ENTRE VISTA
30
Sempre é possível “EU SEMPRE SOU A FAVOR DA SEGUNDA CHANCE” UM HOMEM “PREGANDO” EM UMA PRAÇA do Rio de Janeiro, em 1988, olha para um garoto morador de rua de 9 anos, que estava cheirando cola de sapateiro, e diz que Deus o escolheu para uma grande chamada. Revela ainda que haveria uma chacina de repercussão mundial, que muitos iriam morrer, mas que as mãos de Deus o guardariam para que soubesse o quanto Ele é fiel. Cinco anos mais tarde, dia 23 de julho de 1993, sexta-feira, lá estava Rodrigo Fernandes, com 14 anos, em cima de uma banca de jornal, do outro lado da rua em frente à igreja da Candelária. Era quase 1h da manhã e ele se preparava para dormir. Mas os 8 anos, até então, na rua o ensinaram a ter faro para identificar possíveis situações de estresse. Ele sentiu que algo estava estranho. Todas as noites, um grupo de religiosos levava roupa e alimento. Nesse dia, um bando apareceu e, como é de praxe, pediu para que os jovens formassem uma fila, pois os alimentos seriam distribuídos. Porém, ao invés disso, os meninos foram surpreendidos por um grupo de extermínio formado por policiais, que sacaram suas armas e começaram a atirar em 70 jovens, aproximadamente, que lá estavam. Rodrigo ouviu os tiros, desceu da banca e correu. Foi alvejado no braço e não morreu porque um amigo estava entre ele e o atirador. Ele ainda ouviu um dos matadores pedindo ao outro que atirasse em sua cabeça. Depois de ferido, ele foi socorrido e recebeu assistência da equipe da Marinha do Brasil. Ao todo, oito pessoas morreram. Muitas ficaram gravemente feridas. A tragédia poderia ter sido maior. O motivo da barbárie:
W W W.MOVIMENTOGOSPEL .NE T
Inserir legenda neste espaço, inserir legenda neste espaço...
comerciantes do Saara, centro comercial do centro do Rio, contratou esses policiais para dar um susto nos garotos que estavam atrapalhando com os constantes pedidos de esmola na região. Hoje, aos 33 anos, Rodrigo Fernandes está casado, tem dois filhos, é pastor e terminará um curso de Psicanálise, em 2013. O mais espantoso é que ele já reencontrou alguns dos policiais frente a frente, pois desenvolve trabalho de recuperação em penitenciárias. “Alguns deles já foram mortos, outros estão presos. Alguns foram transformados pelo poder da palavra”. Rodrigo foi parar na rua com 6 anos de
idade. A mãe era prostituta, o pai refém do álcool. Os dois irmãos e ele tentavam ajudar pedindo esmola, mas a vergonha da família o arrastou para as ruas do Rio de Janeiro. Foi levado várias vezes para a Funabem, mas sempre fugia. A curta e rica história de vida de Rodrigo daria um filme, daqueles com final surpreende. Na entrevista a seguir, ele conta um pouco mais dessa história, de como superou os seus traumas, resgatou a sua relação com a família e também sobre os seus projetos. Movimento Gospel_Imagino o quanto deve ter sido difícil viver na rua durante 8 anos. Em