Casa Híbrida: O real e o digital/O concreto e o virtual - Marcelo Aquino Braga

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Plano de trabalho Autor: Marcelo Aquino Braga Orientadora: Raquel Blumenschein

casa hĂ­brida o r e a l e o d i g i ta l - o c o n c r e t o e o v i r t u a l


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casa hĂ­brida

casa hĂ­brida

o r e a l e o d i g i ta l - o c o n c r e t o e o v i r t u a l

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Casa Híbrida: o real e o digital - o concreto e o virtual Autor: Marcelo Aquino Braga Orientadora: Raquel Naves Blumenschein Brasília, 2015 Plano de trabalho desenvolvido na disciplina de Introdução a Trabalho final, do departamento de Projeto e representação, da faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade de Brasília 1. habitação 2. inovação 3. sustentabilidade 4. tecnologia 5. ciberespaço


casa hĂ­brida

o r e a l e o d i g i ta l - o c o n c r e t o e o v i r t u a l


Resumo: Este projeto de pesquisa que tem como objetivo explorar soluções inovadoras e sustentáveis no processo de projeto no desenvolvimento de novas habitações. Buscando entender o atual panorama da habitação contemporânea, suas novas demandas e usos, além de compreender como os usuários ocupam a sua atual moradia e quais seus novos hábitos, considerando a tecnologia

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presente cada dia mais no cotidiano das pessoas. Analisando as tecnologias de informação e comunicação e a sua relação com o homem moderno, que agora além do morar físico habita também em instâncias virtuais. Para inferir e até mesmo vislumbrar futuros possíveis de um modelo da casa híbrida - de matéria física e digital, que atenda a nova realidade do homem cada dia mais conectado.


casa hĂ­brida

Abstract: This research project aims to explore innovative and sustainable solutions in the design process in the development of new housing. It seeks to understand the current context of contemporary housing, their new demands and uses. In addition to understanding how users occupy their current houses and what are their new habits, considering that technology is being more and more present in the daily life. The project also analyse the information and communication technologies and their relationship to the modern man, who now live beyond the physical, living also in virtual instances. To infer and even envision possible futures of a model of the hybrid house - of physical and digital matter, that meets the new reality of man every day more connected.

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4 Agradecimentos A minha orientadora Raquel Blumenschein, que acreditou no meu tema e teve paciĂŞncia e carinho comigo durante tanto tempo; Ao arquiteto, chefe e amigo Ricardo Reis, que me ajudou desde o inĂ­cio do curso e me ensinou muito do que sei hoje; A Ana Carolina Moreth, que me deu a luz do tema e despertou o meu interesse nesse assunto que deu vida ao trabalho, em nossas conversas e devaneios pelas ruas de Roma; A minha famĂ­lia, que me deu suporte enquanto ficava trancado por dias no quarto trabalhando; Aos professores e amigos que deram suporte de todas as maneiras no trabalho e durante a vida.


casa híbrida

5 Se a família mudou, se os hábitos mudaram, seu espaço de morar deve acompanhar tais transformações, em busca de conforto e melhor qualidade de vida. (REQUENA, 2007, p. 44)


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sumรกrio


casa híbrida INTRODUÇÃO

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O ontem | Contexto histórico

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O hoje | Justificativa

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O amanhã | Objetivos

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CONDICIONANTES E DETERMINANTES

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O homem e o ciberespaço | Espacialidade virtual

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TIC no Brasil | Panorama atual

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O Breeam | Building Research Establishment Environmental Assessment Metodology

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NBR 15.575/2013 | Norma de desempenho

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PARTICULARIDADES

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Método moderno de construção | MMC

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Novas tecnologias | Reiventando o existente

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LOCALIZAÇÃO

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CEPAC | O terreno

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

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Espaço multiuso | Uma nova estrutura

REFERÊNCIAS

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Diogene | Renzo Piano

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Casa APH80 | Abaton Arquictetura

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Studio Brasília 27 | Fabio Cherman

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Apartamento Modelo | Graham Hill

54

My Micro NY | nARCHITECTS

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CONCEITOS

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Flexibilidade

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Inovação

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Sustentabilidade

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BIBLIOGRAFIA

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introdução

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O ontem | Contexto histórico

casa híbrida

Graças as casas mais primitivas a espécie humana foi capaz de se perpetuar. Elas fizeram o homem um ser mais adaptável e capaz de resistir as intempéries. As casas foram uma importante criação para a evolução. No paleolítico inferior deu-se início ao uso de cavernas ou grutas como habitações pelos nossos ancestrais, com o intuito de se abrigarem de intempéries ou inimigos. Estes abrigos exibiam porém, certas dificuldades como serem imutáveis, mal situados e apresentarem problemas com humidade. Uma realidade no entanto que não era favorável para o homem que caçava. Normalmente se entende que a casa surge como elemento fundamental da constituição da vida humana no momento em que o ser humano abandona o nomadismo e passa a abrigar-se em sítios específicos. O desenvolvimento do conceito de casa, assim como o da sua diferenciação do simples conceito de abrigo, ocorre paralelo à definição por parte do homem de conceitos como território, lugar e paisagem: a casa, como propriedade, estabelece relações entre indivíduos e entre grupos sociais, passando eventualmente a ser identificada com a ideia de poder. […] o desenvolvimento do conceito de casa é fruto de um processo sócio-cultural, de tal forma que em diferentes locais do mundo e em diferentes sociedades ele evoluiu de maneiras diversas. (MASSARA, 2002)

Pode ser encontrado no mesolítico, as habitações semi subterrâneas mais antigas que eram feitas de madeira, enquanto no neolítico encontra-se construções com técnicas de adobe ou palha trançada. As moradias eram coletivas e constituíram as primeiras aldeias. Até então a casa não tinha seu caráter de propriedade privada de um indivíduo ou de sua família. Essa ideia foi se desenvolvendo com a evolução da antiguidade, e com a democracia na Grécia foi quando se estabeleceu de fato. A cidade grega estabeleceu modelos urbanos e de relação entre as casas que permaneceram vivos na sociedade contemporânea ocidental.

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A casa na Grécia voltou-se para um pátio interno independente do seu tamanho - que variaram entre 150 e 250 m2, com um ou dois pavimentos e ocupava todo o espaço possível, além de apresentar um acesso direto a rua, Já no período romano, diferente do grego, as casas variaram em seu formato e tamanho. Nelas encontravam-se dois pátios, sendo que um deles era restrito aos homens. Havia também dois ►►Ilustração homens da caverna Fonte: https://ericwedwards.wordpress.com/category/anthropology/

modelos que foram disseminados, as insulae, que eram basicamente edifícios de diversos pavimentos usualmente atribuído as classes mais pobres. Já o outro modelo, as domus, eram

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situadas em pontos mais altos, eram maiores, unifamiliares e destinadas as classes mais ricas. Foi também os romanos que criaram o conceito da villa, que eram residências rurais. No Renascimento este modelo foi retomado. Durante o período medieval as questões de higiene e soluções arquitetônicas sofreram um regresso. O tamanho das residências ainda era ligado as classes sociais, embora a estrutura básica fosse um único espaço, onde todas as atividades eram realizadas. O principal item era uma fogueira ou lareira e o mobiliário foi praticamente extinto dessa residência, foram reduzidos ao mínimo. Segundo Zabalbeascoa


casa híbrida (2013), deu lugar ao móvel polivalente - a arca, por exemplo era usada como banco, cama e até mesmo mesa. O adorno também desapareceu. No decorrer deste período, a casa foi sendo deixada de lado pelos arquitetos e somente a partir do século XX, foi quando os profissionais retomaram seu interesse por essa edificação. Este fato foi uma consequência da Revolução Industrial e seus consequentes problemas sociais e urbanos. Na

casa

da

revolução

industrial,

que

é

principalmente habitada por pessoas com laços estreitos de sangue, tem-se uma organização

