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ELOGIO AO PATRONO: ELZA PAXECO MACHADO

Elza Fernandes Paxeco (São Luís, 6 de Janeiro de 1912 — Lisboa, 28 de Dezembro de 1989) Foi professora, filóloga e escritora134 .

Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

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Ao ser informado por Mhário Lincoln de que fora aceito para ocupar uma Cadeira na Academia Poética Brasileira, disse-me que ainda não havia uma numeração, nem um Patrono. Tempos depois, aproximando-se a data provável da posse, solicitei o número da cadeira e o nome do patrono. Informou-me que o patrono seria de minha escolha. Após muito pensar – entre meus dois patronos: no IHGM, Dunshee de Abranches; na ALL, Fran Paxeco. Pensava mais em Fran Paxeco, pois estava a escrever uma sua biobibliografia – Recortes & Memórias, o título, levantando tudo o que fora publicado dele e sobre ele, nos jornais das terras onde passara. Estava no ano de 1912 quando me deparei com a notícia de nascimento de sua filha, Elza:

A PACOTILHA, São Luís, 09 de janeiro de 1912

134 https://pt.wikipedia.org/wiki/Elza_Paxeco Fontes Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, s.v. «Elza Paxeco». vol. 20, pgs. 696-967. Lello Universal: Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro. Porto: Lello & Irmão, 1980, 2 vols., s.v. «Elza Paxeco», II vol. pg. 487. OLIVEIRA, A. Lopes de; VIANA, Mário Gonçalves. Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, s.v. «Elza Paxeco». Porto: Lello & Irmão, 1967, pg. 1038. PORBASE Base nacional de dados bibliográficos. A Universidade de Lisboa Séculos XIX e XX, Vol.II / Coord. Sérgio Campos Matos, Jorge Ramos do Ó [ et al.] Lisboa, Tinta da China, 2013. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Elza_Fernandes_Paxeco_Machado.jpg https://www.facebook.com/418088872283919/posts/426860654740074/ https://aviagemdosargonautas.net/2012/01/06/homenagem-a-professora-elza-paxeco/ https://pt.linkfang.org/wiki/Elza_Paxeco#cite_ref-2https://pt.linkfang.org/wiki/Elza_Paxeco#cite_ref-2 https://www.myheritage.com.br/names/elza_machado

Vamos seguir, aqui, a apresentação que sua neta, Dra. Rosa Machado, fez135: Nasceu em São Luís do Maranhão, a 06 de Janeiro de 1912 na Rua da Palma, nº 38 – na casa de seu avô materno Luís Manuel Fernandes, sócio da Firma “Luis Manuel Fernandes & Irmãos, importadores e exportadores”.

Jazigo do Comerciante Luiz Manoel Fernandes e sua Família

Na alameda principal do Cemitério do Gavião está o jazigo do comerciante português Luiz Manoel Fernandes e sua Família, erguido como capela de mármore de Carrara em estilo neogótico, obra do escultor português António Moreira Rato. Luiz Manoel foi importante comerciante em meados e fins do século XIX e faleceu de beribéri, quando em viagem, na Bahia, sendo seu corpo transferido para São Luís, onde foi sepultado em seu jazigo. Sua filha, a maranhense Isabel Fernandes, veio a casar-se com o cônsul português e intelectual, um dos 12 apóstolos das letras fundadores da Academia Maranhense, Fran Paxeco. Do casal Fran-Isabel descende ilustre prole dentre as quais se destacam a sua filha Dra. Elza Paxeco Machado, primeira mulher a doutorar-se em Letras pela Universidade de Lisboa e sua neta Maria Rosa Pacheco Machado, Mestra em arquivo e documentação, que ocupa atualmente uma cadeira de membro correspondente da Academia Maranhense, cadeira que foi ocupada por sua Mãe, a Dra. Elza. Registre-se que, Maria Rosa, bisneta de Luís Manoel Fernandes e neta de Fran Paxeco, é também filha do grande filólogo, dicionarista e arabista português Dr. José Pedro Machado, falecido em 2005136 .

Aí passou sua infância com seus pais, ele Manuel Fran Paxeco (1874-1952) 137 português de Setúbal jornalista e diplomata, ela maranhense de São Luís que lhe propiciaram um ambiente requintado, culto, de padrão bastante elevado. Para além do ensino normal, aprendeu a tocar piano, a dizer poesia, a desenhar etc., com professores das especialidades138 .

