REVISTA TAE N32 agosto/setembro de 2016

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revista

especializada em tratamento de

X FENASAN MOVIMENTA O

EFLUENTE INDUSTRIAL EFLUENTE DOMÉSTICO

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32 ISSN 2236-2614

No 32 - Agosto/Setembro de 2016

FENASAN MOVIMENTA O MERCADO DE SANEAMENTO CUIDADOS EM LEITOS DE SECAGEM

ODOR EM ETEs


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O grupo DBD Filtros, fabricante dos produtos LAFFI FILTRATION, possui 25 anos de experiência e atuação em todo território nacional e América do Sul. É especializado em projeto, desenvolvimento e fornecimento de filtros e sistemas de filtração industrial de alta qualidade, sistemas para tratamento de água e separação de sólidos e líquidos.

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CEIR A D O M EIO

EMPRESA

SOCIALMENTE RESPONSÁVEL


Índice

Nº 32 - Agosto/Setembro de 2016

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Efluente industrial X efluente doméstico

Odor em ETEs tem solução

TRATAMENTO DE TRATAMENTO EFLUENTES DE ÁGUA

EQUIPAMENTOS

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Fenasan movimenta o mercado de saneamento

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Praia de Leste recebe projeto piloto de tratamento da água do mar

SANEAMENTO

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Cuidados em leitos de secagem requer conhecimento do lodo gerado

ABCON lança o estudo Panorama da Participação Privada no Saneamento 2016

SEÇÃO

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Novidades

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Bombas de alta capacidade garantem abastecimento e tratamento de água e esgoto

TRATAMENTO DE EFLUENTES

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Canadenses trazem ao Brasil nova tecnologia de tratamento de efluentes


Editora Rogéria Sene Cortez Moura editora@revistaTAE.com.br Publicidade Yara Sangiacomo publicidade@revistaTAE.com.br Redação Anderson V. da Silva, Carla Legner, Cristiane Rubim, Dayane Cristina da Cunha Fernandes e Suzana Sakai jornalismo@revistaTAE.com.br

Assinaturas, Circulação e Atendimento ao Cliente Rogéria Sene Cortez Moura atendimento@revistaTAE.com.br Comunicação Loiana Cortez Moura comunicacao@revistaTAE.com.br Criação e Editoração Anderson Vicente da Silva Paula Zampoli comercial@revistaTAE.com.br

Impressão e Acabamento Gráfica IPSIS A Revista TAE é uma publicação da L3ppm - L Três publicidade, propaganda e marketing Ltda. Rua Aracanga, 330 – Pq. Jaçatuba CEP 09290-480 - Santo André - SP Tel.: +55 11 4475-5679 www.revistaTAE.com.br Acesse as nossas mídias sociais www.facebook.com/revistaTAE www.twitter.com/revistaTAE

Conselho Editorial: Adriano de Paula Bonazio; Alice Maria de Melo Ribeiro; André Luis Moura, Caio Guilherme Barbosa; Douglas Moraes; Eric Rothberg; Fábio Campos; Geraldo Reple Sobrinho; Giorgio Arnaldo Enrico Chiesa; Jeffrey John Hanson; João Batista Moura; João Carlos Mucciacito; José Carlos Cunha Petrus; José Luis Tejon Megido; Laíssa Cortez Moura; Lucas Cortez Moura; Luciano Peske Ceron; Márcia Brunini Truite Hanson; Marco Antônio Simon; Patrick Galvin; Paul Gaston; Paula Rorato; Paulo Roberto Antunes; Ricardo Saad; Robert Scarlett; Santiago Valverde; Tarcia Davoglio; Tarcísio Costa; Valdir Montagnoli. Colaboraram nesta edição: André Luis Moura e Valdir Montagnoli (Laffi Filtration); Robinson Zuntini e Patrícia Gozzi (Calgon Carbon); Raquel Braga (Bentley); Paula Karina Colucci e Michele L. Stahnke (Andritz); Igor Freitas, Benedito Ayres Neto e Marcio Cipriani (Bauminas); Luciana Beneton, Francisco Queiroz e Nilson R. Queiroz (Tecitec); Leonardo Reis Cortes (Lite Automação); Edgard Luiz Cortez (Iteb); Fabio Luz e Glauco Montagna (Schneider); Ricardo Brandão (Atlas Copco); Marcelo Bueno (Toray); Nathália Lima (Corr Plastik); Luciana Varoto (Emec Brasil); Carolina Ronconi (FGS Brasil); Denis de Moraes (Bürkert Fluid); Alessandra Cavalcante (B&F Dias); Mario Ramacciotti (Xylem); Maria Alice Duarte (Exata Sistema); Rainer Von Siegert (Aerzen); Carlos Godoy (A.R.I. Brasil); Cristina Dequech (Sondeq); (Hexis); Claudio Borges de Oliveira (Prominas); (Pentair); Tatiana Corassa (Merck); Rafael Aguiar (ProMinent); Tatiane de Souza Armani (Gardner Denver); Mario Ramacciotti (Xylem); (Hydro Z); (FGS); Karla Pinto (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro); Lívia Baldo (Tera Ambiental); Paolo Lanata (Ravagnan); Caio Santi, Marcio Del Cól, Mônica Martins e Renato Gonçalves (Dux Grupo); Luiz Carlos da Silva (Produquímica); Helvécio Carvalho De Sena (Sabesp); Emílio de Miranda Costa (Grupo Prime Tech); Nelson José Bertaia (Netzsch); Eduardo Rotta (Maccaferri) e Cláudio Hira (Huber do Brasil).

Editorial O saneamento na visão da CNI A CNI - Confederação Nacional da Indústria, publicou em julho o estudo “O Financiamento do Investimento em Infraestrutura no Brasil”, que retrata as dificuldades e a necessidade de avanços em saneamento no Brasil. Segundo a CNI, saneamento foi o setor com o menor índice de investimentos em 2014 – R$ 11 bilhões, bem distante de transportes (R$ 52,3 bilhões), energia elétrica (R$ 37,4 bilhões) e telecomunicações (R$ 29,4 bilhões). No período de 2001 a 2014, os investimentos corresponderam a 0,19% do PIB, atrás de transportes (0,78%), energia elétrica (0,68%) e telecomunicações (0,56%), denotando uma tendência histórica de prioridades. Entre os principais entraves estão gestão inadequada, desvios, burocracia, políticas públicas de financiamento e investimento, falta de projetos estruturados, instabilidade política e regulatória. O estudo diz ainda que “as empresas estaduais (com a possível exceção da Sabesp e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), além da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e mais recentemente Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – Cedae) terão dificuldades crescentes de responder ao aumento da cobertura e da qualidade dos serviços nos próximos anos. O maior envolvimento do setor privado, diretamente por meio de (sub)concessões ou parcerias público-privadas (PPPs), será um imperativo”. Entre as conclusões, aponta que “de maneira geral, o Brasil necessita não apenas investir mais, como também melhorar a eficiência com que os investimentos são realizados” e que “os programas de investimentos em infraestrutura demandarão soluções de natureza perene, inclusive e particularmente, no plano da mobilização de recursos”. Nas matérias dessa edição, abordamos a realização da 27ª edição da Fenasan, evento que acontece em agosto e movimenta o mercado de saneamento; efluente industrial versus efluente doméstico; bombas de alta capacidade que garantem abastecimento e tratamento de água e esgoto; cuidados em leitos de secagem requerem conhecimento do lodo gerado; odores no tratamento de efluentes; e muito mais. Boa leitura e até a próxima edição. Rogéria Sene Cortez Moura - Editora Revista TAE - Informação cristalina e bem tratada. Os artigos e matérias não refletem a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados e através de anúncios, sendo de única e exclusiva responsabilidade de seus autores e anunciantes. A reprodução total ou parcial das matérias só é permitida mediante autorização prévia da Revista TAE, e desde que citada a fonte.


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NOVIDADES Empresa traz tecnologia exclusiva da Austrália para despoluição de águas

Foto: Divulgação

Com milhares de rios e bacias poluídas, o Brasil se mostrou o cenário ideal para os empresários Luis Magalhães, Heráclito Ribas e Joel de Oliveira lançarem a tecnologia The Water Clenaser. A inovação trazida da Austrália já resolveu problemas de águas poluídas em países como a própria Austrália, Nova Zelândia, EUA,

Antes e depois da aplicação da tecnologia The Water Clenaser em áquario com água poluída

Sabesp investe quase R$ 17 milhões em estação de tratamento de esgoto de Alumínio A Sabesp investe R$ 16,9 milhões de reais na primeira Estação de Tratamento de Esgoto de Alumínio, na região metropolitana de Sorocaba. A estação vai tratar 36 litros por segundo e atenderá quase oito mil pessoas já na fase inicial da operação.​ Os testes têm previsão de início para setembro e a pré-operação deverá começar em dezembro. Nessa fase, a ETE funciona com menor volume de esgoto e avaliam-se os equipamentos. A ETE atenderá os bairros Granja

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Myanmar, México e Tailândia. Para dar o pontapé inicial no Brasil os empresários fizeram uma parceria com a Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, e desenvolveram uma pesquisa na qual criaram dentro de tanques ambientes similares aos de rios e lagoas poluídas. “A aplicação da tecnologia é simples, já que se trata de uma barra que fica imersa que é capaz de proliferar as bactérias boas do local, eliminando qualquer possibilidade de surgimento de organismo estranho ao ecossistema daquele ambiente”, conta o representante da The Water Cleanser no Brasil, Joel Oliveira. A tecnologia é disruptiva pelo fato de eliminar qualquer possibilidade de surgimento de organismo estranho ao ecossistema daquele ambiente. “Os pesquisadores já conheciam outras

soluções, porém, essa que utiliza produtos naturais e que não coloca bactérias produzidas em laboratório para limpar águas, eles nunca tinham visto. Por isso se propuseram a fazer os experimentos”, comenta Oliveira. Os resultados Em apenas sete semanas de testes os tanques comprovam os resultado alcaçados nos países onde a tecnologia é aplicada, melhorando a qualidade da água rapidamente, reduzindo as bactérias ruins em 75%. Além disso, houve redução dos coliformes a níveis próximos de zero. “Os resultados tem sido 100% positivos e nos provam que podemos deixar lagoas, rios e baías limpas em um curto espaço de tempo”, finaliza Bruno Meurer, Phd e coordenador do projeto na Universidade Santa Ursula, no Rio de Janeiro.

Modelo, Vila Olidel e Vila Pedágio além de Vila Brasilina Vila Ré, Vila Progresso e Vila Alvorada de forma parcial. Até o momento, já foram executados aproximadamente 70% da Estação de Tratamento de Esgoto e 74% das obras lineares que incluem 4,3 km de coletores tronco, 647 metros de linhas de recalque e 65 metros de emissário final. A segunda fase das obras beneficiará também a região central com a construção da Estação Elevatória Bugrão e conclusão do Coletor Tronco e Linha de Recalque Bugrão. A etapa contará ainda com a conclusão do Coletor Tronco Varjão, no Bairro Vila Paraíso e execução de duas travessias da Rodovia Raposo Tavares.

O engenheiro Maurício Tápia, superintendente da Unidade de Negócio Médio Tietê, explica que a ação não é a única da região: “Entre 2011 e 2016, a Sabesp destinou mais de R$ 264 milhões em obras de esgotamento sanitário na região do Médio Tietê. Os investimentos contemplam 37 importantes obras de coleta, afastamento, revitalização e construção de novas estações de tratamento de esgotos”. Essas iniciativas contribuem diretamente para a eliminação da poluição com esgotos dos corpos d’água e, consequentemente, redução de doenças de veiculação hídrica. A nova ETE em Alumínio beneficiará os córregos Varjão, Bugrão e Córrego dos Pintos.


No dia 15 de junho de 2016, a Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano do Estado mexicano de Baja California e a Comissão Estadual de Água anunciaram decisão em favor do consórcio composto pela NSC Water, NuWa-

Bauminas Química inaugurará unidade fabril de PAC (Policloreto de Alumínio) em seu complexo fabril de Salvador (BA) A Bauminas Química, líder nacional em coagulantes para o tratamento de água e efluentes, já iniciou as obras para a construção da nova unidade de produção de PAC, Policloreto de Alumínio, dentro do seu complexo fabril de Salvador (BA). O PAC é um coagulante inorgânico com cadeias polimerizadas de alto rendimento que pertence à nova geração de produtos químicos da empresa. O investimento total na ampliação será de R$ 18,7 milhões e a capacidade instalada para a produção de PAC será de 34.000 tons/ano, com previsão de inauguração em janeiro de 2017. Uma das principais matérias-primas para a produção do PAC, o ácido clorídrico,

ter e Suez, para construir e operar a planta de dessalinização de Playas de Rosarito. A Suez e seus parceiros foram escolhidos para projetar, equipar, operar e financiar a nova planta de dessalinização que vai atender à demanda hídrica da região. A planta será construída em duas etapas. A primeira, que começará em 2017, será a da construção da planta que vai produzir, no prazo de três anos, 190 mil m³ por dia. Na segunda fase do proje-

to, prevista para começar em 2019, a planta dobrará a produção de água potável para 380 mil m³/dia até 2024. O contrato de parceira público privada (PPP) também prevê a operação do sistema de dessalinização pelo período de 37 anos e vai garantir o abastecimento de água potável na região costeira de Baja California, usando recursos já disponíveis – a água do mar torna-se própria para o consumo graças à tecnologia de dessalinização de osmose reversa.

também será produzido pela Bauminas Química como sub-produto da fabricação de Sulfato de Sódio e Potássio, a partir de sua unidade fabril de Camaçari (BA), que será inaugurada no início do segundo semestre deste ano. Com essa vantagem competitiva propiciada pela verticalização da produção e também pela logística de matérias-primas e produtos acabados através da Bauminas Log, empresa de logística do Grupo Bauminas, a Bauminas Química disponibilizará o PAC para todo o Nordeste com a garantia do Padrão de Qualidade Bauminas e agilidade de entrega. Além dos projetos no Estado da Bahia, que ainda contará com a ampliação da unidade fabril de Mucuri para atender a demanda do sul da Bahia e de todo o Estado do Espírito Santo, a Bauminas Química inaugurará mais 3 unidades fabris no segundo semestre de 2016, sendo uma no Rio de Janeiro (RJ), uma em Luziânia

(GO) e uma em Manaus (AM). Com estes novos investimentos, a Bauminas Química passará a ter 15 unidades fabris estrategicamente localizadas no Brasil, fortalecendo um dos seus principais diferenciais, a logística estruturada e inteligente, e ampliando a oferta de coagulantes inorgânicos da nova geração. A Bauminas Química investe em pesquisa e acredita que a inovação constante de sua linha de produtos é a melhor maneira para manter a sua posição de liderança e destaque nos mercados em que atua, desenvolvendo produtos cada vez mais modernos e de alta performance.

Foto: Divulgação Bauminas

Suez é selecionada para construir e operar a maior planta de dessalinização do Continente Americano

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NOVIDADES

Foto: Divulgação

O destino do esgoto sanitário é uma questão que afeta o meio ambiente, a saúde e a economia do país, mas não recebe a atenção adequada. A situação pode ser um pouco melhor na região Sul do que no Nordeste, mas em todas as regiões existem problemas com o tratamento do esgoto. A falta de saneamento básico ambiental, no que se refere a rede de esgoto, faz com que a população fique mais exposta a várias doenças, desde aquelas que já estão banalizadas, como diarreia, até o agravamento de epidemias.

