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PALESTRA DE ABERTURA DA SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA: ANIVERSÁRIO DA ALL

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EXPEDIENTE

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Leopoldo Vaz, convidado, apresenta mais uma edição de : "MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA" (facetubes.com.br)

EM BUSCA DOS ESCRITORES ESQUECIDOS... LUDOVICENSES & MARANHENSES

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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Poética Brasileira Professor de Educação Física / Mestre em Ciência da Informação

Confreiras e Confrades Senhoras e Senhores Senhor Presidente Membros da Comissão de Comemoração do Aniversário da ALL e da SEMANA LUDOVICENSE DE LITERATURA

Gostaria de agradecer a “escalação” para proferir a palestra de abertura do aniversário da Academia Ludovicense de Letras. Um desafio que pensei em não aceitar; depois, refleti melhor: por que não? Mudei de ideia, ao tomar conhecimento que a PMSL, ao adotar uma categoria para a preferencia da vacinação, após os professores abriu aos ‘poetas’... a fila, no local indicado, quando do raiar do dia determinado, já se encontrava com mais de oito quilômetros, e crescia... Haja poetas... Primeiro, gostaria de esclarecer que não sou escritor, nem poeta, nem historiador... sou um Professor de Educação Física, com Especialização em Lazer e Recreação, e Mestre em Ciência da Informação1. Trabalho com a disseminação da informação! Desde o inicio da década de 1980, com a construção de um “centro referencial”2 – informação sobre a informação... Tomando por base o CEV - Centro Esportivo Virtual, www.cev.org.br -onde optou-se por trabalhar a informação enquanto saber, ao mesmo tempo representacional e performático, cujo ciclo de vida sofre as seguintes metamorfoses: percepção, pensamento, registro, circulação, acesso, decodificação, pensamento, uso (SCHNEIDER, 2013) 3 . Para esse autor, caberia à Ciência da Informação estudar e gerenciar esse ciclo, minimizando seu potencial entrópico, tecendo a crítica e propondo soluções para os problemas relacionados à qualidade, ao uso, à restrição, à circulação e ao acesso, o que envolve questões de ordem política, econômica, técnica e cognitiva:

1 A Ciência da informação é um campo interdisciplinar principalmente preocupado com a análise, coleta, classificação, manipulação, armazenamento, recuperação e disseminação da informação. Ou seja, esta ciência estuda a informação desde a sua gênese até o processo de transformação de dados em conhecimento. Alguns profissionais afirmam que a Ciência da

Informação pode ser dividida em seis correntes teóricas[2]. Elas são: (1) Estudos de natureza matemática (incluindo a recuperação da informação e a bibliometria); (2) Teoria sistêmica (origem em princípios da biologia); (3) Teoria crítica (fundamentam-se principalmente nas humanidades – particularmente na filosofia e na história); (4) Teorias de classificação e representação; (5) Estudos em produção e comunicação científica; (6)Estudos de usuários (seu objetivo era o de mapear características de determinada população para planejar as informações mais adequadas a serem oferecidas com fins de educação e socialização). https://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_da_informa%C3%A7%C3%A3o

2 série de características tomadas como modelo ou ponto de apoio; grupo de elementos que possibilita a definição de um sistema de coordenadas; sistema de referência // adjetivo de 2 géneros - 1.relativo a referência; 2. de referência; que constitui ou serve de referência 3 SCHNEIDER, Marcos. ÉTICA, POLÍTICA E EPISTEMOLOGIA: INTERFACES DA INFORMAÇÃO. In ALBAGLI, Sarita (Org.). FRONTEIRAS

DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.Brasília-DF: IBICT, 2013, p. 57-77.

Por essa via, chegamos a uma conclusão um tanto surpreendente: a “informação”, em si mesma, não seria o principal objeto da CI, e sim a OS [organização dos saberes] 4, enquanto conjunto de práticas e teorias voltadas à produção, gestão e crítica da “metainformação” [5], da informação sobre a informação. (SCHNEIDER, 2013, p.60)6 .

Complicado? Nem tanto... Vamos à prática: desde 2004 integrei-me a uma rede de pesquisa proposta por Lamartine Pereira da Costa7, na construção do Atlas do Esporte no Brasil – atlas do esporte no brasil (cev) –e que se seguiu ao Atlas do Esporte no Maranhão - atlas do esporte do maranhão (cev) . Ao se buscar os lugares da memória, entendemos que podem ser considerados como movimentos que têm por função evitar que o presente se transforme num processo do esquecimento e da perda de identidades:

[...] não existe memória espontânea, ressalta, ainda, a necessidade dos homens de alimentarem a história com os resquícios do passado, de organizarem e manterem os referidos lugares de memória. Pois, tanto a História como a memória, têm essência comum: são antídotos do esquecimento. Em decorrência disso, são também espaços de poder. Le Goff, 2003 8 . (Nora, 1993 9 citado por Costa, 2007) 10 .

