep feeding” durante o período de lactação, que faz com que eles tenham acesso rápido a alimentação sólida e, assim, possam ser desmamados precocemente, com cerca de 58 dias. “Com a incorporação dessas tecnologias, o projeto também conseguiu outros resultados positivos. Atualmente tem-se uma boa média de prolificidade, ou seja, número de animais nascido por cada fêmea, por estação de nascimento. Em caprinos tem-se uma média de 1.8. Em ovinos chega a 1.5. Isso tem um impacto muito forte na eficiência dos sistemas”, disse o pesquisador Felipe Cartaxo. Em cada estação de parição é feita uma avaliação. Porém, com o fechamento de três ciclos, é possível fazer uma análise mais aprofundada dos dados, principalmente avaliando o custo da alimentação dos animais. Hoje, este custo com alimentação está em torno de 48% a 52% do valor total da produção. A proposta é que não ultrapasse 40% do valor. FONTE: http://www.paraiba. pb.gov.br/


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Projeto que beneficia caprinocultura leiteira no Semiárido paraibano é aprovado pela Sudene O Governo do Estado, por meio da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa-PB), empresa integrante da Gestão Unificada Emater/Emepa/Interpa – vinculada à Secretaria de Estado da Agropecuára e da Pesca –, tem mais um projeto aprovado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O projeto “Qualificação do Arranjo Produtivo Local da caprinocultura leiteira no semiárido paraibano”, com financiamento em mais de R$ 350 mil, oferecerá capacitação técnica aos produtores, melhoramento genético dos rebanhos e vitrines tecnológicas. Realizado em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e apoio da Emater-PB, essas atividades são de grande relevância para o setor, já que para alavancar esse mercado é preciso uma mudança efetiva no panorama da produção, processamento e comercialização de produtos derivados do leite ca-

prino. Os criadores precisam se preparar para uma nova realidade representada por indústrias de beneficiamento do leite e que terão como princípios básicos a regularidade na oferta dos produtos e a sua qualidade. De acordo com o pesquisador Wandrick Hauss de Sousa, coordenador do projeto, para que essa mudança aconteça serão realizadas vitrines tecnológicas para membros de associações e de cooperativas de nove municípios do Cariri e do Curimataú, apresentando tecnologias de alimentação sustentáveis de arroçoamento animal através da técnica de suplementação dos blocos multinutricionais. O projeto também vai disponibilizar, através da Emepa, 48 reprodutores de origem leiteira, inclusive animais de embriões da África do Sul, para inseminar 600 cabras leiteiras com os melhores reprodutores. Além disso, serão ofertados 26 cursos de capacitação nas diversas áreas da produ-

ção de caprino leiteiro. São ações complementares para fortalecer o arranjo da cadeia produtiva do leite no Estado da Paraíba. O projeto faz parte da Rota das Integrações, chamado Rota do Cordeiro. “Essa é uma linha de projeto do Ministério da Integração, que financia em todos os estados do Nordeste, através da Sudene, a caprinocultura de leite e a de corte (carne)”, informou o diretor Técnico da Emepa, Manuel Duré. Segundo o presidente da Gestão Unificada Emater/Emepa/Interpa, Nivaldo Magalhães, a partir do momento em que a base produtiva alcance a competência para o fornecimento regular de matéria prima de boa qualidade, ela estará preparada para a implantação de indústrias competitivas que regularão a sustentabilidade do Arranjo Produtivo Local da caprinocultura leiteira no semiárido paraibano FONTE: http://www.paraiba.pb.gov.br/

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Perigo

o cuidado com o descarte das embalagens de agrotóxicos O principal motivo para darmos a destinação final correta para as embalagens vazias dos agrotóxicos é diminuir o risco para a saúde das pessoas e de contaminação do meio ambiente. Durante vários anos, o Governo tem trabalhado em conjunto com a iniciativa privada num programa nacional para o destino final das embalagens. As parcerias estabelecidas e os convênios firmados com empresas e entidades permitiram a implantação de diversas centrais de recebimento de embalagens no Brasil, que hoje ajudam a reduzir o número de embalagens abandonadas nas lavouras, estradas e às margens de mananciais d’água. Atualmente o Brasil já recicla de forma controlada 20% das embalagens plásticas monocamadas (PEAD) que são comercializadas. É preciso divulgar cada vez mais junto aos agricultores as exigências estabelecidas pela Lei Federal n.º 9.974 de 06/06/00 e 16