Polo industrial de Cubatão será abastecido com água dessalinizada Cubatão (SP) está prestes a ganhar sua primeira usina de dessalinização. A empresa britânica de água Hydrology (www.hydrologyplc.com) é a responsável pela construção e operação de uma planta de dessalinização “ajustável” para o polo industrial da Unigel. O contrato será de 10 anos e com valor estimado de US$ 616 mil, com uma geração anual de

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Mas, apesar de ser uma questão de conhecimento geral, muitas vezes, precisamos da iniciativa de pequenos grupos para chamar a atenção das autoridades da esfera ambiental, que manejam as unidades de conservação nacionais, estaduais e municipais, para a possibilidade de disseminação de princípios da ecologia e do meio ambiente. Por isso, há quatro anos, comecei a pensar em uma alternativa para criar um sistema de tratamento de esgoto movido a energia solar. A estrutura é simples e não utiliza produtos químicos. Com o apoio técnico de um engenheiro e um profissional da área de ciências agrícolas, o projeto sustentável foi realizado em uma mini unidade de conservação particular, composta por um módulo formado a partir de tubos a base de plástico (PEAD ou PP), no estilo colmeia, uma cópia do que a própria natureza produz. Na prática, são duas colmeias que ficam girando para manter o tratamento biológico e a formação de bactérias que degradarão o

material sólido e melhorarão a qualidade para o lançamento em rios, parques e florestas. É uma tecnologia inédita, na busca de uma solução para diminuir os impactos provocados pela ação humana, que pode beneficiar muitas regiões, pois uma pequena estrutura como esta pode atender até quatro casas em um condomínio. Além de colocar em prática os princípios da sustentabilidade, a iniciativa é uma atividade de aprendizagem que promove a ampliação dos horizontes de sensibilização ambiental e recebe a visita de centenas de alunos todos os anos. É apenas uma das soluções possíveis para o problema crônico de saneamento que temos no país. A questão não é uma realidade distante, afinal, 43% da população - quase metade - vive em cidades sem rede de tratamento de esgoto. Rodrigo Berté, é PhD em Educação e Ciências Ambientais, e Diretor da Escola Superior de Saúde, Meio Ambiente, Sustentabilidade e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.

US$ 192,5 mil e taxa de retorno de 22,75 %. A informação é do portal www.desalination.biz A Hydrology iniciou suas atividades no Brasil no ano de 2013, trabalhando inicialmente nos setores de óleo, gás e indústrias de mineração, comenta Chris MacNee, executivo chefe da Hydrology. O executivo comenta ainda que a instabilidade política e econômica do Brasil abriu as portas para pequenos operadores. “Nosso foco principal é a dessalinização do mar e da água salobra para uso industrial,

operando com contratos de longo prazo. Atuamos no Reino Unido, EUA e América Latina, e agora entramos em nossa próxima fase de crescimento, olhando para a Rússia e Índia, onde negociamos com operadores locais”, disse MacNee. Foto: Divulgação

Tecnologia inédita para tratamento de esgoto utiliza energia solar

Chris MacNee, executivo chefe da Hydrology


Esse ano é motivo de celebração entre os fabricantes de sistemas de aeração por ar difuso com difusores de membranas no país. São 25 anos desde a primeira implantação feita numa estação de tratamento de efluentes de uma indústria de alimentos no interior do estado de São Paulo. Na época, o grande diferencial apresentado em comparação aos difusores cerâmicos existentes, foi a menor chance de entupimento em razão da possibilidade da abertura dos orifícios no momento de operação, característica inexiste aos cerâmicos. Esses eram difusores sólidos e rígidos, que não apresentavam qualquer tipo de expansão volumétrica e abertura de orifícios de passagem para o ar. “Os primeiros testes feitos com a tecnologia de difusores de membrana foram surpreendentes não somente para os clientes, como também para os fabricantes. Tivemos a chance de compará-los com os cerâmicos em estações de tratamento de efluentes e realmente as vantagens, principalmente sob a ótica do incremento da perda de carga e entupimento, eram muito significativas”, explica Bruno Dinamarco, gerente de contratos

da B&F Dias, maior empresa de sistemas de aeração da América Latina. A falta de estabilidade na geração e distribuição de energia elétrica era um problema sério em algumas regiões do Brasil no final da década de 80 e início da de 90. “Isso era um agravante para a operação dos sistemas de aeração com difusores cerâmicos, pois com a ausência do fornecimento de energia, os sopradores não podiam soprar o ar necessário para a correta operação dos difusores que por sua vez permitiam a sedimentação dos sólidos sobre a sua superfície”, complementa Dinamarco. Essa sedimentação ao longo do tempo transformava-se numa incrustação que somente era possível ser removida em processos severos de limpeza química ou queima em fornos de alta temperatura. Alguns usuários optavam por ter um jogo completo de difusores reserva justamente para proceder com o processo de manutenção de maneira mais rápida. Até 1990 existiam aproximadamente 400 plantas com difusores cerâmicos fornecidas no país, que lentamente foram substituídas ou desativadas. Já o número de implantações feitas com os de membrana é superior a 4.000 plantas atualmente, o que reflete nitidamente a opção do mercado. Hoje são muitas as alternativas de materiais, formatos, tama-

nhos de bolhas e formas de instalação, o que evidenciou ainda mais a opção pela tecnologia em comparação aos aeradores mecânicos. A maior dificuldade encontrada no lançamento da tecnologia no país foi justamente o elevado custo de aquisição que somente foi revertido ao longo dos anos com o maior incremento de mercado e processo de nacionalização de alguns fabricantes. “No final da década de 1990, vendíamos menos de 15 plantas por ano. Em 2015, foram mais de 340, ou seja, o mercado mudou e cresceu exponencialmente”, exemplifica Manuel Magalhães, fundador da B&F Dias. Apesar da consagrada mudança de material, 25 anos nas plantas com difusores no país, o desenvolvimento dos fabricantes continua mais veloz do que nunca. Muitos acreditam que a próxima grande mudança será com os difusores do tipo bolha ultra fina que promete maior transferência de oxigênio. É aguardar para ver. Saiba mais: www.bfdias.com.br

Foto: Divulgação B&F Dias

Difusores de membrana: tecnologia celebra 25 anos no país

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CAPA por Cristiane Rubim

Odor em ETEs tem solução

U

m dos maiores desafios de quem administra uma ETE ou outras empresas que fazem o tratamento de efluentes sanitários é descobrir como eliminar odores, afirmam Caio Santi, diretor administrativo, Marcio Del Cól, diretor comercial, Mônica Martins, marketing, e Renato Gonçalves, gerente de processos, todos da Dux Grupo. Segundo eles, o mau cheiro é gerado pelas condições e métodos adotados: o tempo em que os efluentes ficam nas tubulações ou expostos às temperaturas elevadas e a falta de oxigênio. Mas a verdade é que hoje há diversas formas de solucionar o problema do odor e outras em pesquisa. É uma situação nova ainda no Brasil, mas que vem ganhando terreno devido à veloz urbanização próximo às ETEs. Essa relação precisa ser resolvida com bom senso entre órgãos públicos e fiscalizadores, concessionárias, indústrias e população, que sofre as consequências dos maus odores. O odor é a emanação de um fluido – água, esgoto ou efluente – percebida pelo sistema olfativo humano da volatilização (redução a gás ou vapor) de substâncias. Qualquer processo de produção pode gerar odores. No caso de efluentes, é um odor desagradável que incomoda. Mas nem todos os odores são nocivos ou tóxicos. Em ETEs, o principal causador dos maus odores são a decomposição e a degradação biológicas da matéria orgânica em condições anaeróbias (ausência de oxigênio ou deficiência dele no meio) porque geram diversos compostos que irão afetar negativamente o ambiente. Um deles relaciona-se às bactérias redutoras de sulfato, que levam à formação de gases sulforosos (ovo podre). Estes gases mais densos que o ar permanecem no

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ambiente até que uma fonte possa dispersá-los ou tratá-los. Entre os compostos inorgânicos, a amônia (NH4) e gás sulfídrico (H2S) são as principais causas do odor de esgotos domésticos. Os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) procedem da atuação biológica em esgotos e de resíduos ou produtos industriais. Os compostos são à base de nitrogênio, enxofre, oxigênio, carbono e hidrogênio, que fazem misturas e combinações complexas de moléculas: gás sulfídrico e mercaptanas (à base de enxofre); aminas e amônia (nitrogenadas); ácidos orgânicos e inorgânicos, cetonas, dióxido de carbono, ácido butírico, indóis, aldeídos, fenóis, álcoois, entre outros. “A formação destes compostos odoríficos é inevitável e uma consequência do próprio tratamento de esgotos. Porém, existem soluções para evitar e minimizar a sua liberação ao meio ambiente”, diz Marcio Cipriani, gerente da Bauminas Ambiental.

Foto: Divulgação Bauminas Ambiental

Apesar de ser um desafio, hoje há diversas formas de controlar o odor

Marcio Cipriani, gerente da Bauminas Ambiental

Luiz Carlos da Silva, gerente de produto da Produquímica, explica que o processo de formação do odor começa em sua origem, por exemplo, em um esgoto sanitário gerado a partir das residências e coletado em redes e elevatórias até as estações de tratamento, encontra um meio anaeróbio propício para a decomposição da matéria orgânica e todo o processo bioquímico de geração de gases que emanam


Soluções Pesquisas demonstram que, em esgotos domésticos, 90% dos casos de mau odor são devido à presença de sulfeto (gás sulfídrico). “Ele é gerado por algumas condições específicas, como a presença do ânion sulfato no esgoto, baixa velocidade de transporte dos esgotos, temperaturas elevadas e deficiência de oxigênio”, explica Dr. Helvécio Carvalho De Sena, gerente da divisão de controle sanitário da superintendência do Vale do Paraíba da Sabesp. Mas há formas de se evitar o desenvolvimento de sulfeto nos esgotos. No caso de novos empreendimentos, segundo Sena, é necessário garantir uma velocidade mínima para que não haja deposição de material (lodo), ocorrendo, naturalmente, a reoxigenação do esgoto. Em locais que o sistema de esgotamento sanitário já está implantado, existem técnicas com aplicação de substâncias químicas, como nitrato de cálcio, nitrato de amônia, molibdato de potássio, peróxido de hidrogênio e nitrito de cálcio, cada qual com sua particularialidade e custo envolvido. Sena também é pesquisador na área de tratamento de água e esgotos, incluindo odor. Seu objetivo é a busca de alternativas técnicas com os menores custos de implantação e operação. Em suas pesquisas sobre odor/sulfeto, procura eliminar os problemas com o menor custo. “Busco estudar as condições específicas de funcionamento de substâncias. Eu e outro pesquisador na cidade de São Manuel eliminamos problema de odor causado por

Fotos: Divulgação

para a atmosfera, provocando mau cheiro, corrosão e periculosidade às pessoas em contato. O gás sulfídrico é tóxico e causa danos à saúde humana, seja em exposições agudas ou crônicas, e também grande incômodo nas comunidades. Quimicamente, seu processo de formação se dá a partir da presença de sulfatos (SO42-) dissolvidos no esgoto: SO42- + CH2O + bactéria anaeróbica  H2S + HCO3 196 g 34g 2Ou seja: 1 grama de SO 4 gera aproximadamente 0,35 gramas de H2S.

Dr. Helvécio Carvalho De Sena, apresentando trabalho sobre controle de Odor na Sidisa - Italia (2007)

sulfeto utilizando peróxido de hidrogênio e nitrato de cálcio. Conseguimos entender a estequiometria dentro do processo visto que é uma lagoa anaeróbia contendo toneladas de lodo e sulfeto, assunto divulgado internacionalmente”, destaca.

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CAPA

Foto: Divulgação Prime Tech

A Prime Tech dispõe do sistema de Neutralização de Odor, que se baseia na microaspersão por alta pressão para controle do odor. É uma técnica segura, não poluente e ecológica utilizada em áreas abertas ou ambientes fechados. Embora considerada “paliativa”, uma vez que não ataca a causa raiz do problema (deficiências da ETE), a solução é econômica, de rápida implantação, baixo investimento inicial e com resultados imediatos, que devem ser percebidos (ausência/diminuição drástica do odor) em 10 minutos após o sistema instalado e funcionando. Tripé da solução de controle de odor da Prime Tech: Hardware (equipamento) + Software (produto) + Expertise. Hardware – O correto é sempre trabalhar com sistemas de aspersão com alta pressão, ou seja, entre 800-1.200PSI e com microaspersores, conexões e tubulações apropriadas para cada aplicação. A relação pressão de trabalho/tamanho de gota é muito importante. Gotas menores têm maior área de superfície, ficam mais tempo em suspensão, reagem melhor com as moléculas de odores e consomem menos produto neutralizador. Sistemas de baixa pressão, geralmente de plásticos, criam gotas grandes e pesadas que se precipitam sem entrar em contato com os gases e consomem muito produto neutralizador sem trazer eficiência. Software – Solução neutralizante a ser utilizada definida pelo produto e a concentração de diluição, o que varia de acordo com cada tipo de efluente. A Prime Tech, por não ser empresa quíUnidade Plug and mica, trabalha com Play Primetech para controle de odor empresas parceiras.

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Foto: Divulgação Prime Tech

Neutralização

Detalhe de sistema de micro aspersão Primetech em ação

Aroma agradável O Eco Air não mascara, mas, sim, neutraliza odores porque acelera as reações que permitem a quebra e a dispersão de compostos odoríferos, diminuindo sua concentração e eliminando o odor. Além disso, doa um aroma suave e agradável em várias versões. Associado a sistemas de microaspersão, o Eco Air oferece segurança no processo produtivo e pode ser formulado para cada tipo de odor a ser tratado. Seu rendimento é de 1: 300 de diluição final (1 litro para 300 litros de água). Na diluição correta, adapta-se aos diferentes ambientes com a melhor relação custo-benefício. De ação comprovada e baseada na metodologia ASTM-E 1593, o Eco Air obteve a significância de 99,9% em testes laboratoriais para o combate a odores desagradáveis e atende a todas as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/MS). Entre suas vantagens, estão a rápida implementação, mínima intervenção nos locais de instalação e sistema “Plug and Play”. Expertise – É preciso saber como e onde instalar o sistema e ter engenharia e critério tanto na disposição quanto na quantificação dos microaspersores, senão torna-se um desastre e perda de dinheiro para o gestor da ETE. Durante anos, sistemas de micro-


aspersão para controle de odor caíram em descrédito devido à péssima engenharia de solução aplicada nas instalações que consumiam muito produto e não traziam resultados à ETE. Além disso, não havia serviço de manutenção preventiva, o que fazia os equipamentos ficarem mais parados do que funcionando, desestimulando o uso da tecnologia pelos clientes. De olho nessa necessidade do mercado, a Prime Tech se especializou e atua em cada foco gerador de odor com o mínimo de consumo de produto. Além disso, garante manutenções preventivas e não paralisação do sistema de controle de odor.

Vantagens

Foto: Divulgação Prime Tech

Rápida implantação e intervenções em poucas horas; Grande flexibilidade de instalação para atender a qualquer realidade; Não é necessário fazer modificações civil, estrutural, elétrica ou hidráulica para a instalação do sistema; Não requer Capex (investimento em ativo fixo) por parte dos clientes. Os equipamentos são, na sua maioria, parte de um contrato de prestação de serviços ou de comodato; Equipamentos Plug and Play completos: modulo de pressão, reservatório, bombas dosadoras, sistema de filtro e painel de comando; Possibilidade de contratos de curto e longo prazo.

