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A VISTA DO MEU PONTO: ENTREVISTA COM LAMARTINE PEREIRA DA COSTA

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JOSÉ NÉRES

JOSÉ NÉRES

LAMARTINE DACOSTA:

• currículo lattes

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Graduação em Ciências Navais pela Escola Naval (1958), licenciatura em Educação Física pela Escola de Educacao Fisica do Exercito (1963) e doutorado em Filosofia pela Universidade Gama Filho (1989). Atualmente é professor titular da Universidade Gama Filho, membro Conselho Pesquisas do Comité Olimpico Internacional em Lausanne (Suiça) e professor visitante da Universidade Técnica de Lisboa. Atuou como professor visitante da Universidade do Porto (Portugal), da Academia Olimpica Internacional (Grecia) e da Universidade Autonoma de Barcelona (Espanha). No Brasil foi professor da Universidade Católica de Petrópolis (Engenharia), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Mestrado em Geografia), UNIRIO (Mestrado em Memoria Social), USP (Mestrado Educação Física) e UERJ (Graduação Educação Física). Tem experiência nas áreas de Educação Física, Administração, Historia e Filosofia com ênfase em meio ambiente, esportes, lazer e Gestão do Conhecimento. Tem produção contínua em pesquisas desde 1967 no Brasil e no exterior, com inicio na area de meio ambiente. lamartine pereira da costa (cev)

1. O que significou para a memória do esporte (sentido amplo) a publicação do Atlas do Esporte no Brasil?

R - O Atlas do Esporte – 2005 foi uma experiência de Ciência Cidadã em que o conhecimento foi produzido coletivamente por autores visando a usos comunitários por parte de profissionais de Educação Física, Medicina, Direito etc. A análise desta inovação acaba de ser publicada em livro pelo eMuseu do Esporte e os interessados tem acesso livre em

2. Por que não houve continuidade? atualização (prevista) e a publicação de outros, como o das cidades e os dos Estados... A versão on-line previa a atualização constante, por parte dos colaboradores, assim como a ampliação, para outras cidades - em especial, as capitais de estados - e sua extensão para o Estado... apenas quatro - salvo engano - foram construidos. Alguma idéia do que aconteceu?

R – Os quatro Atlas estaduais e um de uma cidade capital estadual tornaram-se também exemplos da Ciência Cidadã mas a atualização se mostrou impraticável na versão nacional pois reunia 420 autores. As varias iniciativas de atualização entre 2005 e 2006 não progrediram em face à legislação brasileira que exigia concordância de todos os autores e esta tarefa se mostrou impraticável. O livro citado do eMuseu do Esporte descreve em detalhes o antes, durante e depois do projeto Atlas do Esporte no Brasil e está disponível para downloads.

3. O que é o eMuseu do Esporte? uma continuidade do Atlas?

R- Trata-se de uma nova tentativa de Ciência Cidadã distinta do Atlas pois reúne autores e entidades na produção de obras com acesso grátis usando tecnologia inovadora. Nesta nova interpretação para o acesso democrático e comunitário ao conhecimento a opção adotada foi a da preservação da memória como base e a educação como objetivo. Entretanto, cabe realçar que o eMuseu do Esporte é um projeto em progresso lançado por Bianca Gama Pena que tem tido sucesso em obter cooperação voluntária tanto de pessoas como de entidades. Mas a mobilização de autores ou de organizações parte de critérios diversos do Atlas pois esta publicação foi tipicamente analógica e o eMuseu do Esporte é um desenvolvimento digital.

