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Lideranรงa Global Desafios e prรกticas
Olá, O atual cenário, global e complexo, enfrentado pelas organizações já é notório. Um fato novo neste panorama é que vários grupos brasileiros agora também são internacionais. Nessa esfera, as empresas passam a ter uma gama mais ampla de questões para dominar: mercado externo, stakeholders diversos, outras legislações e regulamentações. Diante disso, um dos desafios é ter líderes bem preparados para fazer uma gestão global. Mas, quais são as principais questões enfrentadas por esses profissionais? Quais habilidades diferem daquelas utilizadas por seus pares locais? E que estratégias de desenvolvimento são necessárias? Nesta oitava edição do Pocket, mostramos a síntese de nossa metapesquisa sobre os desafios específicos da liderança global, um tema que tem recebido cada vez mais atenção das principais organizações do mundo.
Divirta-se!
Contexto A globalização é um caminho sem volta. Seus efeitos têm sido cada vez mais percebidos dentro e entre as organizações, culturas e sociedades do mundo. Uma de suas evidências mais marcantes é a interdependência das economias mundiais.
Este ambiente dinâmico e global transformou não só o cenário mais ampliado de negócios, alterou também a maneira pela qual os negócios vêm sendo conduzidos, provocando a necessidade de líderes com competências diferenciadas para ser bem-sucedidos. As empresas que hoje atuam na esfera internacional precisam de líderes capazes de operar com eficácia em um contexto ambíguo e em constante mudança. O nível de pressão que enfrentam é tão grande quanto o impacto que podem causar. Suas atrituições incluem a expansão dos negócios para
o mercado internacional, a concepção de estratégias globais, a gestão e motivação de equipes multiculturais e geograficamente dispersas, entre muitos outros aspectos. Nesse sentido, a gestão da complexidade torna-se simplesmente a principal tarefa de líderes globais. E, embora muitos fatores estejam fora de seu controle, esses executivos são cada vez mais influentes. Pela importância estratégica de suas funções, bons líderes globais representam uma vantagem competitiva para as empresas multinacionais de hoje.
Liderança As diferenças entre os requisitos da liderança local e global são marcantes.
Gerenciar a execução, informações e pessoas, ter conhecimento sobre o negócio e habilidade de lidar com a pressão fazem parte das responsabilidades de todo líder. No entanto, em escala global cada um desses
requisitos da liderança aumenta em complexidade. Os processos básicos da liderança, como definir a direção, gerar alinhamento e manter a motivação, ficam mais difíceis de dominar no nível global devido a fatores como cultura, distância e tempo.
Global Mas, liderar em nível global não se restringe a fazer negócios no exterior. Trata-se de uma operação que lida com as questões estratégicas do negócio em vários ambientes e contextos, por meio de uma gestão integrada que envolve fatores mais abrangentes como cultura, economia, política, legislação, entre outros. São tantas variáveis que precisam ser consideradas que, dependendo de onde operam, empresas internacionais precisam rever suas convicções sobre todo tipo de coisa: desde
o desenvolvimento e design de produtos, passando por políticas de RH até a forma de se posicionar no mercado. Seja qual for o desafio, conduzir uma companhia global é muito diferente de administrar uma empresa local. E essas demandas da esfera mundial precisam ser atendidas pelas organizações que quiserem se manter competitivas neste cenário. Em resumo, a liderança global envolve saber lidar com as incertezas, gerenciar a complexidade e administrar a diversidade.
Esferas para
influenciar
Contexto: O líder global precisa compreender o contexto de negócios em contínua transformação.
Complexidade: O líder global precisa ter a capacidade de liderar frente à complexidade e à ambiguidade.
Conexão: O líder global deve ser capaz de criar conexão, entendendo os atores de um cenário político maior, e construir relacionamentos efetivos, engajandose com novos tipos de parceiros externos (órgãos regulamentadores, ONGs ou comunidades locais).
