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SANATIEL DE JESUS PEREIRA

SANATIEL DE JESUS PEREIRA

Senhor Presidente da Academia Ludovicense de Letras, DANIEL BLUME PEREIRA DE ALMEIDA, Senhora Vice-Presidente da Academia Ludovicense de Letras, CERES COSTA FERNADES, Senhora Secretária da Academia Ludovicense de Letras, JUCEY SANTOS DE SANTANA, Senhores Confrades, Senhoras Confreiras, Autoridades que aqui se fazem presentes, Familiares, amigos e convidados, Senhoras e senhores,

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Forças poderosas, ligadas à natureza humana e à vida, me colocam novamente em frente a esta Academia para acolher, desta vez, um homem notável, que retorna do seu exílio dos campos de batalha, onde a expressão intelectual é a única arma concebível para se solucionar conflitos, de todas as ordens, criadas pela mente humana, na busca da paz integral. Tingido, nas correntes do mundo grego, pela exposição magnífica do nosso ilustre conterrâneo Odorico Mendes, na sua versão primaveril da Ilíada de Homero, do século XIX, percebi, anos atrás, que alguém, talvez, de outras vidas, tenha voltado, no tempo, para completar a sua obra. Confesso não saber quantificar ou qualificar a minha satisfação por ter sido escolhido para introduzir no mundo ludovicense esse ilustre viajante, que como Ulisses, vagou pelo mundo na busca do caminho que o levasse, de volta, aos braços da sua Penélope. As qualificações deste que, agora, adentra os portões da Academia Ludovicense de Letras para tornar-se um membro efetivo são muitas. As suas aptidões não conheço os limites, pois das ciências humanas, como um poliglota, ele transita para as sociais e exatas se o assunto assim o permitir. Desconheço os seus atributos de chef de cozinha ou das artes visuais, mas possuiu um gosto bastante apurado para ambas as áreas ligadas aos sentidos humanos. Já vi seus olhos mudarem de foco tanto diante de um Petit Gâteua, quanto o presenciar do andar cadenciado de uma figura humana. É um grande homem! Devido a esses atributos que possui e que provavelmente desenvolveu à custa de muito trabalho e exposição às intempéries do mundo em que vivemos, o torna apto e digno de ser recebido, com louvor, no seio desta Academia. Acredito que ele não somente somará aos esforços dos demais membros deste sodalício, mas como um grande catalizador de ações produtivas que só agregarão valor a esta Academia. A minha satisfação é muito grande por compartilhar, com ele, este momento único que, de uma forma irreversível, lhe colocara em um novo ciclo da sua vida. Agora, definitivamente, vivera na atmosfera da fantasia e da ficção, permitindo-se, por estar autorizado, a colocar nas suas obras literárias, tudo aquilo que o mundo real não permite. As portas da sua imaginação estão sendo abertas, de forma sustentada, para que conte, com detalhes, as suas batalhas, conquistas e as suas visões, no seu mundo onírico. Senhores Confrades e senhoras Confreiras, Neste infante, encontramos uma virtude invejável, que é a sua capacidade de ser bonachão em quase todas as oportunidades da sua vida. Dono de um humor inigualável, ele pode mudar, totalmente, o estado de espírito de qualquer outro ser humano que desejar a alegria como companhia constante. Ele provavelmente foi iniciado por Dionísio na Grécia. Ele não se institui como um animador dos salões de tertúlias ou de saraus

literários, ele é a própria festa! Transporta-se, em segundos, de corpo e alma, como um exímio ator hollywoodiano, para um personagem que pode ser um trovador a cantar suas poesias, vendo o reflexo da Lua Cheia nas águas do rio Douro, no caís de Gaia, no Porto; um crítico de arte a falar do Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, caminhando pelas ruas de Florença; ou de um filósofo oriental em conferência, talvez em New York, sobre a obra A Arte da Guerra de Sun Tzu; ou, simplesmente, um poeta indianista a recitar Gonçalves Dias, na rua do Trapiche, buscando o Café do Jorge, na Praia Grande, em São Luís.