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tripartida em social-intimo-serviço, que vem da habitação burguesa parisiense da segunda metade do século XIX, divisão que também era encontrada na villa palladiana, porém de maneira vertical, em seus três pavimentos - de serviços, piano mobile e apartamentos. Este padrão tripartido é o modelo vigente até os dias atuais. A partir segunda metade do século XX começam a vir a tona os novos formatos familiares. A família nuclear deixa de ser uma hegemonia e da espaço para casais DINKs - double income, no kids, uniões livres, casais homossexuais, grupos

►►Tirinha satirizando a evolução da casa nos últimos anos Fonte: www.quadrinhosacidos.com.br


sem laços familiares e a própria família nuclear se reestrutura, tornando-se num grupo onde cada indivíduo tem mais autonomia, diferente de outros tempos, onde o autoritarismo dos pais era muito maior e mais rigoroso. O modelo de família nuclearizado se firmou no decorrer das décadas seguintes no mundo ocidental e teve sua consolidação fortemente amparada com a vitória dos Estados Unidos da América na Segunda Guerra Mundial, com a afirmação da cultura norte-americana, que se consagrou como referência de costumes a toda a sociedade mecanizada moderna, disseminando mundo afora o chamado american way of life,

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conforme analisa Nicolau Sevcenko (1998). A máquina cinematográfica de Hollywood, a partir dos anos 1940, aplicou-se em exportar o modelo da família nuclear tradicional, assim como seus hábitos, subúrbios, shopping centers e automóveis e o cinema mostrou- se como meio perfeito para divulgar tanto os produtos como também modos de viver aos quais tais produtos eram imprescindíveis. (REQUENA, 2007)

Junto a isso, o processo de saída dos centros: ►►Foto da família Rockefeller Fonte: http://paradigmatrix.net/sociedade/conspiracoes/rockefeller/afamilia-rockefeller-introducao-e-origem/ - 8/4 as 17h23 ►►Cena com o casal da série de TV americana, The New Normal Fonte: http://www.hollywood.com/tv

o efeito donut - como chamado por alguns urbanistas, priorizou a moradia nos subúrbios e o decréscimo na população dos centros,


casa híbrida acarretando em problemas urbanos dos mais diversos tipos. Já hoje a situação tende a se reverter, com o novo panorama das famílias, já comentado, a população mais jovem prefere pagar mais caro por um lugar com áreas cada vez menores, mas situadas em grandes centros em troca dos grandes deslocamentos diários.

O hoje | Justificativa Segundo

Zabalbeascoa

(2013),

a

história

demonstra algo de permanente na arquitetura: a mudança. E se tratando da moradia, não é diferente, embora ela mantenha a sua premissa

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básica de abrigo, com o tempo suas funções e usos foram alterados ou agregados, seja por fatores culturais, sociais e/ou tecnológicos.

1984 Macintosh

1986 Macintosh Plus

1987 Macintosh II

1987 Macintosh SE

1989 Macintosh Ilci

1989 Macintosh Ilfx

1990 Macintosh Classic

1990 Macintosh Ilsi

1990 Macintosh LC

1993 Macintosh Centris

1993 Macintosh TV

1995 Macintosh LC

1998 iMac

1999 iMac DV

2001 iMac Patterns

O entendimento de que se vive atualmente numa constante revolução tecnológica é essencial para o desenvolvimento deste trabalho. Hoje, coisas banais do cotidiano, uma vez já foram parte de uma revolução na sua devida época. Faz-se necessário compreender onde o homem se encontra e quais as mudanças que estão alterando seu cotidiano, desde sua atividade mais corriqueira até a mais excepcional. O advento da internet e sua grande popularização

2002 iMac

2004 iMac G5

2006 iMac Slimmer Intel

2006 Novo iMac

2015 iMac Retina 5k

►►Evolução do Macintosh em 31 anos - Apple de 1984 a 2015 Fonte: http://nourmalasantika.blogspot.com.br/2013/03/ sejarah-dan-perkembangan-komputer.html


e expansão nos últimos anos, proporcionou que as pessoas habitem também no espaço virtual, mesmo sem perceber. É totalmente normal que se faça uso deste espaço para comunicação, socialização, acesso a serviços, pagamentos de contas, ou seja, tarefas intrínsecas no dia-a -dia. Augusto

Requena

em

sua

dissertação

de

mestrado, Habitar Híbrido: Interatividade e Experiência na Era da Cibercultura, diz que: Esta condição leva-nos a refletir sobre o surgimento recente de um habitar expandido, já que se ampliaram as fronteiros clássicas do sujeito psíquico que agora, além de vestimentas,

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casa e cidades, habita também instâncias virtuais. (REQUENA, 2007,p. 21)

Levando este cenário em consideração, a principal questão é se a residência existente atende as necessidades atuais da população. Necessidade essa, que nem mesmo os usuários tem consciência. Uma vez que, as pessoas estão acomodadas ao estilo de vida atual, onde a casa e sua estrutura física muitas vezes não acolhe seus moradores da maneira mais eficiente.

►►Imagem de divulgação da série de TV americana, Modern Family Fonte: http://www.moviepilot.de/serie/modern-family/bilder/8044511

Você poderia rearranjar o ambiente para que pessoas se comportem de maneiras apropriadas.


casa híbrida Como, por exemplo … imagine que exista um rio. E as pessoas continuam se afogando conforme tentam cruzá-lo. A coisa certa a se fazer seria construir uma ponte para atravessar o rio. Você não precisaria de uma placa dizendo para as pessoas usarem a ponte. Elas virão. Verão a ponte e irão usá-la para cruzar o rio… Bem vi que existiam grandes pontes a serem construídas. (BUCKMINSTER FULLER, 1969 - tradução livre)

Sendo assim, é hora de repensar o desenho da

►►Ilustração Fonte: https://www.flickr.com/photos/danmountford/5239110479/

casa, que segue atualmente um modelo burguês parisiense do século XIX - tripartida em socialíntimo-serviço e o seu método de construção arcaico e extremamente artesanal, que ocasiona uma grande desperdício de material e tempo.

O amanhã | Objetivos A partir desta nova compreensão, propõese estudar um novo desenho residencial que acompanhe o homem moderno e suas novas necessidades - reconstruindo o que se entende por casa, atualmente, sem desconstruir o que se entende por lar. E ao se falar de uma casa que pensa no futuro, não poderia deixar de ser uma casa sustentável, com possível emissão zero e o maior aproveitamento

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de água e energia possível. Além de se preocupar com uma construção limpa, pre moldada ou até mesmo pré fabricada. Pensando em todos os subterfúgios possíveis para amparar esse objetivo maior. Desde uma torneira que ajude na economia até um reservatório que armazene agua da chuva. Outra questão chave nesta residência é a resiliência, ou seja, deve ser capaz de se adaptar as mudanças climáticas e suas consequências. Enchentes, falta de energia, excesso de calor e assim por diante. E ao se adaptar a tudo isso, deve se adaptar também ao seu usuário.

16 E quando se pensa nisso, porque não pensar numa casa móvel, que possa ser transferida de um local a outro, caso necessário. O movimento Tiny Houses já propõe um padrão de casa compacta em rodas, que repensa de maneira eficaz o trailer. Fazendo que aquela casa sobre rodas, tenha sua função de lar bem clara, e não apenas uma casa de férias. A ideia deste movimento que começou no EUA, é que um jovem possa ir aonde quer que as oportunidades o levem, sem ter nada que o prenda. Ou seja se tem um trabalho ele pode ir com sua casa “na bagagem”. ►►Fotos do projeto “Tiny house, giant journey” Fonte: www.tinyhousegiantjourney.com

Ser menor é ser mais sustentável. Você gasta


casa híbrida menos matéria prima, seja ela qual for, você ocupa menos espaço permeável, gera menos resíduo, consome menos energia, menos água, tem menos manutenção. Umas das leis de Newton diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, mas neste caso, podemos também pensar que um corpo não ocupa dois espaços distintos. Então para que uma sala de jantar, quando na maioria das vezes ela se quer é ocupada para sua função básica?