Decreto n.º 3.550 de 27/07/00. A nova legislação federal disciplina a destinação final de embalagens vazias de agrotóxicos e determina as responsabilidades para o agricultor, o revendedor e para o fabricante. O não cumprimento destas responsabilidades poderá implicar em penalidades previstas na legislação específica e na lei de crimes ambientais (Lei 9.605 de 13/02/98), como multas e até pena de reclusão. É obrigação do usuário de agrotóxicos proceder a tríplice lavagem (ou tecnologia equivalente) das embalagens rígidas que contenham formulações miscíveis ou dispersíveis em água. Através deste procedimento, as embalagens devolvidas pelos usuários às centrais e postos de recebimento poderão ser recicladas; caso contrário serão consideradas contaminadas e remetidas para incineração. De acordo com o Art. 6°, parágrafo 2°, da Lei Federal n°

7.802/1989, os usuários de agrotóxicos deverão efetuar a devolução das embalagens vazias dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da data da compra, ou prazo superior, se autorizado pelo órgão registrante, podendo a devolução ser intermediada por postos ou centros de recolhimento, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente. Nas notas fiscais de venda de agrotóxicos deve constar o endereço para devolução das embalagens vazias, devendo os usuários ser formalmente comunicados de eventual alteração. O comerciante é obrigado a receber todas as embalagens de agrotóxicos vendidas em seu estabelecimento, sendo responsável por elas até o recolhimento pelo fabricante. Caso não tenha condições de receber as embalagens no lo-


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cal onde se realizam as vendas, o comerciante deve disponibilizar e indicar uma unidade de recebimento (posto ou central), levando em consideração que as condições de acesso não devem dificultar a devolução pelo usuário. Conforme o § 5° do Art. 53, do Decreto Federal 4.074/2002,

as embalagens rígidas, que contiverem formulações miscíveis ou dispersíveis em água, deverão ser submetidas pelo usuário à operação de tríplice lavagem, ou tecnologia equivalente, conforme orientação constante de seus rótulos, bulas ou folheto complementar.

A localização dos postos e centros de recolhimento de embalagens vazias pode ser encontrada no site do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), em:http://www. inpev.org.br/destino_embalagens/ unidades_recebimento/localizacao_unidades/localizacao.asp

Como fazer a tríplice lavagem: a) esvaziar totalmente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador; b) adicionar água limpa à embalagem até ¼ do seu volume; c) tampar bem a embalagem e agitar por 30 segundos; d) despejar a água da lavagem no tanque do pulverizador (repetir o procedimento três vezes); e) inutilizar a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo; f) armazenar em local apropriado até o momento da devolução. Como fazer a lavagem sob pressão: a) após o esvaziamento, encaixar a embalagem no local apropriado do funil instalado no pulverizador; b) acionar o mecanismo para liberar o jato de água limpa; c) direcionar o jato de água para todas as paredes internas da embalagem por 30 segundos; d) a água de lavagem deve ser transferida para o interior do tanque do pulverizador; e) inutilizar a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo; f) armazenar em local apropriado até o momento da devolução. FONTE- EMBRAPA

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Cadastro Ambiental Rural Uma ação Intersetorial do Governo do Estado vai garantir que agricultores paraibanos tenham suas propriedades georreferenciadas e cadastradas no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural(SiCAR) A realização gratuita de 600 cadastros ambientais rurais (CAR) será possível graças a um esforço conjunto da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase) e do Instituto de Terras e de Planejamento Agrícola (Interpa). “Nosso maior objetivo é fazer com que o agricultor tenha sua propriedade cadastrada, e que assim possa acessar as polí-