135 MACHADO, Rosa Paxeco. In correspondência particular, via correio eletrônico, enviada em 1º de setembro de 2020, a pedido dom autor 136 REZENDE FILHO, João Dias. In Cemitério: museu a céu aberto? Suplemento Literário e Cultural Guesa Errante do Jornal

Pequeno (24.03.2012, disponível em https://idisabel.wordpress.com/2012/03/24/cemiterio-museu-a-ceuaberto/Publicado em 24 de março de 2012 por neoabolicionistas.

137 https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Fran_Paxeco http://www.academiamaranhense.org.br/manuel-francisco-pacheco/ https://www.wikiwand.com/pt/Manuel_Fran_Paxeco https://www.youtube.com/watch?v=YW0qjkslz_8 https://www.youtube.com/watch?v=ABZnuy10cIw https://www.youtube.com/watch?v=-qTepbtKZ-4 https://www.youtube.com/watch?v=-qTepbtKZ-4 http://cev.org.br/biblioteca/fran-paxeco-e-educacao-fisica-maranhao/ http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/05%20HISTORIA%20DA%20PROFISSAO%20DOCENTE/FRAN%20PAXECO%20LENTHE%20DA%20REVITALIZACAO.p df https://www.diretodoplanalto.com.br/2019/07/juiz-sem-juizo-o-caso-fran-paxeco-por.html 138 Informa Rosa Machado: Ainda não consegui saber onde ela terá estudado em criança, embora tenha andado a bater a várias portas; Colégio Santa Teresa, Secretaria da Educação, Inspecção Escolar, mas os arquivos não estão muito disponíveis.

Isabel Eugénia Cardoso de Almeida Fernandes (1879-1956) natural de São Luís, também era filha de um português, mas de Lamares, Vila Real e de uma maranhense de São Luís: Rosa Cândida Cardoso de Almeida Fernandes (1845-1912) que por sua vez também era filha de outro português (de Cascais) e de outra maranhense, mas de Santa Maria de Icatú. Ele, Máximo Cardoso de Almeida (1816-1876) foi dono de engenho de açúcar, capitão de longo curso, dono do barco “Rosabella” e ela, Ana Joaquina Jansen da Silva (1827-1872) era, segundo constam, sobrinha de “Donanna” Jansen. Quando sua família partiu definitivamente do Brasil para a Europa (em 1925), foi carregada de recordações poéticas, musicais, etnográficas; de estórias, cheiros e cores, sabores e sons... De que falará com saudade, desgosto, ciente que nunca mais voltaria a São Luís. Citava Gonçalves Dias mal chegava a Primavera... Inteligente, imaginativa, sonhadora, boa aluna, estudou com sucesso num convento católico jesuíta no Reino Unido, o Upton Hall School a Nordeste139, até entrar para a Universidade de Gales140, onde se formou em Filologia Românica e Filologia Germânica com altas classificações – Honours Summa cum Laudes.

Mais tarde, durante dois anos para a Universidade de Londres141 para fazer outro curso, de especialização, Master of Arts. Tudo para grande contentamento de seu Pai, que muito admirava e venerava; e de sua Mãe que lhe marcou muito a vida pelos objetivos demasiado ambiciosos que lhe traçou e que lhe marcaram toda a vida.

Quando foi para Portugal, frequentou durante dois anos a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa142 , a fim de tirar as cadeiras de equivalência que lhe faltavam, as de Literatura e Filologia Portuguesas, História de Portugal e Descobrimentos. É nesta fase da sua nova vida académica que conhece outro aluno, que alguns anos mais tarde se tornaria seu marido: José Pedro Machado143, que frequentava o mesmo curso de Filologia Românica. Foi a primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Outubro de 1938), tendo obtido aprovação por unanimidade. Era, nessa altura, o mais novo dos doutores, com apenas vinte e seis anos. Fez um estágio de dois anos no Liceu Pedro Nunes144 e foi chamada para a Faculdade de Letras da mesma Universidade, onde ensinou como leitora de Francês entre Fevereiro de 1940 e Outubro de 1948, quando foi exonerada a seu pedido; igualmente regera as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura Inglesa, tendo ainda feito parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros145 . Casou em 04 de Setembro de 1940 com José Pedro Machado, tendo dessa união nascido três filhos: Maria Helena (1941), João Manuel (1943), Maria Rosa (1946).

Por indicação de Alfredo de Assis146, representou em Portugal a Associação das Academias Brasileiras de Letras147 . Foi eleita sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras148, exatamente para a cadeira Número 5. No ano letivo de 1960-1961 ensinou Francês na Escola Industrial Afonso Domingues149, escola onde o seu marido era professor efetivo e nesta altura tinha o cargo de Diretor. Nunca deixou de ter contato com São Luís, nomeadamente com a família do Dr. Aníbal de Pádua, com quem sempre se correspondeu, através de quem ia tendo notícias da sua terra natal. Com a família Guedes de Azerêdo que também estava em Portugal, compartilhava laços de São Luís e também laços de família, pois Alfredo (filho) foi o padrinho de baptismo de Maria Helena, uma de suas filhas.