Segundo pesquisa, feita pela Ashridge Business School, sobre os desafios de desenvolver lĂderes globais, altos executivos dizem que estes profissionais devem:
82% Contexto:
70% 70% 91% 90%
Complexidade:
88% 77% 80%
ConexĂŁo:
75%
74% 73%
compreender os riscos de negócios e as oportunidades sociais, políticas e culturais, além das tendências ambientais ser capazes de traduzir fatores sociais e tendências ambientais em decisões estratégicas saber como aplicar ferramentas para mapear o cenário e os riscos de gestão em diferentes contextos encontrar formas criativas, inovadoras e originais de solucionar problemas aprender com os erros ser flexíveis e saber responder às mudanças equilibrar análises de curto e longo prazo ter a capacidade de desenvolver parcerias com stakeholders externos e internos ter a habilidade de engajar-se em diálogos efetivos entender como a organização impacta esses stakeholders: positiva e negativamente ser capazes de identificar stakeholders que exercem maior influência na organização Fonte: “Developing the Global Leader of Tomorrow”. Ashridge Business School, 2008.
O que caracteriza o
Líder Líderes globais, basicamente, são os executivos que exercem um trabalho com escopo internacional. O profissional não precisa necessariamente viajar para outro país para ser um líder global. Ele pode operar localmente na matriz ou a distância com profissionais de outras unidades da companhia pelo mundo e ainda assim ser um líder global. O “global” está mais associado à função, ao trabalho desempenhado e à maneira de pensar, do que ao lugar onde o profissional está. Então, quais são os desafios
Global específicos desses líderes que os colocam em outra categoria de liderança? O líder global precisa ser capaz de compreender a interdependência de suas ações e as implicações globais e locais das decisões de negócios. Além disso, precisa fazer a gestão de relacionamento entre a sede e os escritórios locais, entender e gerenciar o contexto externo, lidar com conflitos culturais, adaptar o próprio comportamento, criar objetivos compartilhados, implementar sinergia no
trabalho e, ainda, saber se comunicar muito bem. Basicamente, aqueles que trabalham em um ambiente global têm duas grandes responsabilidades se quiserem exercer influência em outras culturas: precisam primeiro entender sua própria perspectiva cultural e, em segundo, ter abertura quanto à lente cultural de outras pessoas e países. Embora pareça básico, se isso não for considerado, não poderão lidar com uma complexidade maior.
O líder global deve ter domínio sobre
três dimensões de comportamento: Autoconsciência (self)
Estilo de interação (outros)
O executivo global compreende sua personalidade, perspectivas, pontos fortes e fracos, e fica entusiasmado com a possibilidade de agregar conhecimento ao seu repertório de negócios.
Os melhores líderes globais atuam com equilíbrio em suas interações sociais. Encontram o meio-termo e entendem que existem diferenças a serem respeitadas, identificando melhor as peculiaridades sobre indivíduos e grupos.
Como líderes globais podem reunir esse nível de informação emocional, social e cultural que serve de guia para circular em ambientes estrangeiros?
Processamento da informação (ambiente) Bons líderes globais gastam tempo conhecendo o país, o mercado, os concorrentes e os hábitos locais. Isso significa que quando finalmente fazem seu movimento e começam a atuar e produzir no exterior, eles estão mais bem preparados.
Perfil específico (adaptável, extrovertido, aberto a novas experiências)
+
Modo de pensar abrangente (mindset global)
facilitam essa tarefa
Big Five na lideranรงa global
*
Cada um dos atributos do Big Five tem alguma relação com o sucesso de pessoas que vivem e trabalham internacionalmente e, em certa medida, fundamentam a capacidade de executar com sucesso algumas das tarefas da liderança global.