Os jornais ocupam um lugar privilegiado como armazenadores e formadores da memória social. A partir dessa ótica, os jornais poderiam ser pensados como construtores de lugares de memória, no sentido dado por Pierre Nora (1993, citado por Ribeiro, 1966) 11. Mais precisamente seriam eles, se não os lugares de memória, com certeza espaços privilegiados no arquivamento e produção da memória histórica, pois a imprensa, no processo histórico, deixa vestígios, marcas e produtos ao longo da trajetória socioeconômica e cultural da humanidade, sendo:

[...] elemento potencial de memória habilitada para ser recuperada como traço distinto de identidades coletivas e individuais, acerca de um passado instituído. Galves (2000) afirma ainda que: [...] um olhar cuidadoso dos jornais pode permitir reconstrução de cenários e de relações de poder imprescindíveis para a compreensão de dinâmicas locais. (GALVES, 2008) 12

4 OS - organização dos saberes 5 Metadados ou Metainformação, são dados sobre outros dados. Um item de um metadado pode dizer do que se trata aquele dado, geralmente uma informação inteligível por um computador. Os metadados facilitam o entendimento dos relacionamentos e a utilidade das informações dos dados. https://pt.wikipedia.org/wiki/Metadados 6 SCHNEIDER, Marcos, 2013, p. 57-77, obra citada. 7 Currículo do Sistema de Currículos Lattes (Lamartine Pereira da Costa) (cnpq.br) 8 LE GOFF, Jacques. Documento e monumento. In: _____. História e memória. 5. ed. São Paulo: UNICAMP, 2003, p.535-553, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 9 NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, v.10, n.10, p. 8-13, dez. 1993, citado por COSTA, 2007, p. 46-63. 10COSTA, Márcia Cordeiro. ESQUERDA E FOLHA ACADÊMICA COMPONDO A HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR DO

MARANHÃO: impressos estudantis lugares de memória. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, Vol. 1 esp., 2007, p. 46-63 disponível em https://scholar.google.com.br/scholar?start=20&q=%22faculdade+de+direito+do+maranh%C3%A3o%22+&hl=pt-

BR&as_sdt=0,5 11 RIBEIRO, A. P. G. A história do seu tempo: a imprensa e a produção do sentido histórico. Rio de Janeiro, Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada. 12 GALVES, M. C. Jornais e políticos no município de Avaré. São Paulo: UNESP, 2000, citado por COSTA, Márcia Cordeiro, obra citada.

Servimo-nos, assim, de fontes provenientes da imprensa escrita. Ao estabelecer a metodologia para a pesquisa, nos ativemos à proposta por DaCosta (2005)13 , e Vaz, (2014)14. Como nos Atlas, aqui se trabalha com marcos históricos15, mas não se faz história16. Assim, ao se utilizar desta fonte – primária – deve-se levar em conta todos os periódicos disponíveis para consulta: utilizamo-nos da Hemeroteca da Biblioteca Nacional17 . Vamos ao que interessa: quem já ouviu falar no “Dr. Tira Tira: o dono do trovão”?; ou “PAPILLON BLEU”, ou Anicota?; ou no “Poeta Pascaio”?; Ou a primeira doutora ludovicense?; Ou mesmo, na opinião de Antônio Lopes, a primeira escritora (poeta) maranhense?; Ou mesmo, quem leu a série de artigos que disponibilizei, com o título de “em busca das escritoras ludovicenses/ maranhenses”? em sua totalidade, não apenas o título... O “Dr. Tira-Tira”, recebeu esse apelido de [... amigos de Belém, Manaus, Natal, até do Rio Grande do Sul [...] graças à expressão que usava para apartar o gado doente [...] (The end on the river). Quanto ao subtítulo, “dono do trovão”, é Corrêa (1984) 18 quem nos esclarece - sua mãe o entregara a Badé, o “dono do trovão” (santo militar, que usava bengala) e sua trajetória pessoal foi semelhante à percorrida pelas religiões de origem africana que migraram do Maranhão para o Pará. Estamos nos referindo à NUNES PEREIRA, um dos pioneiros no campo de estudo religioso afro-brasileiro 19 [...] em relação aos primeiros escritos de religiosos, o autor maranhense Manoel Nunes Pereira (1892-1985) redigiu, ainda em 1942, A Casa das Minas. [...] esta obra: (...) constitui o primeiro testemunho de observador que pertença à cultura do objeto de estudo.