142 https://www.ulisboa.pt/unidade-organica/faculdade-de-letras 143 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machado 144 https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu_Pedro_Nunes 145 https://www.portaldiplomatico.mne.gov.pt/ 146 http://www.academiamaranhense.org.br/alfredo-de-assis-castro/ 147 https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_Letras 148 http://www.academiamaranhense.org.br/ 149 https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Secund%C3%A1ria_Afonso_Domingues. A Escola foi fundada no dia 24 de Novembro de 1884, funcionando numa casa alugada a João Cristiano Keil na Calçada do Grilo, nº 3-1º, que abriu com 53 alunos. Na altura a escola denominava-se Escola de Desenho Industrial Afonso Domingues, onde eram ministrados os cursos diurnos de Desenho

Elementar e os cursos nocturnos de Desenho Industrial e, posteriormente, cursos profissionais. Como Director foi nomeado o professor e escultor João Vaz. A Escola foi oficialmente extinta a 23 de Março de 2010, por despacho de Secretário de Estado da Educação, tendo na altura da sua extinção uma história com 126 anos.

Doou a esta cidade, mais propriamente à Associação Comercial do Maranhão, dois quadros pintados a óleo que lhe eram muito queridos, um representando o seu Avô, Luis Manuel Fernandes, da autoria de Franco de Sá, e o outro seu pai, Fran Paxeco, da autoria de Paula Barros, em duas grandes caixas ao Sr. José Tércio de Oliveira Borges que os trouxe para São Luís, isto em 1957. Era sócia da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Sociedade de Língua Portuguesa. Faleceu na madrugada de 28 de Dezembro de 1989 na sua casa em Lisboa, na Rua Leite de Vasconcelos, vítima de uma úlcera no duodeno.

GATO PRETO EM TELHADO DE ALFAMA

Gato preto de Alfama no telhado Lá em baixo, ao longe. No terraço nu de ladrilho vermelho Cá em cima, ao lado Uns tufos pendentes verde-brancos hoje Folhas e flores no invernal e velho da Cerca Moura troço desencantado. Sorriso curvo de Reims, o do Anjo (Ou o da Gioconda, porém meio tortelho), Olhar longo de amêndoa voltado. Vê a trocista o vulto e lisonja: “Biche-biche” e já surge um espelho Verde radiante pró norte alçado Na cabeça virada tão séria do monge. Chispa o Raio verde do Sol sobranceiro Aos antigos Paços do Limoeiro.

Visto 26-XII-61 - Escrito 1-I-62

Filóloga e ilustre investigadora luso-brasileira, em Portugal, nem no Brasil parece ser recordada. E havia bons motivos para que o fosse; escreveu: - Alguns aspectos da poesia de Bocage (1937). - Acerca da tragicomédia de Dom Duardos (1937). - Essai sur l'oeuvre de Samain (1938) [1] - Graça de Júlio Dinis (1939). - O mito do Brasil-Menino, Coimbra: Coimbra Editora, (1942). - Camões e Elisabeth Barrett (1942). - Nótula sobre negações duplas em português. Lisboa: Separata da Revista da Faculdade de Letras de Lisboa,

Nº10. (1944). - Um dos últimos trabalhos de Hércules (1944) - Estudos em Três Línguas. Lisboa: Pro Domo, (1945). - Aucassin e Nicolette. Lisboa: Minerva, 1946.[2] - Arte de trovar portuguesa. Lisboa: Separata da Revista da Faculdade de Letras,Nº 13,1947. - Da Glottica em Portugal (1948). - Cancioneiro da Biblioteca Nacional: antigo Colocci-Brancuti. (Leitura, comentários, notas e glossário), em colaboração com seu marido, José Pedro Machado. [3] (1949-1964). https://sites.google.com/site/terresymteperfie1/3501351-36abinGEterven97 http://libris.kb.se/hitlist?d=libris&f=simp&spell=true&hist=true&p=1&m=50&q=faut%3A227277 - Galicismos Arcaicos. Tese (concurso para professor extraordinário de Filologia Românica da Faculdade de

Letras) Univ. de Lisboa (1949). - À Margem do Dicionário Manual Etimológico. À Memória de Francisco Adolfo Coelho (1949). - A propósito do antigo nome arábico de Lisboa, com transcrições e traduções do árabe por José Pedro

Machado. Lisboa: Separata da "Revista de Portugal", Série A, Língua portuguesa, vol.33, (1968). - Os Paladinos da Linguagem. Separata Língua e Cultura, (1971).