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ticas de fortalecimento da agricultura familiar, como as linhas de crédito rural”, adiantou Hélio Barbosa, coordenador do Procase. Uma das estratégias para ampliação do CAR no estado é a participação de jovens rurais que foram capacitados pelo Procase, para atuar no georreferenciamento das propriedades rurais no Semiárido paraibano. “A partir de uma parceria com a Sudema, entregaremos um GPS para cada jovem, para que eles possam realizar os cadastros nas regiões em que vivem”, acrescentou Hélio Barbosa. O CAR – Criado pela Lei 12.651/2012, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio

Ambiente (Sinima), o CAR é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, e tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente (APP), das áreas de Reserva Legal, das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país. Além de uma política pública de meio ambiente, o registro no CAR também tem um grande impacto social e econômico, pois é pré-requisito para a viabilização de vários instrumentos de desenvolvimento rural, como o licenciamento ambiental e as linhas de crédito rural (empréstimos e financiamentos).


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Associação de Produtores de leite do município de Piancó Em março de 2004, um grupo de pequenos produtores de leite se reuniram com o intuito de agregar valor ao seu produto, que antes não era valorizado e era vendido a preço irrisório de R$ 0,20 centavos. Hoje, esses mesmos produtores conseguem vender seu produto a um preço bem superior, chegando a al-

cançar o valor de até R$ 1,10. Com a criação da Associação, vieram novas tecnologias, melhoria genética do rebanho, conhecimento técnico e maior amparo aos produtores de leite de Piancó e região. Com pontos de leite em Piancó, Santana dos Garrotes, Nova Olinda. Com parcerias com o Banco do

Brasil, Banco do Nordeste, Emater, Prefeitura Municipal de Piancó, Ministério da Agricultura, Empasa, entre muitas outras, sempre procurando primar pela defesa da classe pecuarista, fixando o homem ao campo, evitando o exôdo rural, tornando o leite um produto confiável, saudável, e valorizado como se deve.

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Entrevista

Manelito

Vilar

O notavél Convivendo com a sêca REVISTA PARAÍBA RURAL – Você que sempre fez um trabalho de convivência com a seca, precursor desse tipo de estudo, pesquisa, como você vê essa situação hoje? MANELITO VILAR – A gente está saindo de um ciclo de seca, pra entrar num ciclo chuvoso a partir do próximo ano. A cada 13 anos aqui no nordeste tem um ano de seca radical, o segundo 13, que dá 26 anos, é sempre inserido num conjunto de anos secos, que de primeiro chamavam “as grandes secas do nordeste”. Essas grandes secas, desde o império, D. Pedro II, é que gera iniciativa em torno do nordeste como pretexto e fundamento, a seca. Vinte e seis anos depois, os governantes são outros, os adultos que viveram a seca, na maioria já morreu, começa tudo do zero de novo, sempre baseado na água, e não consolidam uma estratégia de convivência com o semiárido. Entre todas as zonas secas do mundo, 20

o nordeste do Brasil, é onde tem condições, é a que tem a cobertura vegetal mais rica. Se estima que tenha entre 3.000 a 4.000 espécies, segundo, é a que tem a maior altura média anual de chuva. Aqui em Taperoá, já teve ano de 70 mm e ano de 3.000 mm de chuva. Terceira, agora que é a mais expressiva, vivendo de algum modo, entre todas as zonas ári-

das e semiáridas do mundo, é a que tem a maior densidade de população, quer dizer, vive de algum modo a maior quantidade de pessoas. Agora é a única entre as zonas secas do mundo pra quem o “ adequaluz da terra” jamais foi definido do ponto de vista técnico, a definição é simples: cancela a lavoura temporária no semiárido, dependendo de água e de distribuição de água, e volta à zona seca do mundo, volta ao nordeste, o caminho de todas as zonas secas do mundo, desde a manjedoura de Belém, que é fazer pecuária. O nordeste do Brasil,foi uma região colonizada essencialmente nas patas de ruminantes. Tem a civilização do couro, olhe o nome das cidades, Currais Novos, Parelhas, é tudo baseado na pecuária. E teve tempo que a pecuária aqui, era pecado, a uns 20 anos atrás. E é via pecuária que o nordeste seco, um dia vai se tornar também um bom pedaço, do belo país, Brasil.