Detalhe de instalação de micro aspersor próxima ao ponto de odor

Existe a interceptação desses compostos por enzimas microbianas desnaturadoras ou degradadoras para evitar a evolução das reações químicas com liberação de gases fétidos. “Mas não é simples nem barato. As reações bioquímicas catalisadas pelas enzimas microbianas apresentam como produtos finais a água e gases não fétidos, como metano. Assim sendo, o processo de Biorremediação Acelerado por Autóctones evita a formação de odor desagradável a partir de qualquer efluente, mas ainda é pouco utilizado no país devido a sua complexidade e custos”, revela Emílio de Miranda Costa, gerente de operação odor da Divisão PrimeEco, do Grupo Prime Tech, empresa com expertise em equipamentos de microaspersão por alta pressão. A Prime Tech utiliza sistemas de microaspersão com produtos Eco Air (ver boxe da empresa), que neutralizam os odores. “Combatemos os gases logo após a sua geração, mas não antes da sua formação”, explica Costa. Segundo ele, os sistemas Prime Eco eliminam quaisquer tipos de odor cuja origem sejam hidrocarbonetos, mercaptanas, amônia, sulfetos, entre outros. Existem tecnologias para tratar o H2S já formado, podendo ser por oxidação química, precipitação de sulfetos, lavador de gases e enzimas. “Uma forma eficaz de prevenir a formação do gás sulfídrico é a adição de blends de nitratos ao esgoto sanitário”, diz Silva, que se dá pela reação química abaixo: nota-se que o nitrato previne e trata eventual formação de sulfetos. 6NO 3 + 5CH 3OH + Bactérias anaeróbios → 5CO 2+ 3N2+ 7H2O + OH5 H2S + 8 NO3 → 5 SO42- + 4 N2 + 4 H2O + 2 H+ “É possível tratar os efluentes, prevenir a formação de odores e neutralizar os poluentes gasosos sem causar danos às pessoas e ao meio ambiente”, afirmam os especialistas da Dux Grupo. Uma das opções de tratamento de odores é por processos biológicos (ver box da empresa). O tratamento é focado no gás gerado. “Em efluentes industriais, é necessária a análise do caso para identificar o produto específico a ser aplicado, visando neutralizar

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CAPA

Biota poderosa Para tratamento biológico, a Dux Grupo dispõe do Bio-X 80, que agrega 80 famílias de bactérias facultativas, formando uma poderosa biota que interage entre si e é capaz de eliminar odores e enxofre e remover o volume de lodo, melhorando o ecossistema do tratamento e os níveis químicos e bioquímicos do efluente. É utilizada

Foto: Divulgação Dux

As bactérias do BIO-X 80 consomem os resíduos presentes no meio antes da flora de bactérias existentes absorvê-los, sem prejudicar a biota natural e evitando a formação de gases odoríferos

lhor custo-benefício, pois dispensa o uso de aeradores, que têm alto custo para oxigenar os efluentes. Com menor taxa de geração de lodo residual, ou seja, reduz a mecanização e o consumo de energia, diminuindo custos e tempo em até 30%.

uma mistura natural, não tóxica, biodegradável e de aminoácidos, óleos essenciais, vitaminas, minerais, purinas, pirimidinas e os extratos orgânicos complexos. Não usa enzimas, álcoois ou bactérias. O Bio-X 80 resolve problemas custosos e de difícil trato, como limpeza de tanques e lagoas, já que as famílias de bactérias facultativas não interferem nas cadeias de outras bactérias já presentes. O produto possui me-

o referido gás. Já em efluentes domésticos, nos quais os gases gerados são conhecidos, altera-se apenas, conforme odor gerado, a concentração a ser aplicada”, exemplificam.

Específicos e comuns Cada tipo de efluente gera um odor característico, apesar de que, em algumas situações, os odores são comuns. Cipriani cita que o gás sulfídrico é um odor típico de esgotos em condições anaeróbias, mas também muito frequente em efluentes de curtumes. “Dependendo da tecnologia utilizada, algumas soluções tratam uma gama maior de odores, como os lavadores de gases, ou se adota uma solução específica

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Foto: Divulgação Dux

Antes do tratamento

Depois do tratamento com Bio-X80

para um determinado odor”, detalha. Há dois tipos de efluentes: o doméstico, no qual 90% do odor gerado é devido ao sulfeto; e o não doméstico, onde há diversas possibilidades de odor, como por presença de amônia, de fenóis, entre outras substâncias. “Cada caso deverá ser avaliado para saber o melhor tratamento e se evitar o desprendimento das substâncias voláteis que provocaram na população vizinha à unidade de tratamento a percepção e, consequentemente, reclamações de mau odor”, recomenda Sena. “Cada tipo de efluente deve ser tratado de forma diferenciada, pois pode gerar odores típicos inerentes, porém, o mais comum é a


formação de gases sulfurosos e mercaptanas”, analisa Costa. Segundo ele, há diversas formas de tratá-los utilizando: compostos inorgânicos, oxidantes químicos, sequestrantes biológicos (enzimas), micronutrientes para desenvolvimento de microrganismos anaeróbicos facultativos, agentes neutralizantes dos compostos sulfurosos presentes no ar etc. “A adoção de cada tipo demandará uma avaliação criteriosa de custo-benefício, sempre levando em conta a segurança operacional do sistema”, indica. “Para efluentes e ou processos industriais, pode-se ter odor característico de cada processo, porém, os efluentes gerados na indústria apresentam similaridade no desprendimento do odor em função do tipo e das deficiências das ETEs”, compara Silva. De acordo com ele, é muito comum ocorrer decomposição da matéria orgânica em tanques de equalização devido ao alto tempo de retenção e meio anaeróbio e em reatores anaeróbios que geram gás sulfídrico durante a decomposição da matéria orgânica. E se não operado adequadamente, este gás será emanado para a atmosfera, provocando grande impacto ambiental. Para esgoto sanitário, os gases odoríferos, especialmente o gás sulfídrico, serão formados a partir da geração nas redes e elevatórias de esgoto, desprendendo-se para a atmosfera e causando grandes motivos de reclamações nos centros urbanos. “Lançar mão de tecnologias que previnem a formação de gases odoríferos na origem tem sido a tendência do mercado”, revela Silva.

Faz mal à saúde O efluente tratado melhora as condições de saúde da população, mas o incômodo dos maus odores gera reclamações da população, que corre risco de contaminação também. Em tratamento de esgotos, o grande vilão é o gás sulfídrico, por ser corrosivo tanto para as estruturas metálicas como para o concreto, imagine para o ser humano. Em determinadas concentrações, é tóxico, podendo ser letal, dependendo do tempo de exposição. O gás sulfídrico tem atuação tóxica sobre o sistema nervoso, olhos e vias respiratórias, trazendo danos em

menor ou maior grau, conforme o volume de concentração do gás no ar, a frequência da exposição e a suscetibilidade da pessoa. A toxicidade do H2S ocorre por inalação ou pelo contato com a pele e olhos. Efeitos na saúde humana devido à exposição aguda – Taquicardia, palpitações cardíacas, arritmias cardíacas, bronquites, edemas pulmonares, depressão respiratória e até paralisia respiratória. Efeitos neurológicos – Vertigem, irritabilidade, dor de cabeça, tontura, tosse, convulsões e até coma. Normalmente, esses sintomas são acompanhados de náuseas, vômitos e diarreia. A exposição aos gases nitrogenados provoca ainda irritação na pele, lacrimejamento, perda gradativa da percepção de odores, fotofobia e visão embaçada. Existem poucas publicações sobre o assunto, apesar da crescente preocupação em relação à exposição das pessoas aos odores e, no Brasil, não há estudos sistemáticos sobre os problemas causados pela emissão de odores de plantas industriais, usinas de tratamento de resíduos sólidos e ETEs. Fonte: Saúde e Sociedade v.12, n.2, p.86-93, jul-dez 2003. O gás sulfídrico, dependendo da concentração, pode matar um ser humano em minutos. Pela respiração, o H 2S penetra nos pulmões e entra na corrente sanguínea. Rapidamente, o sistema de proteção oxida o H 2S, transformando-o em produto quase inócuo na corrente sanguínea. Mas, por outro lado, ele pode reagir com enzimas essenciais que contêm elementos metálicos, como cobre, zinco e ferro, formando sulfetos metálicos e provocar a perda de sensibilidades importantes no ser humano. À medida que a concentração de H 2S aumenta, o organismo não consegue oxidá-lo totalmente e, então, o excesso dele age no centro nervoso do cérebro que comanda o sistema respiratório, paralisando-o. Os pulmões param de trabalhar e a pessoa se asfixia e morre (*). A exposição aguda é rápida e as sequelas podem ser irreversíveis. Não se sabe ao certo se a exposição controlada de baixas concen-

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CAPA

Fonte: (*) II Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT’2005

Foto: Divulgação

trações de sulfeto de hidrogênio é cumulativa ou não e se os efeitos são completamente reversíveis. Segundo Goodman & Gilman (1987), o gás sulfídrico, em teores acima de 150 ppm, provoca a perda da sensação de odor devido à fadiga do sistema olfatório sensitivo pela destruição dos nervos (neuroepitélio olfatório) responsáveis por esta função. Fonte: (*) II Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT’2005

Tubulação de esgoto da Sabesp corroido devido a presença de sulfeto

Há um grande avanço no tratamento dos odores hoje em ETEs, pois diversas empresas de tratamento já se preocupam, conforme Sena denomina, com a 4ª Onda do Saneamento, ou seja, o odor. “A aplicação de produtos químicos na rede de esgotos domésticos, além de resolver o problema de odor, elimina a corrosão das tubulações e, consequentemente, reduz custos operacionais, o que, infelizmente, ainda não é colocado na planilha de custos”, aponta. No segmento industrial, ele cita a implantação de filtros desenvolvidos para cada modalidade de substância, como os filtros químicos, que utilizam soda cáustica e hipoclorito de sódio, filtros com carvão ativado e biofiltros. “Estes últimos ainda são pouco utilizados no Brasil, mas têm capacidade de tratar um grande número de substâncias”, diz Sena. Ele comenta também que tem se fortalecido nos últimos anos o uso de equipamentos que determinam a concentração da substância que causa odor. “Existem hoje no mercado algumas tecnologias e soluções que tratam os odores indesejados

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Foto: Divulgação

Avanços

Analisador de sulfeto automático

de forma efetiva. Os problemas atuais podem ser facilmente controlados e minimizados desde que se façam os investimentos necessários”, ressalta Cipriani. A solução da Bauminas Ambiental para os maus odores inclui monitoramento e medição em tempo real dos níveis de odores e, após análise detalhada, é definido qual o melhor produto químico a ser aplicado e em qual período ser dosado. De acordo com Costa, estas são soluções de engenharia que têm sido propostas para este problema: injeção de ar, aplicação de oxigênio, adição de cloro, adição de peróxido de


UM NOvO SUcESSO hidrogênio, adição de permanganato de potássio, adição de sais de ferro, aumento do pH, adição de antraquinona, adição de ozônio, agentes mascarantes, lavagem de gases, adsorção em carvão ativado, biofiltros, enclausuramento, incineração, ventilação, radiação ultravioleta, barreiras de descargas dielétricas, fotocatálise heterogênea e a aplicação de nitrato de amônia. O monitoramento do gás sulfídrico na atmosfera e/ou dos sulfetos dissolvidos no esgoto sanitário é fundamental para o controle deste poluente. “Os blends de nitratos que visam prevenir a formação do gás são técnica e economicamente viáveis e têm sido tendência no mercado atual no Brasil e no mundo”, destaca Silva.

Desafios Sena explica um pouco sobre as denominadas Ondas do Saneamento. “O odor é a 4ª Onda do Saneamento, não tenho dúvida disso”, inicia. Segundo ele, os dados demonstram que, ainda no Brasil, temos somente 48,6% de coleta de esgotos e, desta coleta, somente 40% são tratados, ou seja, ainda estamos lutando entre a 2ª e 3ª Onda do Saneamento. Veja. 1ª Onda – Primeiro veio a necessidade de fornecer água potável às pessoas. 2ª Onda – Depois, a coleta e o afastamento dos esgotos. 3ª Onda – A partir da conscientização da sociedade civil, houve maior cobrança do tratamento dos esgotos coletados. 4ª Onda – Tratamento do Odor. Existem unidades da federação com números melhores que os citados, acesse http:// www.tratabrasil.org.br/saneamento-no-brasil. “Nesses locais em que o tratamento de esgotos já está melhor do que a média do Brasil, percebe-se que começa a cobrança pelo tratamento do odor (4ª Onda), ou seja, quando avançamos na questão de coleta e tratamento, inicia-se um novo ciclo”, explica. Sena diz que a situação parece antagônica, mas não é. “Em locais em que não há rede de esgotos ou a população se acostumou

da Ravagnan para ArcelorMittal

Projeto, Fornecimento, Montagem e Start-up da reforma de uma ETA-Reuso de 720m3/h

PLANTAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES para

Siderurgia e Indústria com Engenharia e Fabricação próprias

Desde 1961 RAVAGNAN realiza plantas de tratamento de água e efluentes para os principais Grupos Siderúrgicos mundiais com oficinas e escritórios na Itália, México, Brasil EUA. 1961

1993

2014

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CAPA

Foto: Divulgação

com o incômodo do odor ou ele não existia devido ao lançamento em rios de grande fluxo, não permitindo que houvesse a anaerobiose”, analisa. Segundo ele, quando se instala o sistema de coleta de esgotos, este material fica confinado em uma tubulação. Devido a temperatura ser mais elevada em nosso país, haverá o consumo de oxigênio e, consequentemente, o desenvolvimento do sulfeto. Quando ele for liberado pela atmosfera, a população perceberá o mau odor e, assim, se iniciam as reclamações. Desta forma, o aumento do saneamento trará, em alguns locais, a necessidade do tratamento do odor, pois a formação de sulfeto depende de várias situações. “O grande desafio nesta etapa do saneamento é, sem dúvida, a questão dos custos operacionais. Por isso, a busca de alternativas construtivas e operacionais é fundamental”, adverte. “Atualmente desenvolvo novo trabalho com produtos químicos alterados para obter melhores resultados no combate ao odor. Ainda é cedo para apresentar resultados, mas estamos otimistas. Montamos um sistema de pesquisa bem robusto e estável para gerar sulfeto de forma controlada. Portanto, teremos condições de avaliar vários compostos e compará-los de forma equânime”, revela Sena. A carência ou falta de investimentos nos sis-

Reator piloto para de geração de sulfeto de forma controlada e o devido controle com produtos químicos diferentes

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temas de esgotos está entre as principais dificuldades em relação ao controle de odores. “No Brasil, em geral, as companhias de saneamento priorizam seus investimentos no tratamento de água potável, destinando poucos recursos aos inúmeros desafios do tratamento de esgotos, entre eles, os maus odores”, analisa Cipriani. O saneamento básico faz parte do processo de melhoria das condições de vida da população, interferindo diretamente na qualidade de vida das comunidades. “A geração de odor é inerente aos processos de tratamento de esgotos sanitários quando surgem desequilíbrios dinâmicos na ETE. É necessário que os projetos contemplem tempos de residência e etapas bem definidas para que o tratamento seja capaz de suportar o crescimento populacional e a diversificação industrial no local de instalação da ETE”, avalia Costa. As tecnologias para o controle de emissões gasosas disponíveis no Brasil são as mesmas utilizadas nos países desenvolvidos. “O grande desafio são as aplicações das leis ambientais vigentes e a consciência proativa de gestores públicos e de empresas privadas nos investimentos para o controle da poluição, quer seja gasosa, líquida, sólida ou radioativa”, aponta Silva.

Esforços conjuntos Quem sofre com esses odores é quem vive no local, o que gera protestos. Para resolver o problema, há formas de trabalho conjunto entre a população, as prefeituras, as indústrias e os administradores das ETEs para ajudar a evitar ou diminuir esses odores. “Com certeza, esse deverá ser o próximo passo entre as concessionárias que operam o sistema público de esgotos com as prefeituras e indústrias. E até com os órgãos de fiscalização de cada Estado, como Cetesb (São Paulo), Feema (Rio de Janeiro) e o IAP (Paraná)”, salienta Sena. Ele diz que os esforços devem ser conjuntos, por ser um problema complexo, caro e muito novo para o Brasil. O principal responsável pelo bom funcionamento das ETEs é o gestor da estação, seja


Urbanização Tudo isso mostra que há uma nova realidade a ser trabalhada. Na última década, a urbanização avançou e os bairros residenciais

Foto: Divulgação Prime Tech

pública ou privada. “Este deve ter um senso de autocrítica que as coisas podem não estar bem e que ações devem ser tomadas caso exista algum problema de odor. Tem que investir e ter ações proativas e não apenas corretivas após reclamações e atuações como ocorre na maioria dos casos”, alerta Costa. É preciso estabelecer um canal de comunicação com a comunidade e esclarecimento das melhorias que são implantadas para se evitar que os odores interfiram negativamente na qualidade de vida dos moradores. “A comunidade deve fazer o seu papel de vigilante e recorrer aos órgãos públicos quando necessário. Enquanto os órgãos públicos devem seguir aprimorando os mecanismos de fiscalização e reforçar sua atuação como orientador de soluções aos novos desafios do setor”, especifica. Para Silva, as comunidades que vivem próximas às estações de tratamento, elevatórias de esgotos e tipos específicos de fábricas estão mais expostas ao problema. “Entretanto, os órgãos ambientais estão plenamente ativos quando a população local aponta o incômodo com os odores e atuam de forma eficaz nas fiscalizações e mitigação dos problemas”, ressalta. Apesar de um saneamento básico ainda precário no Brasil, o tratamento de efluentes tem avançado nos últimos anos. “Mas devido a falta de planejamento, as ETEs ficam próximas à ocupação urbana que se expandiu ao seu redor. O quadro agrava-se com a falta de conscientização das empresas e ETEs quanto às leis ambientais. O avanço da tecnologia permitiu desenvolver produtos específicos para minimizar esses incômodos, e as autoridades vêm prestando cada vez mais atenção ao fato destas empresas manterem uma política de boa convivência com a população do seu entorno, sobretudo, quanto ao mau cheiro”, ressaltam os especialistas da Dux Grupo.