1916 - São Luís do Maranhão, Elza Fernandes Paxeco vestida de minhota

Em A Pacotilha, edição de 2 de fevereiro de 1912 constava como uma das subscritoras de ações de A Predial do Norte

A 4 de abril de 1915 consta novo envio de 400 cupons à Assistência à Infância em seu nome151, assim como a 15 de outubro152; E em 1917, a 27 de dezembro, mais 700 cupons. Em 1920, estava contribuindo para o Natal das crianças internadas, enviando 100 bilhetes de bonde e outros brindes153 . Não encontramos registro de onde estudou, em São Luís, pois segundo informações de sua filhaRosa Machado estudava em casa, pois os professores que iam lá. Não se encontrou, até o momento quer organismo onde possam estar esses registos. Em Belém do Pará, esteve no Colégio Paes de Carvalho, não se encontrando os arquivos, porém existe um diploma em poder da família.

1921 - Elza Fernandes Paxeco, com a sua ama, na Ponta d'Areia

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=5937

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=6967

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=168319_02&Pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=7591

Em O Jornal, edição de 28 de novembro de 1922 constava do elenco do Grupo de teatro “Coelho Neto”:

1923 - Elza Fernandes Paxeco, com duas de suas primas, filhas do irmão de sua Mãe, Luís Fernandes. Em A Pacotilha, edição de 26 de abril de 1924 é registrada a visita que Elza e sua mãe fizeram à São Luis:154

1926 - Belém do Pará, Elza Fernandes Paxeco e sua Mãe, Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco

Elza Paxeco, 1935. Foto tirada em Londres. Cedida por Rosa Machado156

Centro de Estudos Filológicos (1937). David Lopes (ao centro), o mestre de árabe; Elza Fernandes Paxeco (sentada, à direita); José Pedro Machado (à esquerda, de óculos).

Foi a primeira mulher a doutorar-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1938, sendo a sua dissertação doutoral aprovada por unanimidade dos membros do júri.

Na Universidade de Lisboa (UL) é, entretanto, tempo de passar para a Faculdade de Letras (FL) e de, portanto, recuar para finais dos anos 30: é com efeito em 1938 que um primeiro doutoramento feminino se realiza nesta Escola - o de Elza Paxeco Machado (1912-1989) (Matos & Ó, 2013). Filha do então cônsul de Portugal no Maranhão, Fran Paxeco, fez o essencial da sua formação graduada e post-graduada na Universidade do País de Gales. Radicada em Portugal e casada com o filólogo e dicionarista José Pedro Machado (1914-2005), em 1938 apresenta-se a provas de doutoramento em Literatura Francesa na FL/UL, com a tese Essai sur l'oeuvre de Samain[5]. Foi aprovada por unanimidade e - coisa pouco vulgar ao tempo - as provas parecem ter decorrido em ambiente de certa cordialidade, mormente nos pontos arguidos por Hernâni Cidade (1887-1975). Ulteriormente habilitada com o Estágio Pedagógico para o Ensino Liceal (Liceu Pedro Nunes, 1939), em princípio de 1940 ingressou na FL/UL como professora contratada. Ensinou Língua e Literatura Francesa e Literatura Inglesa. Testemunhos de Hernâni Cidade salientam que “não usava nunca o português em aula, banira o uso da tradução e incitava os alunos a dirigirem-se-lhe em francês, mesmo no convívio extra-escolar” (Matos & Ó, 2013, p. 1038157); para além do que, era “rigorosíssima no julgamento dos seus alunos, sem deixar de com eles conviver em perfeito ambiente de simpatia respeitosa” (H. Cidade citado em Matos & Ó, 2013, vol. II, p. 1038). Em 1948 pede a exoneração do lugar, incomodada com o ambiente criado pela purga universitária de 1947. Numa situação em que o único vínculo profissional parece ter sido o de membro de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Elza Paxeco investiga intensamente, devendo-se-lhe por exemplo, em colaboração com seu Marido, a edição do Cancioneiro da Biblioteca Nacional (1949-1964)158 .