1
Extroversão
2
Afabilidade
3
Conscienciosidade
4
Estabilidade emocional
5
Abertura para experiência
*Modelo que identifica cinco grandes traços de personalidade
1
Extroversão
2
Afabilidade
3
Muitas das tarefas de liderança global têm um componente social (por exemplo, trabalhar com colegas estrangeiros, supervisionar pessoas de nacionalidades diferentes). Os extrovertidos naturalmente têm uma facilidade maior com as demandas sociais, por isso ficam mais à vontade para interagir efetivamente com pessoas de outros países.
A afabilidade facilita a capacidade de formar alianças sociais recíprocas. Líderes mais afáveis lidam com conflitos de forma colaborativa, se esforçam mais para o entendimento mútuo e são menos competitivos. Nesse sentido, apresentam uma maior adaptação cultural e tendem a ter mais sucesso em tarefas da liderança global que envolvam a colaboração.
Conscienciosidade Indivíduos mais conscientes demonstram maior esforço e comprometimento nas tarefas. Pelo nível mais elevado de complexidade, tarefas da liderança global (por exemplo, gerenciar fornecedores ou vendedores estrangeiros) exigem mais empenho do que tarefas semelhantes no contexto local.
4 5
Estabilidade emocional A estabilidade emocional é um mecanismo universal adaptável que permite às pessoas lidar com o estresse. Como ele é frequentemente associado a situações ambíguas e desconhecidas, a estabilidade emocional torna-se essencial para a liderança global.
Abertura para experiência Para um líder global, a capacidade de avaliar corretamente o ambiente social é mais complicada, já que o contexto global oferece pistas sociais ambíguas ou mais difíceis de interpretar. Indivíduos com maior abertura têm menos pontos de vista rígidos quanto ao certo e errado, adequado e inadequado etc. Por essa razão, são mais propensos a aceitar culturas diversas.
Fonte: “Developing Global Leaders”, Paula Caligiuri. Human Resource Management Review, 219-228, 2006.
Mindset
Global
Essencialmente, global mindset é uma forma de pensar e atuar que facilita a liderança global. Segundo Mansour Javidan, especialista no tema, mindset global é a “inclinação mental que usa amplas e múltiplas perspectivas para gerar respostas e interpretar situações diante de indivíduos, grupos, organizações e sistemas que são muito diferentes da própria pessoa”.
Pessoas com mindset global são abertas à diversidade. Quem possui mindset global é capaz não só de compreender as diferenças na forma de atuar de outros países, mercados, culturas e instituições, como também de exercer influência sobre elas, fazendo sentido em um ambiente repleto de variáveis complexas. Líderes com mindset global olham e pensam sobre o mundo de forma diferente do que aqueles que se sentem pressionados e exaustos com o desafio de lidar com a ambiguidade de contextos instáveis e desconhecidos. Mas, qual o traço essencial que define esse mindset global? É ter uma orientação básica para novas experiências. Por exemplo, querer experimentar a comida local e não a cozinha internacional em algum hotel cinco estrelas ou comprar o jornal local em vez de ler a imprensa de renome mundial são atitudes que revelam o perfil de uma mentalidade aberta.
Embora mais difícil de ser desenvolvida, trata-se de uma característica valiosa para líderes globais, pois é essa capacidade de se adaptar, de ser flexível, que incentiva o envolvimento produtivo com parceiros estrangeiros e ambientes externos. Para atuar com um mindset global, o profissional precisa estar interessado em aspectos sociais e valores diferentes dos seus, ser sensível o bastante para perceber as diferenças culturais e também estar disposto a modificar seu comportamento como uma indicação de respeito por pessoas com repertórios diferentes. Tais habilidades nem sempre são intuitivas para líderes envolvidos no trabalho global. Por isso, a necessidade de uma capacitação especializada - seja formal ou informal - focada na superação do etnocentrismo é indispensável para exercer uma liderança global.