Exemplo de proximidade da comunidade junto as ETEs - Novo desafio para a próxima década

hoje fazem parte do cenário junto com as ETEs públicas ou privadas. As antigas ETEs estão tendo que se adequar. Para a Prime Tech, na próxima década, o fenômeno urbano, as leis ambientais mais restritivas e as fiscalizações mais atuantes são os grandes desafios para as ETEs. Não há como transferir a ETE de local sem fazer planejamento e grandes investimentos. Por isso, o problema tende a piorar. Segundo a empresa, os gestores das ETEs precisam mesmo buscar uma nova relação com a comunidade, sendo mais compreensivos e atentos às reclamações e ativos na solução dos problemas. Ninguém merece morar ou trabalhar com o constante incômodo de odores desagradáveis. As empresas já estão se conscientizando desta nova realidade e que investimentos devem ser feitos. A Prime Tech aponta que existem instalações e projetos desbalanceados, estações antigas, problemas técnicos e de manejo e aumento no volume tratado, oriundo do adensamento demográfico, que também contribuem para o agravamento desta situação, uma vez que muitas ETEs estão trabalhando fora de suas configurações originais. Contatos: Bauminas Ambiental: www.bauminas.com.br Dux Grupo: www.duxgrupo.com.br Helvécio Carvalho de Sena: Sabesp Prime Tech: www.primetech.com.br Produquímica: www.produquimica.com.br

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TRATAMENTO DE ÁGUA

Fotos: Divulgação Sanepar

Praia de Leste recebe projeto piloto de tratamento da água do mar

Sistema piloto de tratamento avançado de água segue de Curitiba até a estação de tratamento de água de Praia de Leste

Sanepar irá testar equipamentos versáteis que também podem tratar água captada em poços e rios e de projetos de reúso

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Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) está transportando um sistema piloto de tratamento avançado de água desde sua base de pesquisa, em Curitiba, até a Estação de Tratamento de Água de Praia de Leste, na cidade de Pontal do Paraná, no Litoral. O sistema está sendo estudado desde 2013 por profissionais da Sanepar e conta com apoio de pesquisadores da University of North Texas, University College London e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Parte do projeto é custeada pela Secretaria de Estado Americano, depois de ter concorri-

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do com mais de 300 outros projetos ligados à implantação e monitoramento de sistemas sustentáveis de dessalinização em escala piloto. Os equipamentos utilizam as tecnologias de osmose reversa e ultravioleta. Para facilitar seu transporte e acomodação nas plantas da Sanepar, eles foram montados em um container e em um skid, que é uma base móvel. No Litoral, além dos testes de dessalinização da água do mar, os equipamentos também serão utilizados para pesquisas de tratamento em água com carga orgânica alta, mas podem servir para uso na remoção de sais dissolvidos, na remoção de metais em água de poços, na redução de flúor e na produção de água industrial, que reutiliza a água de efluentes. Em Praia de Leste, o material ficará por seis meses em


testes, que iniciarão em agosto próximo. O diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Glauco Requião, explica que a intenção da Sanepar é desenvolver as melhores soluções possíveis para o sistema de tratamento de água. “Isso faz parte da preocupação constante da Sanepar de garantir as melhores condições para a prestação de seus serviços. Esse sistema piloto dá suporte para técnicas avançadas de tratamento da água e para o polimento secundário de efluentes, que poderá ser aplicado no futuro. Os testes podem nos dar respostas importantes para avaliarmos e medirmos muitas variáveis”, afirma. Os pesquisadores da Sanepar, Ronald Gervasoni, Mariana Espíndola de Souza e Ana Claudia Brueckheimer, responsáveis pelo projeto, explicam que no Litoral será utilizada energia de fontes eólica e solar. “Um dos maiores gastos operacionais de um sistema com membranas está na energia elétrica. Queremos verificar se com o uso dessas outras fontes o sistema se torna mais sustentável e econômico”, diz Gervasoni. Ele conta que, além de pesquisas sobre técnicas de tratamento, os testes podem ajudar a definir a concepção de novos sistemas e mesmo o aperfeiçoamento dos atuais. “A planta servirá também para avaliar a tecnologia em situações diferentes como água de barragem, de rios e de poços. O efluente tratado também será avaliado para verificar o potencial de reúso e poderemos obter parâ-

Skid de tratamento que também irá para a estação de tratamento de água de Praia de Leste

Mariana Espíndola de Souza, Ronald Gervasoni e Ana Claudia Brueckheimer, pesquisadores da Sanepar responsáveis pelo projeto

metros para projeto em cada situação”, afirma. Piloto - O sistema piloto tem capacidade para produzir 1.000 litros de água tratada por hora e é composto por filtro de discos, sistema de abrandamento duplo, filtro de cartucho, sistema de filtração por membranas de osmose reversa de duplo passo, sistema de desinfecção por ultravioleta e dosadora de cloro. Segundo o gerente de pesquisa da Sanepar, Gustavo Possetti, a especificação e a entrega do sistema piloto atendem aos objetivos traçados para o Centro de Tecnologias Sustentáveis da Sanepar (CETS) em relação à antecipação de tendências tecnológicas. “A aquisição deste sistema avançado orientará os futuros parâmetros para o dimensionamento, otimização e implantação de novas tecnologias na Sanepar. Com esta última aquisição, o CETS complementa sua estrutura de pesquisa e desenvolvimento, referência entre as empresas de saneamento do Brasil”, diz. O CETS conta, atualmente, com dois laboratórios analíticos, um laboratório de protótipos, um laboratório de tecnologias de tratamento de águas, que possui uma ETA piloto convencional, um skid com membranas de ultrafiltração, um skid de ozonização, equipamentos analíticos, protótipos de simulação de tratamento de água e a mais nova planta piloto de tratamento de água avançado por membranas de osmose reversa.

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TRATAMENTO DE EFLUENTES por Carla Legner

Foto: Divulgação Ravagnan

Efluente industrial X efluente doméstico

Tratamento físico químico da Ravagnan

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e acordo a Resolução n° 430, de 13 de maio de 2011, efluente é o termo utilizado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou processos. Podem ser gerados por indústrias ou resultantes dos esgotos domésticos urbanos, que são lançados no meio ambiente. Efluente Industrial é o resíduo líquido proveniente de um processo industrial, seja ele relacionado diretamente ao meio produtivo ou limpeza de máquinas, equipamentos, pátios, etc. De acordo com Lívia Baldo, gerente comercial da Tera Ambiental, suas características tanto físicas, químicas ou biológicas variam de acordo com o tipo de indústria, matéria-prima utilizada, o processo produtivo e armazenamento do resíduo líquido. O efluente pode ser solúvel ou conter sólidos em suspensão que podem ou não ter coloração, serem orgânicos ou inorgânicos e ter variações de temperatura. “Para que sejam avaliados os parâmetros de tratamento, é necessário que uma amostra do resíduo

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líquido seja coletada e enviada para caracterização em um laboratório credenciado. O laudo resultante deverá incluir a análise dos parâmetros listados no artigo 19A do Decreto 8468/76, mais DBO, DQO, SST e BTEX”, completa Lívia Baldo. Depois de ter sido usado para atividades produtivas na indústria, o efluente industrial torna-se um fluxo de água que perdeu as características físico químicas originais e não é mais utilizável no mesmo processo industrial. Paolo Lanata, diretor da Ravagnan explica que sua composição depende seja dos elementos que já estavam presentes na água no início do processo, seja dos outros poluentes que entraram durante o processo, tais como sólidos suspensos, óleo, graxas, etc.

Composição: efluente industrial Karla Pinto, Professora DSc. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, destaca a descrição geral da composição e considerações de alguns


sintética) e aditivos químicos, como agentes de vulcanização (geralmente enxofre), aceleradores de reação de vulcanização (catalisadores), plastificantes, cargas minerais, pigmentos e outros produtos auxiliares. “O descarte dos efluentes líquidos de uma indústria de borracha sintética representa um grande impacto ambiental, pois apresentam grandes quantidades de material orgânico solúvel e sólidos em suspensão, caracterizando-os como efluentes de difícil degradação”, destaca Karla. Farmacêutica (Etinilestradiol e estrogênio, propanolol, diclofenaco, genfibrozil, ibuprofeno, fluoxetive, eritromicina, a ciclofosfamida, o naproxeno, o Carbamazepina, sulfametoxazol e Trimetoprim): De um modo geral, a atividade farmacêutica pode ser classificada de acordo com um processo produtivo: fermentação, síntese orgânica, extração e formulação. Os efluentes gerados em cada um dos processos produtivos apresentam características distintas e quantidade variada, tendo um caráter sazonal. São efluentes caracterizados por uma fração orgânica rapidamente biodegradável e compostos refratários, tais como os antibióticos, cujos efluentes apresentam baixa biodegradabilidade. Cosméticos (Quantidades variáveis de corantes, álcoois, essências aromáticas, glicerina, extratos, ativos orgânicos, tensoativos (lauril-éter sulfato de sódio: detergente, molhante, espumógena, emulsificante e solubilizante) e material sólido proveniente de diversas origens): A caracterização dos des-

Foto: Divulgação Tera Ambiental

efluentes de setores produtivos importantes para sociedade: Alimentício, Couro, Papel e Celulose, Cosméticos e Textil (Corantes) - Os corantes sintéticos presentes nos efluentes de determinados setores produtivos são caracterizados por possuírem anéis aromáticos e um ou mais grupos cromóforos como, por exemplo, os grupamentos antraquinona, azo, nitroso e xantênicos. Os corantes azóicos fazem parte de uma das classes mais importantes de corantes sintéticos comerciais, devido a sua solubilidade, baixo custo, estabilidade e variedade de cores, sendo o produto de degradação, por vezes potencialmente cancerígeno. Bebidas/Cervejaria (Açúcares, proteínas, taninos e resinas, álcool, ácidos, aldeídos, cetonas, ésteres e levedura, proteínas e produtos de sua degradação): Os efluentes gerados na indústria de bebidas são ricos em açúcares, possuem pH alcalino e temperatura ambiente. Apresentam elevada carga orgânica (DBO, DQO e sólidos totais) devido ao açúcar do xarope e dos extratos vegetais utilizados na formulação das bebidas. Entretanto, a caracterização deste efluente varia de acordo com o processo produtivo, principalmente devido à tecnologia empregada durante as etapas de fabricação das bebidas. Metal/Mecânica (Óleos e graxas, limalha de ferro, cromo, níquel, zinco e alumínio, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, hidróxido de potássio, óleos, refrigerantes sintéticos e surfactantes, inibidores de corrosão e biocidas, entre outros): Fluidos de corte e óleos hidráulicos, provenientes das indústrias metal mecânicas são fontes primárias de contaminantes orgânicos presentes nas águas residuais oleosas. Borracha (Bário, zinco e fenóis, resíduos de látex, coágulos de SBR, estireno, traços de vinil ciclo-hexeno, óleos aromáticos, ácidos graxos e resinosos, águas contendo sulfato, acrilonitrila, entre outros, sendo alguns destes compostos considerados como de difícil biodegradabilidade): Os compostos de borracha geralmente são formulados a partir da mistura da matéria-prima base (borrachas natural ou

Lagoa de aeração

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TRATAMENTO DE EFLUENTES

pejos da indústria de cosméticos varia em função dos produtos fabricados, das fórmulas, rotinas de produção e das práticas utilizadas na higienização. Matadouros e Abatedouros (Elevada demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, sólidos em suspensão, Óleos e Graxas, nitrogênio total, fósforo total): Os matadouros, frigoríficos e abatedouros, são agroindústrias com alta concentração e despejos de resíduos sólidos, sendo que há necessidade de grandes áreas em que se possam receber os resíduos gerados por estas indústrias, o que representa problema para o meio ambiente. “O desenvolvimento econômico e a melhoria nos padrões de vida da sociedade levaram ao aumento na utilização de novos materiais justificado pela busca de uma melhor qualidade de vida. Assim, produtos químicos desempenham atualmente importante função em setores como os de agricultura, indústria, doméstico, têxtil, transporte e saúde. Sua utilização está associada à contínua liberação de substâncias de origem natural e manufaturada, por exemplo, gases, metais pesados, compostos orgânicos dissolvidos, em suspensão e voláteis, compostos nitrogenados e fosforados para o meio físico”, explica Karla.

Efluente doméstico

Foto: Divulgação Tera Ambiental

O esgoto sanitário ou efluente doméstico são os termos usados para caracterizar dejetos provenientes de residências, edifícios comerciais, indústrias, instituições ou quaisquer

edificações que contenham banheiros e/ou cozinhas, dispostos em fossas, tanques de acúmulo e caixas de gordura. Lívia Baldo explica que é composto basicamente de líquidos de hábitos higiênicos e das necessidades fisiológicas como urina, fezes, restos de comida, lavagem de áreas comuns, etc. Sua composição inclui sólidos suspensos, sólidos dissolvidos, matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e fósforo) e organismos patogênicos (vírus, bactérias, protozoários e helmintos). São compostos principalmente por substâncias orgânicas biodegradáveis, tais como celulose, lipídios, proteínas, ureia, ácido úrico, fosfatos e nitratos, mas também pode conter óleos, gorduras e sólidos suspensos. De acordo com Karla, em relação aos resíduos provenientes de esgotos sanitários, durante muito tempo os investimentos foram aplicados apenas para a construção dos sistemas de coleta. Ainda hoje, a maioria dos sistemas de esgotos existentes nas cidades brasileiras limita-se a despejar os resíduos brutos nos corpos de água, sendo responsáveis pelo agravamento dos problemas de poluição. “O efluente doméstico é normalmente gerado em estruturas de tipo civil e não industrial. A água perde suas características físicas químicas originais e não mais utilizável, pelo menos como água potável. São as águas residuais de serviços e instalações residenciais e essencialmente provenientes do metabolismo humano e de atividades domésticas (tais como hotéis, escolas, quartéis, escritórios públicos e privados, instalações desportivas e recreativas, lojas de varejo e atacado e bares)”, completa Paolo.

Composição: efluente doméstico

Recebimento do efluente

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Karla destaca que a composição dos efluentes domésticos pode variar de acordo com o uso ao qual a água foi submetida. Os principais fatores que podem influenciar a composição são o clima, a situação social e econômica e os hábitos da população. “Cabe considerarmos, em primeira instância,


têm serviços de esgotamento sanitário e/ou os domicílios não estão ligados à rede coletora, sendo o esgoto a céu aberto considerado como um dos maiores problemas ambientais e de saúde pública do país.