Eu sou um grande pornógrafo! Prefiro ser antropófago do que antropólogo Manuel Nunes Pereira20

13DaCOSTA, Lamartine Pereira (org).ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: SHAPE, 2005http://www.confef.org.br/arquivos/atlas/atlas.pdf 14 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ATLAS DO ESPORTE NO MARANHÃO. São Luis: SEDEL, 2014, disponível em http://cev.org.br/biblioteca/atlas-esporte-maranhao/ 15 Memória - registros descritivos e datados; não é diagnóstico nem plano. 16 História - processo de interpretação sob forma de narrativa com base temporal. 17http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ 18 CORRÊA, Mariza. O Dono do Trovão Manoel Nunes Pereira (1893-1985). (in Memorian). 374-Texto do artigo-15576-1-1020180608.pdf 19 MARTINI, Gerlaine. APONTAMENTOS SOBRE O CAMPO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS E SEUS AUTORES

REVISITADOS. In REVISTA CALUNDU http://calundu.org/revista GIRA EPISTEMOLÓGICA Volume 1, Número 1, Jan-Jun 2017. Doutora em Antropologia pela Universidade de Brasília, integrante do Calundu (Grupo de Estudo sobre Religiões Afro-

Brasileiras). 20 Biblioteca Nacional/ Coleção Nunes Pereira (BN/CNP). O Pasquim, n° 756, 22 dez. 1983, p.2.

Conhecendo o autor21: Manoel Nunes Pereira (São Luís do Maranhão, 1893 ou 1895 – Rio de Janeiro, 1985) foi um antropólogo de reconhecimento internacional. Cursou Veterinária (1915) na Escola de Zootecnia-RJ, se graduou em veterinária (1917) na Universidade Livre de Manaus. Chefiou a Seção da Agricultura e Industria Pastoril do Amazonas e do Rio Grande do Norte, a prática lhe serviu de base para escrever sobre A Industria Pastoril do Amazonas (1922), A Industria Pastoril no Rio Grande do Norte (1928), A Pesca no Rio Grande do Norte (1934) A Pesca no Rio Purus (1941), O Peixe-Boi da Amazônia (1944). Estudou biologia geral, botânica e geologia. Foi membro da Academia Maranhense de Letras (1976), como poeta publica seu primeiro livro O Tempo (1913). Dentre as suas obras mais relevante estão: A casa das Minas (1947). Sua participação é evidenciada em pesquisas de campo na região amazônica, cujo propósito era coletar dados que permitissem registrar com precisão a cultura indígena22 . A obra que estudamos neste trabalho foi publicada pela primeira vez em 1940, em francês sob o título de Le Sage Bahira Et Son Fils (1979). Depois, em 1980, foi inserida no Moronguêtá – um decameron indígena, sua obra maior. Dentre as reedições a mais recente é esta: Experiências e estórias de Baíra – o grande Burlão (2007), organizada pela Editora Valer, nessa versão, foi publicada com algumas alterações irrelevantes que não chegaram a comprometer o texto original. A linguagem foi adequada para facilitar a compreensão pelo leitor e obedecer às normas gramaticais vigentes.

Eu os remeto à leitura de “DR. TIRA-TIRA”, O DONO DO TROVÃO: NUNES PEREIRA - recortes & memória”23 .

“PAPILLON BLEU” foi lembrada por Jucey Santana, junto com outras escritoras esquecidas, ante polemica acontecida sobre a biografia de Leonete Oliveira:

Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura” , pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos, Apolónia Pinto que nasceu em 1866, conhecida como dramaturga, foi uma renomada poetisa, e a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos. Publicou “Acordes” em 1899. Este livro já se encontra no Acervo Digital da BBL.

Ana de Oliveira Santos: Pseudônimo(s): Papillon Bleu Descrição: Poeta Fonte(s) dos dados: COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238 in https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=13430 Num poema publicado no Diário do Maranhão de 13 de julho de 1898 encontramos um pequeno poema, que justifica o seu pseudônimo: borboleta azul

21 MONTEIRO. Darlisângela M. Educação e Ciência: variante Baíra. 110 f. 2009. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências). Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2009. http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/101.pdf 22 Costa, (1997) em sua tese fala que Nunes Pereira em uma de suas viagens pelos rios da Amazônia sofreu um naufrágio e nesse perdeu-se todos os seus documentos, muitos desses são foram recuperados devido a sua vida de andarilho. E quanto ao título de antropólogo o que se sabe é que por ter vasta produção sobre a cultura indígena, Nunes foi homenageado pela imprensa e prestigiado por antropólogos como Claude Lévi-Strauss, Emílio Delboy pelos excelentes trabalhos etnológicos e etnográficos sobre os povos indígenas Maués, Parintintim, entre outros. COSTA, Selda Vale da. Labirintos do saber: Nunes Pereira e as culturas

Amazônicas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP. 1997. (Tese de Doutorado em Ciências Sociais). 23 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. “DR. TIRA-TIRA”, O DONO DO TROVÃO: NUNES PEREIRA - recortes & memória.

