MINAS PARA VIAGEM Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais, Edição 31, Outubro/2009
ÍNDICE
HISTÓRIA
6
TIRADENTES
Xará – Acervo MTur
SÃO JOÃO DEL-REI
Xará – Acervo MTur
EXPERIÊNCIA DE NATUREZA PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO ROLA-MOÇA
PARQUE ESTADUAL DO RIO DOCE
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Márcio Carvalho
MODERNIDADE BELO HORIZONTE
Henry Yu - Acervo: Belotur
PARQUE ESTADUAL DO RIO VERDE
PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI
PARQUE ESTADUAL DE NOVA BADEN
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO
PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO CIPÓ
PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA
CAPITÓLIO
Sérgio Mourão – Acervo SETUR-MG
10
Extrema
CHARME E ROMANCE
5
OURO PRETO
MONTE VERDE
Mon
12
BEM-ESTAR
Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais
ARAXÁ
SÃO LOURENÇO
Foto: Divulgação
POÇOS DE CALDAS
Sérgio Mourão Acervo SETUR-MG
Acervo PrefeituraMunicipal de Poços de Caldas
20 18 22 O QUE POSSO ENCONTRAR? Estância Hidromineral Artesanato Cachaça Aventura Turismo Rural
ESTRADA REAL DIAMANTINA
ARTESANATO E GASTRONOMIA TRENS DE MINAS
Patrimônio Histórico e Cultural
Cultura
Bem-estar
Arquitetura Histórica
Negócios
Gruta
Exposição Agropecuária
Estância Termal
Queijo Patrimônio Imaterial
Natureza
Romance
Voo livre
Observatório
Religioso
Gonçalves
nte Verde
Capital
Rios
Estradas
Estrada Real
0
50
100
200 Km
MARIA DA FÉ
Roger Arquet
O suplemento “Minas Para Viagem” é uma publicação especial Revista Viagens Gerais/DSC8 Editora Ltda. - Av. do Contorno, 6.888, 1° andar, Lourdes - Belo Horizonte, MG - CEP 30110-044 - Fone: (31) 3029.6854, Fax: (31) 3029.6851 Diretor Executivo: Dino Sávio - Editora-chefe: Claudia Tonaco - Jornalistas e Colaboradores: Claudia Tonaco, Dino Sávio, Vinicius Lacerda, Frederico Silva - Departamento Comercial: comercial@viagensgerais.com.br - Projeto gráfico, diagramação e revisão: Partnersnet Comunicação Empresarial (31) 3029.6888 - Fotos capa: Gabriel Araujo e Jaja Carneiro (Culinária Itapecerica) Pré-impressão e impressão: Rona Gráfica e Editora (31) 3303.9999 - Endereço eletrônico: www.viagensgerais.com.br
HISTÓRIA
O primeiro compromisso de
Gabriel Araujo/Divulgação
Casario colonial de Ouro Preto
A magia de Ouro Preto
No início eram as eternas brumas nas montanhas. Depois veio o ouro sedutor. Por fim, o espírito de Ouro Preto fez aflorar a primeira manifestação genuinamente nacional, o barroco mineiro, que ultrapassou as montanhas. Andar por Ouro Preto é subir e descer ladeiras que ainda guardam as histórias da antiga Vila Rica. É ver de perto a riqueza de seu patrimônio arquitetônico, as casinhas coloniais convi4
vendo com majestosas igrejas cobertas de ouro. É saborear a cozinha mineira, muito bem representada e servida nos ótimos restaurantes locais. Conheça o Museu de Arte Sacra, instalado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e entenda mais sobre uma época que misturava fausto e religiosidade. O Museu da Inconfidência, do Oratório e o de Mineralogia são obrigatórios. Para quem tem fôlego nada como fazer um trekking pelas trilhas ou subir até o Pico do Itacolomi e ter a visão do mundo aos seus pés.
Aproveite um dia bonito, desses que só o inverno sabe fazer, para conhecer o vilarejo de Lavras Novas. À noite, de volta a Ouro Preto, e depois de um dia bem vivido, deixe que as imagens das igrejas iluminadas lá no alto dos morros, flutuem, cercadas pela escuridão ao redor.
A singela Mariana
A grande atração desta pequena cidade é a Mina da Passagem, a maior mina de ouro do mundo,
Minas é com a liberdade.”
Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais
TA N C R E D O N E V E S
Saboreie Tiradentes
Ouça São João del-Rei
Na terra dos sinos, faça um tour a pé. Atravesse as pontes e observe o belo casario. Programe uma visita às igrejas barrocas Nossa Senhora do Rosário, do Carmo, das Mercês, de São
Francisco de Assis e da Matriz de Nossa Senhora do Pilar; assista a uma apresentação da orquestra Ribeiro Bastos e da Lira Sanjoanense; visite o Memorial Presidente Tancredo Neves e conheça o Museu do Estanho e seu acervo do século XVII, recolhido em naufrágios no litoral. Prepare-se para retornar na Semana Santa e se emocionar com a transformação da cidade, cujas ruas são forradas com tapetes coloridos feitos de serragem e do carinho da população.
Claudia Tonaco
Viajar por Tiradentes é como voltar no tempo. As ruas de pedra, os sobrados coloridos, as preguiçosas charretes e a intrépida Maria Fumaça conduzem o visitante ao passado colonial. As pousadas têm fama internacional e os restaurantes, premiados, capricham tanto na culinária mineira quanto na mundial. Tiradentes soube incorporar o tempero do mundo. História, cultura e gastronomia andam juntas, acompanhadas da alta hospitalidade.
Nos feriados, as ruas ganham um burburinho extra com a chegada de turistas das mais diversas partes do planeta, e um ar cosmopolita faz contraponto às heranças da paisagem. Embarque na Maria Fumaça, inaugurada por D. Pedro II, e faça um passeio até São João del-Rei. O cenário do percurso inclui singelas fazendas, o gado no pasto, o perfume do campo e os apitos do trenzinho brejeiro.
Claudia Tonaco
aberta à visitação pública. Com bons restaurantes, Mariana mantém bem preservado o seu delicado conjunto arquitetônico.
Rua de pedra compõe cenário em Tiradentes
As cores de São João del-Rei na Semana Santa
5
E X P E R I Ê N C I A D E N AT U R E Z A
A natureza não faz
Gabriel Araujo
Cachoeira Grande, na Serra do Cipó
Serra do Cipó
Para quem tem asas nos pés Uma serra que há quase dois bilhões de anos foi leito de um imenso e profundo mar azul se transformou numa região com enorme biodiversidade. Distante cerca de 130 km de Belo Horizonte, a Serra do Cipó é velha conhecida dos ecoturistas que a visitam, atraídos pela tranqüilidade e pelo contato com uma paisagem de 6
extrema beleza. Quem tem espírito de desbravador vai adorar passear, subindo e descendo a Serra, num mar de flores de todas as cores e espécies. São mais de 20 cachoeiras e você pode escolher em qual delas vai dar aquele mergulho perfeito. Se você não é de andar muito, vá direto para a Cachoeira Grande, que é a de mais fácil acesso. Agora, se você tem asas nos pés, ande durante três horas, atravessando campos floridos e rios cristalinos, só para descobrir a beleza da
Cachoeira da Farofa, que do nome não tem nada. O visual do local é maravilhoso e como recompensa você terá o prazer inenarrável de um banho na piscina natural que se forma na frente da sua enorme queda d’água, de 70 metros. Se você pretende ficar por mais tempo, fique sabendo que as pousadas são simples, mas confortáveis e mineiramente acolhedoras. O gostinho de Minas também vai ser encontrado nos diversos restaurantes da região, com uma comida caseira e tipicamente regional.
milagres, faz revelações.”
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Itacolomi Verde e história
Localizado no entorno de Ouro Preto, abriga atrações para os ecoturistas. A fauna é diversificada e, com sorte, pode-se observar vários animais, incluindo espécies ameaçadas. Com ótimas trilhas, expõe sua história no Museu do Chá e na Casa Bandeirista, que abriga a exposição permanente “Viajantes Naturalistas”. www.parquesdeminas.mg.gov.br/ itacolomi.html
Rio Doce Lagos e Mata Atlântica
De mirantes a grutas no parque do Ibitipoca
no País. Suas 40 lagoas têm as mais variadas espécies de peixes. A do Dom Helvécio é a mais procurada e o mirante situado próximo ao Centro dos Visitantes é ideal para fotos panorâmicas.