O Jornal O Imparcial, em sua edição de 9 de abril de 1938, p. 2159, traz a seguinte matéria: ALGUNS ASPECTOS DA POESIA DE BOCAGE Em plaquette trazendo separata da Revista da Faculdade de Letras, tomo V, da Universidade de Lisboa, publicou a nossa ilustre conterrânea Elza F. Paxeco, um estudo crítico da obra do ‘parnasiano’ português Manuel Maria Bocagge, o Elmano glosador de oiteiros. Desenvolvendo com maestria o tema que no serve de epígrafe, a autora faz a apreciação completa das produções do ‘máximo cinzelador’, pois não aplica somente a ‘apologética’, e apresenta as falhas que lhe atribuíram, embora muitas vezes o fizessem injustamente. Arguiam Bocage pela ‘iteração’ encontrada nas suas poesias, esquecendo a graça que isso traz, como se ve em um de seus sonetos, [...] A senhorita Elza Fernandes Paxeco é filha do grande amigo do Maranhão, do publicista dr. M. Fran Paxeco, e de d. Isabel Fernandes Paxeco, de distinta família maranhense. A sua ancestralidade justifica os aprimorados dotes intelectivos de que deu sobejas mostras nas universidades que cursou na Inglaterra e na República portuguesa

Viria, entre 1940 e 1948, a ensinar nesta Faculdade como leitora de francês (Fevereiro de 1940 a Outubro de 1948), quando foi exonerada a seu pedido - o facto de ser perseguida, e ter recebido uma "bola preta" no seu exame para o cargo de professor agregado, destinado de antemão a um colega homem, embora menos qualificado na época, pois num mundo de homens, ainda se olhava de revés para as senhoras, fez com que apresentasse a exoneração do cargo, alegando a responsabilidade dos filhos: [...] Sua esposa, a também lexícografa Elza Paxeco Machado, primeira doutora em Letras da Universidade de Lisboa, foi perseguida por colegas docentes, a ponto de deixar a universidade. Em solidariedade, o marido também abandonou a cátedra. Ambos continuaram o trabalho fora da universidade. Os cadernos culturais e os segundos cadernos, com tanta coisa para tratar, não deram destaque a seu desaparecimento160 .

157 http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852018000100008 158 HOMEM, Armando Luis de Carvalho. Mulheres doutoras nas universidades portuguesas (1926-1960). Women and PhDs in

Portuguese universities (1926-1960). Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher no. 39 Lisboa jun. 2018. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-68852018000100008 159 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107646&pesq=ELZA%20FERNANDES%20PAXECO&pagfis=21635 160 SILVA, Deonisio. O brinquedo do plebiscito. Edição 349. 04 de outubro de 2005. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/o-brinquedo-do-plebiscito/

Foi também naquela Faculdade que conheceu a que viria a ser sua mulher, a Professora Doutora Elza Paxeco, com ele co-autora da muito citada edição comentada do Cancioneiro da Biblioteca Nacional, antigo Colocci-Brancuti e, ela própria, pessoa de notável capacidade intelectual, tendo sido a primeira senhora doutorada em Letras pela Universidade de Lisboa (1938) e autora de diversos trabalhos de investigação que lhe granjearam igualmente merecida reputação, entre eles e além do já citado, o intitulado «Estudos em Três Línguas», Lisboa, 1945, obra hoje rara, só disponível em boas Bibliotecas ou em algum Alfarrabista criterioso. Foi afastada da Universidade, em consequência de rivalidades, invejas e intrigas, conhecidas maleitas, mesquinhas mas deletérias, que costumam assolar os agitados bastidores universitários, comprovado mal de todos os tempos e de todas as Academias. Algo de grave se terá então passado, para ter levado Pedro Machado, em solidariedade, a demitir-se das suas funções de Assistente e, em alternativa, a ter preferido um lugar mais modesto, mas mais seguro, de Professor Efectivo do Ensino Secundário, naqueles espartanos tempos do começo da Segunda Guerra Mundial.

Informa-nos Rosa Machado162 que: A saída do meu Pai da Faculdade, não teve nada a ver com a minha Mãe, não sei onde, quem escreveu, vai buscar essas informações, erradas. Ele apresentou a sua demissão na sequência de vários episódios, nomeadamente lhe terem recusado os regulamentos para ele se apresentar ao doutoramento. E os ares que se respiravam então na FLUL, não lhe agradavam: sempre foi uma pessoa muito frontal, alheio a mesquinharias.

Lecionou igualmente as cadeiras de Literatura Francesa e de Língua e Literatura Inglesas. No Memorial da Universidade de Lisboa consta:

Paxeco, Elza Fernandes163 Paxeco, Elza Fernandes, ou Paxeco, Elza (N. São Luís do Maranhão, Brasil, 1912; ob. Lisboa, 1989). Primeira mulher doutorada pela Universidade de Lisboa. Área: Filologia Românica. Docente: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aluno: Universidade de Londres. Curso: Filologia Românica (PE), Filologia Germânica. Doutor: Universidade de Lisboa (?). Colabora com: Machado, José Pedro.

