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LIVRO REÚNE OBRAS DO ESCRITOR CAXIENSE ADAILTON MEDEIROS

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POESIAS

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JOMAR MORAES: UM MARANHÃO DE LETRAS CHEGA AO FIM

EDMILSON SANCHES

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Quem não teve acesso à enormidade da produção literária, sobretudo de pesquisa, crítica e historiografia de Jomar Moraes, não atina quanto, com a morte do ilustre vimaranense, perdeu o Maranhão -- sobretudo sua História, sua Literatura. Quem não soube da capacidade gestora, criadora, inovadora de Jomar Moraes à frente de entidades como o SIOGE (já extinto) e a Academia Maranhense de Letras (AML), sequer intui o que o nosso Estado ainda poderia ganhar se o grande intelectual não tivesse morrido em 14/08/2016 e se mantivesse vivo e em plena saúde nos seus 76 anos, 3 meses e 8 dias. Conheci Jomar Moraes eu ainda menino, metido a escritor e jornalista. Fui com o jornalista caxiense Vítor Gonçalves Neto a São Luís e na capital maranhense estivemos com Erasmo Dias (escritor, ex-deputado estadual), Antônio Almeida (escultor, pintor), o jornalista José Ribamar Bogéa (o Zé Pequeno, fundador do "Jornal Pequeno") e, claro, o Jomar Moraes, à época diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), que com Jomar recebera novo impulso e publicava livros de autores maranhenses. O Vítor queria publicar um seu livro de crônicas (que teria o título "Sem Compromisso -- Cem Crônicas" -"Sem Compromisso" era o título da coluna que o Vítor mantinha no jornal "O Pioneiro", que ele dirigia em Caxias). Recordo-me de o Jomar perguntar ao Vítor se este ainda (man)tinha um livro de poesias dele, Jomar, o primeiro que publicara, parece-me de título “Seara em Flor”. " --- Queime-o!", foi o pedido-ordem de Jomar, entre sorrisos de todos. Passaram-se os anos, as décadas e alguns contatos à distância foram mantendo Jomar e a mim pertos um do outro, em especial quando o assunto era a pesquisa e a historiografia, a qualidade da produção literária, os novos autores...

Fundei a Academia Imperatrizense de Letras em abril de 1991 e pouco tempo depois, poucas semanas depois, trouxe o Jomar e o cronista e poeta José Chagas de São Luís à "Princesa do Tocantins". No auditório da Associação Médica de Imperatriz, realizamos uma sessão solene. Jomar e José Chagas (este também já falecido) se esbaldaram, ante a excepcional receptividade dos imperatrizenses que foram ao evento. Jomar se impressionou vivamente por todos os exemplares de diversas de suas obras terem se esgotado, rapidamente. Todos vendidos. Imperatriz impressionou o Zé Chagas, que escreveu sobre a cidade o que viu, o que sentiu, o que achou. Jomar igualmente se referiu a Imperatriz em crônica. Estive várias vezes na residência de Jomar Moraes, no bairro Renascença, em São Luís. Praticamente, após cumprimentar Dona Aldenir, eu ia direto para o segundo pavimento, onde a majestosa e rica biblioteca de Jomar o abraçava, ele ali sentado à frente da mesa e em frente a livros, muitos livros. Em uma dessas vezes, enquanto conversávamos Jomar e eu, chegou e enriqueceu o ambiente e a conversa a Ceres Fernandes, também da AML. Em 2015 estive mais uma vez com ele. Conversamos. Entreguei-lhe diversos livros produzidos em Imperatriz, a maioria publicada pela Ética Editora, do Adalberto Franklin. Jomar também me repassou diversas obras, algumas resultado de seu incansável trabalho de pesquisador. Quando, em 2002/2003, escrevi a "Enciclopédia de Imperatriz" e passei um exemplar ao Jomar, ele a recebeu com surpresa e carinho, ante a grandiosidade do projeto. Carinhosamente, apelidou a "Enciclopédia" de "A Bruta", pelo tamanho, pelo peso, pelo enorme trabalho que ele, Jomar, mais do que ninguém, sabia o quanto consumia uma realização editorial daquela. Ao publicar seu trabalho hercúleo, monumental, que foi a novíssima, atualizada, comentada, anotada, enriquecida edição do "Dicionário" de César Marques, para

