Cultura brasileira

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1 CULTURA BRASILEIRA 1. A CULTURA BRASILEIRA DA SEMANA DE ARTE MODERNA AOS DIAS ATUAIS: 1.1. Na cultura e nas ciências, o século XX não seria menos revolucionário no Brasil do que em outras regiões do mundo. No início do século, um movimento pelo encontro das raízes nacionais começaria a tomar corpo. Estender-se-ia por diversas décadas, mas teria seu ponto culminante nos anos de 1920. 1.2. Até então, a cultura nacional tinha a França como modelo. Entretanto, as mudanças ocorridas na arte européia acabaria levando artistas brasileiros a iniciarem um movimento de renovação cultural. Destacaram-se nesse movimento os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade, os pintores Emiliano di Cavalcanti e Anita Malfatti e o músico Heitor Villa-Lobos. O acontecimento mais importante foi a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo em fevereiro de 1922. 1.3. A partir de 1945, nova guinada nas artes nacionais. Parcela das elites paulistana e carioca empenhou-se na formação de grandes empreendimentos culturais, como a fundação de museus de artes plásticas, a montagem de companhias de teatro e de estúdios de cinema. Para esses empreendimentos, eram contratados profissionais estrangeiros, que traziam a vanguarda européia para o público brasileiro. 1.4. O período era de renovação e mudanças. Na literatura surgia um grupo de escritores jovens que ficou conhecido como Geração de 45. Na música popular, a revolução viria na época de Juscelino, com a bossa nova que daria dimensões internacionais à música brasileira. Tão jovem quanta ela, o Cinema Novo abriria caminhos inéditos para nossa sétima arte, enquanto pintores e escultores viveriam um processo de experimentação permanente. Na arquitetura haveria o fenômeno de Brasília, resultado da ação de três criadores singulares: Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. 2. A SEMANA DE ARTE MODERNA; 2.1. Em fevereiro de 1922, realizou-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna. Durante três dias, artistas brasileiros adeptos da arte moderna apresentaram-se no Teatro Municipal de São Paulo. Os nomes que mais se destacaram na Semana de Arte Moderna fora os dos escritores Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho, Oswald de Andrade; dos músicos Heitor Villa-Lobos e Ernani Braga; dos artistas plásticos Emiliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Vítor Brecheret. 2.2. Alguns membros do Partido Republicano Paulista e do jornal Correio Paulistano e uma parcela da nova burguesia paulista e carioca, como Armando Álvares Penteado, Paulo Prado e Alfredo Pujol, apoiaram e financiaram o evento. 2.3. Um dos objetivos do movimento modernista era reagir criticamente contra os padrões arcaicos e à invasão cultural estrangeira que despersonalizava o Brasil. A reação modernista implicava abrasileirar a cultura brasileira. Entretanto como explicava Mário de Andrade: “ Veja bem – abrasileiramento do brasileiro não quer dizer regionalismo nem nacionalismo... pra ser civilizado artisticamente, entrar no concerto das nações que hoje em dia dirigem a civilização da Terra, (o Brasil) tem que concorrer para este concerto com a sua parte pessoal, com o que o singulariza e o individualiza... 2.4. Entre os princípios da Semana de Arte Moderna, estava a defesa da liberdade de expressão e a incorporação das “mais modernas formas de expressão do estrangeiro”, não para copiá-las, mas para recriá-las de maneira própria. A autêntica expressão artística brasileira deveria conter elementos dos diferentes “brasis” : o rural e o urbano, o antigo e o moderno. Em maio do mesmo ano, Mário e Oswald de Andrade ajudaram a fundar a revista Klaxon (buzina de automóvel em francês), para sistematizar e divulgar as idéias modernistas. 2.5. No início do século XX, a cultura francesa dominava os meios artísticos e intelectuais brasileiros. Os principais expoentes de nossa intelectualidade liam e falavam o francês e viajavam constantemente para Paris a fim de realizar seus trabalhos ou buscar inspiração. Os modernistas de 1922 contestavam justamente esse comodismo cultural, essa produção transplantada da Europa.


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