Evandro Rodney/Acervo IEF
Árvores centenárias, resquícios da Mata Atlântica e uma infinidade de animais nativos compõem um cenário já raro
Evandro Rodney/Acervo IEF
Carlos Drummond de Andrade
www.parquesdeminas.mg.gov.br/ rio_doce.html
Ibitipoca Espelho da Mantiqueira
Possui mirantes, grutas, piscina natural, cachoeiras e picos. É necessário preparo para chegar até o belíssimo mirante Janela do Céu, numa caminhada de 4h. Durante o percurso, os turistas fazem refrescantes pausas nas cachoeiras. Com 1.784 metros, o pico do Ibitipoca oferece uma panorâmica inigualável. www.parquesdeminas.mg.gov.br/ ibitipoca.html
Rio Preto Beleza extraordinária
Lagoa Dom Helvécio, no Parque Rio Doce
Próximo a Diamantina, tem quatro programações divididas em roteiros distintos: Mirantes, Pinturas Rupestres, 7
Fotos: Evandro Rodney/Acervo IEF
E X P E R I Ê N C I A D E N AT U R E Z A
Parque Ibitipoca
www.parquesdeminas.mg.gov.br/ rio_preto.html
Nova Baden Caminhadas com a natureza
Entre jacarandás, jequitibás e quaresmeiras, orquídeas, musgos e líquens, encontra-se também uma rica fauna. O turista poderá fazer longas caminhadas e percorrer trilhas para chegar às quedas d’água. Uma das mais apreciadas é a trilha da Cachoeira das Sete Quedas. www.parquesdeminas.mg.gov.br/ nova_baden.html
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Rola Moça Pôr do sol imperdível
Faça de tudo para ficar até o pôr do sol, quando o cenário ganha mágicas cores, consequência da confluência das serras do CurEvandro Rodney/Acervo IEF
Convivência com Fauna e Flora e Praias de Rios e Cachoeiras. Faz parte deste último a cachoeira do Crioulo, uma queda d’água de 30 metros.
Parque Rio Preto
Pôr do sol no parque do Rola Moça
ral, Moeda e Três Irmãos, que fazem os raios do sol se apagarem por entre as lombadas das serras. Bem preservado, é hábitat de espécies ameaçadas. www.parquesdeminas.mg.gov.br/ rola_moca.html
Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais
Ideal para escaladas Tem mais de 25 pontos de escaladas e rapel. Os turistas que já praticam escaladas procuram o pico do Soares. Ele é o mais alto, com 1.900 metros. É necessário usar técnicas próprias e ter experiência. Boas trilhas, um rico ecossistema e luxuosa vegetação estão a espera do visitante. www.parquesdeminas.mg.gov.br/ brigadeiro.html DICA – Para tirar maior proveito do seu passeio, vá aos centros de visitantes dos parques. Informe-se sobre pontos mais perigosos para evitar acidentes.
Maravilhas naturais no Circuito das Grutas
No total são 12 municípios abrigando mais de 600 cavernas e 120 sítios arqueológicos que são diversão certa para os ecoturistas e os praticantes do turismo de aventura. A beleza escondida da luz do dia faz brilhar os olhos dos que se deparam, extasiados, com as imensas galerias.
Os desenhos que foram traçados em escalas gigantescas e o formato das rochas, impressos durante milhares de anos, deleitam hoje os visitantes. Conhecer as grutas de Maquiné, em Cordisburgo, Rei do Mato, em Sete Lagoas, ou a Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa é um programa imperdível para os aficionados. Todas elas estão abertas ao público. Reserve pelo menos um final de semana para percorrer o Circuito das Grutas que ainda inclui o Museu Casa Guimarães Rosa e o Memorial Chico Xavier. www.circuitodasgrutas.com.br
Em busca do lazer náutico, em Capitólio
Em Capitólio está o lago de Furnas, um dos maiores lagos artificiais do mundo. Quem vai a Furnas, não perde a oportunidade de fazer alguma atividade náutica como também aproveita para conhecer os imensos cânions, paredões com até 20 metros de altura, fazer um passeio por trilhas que atravessam pequenas matas e chegar até a cachoeira Lagoa Azul. www.capitolio.mg.gov.br
Eduardo Tropia
Serra do Brigadeiro
Marcas milenares da natureza impressas na gruta da Lapinha
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CHARME E ROMANCE
Felicidade se acha é
Associação Circuito Turístico Serras Verdes
Em Monte Verde o amor está no ar
O clima da montanha deixa os casais mais juntinhos. Os bosques da Serra da Mantiqueira compõem o cenário perfeito para quem sonha com uma viagem de lua de mel. As pousadas charmosas convidam para uma estadia romântica, com jantares à luz de velas e namoros 10
Associação Circuito Turístico Serras Verdes
Fondue em Monte Verde, o mais romântico destino do Brasil
Paisagem típica da Mantiqueira, em Monte Verde
em horinhas de descuido.”
Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais
aquecidos pelas lareiras. A 499 km de Belo Horizonte e a 1.500 m de altitude, Monte Ver-
Roger Arquet
GUIMARÃES ROSA
de é o destino turístico mais romântico do Brasil. No inverno, essa sensação é por muitas vezes multiplicada, mas não a subestime. Também no verão, Monte Verde faz jus à sua fama. A charmosa vila, no distrito de Camanducaia, sul de Minas Gerais, recebe não apenas casais enamorados, mas também famílias em busca de tranquilida-
A hospitaleira e singela Maria da Fé...
contemplação, os visitantes disfrutam do conforto aconchegante dos hotéis e da gastronomia, que satisfaz o paladar e acolhe o
Roger Arquet
de. Além de momentos de pura
espírito. Quem vai a Monte Verde não esquece jamais.
Na calorosa temperatura de Maria da Fé
O turista que for ao sul do Estado precisa conhecer Maria da Fé, a cidade mais fria de Minas.
... e o cenário exuberante que a envolve
Encantadora, Maria da Fé con-
dos fogões a lenha e são ser-
para conhecer as plantações
quista o turista com um tipo de
vidos como manda a calorosa
orgânicas de oliveiras e o pro-
hospitalidade muito peculiar,
hospitalidade local.
cesso de produção do excelente
que tem como pano de fundo
Leve para casa o elaborado ar-
azeite da região. Faça tudo isso
o som das rodas de viola, pra-
tesanato local e veja os lindos
no ritmo do povo de Maria da
tos fumegantes, deliciosamente
murais da Matriz de Nossa Se-
Fé, com tranquilidade, deva-
típicos, que saem das chamas
nhora de Lourdes. Tire um dia
garzinho, sem pressa. 11
B E M - E S TA R
A vida necessita
Gilson de Souza
Complexo Termal do Barreiro
Em Araxá, para voltar a viver
Com localização privilegiada e diversidade de atrações, Araxá surpreende os turistas que chegam para uma temporada de lazer e muito descanso. A maior riqueza, proveniente de suas terras, são as fontes de água mineral. Durante o Ciclo do Ouro, foram elas as responsáveis por atrair exploradores, tropeiros e aventureiros. Ao observar as qualidades do solo e da água, que chegava a engordar misteriosamente o 12
gado, criaram ali um povoado. Em 1816, vieram os banhos de lama que Dona Beja costumava tomar, exatamente num terreno onde há milhões de anos ensaiava-se a formação de um vulcão e que hoje abriga o Complexo Termal do Barreiro. Facilmente detectado, o desenho da cratera está registrado na geografia do local. Essa proximidade com os grandes centros, o clima ameno e as fontes com propriedades medicinais, os passeios despretensiosos que incluem uma visita ao museu Dona Beja, a compra dos famosos sabonetes de lama e dos doces, marcas registradas
da cidade, fazem de Araxá o lugar ideal para descansar. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, o hotel que está na região do Barreiro, por si só vale o passeio. A imponente arquitetura, os jardins de Burle Marx, a decoração elegante e o serviço acolhedor servem de pano de fundo para quem deseja usufruir das qualidades terapêuticas das Termas de Araxá, que funcionam dentro do hotel. O spa e a piscina emanatória completam as atrações. Uma dica: solicite um tour pelas dependências do hotel para saber das histórias surpreendentes do edifício e da própria Araxá.
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de pausas.”
Carlos Drummond de Andrade
Caxambu
Um spa entre as montanhas Repousando aos pés da serra da Mantiqueira, Caxambu ostenta o título de maior complexo hidromineral do mundo. Quem visita o seu parque das Águas se delicia com as fontes borbulhantes e ferruginosas usadas no tratamento de doenças. Ao
rico para ver a cidade lá embaixo
passeio pelas redondezas.
e alcançar, com o olhar, os 1.090
O turista que não abre mão de
metros do morro do Caxambu.
um belo suvenir encontrará
Na descida, à sua espera, estão as
um comércio variado, com lo-
charretes e os passeios de peda-
jas de artesanato, artigos típi-
linho, tão bucólicos quanto um
cos e as mais autênticas igua-
final de tarde contemplando as
rias da terra.
belezas de Caxambu.