No ano seguinte é anunciado seu livro de versos (Pacotilha, 12 de Agosto de 1889), e Laura Rosa lhe dedica um conto (Diário do Maranhão, 18 de novembro de 1889); em 1900, lança novo livro de versos

Após inúmeras publicações, de poesias e contos, nos diversos jornais editados em São Luis, em 1902 é revelada sua identidade: A Pacotilha de 22 de novembro de 1902 anunciava o surgimento de uma associação literária, em que participariam várias escritoras:

Eu os remeto à leitura: “EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU - ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS”24 .

Do “Poeta Pascaio”25, se diz - de sua biografia publicada pela Academia Maranhense de Letras – AML 26:

[...] foi quem marcou, com o livro de estreia publicado em 1894, o início do ciclo “decadentista” nas letras maranhenses, nas quais avulta como uma das expressões mais fortes. Dominando com segurança a arte e sabendo trabalhá-la com mestria, foi, sem favor, dos melhores sonetistas que temos tido, de um alto poder de idealização e de expressão estética (Antônio Lôbo).

Ao falarmos de I. Xavier de Carvalho - Antonio Aílton e eu - retomamos conversa havida entre os membros da Academia Ludovicense de Letras em sessão de 24 de julho de 2019. Foi proposta rever sua posição entre os grandes nomes de nossa literatura. Já havíamos conversado dias antes sobre o assunto, então decidimos por buscar maiores informações sobre o ‘príncipe dos poetas’ e resgatar, não só sua memória, como suas contribuições em jornais, publicadas nas cidades por onde passou. Além de poeta, contista, Juiz de Direito, Promotor Público, Professor de Literatura, Francês, Direito, e Jornalista...

Em outro artigo, tratei dos inúmeros ataques à sua pessoa, chamando-o ‘poeta pascacio’ e acusando-o de fraude: teria plagiado seus pareceres jurídicos, que vinha publicando nos jornais.

Eu os remeto à leitura de “IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES & MEMÓRIAS”27 e de “O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO“28 .

24 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: PAPILLON BLEU - ANA DE OLIVEIRA SANTOS, TAMBÉM

CONHECIDA POR ANICOTA SANTOS. 25 pascácio25: 1 cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã, toleirão, tolo, tonto. Indivíduo que é muito bobo; quem tende a ser extremamente simplório; parvo ou pateta. Pascácio é sinônimo de: cretino, lorpa, otário, pacóvio, papalvo, parvo, pato, sonso, tanso, tantã,toleirão, tolo, tonto

26 http://www.academiamaranhense.org.br/inacio-xavier-de-carvalho/ 27 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; SILVA, Antonio Aílton. IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES & MEMÓRIAS 28 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O POETA PASCACIO: I. XAVIER DE CARVALHO

A primeira doutora ludovicense, vocês sabem quem foi? Não me refiro à ‘médica”, ou à “advogada”, mas à primeira ludovicense a obter o título de Doutora por uma Universidade... Autora de uma vasta obra, publicou na Revista de Portugal o “Cancioneiro da Biblioteca Nacional” - em fascículos entre os anos de 1949 e 1964, e sem nenhum apoio -, obra com leitura, comentários e glossário. Trabalho de Elza Paxeco Machado e José Pedro Machado 29, seu marido, como coautor.

Não encontramos registro de onde estudou, em São Luís, pois segundo informações de sua filhaRosa Machado estudava em casa, pois os professores que iam lá. Não se encontrou, até o momento quer organismo onde possam estar esses registos. Em Belém do Pará, esteve no Colégio Paes de Carvalho, não se encontrando os arquivos, porém existe um diploma em poder da família. Estudou em universidades do Brasil, de França, da Grã-Bretanha (Gales e Londres) de Portugal (Lisboa), formando-se nesta em Filologias Românica e Germânica, aprovada com Honours Summa cum laudes, e em Língua e Literatura Inglesa – Master of Arts. Foi a primeira mulher a doutorar-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1938, sendo a sua dissertação doutoral aprovada por unanimidade dos membros do júri. Foi sócia correspondente Academia Maranhense de Letras - cadeira nº 5, cadeira hoje ocupada por sua filha, Maria Rosa Paxeco Machado:

29 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machadov Discípulo de David Lopes na Universidade de Lisboa, e de José

Leite de Vasconcelos, é tido como um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa. José Pedro Machado publicou dois dos mais relevantes dicionários do idioma, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Fez parte de vários júris de admissão a estágios do Ensino Técnico Profissional aos Institutos Comerciais e Industriais. Foi relator da Comissão do Vocabulário, Dicionário e Gramática da Academia das Ciências de Lisboa (1938-1940).