►►Imagem que retrata a casa no desenho dos anos 80, “Os Jetsons” Seria esse o futuro que se encaminha? Fonte: http://freshome.com/2013/03/22/what-you-canlearn-from-the-jetsons-about-home-automation/

Chegamos ao ponto onde deveremos repensar nossas atitudes e nossas prioridades de uma vez por todas. No TED talk “What exactly is a ‘tiny house’?” Amy Henion explica como essa atitude não é algo novo, pelo contrário, cita que com a ascensão do subúrbio as casas ficaram cada vez maiores e segundo o US Censos Bureau (2010), as casas americanas tem em média, 220m2. Mas isso é muito ou pouco? O projeto ganhador do prêmio de melhor projeto de graduação da faculdade de arquitetura, “The Evolving Room: Inhabiting Zero Wasted Space” realizado por Stavros Gargaretas, do estúdio Why Factory da TUDelft, buscou examinar a questão da eficiência definitiva do espaço, através da catalogação de nossas atividades diárias e da análise de nossos movimentos corporais.

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Através de uma série de testes com sensores e todo um aparato técnico, a pesquisa se desenvolveu em três etapas, desafiando nossas percepções do espaço arquitetônico e de nosso contexto físico, buscando responder a questão “Podemos viver sem desperdiçar espaço?” Entre os resultados obtidos cita-se que em um apartamento de 120m2, com quatro pessoas, o espaço realmente utilizado são apenas 12m2, ou seja, apenas 10% do espaço total do apartamento. Os cômodos sofreram uma grande mudança. Hoje o quarto de cada usuário de uma casa funciona como um mini apartamento. O individuo tem

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o banheiro, a tv, a escrivaninha (escritório), e algumas vezes até mesmo utensílios como frigobar ou cafeteira podem ser encontrados em um único cômodo. Ou seja, muitas vezes dentro de um único espaço são feitas múltiplas funções. Um

aspecto

importante

da

pesquisa

de

modelos novos de arquitetura é o processo de desenvolvimento de projeto que exige cada vez mais que os gantes e tecnologia sejam integrados. A partir desta plataforma, é possível ►►Esquemas realizados na pesquisa “The Evolving Room: Inhabiting Zero Wasted Space” Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/761952/ podemos-viver-sem-desperdicar-espaco-pesquisada-tudelft-aborda-o-uso-eficiente-do-espaco

ter um controle com gastos de materiais, preço, eficiência energética e assim por diante.


casa híbrida

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Nossa civilização está passando por uma mudança radical - de proporções similares à revolução industrial, que criou um novo ecossistema cultural no qual o modernismo arquitetônico foi criado - em direção a um mundo digital onde novas tecnologias são desenvolvidas a taxas exponenciais. (CHOE, 2014)


condicionantes ee determinantes condicionantes determinantes


O homem e o ciberespaço | A espacialidade virtual

casa híbrida

Invenções como o telégrafo, rádio, telefone, televisão, celular, computador, entre outras tantas foi o começo de uma revolução midiática, comportamental e social. A informação nunca tinha chegado numa velocidade tão rápido às pessoas. Essas criações foram então, facilitadoras no que diz direito a comunicação direta ou indireta. Deste momento em diante, a comunicação nunca mais foi a mesma, assim como as relações interpessoais. Com a atual presença e evolução constante da tecnologia de comunicação e informação , é possível ter acesso ao cotidiano de qualquer um, independente da distância que separe os usuários. Essa troca de informação e comunicação, dinâmica e em tempo real, independente de como e onde esteja o espaço físico no momento, resultou em um espaço virtual: o ciberespaço1. E quando se fala em um novo espaço e a melhoria de seu uso, não seria o arquiteto o profissional qualificado para esse trabalho? Pierre Lévy, filósofo e professor no departamento de Hipermídia a Universidade de Paris, diz:

21 Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação certo pela interconexão mundial dos computadores A palavra ciberespaço foi inventada em 1984 por William Gibeson em seu obra de ficção científica Neuromante e das memórias do computadores. (LÉVY, 1999, P. 92)

Com o crescimento do capitalismo, esse cenário tendeu a crescer cada dia mais e dominar nossa realidade. Hoje, independente da renda, classe, gênero ou seja qual for a distinção, é provável encontrar este indivíduo com pelo menos um smartphone em mãos. As tecnologias portáteis e agora tecnologias “vestíveis” (wearable technology) que já começam também a serem lançadas - o Apple Watch, da Apple, por exemplo, um relógio, que se conecta ao celular e internet e proporciona funcionalidades, jamais pensadas para o seu “relógio” - expandindo assim, cada vez mais, o acesso ao ciberespaço. (...) a popularização da rede e a ampliação e diversificação de ferramentas e websites disponíveis gratuitamente online permitem que, mesmo sem perceber, partes do habitar das pessoas se desenvolvam 1 A palavra ciberespaço foi inventada em 1984 por William Gibeson em seu obra de ficção científica Neuromante


mais e mais no espaço virtual. Da criação de laços de sociabilidade ao acesso a serviços públicos, de transações comerciais ao desempenho de tarefas diárias diversas, um número crescente de atividades faz desse novo lugar eletrônico uma extensão necessária e socialmente aceita dos espaços físicos. (TRAMONTANO; REQUENA, ►►Relógio dos anos 90 com calculadora Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-648402879relogio-casio-ca-53-w-calculadora-alarme-cronmetro-_JM ►►Apple Watch, o mais novo lançamento da Apple atualmente Fonte: www. apple.com

2007)

Hoje alguns serviços públicos, como bike sharing, é inacessível caso não se tenha um smartphone, por exemplo. Já por outro lado, segundo matéria do site G1, cerca de 120 orelhões somem nas ruas do país por dia. Foi uma perda de um

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terço de seus aparelhos em dez anos, e para evitar o seu desaparecimento, a peça que já se encontrava obsoleta, começou a absorver a tecnologia 3G e wifi. E além, num âmbito ainda mais social, segundo reportagem da Folha de São Paulo, o Ministério das Comunicações prepara um projeto para levar internet com velocidade de 25Mbps a 98% dos domicílios até 2018. Ou seja, o acesso ao ciberespaço está se tornando prioridade de empresas e até mesmo do poder público, praticamente como um serviço de infraestrutura, como água, esgoto ou energia. Uma das preocupações de muitas pessoas, é o distanciamento que esse novo modo de vida


casa híbrida pode trazer. Mas não seria o caso de entender o melhor como funciona e de alguma maneira absorver tudo isso de uma maneira saudável? Segundo uma reportagem do site Tec Mundo, o criador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg,

respondeu

algumas

perguntas

enquanto visitava Bogotá para a inauguração da ONG internet.org2, que busca levar a internet aqueles que ainda não acesso a rede. Entre as perguntas, quando questionado sobre sua rede social daqui há 10 anos, acabou falando em um panorama geral da internet, e vale destacar dois pontos de sua resposta: primeiro, segundo ele, haverá muito mais gente na internet; segundo, o futuro da computação será baseado em realidade

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aumentada, proporcionando comunicação sem distrações e com a cabeça erguida. Em uma palestra da Campus Party de fevereiro de 2012 noticiada pelo site olhar digital, o físico norte americano e professor da Universidade de Nova York, Michio Kaku também fez uma previsão para os próximos dez anos. Chegou a ouvir 300 dos principais cientistas do mundo para desenvolver sua pesquisa. E dentre diversas previsões, vale destacar algumas como o fato do computador estar em todos os lugares e ao mesmo, em lugar nenhum - como a eletricidade, 2 Essa ONG busca levar a internet aqueles que ainda não tem acesso a rede.