Senhor Presidente, Senhores Confrades e Senhoras Confreiras, Detenho-me, na ilusória manifestação do conhecimento do postulante, porque a sua humanidade transcende aos aspectos intelectuais que, daqui a pouco, irei dissertar. Olhando-se para a sua performance como homem de ciência, envolvido com as correntes do pensamento humano desde Platão até Friedrich Nietzsche, percebe-se que ele não enlouqueceu. O que pode se observar é a desilusão do mundo diante da queda de conceitos banais e corriqueiros que dirigem a vida do homem de hoje. A verdade pode libertar como pode fazer ruir as visões coloridas da natureza e dar, para os apressados, de que o mundo está envolto em um caos sem fim. Pensar que encontrou a verdade é uma grande tolice. Continuar procurando a verdade no caminho da vida é uma prova de sabedoria e comedimento. A sua genialidade em viver, à margem das questões humanas corriqueiras, lhe faz um mestre, porque não dizer doutor, em tirar proveito da adversidade. A sua capacidade de minimizar as ocorrências lhe faz dono de um controle mental extraordinário, pois sempre termina em risos. Confesso que tenho aprendido muito com ele, principalmente naquilo que ele transpira que é liberdade. Não concordamos muito sobre a questão da solidão, ambas tratadas em um dos seus livros iniciáticos. Temo que venhamos a ter, entre nós, um membro que tomará, no mundo literário, a vez do escritor italiano Umberto Eco, não para contar o cotidiano exterior que envolve a vida dos mosteiros medievais, mas para contar o que passa pelas vidas daqueles que vivem em labirintos interiores sem saber ou querer sair daquilo que criaram em suas próprias imaginações.

Senhor Presidente, Senhores Confrades e Senhoras Confreiras, Jadir Machado Lessa nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 17 de outubro de 1952. Era uma sexta-feira, véspera da Lua Nova, em plena primavera. Portanto, veio ao mundo como um fruto da Terra. Provavelmente de um fruto de árvores tropicais, cheio de sementes, para serem semeadas ao solo, por onde passasse, durante a sua caminhada nesta vida. Graduou-se em Psicologia pela Faculdade de Humanidades Pedro II em1977. Estudou dois anos de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi pós-graduando em Análise Existencial e Psicomaiêutica pela Sociedade de Análise Existencial e Psicomaiêutica (SAEP), tendo como seu orientador o médico Miguel Callile Júnior, criador da Psicomaiêutica, entre 1980 e 1985. Foi nesse momento, no caminhar da trilha, que encontrou o seu ideal de livre pensador. Como aqueles que se candidatavam a entrar na academia de Platão, ele encontrou Sócrates, o filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga, um dos fundadores da filosofia ocidental, na pessoa do seu mestre orientador. Miguel, encarnando o espírito do filósofo grego, o iniciou na maiêutica, um dos processos do método desenvolvido por Sócrates para se alcançar o conhecimento por meio do diálogo. A maiêutica socrática parte do pressuposto de que a verdade é inerente ao ser humano. Questionar e confrontar o pensamento original de alguém, poderia fazer a verdade aflorar e de se chegar ao conhecimento verdadeiro. Esse era o método que Platão usava para testar a aptidão, ou não, de qualquer candidato que se aventurasse a aparecer nos portões da sua escola de filosofia. Jadir Machado Lessa, quer queira ou não é um socrático, e um ateniense.

Senhor Presidente, Senhores Confrades e Senhoras Confreiras,

Jadir Machado Lessa está, aqui, neste dia e nesta hora, batendo nas portas coloniais pesadas, de madeira de lei, da Academia Ludovicense de Letras, solicitando um assento no seu plenário, para encontrar novamente na parte Oriental da Ilha de Upaon Açu, a Atenas Brasileira. Tornou-se Especialista em Terapias Corporais pelo Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR) e em Psicologia Clínica pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, em 2002. Mestre em Psicologia (Clínica e Subjetividade) pela Universidade Federal Fluminense - UFF (2004-2006). Doutor em Psicologia (Clínica e Subjetividade) pela Universidade Federal Fluminense - UFF (2008-2011). Exerce a psicoterapia individual desde 1978. Exerce a psicoterapia de grupo desde 1983. Supervisiona Psicólogos na abordagem existencial desde 1985. Ministra Palestras e Cursos sobre os temas de seus livros e CDs em diversas cidades brasileiras. É Organizador de cursos, palestras e congressos sobre Psicoterapia Existencial desde 1982. Criou e dirigiu o Jornal Existencial Impresso até 2000. Criou e dirige o Jornal Existencial On Line desde sua fundação em 2000. Presidiu a Sociedade de Análise Existencial e Psicomaiêutica (SAEP) desde sua fundação em 1985 até 2010. Foi Professor Adjunto da Faculdade de Humanidades Pedro II, FAHUPE. Foi Professor Assistente da Universidade Católica de Petrópolis, UCP. Presidiu o I, II e Presidente de Honra do III Simpósio Brasileiro da Prática da Psicoterapia Existencial realizado no Rio de Janeiro no ano de 1996, 1998 e 1999, respectivamente.

