Fotografe Melhor #207
GRANDE ANGULAR
Por acaso, um Prêmio Esso D
Drago/SelvaSP
Policial detém manifestante enquanto tenta se proteger de um possível linchamento: foto deu o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Fotografia ao jovem Victor Dragonetti, o Drago
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urante o terceiro ato das manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus, em 11 de junho, em São Paulo (SP), uma confusão começou. Enquanto todos corriam para lugares distintos tentando se proteger, o fotógrafo Victor Dragonetti Tavares, de 22 anos, o Drago, caminhou na direção totalmente oposta ao da multidão e se viu sozinho. Na Rua 11 de agosto, no centro da capital paulista, a poucos metros da Praça da Sé, deparou-se com o policial ensaguentado apontando uma arma contra um grupo de cerca de dez manifestantes que pretendia linchá-lo. Da arma do PM não saiu nenhum tiro. Mas Drago, com sua câmera, também em instinto de sobrevivência, começou a
disparar. Um dos cliques, no dia seguinte, estampou uma das páginas do jornal Folha de S. Paulo e, em novembro de 2013, rendeu ao fotógrafo o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Fotografia — o primeiro prêmio da carreira dele. Drago participa do coletivo SelvaSP, que defende a fotografia não profissionalizada e faz intervenções fotográficas na cidade por meio de projeções e lambe-lambe. Ele fez a cobertura das manifestações para o site do grupo e como trabalho autoral. Nunca fez cursos e começou a fotografar aos 16 anos com uma Zenit, câmera russa que a mãe havia comprado para registrar seu nascimento e os primeiros anos de vida. Hoje, trabalha como freelancer e se dedica às ações do coletivo.
PORTFÓLIO DO LEITOR
Jóquei Clube de Ponta Grossa: o fotógrafo usa uma câmera Canon EOS 5D Mark II e objetiva Canon 17-40 mm 4L
Um cartão-postal Conheça o trabalho de Rodrigo Covalan, que usa os pontos turísticos de Ponta Grossa para fazer ensaios de moda com criações de estilistas locais 26 Fotografe Melhor no 207
fashion P
aulista de Santa Bárbara d'Oeste, mas radicado em Ponta Grossa, interior do Paraná, há quase duas décadas, Rodrigo Covalan, 32 , começou a fotografar no início de 2000. Atento às necessidades do mercado de moda, enquanto trabalhava como booker em uma agência de modelos, percebeu que sempre era preciso chamar profissionais de grandes centros para realizar
ensaios na região onde morava. Decidiu, então, mudar de profissão. Comprou uma Canon EOS 300 N e fez um curso profissionalizante em fotografia por correspondência: o do famoso Instituto Universal Brasileiro. A complementação de conhecimentos na área veio da observação de editoriais de moda de revistas. “Sempre acreditei que a linguagem é mais importante do que a técnica em si, pois
Fotos: Rodrigo Covalan
Covalan usa pontos conhecidos da cidade como cenário para os ensaios de moda: acima, a foto foi feita na Catedral Santana; abaixo, para o vestido de estilo gótico, o local escolhido foi o cemitério São José
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Casebres de barro abandonados se tornam locações interessantes para Aldo Bernardis
Fotos: Rodrigo Covalan
PORTFÓLIO DO LEITOR
Acima, modelos posam em um museu da cidade; abaixo, foto no Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa
a linguagem é uma particularidade de cada fotógrafo”, avalia. Covalan trabalha atualmente como fotojornalista para um jornal da região e dá aulas de fotografia no Centro Europeu Escola de Profissões. As fotos que enviou para a seção “Portfólio do Leitor” fazem parte do projeto “À Moda da Casa” – que já está na terceira edição. Nele, Covalan fotografa as criações de estilistas locais em pontos turísticos de Ponta Grossa e cidades próximas. A ideia do ensaio surgiu em 2011 para comemorar os 188 anos de Ponta Grossa. O fotógrafo foi convidado pelo curador Celso Parubocz para fazer uma exposição, em ho- 4
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MARKETING
O X de cinco olhares Fuji inaugura no Brasil o Projeto X-Photographers, em que cinco profissionais renomados testam modelos da linha X e liberam imagens no site do programa POR KARINA SÉRGIO GOMES
S
em nada em comum quando o assunto é fotografia, Luiz Braga, Marcelo Buainain, Ella Dürst, Hirosuke Kitamura e Gilvan Barreto foram os brasileiros escolhidos para a etapa inaugural do X-Photographers, um projeto internacional da Fujifilm lançado no Japão em 2010, ampliado para outros países
Imagem de Hirosuke Kitamura, que registrou personagens da noite de Salvador (BA)
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e que finalmente chegou ao Brasil. A iniciativa de marketing coloca câmeras da linha X para serem testadas por fotógrafos renomados. Depois, esses profissionais disponibilizam imagens no site do projeto X-Photographers. Lá, elas são organizadas por país (42 atualmente, dos cinco continentes) e por equipamento.