Para conhecer a história local,
São Lourenço
Tancredo Neves, na Casa de
Ideal para relaxar
a sugestão é visitar o Memorial Cultura, localizada na antiga estação ferroviária. E como
todo são 12 fontes com proprie-
Seguindo a trilha do Circuito
dades curativas.
das Águas, a próxima parada
aproveite e faça um passeio
Experimentar as casas de banho
é São Lourenço. Aqui também
de Maria Fumaça. Embarque
é se deleitar com momentos de
o propósito é relaxar e desinto-
no Trem das Águas e aprecie a
puro relaxamento. Após uma
xicar o corpo. O clima típico do
paisagem, respire o ar puro das
inesquecível sessão de spa, é hora
sul de Minas continua presen-
montanhas até chegar a Sole-
de interagir com a paisagem. Co-
te. Alugue um cavalo e saia na
dade de Minas, para começar
mece com um passeio de telefé-
companhia de um guia para um
então uma outra viagem.
Claudia Tonaco
todo mineiro adora um trem,
Parque das Águas, em São Lourenço
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B E M - E S TA R
Poços de Caldas
No ritmo das águas
Gabriel Araujo
A 1.186 metros de altura, na região da serra da Mantiqueira, sul de Minas, a 468 km de Belo Horizonte, o clima serrano de Poços de Caldas é um convite a agradáveis férias. Nos dias mais frios do inverno, a temperatura pode chegar a 0ºC. No resto do ano, uma brisa fresca e agradável toma conta da cidade. A paisagem favorece os momentos de repouso. A vocação para o turismo é praticamente uma consequência da sua situação
geográfica. Conhecida por suas águas medicinais e pelo alto padrão de qualidade de vida, Poços de Caldas repousa sobre um vulcão inativo. Aos viajantes oferece o calor de fontes hidrotermais, de comprovadas ações terapêuticas. Hotéis e pousadas confortáveis, bons restaurantes, antigas e novas atrações deixam a viagem mais gostosa ainda. Para quem procura relaxar, esses já são motivos de sobra para fazer com que Poços de Caldas seja escolhida como destino de lazer. Hoje, a maior atração da cidade se chama Sinfonia das Águas. O
Sinfonia das Águas, em Poços de Caldas
14
espetáculo, com uma seleção variada de músicas, coreografias, efeitos de luz e som, reúne moradores e turistas para aplaudir a orquestra sinfônica de Poços de Caldas, e maestros e artistas, entre cantores, músicos, coral e bailarinos, responsáveis pela performance. O cenário escolhido é o parque José Affonso Junqueira e uma das fachadas do Palace Hotel, o mais tradicional e um dos cartões-postais da cidade que se transforma num palco iluminado. No dia seguinte, a viagem espetacular continua pelas ruas de Poços de Caldas.
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ESPÍRITO RURAL
Sérgio Mourão - Acervo Setur/MG
A rica história econômica de Minas produziu muito mais do que ouro, diamantes, café, leite, aço, cachaça, queijo ou minério de ferro. Cada ciclo vivido deixou no interior do Estado marcas indeléveis da cultura mineira. Uma delas, as fazendas. Porque Minas e fazenda são sinônimos. Casarões, ou nem tão grandes assim, desenhados entre montanhas, rodeados por cerca de tábuas, quintal, varanda, pomar, bica d’água, muros de pedra, curral, carro de boi cantando e o coração lá. E uma bucólica estrada de terra capaz de parar o tempo.