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REVISTA PARAÍBA RURAL - E como você vê nesses próximos anos ? MANELITO VILAR – O CTA, Centro, lá de São José dos Campos, em 1978, conseguiu fazer, juntando duas curvas, uma com intervalo de 13 anos e outra de 26 anos, fazer um enquadramento da seca e da chuva do nordeste. Então, nós estamos ainda num ciclo seco, ano seco de seca para um ciclo chuvoso, e depois volta a ter um ciclo de seca. REVISTA PARAÍBA RURAL - Você criou o INSA, Instituto do Semiárido. Fale um pouco do INSA, da criação e como se encontra hoje. MANELITO VILAR – Veja , eu fui o presidente do Instituto, do Comitê de Implantação do Instituto, fui me rendendo à pressão de Dr. Miguel Arraes, junto ao neto dele, que era o ministro Eduardo Campos. Pois bem, e a gente selecionou criteriosamente um grupo de técnicos, organizou um curso inten-

sivo de informação sobre o semiárido. Ninguém estuda o semiárido na universidade nordestina, e nós implantamos o Instituto. Eu achei engraçado, quando fui sair de lá, do instituto, e esse grupo de meninos, que eram 12, que foram selecionados e receberam o curso intensivo sobre o semiárido, me fizeram uma homenagem, aí eu me virei pra eles e disse, “ Olhe, esse instituto vai mudar de direção a cada mudança de governo, agora de diretriz não deve mudar não, porque os portadores dessa diretriz, são vocês.” Mudou a diretoria, foi entregue à Escola de Areia ( Escola de Agronomia), se você pensar no semiárido como referência, é a pior delas, do nordeste todinho. Botaram pra fora esses meninos todinhos (os 12 selecionados ), e destruíram o Instituto do Semiárido. Agora está tendo uma nova iniciativa de mudar a diretoria do Insa. A forma que o Ministério de Ciência e Tecnologia faz, é isso, cria um Comitê de Busca, você

se candidata, e faz-se uma seleção. Uma das pessoas das quais vai se candidatar à isso, é uma pro-reitora da Universidade Estadual da Paraíba, esteve aqui em casa pra pegar umas referências sobre o instituto. Ela me disse que a primeira coisa que vai fazer é reestabelecer a logomarca do INSA, que eles cancelaram. A logomarca foi um presente que Ariano Suassuna fez e deu ao instituto no começo. E vai retomar a diretriz que eu tinha implantado no instituto. Eu tive que me render a Dr. Arraes, pra assumir o INSA, porque insinuado por mim, eu disse à ele: chega de botar as instituições que cuidam do semiárido numa beira d’água, ou no litoral onde tem umas escolas agrárias, ou à beira do São Francisco, pra onde foi o Centro de Pesquisa do Semiárido da Embrapa, que não fez coisa nenhuma pelo semiárido até hoje. Eu me senti ética e moralmente, obrigado a assumir o instituto. Porque, atuando no congresso, no parlamento nacional, ele (Miguel Arraes), botou a sede do instituto em Campina Grande, longe da beira d’água. E Campina Grande, é uma cidade que tem uma estrutura universitária madura, e é conhecida historicamente, como muito bem integrada com todos os estados da região. Do ponto de vista geográfico, o instituto, foi para o lugar certo. Era pra se ocupar mesmo com a seca, fugindo da equação cômoda, de primeiro pensar em água, e tentar produzir no semiárido. Aí, eu fui obrigado, me rendi perante ele (Arraes), pra assumir a coordenação do instituto. Fui muito contrariado, porque eu o que eu tinha de fazer em serviço público, eu tinha feito quando era engenheiro, e fui. E a gente implantou o instituto. Tudo que a gente fez lá, foi completamente desmanchado pelo pessoal da Escola de Areia, que assumiu no comitê de busca, seguinte. Aí, desmancharam o INSA, esse pessoal que vai se candidatar agora proximamente, ainda esse ano de 2015, vai reestabe21


