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Jornal Ibiá Montenegro - Terça-feira, 03 de Novembro de 2009

educação

ADAPTAÇÃO NECESSÁRIA / ENSINO TRADICIONAL É DESAFIADO A AGREGAR NOVOS MÉTODOS

AS QUATRO GRANDES ÁREAS

Os desafios do novo Enem Leonardo Meira redacao17@jornalibia.com.br

Fórmulas prontas, conceitos milimetricamente repetidos por vezes a fio e conhecimentos desvinculados entre si. Essas são apenas algumas das práticas, já incorporadas pelo modelo de ensino tradicional, que estão na berlinda faz bastante tempo. Esse olhar vigilante de quem deseja reformular a educação das escolas brasileiras acaba de ganhar uma aliada de peso. É a nova metodologia adotada pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), batizada

de Teoria de Resposta ao Item (TRI) e concatenada no modelo de habilidades e competências. Ela promete alavancar e tornar mais rápida a implementação de um ensino interdisciplinar no país. Em linhas gerais, as mudanças podem ser sintetizadas na morte da decoreba. Um desafio e tanto para quem já está acostumado a trabalhar com base em um modelo que aliena os conteúdos aprendidos da realidade. O cerne da discussão se encontra aqui: de que serve um conhecimento que não ajuda a viver? Qual é seu verdadeiro papel? O que, de fato, representa?

O fim da decoreba? Mesmo que o caldo das dúvidas seja bem mais espesso que o das certezas, uma coisa é definitiva: há uma defasagem gigantesca entre o que ora é proposto pelo Enem e a realidade “de fato” nas escolas. “Não se aprende a pensar, e muito menos a pensar sobre o próprio processo de aprendizagem. O ensino é causador de sofrimento na medida em que não contempla necessidades básicas do ser humano como, por exemplo, ser autor de seu próprio conhecimento”, salienta a doutora e professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisc, Nize Pellanda. “De modo geral”, continua, “os educadores negam isso quando exigem atitudes de reprodução e ao se comportarem como se fossem os detentores do conhecimento e os alunos, meros receptáculos”. Daí a necessidade de as es-

colas girarem o eixo de rotação de suas metodologias, indo ao encontro do entendimento de que viver é inseparável do conhecer. “O ensino tradicional é esquizofrênico na medida em que leva a uma divisão entre o que o aluno deve conhecer e o que ele precisa para se tornar autor de sua própria vida. É preciso pensar que o jovem que diz sim a si próprio, que é autor de si mesmo, é aquele que pode dizer não à droga. Nesse sentido, a educação não está preocupada com a felicidade do aluno”, conclui a professora Nize.

Doutora Nize Pellanda

# Ciências da Natureza e Tecnologias # Ciências Humanas e Tecnologias # Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação # Matemática e suas Tecnologias Os eixos cognitivos comuns às áreas: 1) Dominar linguagens 2) Compreender fenômenos 3) Enfrentar situaçõesproblema 4) Construir argumentação 5) Elaborar argumentação Cada área também possui matrizes de referência específicas, com suas respectivas competências e habilidades próprias

O TRI - SISTEMA ANTI-CHUTE O método da Teoria de Resposta ao Item (TRI) analisa as questões respondidas corretamente pelo estudante e dá um peso específico para cada acerto. As perguntas são divididas em grupos (fáceis, médias e difíceis), de tal forma que as de maior dificuldade garantem mais nota para o aluno. A estrutura funciona como um sistema anti-chute. Se o aluno chuta a resposta, a nota diminui. A comparação é feita através

de estatísticas: se o estudante não acertou muitas perguntas fáceis, a chance de marcar a resposta certa em uma questão difícil com base no chutômetro é maior. Isso privilegia o conhecimento aprendido de fato, não apenas sistematizado com base na decoreba. Contudo é preciso desmistificar alguns pontos para quem está um tanto apreensivo com a novidade:

# Erro 1 – deixar respostas em branco Essa possibilidade deve ser jogada para o escanteio. Emjo bora bo o chute possa ser detectado e causar diminuição na nota, no mais vale o acerto casual

do que nada. O chute não tira pontos, apenas impede a pontuação máxima daquela questão; # Erro 2 – adivinhar as perguntas mais difíceis Sair à cata das perguntas mais difíceis (que garantem mais nota) é uma furada. O tempo precioso da prova pode escassear em uma tarefa inútil; # Erro 3 – pensar que a TRI muda tudo A melhor coisa é fazer a prova naturalmente e deixar a TRI de lado. Especialistas comprovaram que o desempenho dos alunos é praticamente o mesmo com o uso do novo método, com a diferença de que as notas melhoram. Fonte: Guia do Estudante / Abril

É necessário persistir A professora de Língua Inglesa Silvia Menezes, mais conhecida como “Teacher Mana”, busca trabalhar uma série de assuntos diferentes em sala de aula. “O objetivo da disciplina não é exaltar a cultura norte-americana”, destaca. Defensora do ensino interdisciplinar e do uso de novas tecnologias

na educação, ela aponta dois desafios para a implementação desse modelo: a tradição pedagógica já solidificada entre os professores e, de certa maneira, até uma acomodação dos alunos em relação ao formato das aulas. “Mas é preciso continuar insistindo. Uma hora acontece”, espera.

Novas tecnologias são incentivadas pela professora


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