É dentro delas que o oculto do mistério se escondeu. Tem os causos, tem assombração, tem a canjiquinha de milho, a couve rasgada, o “torresmim”, a costelinha de porco, o feijão tropeiro, o lombinho recheado com angu, uma cachaçinha tomada na canequinha de louça. Para fechar ou abrir o dia, um “cafezim” com rapadura, biscoitos de polvilho, broinhas, pão
de queijo e o acalanto de uma viola caipira para nos deixar mais próximos da eternidade. Depois, tem um dedo de prosa para comer com os doces. Ah! Os doces das fazendas... Se há uma coisa que nos intriga é: por que Deus permitiu que se criassem as cidades? Veja onde encontrar esses cenários acessando: www.villasefazendas.com.br
Xará - Acervo MTur
Fazendas, a paz que todos nós precisamos
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MODERNIDADE
Sei que nada será
Claudia Tonaco
Belo Horizonte com Parque Municipal em primeiro plano
Muito mais do que um belo horizonte
Pioneirismo e audácia são sinônimos de Belo Horizonte. Primeira cidade moderna planejada no Brasil, ela soube preservar em seu DNA a semente do amanhã. Embora jovem em seus 112 anos, a capital das Minas Gerais tem uma história marcante na vida da nação. Berço de idéias e de experimentalismo, BH nunca teve medo de ousar. A começar pela sua própria concepção ur16
banística, ao se contrapor ao barroco colonial, buscando uma forma federativa de apresentar um novo país ao mundo. Sob a batuta de Juscelino Kubistchek, então prefeito, Belo Horizonte começou a desenhar outra etapa para o Brasil, uma nova inconfidência urbanística que rompia de vez com o seu passado colonial e também com as influências européias e americanas. O conjunto arquitetônico da Pampulha surpreendeu o mundo com sua simplicidade extremamente sofisticada, suas formas revolucionárias, seus jardins encantadores e a
afirmação artística de talentos como Oscar Niemayer, Cândido Portinari, Alfredo Ceschiatti e Roberto Burle Marx. Juntos eles provaram que éramos capazes de pensar e construir uma nação por conta própria e de termos, enfim, um Brasil culturalmente brasileiro. Tal efervescência criativa marcou definitivamente uma das muitas vocações da cidade: a cultura. De suas ruas, avenidas, praças e esquinas surgiram idéias, textos, traços e músicas que romperam barreira de montanhas, de rios e lagos, dos mares e do som e levaram ao
como antes, amanhã.”
Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais
M i lt o n N a s c i m e n t o / R o n a l d o B a s t o s
é a nossa Beagá. Nossa, de todos os brasileiros, universal. Mas Belo Horizonte soube cuidar de outros aspectos importantes de uma cidade que se quer moderna. É a primeira em qualidade de vida para seus habitantes e uma das dez melhores cidades para se fazer negócios na América Latina, a segunda no Brasil. E ostenta índices acima da média nacional quando se trata de infra-estrutura, marketing e capacidade empresarial, segundo estudo realizado pelo Ministério do Turismo, Fundação Getúlio Vargas e Sebrae. Seu serviço de táxi, modelo para muitos países, é considerado o melhor em toda a América Latina. Tal desempenho tem atraído
eventos de importância mundial como a Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID; o Encontro das Américas; o Encontro Econômico Brasil- Alemanha e a Ecolatina. Em breve será uma das mais importantes sedes da Copa do Mundo de 2014. Planejamento urbano, cultura, saúde, negócios, infraestrutura, capacidade empresarial, vida noturna, tudo isso faz da capital uma cidade que não cansa de se renovar. Por isso, seja muito bem vindo a Belo Horizonte, uma cidade que continua sendo pensada para o amanhã, mas que nunca abandonou seu passado acolhedor e sua generosidade para aqueles que a visitam.
Gabriel Araujo
mundo o singular jeito mineiro de ver e interpretar o mundo. Belo Horizonte foi abrigo para Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Milton Nascimento, Guignard, Amilcar de Castro, Murilo Rubião, Fernando Sabino, Fernando Brant, Ziraldo, Henfil, Lô Borges, e a moçada do Skank, Pato Fu, Jota Quest, Sepultura, para as trupes do Grupo Corpo e Galpão. Mas também soube ser colo para povos de todo o mundo, abrigando aqui festivais internacionais como o de Teatro Palco e Rua, de Curtas, de Corais, de Teatro de Bonecos, entre outros. Cidade dos 20 mil bares que fazem suas noites fervilharem. Eclética, intimista, rural, plural, global, assim
Cenas da vida noturna
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A R T E S A N AT O E G A S T R O N O M I A
Minas feita à mão
Setur/MG
Mais do que um simples suvenir, uma expressão artística. Quem passa por Minas deve esticar a viagem para conhecer os encantos do artesanato mineiro. Histórias e costumes dão formas a objetos que revelam tradições regionais e a riqueza cultural do povo. Seja de barro ou pedra-sabão, a arte popular mineira já ganhou o mundo. Comece sua temporada de compras no pequeno arraial de Bichinhos, a 8 km de Tiraden-
18
Fiz boa viagem na minh e broa de fubá (...) para
tes. Com detalhes marcantes, móveis, quadros e objetos talhados em material de demolição fascinam os turistas que passeiam pelas ruas do arraial. Do ferro retorcido surgem lustres e castiçais. Porém, nada se compara ao charme das famosas bonecas de cabaça que ficam nas soleiras das janelas “vendo” o tempo passar. No nordeste de Minas, a beleza rústica do sertão é fonte de inspiração para os artistas populares. Planeje seu roteiro e dê uma passada pelo Vale do Jequitinhonha para ver a vida do homem ser-
tanejo retratada em peças finas de cerâmica, algodão e madeira. Aproveite para comprar uma moringa ou uma boneca de barro. Antes de se despedir do Vale, passe em Diamantina e aumente sua bagagem com um dos famosos tapetes arraiolos tecidos com fios de lã e bordados à mão. Se sobrar um tempinho, visite, sem nenhum sentimento de culpa, as lojas de joias semipreciosas feitas com pedras e cristais de rochas típicas da região. Afinal de contas, a vida é feita de prazeres e um deles é curtir Minas Gerais.
ha bagagem veio requeijão meu bem agradar.”