Senhor Presidente, Senhores Confrades e Senhoras Confreiras, Jadir Machado Lessa aportou em São Luís, no ano de 2013, para se submeter aos exames do concurso público para o cargo de professor da Universidade Federal do Maranhão e não voltou mais para o Rio de Janeiro, pois foi aprovado. No dia 28 de novembro de 2017, tive a grata satisfação de comparecer à Câmara Municipal de São Luís, para assistir à cerimônia, muito prestigiada e concorrida, de recebimento do título de Cidadão Ludovicense de Jadir Machado Lessa, por indicação do ilustre Vereador Dr. Gutemberg Fernandes. Jadir Machado Lessa, atualmente, é professor Adjunto e pesquisador, com dedicação exclusiva, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, lecionando nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação dessa universidade. Já orientou dezenas de alunos, tanto na graduação quanto na pós-graduação, contribuindo na formação e qualificação profissional de jovens maranhenses. É Membro Titular do Conselheiro Editorial da Editora da UFMA (EDUFMA). É Conselheiro do Núcleo de Humanidades do CCH da UFMA. Membro da Comissão Editorial da Revista Psicologia: Ciência e Profissão do Conselho Federal de Psicologia - CFP. Membro do Conselho Editorial das Revistas Transdisciplinar de Gerontologia da Universidade Sénior Contemporânea – Porto, Portugal; Fenomenologia & Psicologia da UFMA; ECOS - Estudos Contemporâneos da Subjetividade da Universidade Federal Fluminense - UFF. Membro da Comissão Científica dos Encontros Ludovicenses de Fenomenologia, Psicologia Fenomenológica e Filosofias da Existência da UFMA. Membro dos Grupos de Pesquisa Filosofia e Psicologia Clínica da Universidade Federal Fluminense - UFF; Membro da Comissão Editorial da Revista Psicologia: Ciência e Profissão do Conselho Federal de Psicologia - CFP. Pesquisa, no momento, os seguintes temas: As modulações do conceito de essência humana e suas implicações no processo de deslocamento da clínica, do plano da moral para o plano da ética, nas Abordagens Psicoterápicas de base Existencial e Humanista.

Senhor Presidente, Senhores Confrades e Senhoras Confreiras, Para nós maranhenses, que fazemos parte integrante, como acadêmicos, deste sodalício é uma honra receber este notável homem das ciências humanas como membro da Academia Ludovicense de Letras. Não se trata somente da satisfação incomensurável de tê-lo como membro, mas pelo privilégio de termos, entre os nossos, alguém de tão elevada experiência acadêmica e vir somar, aos demais membros, esforços para que esta academia tenha as melhores das referências. A vida acadêmica de Jadir Lessa é invejável. Somente para alguém que conhece a sua atividade diuturna e febril diante das arguições do trabalho, conseguirá entender como alguém, como ele, pode fazer tanto.

Ele assina a autoria de cinco livros e coautoria de dez livros. Todos ligados a sua área de conhecimento científico, sendo o Solidão e Liberdade, o seu marco inicial. Na sua maioria, foram impressos com o selo da Editora da Universidade Federal do Maranhão. Participou em sete livros assinando com a redação de capítulos. Publicou, como autor, treze artigos em revistas e jornais e dez artigos como coautor. Existem mais de vinte CDs com palestras que ele proferiu em diversos eventos científicos no Brasil. Hoje, afirmo novamente, como fiz, com louvor, na posse da nossa ilustríssima confreira Maria Thereza de Azevedo Neves, que a Academia Ludovicense de Letras se torna mais rica e digna, tanto por abrigar a memória daqueles que construíram o substrato intelectual das letras maranhenses, quanto pelas representações atuais dos seus membros. Alguns trouxeram a herança imaterial de famílias ilustres em suas bagagens, este que hora se reveste com a roupagem cerimonial desta digníssima instituição, traz, com toda certeza, a memória atávica dos nossos ancestrais europeus e das tradições que atravessaram o Oceano Atlântico para se incorporar no tempo e na história da América Latina. Confreiras, Confrades, Senhor Presidente, juntemo-nos para abrir os nossos braços inundados de alegria para recebê-lo, em nosso meio, e desejar-lhe boa sorte na missão mágica e divina do ato de escrever. Confrade, que sejas bem-vindo à Casa de Maria Firmina dos Reis e que tragas a Paz, o Amor e a União em seu coração. Muito obrigado!

SLZ | 10.08.2021 | Terça-feira

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