lecer a diretriz que se tinha dado para o instituto, se eleito for e nomeado. Aí eu não sei, meu medo é que o Instituto a permanecer como está, é apenas mais um órgão, um refrão em cima do nordeste seco, desde a seca, repare que isso é histórico. Quando voltaram a lei da Sudene, o governo federal que criou a Sudene, estenderam a zona da seca para o nordeste de Minas Gerais, depois levaram para o norte do Espírito Santo, e esse ano, as dotações previstas no orçamento para a seca, vãopra zona seca pra aplicar no Rio Grande do Sul, quer dizer, o semiárido tá esticado demais, já foi bater no sul. REVISTA PARAÍBA RURAL – E em relação à esses reservatórios que existem no estado, como você analisa o Dnocs? MANELITO VILAR – Bom, os grandes açudes que o Dnocs fez, estão servindo para abastecer a população, água de beber, que é o uso primordial, e que sem ela não se vive. REVISTA PARAÍBA RURAL – Você acha que na Paraíba, existe possibilidade de haver resgate de algumas culturas? MANELITO VILAR - Veja, cultura de planta perene ou para pecuária, esse conceito não tá afirmado na prática usual das instituições públicas, mas tem que começar por aí. 22

REVISTA PARAÍBA RURAL - Que cultura você acha viável? MANELITO VILAR – Os capins perenes do norte da África, e sobre ele a pecuária de ruminantes, gado bovino, cabra e ovelhas do nordeste do Brasil. A pele vale mais que a carcaça, e o foco das coisas, das instituições de ensino e pesquisa ainda não absorveram isso, mas estamos caminhando pra ser. REVISTA PARAÍBA RURAL – Já que você comparou a pele do ovino, qual a diferença da ovinocaprinocultura nativa para às importadas? MANELITO VILAR – Veja, do ponto de vista de plasticidade, as peles de cabras e ovelhas nativas, são superiores às importadas, são mais resistentes e consequentemente matéria-prima mais adequada para criar artefatos e utensílios de couro.

O produtor é quem carrega o Brasil nas costas. Somos o maior produtor do mundo de alimentos, ou vamos terminar sendo.

REVISTA PARAÍBA RURAL – E com relação à produção caprino leiteira? MANELITO VILAR – Veja, aqui nessa fazenda (Fazenda Carnaúba), foi feito um trabalho de seleção para melhoramento da produção das cabras nativas do nordeste. Porque as raças especializadas em leite, tipo Saanen, porque pra conseguir àquelas produções é preciso pegar um nutriente que é próprio pra um animal monogástrico. Então foi essa diretriz que guiou uma seleção de erros e acertos das cabras e ovelhas da fazenda. REVISTA PARAÍBA RURAL – A criação de ovinos estimula a desertificação ou isso é mito? MANELITO VILAR – Dizem isso das cabras, é sobretudo um equívoco. O que acontece é o seguinte: quem desertifica é o homem. Chega uma hora, em que só a cabra é capaz de sobreviver, então não é ela que desertifica, ela chega quando o deserto já está feito. REVISTA PARAÍBA RURAL– Dentro do contexto comercial a ovinocaprinocultura é tão ou mais viável que a bovinocultura? MANELITO VILAR – Não existe isso não. Teve uma época, que uma instituição alienada, como é o Banco do Nordeste, criado com a dimensão de agência de desenvolvimento do nordeste, que ele nunca assumiu, estabeleceu a era do boi, que já passou no nor-