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R u b i n h o d o Va l e
Gabriel Araujo
Trem bão a toda hora
Se a atração de seu brilho fez de Ouro Preto a maior cidade das Américas no século XVIII, o ouro e o diamante também temperaram a culinária das Minas Gerais. Índios tentaram resistir aos portugueses, que tentaram resistir às invasões dos bandeirantes paulistas, que necessitavam dos escravos vindos do porto do Rio de Janeiro. Do nordeste, chegaram o gado e produtos agrícolas para abastecer uma legião de esperançosos. Do norte, vieram os novos aventureiros e, do sul, bandearam os gaúchos com suas mulas, o char-
que e a carne bovina. O encontro de todos, alimentado pelo mesmo sonho de riqueza, criou uma culinária única. De mistura em mistura, surgiram o frango ao molho pardo, com quiabo e angu, o feijão tutu e tropeiro, a costelinha com canjiquinha e couve rasgada, o torresmo com linguiça, a mandioca com carne de sol, a farofa de ovos e o inesquecível caol, um autêntico PF com carne, arroz, ovo e linguiça. Se feito em fogão de lenha, é um manjar para os deuses. Para abrir o apetite, uma cachaçinha, sem esquecer a parte que é do santo. Dependendo da região, um licor de Pequi ou de Jabuticaba cai muito bem com uma so-
bremesa. Em Minas, doce também é a vida. Sendo assim, uniuse o queijo e a goiabada, uma combinação tão perfeita que só mesmo um nome como Romeu e Julieta caberia nesse paladar. Tem ainda o Doce de Leite (com queijo), o Doce de Mamão “raladim”, a Ambrosia, o Quindim, Arroz-doce, Bom-bocado, Pé de Moleque, Sopa Dourada, o Doce de Figo, de Cidra, Mingau de milho verde com canela, o Papo de Anjo... Intermináveis sabores. Em Minas, terra da hospitalidade, um cafezinho com pão de queijo, bolo ou biscoito são o cartão de boas-vindas aos forasteiros que chegam para conhecer as nossas muitas atrações. 19
ESTRADA REAl
Vem andar comigo, numa bei ensolarado que eu achei pra
Sérgio Mourão/Acervo Setur-MG
Ponte sobre o rio Jequitinhonha, Serro
Pela estrada afora
A Estrada Real ressurgiu dos livros de história para receber visitantes do mundo inteiro. Seu nome vem do passado colonial brasileiro, quando apenas sob a autorização da coroa portuguesa eram abertos os “caminhos reais”, vias de acesso ligando as minas de ouro e diamantes do interior do país ao litoral, com o objetivo de embarcar nos portos as riquezas rumo a Portugal. Era o período batizado como “Ciclo do Ouro” e, por essas estradas, seguiam pessoas e 20
mercadorias. Naquela época, era intenso o trânsito de tropeiros, escravos, mascates, bandeirantes, imigrantes paulistas, baianos e pernambucanos, europeus, administradores do rei, fiscais e milícias oficiais, assim como os carregamentos de ouro e diamante. A Estrada Real hoje é formada por três caminhos. O Caminho Velho, ligando a região das minas de ouro (Ouro Preto) a Paraty; o Caminho Novo, construído posteriormente por Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias Paes; e o Caminho dos Diamantes, aberto em 1729 com a desco-
berta dos diamantes no Arraial do Tejuco e mais tarde estendido até a cidade de Diamantina. O percurso pela Estrada Real é uma complexa mistura de história, cultura, gastronomia, ecoturismo e esportes radicais. Num único dia, o turista entra em contato com a rica arte barroca, visita museus e igrejas, ouve as histórias do povo mineiro, faz uma cavalgada ou uma trilha por uma paisagem de cartãopostal, toma banho de cachoeira e termina o dia conhecendo novos e deliciosos pratos típicos, com receitas passadas de geração em geração.
ira de estrada, desse lado caminhar.”