►►Grupo de pessoas usando smartphones Fonte: http://www.pfhub.com/year-2020-only-90-ofthe-worlds-population-will-be-connected-1411/


no chão, teto, parecer, mas não é visível. Além disso, diz ainda sobre poder controlar aparelhos com da mente, sobre grandes avanços na área da medicina, sobre inteligência artificial e o uso da internet com um piscar de olhos através de lentes de contato. Reforça também a previsão de Zuckerberg sobre a realidade ►►O personagem Tony Stark dos filmes Marvel em sua super armadura Fonte: http://shadowrun-brasil.blogspot.com. br/2012/05/realidade-aumentada.html

aumentada: Os

computadores

que

conhecemos

hoje

deixarão de existir, e a internet estará em tudo - incluindo os seus óculos, que serão capazes de reconhecer os rostos das pessoas e ver suas

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biografias. Elas vão falar chinês e você vai ler as legendas do idioma bem diante dos seus olhos (KAKU, 2012)

Para o progresso desses fatos e tantos outros, a internet deve suportar tal uso, coisa que não acontece exatamente nos dias atuais. Porém já está em discussão e elaboração a nova tecnologia 5G, com promessas de experimentação já nas Olimpíadas de inverno de Pyeongchang, na Coréia do Sul, em 2018. Esta nova geração de internet dará respaldo para que essa nova onda de inovações e transformações possa acontecer.


casa híbrida

TIC no Brasil | Panorama atual 3

Esse capítulo busca entender o atual panorama brasileiro no que diz respeito as pessoas, seus domícilios e o uso das TIC’s. O

Centro

Regional

de

Estudos

para

o

Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) realiza, desde 2005, a pesquisa TIC Domicílios com o objetivo de medir a posse, o uso e os hábitos de uso de computador, Internet e dispositivos móveis da população brasileira a partir de 10 anos de idade. Os telefones celulares se consolidam como o tipo de equipamento TIC mais presente nos domicílios brasileiros – com crescimento substancial da utilização como plataforma para o acesso à Internet. Outros aparelhos móveis, como tablets e computadores portáteis também estão mais presentes nos domicílios brasileiros, reforçando a crescente tendência à mobilidade. A presença de computador nos domicílios segue tendência de crescimento verificada ao longo dos últimos anos. Em 2013, quase a metade dos domicílios brasileiros (49%) possuía computador e 43% tinham acesso à Internet. 3 As informações contidas neste capítulo foram retiradas das pubicações encontradas no site cetic.br

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Enquanto diminuiu a proporção de domicílios com computadores de mesa (63% em 2013), cresceu a proporção de computadores portáteis (57% em 2013) e a presença de tablets (passou de 2%, em 2011, para 12%, em 2013). A pesquisa indica uma ampliação na proporção de usuários de Internet. É a primeira vez que a proporção de usuários de Internet ultrapassa a metade da população. Contudo, há uma notável diferença etária quanto ao perfil dos usuários. Entre os indivíduos de 10 a 15 anos a proporção de usuários chega a 75%. Entre os de 16 a 24 anos, ela é de 77%. Dentre as pessoas de 35 a

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44 anos, 47% são usuários, enquanto entre os indivíduos de 45 a 49 anos essa proporção é de 33%. A pesquisa mostra ainda que apenas 11% das pessoas com mais de 60 anos são usuárias da rede. Em números absolutos, mais de 45 milhões de pessoas de 45 anos ou mais não usam a Internet. Aumenta o uso da Internet pelo telefone celular. Em 2013, a pesquisa TIC Domicílios estima 52,5 milhões de usuários de Internet pelo telefone celular no Brasil, o que equivale a 31% da população. Esse percentual era de 15% há dois anos. A pesquisa aponta ainda que 30% dos usuários de telefone celular acessaram redes


casa hĂ­brida sociais a partir do aparelho; 26% compartilharam fotos, vĂ­deos ou textos; 25% acessaram e-mails; e 23% baixaram aplicativos.

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BREEAM | Building Research Establishment Environmental Assessment Metodology 4

Desenvolvido e lançado pelo BRE em 1990, o BREEAM é um método de avaliaçao ambiental e um sistema de classificaçao para edificaçoes reconhecido internacionalmente. Esta ativo hoje, em mais de 50 paises e ja certificou mais de 250 milhoes de edificios pelo mundo. Se tornou uma das medidas mais abrangenres e amplamente reconhecidas de desempenho ambiental, definindo um padrao para projetos, construçoes e operaçoes sustentaveis. Utilizando a análise de critérios cientificamente embasados que abrangem uma série de questões que avaliam: energia, uso d’água, saúde e bem-estar, poluição, transporte, materiais, resíduos, uso da terra, ecologia e processos de gestão. A partir deles, os edifícios são classificados e certificados em uma escala de: “Aprovado”, “Bom”, “Muito bom”, “Excelente” e “Proeminente” Para o protótipo utilizaremos os requisitos mínimos de desempenho de uma habitação para a

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classificação ”Muito bom” do BREEAM, que são: Gestão, Saúde e bem estar, Energia, Água, e Inovação. Cada requisito mínimo possui uma série de questões que devem ser atendidas minimamente por pelo menos um dos critérios de avaliação descritos abaixo: RRGestão • Sustentabilidade Garantir a entrega de um ativo funcional e sustentável projetado e construído de acordo com as expectativas de desempenho e de acordo com os critérios de avaliação: projeto e concepção, construção e entrega, e pós-ocupação. • Funcionalidade 4 As informações contidas neste capítulo foram retiradas de SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014


casa híbrida Projetar, planejar e entregar edifícios funcionais inclusivos e acessíveis, de acordo com usuários atuais e futuros da edificação de acordo com os critérios de avaliação: design inclusivo e acessível, manual do usuário, avaliação do pós- ocupação e divulgação de informação. RRSaúde e Bem estar • Conforto Luminoso Iluminação natural, iluminação artificial e controles dos ocupantes são considerados na fase de projeto para garantir desempenhos luminotécnicos melhores, práticas e conforto para os ocupantes do edifício de acordo com os critérios de avaliação: pré-requisito (Lâmpadas fluorescentes de alto desempenho ou LED), iluminação natural, controle de ofuscamento, iluminação externa e interna. • Qualidade interna do ar Reconhecer e incentivar um ambiente interno saudável através da especificação e instalação de ventilação adequada, equipamentos e acabamentos de acordo com os critérios de avaliação: prérequisito (nenhum material pode conter amianto), minimizar as fontes de poluição do ar (tintas com componentes voláteis), e potencial para ventilação natural. • Qualidade da água Minimizar o risco de contaminação da água em edifício de serviços e garantir o fornecimento de fontes limpas, frescas de água para a construção de usuários de acordo com os critérios de avaliação: todos os sistemas de água do edifício devem ser projetados de acordo com as medidas definidas nos guias de saúde e segurança dos regulamentos nacionais relevantes para minimizar o risco de contaminação microbiana.

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RREnergia • Monitoramento da energia Reconhecer e incentivar o monitoramento do consumo de energia operacional através de sub-medição de acordo com os critérios de avaliação: Os principais sistemas consumidores de energia (Aquecimento e refrigeração de ambientes, Aquecedores de água, Umidificação, Ventiladores, iluminação) devem ser monitorados usando um sistema Building Energy Management (BEMS). Um BEMS acessíveis são fornecidos abrangendo o fornecimento de energia a todas as área ou no caso de edifícios ocupações individuais, por andar. Quando o edifício tem uma variada gama de funções com diferentes perfis de consumo de energia, a medição deve cobrir o fornecimento de energia por áreas funcionais / departamentos relevantes. RRÁgua