Categoria: Pessoas Factos sobre Paxeco, Elza Fernandes Aluno de Universidade de Londres + Ano de nascimento 1912 + Ano do óbito 1989 + Colabora com Machado, José Pedro + Criador de Essai sur l'oeuvre de Samain + Data de nascimento 1912 + Data do óbito 1989 + Denominação do agente Paxeco, Elza Fernandes +e Paxeco, Elza + Descrição Primeira mulher doutorada pela Universidade de Lisboa Docente em Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa + Doutorado por Universidade de Lisboa (?) +

161 VIRIATO, António. A Apresentação do Livro do Dr. José Pedro Machado. José Pedro Machado. ( N. em Faro a 08-11-1914 – F. em Lisboa a 26-07-2005 ). - Breve nota biográfica In http://alma_lusiada.blogspot.com/2007/01/apresentao-do-livro-do-dr-jospedro.html

Falecido em Lisboa + Frequenta curso Filologia Românica (PE) +e Filologia Germânica + Género Feminino + Nascido em São Luís do Maranhão + País Brasil + Permanece em Londres +e Lisboa + Tem área de conhecimento Filologia Românica +

VIEIRA DA LUZ, Joaquim. FRAN PAXECO E AS FIGURAS MARANHENSES. Rio de Janeiro: Livros de Portugal; Edições dois Mundos, 1957164 .

FICHA MÉDICA

Final anos 40 - Elza Fernandes Paxeco na Praia das Maçãs com os seus 3 filhos.

Fez parte de júris de admissão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Foi sócia correspondente Academia Maranhense de Letras - cadeira nº 5, cadeira hoje ocupada por sua filha, Maria Rosa Pacheco Machado: Tomou posse no quadro de membros correspondentes da Academia Maranhense de Letras na quinta-feira passada, dia 14, a dra. Rosa Pacheco Machado. Ela passou a ocupar a Cadeira No 5, fundada por João de Melo Viana e cujo patrono é Belarmino de Matos, o Didot maranhense. É interessante a cadeia sucessória dessa Cadeira e já digo por quê. Ela é sucessora de José Mindlin, conhecido empresário e bibliófilo brasileiro, mais bibliófilo do que empresário, penso eu. Ele por sua vez foi sucessor de Elza Pacheco Machado justamente a mãe da dra. Rosa. Mas a coincidência não se esgota em ocuparem a mesma cadeira mãe e filha. Um dos fundadores da Academia, Fran Paxeco, era o pai da dra Elza Pacheco, segunda ocupante da Cadeira n° 5. Ela, como vimos, era mãe da dra. Rosa. Aí está. A nova acadêmica é neta de um dos mais importantes fundadores da AML.165

e a Associação das Academias Brasileiras de Letras também a nomeou sua representante em Portugal. Publicou com seu marido, José Pedro Machado166, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.

165 Rosa na Academia. 17 de outubro de 2010. Jornal: O Estado do Maranhão , 17 de outubro de 2010 – Domingo, Por: Lino

Raposo Moreira, PhD. http://www.academiamaranhense.org.br/blog/rosa-na-academia/ 166 https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Machadov

Discípulo de David Lopes na Universidade de Lisboa, e de José Leite de Vasconcelos, é tido como um dos maiores dicionaristas da língua portuguesa. José Pedro Machado publicou dois dos mais relevantes dicionários do idioma, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e o Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. Fez parte de vários júris de admissão a estágios do Ensino Técnico Profissional aos Institutos Comerciais e Industriais. Foi relator da

Comissão do Vocabulário, Dicionário e Gramática da Academia das Ciências de Lisboa (1938-1940). Publicou com sua esposa,

Elza Paxeco, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, 1949-1964.

Sócia Efectiva da Sociedade de Geografia de Lisboa, eleita em sessão de 27 de Fevereiro de 1964. Deixou colaboração dispersa por numerosas publicações nacionais e estrangeiras de entre as quais se destacam as revistas da Faculdade de Letras de Lisboa, Brasília, de Coimbra, Revista das Academias Brasileiras de Letras, do Rio de Janeiro, Revista de Portugal, Ocidente e outras.

Lisboa, Igreja de Santo António, Elza Fernandes Paxeco e seu marido, José Pedro Machado, no baptizado da sua primeira neta, Helena Sofia, filha de Maria Helena, a filha mais velha.

O retrato de Elza Fernandes Paxeco, que esteve na exposição "Mulher em destaque", 2014, Fundação da Memória Republicana Brasileira.