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deste, e agora é cabra. Passaram 400 anos, desprezando as cabras, e de repente ela tá eleita, um mito, já faz um tempo. Na verdade a grande atividade viável, é a pecuária integrada. A criação de ruminantes é o maior tabu, carne e leite na mesma cabra, na mesma vaca, comendo o mesmo pasto. REVISTA PARAÍBA RURALE a palma forrageira? E o capim de pisoteio? MANELITO VILAR – Palma,é o complemento muito importante. Mas, ela é complementar. O tifiton, é um capim que foi feito por um agrônomo muito competente, a partir de grama de burro. Então, grama de burro é compatível com as terras baixas do nordeste, é um alimento fantástico. REVISTA PARAÍBA RURAL Que conselho você daria ao pequeno e médio produtor paraibano? MANELITO VILAR – Primeiro não entro nessa não, de dividir produtor em pequeno, médio e grande. O que define o tamanho de um produtor é o que ele produz, e não o que ele planta. Você veja por exemplo, se um sujeito tiver um roçado de 50 hectares de alface, 50 hectares é uma pequena propriedade, mas 50 hectares de alface, seguramente esse produtor, é um grande produtor em qualquer lugar do mundo. Então conceitos são muito misturados, e aí tem uma conversa, na prática a teoria é outra, mentira! Você não tem nada que não seja embasado na teoria. E a teoria em relação ao semiárido do nordeste, é frouxa, é mal definida ou indefinida ainda...... REVISTA PARAÍBA RURAL – O que o governo estadual precisa fazer para melhorar a produção de caprinos ou do produtor rural? Falta financiamento pra melhorar a situação do produtor rural? MANELITO VILAR – Dinheiro há! O que não há, é uma política séria de crédito rural. A agricultura

é uma atividade sazonal, o produtor pega dinheiro de financiamento e custeio inicial, e lá na frente na colheita, então no meio do caminho entre essas duas datas, tem que haver um financiamento de custeio pra preservar o padrão decente na zona da seca do nordeste. Isso não existe no Brasil, nunca teve uma política de crédito rural, ainda mais uma política de crédito rural regionalizada. Evidentemente que o crédito rural no nordeste seco, deve ser um procedimento diferente do crédito do Rio Grande do Sul, por exemplo. REVISTA PARAÍBA RURAL – Se o governo federal anistiou os bancos de dívidas, porque o produtor rural é comprometido até hoje? MANELITO VILAR – Essa é uma distorção nesse país. O produtor é quem carrega o Brasil nas costas. Somos o maior produtor do mundo de alimentos, ou vamos terminar sendo. E ele o produtor não tem nenhuma prioridade no mecanismo de financiamento. Aí, o governo anistia bancos, numa hora em que metade do sistema bancário brasileiro está nas mãos de bancos estrangeiros, anistia os devedores de veículos, e os produtores rurais? Eu me lembro de Delfim Neto, que foi ministro do planejamento do Brasil. Disse que isso aí é secundário, o sujeito que tem uma terra, não tem outra coisa pra fazer a não ser plantar, tenha crédito ou não, ele, o produtor planta. E criaram esse negócio de subsistência (agricultura), lavoura de subsistência, e em relação ao semiárido, deve ser de insubsistência. O semiárido do nordeste do Brasil só vai se consolidar como região produtora às custas de pecuária, não é de lavoura não. REVISTA PARAÍBA RURAL – E as sementes transgênicas? MANELITO VILAR – Tudo isso é fricote, safadeza das empresas multinacionais ocupando o meu país! 23


Agricultores da PB usam sementes crioulas que resistem à seca no NE Produção do campo é armazenada em garrafas pet e em silos Um grupo de pequenos agricultores da Paraíba usa sementes crioulas de variedades tradicionais que consegue resistir à seca. Os agricultores formam as lavouras com materiais que mais se adaptam às propriedades. Em regiões onde o clima é tão diver-

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so como no semiárido, os grãos representam um patrimônio da agricultura local. Há uma relação muito forte dos agricultores paraibanos com as sementes crioulas, chamadas na região de sementes de paixão. “A semente da paixão é uma se-

mente que as famílias vêm guardando, conservando, selecionando. É uma semente que respeita o clima, o solo, o ambiente e a cultura das pessoas. Ela tem esse nome porque nós somos apaixonados por ela. Ela é quem faz com que a gente tenha vida na agricultura familiar”, diz Eusébio Albuquerque, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Família que planta unida, também colhe unida. No município de Queimadas, o agricultor Pedro de Luna e os dois filhos trabalham na lida com o feijão preto, um dos principais produtos da propriedade. O grão foi plantado com sementes tradicionais. A agricultora Silvia Pereira também planta, colhe e preserva a tradição das sementes da paixão. Ela divide o trabalho com o pai, que ficou entusiasmado com o resultado visto no campo. Além do feijão, os agricultores estão multiplicando uma das últimas novidades introduzidas no