Publicou com sua esposa, Elza Paxeco, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.

Tomou posse no quadro de membros correspondentes da Academia Maranhense de Letras na quinta-feira passada, dia 14, a dra. Rosa Pacheco Machado. Ela passou a ocupar a Cadeira No 5, fundada por João de Melo Viana e cujo patrono é Belarmino de Matos, o Didot maranhense. É interessante a cadeia sucessória dessa Cadeira e já digo por quê. Ela é sucessora de José Mindlin, conhecido empresário e bibliófilo brasileiro, mais bibliófilo do que empresário, penso eu. Ele por sua vez foi sucessor de Elza Pacheco Machado justamente a mãe da dra. Rosa.

Mas a coincidência não se esgota em ocuparem a mesma cadeira mãe e filha. Um dos fundadores da Academia, Fran Paxeco, era o pai da dra Elza Pacheco, segunda ocupante da Cadeira n° 5. Ela, como vimos, era mãe da dra. Rosa. Aí está. A nova acadêmica é neta de um dos mais importantes fundadores da AML.30 Associação das Academias Brasileiras de Letras também a nomeou sua representante em Portugal. Sócia Efectiva da Sociedade de Geografia de Lisboa, eleita em sessão de 27 de Fevereiro de 1964. Deixou colaboração dispersa por numerosas publicações nacionais (Portugal) e estrangeiras de entre as quais se destacam as revistas da Faculdade de Letras de Lisboa, Brasília, de Coimbra, Revista das Academias Brasileiras de Letras, do Rio de Janeiro, Revista de Portugal, Ocidente e outras.

Remeto-os à leitura de ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO 31

Voltemos à um artigo polemico: Antônio Lopes escreveu artigo nomeando ‘a primeira poeta maranhense” ... E ele não se refere à Maria Firmina... Antônio Lopes, em artigo publicado no “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, referia-se sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão e, então traz-nos alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então. Identifica ANGELA GRASSI como a primeira a publicar versos... Mas esse era o pseudônimo utilizado por LEONETE OLIVEIRA

Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

30 Rosa na Academia. 17 de outubro de 2010. Jornal: O Estado do Maranhão , 17 de outubro de 2010 – Domingo, Por: Lino Raposo

Moreira, PhD. http://www.academiamaranhense.org.br/blog/rosa-na-academia/ 31 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO. MARANHAY, VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_50_-_2020b

Leonete utilizava o pseudônimo de Angela Grassi, que foi uma escritora romântica espanhola, do século XIX32 . Nos jornais da época, aparecem vários poemas e artigos a ela dedicados. Assim como começa a usar seu nomenas publicações, que iam além de poemas e contos: publica também críticas literárias. Foi auxiliar de biblioteca, na Benedito Leite A Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, em sua edição de 14 de novembro de 1914, noticia que estava fixando residência no Rio de Janeiro a poetisa maranhense Leonete Oliveira, procedente de São Paulo; M. Nogueira da Silva publica na Gazeta de Noticias, edição de 29 de novembro de 1914 meia página dedicada à poetisa Leonete Oliveira, recém se estabelecida no Rio de Janeiro. O Jornal, de 2 de julho de 1917, anuncia o aparecimento de Cambiantes. Lima Barreto, na Revista Contemporânea (31/08/1918)33, sob o título “Um poeta e uma poetisa” – Hermes Fontes e Leonete Oliveira tece algumas considerações sobre sua obra, assim como Nogueira da Silva, no Jornal das Moças (1917) traznos a seguinte crítica:34

Leonete Oliveira é a maior e a mais brilhante poetisa maranhense, que ao lado de Gilka Machado, Julia Lopes da Silva, Laura da Fonseca e Silva, Julia Cortines, Rosalia Sandoval, Ibrantina Cardone, Julieta e Revocata de Mello, Leonor Posada, Violeta Odette e outras, forma na vanguarda das letras femininas no Brasil.

Logo a seguir, nessa mesma revista, aparece uma nota em que consta como sendo pianista, residindo em Fortaleza, assinando uma composição, que enviara à publicação, como Leonete Oliveira Rocha

Em artigo de Diomar das Graças Mota35 - Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio, publicado em 200836 - consta a seguinte biografia: Leonete Oliveira (1888–1969), professora normalista, lecionava Português em casa, principalmente para mulheres, e foi a precursora do ensino de Estenografia, em São Luís. Acreditava ser esta uma das alternativas para o acesso, principalmente da mulher, ao mercado de trabalho. Poetisa, publicando em 1910 sua primeira obra, intitulada Flocos, em seguida publicou em Portugal Folhas de outono, posteriormente Cambiantes, em Fortaleza, onde integrou a ala feminina da Casa de Juvenal Galeno, instituição literária idealizada e fundada em 1942.