PROFESSORA ELZA PAXECO – UM EPISÓDIO CURIOSO

CARLOS LOURES 6 de Janeiro de 2012História, Música/Dança

HTTPS://AVIAGEMDOSARGONAUTAS.NET/2012/01/06/PROFESSORA-ELZA-PAXECO-UM-EPISODIO-CURIOSO/

Não tive o prazer de conhecer pessoalmente a Professora Elza Paxeco, embora tenha sido grande amigo de José Pedro Machado, seu marido, e ainda antes de ter conhecido o grande filólogo e arabista, ter sido companheiro de lides políticas de seu filho João – o nosso João Machado. Sabendo-me em contacto diário com o Professor Luís de Albuquerque, presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses mandou-me um recado: viera a lume a notícia de que Placido Domingo viria a Lisboa, ao São Carlos, desempenhar o papel de Vasco da Gama na ópera L’Africaine, do compositor prussiano Meyerbeer. Perguntava a professora se eu conhecia a ópera ou se alguém da Comissão a conhecia. Vasco da Gama era ridicularizado, bem como Portugal e os portugueses. Eu nunca vira a ópera e Luís de Albuquerque a quem expus a questão, também não. Descobrimos o que era possível. Soubemos que a ópera nunca fora apresentada em Portugal e que só fora estreada em Paris em 1865, após a morte de Meyerbeer. Não sendo uma das óperas mais famosas, tem uma ária muito divulgada e cantada pelos grandes tenores – além de Placido Domingo, Pavarotti, Carreras, Kraus… Lendo o libreto do francês Scribe percebemos o que a professora dissera – L’Africaine nada tinha a ver com a verdade histórica. O libretista francês ignorara a História e construira uma vulgar intriga amorosa: uma rainha africana, e uma filha de um grande almirante, apaixonadas por Vasco da Gama, enquanto um homem da corte africana se apaixonava pela filha do almirante. Uma história banal de amores desencontrados. Os africanos, suicidam-se e Vasco da Gama fica com a filha do grande almirante. Uma conclusão possível, cotejando datas, foi a de que a ópera tenha sido encomendada a Meyerbeer por uma questão política. Em 1857 ocorreu um grave incidente diplomático entre Portugal e França. Um navio negreiro francês, a barca Charles & George, que fazia tráfico de escravos entre Moçambique e a Ilha de Reunião foi interceptada por um navio de guerra português, em águas territoriais portuguesas. O barco foi apresado e o capitão foi aprisionado e enviado para Lisboa. Era óbvio para toda a Europa que Portugal tinha razão, mas em França não se viu o problema pelo prisma legal – a questão era: o pequeno Portugal não tinha o direito de ter razão perante a França. A Inglaterra, foi da mesma opinião e o governo português teve de libertar o navio e o capitão, e indemnizar a França. A encomenda da ópera poderá ter sido um meio de nos humilhar. Por esta ou por outra razão, a ópera nada tem a ver com a História de Portugal e não fazia sentido pagar uma fortuna para trazer a Lisboa uma ópera em que a epopeia dos Descobrimentos é ignorada e tudo se resume a uma vulgar intriga amorosa. Seria uma estranha maneira de comemorar os Descobrimentos… Talvez o aviso da Doutora Elza Paxeco tenha contribuído para que em Portugal continue por ser apresentada esta ópera. O que os melómanos lamentarão por não podermos escutar ao vivo esta magnífica ária que Placido

Domingo interpreta de forma superior. Se não pensarmos que é o nosso Vasco da Gama, o grande almirante, descobridor do caminho marítimo para a Índia, podemos apreciar a arte de Meyerbeer e, sobretudo, o virtuosismo de Placido Domingo. É uma gravação feita no ano de 1988 na Ópera de São Francisco:

GENEALOGIA José Anastácio Pacheco (natural de Setúbal) casado com Carolina Amélia Pacheco pais de Joaquim Pacheco ( natural de Setúbal) e de Manuel Francisco Pacheco - conhecido como Fran Paxeco (natural de Setúbal); Joaquim Pacheco casado com Deolina Baptista Pacheco e teve 4 filhos: Isabel; Óscar Paxeco (jornalista); Clóvis; Maria de Jesus Paxeco de Sousa Franco. Esta última filha casou com António Sousa Franco (Gouveia), formado em medicina, trabalhava num laboratório, sendo pois os pais de António Luciano Pacheco de Sousa Franco, que não teve filhos biológicos. Fran Paxeco, escritor, jornalista, diplomata, casou com Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco (natural de S. Luis do Maranhão) e tiveram uma filha: Elza Fernandes Paxeco Machado (S. Luis do Maranhão ), que casou com José Pedro Machado (Faro ) e teve três filhos: Maria Helena, João Manuel e Maria Rosa Pacheco Machado (que sou eu, e tenho uma filha que se chama Inês...). Isabel Eugénia de Almeida Fernandes Paxeco, natural de S. Luis do Maranhão, descendentes de Luis Manuel Cardoso de Almeida Fernandes, nascido em S. Luis em 1877 e falecido no Rio de Janeiro em 1911. Óscar Paxeco, outro jornalista a quem Setúbal também muito deve, nasceu a 10 de Agosto de 1904, na freguesia de S. Julião / Setúbal e faleceu solteiro 17 de Fevereiro de 1970.