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• Consumo da água Reduzir o consumo de água potável para uso sanitário qualquer tipo de edifícios através do uso de componentes eficientes de água e sistemas de reciclagem de água. • Monitoramento da água Garantir que o consumo de água possa ser monitorado e controlado e, portanto, incentivar a redução do consumo de acordo com os critérios de avaliação: especificação de um medidor de água na rede de abastecimento para cada edifício (Medidor Principal), locais com grande consumo de água na construção devem ser equipados com sub-medidores ou medidores secundários (Ex: Piscinas, lavanderia, cozinha), cada medidor (principal e secundário) deve ter a capacidade de apresentar uma leitura instantânea do consumo. RRInovação Um dos objetivos do BREEAM é apoiar a inovação na indústria da construção civil. Isso é possível através


casa híbrida de créditos adicionais disponíveis para reconhecer os benefícios relacionados à sustentabilidade ou aos níveis de desempenho, que atualmente não são reconhecidos. Desta forma, o BREEAM premia edifícios que vão além das melhores práticas em termos de um determinado aspecto da sustentabilidade, ou seja, onde o edifício ou a sua gestão demonstrou inovação. Assim, conceder créditos para a inovação permite aumentar o desempenho de seus edifícios e, além disso, ajuda a apoiar o mercado para novas tecnologias, design ou construções inovadoras. Há duas maneiras pelas quais o BREEAM concede créditos de inovação: • Exemplar: A primeira é por critérios de desempenho definidos exemplares em uma edição BREEAM existente, ou seja, indo além dos critérios de avaliação padrão do BREEAM. • Inovador: A segunda é por pedido feito para a BRE pelo assessor do BREEAM, a fim de que uma determinada tecnologia de construção ou recurso, projeto ou processo de construção seja reconhecido como “inovador”. Se a candidatura do projeto for aprovada e o cumprimento for verificado no pós-obra, um crédito de Inovação pode ser concedido. Um adicional de 1% pode ser acrescido à pontuação geral de um edifício para cada crédito de inovação alcançado. O número máximo de créditos de inovação que pode ser concedido por qualquer edifício é de 10%.

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NBR 15575 2013 | Norma de desempenho 5

A NBR 15.575/2013 foi redigida segundo modelos internacionais de normatização de desempenho, ou seja, para cada necessidade do usuário e condição de exposição, aparece a sequência de: requisitos de desempenho, critérios de desempenho, e respectivos métodos de avaliação. Os requisitos de desempenho da Norma são: RRRequisitos Gerais: • Saúde, Higiene e Qualidade do ar. A habitação deve prover condições adequadas de salubridade aos seus usuários, dificultando o acesso de animais e propiciando níveis aceitáveis de partículas em suspensão, micro- organismos, bactérias, gases tóxicos e outros. O sistema de água fria deve ser preservado contra qualquer risco de

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contaminações. • Adequação Ambiental. Em função do estado do conhecimento na área, e da própria disponibilidade de legislações específicas, a NBR 15.575 não estabelece requisitos e critérios específicos de adequação ambiental. A norma recomenda dispor os sistemas hidro-sanitários com aparelhos economizadores de água e estabelece ainda, que não deve haver risco de contaminação do solo ou do lençol freático pelos sistemas prediais de esgoto. Fica determinado também que as águas servidas provenientes dos sistemas hidro-sanitários devem ser encaminhadas às redes públicas de coleta. RRDesempenho estrutural. A estrutura deve atender, durante a vida útil do projeto, aos seguintes requisitos: 5 As informações contidas neste capítulo foram retiradas de SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014


casa híbrida • Não ruir ou perder a estabilidade de nenhuma de suas partes; • Prover segurança aos usuários sob ação de impactos, vibrações e outras solicitações decorrentes da utilização normal da edificação, previsíveis na época do projeto; • Não provocar sensação de insegurança aos usuários pelas deformações de quaisquer elementos da edificação; • Não repercutir em estados inaceitáveis de fissuras de vedações e acabamentos; • Não prejudicar a manobra normal de partes móveis, tais como portas e janelas, nem repercutir no funcionamento anormal das instalações em face das deformações dos elementos estruturais; • Atender às disposições das normas NBR 5629, NBR 11682 e NBR 6122 relativas às interações com o solo e com o entorno da edificação. RRSegurança contra incêndio A norma visa, em primeiro lugar, à integridade física das pessoas e, depois, à própria segurança patrimonial. Os critérios possuem recursos para: dificultar o início de incêndio e a sua propagação; o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo – TRRF de elementos e componentes da construção; as rotas de fuga; a propagação de fumaça; os equipamentos de extinção; e também a facilidade de acesso dos bombeiros para combate a incêndios já deflagrados. RRSegurança no uso e operação Nesta parte da Norma ficam determinados requisitos e critérios visando a minimizar a possibilidade de ferimentos nos usuários da habitação, choques elétricos, tropeções, quedas e queimaduras. Isso inclui, por exemplo, a quantificação do coeficiente de atrito de pisos, a resistência mecânica de guardacorpos, os cuidados na manutenção de telhados entre outros.

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RRFuncionalidade e Acessibilidade A Norma vai além dos atributos essenciais, como desempenho estrutural e segurança contra incêndio, de modo que a habitação apresente compartimentação adequada e espaços suficientes para a disposição de diversos utensílios domésticos como camas e armários. Além dos espaços e pédireito mínimos, são estabelecidos critérios regulando a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais, como determina a Norma de Acessibilidade NBR 9050/2004. • Conforto Tátil e Antropodinâmico Com base nos princípios da ergonomia, na estatura média das pessoas e na força física passível de ser aplicada por adultos e crianças é que devem ser desenvolvidos os componentes e equipamentos da construção. Estabelece ainda a planicidade requerida para os pisos que limitarão também as vibrações que poderiam causar desconforto.

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RRDesempenho Termo-acústico-luminoso • O adequado desempenho térmico repercute no conforto das pessoas e em condições adequadas para o sono e atividades normais em uma habitação, contribuindo ainda para a economia de energia. A avaliação de desempenho pode ser feita com base nas propriedades térmicas dos materiais das fachadas e das coberturas, ou ainda por simulação computacional. • O ruído gerado pela circulação de veículos, crianças brincando, música alta e a circulação de pessoas ou queda de objetos no apartamento vizinho são causas de desconforto. Por isso, faz-se necessária a adequada isolação acústica por parte de fachadas, coberturas, entrepisos e paredes de geminação. • A Norma de desempenho 15.575 estipula níveis requeridos de iluminância natural e artificial nas habitações, reproduzindo, neste último caso, as próprias exigências da Norma de Iluminação de Interiores, a NBR 5413.


casa híbrida RREstanqueidade à água A saúde e higiene dos moradores de uma habitação podem ser comprometidas por uma série de fatores, sendo a umidade a fonte potencial de doenças respiratórias, formação de fungos e outros. Além disso, a durabilidade da construção está diretamente associada à proteção de seus elementos dos efeitos da água. A NBR 15.575 estabelece critérios para estanqueidade de fachadas, pisos de áreas molhadas, coberturas e demais elementos da construção, incluindo as instalações hidro- sanitárias. RRDurabilidade e Manutenibilidade A habitação é o bem mais almejado pelos seres humanos. Tem significado emblemático, que, em muito, transcende a posse material. Particularmente nos casos de financiamentos prolongados, é extremamente importante que a construção mantenha características aceitáveis de desempenho durante prazo denominado na norma como “Vida Útil de Projeto”. A vida útil da edificação depende da eficiência do projeto, da construção, das condições de agressividade do meio e dos cuidados no uso e manutenção. A durabilidade prevista em projeto só poderá ser atingida no caso do seu uso correto e pela adoção de eficientes processos de manutenção de acordo com o manual do usuário.