Mindset Local
Global
Expertise focada na função
Múltiplas perspectivas
Priorização
Equilíbrio entre contradições
Aplicação de estrutura
Confiança no processo
Responsabilidade indvidual
Trabalho em equipe e diversidade
Previsibilidade
Mudança diante de oportunidade
Preparado contra surpresas
Aberto para o novo
Fonte: “Global Teams: Trends, Challenges and Solutions”. Center for Advanced HR Studies - Cornell University, May 2010.
Versatilidade: Um atributo essencial O projeto GLOBE (Global Leadership and Organizational Behaviour Effectiveness), um dos estudos mais abrangentes sobre o impacto de práticas e valores culturais na liderança e em processos organizacionais, coletou dados de 17.300 gerentes de nível médio em 951 organizações de 62 culturas, chegando a atributos fundamentais, ou dimensões culturais, que impactam a liderança. Os resultados do GLOBE indicam que líderes globais de sucesso apresentam um alto grau de versatilidade. Essa qualidade depende de um amplo repertório criado pela experiência e de um nível desenvolvido de empatia e inteligência emocional.
Como desenvolver o líder global
Nos negócios de hoje, há uma necessidade cada vez maior de líderes que possam pensar e operar globalmente – e isso vai além de simplesmente saber como cumprimentar de forma adequada um cliente ou um colega de uma cultura diferente. O caminho para se tornar um líder efetivo neste mundo globalizado exige níveis mais profundos de conhecimento e uma série de novas competências para cada modelo de negócio ou situação específica.
Desenvolver uma mentalidade global, valorizar a diversidade, melhorar o desempenho pessoal e organizacional alinhado a um contexto mais abrangente e equilibrar contradições lidando com todo tipo de incerteza são as habilidades básicas desse líder. Mas, como essas habilidades podem ser desenvolvidas? Para ir além do básico da liderança e alcançar uma maior sofisticação na atuação de líderes globais, é preciso:
•
AVALIAR o perfil e as competências específicas do líder global para desenhar uma experiência completa de aprendizagem.
•
COMBINAR metodologias diferentes de acordo com o estilo de aprendizagem do participante (conteúdo, contexto e mídia).
•
REALIZAR um acompanhamento individualizado, com feedback constante e atividades adaptáveis à evolução da aprendizagem.
•
INCENTIVAR na aprendizagem a superação do etnocentrismo e o desenvolvimento de empatia.
•
CONTEMPLAR no processo uma rede de proteção, principalmente nas experiências práticas.
•
PREVER atividades autogerenciáveis (por exemplo, que extrapolem o ambiente de trabalho).
O relatório Global Leaders, do LAB SSJ, traz uma análise sobre o desenvolvimento de líderes globais. A pesquisa mostra como esse desafio é percebido por grandes empresas brasileiras e multinacionais.
“
Se não desenvolvermos talentos e assumirmos riscos, e se não fizermos isso internacionalmente, a expansão dos negócios e as decisões estratégicas das organizações ficarão ameaçadas.
”
Líder global, em “What the Future Demands” (Mercer, 2007)
Bibliografia BLACK, J. S. Advances in Global Leadership. Insead, 1990. BEECHLER, S. & JAVIDAN, M. Leading with a Global Mindset. In: Advances in International Management: the global mindset, 131-169. Elsevier, 2007. CALIGIURI, P. Developing Global Leaders. In: Human Resource Management Review 16, 219-228. Elsevier, 2006. IRVING, J. A. Educating Global Leaders: Exploring intercultural competence in leadership education. In: Journal of International Business and Cultural Studies, 1-14, 2008. MCCALL, M. W. Desenvolvimento de executivos globais: as lições da experiência internacional. Bookman, 2003. OLSON, E. Creating Global Leaders. In: What the Future Demands: The growing challenge of global leadership development. Mercer & Oliver Wyman, 2007. TESSMANN-KEYS, D. & WELLINS, R. S. The CEO’s Guide to: Preparing Future Global Leaders. DDI, 2007.
ACESSE O SITE DO LAB SSJ
www.labssj.com.br
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