educação
Jornal Ibiá Montenegro - Terça-feira, 03 de Novembro de 2009
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Estudantes atentos às mudanças
A professora de Física e Matemática, Veridiana Azeredo, enfatiza que o Novo Enem não torna dispensável o que é ensinado na escola. “Pelo contrário, ao sair da decoreba, ajuda a se perguntar sobre o porquê do aprendizado. Apesar de o processo ser demorado, se torna um conhecimento efetivo”, sublinha.
A professora Veridiane Azeredo e, respectivamente, os alunos Carla Brito, Paula Manfron, Maiara Braun, Nathália Krein e Lourenço Macedo
“Quem aí está inscrito no Enem?”. Quase todas as mãos da sala se erguem para responder afirmativamente à pergunta. Os alunos da turma “132 laiá”, como se autodenominam, do São João Batista, oferecem um retrato fiel da situação de boa parte das escolas Brasil afora. A pouco mais de um mês para a realização do Enem, muitos deles já tiveram contato com a primeira versão das provas, liberada pelo Ministério da Educação após o vazamento das informações. Nathália Krein destaca: a palavra-chave da
prova é interpretação. “Em todas as áreas, é preciso usar muito raciocínio lógico”, garante a adolescente. Temas atuais, como os recursos hídricos e biocombustíveis, também marcaram presença no exame. “Eu me surpreendi com o tema da redação, que foi o Estatuto do Idoso”, complementa a estudante Maiara Braun. Para se atualizar, os alunos lançam mão de todas as ferramentas disponíveis, incluindo até um curso preparatório: “estou sempre lendo muito e correndo atrás de novidades na Inter-
net”, exemplifica a jovem Paula Manfron. A extensão das perguntas também chamou a atenção dos alunos. Para não se perder no raciocínio, uma boa saída é formular uma lista de itens fundamentais para a resolução do problema. Isso ajuda a organizar melhor os pensamentos. “É preciso ter muita atenção, pois a resposta está no próprio contexto da questão”, acredita Lourenço Macedo. “Com uma maior importância da lógica, a escola precisará se adequar a essa realidade”, ressalta outra estudante, Carla Brito.
São João Batista: referência na interdisciplinaridade A Escola Estadual Técnica São João Batista já trabalha com uma proposta que busca fazer essa costura entre as diferentes disciplinas. “Todos os anos, com a participação da comunidade escolar, constru-
ímos eixos temáticos em torno de um projeto específico diferente”, explica a orientadora pedagógica Nelly Sudbrack. A ideia é fazer ligação entre conteúdos através
desses assuntos, com trabalhos integrados. “É uma potencialidade que ainda engatinha, mas já é uma alternativa”, defende a orientadora educacional Sandra Pagnus-
sat Moreira. Além disso, reuniões semanais entre professores garantem mais coesão ao trabalho desenvolvido. “Os encontros buscam ser menos
administrativos e mais pedagógicos. Ali, procuramos sair do modelo de cada disciplina no seu canto, isolada, e propor um horizonte comum”, complementa Sandra.
OS MODELOS DE AVALIAÇÃO Ninguém nega que é preciso um diagnóstico o mais seguro possível para a avaliação dos alunos. A professora Nize Pellanda lembra que essa é uma das questões mais complexas para a educação em geral, bem como para o conhecimento em
particular. “Na perspectiva da complexidade, o conhecimento é sempre auto-conhecimento. Isso significa que é a pessoa quem realmente sabe de seu processo de aprendizagem. O avaliador externo é um observador que tem instrumentos muito limitados para avaliar”, delimita.
# Habilidades e competências Prioriza o processo através do qual o aluno chega a determinado ponto, levando em conta de que forma isso aconteceu. # Conteúdos É mais subjetiva, baseada na dualidade entre certo e errado. Apenas avalia o que o aluno sabe e não sabe, relegando os processos de pensamento a um segundo plano.
As professoras Sandra Pagnussat Moreira e Nelly Sudbrack: propostas de interdisciplinaridade em ação
A orientadora pedagógica Nelly Sudbrack acredita que o Enem aponta novas possibilidades de ensino. “Permite sair daquele viés conteudista e mobiliza a trazer questões diferenciadas”, opina.