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KENARD KRUEL FAGUNDES
KENARD KRUEL FAGUNDES
- Depoimento de Luís Ferreira da Silva - Luís Stauta (foto) As regatas, em Tutóia, começaram por conta da ação da Capitania dos Portos da Parnaíba. Com as regatas de Luiz Correia a Parnaíba, que tinha a participação também de pescadores daqui. Então, com esse incentivo, os pescadores daqui tiveram a ideia de realizar as próprias regatas. O meu sobrinho José de Ribamar Marques da Silva, o Bolinha, foi um dos que saiu daqui para participar das regatas da Parnaíba e foi um dos que deram a ideia de criar as regatas daqui. A ideia teve apoio do capitão dos Portos de Tutória, Orlando Santana. A primeira regata começou, salvo engano, em 1962, com a concorrência de três canoas, a remo. A de papai, que era a Nova Área, representava a Colônia de Pescadores Z-12, a de Manoel de Jesus Silva - Manoel Zuzu, presidente da Estiva, que era a 25 de Março, e representava a Estiva, e a de José, que era a Naza, e representava a Marinha. Nesta primeira regata, eu estava no comando da canoa e fomos os primeiros colocados. Eram sete tripulantes em cada canoa: eu, na popa, o Antônio Félix, irmão de minha esposa Dalva, o José dos Reis, meu irmão conhecido por Canã, o Hilton, meu irmão, o Raimundo, meu sobrinho, conhecido por Mundá, o Antônio Luís, meu amigo e meu pescador, e Elias, meu amigão, companheiro de pesca, de futebol, de tudo. A partida se deu de perto do povoado Comum - no porto do igarapé que vai diretamente para o povoado Comum - que era chegar na rampa do porto de Tutoia. Perto tinha um navio descarregando para três barcas que, atracadas num rebocador, seguiam para Parnaíba, carregadas de babaçu, cera da carnaúba, tucum, castanha do Pará, casca do mangue vermelho etc. Quando passamos por lá, tanto o pessoal do convés do navio quanto o pessoal das barcas, todos vibraram porque estávamos em primeiro lugar. Eles gritaram que não podiam dar outra coisa que não fosse uma salva de palmas. E foi o que eles fizeram. Isso nos entusiasmou mais ainda. Criamos mais força para remar forte e seguir adiante. Antes da corrida, notei que o o tio João Henrique estava preocupado. Perguntei o que era e ele me me disse que, antes de nossa partida, a aposta maior era de que quem ia ganhar a regata era a canoa 25 de Março, que representava a estiva. Eu respondi para ele que estávamos na frente e que assim seria a chegada e que se outra canoa se empareiasse com a nossa, o que não iria dar de acontecer, seria por conta de algum feitiço muito grande, e que esse azar não iríamos levar nunca. Quando eu terminei de dizer isso, avistei papai, abaixo da Capitania dos Portos, gritando feito menino. Isso me deu mais vontade de ganhar e manifestei isso para os demais tripulantes, pedido maior emprenho e confiança na corrida. Não deu outro resultado. Fomos os vencedores. Então, José Tristão, que era marinheiro da Capitania dos Portos, o Espedito, sargento da Capitania, baixo, forte, barbudo, casado com a filha da velha Coló, vieram nos receber com bandeirinhas na mão. Lá no mangue nós tínhamos dado uma derrapada e rasgado a bandeira da canoa. Foi quando o Canã tirou a camisa vermelha que ele estava usando e botou no lugar da bandeira da canoa. As regatas, de ano para ano, foram ficando maiores, mais competitivas. Sempre se realizando no mês de outubro, às vezes antes no mês de setembro, sob responsabilidade da Colônia e dos pescadores. Até quando a Colônia e os pescadores realizavam as regatas, só podiam participar profissionais devidamente documentados. Depois, todos puderam participar.
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