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país

Jornal Ibiá Montenegro - Sábado e Domingo, 17 e 18 de Outubro de 2009

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Transposição muda paisagem e leva água para 12 milhões em PE, CE, PB e RN

TRANSPOSIÇÃO / QUATRO ESTADOS DO NORDESTE ESPERAM QUE OBRAS NO RIO SÃO FRANCISCO AMENIZEM PROBLEMAS DA SECA

Rio traz esperança para os nordestinos Leonardo Meira redacao17@jornalibia.com.br * com reportagem de Vinícius Tavares, enviado especial da Associação dos Diários do Interior (ADI-Brasil) e Centro de Notícias Regionais (CNR)

A obra de transposição do Rio São Francisco é considerada um dos projetos mais ambiciosos da história do país. Desde o dia 14, uma comitiva presidencial está no Nordeste em visita a trechos da empreitada. Seja por terra ou pelo ar, Lula e assessores visualizam o caminho a ser percorrido pelas águas que

abastecerão 12 milhões de brasileiros nas regiões mais castigadas pela seca. Entre os locais visitados, destaque para os pontos de captação de água no lago de Itaparica, em Floresta (PE), e as obras de dragagem e controle da erosão do “Velho Chico”, em Buritizeiros (MG) e XiqueXique (BA), alguns dos polos de revitalização. “Nós achamos que é importante levar água, que vai perenizar alguns rios existentes e, ao mesmo tempo, manter os açudes em um nível com água, para que a gente possa fomentar a pequena agri-

cultura e a irrigação em muitos Estados da federação”, disse Lula durante as visitas. A transposição do rio é idealizada desde os tempos de Dom Pedro II e cercada de polêmicas, principalmente os supostos impactos que poderá provocar no regime de chuvas, fauna e flora da região, além de possível perda no volume do rio. Com orçamento inicial na casa dos 6 bilhões de Reais, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a transposição tem duas frentes de trabalho. O eixo norte inicia no ponto

de captação em Cabrobó (PE) e acaba no sertão do Ceará, percorrendo 21 municípios. O sistema é alimentado por seis estações de bombeamento distribuídas nos 426 quilômetros de extensão. Já o eixo leste, que deve ser concluído até dezembro do ano que vem, apresenta três estações de bombeamento espalhadas ao longo de 287 quilômetros, entre Floresta (PE) e Monteiro (PB). O piso arenoso dos leitos que darão vazão à água do São Francisco passam por impermeabilização e receberão placas de concreto na base.

Esperança é uma palavra que, de uns tempos para cá, começou a fazer parte do vocabulário de Maria do Socorro dos Santos, 62 anos. Ela acredita que a estrutura que as vilas rurais oferecerão vai fazer muitas pessoas desistirem de abandonar o sertão. “Tem que melhorar e acredito que vai”, deseja.

Foco é na diminuição de impactos e danos A 12 meses das eleições presidenciais, a obra já transforma a paisagem da caatinga e do semi-árido nordestino. Caminhões, escavadeiras e perfuradores de rochas fazem parte do cenário, além dos mais de 8,4 mil trabalhadores, entre operários, técnicos, engenheiros e responsáveis pela logística médica e nutricional. “A maioria dos operários é da Paraíba, mas veio gente de Goiás, Minas Gerais, Paraná e até do Mato Grosso”, revela o motorista de caminhão Emídio Alves, 50 anos, de João Pessoa. A Paraíba é o Estado em que a falta de água é mais severa. “O estado está praticamente estagnado”, Calhas abertas em diversos pontos do solo nordestino revela o também paraibano Fre-

derico Fernandes, engenheiro do Ministério da Integração Nacional responsável pelos eixos norte e leste da transposição. Ele explica que todos os procedimentos recomendados pelo Ibama para a redução dos impactos no ecossistema da região foram adotados. “Toda a obra segue rigorosamente o que determinam os estudos de impacto ambiental”, informa. Cerca de 20 programas de compensação sócio-ambiental fazem parte do projeto de revitalização e transposição do rio. Um dos mais importantes trata do deslocamento das famílias que moram nas áreas atingidas. Para a construção dos novos ramos do São Francisco,

são desapropriados moradores que vivem em área de até 200 metros das margens dos dois leitos. Cerca de 780 famílias já foram transferidas para vilas rurais compostas por escolas e postos de saúde e que estão sendo construídas em locais próximos dos centros de captação. As famílias vivem basicamente do plantio de cebola, milho e feijão, bem como da criação de cabras, e devem receber casas e um lote de meio hectare para continuar produzindo. Também faz parte dos projetos de compensação o pagamento de uma bolsa mensal no valor de R$ 1.200,00 por família, até que a produção volte ao estado normal.


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