minha surpresa e satisfação, Jomar ali incluiu meu nome e o da "Enciclopédia de Imperatriz" -- e não foi na referência bibliográfica, não... Conversamos, Jomar e eu, diversas vezes, e longamente, ao telefone. Falávamos de projetos. Falávamos das Academias. Uma vez, em São Luís, onde eu fora para assistir a posse do Benedito Buzar na Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar provocou-me, pedindo ou sugerindo que eu me transferisse para a capital, para que eu pudesse, de São Luís, auxiliar a ele e ao Maranhão na dinamização de nossa Arte Literária e Cultura. Benedito Bogéa Buzar, que também foi presidente da Academia Maranhense, em foto que me enviou após sua posse como acadêmico, escreveu que aquela foto já seria considerada uma antecipação de seu voto em mim, caso algum dia eu concorresse a uma vaga na AML. O pesquisador exigente, o administrador diligente, o escritor competente se foi. Ficou a sensação de que, por mais que Jomar Moraes tenha feito por seu Estado e pelas Letras, mais ele poderia fazer, tal era a vontade e o amor que ele transpirava e que, nos últimos tempos, não encontravam rima em sua saúde. Jomar Moraes não morreu sozinho: com ele foram enterrados inúmeros projetos, desejos, vontades, esperanças, sonhos, deles insabidos e que só ele, ao jeito dele, poderia tornar ricas realidades em um Estado que ainda não valoriza adequadamente talentos imensos como este cuja morte enlutou o Maranhão, o Maranhão das Letras.

Você não queria, Jomar, mas a hora de descansar chegou. Faça-o em paz. Saudações e saudades, Amigo.

EDMILSON SANCHES.

edmilsonsanches@uol.com.br

BIOGRAFIA DE JOMAR MORAES

(extraída do "site" da Academia Maranhense de Letras): JOMAR DA SILVA MORAES - Cadeira 10. Data da Eleição: 10.05.1969. Data da Posse: 06.08.1969. Recepcionado por Antônio de Oliveira. Nasceu em Guimarães - MA, a 6 de maio de 1940. Filho de José Alipio de Moraes Filho e Marcolina Cyriaca da Silva. Pesquisador, ensaísta, cronista, crítico e historiador da literatura maranhense. Editor de textos; mantém assídua colaboração na imprensa de São Luís. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Maranhão, colou grau em 24 de julho de 1976. Especialista em Direito Empresarial (curso realizado em São Luís, de 31 de julho de 1976 a 5 de fevereiro de 1977, com 360 horas/aula; convênio UFMA/INCRA/UnB. Especialista em Comunicação Social, áreas de Rádio e TV, Publicidade e Propaganda (curso realizado em 5 etapas, de 6 de julho de 1982 a 21 de abril de 1984, com 600 horas/aula. São Luís, UFMA. Mestre em História, com área de concentração em História do Brasil, Convênio UFMA/UFPE. Recife, 2002. Doutor Honoris Causa da UEMA – Universidade Estadual do Maranhão. São Luís, 6 de agosto de 2010. Sua primeira função foi soldado da Polícia Militar do Maranhão, onde permaneceu de 1959 a 1967, chegando, por cursos, à graduação de 3° sargento. Diretor do Serviço de Administração da Secretaria de Educação e Cultura (1970-71); diretor da Biblioteca Pública do Estado (1971-73); diretor do Departamento de Assuntos Culturais da Fundação Cultural do Maranhão (1973-75); diretor do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado-Sioge (1975-80); diretor do Departamento de Assuntos Culturais da Universidade Federal do Maranhão (1981-85); secretário de Estado da Cultura do Estado do Maranhão (1985-87).

Pertenceu, em dois mandatos consecutivos, ao Conselho de Administração do Instituto de Previdência do Estado do Maranhão-IPEM e ao Conselho Estadual de Cultura, que posteriormente presidiu, na condição de secretário da Cultura. Representou a Academia Maranhense de Letras no Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão em cinco mandatos de dois anos cada. Integrou, de 1987 a 1988, a Comissão Nacional do Centenário da Abolição e a Comissão Nacional do Guia Brasileiro de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na Sociedade Atual. Foi estagiário da Escola Superior de Guerra (Rio de Janeiro, 1980). Membro correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos do Piauí e do Distrito Federal, da Academia Paraibana de Letras e da Academia Paranaense de Letras.

Cidadão honorário de São Luís, de Buriti Bravo e de Alcântara. Auditor Fiscal do Estado do Maranhão; advogado da Universidade Federal do Maranhão, desde setembro de 1984 e, a contar de 1990, procurador federal com exercício na referida Instituição de Ensino Superior, da qual foi procurador-chefe no período de novembro de 1996 a agosto de 2006. Detentor das medalhas: Santos Dumont, do Ministério da Aeronáutica; Brigadeiro Falcão da Polícia Militar do Maranhão; João Lisboa, do Conselho Estadual de Cultura do Maranhão; do Sesquicentenário da Adesão do Maranhão à Independência, do Mérito Timbira, da Ordem dos Timbiras (grande oficial) de comendador do 4º Centenário de São Luís do Governo do Maranhão; comendador da Ordem de Rio Branco (Brasil) e da Ordem Nacional do Mérito de Portugal; Medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras; Padre Antônio Vieira, da UBE-RJ, e Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luís. Agraciado ainda com a medalha do 4º Centenário de São Luís, outorgada pela Assembleia Legislativa do Estado e, com as Palmas Universitárias, conferidas pela Universidade Federal do Maranhão. Distinguido com 11 prêmios literários e com os diplomas de Personalidade Cultural (1980) e de Mérito Cultural (1981, 1988, 2000 e 2005) da União Brasileira de Escritores – Seção do Rio de Janeiro. (AML)

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