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Hirosuke Kitamura
Foto de Marcelo Buainain feita em Medellín, Colômbia: ele foi o único fotógrafo que escolheu uma Fuji X 100s com lente fixa
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Coube à curadora paulistana Rosely Nakagawa selecionar os cinco fotógrafos do Brasil para testar as câmeras da linha X. Com exceção de Marcelo Buainain, que escolheu uma X 100s com lente fixa, os demais optaram pelo modelo X-Pro 1 e um jogo de lentes. “Pensei em chamar cinco fotógrafos de diferentes lugares do Brasil, de cinco gerações diferentes e com trabalhos bem diversificados para mostrar todos os recursos e possíveis usos da câ-
mera”, explica Rosely. Ella Dürst, 62 anos, é de São Paulo (SP); Gilvan Barreto, 40, é de Recife (PE); Hirosuke Kitamura, 46, é japonês, mas mora há 23 anos em Salvador (BA); Marcelo Buainain, 51, é nascido em Campo Grande (MS) e radicado em Natal (RN); e Luiz Braga, 57, é de Belém (PA). Cada um desses profissionais tem um estilo bem definido. Ella, por exemplo, trabalha mais com fotos de moda, publicidade e editoriais em es-
Fotos: Ana Oliveira Marcelo Buainain
Acima, o fotógrafo Marcelo Buainain; abaixo, o japonês Hirosuke Kitamura
túdio enquanto Kitamura produz imagens artísticas e ousadas de personagens do submundo da noite na capital baiana, sempre em situações limítrofes de luz. “Durante um ano, eles usaram o equipamento. O importante era que cada profissional desenvolvesse e expressasse sua marca pessoal”, conta Rosely. Dentro dos perfis procurados pela curadora, estavam profissionais
que preferiam usar câmeras analógicas. A curadora queria provocálos para saber se eles aprovariam a performance das câmeras digitais da linha X. Um deles foi o paraense Luiz Braga, que tinha praticamente parado de trabalhar com cor porque não gostava muito do resultado dos equipamentos digitais. “No começo, estava um pouco cético. Mas, aos poucos, percebi que tinha deixado a
minha Nikon DX de lado e carregado apenas a Pro-X 1”, diz Braga. O resultado das imagens em cores, feitas com uma lente XF 35 mm f/1.4 R, agradou Braga, que escolheu cinco imagens para integrar o site do projeto. “O mais importante não foi a cor pela cor. Foi conseguir registrar a cor da visualidade popular. A cor de Belém”, conta. Mas ele fez uma ressalva quanto à câmera: “Há
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Luiz Braga
MARKETING
Luiz Braga (abaixo) voltou a usar cor em fotos autorais para o projeto X-Photographers
um pequeno delay no momento do disparo, que atrapalharia se quisesse fazer com flagrantes”. Outro que também não abria mão da câmera analógica era Marcelo Buainain, dono de uma Contax G2. “O resultado da X 100s me fez migrar para o digital. Além disso, ela é leve e silenciosa. Por ser discreta, permite uma abordagem mais humana e menos invasiva”, diz ele sobre uma característica que ajuda em seu trabalho de caráter documental.
Ana Oliveira
LEVEZA
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O fato de a câmera ser leve também agradou o pernambucano Gilvan Barreto, que usou as lentes XF 60 mm f/2.4 R Macro e XF 35 mm f/1.4 R. “Saía para fotografar com uma câmera da linha G da Canon. Essas câmeras menores da Fuji
dão mais liberdade para o fotógrafo”, comenta. O mesmo sentiu Ella Dürst, de São Paulo (SP). Acostumada a usar equipamentos pesados em estúdio, a profissional avaliou que a câmera é mais versátil por ser mais fácil de carregar para diferentes ambientes. Ella, que já usou uma Leica M, acredita que a linha X veio para incomodar a marca alemã. “A câmera tem uma boa empunhadura, e a manipulação dos controles é muito fácil e intuitiva”, analisa. A leveza e as lentes claras da X-Pro 1 cativou Hirosuke Kitamura, que usou a objetiva X f/35 mm f/1.4 R. “O equipamento pequeno facilita o meu trabalho. E a lente clara me ajuda a fazer imagens em situações de baixa luminosidade”, diz o japonês-baiano, que só fotografa à noite, perambulando pelas 4
Gilvan Barreto
Gilvan Barreto (abaixo) usou as lentes XF 60 mm f/2.4 R Macro e XF 35 mm f/1.4 R
ruas de Salvador. O Brasil foi o único lugar em que as imagens saíram do ambiente virtual e ganharam as paredes em uma mostra intitulada Experiência dos Extremos, com 10 fotos (duas de cada fotógrafo participante do projeto), que ficou em cartaz de 6 a 16 de novembro na Galeria Leme, em São Paulo (SP). Os únicos fotógrafos a ganhar de presente o equipamento também foram
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Ella Dürst
Fotos: Ana Oliveira
Ella Dürst (abaixo) fez a foto ao lado com a objetiva X F 14 mm f/2.8
os brasileiros – nos demais países, a Fuji apenas empresta as câmeras e o jogo de lentes. Um pouco do universo e do processo de trabalho desses fotógrafos foi registrado em um minidocumentário de 12 minutos, que pode ser visto no YouTube: http://you tu.be/bSWzlVVGFLY. Já para ver imagens produzidas por fotógrafos dos países participantes, acesse http://fujifilm-x.com/photographers.