Efluente industrial X Efluente doméstico

Características físico-químicas dos esgotos domésticos

os principais impactos causados pelo lançamento de efluentes domésticos em corpos d’água. Pela significativa contribuição de matéria orgânica, nutrientes e patógenos, que contém esse tipo de despejo, se faz necessário tratar anteriormente ao seu retorno para o corpo hídrico”, explica. A maioria das pessoas ignora a origem da água que chega à sua torneira, chuveiro, vaso sanitário, etc., não entende que, o processo é cíclico, ou seja, a água que chega a sua residência (água de abastecimento), após uso, se transforma imediatamente em efluente doméstico (água residual) e poderá retornar ao corpo receptor de onde foi captada para então ser tratada, em uma ETA (Estação de tratamento de água) se transformando novamente em água de abastecimento. Para a professora, se a maioria da população tivesse o conhecimento de que a água que dispomos, no nosso dia a dia, de forma muitas vezes irresponsável, terá que ser novamente tratada para retorno ao abastecimento o valor dado ao recurso natural seria significativamente maior. O lançamento de esgotos domésticos afeta a qualidade da água do sistema receptor, causando a diminuição do oxigênio dissolvido, o aumento da turbidez, mudança de pH e finalmente altera as condições ideais para a sobrevivência dos organismos. Mesmo assim, ainda hoje, diversos municípios brasileiros não

Para muitos, a palavra mais conhecida para referência a águas que teve suas características físico-químicas alteradas pelo uso, seja doméstico ou industrial, era conhecida como esgoto. Hoje, o termo é usado quase que apenas para caracterizar os despejos provenientes das diversas modalidades do uso e da origem das águas, tais como as de uso doméstico, comercial, industrial, as de utilidades públicas, de áreas agrícolas, de superfície, de infiltração, pluviais e outros efluentes sanitários, mas para Karla é importante fazer uma distinção entre efluente industrial e doméstico. As águas geradas dos mais diversos processos industriais, através da manufatura de bens de consumo, energia, prospecção de petróleo, etc, são caracterizados como efluentes industriais, e adquirem características próprias em função do processo industrial empregado, inclusive cada indústria deve ser considerada separadamente, uma vez que seus efluentes diferem até mesmo em processos industriais similares. No que se refere aos efluentes industriais, exceto pelos volumes de águas incorporados aos produtos e pelas perdas por evaporação, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial ou pelas perdas de energia térmica, originando assim os efluentes líquidos. Já os efluentes oriundos fundamentalmente de residências ou por setores de serviço, pelas atividades gerais de limpeza, cozimentos, banhos, são considerados efluentes domésticos (água de banhos, urina, fezes, papel, restos de comida, sabão, detergente, águas de lavagem, etc.) “As características dos efluentes, sejam eles domésticos ou industriais, variam quantita-

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Foto: Divulgação Tera Ambiental

TRATAMENTO DE EFLUENTES

Lagoa de decantação

tiva e qualitativamente de acordo com sua utilização. Dessa forma, cabe considerar que a imensa variabilidade destes, pode causar significativo impacto quando lançados no ambiente sem prévio tratamento. Cabe-nos também informar que no Brasil, 80% dos esgotos são lançados em corpos d’água sem qualquer tratamento; destes 85% são efluentes domésticos e 15% efluentes industriais”, ressalta a professora. As diferenças entre o efluente Industrial e o Doméstico estão relacionadas basicamente nas atividades de geração e, principalmente, em suas características. Lívia explica que existem alguns aspectos relacionados aos cuidados de ambos os efluentes que são similares, porém levando em considerações as suas características específicas. Armazenamento: A primeira dela refere-se à questão do armazenamento desses efluentes, que devem seguir alguns critérios levando em consideração suas características. Um exemplo refere-se ao efluente corrosivo que deve ser armazenados em tanques de aço inox. Efluente menos agressivos, podem ser armazenados em tanque de alvenaria, tanque de fibra de vidro, polietileno, entre outros. Lembrando que é necessário estudar a capacidade do tanque que atenderá a demanda necessária, presença de contenção caso ocorra algum vazamento além da estrutura hidráulica. Monitoramento: A questão do monitoramento do efluente através das análises é essencial

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em efluentes industriais, visto que as características podem variar e apresentar diversos tipos de contaminação. Já os efluentes de origem doméstica, possui um padrão mais conhecido, ocorrendo poucas variações. Transporte: Quando o efluente é enviado para tratamento, deve-se avaliar a forma mais adequada de transporte, o veículo deve ser equipado e atender as normas de transporte de acordo com a classificação do efluente. Tratamento: O tratamento do efluente industrial/doméstico realizado in loco, deve se avaliar o tratamento que atinge o nível necessário para atender o local de descarte (rede de esgoto, corpos d’água). Caso o efluente seja enviado para tratamento off site, deve-se avaliar a destinação adequada para o tipo do efluente. Atestado de qualidade do efluente: Tanto para tratamento on site e/ou off site é necessário atestar a qualidade e eficiência do tratamento apresentado. No Estado de SP, de modo geral, os parâmetros para lançamento em corpo hídrico estão no artigo 18 do Decreto 8468 enquanto o artigo 19 A do mesmo decreto, que contempla os parâmetros para lançamento em rede coletora ou destinação via caminhão para tratamento biológico. “Os órgãos ambientais poderão solicitar laudos específicos dependendo da classe do rio ou do método de tratamento off site. É importante ressaltar que, no caso de tratamento terceirizado o gerador também deve solicitar o CDF - Certificado de Destinação Final, emitido pela empresa de tratamento.”, completa Lívia Baldo. As estações de tratamento de esgoto normalmente são plantas biológicas cujo principal poluente presente é de natureza orgânica, enquanto os efluentes industriais são plantas com tratamento principalmente químico físico-químico. Para o representante da Tera, em ambos os casos, é fundamental conhecer as características do efluente a ser tratado para identificar os tipos e a concentração dos poluentes principais e conseguir definir o melhor processo.


Riscos a saúde e meio ambiente Os efluentes não tratados, quando lançados no ambiente, podem comprometer e prejudicar gravemente a saúde pública. Além de contaminar a água, os resíduos prejudicam a vida presente nos rios, e consequentemente, influenciam também na rotina do ser humano, podendo causar doenças e, em casos mais graves, até a morte. Para Karla é importante ressaltar os impactos causados por ambos os tipos de efluentes, quando impropriamente manuseados e acondicionados, os despejos industriais atingem a saúde humana e a ambiental. A exposição humana (ocupacional ou não ocupacional) a despejos industriais tem conduzido a efeitos na saúde que compreendem desde dores de cabeça, náuseas, irritações na pele e pulmões, a sérias reduções das funções neurológicas e hepáticas. Evidências dos efeitos genotóxicos à saúde, como câncer, defeitos congênitos e anomalias reprodutivas, também têm sido mencionadas. O aumento significativo de incidência de carcinomas, gastrointestinais, de bexiga, anomalias reprodutivas e malformações congênitas, tem sido evidenciados em populações que vivem próximas a perigosos depósitos de despejos industriais. “Se o efluente, não é purificado, o principal risco é a poluição do meio ambiente devido, principalmente, à eutrofização dos rios e das águas costeiras, o que reduz o teor de oxigênio dissolvido na água, resultando em mortes de espécies de peixes presente e a destruição dos ecossistemas de rios, lagos, etc. Em efluentes domésticos também podem ser perigosos vírus e bactérias aos seres humanos que, se deixado entrar de volta na água subterrânea ou água superficial pode levar à propagação de doenças e também para o surgimento de epidemias (cólera)”, enfatiza Paolo. Em função dos graves impactos; ambiental, social e de saúde pública, que o despejo dos efluentes domésticos provoca, existe a necessidade de que estes sejam efeti-

vamente tratados, cabendo ao poder público não só prover uma água de consumo na quantidade e qualidade necessária a demanda da população como também viabilizar a condução e tratamento final dos despejos domésticos gerados. “Atualmente, se reconhece que inúmeras doenças graves estão relacionadas à poluição da água, ou seja, são causadas por veiculação hídrica, o que justifica a utilização de todos os instrumentos possíveis com vistas ao combate desse impacto, não só por razões ambientais mas também por razões de saúde pública e porque não dizer sociais”, completa Karla.

Tratamento Os sistemas de tratamentos de efluentes objetivam primordialmente atender à legislação ambiental e em alguns casos ao reúso de águas. A maneira mais adequada de compreendermos o objetivo dos sistemas de tratamento é relacioná-los a função importantíssima de realizar a remoção de sólidos. Sólidos esses que poderão ser dos mais variados, a saber: sólidos grosseiros, sólidos sedimentáveis, matéria orgânica decantável, algas, íons em solução, microrganismos patogênicos, etc. “Qualquer que seja o tratamento de um efluente, ele se resume em: concentrar a poluição (uso de membranas semipermeáveis, permeáveis, evaporação); deslocamento da poluição (o tratamento biológico e incineração); recuperação de um produto valorizável. E, as tecnologias envolvidas podem ser então divididas em: deslocamento de fase do poluente ou destrutiva”, ressalta Karla. O processo de tratamento do esgoto pode então adotar diferentes tecnologias para depuração do efluente, mas de modo geral, ela explica ainda que eles seguem um fluxo que compreende as seguintes etapas ou níveis de tratamento: Preliminar: visa à remoção de grandes sólidos e areia para proteger as demais unidades de tratamento, os dispositivos de transporte (bombas e tubulações) e os corpos recepto-

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Foto: Divulgação Tera Ambiental

TRATAMENTO DE EFLUENTES

Saída efluente tratado

res. A remoção da areia previne a ocorrência de abrasão nos equipamentos e tubulações e facilita o transporte dos líquidos. É feita com o uso de grades que impedem a passagem de trapos, papéis, canudos de plástico, pedaços de madeira, etc.; caixas de areia, para retenção deste material; e tanques de flutuação para retirada de óleos e graxas em casos de esgoto industrial com alto teor destas substâncias. Primário: visa remoção de sólidos não grosseiros em unidades de sedimentação - remoção de matéria orgânica decantável. Os sólidos sedimentáveis e flutuantes são retirados através de mecanismos físicos, via decantadores. Os esgotos fluem vagarosamente pelos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão de maior densidade sedimentem gradualmente no fundo, formando o lodo primário bruto. Os materiais flutuantes como graxas e óleos, de menor densidade, são removidos na superfície. A eliminação, neste nível, de DBO é de 30%. As fossas sépticas são um tipo de tratamento primário muito usado no meio rural e urbano. Os sólidos sedimentáveis se acumulam no fundo da fossa, onde permanecem tempo suficiente para sua estabilização, porém mantém os elementos patogênicos. Como a eficiência na remoção da matéria orgânica é baixa, frequentemente utiliza-se forma complementar de tratamento, como filtros anaeróbios ou sistemas de infiltração no solo (sumidouros, valas de infiltração e valas de filtração). Secundário: processa, principalmente, a

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remoção de sólidos e de matéria orgânica solúvel e, eventualmente, nutrientes como nitrogênio e fósforo. Após as fases primária e secundária a eliminação de DBO deve alcançar 90%. É a etapa de remoção biológica dos poluentes e sua eficiência permite produzir um efluente em conformidade com o padrão de lançamento previsto na legislação ambiental. Basicamente, são reproduzidos os fenômenos naturais de estabilização da matéria orgânica (depuração natural) que ocorrem no corpo receptor, sendo que a diferença está na maior velocidade do processo, na necessidade de utilização de uma área menor e na evolução do tratamento em condições controladas. Terciário: visa à remoção de poluentes tóxicos, não biodegradáveis ou eliminação adicional de poluentes não degradados na fase secundária- fase de polimento- eliminação de patógenos, remoção de fósforo, etc. Para a escolha do processo de tratamento de efluentes são utilizadas diversas operações unitárias. Os processos podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos em função da natureza dos poluentes a serem removidos e/ou das operações unitárias disponíveis para o tratamento. Os processos físicos são os processos que basicamente removem os sólidos em suspensão, sedimentáveis e flutuantes através de processos físicos, tais como: gradeamento; peneiramento; caixa de areia – desaneradores; separação de óleos e gorduras; sedimentação; fotação. São capazes de remover a matéria orgânica e inorgânica em suspensão coloidal e reduzir ou eliminar a presença de microrganismos tais como: Processos de filtração em areia; Processos de filtração em membranas (micro filtração e ultrafiltração). Os químicos, por sua vez, utilizam produtos químicos em seu processo, tais como: agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção em diferentes etapas dos sistemas de tratamento. Conseguem remover os poluentes por meio de reações químicas, além de condi-


cionar a mistura de efluentes que será tratada nos processos subsequentes. Seus principais processos são: clarificação química, eletrocoagulação, precipitação de fosfatos e outros sais, cloração para desinfecção, oxidação por ozônio, redução do cromo hexavalente, oxidação de cianetos, precipitação de metais tóxicos e troca iônica. Por fim, o biológico tem o objetivo de remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão ao transformá-la em sólidos sedimentáveis (flocos biológicos) e gases por oxidação. Existem dois caminhos para a oxidação biológica: aeróbio e anaeróbio, realizados respectivamente por bactéria que respiram oxigênio do ar e bactéria que utilizam outros tipos de aceptores de hidrogênio. Os tratamentos podem ser físicos (decantação, filtração, etc.) ou químicos (clarificação, controlo do pH, etc.), o tratamento depende do tipo de poluentes que deve ser eliminado. As plantas para tratamento de efluente biológico podem ser principalmente de dois tipos: plantas de tratamento de água que servem para tornar a água própria para consumo humano e sistemas para reter os principais poluentes antes de ser descarregados em corpos d’água. “No caso das plantas de tratamento de efluentes industriais podem tratar a água no nível suficiente para permitir um reúso (make-up) no mesmo processo industrial o podem depurar a água para permitir também o descarregamento em corpos d’água de acordo com a legislação ambiental de cada país. É evidente que os tipos de sistemas utilizáveis são muitos e devem ser estudados e dimensionados com base na análise da água a ser tratada e na qualidade da água a ser produzida”, completa Paolo. O diretor da Ravagnan explica ainda que os efluentes domésticos geralmente têm baixa vazão e são descarregados no sistema de esgoto da cidade e este enviado para grandes sistemas de depuração biológica. Nestas instalações a matéria orgânica por meio da insuflação de ar (processos aeróbios) é com-

pletamente oxidada e convertida em lodo, que pode, então, ser descartado ou mesmo degradado para produção de composto que pode ser reutilizado ou produzir biogás (com processos anaeróbios) que pode ser utilizado para a produção de energia. “A água uma vez eliminada a matéria orgânica e os sólidos suspensos é então desinfetada por cloração ou com raios UV que destroem os agentes patogénicos antes de serem descarregados em corpos de água superficiais ou reutilizada, como água de serviço ou para a irrigação”, completa. Contatos: Karla Pinto: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Ravagnan: www.ravagnan.com Tera Ambiental: www.teraambiental.com.br

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SANEAMENTO Por Anderson V. da Silva

Foto: Divulgação

ABCON lança o estudo Panorama da Participação Privada no Saneamento 2016

C

onfigurando como uma das principais iniciativas e alternativas para expansão da qualidade e ampliação de investimentos, a participação privada no setor de saneamento vem crescendo a cada ano, mas ainda ocupa uma pequena parcela das instalações existentes. Considerando-se os déficits existentes na área de saneamento brasileiro e de acordo com os últimos dados publicados pelo Ministério das Cidades no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano base 2014, o país ainda tem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada, cerca de 50% da população não possui coleta de esgotos e ainda para piorar o quadro, apenas cerca de 40% dos esgotos do país são tratados. Atualmente o tema tem entrado em pauta devido aos problemas de saúde pública ocasionados pela falta de saneamento básico, gerando problemas como doenças: dengue e Zika vírus, causadas pelo Aedes aegypti. Estudos recentes mostram o elevado número de internações e mortes pro-

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vocadas por infecções intestinais, entre outros. Neste cenário caótico, em que o governo implanta medidas importantes para tentar alcançar a tão almejada universalização, que a ABCON (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto) lançou na manhã de hoje, 30 de junho, em São Paulo, o anuário Panorama da Participação Privada no Saneamento, com os dados atualizados da atividade das concessionárias privadas que atuam em todo o país. “O Panorama da ABCON é lançado no momento em que o novo governo sinaliza que o saneamento será prioridade, e que a participação da iniciativa privada é reconhecida como fundamental para que o país possa avançar em suas metas de universalização, o que demanda investimentos de 15,63 bilhões por ano” , afirma Paulo Roberto de Oliveira, presidente da entidade. Segundo o estudo cerca de 70% dos serviços de saneamento dos 5.114 municípios brasileiros informados pelo SNIS (Sistema Nacional de Informação do Saneamento) é operado por prestadores regionais públicos, 25% por prestadores locais e microrregionais públicos e somente 5% são desenvolvidos e operados por empresas privadas ou PPPs (Parcerias Público Privadas), mas mesmo assim estes 5% foram responsáveis por cerca de 20% de todo o investimento do setor no ano de 2014 e estão divididas em 73% em municípios de pequeno porte, até 50.000 habitantes e 27% no munícipos maiores de 500.000 habitantes. O evento contou com a presença de autoridades federais ligadas à área do saneamento, o qual destacamos o Senador Roberto Muniz, que já esteve a frente como presidente executivo da ABCON e hoje ocupa uma das cadeiras do Senado Federal, e que demonstrou as difi-



SANEAMENTO

culdades da expansão do saneamento se for desenvolvido somente pela área governamental, e destacou a contribuição importante da área privada no setor de saneamento rumo a universalização. “Caso não haja uma maior entrada das iniciativas privadas na área de saneamento, ajustes políticos serão necessários se continuarmos com os valores previstos de investimentos e crescimento almejado, conseguiremos atingir a universalização somente em 2054”, afirma o Senador Roberto Muniz.