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LÔ BORGES
A terra das serestas
inclui seguir pelo caminho dos escravos, visitar a gruta do Salitre e conhecer as cachoeiras do Sentinela e dos Cristais. Já na cidade, o melhor é caminhar pelas ruas de pedra ouvindo as histórias locais que misturam poder, ouro, diamante e sedução. A casa de Chica da Silva e a de Juscelino Kubitschek, o Museu do Diamante, o mercado dos Tropeiros e as várias igrejas fazem parte do passeio. Aprecie o conjunto arquitetônico dos casarões, erguidos no tempo dos garimpos. Charmosas pousadas e bons restaurantes deixam a estadia em Diamantina ainda mais prazerosa.
Gabriel Araujo
Diamantina fica a 284 km de Belo Horizonte e é a síntese do Circuito dos Diamantes. Ponto extremo da Estrada Real, a terra de Chica da Silva está cercada de grutas e cachoeiras. Quem ainda não teve a oportunidade de estar em Diamantina na época das Vesperatas, deve fazê-lo. Seguindo a mais pura tradição das bandas de música mineiras, a Vesperata é um espetáculo de grande porte, em que os músicos tomam conta da cidade, envolvendo o cenário colonial com
as mais belas melodias. O show de fanfarras e serestas começa e o público, que assiste a tudo das mesinhas da rua da Quitanda, se empolga, emociona e pede bis aos corais, grupos folclóricos e seresteiros, bandas e orquestras, que seguem tocando noite adentro. No dia seguinte, a opção é continuar no ritmo colonial da cidade barroca e conhecer os museus e igrejas, ou lavar a alma participando de um trekking, rapel ou simplesmente dando um mergulho em uma das várias cachoeiras da região. Para quem gosta de atividades ao ar livre, um roteiro básico
Vesperata é atração em Diamantina
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TRENS DE MINAS
A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar.”
FERNANDO BRANT
Claudia Tonaco
Maria Fumaça em Tiradentes
No compasso dos trilhos
Andar numa Maria Fumaça mineira é um dos passeios mais gostosos para se fazer em família ou na companhia de amigos. As pequenas viagens feitas a bordo das antigas locomotivas cortam o cenário campesino e rural. O Trem das Águas percorre um trecho de 10 km entre as cidades de São Lourenço e Três Corações, no sul do Estado. Durante o percurso, os passa22
geiros são surpreendidos com a apresentação de violeiros, que caminham de vagão em vagão cantando belas músicas do folclore mineiro. Ainda no sul do Estado, outro trem em funcionamento leva, todos os finais de semana, turistas da cidade de Passa Quatro até a estação Coronel Fulgêncio, na Serra da Mantiqueira. Antes de embarcar, pode-se ver exposição de fotografias e ouvir música regional. Ao desembarcar, pode-se conhecer
a estação que já foi cenário de filmes e séries de TV. A Maria Fumaça de Tiradentes é famosa e leva os visitantes até a cidade de São João del-Rei. Fique atento aos horários, pois o passeio é concorrido e você pode ficar sem seu bilhete se chegar em cima da hora. Ligando Ouro Preto a Mariana, está uma elegante locomotiva revestida de madeira, que faz este percurso desde 1949. São 18 km que mostram paisagens típicas com cachoeiras e serras.
Suplemento Especial Minas Gerais Revista Viagens Gerais
A vastidão desses campos. A alta muralha das serras. As lavras inchadas de ouro. Os diamantes entre as pedras. Negros, índios e mulatos. Almocrafes e gamelas. Os rios todos virados. Toda revirada, a terra. Capitães, governadores, padres intendentes, poetas. Carros, liteiras douradas, cavalos de crina aberta. A água a transbordar das fontes. Altares cheios de velas. Cavalhadas. Luminárias. Sinos, procissões, promessas. Anjos e santos nascendo em mãos de gangrena e lepra. Finas músicas broslando as alfaias das capelas. Todos os sonhos barrocos deslizando pelas pedras. Pátios de seixos. Escadas. Trecho do poema Boticas. Pontes. Conversas. Romance XXI ou das Idéias Gente que chega e que passa. Cecília Meireles E as idéias.
Tudo aqui levou séculos para chegar à perfeição. Inclusive o requinte.
Cozinha da Casa Sede Santa Marina - Crédito: Fernando Piancastelli
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Fazendas de Minas
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Maria da Fé
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