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EM BUSCA DAS ESCRITORAS MARANHENSES: MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

MARIA CRISTINA AZEDO MATTOS

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

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Partimos “em busca das escritoras maranhenses” após publicar a biobibliografia de Leonete Oliveira e um excelente artigo de Antonio Aílton analisando sua produção. Até então, estava esquecida. Surgiram algumas polemicas, haja vista ter sido citada, em artigo publicado em 1909, como a primeira escritora maranhense. Dentre os que se manifestaram, Jucey Santana cita diversas escritoras maranhenses pouco conhecidas ou estudadas:

Temos uma riqueza de poetisas ainda completamente esquecidas. A exemplo de Maria Cristina Azedo que encontramos poemas seus desde 1873. Em 1899 ela publicou “Amor e Desventura”, pela Tipografia Ramos de Almeida. O último livro dela foi “Flores Incultas”, em 1924. Zilá Paes fundou vários jornaizinhos como: Carriça, Vésper, Nossa Bandeira... Publicava seus poemas e dos alunos, Apolónia Pinto que nasceu em 1866, conhecida como dramaturga, foi uma renomada poetisa, e a famosa Papilon Bleu, pseudônimo Ana de Oliveira Santos, também conhecida por Anicota Santos. Publicou “Acordes” em 1899. Este livro já se encontra no Acervo Digital da BBL.

Vamos às buscas, principiando por Maria Cristina Azedo. Em A Pacotilha de 06 de agosto de 1896 publica um poema em homenagem ao filho

Informa A Pacotilha de 07 de março de 1900, o surgimento de uma nova poetisa:

N´ A Pacotilha de 14 de outubro de 1902 aparece como responsável pela arrecadação de fundos para o busto de Odorico Mendes, como responsável da Renascença Literária, com um total de 2.670$000

Também em A Pacotilha, mas do dia 10 de dezembro de 1902, aparece a criação da sociedade literária e a composição de sua diretoria:

A 12 de novembrn de 1908, outro poema:

Nova nota de falecimento de um parente, em A Pacotilha de 07 de julho de 1910:

ISABEL FIALHO FELIX

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ194 Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Mhario Lincoln, em critica ao livro de Cléo Rolim195, compara:

Lembrei de minha avó Isabel Fialho Felix, autora do livro de poesias "O Por-do-Sol de Minha Terra", escrita à beira do rio Itapecuru, quando lia as histórias da 'Carochinha', para os netos pequenos (inclusive eu) e ao final, tirava suas conclusões e afirmava: "Eu também já fui assim, etc e tal...".

Daí, acabava tornando uma história da 'Carochinha', um fato real em minha cabecinha de criança. 'Ora, se isso aconteceu com Vovó 'Biluca", isso foi real e pode acontecer comigo também...', indagava eu em minha inocência.

194 Com a colaboração de MHÁRIO LINCOLN FIALHO FÉLIX SANTOS, seu neto; ISABEL FIALHO FÉLIX, sua neta, a quem o autor agrade as fotos e os poemas manuscritos por Isabel (a neta), de suas lembranças. 195 MHÁRIO LINCOLN. AMAR É UM ELO ENTRE O AZUL E O AMARELO. In ALL EM REVISTA, v. 4, n. 3, julho a setembro, 2017, p. 400402, disponível em https://issuu.com/leovaz/docs/revista_all__n.4__v._3__julho-setem

Isabel Fialho Félix nasceu em Grajaú, em 05 de maio de 1905, casada aos 13 anos de idade com o libanês Antonio Cachem Felix, comerciante em Rosário; o primeiro filho, aos 15 anos, mãe de Isilda Fialho Felix, Flor de Liz Fialho Felix, Grace Iris Fialho Felix, e Wilson Paulo Fialho Felix.