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particularidades


O método moderno de construção | MMC

casa híbrida

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O MMC consiste na produção de habitações em fábricas, tendo por benefícios: maior velocidade na produção, melhoria na qualidade do produto e diminuição de gastos de energia e geração de resíduos. Geralmente, o MMC é determinado pela execução de algumas partes da casa fora do canteiro de obra, numa fábrica específica. Os principais produtos do MMC são painéis e módulos. Os painéis incluem paredes, pisos e telhados pré-fabricados, que são transportados para o canteiro e podem ser montados rapidamente. Já os módulos, chamados de Ready-made rooms (cômodos prontos), são ambientes completos que ao serem encaixados, assim como peças do jogo Lego, conformam a habitação no local de destino. Esses módulos, por vezes, são agrupados na própria fábrica, saindo de lá uma moradia praticamente pronta para habitar. O MMC inclui uma série de métodos construtivos inovadores , como por exemplo, os painéis de concreto. Uma gama de materiais podem ser utilizados, porém a madeira, o aço e o concreto são os materiais mais utilizados. Em 2003, o UK Housing Corporation publicou um sistema de classificação que foi adaptado e utilizado por outras corporações. Este sistema foi dividido em três principais classificações: (1) a construção volumétrica, (2) a construção em painéis e (3) a construção híbrida. RRA construção volumétrica, também conhecida como construção modular, é constituída por unidades tridimensionais produzidas inteiramente em fábrica, transportadas já prontas para o canteiro de obras e montadas em cima da fundação. As unidades são produzidas com materiais ou métodos inovadores como light steel frame (estrutura de aço dobrado a frio) e wood frame (estrutura de madeira). A construção volumétrica é muito eficiente, principalmente, quando várias unidades idênticas são produzidas em larga escala, e sendo utilizadas em pequenas residências ou flats. RRA construção em painéis é definida pela produção das partes que constituem as vedações externas 6 As informações contidas neste capítulo foram retiradas de SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014

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e divisões internas de uma construção, sendo as mesmas confeccionadas em fábrica para serem encaixadas no canteiro de obra formando a estrutura. O sistema pode incluir paredes, pisos e telhados para criar a estrutura completa. Os principais tipos de painel são: • Painéis abertos: painéis entregues no canteiro apenas com a estrutura. O isolamento, janelas, instalações etc são colocados no local da obra. • Painéis fechados: painéis com a mesma estrutura do aberto, porém já vêm de fábrica com isolamento, janela, instalações e acabamentos. • Painéis de concreto: painéis com mesmas características dos painéis fechados, porém sua

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estrutura é feita em concreto moldado na fábrica. RRA construção híbrida, também conhecida como semi-volumétrica, é basicamente constituída pelas

unidades

volumétricas

integradas

com o sistema em painéis ou com o sistema tradicional. Ambientes com muitas instalações e acabamentos, como banheiros e cozinhas, podem ser construídos utilizando a construção volumétrica, ao passo que outras partes são executadas com o sistema em painéis. ►►Imagem do esquema de construçao do projeto My Micro NY Fonte: www.archdaily.com.br/br/763437/primeiros-microapartamentospre-fabricados-de-nova-iorque-serao-concluidos-ainda-este-ano

A industrialização da construção com a utilização de materiais e métodos inovadores, promovido


casa híbrida pela utilização do MMC, demanda a especialização de toda a cadeia construtiva. Independente da tipologia escolhida, desde a produção dos materiais, a logística de transporte, a modulação, a mão de obra e as fábricas especializadas até a chegada ao canteiro de obra, a montagem final precisa ser adaptada e estar preparada para a utilização do método. Sabendo do mmc e suas opções, de acordo com o desenvolvimento do projeto, será escolhido um método mais eficaz e condizente com a

►►Impressora 3D de grandes dimensões criada pelo professor Behrokh Khoshnevis da Universidade da Califórnia do Sul Fonte: http://www.engenhariacivil.com/impressora-3d-constroi-casas

realidade disponível. A busca poderá ir além e propor novos métodos construtivos que possam vir a sair desse padrão (volumétrico, painel ou híbrido), mas não deixando perder a ideia de termos uma obra com o mínimo de resíduos, rápida e segura, com bons retornos enquanto características de isolamento térmico e acústico.

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Novas tecnologias | Reinventando o existente A homem, sua casa e seu modo de vida mudaram. Logo, nossos utensilios e equipamentos também devem se adaptar aos novos tempos. Devem ser mais sunstentaveis, eficientes, flexiveis e praticos. O intuito deste capitulo é mostrar novas tecnologias para equipamentos do nosso uso cotidiano. Que possa ajudar o homem, a casa e o meio ambiente. RRSanitário iota, reduzindo tamanho e consumo Este novo design de Gareth Humphreys and Elliott

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Whiteley foi feito na University of Huddersfield como projeto final. Como solução para o grande excesso de água utilizado no sanitários atuais e pensando também

na

dificuldade

em

aloca-lo

em

pequenos espaços, o novo desenho, além reduzir seu consumo de água em 50% em relação ao sanitário comum, reduziu também seu tamanho e criou um mecanismo que permite que a bacia seja dobrável.

►►Imagens de divulgação do produto Fonte: http://www.designboom.com/wp-content/dbsub


casa híbrida RRReciclando a água do banho Uma companhia australiana desenvolveu uma ducha que é capaz de poupar até 70% de água, além de evitar gastos com energia. O conceito básico é a reciclagem, já que a água que escorre pelo ralo é reaproveitada automaticamente no próprio banho, voltando a molhar a cabeça do usuário. Fabricado pela CINTEP, o “chuveiro mais eficiente do mundo”, de acordo com seus desenvolvedores, usa apenas três litros de água limpa por banho. A reciclagem é feita por meio de um processo de pasteurização - sim, o mesmo utilizado em

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leites. A água reciclada passa por três filtros, por um processo de pasteurização quente, é diluída com 30% de água potável e imediatamente reutilizada. O processo todo leva cerca de 25 segundos. Além de poupar cerca de 70% de água de um banho normal, o sistema também economiza energia, já que gasta menos eletricidade para canalizar a água até o chuveiro e para aquecê-la (ela se mantém em alta temperatura enquanto é reciclada).

►►Imagens de divulgação do produto Fonte: http://www.recyclingshower.com.au/residential/#.VU7bm2DF9F


RRPowerwall - Tesla A Tesla Motors7 apresentou recentemente a Powerwall - uma bateria caseira de lithium (130x86x18 cm), com um design e tecnologia inovadores. Automatizada, compacta e com simples instalação, garante energia para uma casa de médio porte por algumas horas. Caso a residência tenha uma grande demanda de energia, podem ser utilizadas até nove peças juntas - fornecendo até 90kWh. A Powewall armazena a energia gerada pelo sol através de painéis solares ou geradores eólicos, durante todo o dia, para que possa ser usada

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durante a noite e manhã, quando o consumo a maior. Além disso, evita picos de energia e armazena energia da rede nos horários que ha flutuação do preço, caso necessite. É instalada diretamente a parede, dispensando ►►Imagens de divulgação do produto Fonte: http://www.designboom.com/wp-content/dbsub

um cômodo inteiro apenas para seu uso. Contém todos os itens de segurança necessários e pode ficar até mesmo numa parede externa. Vem nos modelos de 10kWh e 7kWh, custando US$3,500 e US$3,000, respectivamente.

7 Tesla Motors, Inc. é uma marca de automóveis norte-americana, que desenvolve e vende veículos elétricos de alta performance.


casa híbrida RRJibo - robô doméstico Desenvolvido por pesquisadores do MIT Massachusetts Institute of Technology. O Jibo ainda está em fase de protótipo e a empresa usou o site Indiegogo - site de crowdfunding, para arrecadar fundos. A expectativa foi muito além do experado, arrecandando US$2.288.407, quando o objetivo era arrecadar US$100.000. O preço do pequeno robô varia de US$500 (aproximadamente R$1.110) para a versão comum e US$600 (R$1.330) para a versão de desenvolvedor. O Jibo é capaz de se conectar na rede doméstica