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roçado: um tipo de sorgo mais rentável do que estavam acostumados a produzir na propriedade. Aos poucos os agricultores vão formando as lavouras com materiais que mais se adaptam às propriedades. Mas não significa que se determinada variedade vai bem numa área, ela terá um bom desempenho em outra. São tantos os microclimas que não é raro encontrar lavouras vistosas quase ao lado de terrenos muito secos. A experiência do agricultor que vive na região faz com que ele tenha sabedoria para esperar a pouca chuva. Muitas vezes, 180 milímetros distribuídos em quatro meses são suficientes para transformar a paisagem e levar fartura para a produção. O trabalho de preservação valoriza a agricultura familiar e a agroecologia. “É uma beleza visualizar a diversificação. Cada um tem um papel. O milho para alimentação das famílias, para alimentação dos animais. O agricultor se sente valorizado porque produz, se alimenta e também alimenta a sociedade”. A ideia de uma lavoura de sementes da paixão é aproveitar o máximo possível as áreas de uma pequena propriedade. A escolha dos grãos que irão servir de semente para o próximo plantio é feita de maneira criteriosa. A fartura que sai do campo é guardada em garrafas pet e em silos. Cerca de 8,2 mil famílias trabalham com as sementes da paixão em todo o estado da Paraíba. Algumas famílias reservaram um cômodo da casa para guardar o material inclusive dos vizinhos. Os chamados bancos comunitários armazenam um tesouro colorido. Depois de selecionar e secar as sementes, os agricultores deixam a produção armazenada até o próximo período de chuva. Nas sementes que vão para o silo, agricultores utilizam uma colher de pimenta do reino para cada dez quilos de feijão para não dar caruncho. Ele tampa bem o recipiente vedado com sabão de pedra(barra). Para compartilhar a riqueza da produção, os agricultores da Paraíba promovem encontros para trocar sementes. Passar para frente, de um vizinho para outro ou de pai para filho, as sementes crioulas se tornaram uma bandeira de resistência à seca e de afirmação da agricultura familiar do Nordeste. O trabalho com sementes crioulas existe em vários estados do Brasil. Essa diversidade genética local garante a sobrevivência da agricultura familiar. 25


Defensivos naturais

Agricultor aprendem a produzir e usar os produtos em Catolé do Rocha

O uso de defensivos naturais no controle de pragas na lavoura, como também no combate à praga da cochonilha do carmim que ataca a palma forrageira, foi tema de treinamento para agricultores do Assentamento Frei Dimas, no Sitio São Miguel, em Catolé do Rocha, no Sertão, onde também foram repassadas informações sobre o cultivo de quintais produtivos. Com o treinamento, foram beneficiadas 28 famílias agricultoras de assentamento em terras adquiridas pelo Incra que tinham manifestado a necessidade de assistência técnica à Gestão Unificada Emater/Emepa/ Interpa (GU), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap). O curso foi ministrado pelo assessor regional José Geraldo e o extensionista José Pereira, da GU em Catolé do Rocha, que repassaram informações aos agricultores sobre a preparação e o uso de defensivos naturais. Foram repassadas receitas que poderão ser utilizadas no controle de pragas em suas lavouras. O coordenador regional da Emater em Catolé do Rocha, Humberto Cavalcante, informou que no Sítio São Miguel existe uma unidade 26

demonstrativa de palma resistente à cochonilha do carmim, onde serão produzidas raquetes para distribuição entre os agricultores familiares da região e, com isso, fazer que seja possível manter reserva de ração animal para o período de estiagem. A presidente da Associação dos Agricultores do Assentamento Frei Dimas, Silvia Maria de Lima, destacou o trabalho dos extensionistas na orientação ao uso de defensivos nas suas plantações e também com

relação ao acompanhamento da unidade demonstrativa de produção de palma. A agricultora trabalha com uma grande diversidade de culturas, de forma consorciada, já obtendo bons resultados de produtividade. Sobre a praga na palma forrageira, a proposta dos técnicos da GU é evitar que venha trazer prejuízos para a pecuária, já que as cactáceas atacadas por essa cochonilha são um importante suporte alimentar dos animais.


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