4. Os Estudos Olimpicos, qual o estado-da-arte no Brasil?

R- Sendo um setor de conhecimentos especializados de bases multidisciplinares carece de visibilidade nos cursos de graduação ou mais avançados – lato sensu, mestrado e doutorado –porém seus seguidores no Brasil apoiam-se hoje em plataformas e em projetos internacionais dando origem a uma identidade distinta de todas as demais especializações do esporte ou Educação Física. Um exemplo típico deste procedimento é a PUC-RS que acolhe um Grupo de Pesquisas em Estudos Olímpicos (GPEO) de elevado impacto internacional. Com forma similar de funcionamento posso citar os GPEOs da USP, UERJ, UFES, UFRGS e UFSe. Este conjunto de iniciativas tem grande proeminência na América Latina e destacado prestígio em escala mundial, algo não tão frequente em relação a outras áreas de conhecimento de extração acadêmica brasileira.

5. Nos 'novos tempos', pandemicos, como estão os estudos e a recuperação da memória do esporte no Brasil? Por que as IES não se preocupam com esses aspectos, resgates?

R – O Brasil já tem uma tradição em estudos de memória do esporte a qual me parece viva embora as atividades acadêmicas tenham se reduzido em todo o país. Neste contexto, a novidade do período pandêmico incide nos avanços do eMuseu do Esporte que teve uma expansão notável em 2020-2021 como é relatado no livro já citado “eMuseu do Esporte 2020” de acesso livre. Ou seja: o eMuseu alterando o modo de produzir memória criou uma solução eficiente e de alcance popular diante das dificuldades atuais. E se as IES são questionadas quanto às buscas de novos caminhos, é cabível sugerir que sigam as oportunidades da tríade Ciência-Tecnologia-Inovação.

De minha parte eu descrevo com mais detalhes este caminho no podcast com acesso em https://open.spotify.com/episode/5dfJb1pBxW1Z1ICwrm1Gtq?si=SpmcPe79RxmyLWmoqwMTa A

6. O que aconteceu com a formação profissional? a divisão entre Licenciatura e Bacharelato, foi benéfica? sinto que a formação de professores de educação física, para atender à rede de ensino, foi prejudicada: ninguém mais quer ser 'professor'; o bacharelato não atende aos esportes formação de atletas, competições - e se 'dedica' apenas à formação de 'personal'... onde vamos parar?

R- Creio que a distinção entre Licenciatura e Bacharelato está superada nas condições da Era Digital que estão sendo agora aceleradas pela pandemia. O novo profissional já esta sendo delineado pelas grandes mudanças correntes. São apenas sinais de um novo perfil mas que merecem atenção. O atendimento profissional na área de saúde está se concentrando no profissional autônomo, incluindo aqueles/elas da Educação Física. Aparentemente médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e profissionais de Educação Física estão ganhando similaridade com o nosso “personal” mesmo quando atuam em organizações de trabalho coletivo, como hospitais, clinicas, clubes etc. Para acompanhar esta grande revisão em andamento sugiro consultar um livro de 2020 publicado por Miragaya, DaCosta, Turini & Gomes sob o título “Tecnologia, Inovações e Startups no Esporte” com acesso também gratuito: http://sportsinbrazil.com.br/livros/sportstech.pdf

7. Com a especialização -'educador físico' (???) -voltado apenas para as academias de musculação - novo mercado (?) -, a 'educação física e esportiva' tem algum futuro?

R- A expressão “educador físico” sempre foi discutível e hoje não faz mais sentido pois o profissional que lida com Educação Física/esporte/recreação ativa prende-se à expressão genérica “Atividades Físicas” que por sua vez permeia todos e qualquer segmento. Trata-se de um intermediário das Atividades Físicas que atua apoiado nas ciências e que orienta e supervisiona indivíduos e grupos alvo de saúde com base em nexos pedagógicos. Esta descrição é ainda preliminar mas tem fundamentos como procuro definir no podcast já antes mencionado e também de acesso livre.

8. Qual o estado-da arte dos 'estudos de lazer'? está-se criando um 'novo' mercado? qual será o 'novo', nesses tempos de pandemia - fique em casa - e qual será o futuro, pós-pandemia? alguma perspectiva?