Para saber mais, leia QUEM FOI A PRIMEIRA POETA MARANHENSE?37, A PRIMEIRA ESCRITORA MARANHENSE: ALGUMAS DÚVIDAS E ELUCIDAÇÕES38, EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: AINDA LEONETE OLIVEIRA39

32 Angela Grassi (Cromá, 2 de agosto de 1823 - Madrid, 17 de septiembre de 1883) fue una escritora romántica española del siglo XIXhttps://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81ngela_Grassi

33 http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=351130&pagfis=415&url=http://memoria.bn.br/docreader# 34 http://memoria.bn.br/pdf/111031/per111031_1917_00110.pdf 35 Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – UFF, docente do Departamento de Educação II e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Educação e Mestrado Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Email: diomar@elo.com.br. 36 EDUCAÇÃO & L INGUAGEM • ANO 11 • N. 18 • 123-135, JUL.-DEZ. 2008 37 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. QUEM FOI A PRIMEIRA POETA MARANHENSE? 38 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A PRIMEIRA ESCRITORA MARANHENSE: ALGUMAS DÚVIDAS E ELUCIDAÇÕES 39 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: AINDA LEONETE OLIVEIRA

Ao pesquisar sobre Fran Paxeco, meu patrono da Academia Ludovicense de Letras, deparei-me com o lançamento de um livro de poesia de título “Padrões”, obra póstuma, que fora prefaciada por Fran... Informa, ainda, que estavam sendo publicados artigos que apareceram em diversos jornais de São Luís. Encontrei dados sobre seu percurso estudantil, desde o ensino secundário até seu ingresso na Faculdade de Farmácia do Pará, compreendo os anos de 1900 até 1910. Desse mesmo ano, as notas de seu falecimento, e as missas rezadas. Autor de Vala Comum, versos; e de Padrões, versos, além de vários artigos publicados no Pará, onde estudava Farmácia, e em São Luís. O lançamento de seu segundo livro aparece também em jornais do Rio de Janeiro, e indicação de Leitura de Domingos Perdigão, em 1929: “O que há para ler” na Biblioteca Benedito Leite. Em A PACOTILHA, 13 de fevereiro de 1913 ‘PADRÕES – recebemos os “Padrões’, a obra póstuma de Salle e Silva, o jovem poeta tão cedo roubado as letras. [...] A obra foi andada imprimir pela família do malogrado moço, como uma carinhosa homenagem á sua memória. [...] Não faremos a crítica dos versos de Salles e Silva. Tão cedo ele morreu e tantas esperanças a sua morte ceifou, que, lendo as composições reunidas em volumem pelas mãos, que desde o berço vinham abençoando, a gente, longe de ser levado à crítica, pensa nisto a que ele mesmo chamou ‘a libertação, que também sonhou Buda”, o selo “esteril do Norvana” [...] o volume traz um prefacio de Fran Paxeco e fecha com os artigos publicados na “Pacotilha” e “Diário do Maranhão”. [...] agradecemos o exemplar que nos foi enciado.

E em O Imparcial, do Rio de Janeiro: “Livros Novos S. Luis – Appareceu também o livro de poesias posthumas do malogrado jovem Manoel Salles Silva, intitulado “Padrões” o livro traz uma carta-prefácio

do publicista Fran Paxeco. Também em A Noite, do Rio de Janeiro: O MARANHÃO LITTERÁRIO –Poesias e história : Appareceu também o livro de poesias posthumas do malogrado jovem Manoel Salles

Silva, intitulado “Padrões” o livro traz uma carta-prefácio do publicista Fran Paxeco.

Para conhecer sua poesia: MANOEL SALLES E SILVA, POETA MARANHENSE. QUEM CONHECE?40

Já que falamos de Nunes Pereira, vamos falar de RAIMUNDO NONATO PINHEIRO:

CASTRO, Kyssian. - NONATO PINHEIRO, O POETA QUE A BARRA ESQUECEU, in Revista da Literatura Barra-Cordense 33, Published on Nov 15, 2017, disponível em https://issuu.com/kissyan/docs/revista_20da_20literatura_20barra-c