Anuário traz bons exemplos de atuação da iniciativa privada O anuário Panorama 2016 apresenta os investimentos atualizados da iniciativa privada no saneamento, população e número de municípios atendidos, comparativos do investimento médio total do setor e do segmento privado nos últimos anos e evolução dos contratos em diferentes modalidades de concessão, além de destacar algumas cidades que são exemplo de desenvolvimento econômico e social a partir do saneamento privado. O anuário traz o perfil dos 11 municípios sob o tema “Cidades Saneadas: Uma realidade ao alcance do Brasil”. Entre as 11 cidades que foram escolhidas este ano como exemplos de boa gestão da iniciativa privada no saneamento estão: Araçatuba – com índices próximos da universalização, o município decidiu a partir do Plano Municipal de Saneamento, que seria necessário contar com a iniciativa privada para que os serviços acompanhassem o desenvolvimento da cidade. O investimento em tecnologia permitiu que a cidade não sofresse os efeitos da crise hídrica. Barra do Garças – a entrada da iniciativa privada está permitindo à cidade melhorar seus índices de esgoto tratado. Metas estão sendo antecipadas e a previsão é atingir 90% de tratamento em 2020. Campo Grande – é um dos maiores investimentos da iniciativa privada no setor. Em pouco mais de 15 anos, já foram injetados R$ 800 milhões na ampliação do sistema. Isso permitiu que a cidade atingisse a universalização dos serviços de água. Outros R$ 800 milhões serão

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investidos para universalizar o tratamento de esgoto, que hoje já atinge 80% da cidade. Campos dos Goytacazes – a cidade deve atingir a universalização de água e esgoto em 2019. A presença da iniciativa privada permitiu que a prefeitura, ao delegar a concessão de saneamento, pudesse concentrar investimentos em outras áreas essenciais ao meio ambiente, como a drenagem, a ampliação da coleta seletiva, o recolhimento e o descarte do lixo hospitalar. Jundiaí – passou a contar com a iniciativa privada no tratamento de esgoto (concessão parcial). Dois anos após o contrato assinado, foi inaugurada uma estação de tratamento que resolveu o problema, e hoje a cidade é referência em saneamento na região (muito procurada por empreendimentos na área industrial, por sua proximidade com São Paulo). A Cetesb sinaliza até que é possível tornar o rio Jundiaí ainda mais limpo e enquadrá-lo em outra categoria. Niterói – o município se tornou emblemático, por estar ao lado do Rio de Janeiro e ter índices muito mais favoráveis do que a capital do estado no saneamento. Recentemente, a concessão privada foi motivo de matéria no New York Times, que retratou Niterói como um exemplo do que poderia ser feito no saneamento para a Olimpíada. Bem diferente de quando a concessão foi definida, há duas décadas, e a iniciativa privada assumiu sob um clima de muita desconfiança entre a população. Ribeirão Preto – foi a pioneira em conceder os serviços de coleta e tratamento de esgoto, em 1995. A concessão foi prorrogada até 2033, graças aos bons resultados. A cidade é considerada uma das melhores do Brasil em saneamento. Prefeitos de outros municípios visitam Ribeirão Preto para entender como funciona a parceria com a iniciativa privada. Votorantim – A iniciativa privada viabilizou investimentos que não estavam sendo realizados pela autarquia local. Assim, a prefeitura pôde destinar recursos a outras áreas que também são prioritárias. Ao assumir, a concessionária privada reduziu as tarifas. Contato: ABCON: www.abconsindcon.com.br


Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de SĂŁo Paulo


EVENTOS por Suzana Sakai

Fenasan movimenta o mercado de saneamento Feira apresenta as novidades e tecnologias do setor

Á

gua ou escassez, qual o futuro que queremos? É com essa indagação que a Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente (Fenasan) instiga a troca de informações, negociações e a apresentação de novas tecnologias do setor. O evento será realizado entre os dias 16 e 18 de agosto, no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte e promete movimentar o mercado. Estima-se que aproximadamente 17 mil pessoas, entre executivos, técnicos, empresários, estudantes, gestores e pesquisadores de órgãos públicos e privados, acadêmicos e demais interessados no avanço da aplicação dos conhecimentos em saneamento ambiental, estarão presentes no evento. Em 2016, a Fenasan completa sua 27ª edição, consagrada como o maior evento do gênero na America Latina. Desde 2010, a feira vem adquirindo projeção internacional e conta com a adesão e o apoio cada vez mais significativo de diversas entidades e empresas de todo o mundo. A participação e a visitação de outros países, como Alemanha, Argentina, Chile, China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Israel, Itália, México e Portugal, tem sido constante, com o aumento de demanda a cada edição. Além dos participantes internacionais, os principais players do mercado nacional são presença garantida nesta feira. A Atlas Copco sabe bem disso. A empresa participa da Fenasan desde 2010 e vê na feira uma excelente oportunidade de estar em contato com as empresas de destaque no setor. “O evento é sempre um momento importante para retomar o contato com clientes, parceiros e visitantes da feira em geral. Sabemos que os principais representantes do mercado de saneamento e tratamento de água e efluentes sempre passam por lá e aproveitamos para apresentar as novidades em nossos produtos e serviços para esse importante mercado”, conta Ricardo Brandão, gerente de produto da Atlas Copco Brasil.

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A Toray participa da Fenasan desde 2012 e tem obtido um bom retorno do evento. “Esta feira tem trazido ótimos resultados e ajudando a Toray ser reconhecida como um dos principais fornecedores de membranas no mercado local, ainda mais com os resultados positivos que estamos alcançando com vários projetos de relevância no mercado que fomos escolhidos como fornecedores de membranas de osmose, MBR ou ultrafiltração”, afirma Marcelo Bueno, representante da empresa. Para a Bauminas Química, será uma excelente oportunidade para apresentar as suas novidades, estreitar relacionamento com os seus clientes e promover um intercâmbio de informações com o qualificado público participante da feira, afirma Igor Santos Freitas, gerente de marketing do Grupo Bauminas e complementa, “A Bauminas Química participará novamente da Fenasan em 2016 com o intuito de reforçar o seu posicionamento de líder nacional em coagulantes para o tratamento de água e efluentes, divulgando os excelentes resultados obtidos com a sua nova geração de coagulantes com cadeias polimerizadas nas principais companhias de saneamento do Brasil”, afirma Igor. A Corr Plastik é presença garantida no evento desde 2008 e vê na feira uma excelente oportunidade para o networking e apresentação de novidades. “Usamos a feira para lançar produtos, estreitar relacionamentos e demonstrar nossa efetiva capacidade de liderança deste importante segmento de mercado”, explica Nathália Lima, representante do marketing da Corr Plastik. A Emec Brasil participa da feira desde 2000, ano em que a empresa foi fundada. “A Fenasan é vista por nós como uma grande oportunidade de marketing e de demonstração de nossos equipamentos. Além disso, a feira faz com que possamos rever amigos e reafirmar importantes parcerias já estabelecidas”, diz a representante da Emec Brasil, Luciana Varoto. Há 10 anos participando da Fenasan, a FGS analisa a feira como uma ótima oportunidade para atrair os clientes. “Vários negócios iniciam-se dentro da Feira Fenasan. Podemos definir que participar da


Fenasan é a oportunidade que temos de atrair o cliente para mostrar as possibilidades, as novas tecnologias e, desta forma, começar um relacionamento que normalmente gera resultados positivos com pelo menos 50% daqueles que mostram interesse em nosso trabalho durante a feira. Na feira sempre aparecem clientes novos!”, revela Carolina Ronconi, do marketing da FGS Brasil.

Mercado em recuperação A Fenasan é realizada em um momento importante para o setor de saneamento: o de recuperação pós-crise hídrica. Com a diminuição da pressão cambial sobre as dívidas no primeiro trimestre e menor impacto do risco hídrico sobre as operações, a Sabesp, tem apresentado boas perspectivas para 2016. A melhora é comprovada por meio das ações na Bolsa de Valores. A estatal paulista demonstrou seus primeiros sinais de melhora em 2015, quando as ações subiram 13%, ante uma queda na mesma proporção do Ibovespa. Em 2014, a queda havia sido de 33%. Em abril de 2016, a Sabesp já registrava um crescimento de 27% no valor das ações este ano. Para o engenheiro da Bürkert Fluid, Denis de Moraes, a tendência é que a expansão do setor de saneamento seja contínua. “Acreditamos que o mercado de saneamento é um mercado que tende a crescer fortemente nos próximos anos, principalmente buscando melhorias em termos de automação dos processos mais antigos, bem como novas oportunidades em novos projetos”, declara. Marcelo Bueno, da Toray, também en-

xerga boas perspectivas para o setor. “O mercado é muito promissor principalmente para as membranas filtrantes. No Brasil, existe uma forte demanda no saneamento, com a necessidade de aumento da quantidade de esgoto tratado e melhora da qualidade da água potável”. Mais do que boas perspectivas, o setor de saneamento do Brasil se destaca por possuir as melhores técnicas e tecnologias disponíveis para tratamento de efluentes industriais e sanitários. “São inúmeros os avanços e novidades no setor. Acreditamos que os reatores de membrana (MBR) serão determinantes nos processos de tratamento de água e efluentes nos próximos anos, especialmente, pela possibilidade de implantação do reúso”, destaca Alessandra Cavalcante, do marketing da B&F Dias. Na opinião de Mario Ramacciotti, diretor da Xylem, o mercado de saneamento tem grandes perspectivas de expansão no Brasil. “Com o parâmetro médio nacional de coleta e tratamento de esgoto em torno de 40%, há um campo imenso para progredirmos nesta área. Este parâmetro significa que há regiões melhores e outras ainda abaixo deste número. Saneamento é base para um crescimento sustentável de nosso país e condições mínimas de qualidade de vida/saúde de nossa população. Os investimentos deverão ser enormes para suprir as lacunas e a demanda por saneamento. Portanto, este mercado tem um potencial acentuado se formos na direção de fecharmos as lacunas existentes nos índices principais de saneamento. Certamente, estes investimentos necessitarão

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EVENTOS

para expor os seus produtos. Visando à retomada da economia brasileira, a empresa levará para a feira soluções de eficiência energética. “Estamos continuadamente trabalhando para atender a eficiência energética para os processos de tratamento no qual entram as nossas máquinas no conceito Performance, que é o melhor do mundo com a tecnologia avançada do soprador parafuso (Hybrid) diante do Roots de lóbulos paralelos, conceitos que podem ser linkados por um equipamento de otimização de performance, o chamado AerSmart, que logo estará no Brasil”, revela Rainer Von Siegert, diretor da Aerzen do Brasil. A Atlas Copco apresentará na Fenasan o soprador parafuso ZS, isento de óleo e com a tecnologia VSD (Variable Speed Drive – Acionamento de Velocidade Variável), preparado para trabalhar com inversor. “Este equipamento já proporcionou economia de energia superior ao esperado em mais de 250 clientes que adquiriram o equipamento no Brasil. Ele é o único do mercado com variação de vazão superior a 60% em todas as pressões e proporciona economia de energia de aproximadamente 30%, ao utilizar a energia conforme a necessidade de aeração, evitando desperdício e reduzindo o impacto ambiental do tratamento de água e efluentes”, afirma Ricardo Brandão, gerente de produto da Atlas Copco Brasil.

De olho nas novidades

A Bürkert Fluid mostrará na feira soluções para controle de fluidos para sistemas de tratamento de água e efluentes. “A Bürkert levará para Fenasan toda sua linha de válvulas e instrumentos para controle de fluidos, voltada para tratamento de água, sendo a principal novidade o nosso sistema on-line de monitoramento da qualidade final de água potável”, conta o engenheiro Denis de Moraes. A A.R.I promete levar soluções com tecnologia

A Fenasan conta com mais de 150 empresas-expositoras confirmadas, que prometem levar à feira as melhores soluções para o mercado de saneamento, bem como novos produtos e tecnologias inovadoras. A Revista TAE conversou com algumas empresas e adianta algumas novidades que estarão presente no evento. A Aerzen considera a Fenasan como um palco

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Foto: Divulgação Atlas Copco

ser por várias décadas para a universalização pregada pelo PlanSab”, afirma. Segundo Igor da Bauminas Química, o mercado de produtos químicos para tratamento de água e efluentes vem se desenvolvendo no Brasil nos últimos anos e possui um grande potencial de crescimento. Entretanto, ainda esbarra nas dificuldades enfrentadas para elevar o nível do saneamento básico em diversas regiões do país. Apesar de ser a sétima economia do mundo, o Brasil ocupa a 112ª posição em um conjunto de 200 países no quesito saneamento básico, segundo aponta recente estudo divulgado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o que demonstra o longo caminho a percorrer em busca do melhor acesso da população à água e esgoto tratado. Apesar dos sinais de melhora, a crise política e econômica ainda é latente no Brasil. No entanto, a visão de futuro da Fenasan promete dar um novo fôlego para o mercado. “Em tempos de crise, a tendência normal das empresas é cortar gastos. Os visitantes da feira com certeza estarão buscando produtos e serviços que os ajudem na otimização de processos, redução de custos, diminuição do desperdício e melhoria de performance. Por isso, um evento como a Fenasan é importante para trazer tais inovações para o setor de saneamento”, ressalta Raquel Braga, gerente de marketing da Bentley. Na opinião de Maria Alice Duarte, da Exata Sistema, os períodos de crise também são importantes para o desenvolvimento do setor. “Para a Exata participar de eventos em época de crise é um importante investimento. Nesta época os clientes têm maior disponibilidade e estão em busca de soluções mais eficientes e que tenham melhor relação custo/benefício. É a hora de divulgar a marca e as soluções, prospectar novos clientes e plantar para o futuro”, indica.

A Atlas Copco apresentará na Fenasan o soprador parafuso ZS


água e de esgoto. “Essa solução oferece uma gama de ferramentas essenciais para engenheiros e projetistas modelarem as estruturas e instrumentação dos sistemas. Outra grande novidade que iremos apresentar no nosso stand é o software AssetWise Amulet, que se aplica na gestão de performance de sistemas de distribuição de água potável”, revela Raquel Braga, gerente de marketing da Bentley. A Exata é distribuidora para o mercado nacional dos produtos da Kepware, Exakom, Progea e Videc e irá apresentar na Fenasan, o Servidor OPC KEPServerEX da Kepware, o Software de Dashboard e

Foto: Divulgação Exata

Foto: Divulgação A.R.I

avançada de válvulas hídricas para a feira. “A principal novidade que apresentaremos na Fenasan é a linha de válvulas de controle ELIPTIX. O mercado estava carente de bons fornecedores de válvulas hidráulicas, a A.R.I. veio para suprir esta lacuna”, afirma Carlos Godoy, gerente da A.R.I. Brasil.