R- O objeto em pauta é a expressão denominada de Atividades Físicas que na era da pandemia ajusta-se a diversas outras manifestações da vida em sociedade. Uma avaliação desta nova inserção institucional e social pode ser avaliada pelo “Manifesto Internacional para a Promoção da Atividade Física no Pós-COVID-19” emitido pelo CELAFISCS e no qual eu participei como um dos elaboradores. Este documento tem acesso pelo link: https://celafiscs.org.br/manifesto-daatividade-fisica/

9. Para onde 'caminha a humanidade'? o 'fique em casa, trabalhe de casa, estude em casa, divirtase em casa'... influencia as atividades físicas de manutenção da saúde? do lazer? do viver? temos futuro?

R- A história da Educação Física cobre um período de 2500 anos sendo hoje uma das profissões mais antigas das tradições da humanidade. E nos diversos períodos em que se definiram as

características das relações pessoas alvo e formas de intervenções houve alguma adaptação. Em outras palavras a Educação Física sempre foi hibrida. A diferença da atualidade com o passado da Educação Física concerne a um hibridismo maior do que os precedentes. Por isso saber fazer misturas eficazes de trabalho-lazer-saude-vida em casa- vida social-etc é o nosso desafio atual. E certamente dar ênfase à inovação é o lastro que dará sentido às misturas híbridas.

10. Valeu a pena?

R- A pandemia atual como todas as crises traz ameaças e oportunidades. Assim sendo a busca de soluções que norteia a vida de todos nós valerá a pena se construirmos caminhos para alcançar oportunidades

E.MUSEU DO ESPORTE

eMuseu do Esporte - Coleções, galerias e exposições

Esporte é superação, alegria, emoção e memória. Foi esse o ponto de partida para que o eMuseu do Esporte nascesse, usando a tecnologia para conectar pessoas e histórias. A ideia surgiu durante os Jogos Olímpicos Rio-2016, que despertou em nós o desejo de construir um legado permanente para as futuras gerações.

Em um primeiro momento o museu seria físico, no Velódromo do Parque Olímpico da Barra, mas optamos por investir em inovação. Fomos ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, entender diversos modelos de negócios, além de conhecer de perto o conceito de museus olímpicos em Barcelona, na Espanha; Londres, na Inglaterra; e Munique, na Alemanha.

Mas queríamos mais, queríamos desenvolver uma plataforma colaborativa, para que todas as modalidades tivessem voz, para que todos se sentissem parte do eMuseu do Esporte: colecionadores de acervos, sejam eles entidades ou fãs, atletas e ex-atletas.

Desta forma, ao envolver toda a sociedade, incentivamos, registramos e divulgamos a importância do esporte em nossas vidas. E vamos além ao nos alinharmos com seis Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas: saúde e bem-estar, através da exposição de histórias inspiradoras; educação inclusiva, uma vez que permitimos o acesso democrático ao conteúdo; crescimento econômico, porque estimulamos a criação de startups para fornecerem serviços ao eMuseu; inovação e infraestrutura, já que somos a primeira plataforma de preservação do patrimônio esportivo nacional; consumo e produção responsáveis, pois o ambiente virtual favorece o meio ambiente com tecnologia apropriada e sustentável; parcerias e meios de implementação, já que a iniciativa é realizada através de parcerias para a complementação dos serviços.

O projeto conta com o patrocínio da Enel Distribuição Rio, em conjunto com a Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro, por meio da Lei de Incentivo do Governo Estadual.

Idealizado pelo Prof. Dr. Lamartine DaCosta e pela Profa. Dra. Bianca Gama, o eMuseu do Esporte encontrou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) um apoio fundamental para sua realização, uma vez que o projeto foi abrigado pela Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Sociais e Cooperativas Sociais. Desde então, outros parceiros se juntaram a nós e vamos agregar

Somos responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico do museu, das galerias e das exposições. Além disso, desenvolvemos soluções a partir de um hub de inovação, com digitalização de acervos, curadoria de exposições, enquadramento de projetos em leis de incentivo e captação de recursos.

eMuseu do Esporte - Coleções, galerias e exposições

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