Raimundo Nonato Pinheiro nasceu em Barra do Corda em 8 de novembro de 1890, e faleceu em Manaus a 15 de outubro de 1938. Partiu de São Luís para Manaus em 1911, já casado com Diana Macedo Pinheiro, da cidade de Caxias. Tiveram quatro filhos naturais e uma adotiva. O ‘Jornal do Comércio’, de Manaus (ed. 14/12/1969) traz matéria sobre o poeta maranhense Raimundo Nonato Pinheiro (pai) 41, ressaltando que fora grande amigo de Maranhão Sobrinho, e um dos poucos que acompanhou seu enterro desde o casebre onde morava no bairro Cachoeirinha:

Companheiro de Maranhão Sobrinho e de Nunes Pereira, conforme registra Maria Luiza Ugarte Pinheiro42:

Numa época em que a vida literária era sinônimo de vida boêmia, foi comum que os homens de letras (jornalistas, poetas, juristas, professores, etc.) montassem suas “igrejinhas” nesses espaços de sociabilidade. Ali, entre goles do mais fino champanhe francês ou de um trago da mais barata genebra, lamentavam o acanhamento da vida provinciana, propunham saídas para os problemas nacionais, confidenciavam segredos de alcova e desnudavam intermináveis intrigas com seus desafetos. Para um crítico da época, a intriga e a mesquinharia ficavam a cargo dos menos talentosos, dos “pobres diabos da literatura” ou dos “liliputianos da imprensa de picuinha”. (MESQUITA, 1935, 60)43 [...] Da mesma forma que as opções etílicas, as articulações literárias podiam variar também em função da origem e inserção social de seus integrantes. Assim, os poetas mulatos maranhenses, Nunes Pereira, Raimundo Nonato Pinheiro e Maranhão Sobrinho, sofreram forte segregação e foi somente graças aos seus talentos e a boa dose de ousadia que conseguiram se impor e minorar o processo de marginalização que sobre eles recaía4 . A Autora registra, em nota de pé-de-página que:

41 http://www.taquiprati.com.br/cronica/478-em-nome-do-padre 42 PINHEIRO, Maria Luiza Lugarte. Periodismo e Vida Literária em Manaus. Trabalho apresentado no GT História do Jornalismo integrante do V Encontro Regional Norte de História da Mídia 43 MESQUITA, Carlos. Glebarismo. Manaus: s/ed., 1935, citado por PINHEIRO, obra citada

O ingresso de Nunes Pereira na Academia Amazonense de Letras, no ato de criação dessa entidade (1918) demonstra bem os embates que foram necessários assumir. Sem ser convidado, Nunes entrou ébrio na sessão solene e se indicou para a cadeira de Cruz e Souza, com o argumento deste ter sido um mulato como ele. 44

Nonato Pinheiro, além de grande amigo de Maranhão Sobrinho, ainda foi o guardião de seu espólio literário.

Para saber mais: UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO45

Vamos a outras escritoras lembradas por Jucey Santana:

Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura” , pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos [...]

De Zilá Paes achei mais recortes para sua memória em diversos jornais do Maranhão, existentes na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Interessante, que sobre essa intelectual, as referências são apenas de sua atuação enquanto diretora da Escola isolada Sotero dos Reis, das palestras que fez, em datas cívicas com a participação de alunos da escola que dirigia, e nenhuma poesia ou conto publicado, nos jornais, como era de costume da época. No acervo da BPBL-Digital, não encontrei a Revista Renascença, e a Maranhense 46, consultei os números disponíveis e não encontrei o nome de Zilá Paes. Não vi todos os números de alguns jornais, os que apresentam mais referencias, mas as que vi, se referem apenas à diretora, e nenhum texto... Para saber mais: EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ZILÁ ANGELA PAES47

Já Maria Cristina Azedo aparece com vários poemas e sonetos publicados, assim como a participação em sociedades literárias. Seu primeiro poema publicado é de 1896, em homenagem ao filho; em 1897, outro, à sua filha Isis. Aparecem, em 190, numa coletânea publicada pelo Centro Caixeiral e esta outra noticia, de A Pacotilha de 07 de março de 1900, o surgimento de uma nova poetisa:

44 Em Depoimento (ainda inédito) à Geraldo Pinheiro. À Autora. 45 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. UM POETA ESQUECIDO: RAIMUNDO NONATO PINHEIRO 46 http://casas.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20160106110201.pdf 47 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ZILÁ ANGELA PAES

Para conhecer sua poesia: EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS48

“Vovó Biluca” é outra escritora maranhense desconhecida; mas quem é “Biluca”?

Lembrei de minha avó Isabel Fialho Felix, autora do livro de poesias "O Por-do-Sol de Minha Terra", escrita à beira do rio Itapecuru, quando lia as histórias da 'Carochinha', para os netos pequenos (inclusive eu) e ao final, tirava suas conclusões e afirmava: "Eu também já fui assim, etc e tal...". Daí, acabava tornando uma história da 'Carochinha', um fato real em minha cabecinha de criança. 'Ora, se isso aconteceu com Vovó 'Biluca", isso foi real e pode acontecer comigo também...', indagava eu em minha inocência49 .