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e se comunicar com outros dispositivos. Algumas das tarefas para as quais ele foi desenhado incluem reconhecer e localizar as faces de membros da família e identificar comandos de voz de qualquer lugar em um cômodo. A ideia é que funcione como um assistente pessoal, de forma mais direta com o seu dono. Os seus criadores o projetaram para se tornar um membro da familia. Com uma plataforma aberta, segundo os criadores, suas habilidades e aplicações crescerão de maneira a ajudar de um modo que nem eles mesmo podem imaginar. ►►Imagens de divulgação do produto Fonte: https://www.indiegogo.com/projects/jibothe-world-s-first-social-robot-for-the-home


localização


CEPAC | O terreno

casa híbrida 8

O CEPAC é resultado de uma parceria entre agentes públicos, privados e acadêmicos do Brasil e do Reino Unido com o intuído de desenvolver, testar e disseminar inovações e tecnologias na produção e manutenção do ambiente construído. É uma instituição com a missão de trabalhar em rede para fomentar inovações tecnológicas, de alto desempenho, baixo custo e sustentáveis, atendendo a atual e futura demandas enfrentadas pelo setor da construção no Brasil. Baseado no modelo desenvolvido pelo Building Research Establishement (BRE) o CEPAC é uma plataforma que integra pesquisa ao setor produtivo, onde a própria indústria, coletivamente, pode investir em ciência, pesquisa e desenvolvimento, acelerando o seu processo de evolução. Este modelo amplifica ainda, o impacto de investimentos públicos e oferece a oportunidade de fortalecimento do alinhamento de políticas, metas, programas e ações do MCTI, MEC, Mcidades, MDIC, MMA entre outros. As principais ações do CEPAC são:

8 As informações contidas neste capítulo foram retiradas de SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014

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1. Atendimento a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do MCTI (2012), que entre outras estratégias, estabelece fortalecer o desenvolvimento de inovações tecnológicas para a evolução de projetos de cidades sustentáveis, em especial nas áreas de habitação popular, saneamento básico, redução das emissões de carbono e fontes alternativas de energia; 2. Integração de redes de pesquisa nacionais e internacionais a partir de uma demanda específica do setor produtivo, público, privado ou academia;

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3. Desenvolvimento tecnológico de produtos a partir de demandas específicas do setor produtivo, público, privado ou academia; 4. Desenvolvimento de soluções tecnológicas para melhoria de processos produtivos e produtos no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida e/ou outras Políticas de Habitação de Interesse Social 5. Atendimento das necessidades do setor da construção de ensaios e inspeções; 6. Teste e certificação de materiais / componentes / sistemas;


casa híbrida 7. Consultorias; 8. Capacitação, treinamentos e eventos técnicos; 9. Criação de uma plataforma de geração, gestão, integração e difusão de conhecimento, composta e apoiada por um conjunto de instrumentos, ações e ferramentas. Estão previstos para a infraestrutura do CEPAC: um edifício de laboratórios para pesquisa, desenvolvimento

e

ensaios

tecnológicos

visando a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e a prestação de serviços à indústria; uma praça de exposição de protótipos de edificações para demonstração de materiais, tecnologias e sistemas; um centro de estudo e pesquisa de energia de baixo carbono; um centro de visitantes e um edifício sede administrativo. Por se tratar de uma unidade habitacional que possa ser replicada e adaptada a cada terreno em que venha ser inserida. Esse parque de protótipos foi escolhido como terreno, por ser um projeto em caráter de pesquisa, que visa uma experimentação que vai além do terreno e com o intuito de que de fato possa vir a ser construído no futuro.

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programa de necessidades


Espaço multiuso | Uma nova estrutura

casa híbrida

A ideia é subverter o espaço da casa. O programa de necessidades será estabelecido em questões de medidas, instalações e equipamentos no decorrer do processo de projeto. A ideia inicial é que seja um módulo com um espaço multiuso para o social, cozinhar/comer e o dormir, o único a parte será o banho. Para isso, serão utilizadas ferramentas que permitam que esse espaço se transforme e se adapte as necessidades do determinado momento que usuário precise. Conectado a isso, ferramentas que otimizem as funções do seu dia a dia. Os termos flexibilidade e interação devem encontrar no projeto, um uso ainda mais expressivo, na concepção de uma casa onde não apenas se deslocam paredes ou peças de mobiliário, mas que compreendem uma participação ativa do morador na sua configuração

49 A proposta é que as pessoas tenham a sua disposição uma casa que lhes atenda em tudo aquilo que necessitem, sem negar a cidade. A casa deve acolher, mas não deve tomar da cidade suas funções. Uma deve completar a outra. Será feito também um estudo para modulo adicionais para, em casos específicos, seja possível uma adaptação. O espaço estipulado a principio para o desenvolvimento será aproximadamente 30m2. Embora o foco seja em uma unidade, será pensado também no possível conjunto habitacional a partir da unidade mínima.


referĂŞncias


Diogene | Renzo Piano

casa híbrida

A ideia vem desde o tempo de estudante

do arquiteto, quando o arquiteto ja pensava no espaço mínimo no qual uma pessoa poderia viver. O protótipo é nomeado de Diogene, em referência ao filosofo grego que dizem ter vivido em um barril - Diógene de Sinope. O projeto teve seu primeiro protótipo concebido ha um pouco mais de 10 anos, sem um cliente em particular, quando Piano publicou seu resultado em Being Renzo Piano, uma monografia sobre o seu trabalho. Apenas em 2010, quando Rolf Fehlbaum, presidente da Vitra, depois de ja ter visto o projeto, encontra o arquiteto enquanto eram membros do juri do Prêmio Pritzker e acabam concordando em desenvolver juntos o projeto.

O projeto atual, com modestos 2,5x3

metros, é o resultado dessa colaboração. O projeto conta com captação de agua e sistemas energéticos, resultando numa casa inteiramente independente e com tudo aquilo necessário para se viver num estilo de vida simples. Construída em madeira e revestida em alumínio, seu interior conta com um sofá cama, mesa dobrável, banheiro, cozinha e espaço para armazenamento.

►►Cortes esquematicos e o projeto no campus da empresa Vitra Fontes: http://ideasgn.com/architecture/diogene-renzo-piano/; http://www.gizmag.com/renzo-piano-micro-home-diogene/27923/ http://ideasgn.com/architecture/diogene-renzo-piano/

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Casa APH80 | Abaton Arquictetura A ideia desta casa é que o proprietário possa leva-la consigo aonde quer que vá. Este projeto, foca numa residência econômica, e bonita, que poder ser transportada facilmente, por um caminhão, por exemplo. Com 27m2, este projeto que conta apenas com materiais recicláveis e é praticamente autossuficiente, tem sua fabricação concluída em aproximadamente um mês e sua montagem final pode ser feita em 24 horas. Sua estrutura é de madeira certificada e revestida por cimento e

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isolantes térmicos. O atual projeto tem seus espaços divididos em três ambientes: cozinha/sala de estar, banheiro com água quente e um dormitório. Suas paredes são feitas com painéis de madeira pintados de branco. Por hora, seu o desenho e fabricação ainda são feitos apenas na Espanha.

►►Imagens da Casa APH80 - Projeto de Abaton Arquictetura Fonte: http://www.detail.de/architektur/themen/kompaktund-mobil-portable-house-aph80-024601.html


Studio Brasília 27 | Fabio Cherman

casa híbrida

Localizado na Asa Sul, esse apartamento é a atual residência do arquiteto Fabio Cherman. O projeto multifuncional permite que ele durma, cozinhe, receba amigos e até mesmo hospede alguém em apenas 27m2. Tudo isso devido as soluções espaciais aplicadas ao pequeno apartamento, como uma cama que sobrepõe, de maneira fácil o sofá. Outra solução foi a mesa dobrável e cadeiras empilháveis que ainda esconde uma outra cama destinada a hospedes. Para adicionar uma atmosfera mais acolhedora foram adicionadas duas peças do arquiteto Sérgio Rodrigues - a poltrona Diz e o banco Mocho. Além disso, foi encomendado um azulejo personalizado para o artista João Henrique, que traz um pouco de cor para o projeto que tem materiais e cores neutras.