Válvulas hídricas da A.R.I

Além dos já conhecidos e renomados softwares WaterCAD, WaterGEMS, SewerCAD e SewerGEMS, a Bentley apresentará na Fenasan novidades como o AECOsim e o OpenPlant, que são soluções para modelagem 3D de plantas de tratamento de

A Exata apresentará softwares de monitoração, supervisão, controle e conectividade em todo o tipo de aplicação


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Estande Bauminas na Fenasan

A Hexis, empresa pertencente ao grupo Danaher Water Quality, irá apresentar, além de produtos renomados e consolidados da marca HACH, as novas linhas de produtos incorporados ao portfólio como a marca PALL especialista em tecnologia para filtração de amostras laboratoriais e processos, a marca TROJAN – sistema de desinfecção por lâmpadas ultravioleta e os novos produtos da THERMO SCIENTIFIC, como micropipetas, agitadores, incubadoras. No estande da Toray os visitantes poderão conferir a linha completa de membranas filtrantes. São três tecnologias diferentes para tratamento de águas e efluentes: MBR (bio reator com membranas), Osmose Reversa (OR) e Ultrafiltração (UF). “A Toray pode ajudar o cliente a agregar valor ao seu negócio ou reduzir custos através das tecnologias de membranas”, afirma Marcelo Bueno. A principal novidade que a Andritz levará para a Fenasan é a nova rosca desaguadora C-Press que é o equipamento com a maior capacidade de desaguamento disponível no mercado, alcançada através de zonas de desaguamento multiestágio, apresentando a maior área aberta na zona de espessamento. “Por ser um equipamento aliado ao

Foto: Divulgação Andritz

Relatórios PLUTO da Exakom, o Software Supervisório Movicon da Progea e o Historiador ACRON da Videc. “Todos os softwares que a Exata irá apresentar permitem construir soluções tecnologicamente avançadas e robustas, para: monitoração, supervisão, controle e conectividade em todo o tipo de aplicação no setor de saneamento e tratamento de água e efluentes”, garante Maria Alice Duarte, representante da empresa. Já a Sondeq aproveitará a Fenasan para apresentar a nova linha de detectores de tubulação enterrada série RD7100 e RD8100 da Radiodetection e o novo correlacionador 3 em 1 CORRELUX C-3 da SebaKMT. “Em relação aos detectores, a grande novidade é que além do GPS interno, eles possuem um datalogger interno para registrar todas as informações e condições de detecção realizada, permitindo o gerenciamento e auditoria de dados. Quanto ao correlacionador, trata-se de uma revolução, pois com um só equipamento é possível utilizá-lo como correlacionador em tempo real, correlacionador multiponto e também como geofone top de linha”, afirma Cristina Dequech, que atua na Sondeq. A Bauminas Química apresenta no evento a nova geração de coagulantes com cadeias polimerizadas de alta performance de coagulação com grande velocidade de decantação, além de todo o suporte técnico e de pesquisa & desenvolvimento da companhia.”Em meio à crise econômica as companhias de saneamento precisam encontrar alternativas e soluções. Um dos diferencias da Bauminas Química é o seu suporte técnico altamente capacitado que tem trabalhado em parceria com os clientes na busca destas soluções. Neste sentido, a equipe técnica tem realizado testes com a nova geração de coagulantes inorgânicos com cadeias polimerizadas em qualidades muito precárias de água bruta para indicar os produtos recomendados, dosagens mais eficientes e alinhar os resultados esperados. Com a piora da qualidade da água captada torna-se necessário contar com produtos mais eficientes e de alta performance. Para continuarmos na linha da inovação, criamos o Centro Tecnológico Bauminas (CTB), voltado principalmente à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e contando com moderna estrutura para realização de testes comparativos e análises técnico-laboratoriais”, comenta Igor.

Foto: Divulgação Bauminas

EVENTOS

A Andritz apresentará a Rosca desaguadora C-Press


Foto: Divulgação Schneider

O Medidor de Vazão Eletromagnético MagPlus será o destaque do estande da Schneider do Brasil

A Prominas apresentará na feira um sistema compacto para tratamento preliminar de esgotos, para retirada de sólidos, areia e gordura. Durante a feira, a empresa também realizará o lançamento do cesto automatizado para elevatórias. “Sua grande vantagem é a eliminação da mão de obra, para retirada dos sólidos do cesto, garantindo que não haja transbordamento por entupimento do cesto e protegendo as bombas e demais equipamentos do sistema”, explica Claudio Borges de Oliveira, que atua na Prominas. A Corr Plastik mostrará na feira sua expertise em tubos técnicos de grandes diâmetros para água e esgoto. Um dos destaques será o tubo DEFOFO MAIS com 1,6 Mpa de resistência à pressão. “Num momento onde cada vez mais a água em disponibilidade está distante da necessidade de uso, as tubulações de grandes diâmetros se fazem mais necessárias aos projetos. O tubo DEFOFO MAIS é uma opção ao ferro fundido, com toda a versatilidade e facilidades de um tubo de PVC. Trata-se de uma exclusividade da Corr Plastik no mercado brasileiro e sua aceitação tem demons-

Foto: Divulgação Corr Plastik

meio ambiente a sua importância para o mercado são seus benefícios em termos de redução de custos com consumo de água, energia e de custos de manutenção. Também estamos avaliando trazer para a feira um moderno simulador de realidade virtual, mas os detalhes somente serão divulgados no dia. Aguardem!”, antecipa Michele L. Stahnke, do marketing da Andritz. O Medidor de Vazão Eletromagnético MagPlus será o destaque do estande da Schneider do Brasil. “Este produto é essencial para a gestão da distribuição de água (setorização para a redução de perdas) e controle do sistema de bombeamento de esgoto”, conta Glauco Montagna, representante da empresa.

A Corr Plastik mostrará na feira sua expertise em tubos técnicos de grandes diâmetros para água e esgoto

trado o acerto do investimento técnico em qualidade e desempenho”, garante Nathália Lima, da área de marketing da Corr Plastik. A Pentair mostrará na Fenasan os vasos de pressão Codeline e todo o portfólio X-Flow, que contém várias membranas, módulos e unidades para processos de filtração e purificação. Já a Merk levará os novos espectrofotômetros da linha Prove. “São equipamentos de excelente qualidade para a rotina dos laboratório”, diz Tatiana Corassa, coordenadora de marketing da Merck. Na Fenasan a Emec apresentará o instrumento analisador e controlador de Flúor, que permite analisar online o teor de flúor presente na água e atuar na bomba dosadora de forma automática, fazendo com que esta diminua ou aumente a dosagem de acordo com parâmetros pré-estabelecidos. “Com este equipamento a dosagem e controle do Flúor ganhará mais precisão e confiabilidade, pois as análises são efetuadas online e a atuação para correção da dosagem é imediata”, destaca a representante da Emec, Luciana Varoto. A empresa também lançará na feira a PRIUS MF, bomba dosadora acionada por motor elétrico com sistema multifunção. “Com esta bomba pode-se trabalhar com vazões maiores de forma automatizada sem a necessidade de aparelhos externos”, indica Luciana. Tecnologias para tratamento de água e efluentes é o grande negócio da ProMinent, por isso, a empresa levará para a feira o Sistema de Gestão de Água – SGA. “Trata-se de uma tecnologia de instrumentação analítica que realiza a medição e o controle dos parâmetros de Flúor, Cor, Cloro, Turbidez e pH da água de abastecimento público de origem subterrânea”, conta Rafael Aguiar, gerente responsável pelo departamento de vendas

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EVENTOS

redução no consumo de energia e um consistente sistema anti-entupimento são alguns pontos importantes a destacar”, destaca Mario Ramacciotti, diretor da Xylem. A Hydro Z apresentará durante o evento as diversas soluções que oferece para consumo racional de água, entre elas estarão equipamentos para tratamento de efluentes sanitários, oleosos, gordurosos, aproveitamento de água da chuva e reúso. Já a FGS apresentará novidades em tubos, conexões e acessórios.

Foto: Divulgação FGS

Foto: Divulgação B&F Dias

do segmento de água na ProMinent Brasil. O grande lançamento da B&F Dias na Fenasan são as placas fotovoltaicas B&F ENERGY. “Trata-se de um sistema de fornecimento de energia misto, utilizado em aplicações, em estações de tratamento de água e esgoto”, revela Alessandra Cavalcante, do marketing da B&F Dias.

A B&F Dias levará para a Fenasan toda a sua linha de produtos

Foto: Divulgação Gardner Denver Nash

De acordo com Tatiane de Souza Armani, do marketing da Gardner Denver Nash, a grande novidade da empresa na feira é que os sopradores Centrífugos de Múltiplos Estágios da marca Hoffman & Lamson agora serão fabricados no Brasil. “A fabricação local dos sopradores é um marco importante para a empresa, permitindo à Hoffman & Lamson se diferenciar da concorrência. A Hoffman & Lamson será a única empresa com fabricação local, o que oferecerá muitos benefícios fiscais e oportunidades para financiamento do governo”, afirma Tatiane.

A grande novidade que da Gardner Denver Nash são os os sopradores Centrífugos de Múltiplos Estágios

A Xylem lançará na feira uma bomba chamada Concertor. “Esta bomba é um novo conceito, pois é uma bomba ‘inteligente’. Aumento de flexibilidade, redução no custo do inventário,

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A FGS apresentará novidades em tubos, conexões e acessórios

Contato das empresas: Aerzen: www.aerzen.com.br Andritz: www.andritz.com A.R.I: www.arivalves.com Atlas Copco: www.atlascopco.com.br Bauminas: www.bauminas.com.br Bentley: www.bentley.com.br B&F Dias: www.bfdias.com.br Bürkert Fluid: www.burkert.com.br Coor Plastik: www.corrplastik.com.br Emec Brasil: www.emecbrasil.com.br Exata Sistema: www.exatasistemas.com.br FGS: www.fgsbrasil.com.br Gardner Denver: www.gdnash.com.br Hexis: www.hexis.com.br Hydro Z: www.hydroz.com.br Merck: www.merckmillipore.com Pentair: www.pentair.com.br Prominas: www.prominas.com.br ProMinent: www.prominent.com.br Schneider: www.schneider-electric.com.br Sondeq: www.sondeq.com.br Toray: www.toray.com Xylem: www.xyleminc.com


BAUMINAS Química. Tecnologia e inovação ao seu lado. Desenvolver produtos químicos inovadores e de alta performance para o tratamento de água e efluentes: há mais de 50 anos, esse é o nosso foco. Com 12 unidades fabris estrategicamente localizadas e sólidas relações de parceria, estamos ao lado das principais empresas de saneamento e processos industriais do Brasil. A segurança e eficácia dos nossos produtos são comprovadas através do uso em mais de 3.500 municípios. Nossa liderança é resultado de uma estrutura única, aliada a diferenciais estratégicos que garantem a mais completa solução para os clientes:

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TRATAMENTO DE EFLUENTES

Canadenses trazem ao Brasil nova tecnologia de tratamento de efluentes Instituto do Canadá vai desenvolver equipamento inovador em parceria com o Senai no Paraná

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esquisadores do Canadá estiveram no Brasil na segunda semana de junho de 2016 para iniciar os trabalhos de uma parceria entre o Centro de Tecnologias de Água de Quebec, no Canadá, e o Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente e Química, do Senai Paraná e que fica em Curitiba. O objetivo da parceria é o desenvolvimento no país de uma tecnologia de tratamento de efluentes de alta complexidade para remoção de metais em indústrias. O projeto, que é novidade no exterior, chega ao Brasil e se mostra mais econômico e sem a necessidade da utilização de muitos produtos químicos para as empresas. O projeto é patenteado por uma empresa canadense, a Metafix. A patente foi conquistada em abril de 2016, após três anos de estudos, conforme explica o pesquisador e Phd em Química do centro canadense, Aziz Gherrou. Trata-se de um filtro que não utiliza grande quantidade de água, nem de produtos químicos, ao contrário do procedimento atual de muitas empresas. “É uma nova tecnologia: é compacto e não forma muito lodo”, explica. A tecnologia é destinada ao tratamento de efluentes de galvanoplastia, tratamento de superfície, em indústrias de couro, curtumes, de pintura, circuitos elétricos, preservativos de madeira (que são produtos químicos para tratamento de madeira). No tempo em que estiveram em Curitiba, os canadenses visitaram indústrias para analisar quais delas poderiam desenvolver a tecnologia no Brasil. No país, o novo equipamento será encabeçado pelo instituto do Senai. “Para receber esse equipamento, a empresa precisa ter esse tipo de

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efluente na produção industrial”, explica o coordenador de tecnologia e inovação do Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente e Química, Marcos Pupo Thiesen.

Escolha do Brasil O contato feito com o Senai Paraná vem desde o ano de 2013, com algumas parcerias. No final de 2014, com a criação do Instituto Senai de Tecnologia em Meio Ambiente e Química, tanto Gherrou como o diretor-geral do Centro de Tecnologias de Água de Quebec, Patrick Caron, estiveram em Curitiba como palestrantes. Em 2015, especialistas do Senai visitaram a instituição canadense e conheceram os laboratórios. Nesse período de aproximação, o projeto já estava sendo desenvolvido e foi submetido ao governo de Quebec e ao governo federal canadense para angariar recursos para o financiamento. Do total de dinheiro investido na pesquisa e desenvolvimento do equipamento para tratamento de efluentes, 50% vêm do governo de Quebec, 30% do governo federal do Canadá e os outros 20% da empresa Metafix, que detém a patente do produto. Segundo Caron, “uma das premissas para o desenvolvimento do projeto é que os pesquisadores tenham um trabalho colaborativo com o exterior”. A escolha foi por uma instituição e por empresas brasileiras. No instituto do Senai são feitos ensaios laboratoriais e consultoria para as empresas que vão receber essa nova tecnologia canadense, conforme explica Thiesen. “Houve também trabalho de “aproximação dos parceiros internacionais com o instituto” por parte do Departamento de Alianças Estratégicas do Senai, explica Rafael Teixeira Asinelli, que é da equipe do departamento. Por: Rodrigo Batista - www.segs.com.br



EQUIPAMENTOS por Dayane Cristina da Cunha Fernandes

Foto: Divulgação Netzsch

Bombas de alta capacidade garantem abastecimento e tratamento de água e esgoto

Bomba Tornado da Netzsch

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o último ano, o Brasil passou por um dos maiores períodos de seca registrados nos últimos 50 anos. A crise de abastecimento foi tão intensa, que muitos municípios tiveram de fazer racionamento por longos períodos. Este ano, a situação melhorou, com as frequentes chuvas, principalmente na região Sudeste, e com as manobras e ações propostas. Como referência na primeira quinzena de julho, o sistema Cantareira apresentou índices: - Cantareira: 76,9% da capacidade; - Alto Tietê: 46,4% da capacidade; - Guarapiranga: 89,3% da capacidade; - Alto Cotia: 99,3% da capacidade; - Rio Grande: 81,3% da capacidade; - Rio Claro: 95,5% da capacidade. Mas não bastam as chuvas para que a água chegue ao destino final. Uma parte extremamente importante, tanto no sistema de abastecimento, quanto nas estações de tratamento de água e esgoto, são os sistemas de bombeamento utilizados.

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Para que os sistemas tenham bom funcionamento e cumpram seu papel, é preciso uma série de etapas no processo. Com isto, os sistemas de bombeamento merecem um destaque especial, uma vez que seria impossível realizar o abastecimento de águas e o tratamento de água e esgoto sem as bombas. Afinal, são as bombas que fazem a transferência e a movimentação das águas e dos efluentes, desde a captação até o abastecimento da água tratada ou o despejo do efluente tratado nos corpos d’agua, levando água tratadas das ETAs para as cidades, e depois coletando essas mesmas águas que retornam como efluentes paras ETEs. Nas estações de tratamento de águas, as bombas estão envolvidas em diversas partes do processo como: responsáveis pela dosagem de coagulantes, sulfato férrico, cloro, flúor e leite de cal, bombeando de lodos gerados nos filtros e decantadores. A dosagem de produtos químicos também é de respon-


sabilidade do sistema de bombeamento nas estações de tratamento de esgoto. Nas ETEs, dependendo se são físico-químico-biológico ou somente biológico, as bombas dosam produtos químicos, recirculam o lodo e bombeiam, em alguns casos, para rios e oceanos por meio de emissários. Entre as bombas mais utilizadas nas estações de tratamento de águas, a centrífuga convencional, com rotor em balanço ou entre mancais, é uma das mais utilizadas. O diretor geral da Xylem, Mario Ramacciotti, explica que os principais tipos de bombas são Split Case, bomba horizontal com carcaça bi-partida, Dry Pit, vertical, a Colunm Pumps, bombas de coluna para captação e transferência e a Propellers, submersíveis de fluxo axial, muito utilizadas na captação de água bruta e lavagem de filtros da estação de tratamento. Para Nelson José Bertaia, especialista em bomba de lóbulos e trituradores da Netzsch, no entanto, já há alternativas no mercado. Ele destaca as bombas lobulares. “A utilização de bombas lobulares vem comprovando ao mercado, principalmente de Meio Ambiente & Energia, que a utilização destas em substituição a conceitos de bombas centrífugas, gera benefícios tanto em custos de energia elétrica quanto em custos de manutenção”. E conclui. “Por ser uma bomba de deslocamento positivo, este tipo de bomba trabalha com eficiência máxima em qualquer ponto da curva do sistema e rotação”.