A avó de Mhario Lincoln!!!

Isabel Fialho Félix nasceu em Grajaú, em 05 de maio de 1905, casada aos 13 anos de idade com o libanês Antonio Cachem Felix, comerciante em Rosário; o primeiro filho, aos 15 anos, mãe de Isilda Fialho Felix, Flor de Liz Fialho Felix, Grace Iris Fialho Felix, e Wilson Paulo Fialho Felix. Poetisa, conforme registro em vários jornais de São Luís, tendo publicado o livro “O por do sol de minha terra”; segundo A Pacotilha (05/05/1958): Os versos da poetisa Isabel Fialho Felix vem sendo publicados em várias revistas literárias do país e merecendo as mais elogiosas referencias de renomados críticos nacionais” Não encontramos essas referencias, e temos alguns poemas transcritos por uma de suas netas. Para conhecer alguns de seus versos, ver: EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ISABEL FIALHO FELIX50

E para finalizar vamos em busca de JESUINA AUGUSTA SERRA, Autora participante do Parnaso Maranhense, de 1861. Para Sílvio Romero, na História da Literatura Brasileira, de 188251:

48 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS

49 MHÁRIO LINCOLN. AMAR É UM ELO ENTRE O AZUL E O AMARELO. In ALL EM REVISTA, v. 4, n. 3, julho a setembro, 2017, p. 400402, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v._3__julho-setem 50 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: ISABEL FIALHO FELIX 51 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin Digital. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/.

Nessa espécie de catedral barroca de nossa literatura onde, ao lado dos in santos, se assim se pode dizer, das figuras de primeira plana, de valor incontestado, tiveram entrada carrancas e bonifrates, gente miúda, gente mais – ou menos – que secundária, só foram incluídas sete mulheres: Ângela do Amaral Rangel, Beatriz Francisca de Assis Brandão, sobrinha de Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a doce Marilia das Liras de Gonzaga, Delfina da Cunha, Nísia Floresta (...), Narcisa Amália, Maria Firmina Reis e Jesuína Serra. (...) (PEREIRA: 1954, 18)52 .

Segundo Constância Lima Duarte53, Virginia Woolf54 , ao visitar bibliotecas à procura de obras escritas por mulheres, constatou o número quase insignificante desta produção, atribuiu à profunda misoginia, que não cansava de afirmar a inferioridade mental, moral e física do gênero feminino, as poucas chances que então eram dadas às mulheres. No clássico estudo “Um teto todo seu”, de 1929, resumiu assim as condições necessárias para que o talento criativo pudesse surgir: era preciso ter um quarto próprio e serem minimamente independentes e instruídas. A exclusão cultural estava associada irremediavelmente à submissão e à dependência econômica. Se o talento criador não era exclusivo dos homens, os meios para desenvolvê-los, com certeza eram:

É certo que Virginia Woolf fala de outro lugar e de outro tempo, quando as universidades inglesas não aceitavam mulheres circulando em suas dependências, e muito menos o mercado de trabalho. Mas também entre nós já foi assim. Nas últimas décadas do século XIX, e mesmo nas primeiras do século XX, causava comoção uma mulher manifestar o desejo de fazer um curso superior. E a publicação de uma obra costumava ser recebida com desconfiança, descaso ou, na melhor das hipóteses, com condescendência. Afinal, era só uma mulher escrevendo. (DUARTE, obra citada).

No Parnaso Maranhense: Dona J. A. Serra SONETO. De estatura ordinária e corpo cheio, A tez pouco morena e descorada, Testa nada redonda, antes quadrada, Nariz muilo commum, porem não feio;

Os olhos a volver, mas com receio, A bocca regular, mas engraçada, A voz, se bem que meiga, já cansada De supplicar cm vão o amor alheio;

Dos homens, em geral, pouco gostando E capaz por um só de dar a vida, Contente os guilhõe seus, louca beijando:

Eis Josiua, que a sorle femeníida, N´ste mundo cruel, feio e nefando, Cansou, para querer, sem ser querida !

https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=18854 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=107145, p. 193

52 PEREIRA, Lúcia Miguel. “As mulheres na literatura brasileira”. Revista Anhembi, n. 49, ano V, vol. XVII. São Paulo, dezembro, 1954. 53 Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada Constância Lima Duarte (UFMG), disponível em http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/Mesas/CONST%C3%82NCIA%20LIMA%20DUARTE.pdf 54 WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Paro por aqui. Obrigado pela paciência e oportunidade

Obrigado. Aguardo as críticas...

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