►►Imagens do Studio Brasilia 27 - apartamento do arquiteto Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/756524/ studio-brasilia-27-fabio-cherman

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Apartamento Modelo | Graham Hill Criador de duas empresas que foram vendidas por US$ 10 milhões cada, o arquiteto, designer e ambientalista Graham Hill, resolveu não apenas adotar as moradias compactas, como também auxiliar no processo de sua difusão. Projetou esse apartamento para ele, no Soho, ►►Imagens do projeto de Hill para seu apartamento no Soho, NY Fonte: http://www.wired.co.uk/magazine/ archive/2013/03/start/your-life-in-39m-squared

em Nova York, que serviu como modelo para a empresa que criou - LifeEdited. A proposta é difundir e auxiliar neste estilo de vida editado. Com projetos por Las Vegas, Nova York e até mesmo São Paulo, Hill tem a seguinte filosofia:

54 We can live happier, healthier and more sustainable lives with less stuff and less space.

Nomeado pelo New York Times (2012), como seu apartamento do futuro, o projeto com aproximadamente 39m2, contempla um único espaço que pode se transformar em quarto, sala de estar e até mesmo abrir espaço para uma mesa de jantar que acomoda 12 pessoas. Além disso pode ser dividido por uma parede deslizante, que abriga um quarto de hospedes para duas pessoas. Segundo ele, em seu video do TED Talk, “small is sexy”.


My Micro NY | nARCHITECTS

casa híbrida

Com uma lei de zoneamento atual que estipula um mínimo de 37m2 por unidade residencial em Nova York, o projeto do escritório nARCHITECTS conseguiu desenvolver um exemplo com área aproximada de 25m2, para que fosse possível disponibilizar apartamentos com preço mais acessível. Medida para facilitar o acesso de jovens com orçamentos limitados, que procuram um apartamento na cidade com um mercado imobiliário muito inflacionado. Essa unidades são as moradias reduzidas mais

55

recentes no mercado em Nova York. O projeto encontra-se em fase de construção e suas unidades modulares e pre fabricadas serão feitas na industria Brooklyn Navy Yard e empilhadas em Kips Bay ainda antes de julho deste ano. Segundo o Archidaily (2015), seus primeiros moradores devem ocupar as unidades até o final do ano. My

Micro

NY

oferecerá

55

apartamentos

individuais distribuídos por 9 Pavimentos. Sua planta conta com basicamente um cômodo reversível assim como os outros projetos citados anteriormente, seu pé-direito varia entre 2,7 a 3 metros.

►►Perspectiva externa, interna e plantas do projeto My Micro NY Fonte: www.archdaily.com.br/br/763437/primeirosmicroapartamentos-pre-fabricados-de-novaiorque-serao-concluidos-ainda-este-ano


conceitos


casa híbrida

Sustentabilidade | O conceito de sustentabilidade deverá fazer parte de todo o processo do projeto, desde a concepção até seu uso. Deve levar em consideração a preocupação com o meio ambiente de maneira direta e indireta. Pensando, por exemplo, nos materiais utilizados, prezando por materiais que não agridam o ambiente em seus mais diversos aspectos - desde materia prima até o seu retorno à natureza. Além disso, deve-se levar em conta também, a parte social. Pensando em como minimizar impactos

relacionados

a

falta

de

espaço

em grandes centros, por exemplo e como proporcionar uma maior adaptabilidade ao uso do espaço.Tudo isso deve ser feito em prol do bem estar do usuário, que deve se sentir bem no seu espaço de moradia. Uma casa deve ser acima de tudo, um lar. Onde o indivíduo possa chegar e se sentir bem, um lugar para onde queira voltar - e pensando nisso, possibilitar que essa construção possa ser transportada para outros lugares. Sem prender seu dono a um lugar específicio. Para comtemplar todos esses quesitos, dividiu-se o projeto em 4 macro etapas onde um conceito chave direciona cada uma delas.

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Inovação | Projeto

e aberturas de maneira adaptáveis. Outro ponto

Para a etapa de projetação, o conceito chave

que possam oferecer diversas opções para as

é a inovação. As todas de decisão devem

diversas necessidades de cada um.

levar em consideração ideias inovadoras, que proporcionem um maior ganho em questões ambientais ou de aproveitamento de espaço, por exemplo. Além do mais, está ligado diretamente também ao fato da proposta apresentar uma ideia de uma casa que não seja necessariamente com os padrões atuais.

Eficiência | Construção 58

A eficiência diz respeito a parte que compete a obra de fato. Que deve ser o mais limpa, rápida, sem desperdícios e para tudo isso, um método moderno e inteligente de construção. Para isso, será estudado o melhor método de construção que junto com o projeto alcance o nível esperado de eficiência.

será a possibilidade de diferentes módulos,

Aproveitamento | Desconstrução Por

último,

fechando

o

ciclo,

entra

o

reaproveitamento numa futura desconstrução dessa casa. O esperado é que o projeto quando alcançado seu poder máximo de uso, possa ser reaproveitado, e não simplesmente descartado.

Síntese | Por fim tem-se então um projeto que procura ter soluções inovadoras tranzendo novidades e um novo conceito de morar, mais compacto, mais efetivo, com uma construção inteligente e eficiente, para proporcionar um uso flexível, adaptável e transportável, que no fim possa ser reciclado e/ou reaproveitado para dar um início a

Flexibilidade | Utilização

outro ciclo. E tudo isso levando em consideração

O uso da casa, deve ser flexivel, desde os

uma residência que atenda as novas demandas

móveis até a construção num sentido global.

que começam a surgir desde então.

A ideia de poder transportar a casa é outro determinante que faz com que a casa seja compacta e tenha que ter um o seus espaços

a relação com novas tecnologias, vislumbrando


ci

ta b i l i d n e t

ade

Do termo latino innovatio, se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores.

sus

cia

ino

efi

ão

ên

v

casa híbrida

Tem origem no termo latim efficientĭa e refere-se à capacidade de dispor de alguém ou de algo para conseguir um efeito determinado.

te

ad

sus

Ela vem de “a”, mais “proveito”; e esta vem do Latim provectus, “proveito, progresso”, particípio passado de proficere, “conseguir, ter progresso, ser útil”, formado por pro-, “à frente”, mais facere, “fazer”.

e

59

n ta bilid

Do latim tardio flexibilitare, em seu sentido mais amplo, capacidade de adaptação, seja a situações voláteis ou na superação de obstáculos.

ei

lid

ov

ad

e

apr

ta

me

nto

fle

i b xi


bibliografia


casa híbrida BOTTON, Alain de; Trad. RODRIGUES, Talita M. A arquitetura da felicidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2007 BURNS, Edward McNall; Trad. GARSCHAGEN, Donaldson M. História da civilização ocidental. 30ª Ed. Rio de Janeiro: Globo, 1989 FARRELY, Lorraine; Trad. SALVATERRA, Alexandre. Fundamentos da arquitetura. Porto Alegre, 2010 FONTES, Fernanda de Faria. Arquitetura e novas tecnologias: uso do espaço através da influência das tecnologias de informação e comunicação nas relações sociais. Coronel Fabriciano, 2013 LEVY, Pierre; Trad. COSTA, Carlos Iriney da. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999 MARTINS, José Carlos (coord.). Desempenho de edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma abnt nbr 15575/2013. Fortaleza: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013 MASSARA, Bruno (2002). Conceitos sobre arquitetura primitiva e derivações. Artigo Online. Disponível em <http://www.territorios.org/teoria/H_C_primitiva.html> Acessado em: 12.04.15 as 15h34 REQUENA, Carlos Augusto Joly. Habitar Híbrido: Interatividade e Experiência na Era da Cibercultura. São Paulo, 2007 ROAF, Sue; FUENTES, Manuel; THOMAS, Stephanie; Trad. SALVATERRA, Alexandre. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. 4ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2014 VENANCIO, Heliomar. Minha casa sustentável: guia para uma construção residencial responsável. Vila Velha, 2010 ZABALBEASCOA, Anatxu; Trad. LEMOS, Maria Alzira Brum. Tudo sobre a casa. São Paulo: GG, 2013 SILVA, Guilherme Garcia Nunes. Protótipo para habitação de interesse social: industrializada e sustentável. Brasília, 2014

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casa hĂ­brida

o r e a l e o d i g i ta l - o c o n c r e t o e o v i r t u a l


casa hĂ­brida

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casa hĂ­brida

o r e a l e o d i g i ta l - o c o n c r e t o e o v i r t u a l


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