O mercado Nelson da Netzsch é otimista com relação ao mercado brasileiro, “A perspectiva é das melhores possíveis. O mercado vem aceitando bem este produto, solicitando cada vez mais não só para aplicações onde são exclusivamente necessárias bombas lobulares, como também para aplicações de substituição de outros conceitos de bomba. O fato da fabricação das nossas bombas ser nacional, com peças de reposição a pronta entrega e assis-

tência técnica local, só vem contribuindo para este crescimento. O mercado de aplicação de bombas é enorme. Para se ter uma ideia da dimensão deste mercado, é só pensar que em cada ponto de bombeio de esgoto (elevatória), pode ser aplicado pelo menos uma bomba”. Para o diretor geral da Xylem, Mario Ramacciotti, o custo-benefício também é sempre atrativo, mas coloca alguns princípios. “Vamos considerar o aspecto dos critérios importantes para que o custo-benefício seja positivo. As ETE’s e ETA’s, por princípio, tem operação contínua e necessitam de equipamentos confiáveis, que não falhem e evitem o entupimento (no caso das ETE’s). O rendimento é outro fator relevante a se considerar e quanto mais alto, melhor o desempenho da bomba”.

Cuidados com as bombas Para a correta utilização das bombas, são necessários alguns cuidados. 1 - Selecionar bombas que estejam em um ponto bom da curva, respeitando os limites à direita e à esquerda “BEP”; 2 - Não exceder a densidade do fluido informada na FD e ET que deram origem a compra da bomba; 3 - Não existir emendas no cabo no tramo entre o motor e CCM; 4 - Acionamento elétrico com partidas e paradas suaves; 5 - Manutenção preditiva, preventiva e corretiva eficazes; 6 - Motores de acionamentos classes “F” ou “H”; 7 - Acompanhar a curva do sistema em bombeamentos em paralelo ou em série; 8 - Inspecionar o poço de sucção para evitar assoreamento; 9 - Inspecionar a linha de recalque, válvula e registros, 10 - Ter manômetros e medidores de vazões para confiabilidade operacional; 11 - Monitoramento e controle do processo.

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EQUIPAMENTOS

Ramacciotti defende que na atualidade, devido ao alto custo da energia elétrica, bombas que poupam energia, tem o melhor custo benefício. Como exemplo, as bombas Flygt economizam entre 20% e 50% de energia no bombeamento de esgoto, trazendo alto custo-benefício em sua operação. Ele também segue otimista com relação ao mercado. “As perspectivas são sempre muito boas, pois o Brasil é carente em coleta e tratamento de esgoto, com índices nacionais não superiores a 40%. Somente com este fator, vemos a enorme distância entre os dias de hoje e a universalização dos serviços, apresentando significativo potencial para estas bombas”. E completa. “Na parte de água, apesar dos índices serem superiores, vemos também um grande campo de crescimento para estabilização do fornecimento de água, projetos de transposição e captação que amenizam problemas climáticos mais comuns nos dias de hoje. Recentemente, tivemos uma crise de água, em nossa região, e diversas obras foram necessárias para suprir a necessidade de aumento do fornecimento de água e segurança hídrica da população”.

Diferenças entre sistemas de pequeno, médio e grande porte

Foto: Divulgação Netzsch

De acordo com Nelson José Bertaia, especialista em bomba de lóbulos e trituradores da Netzsch, as principais diferenças entre bombas de pequeno e médio porte e as de

Bomba Tornado da Netzsch

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alta capacidade são a capacidade de deslocamento volumétrico e o princípio de bombeio. “O princípio de bombeio é o mesmo, porém com tamanhos de peças diferenciados para cada linha”. O especialista explica sobre o funcionamento das bombas. “A ação de bombeio é gerada pela contra-rotação dos rotores (lóbulos), dentro da carcaça de bombeio, que são sincronizados por engrenagens de sincronismo montadas externamente. Os rotores se engrenam com distância controlada a rotor/rotor, rotor/ carcaça e rotor/placas. Como os rotores saem de engrenamento no lado de sucção, há um aumento de volume criando uma diminuição de pressão que induz o fluido bombeado a fluir para a cavidade do rotor. O fluido é bombeado em torno da carcaça e pelos rotores para o bocal de saída. Como os rotores voltam em engrenamento, o volume reduz criando um aumento da pressão e o fluido é descarregado”. Bertaia explica quais os principais desafios ao sistema. “Os desafios são aplicações com produtos desde água limpa até borras com alto teor de sólidos”. Por isto, Nelson afirma que as aplicações estão dentro de todos os segmentos em que a Netzsch atua, a saber: alimentício, farmacêutico, químico, papel & celulose, óleo & gás e meio ambiente & energia. E completa. “Em meio ambiente & energia encontramos maior aplicação para bombas Tornado®, principalmente no segmento de saneamento, bombeando desde esgoto bruto até o lodo adensado”. E mesmo que sejam eficientes e com características específicas, a manutenção adequada das bombas de alta capacidade, não exige mão-de-obra qualificada, como explica o especialista. “A manutenção é feita no local onde a bomba está instalada sem necessidade de desconectar a bomba da tubulação. A manutenção é simplificada, rápida e não necessita mão-de-obra especializada. Pela abertura da tampa já se pode trocar todas as partes de desgaste em contato com o produto”.


No entanto, para Mario, da Xylem, é imprescindível garantir peças originais e que a mão-de-obra seja especializada.

Bombeamento em estações tratamento de esgoto Os sistemas de bombeamento são ainda mais importantes nas Estações de Tratamento de Esgotos. No caso das ETEs, as bombas podem ser classificadas em três grupos: Esgoto bruto, lodo primário e lodo secundário. Uma das bombas utilizadas no tratamento do esgoto bruto é a centrífuga submersível ou convencional com rotor em balanço, que é responsável pela circulação dos efluentes. Essa bomba traz efluentes brutos, levando o tratado, recirculando e descartando lodos. Sua montagem pode ser vertical ou horizontal. Além da centrífuga submersível ou convencional com rotor em balanço, o processo de tratamento do esgoto bruto também utiliza uma bomba chamada Parafuso, que trabalha para a movimentação de sólidos maiores. Ela atua transferindo efluentes brutos com presença de sólidos grandes em baixos recalques. No processo que trata o lodo primário, a bomba do tipo Rotor Recuado é considerada como uma das mais importantes da estação de tratamento. Essa hidráulica cria um vórtice e esse impulsiona o fluido sem que os sólidos alcancem as pás do rotor para protegê-lo do desgaste prematuro.

O tratamento do lodo primário utiliza ainda a bomba de Cavidade Progressiva, que é responsável pelo bombeamento dos lodos mais densos. O processo de tratamento do lodo secundário também faz uso das bombas centrífuga submersível ou convencional com rotor em balanço e Parafuso. O diretor da Xylem, Mario Ramacciotti conta que a empresa, através da Flygt, foi a inventora da bomba submersível no ano de 1947. “Hoje esta bomba evoluiu acentuadamente e foi nominada em sua última geração como a bomba inteligente, pois incorpora a eletrônica na própria bomba”. A Xylem trabalha com o mercado de águas durante décadas com produtos vendidos em mais de 150 países. Através da marca Flygt Pewaukke, desenvolve bombas verticais e horizontais de alta capacidade. Instaladas em numerosas estações de bombeamento em plantas de tratamento de água e usinas em todo o mundo, possuem a maior base na América do Norte. A Flygt possui bombas instaladas para o controle de inundações em Nova Orleans que estão entre as maiores instalações do gênero com capacidade de 32.000 l/s cada, elas ajudaram na drenagem da cidade após a devastação causada pelo furacão Katrina, em 2005.

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DESTAQUE por Dayane Cristina da Cunha Fernandes

Fotos: Divulgação Huber

Cuidados em leitos de secagem requer conhecimento do lodo gerado

Secagem solar e regenerativa da Huber do Brasil

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ados da Sabesp mostram que só na Região Metropolitana de São Paulo, existem 30 estações de tratamento de esgotos com capacidade instalada de 18,9 m 3/s. A vazão média do ano de 2015 foi de 14 m 3/s. O período “seco” do ano chegou, e com ele chega também o momento ideal para a secagem de lodo, atividade que além de respeitar o meio ambiente, pode trazer lucros para as empresas. Embora ainda exista o transporte deste material, o que pode ocasionar contaminação do solo, além de exalar um odor desagradável, muitas empresas já tem implantado os sistemas de secagem de lodo. Esses sistemas permitem um melhor manuseio da substância e respeitam os padrões ambientais. Outra vantagem para a empresa é a diminuição dos custos com o transporte e com a disposição final.

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Como acontece a secagem do lodo? A secagem do lodo é um processo que envolve várias etapas: adensamento, desaguamento, estabilização, higienização e secagem. No entanto, é preciso verificar a origem e característica do lodo, pois cada etapa vai depender disto para ser executada de maneira adequada. Também é preciso levar em consideração o destino final escolhido para a substância. Por exemplo, se um lodo possui 4% de sólidos, ele precisará passar por um processo de desaguamento. Já um lodo com 30% de sólido necessitará apenas ser secado. A escolha do tratamento, portanto, depende da quantidade de sólido presente no lodo. Pode-se destacar como as principais fases a estabilização e a remoção da umidade. A primeira envolve processos químicos, físicos


e biológicos, a fim de reduzir características negativas do lodo, como odor. Pode ser realizada através de digestão aeróbia e anaeróbia. Já a etapa de remoção de umidade é o processo de secagem do lodo propriamente dito, de maneira que ele se torne um sólido (pode ser em pó, granulado, etc.). A Huber do Brasil destaca sua solução Huber Solstice que consiste na secagem de lodo de esgotos urbanos em estufa, alinda o príncipio de leito de secagem com tecnologia para agilizar o processo. Quem explica sobre o processo de secagem é Cláudio Hira, engenheiro da empresa “Enquanto o lodo permanece na estufa, a água evapora por meio do calor irradiado pelo sol e pelo vento produzido artificialmente por meio de ventiladores. Um dispositivo revolvedor especialmente concebido encarrega-se de granular e revolver a mistura do lodo, bem como transporta e faz a mistura de retorno do lodo”, e complementa “O processo Huber Solstice permite uma operação contínua, ou seja, o leito de lodo permanece constante, cobrindo toda a área de secagem. Por meio das diferentes funções do revolvedor, especialmente da mistura de retorno, é criado um leito de lamas ligeiramente úmido e com poros abertos sobre a maior parte da superfície. Por um lado o lodo já está suficientemente seco, de modo que os processos biológicos, que possam criar odores, são praticamente eliminados de forma significativa e por outro lado, o lodo ainda está com uma

condição característica que não deixa criar poeira durante o esforço mecânico.

Secar para que? Segundo Cláudio Hira existem muitas razões para secagem do lodo, dentre elas: redução da massa e consequentemente redução de custos de disposição, capacidade de armazenamento e fácil manuseamento de lodo seco e novos rumos na desidratação de lodo. “A Secagem solar significa maior compatibilidade ambiental, aliado a uma fácil e segura operação”, complementa Cláudio. Além da preocupação com o meio ambiente, secar o lodo produzido pode ser um bom negócio, gerando economias significativas no processo, sendo que o volume do lodo é reduzido significativamente com sua secagem, e consequentemente o volume a ser descartado. Outro exemplo de sua aplicação é o uso agrícola de lodo de esgoto gerado em estações de tratamento sanitário, desde que as substâncias cumpram alguns critérios e requisitos, como submissão a tratamentos de redução de patógenos. Afinal, diversos estudos comprovaram o poder orgânico e nutritivo do lodo, o que permite que ele seja usado como adubo. Outra finalidade, ainda pouco divulgada no Brasil é a fabricação de tijolos utilizando o lodo gerado em fábricas de papel. No estado de São Paulo, também já existem leis que autorizam o uso do lodo como combustível de caldeiras devido ao seu grande poder calorífico. Algumas empresas, como a Ambev, chegaram a adotar essa prática.

Todo cuidado é pouco

O revolvedor recebe o lodo com a pá rotativa que é transportada ao longo da placa de granulação. O revolvedor move-se para frente transportando o lodo

Como todo investimento, para um bom retorno ambiental e financeiro na secagem do lodo das estações de tratamento de esgoto, é necessário tomar alguns cuidados nos leitos de secagem. Para Eduardo Rotta, engenheiro do Departamento de Soluções Ambientais da Maccaferri, o principal cuidado no que diz respeito aos leitos de secagem é o dimensionamento do local, que deve estar em acordo com a quantidade de logo gerado, além das características climáticas do local e o tipo de lodo.

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DESTAQUE

O produto seco é um granulado de fácil manuseio

Tomando-se como base e referência a Norma Técnica nº 230/2009, da Sabesp, para o caso da secagem de lodo ser feita no próprio local, deve ser prevista a instalação de pelo menos duas unidades de lagoas para o uso alternado, sendo que o período para o armazenamento e remoção de lodo não deve ser inferior a 5 anos. O lançamento de lodo deve ser interrompido pelo menos um ano antes da remoção. No caso da lagoa com remoção periódica, o volume da lagoa deve ser previsto com TDH superior a 30 dias. Outro cuidado indicado pela norma é com a altura da lâmina da lagoa de lodo, que deve ser entre 3m e 6m, com solos compactados internamente, podendo ser utilizadas mantas sintéticas para impermeabilização complementar. Para a secagem na própria lagoa, a norma determina que devem ser previstos dispositivos de drenagem do líquido, que devem ser verticais para drenagem de líquidos de profundidade e horizontais para a drenagem de sobrenadantes superficiais. A norma determina que para a secagem de lodo na lagoa devem ser previstos os dois tipos. Já para as lagoas com desidratação externa, somente os horizontais.

Como remover o lodo do leito? A Norma determina que a retirada de lodo da estação deva ser feita por pressão hidráulica através de tubos ramificados e instalados no fundo dos reatores. A quantidade de bocais para a captação de lodo deve ser metade dos bocais utilizados para o esgoto afluente, tanto no reator quanto no filtro anaeróbico. Todo lodo retirado deve ser conduzido em tubu-

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lação contínua até o local de desidratação. Para as lagoas de lodo com secagem, a remoção de lodo pode ser feita utilizando tratores ou equipamentos tipo clam shell. Antes da remoção devem ser retiradas diversas amostras de lodo em profundidadoe distintas para a verificação do grau de umidade do lodo. Os dispositivos de drenagem, assim como a impermeabilização da lagoa, devem ser feitos após a remoção de lodo. Para lagoas com retirada periódica e desidratação externa, devem ser previstos diversos pontos de retirada no fundo da lagoa, não se admitindo tipo “espinha de peixe”. Para os leitos de secagem, recomenda-se também a cobertura com material translúcido.

Como lidar com os períodos chuvosos Embora a maior parte do país enfrente seca neste período, uma estação de tratamento produz lodo o ano inteiro. E para lidar com os períodos chuvosos e os locais naturalmente mais úmidos do país, alguns cuidados podem ser tomados. Segundo Eduardo Rotta, engenheiro do departamento de soluções ambientais da Maccaferri, os leitos de secagem não operam com boa eficiência em regiões com alto índice de umidade, isso porque sua eficiência está muito ligada à evaporação. Para sanar este problema, é possível criar uma cobertura móvel que poderá ser utilizada para garantir que o leito não receba água da chuva. O engenheiro também afirma que é importante garantir que o material granular de filtragem do fundo seja compatível com o tipo de lodo para que ele não encha. O engenheiro defende que neste tipo de local, seja utilizado “geoformas lineares” dentro dos leitos, para evitar problemas com a chuva, já que a pressão interna é maior que a externa e por isso não penetra água. Além disto, segundo ele, evitam-se problemas com sistema de drenagem do fundo do leito. Contato da empresa: Huber: www.huberdobrasil.com.br Maccaferri: www.maccaferri.com.br



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