Poetisa, conforme registro em vários jornais de São Luis, tendo publicado o livro “O por do sol de minha terra”; segundo A Pacotilha (05/05/1958) Os versos da poetisa Isabel Fialho Felix vem sendo publicados em várias revistas literárias do país e merecendo as mais elogiosas referencias de renomados críticos nacionais”

1923 – No Diário de São Luis, anunciado o nascimento de um filho, Wladimir196

1945 – No Diário de São Luis de 29 de maio, de que havia sido atendida no Pronto Socorro:

1948 – O Diário de São Luis de 05 de maio parabeniza pelo transcurso de seu aniversário:

1949 - Diário de São Luis de 05 de maio, mais uma vez registra o aniversário de Isabel:

1952 – Em A Pacotilha de 05 de maio, em Notas Sociais, parabenizando por seu aniversário 1956 – O Combate, de 26 de dezembro: mais uma filha de nossa biografada é identificada:

1958 –A Pacotilha de 05 de maio em nota “Faz anos hoje a poetisa Isabel Fialho Felix”, esposa do comerciante em Rosário Antonio Felix: “[...] a distinta aniversariante, que é inspirada poetisa e autora do livro ‘O por do Sol de minha terra’ a ser dentro em breve publicado, nasceu em Grajau, interior do Maranhão. (...) Os versos da poetisa Isabel Fialho Felix vem sendo publicados em várias revistas literárias do país e merecendo as mais elogiosas referencias de renomados críticos nacionais”

EM BUSCA DAS AUTORAS MARANHENSES: JESUINA AUGUSTA SERRA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciência da Informação

Nome completo: Jesuína Augusta Serra - Autora participante do Parnaso Maranhense, de 1861. No Parnaso Maranhense:

Dona J. A. Serra

SONETO. De estatura ordinária e corpo cheio, A tez pouco morena e descorada, Testa nada redonda, antes quadrada, Nariz muilo commum, porem não feio;

Os olhos a volver, mas com receio, A bocca regular, mas engraçada, A voz, se bem que meiga, já cansada De supplicar cm vão o amor alheio;

Dos homens, em geral, pouco gostando E capaz por um só de dar a vida, Contente os guilhõe seus, louca beijando:

Eis Josiua, que a sorle femeníida, N´ste mundo cruel, feio e nefando, Cansou, para querer, sem ser querida !

Segundo Constância Lima Duarte, Virginia Woolf, ao visitar bibliotecas à procura de obras escritas por mulheres, constatou o número quase insignificante desta produção, atribuiu à profunda misoginia, que não cansava de afirmar a inferioridade mental, moral e física do gênero feminino, as poucas chances que então eram dadas às mulheres. No clássico estudo “Um teto todo seu” , de 1929, resumiu assim as condições necessárias para que o talento criativo pudesse surgir: era preciso ter um quarto próprio e serem minimamente independentes e instruídas. A exclusão cultural estava associada irremediavelmente à submissão e à dependência econômica. Se o talento criador não era exclusivo dos homens, os meios para desenvolvê-los, com certeza eram: É certo que Virginia Woolf fala de outro lugar e de outro tempo, quando as universidades inglesas não aceitavam mulheres circulando em suas dependências, e muito menos o mercado de trabalho. Mas também entre nós já foi assim. Nas últimas décadas do século XIX, e mesmo nas primeiras do século XX, causava comoção uma mulher manifestar o desejo de fazer um curso superior. E a publicação de uma obra costumava ser recebida com desconfiança, descaso ou, na melhor das hipóteses, com condescendência. Afinal, era só uma mulher escrevendo. (DUARTE, obra citada).

Nessa espécie de catedral barroca de nossa literatura onde, ao lado dos in santos, se assim se pode dizer, das figuras de primeira plana, de valor incontestado, tiveram entrada carrancas e bonifrates, gente miúda, gente mais – ou menos – que secundária, só foram incluídas sete mulheres: Ângela do Amaral Rangel, Beatriz Francisca de Assis Brandão, sobrinha de Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a doce Marilia das liras de Gonzaga, Delfina da Cunha, Nísia Floresta (...), Narcisa Amália, Maria Firmina Reis e Jesuína Serra. (...) (PEREIRA: 1954, 18).

Na Hemeroteca da Biblioteca Nacional não encontramos qualquer referencia à essa autora.

FONTES

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin Digital. Disponível em: http://www.brasiliana.usp.br/. https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=18854 https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=107145, p. 193

Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal contada Constância Lima Duarte (UFMG), disponível em http://www.uesc.br/seminariomulher/anais/PDF/Mesas/CONST%C3%82NCIA%20LIMA%20DUARTE.pdf WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. PEREIRA, Lúcia Miguel. “As mulheres na literatura brasileira”. Revista Anhembi, n. 49, ano V, vol. XVII. São Paulo, dezembro, 1954. http://memoria.bn.br/DocReader/docmulti.aspx?bib=%5Bcache%5Drosa_5225059333.DocLstX&pesq=%22Jesuina% 20Serra%22

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