Numa entrevista que sua mãe - Elza PaXeco - concedeu a uma revista de Lisboa (Março/1949), em determinada altura afirma, quando lhe perguntaram qual a nacionalidade: "Portuguesa" e esclarece "Nasci no Brasil, e minha mãe é brasileira, mas descendente de famílias portuguesas".

tio avô chamava-se Luís Manuel de Almeida Fernandes (São Luís do Maranhão 1878 - Rio de Janeiro 1911). Estudou Engenharia e casou muito cedo com Guilhermina Vinhais também de São Luís do Maranhão. Viveram no Rio de Janeiro onde tiveram 4 filhos: Beatriz (que devia ser a mais velha); Eleonora - nascida em 1906; Dulce - nascida em 1909; Luis, que morreu muito novo. (todos Vinhais Fernandes)

Os Parga do Maranhão

No Maranhão, o início está no casal Alexandre Ferreira da Cruz e Mariana Clara de São José de Assunção Parga, em meados do Século XVIII. Alexandre Ferreira da Cruz nasceu no Couto do Mosteiro, em Santa Comba Dão, Viseu, em 1716, filho de Manoel Ferreira e Francisca Ferraz. Neto paterno de Luis Ferreira e Luzia Francisca. Neto materno de Antonio Jorge e Ana Gomes. Bisneto materno de Manoel Álvares e Maria Francisca. Bisneto materno de Antonio Jorge e... Bisneto materno de Manoel Pires e... Bisneto paterno de João Luís e Isabel Ferreira, casal tronco dos Ferreira até o momento, casados por volta de 1640. E se considerarmos a história oral da minha família, a origem de Isabel Ferreira estaria na Ilha da Madeira, ligada aos Drummond... Mas não consegui ir além. Mandei fazer busca nos arquivos de Viseu, Santa Comba Dão e Couto do Mosteiro e o casamento de João Luís e Isabel não foi encontrado. Pelos Parga o início está no Maranhão, no casamento do Capitão Manoel José de Assunção Parga e de Antonia Maria Clara de Andrade, portugueses que tiveram, pelo menos, dois filhos: a nossa avó Mariana Clara de São José e Baltazar de Assunção Parga. Alexandre e Mariana eram ricos fazendeiros, com três sesmarias e muitos escravos, listados no rol dos mais ricos do Maranhão no século XVIII, que entre outros filhos tiveram: 4. JOAQUIM FERREIRA DE ASSUNÇÃO PARGA. Tenente Coronel. Nascido em 1762, ou 1768, em São Luís. Falecido, em 17 de Janeiro de 1843, na Fazenda de Santo Antonio, no Alto Mearim. Casado, em 1804, em Itapecuru, com Dona Rosa Bernardina Lisboa, nascida em 1783, em Itapecuru, e falecida em 17 de Janeiro de 1843. Pais de: 2.4 Alexandre Ferreira Lisboa Parga. Fazendeiro. Nascido em 1811, em São Luís. Casado, em 1831, com Dona Maria Isabel Gonçalves Nina, nascida em 1818 e falecida em 13 de Junho de 1866, em São Luís, com Testamento, filha de João Gonçalves de Jesus, natural de Portugal, e de Dona Francisca Rita Gonçalves, neta paterna de Manuel Rodrigues Nina. Pais de: 3.2 Rosa Laura Lisboa Parga. Nascida em 1835. Casada, em 31 de Março de 1856, com João Gonçalves Nina, nascido em Itapecuru, filho de José Gonçalves Nina (ou Manoel Rodrigues Nina) e de Dona Carolina Rosa dos Reis. Pais de:

4.5 Joaquim Gonçalves Nina. Casado com Dona Rosa Bernardina Ferreira. Pais de: 5.1 João Gonçalves Ferreira Nina. Casado com Dona Palmira Carvalho Bulhão, nascida em 19 de Fevereiro de 1851, filha de João Carlos Bulhão e de Dona Cesaltina Galvão de Carvalho, neto paterno de João Antonio da Silva e de Dona Carlota Oliveira Bulhão, neto materno de Francisco de Oliveira Bulhão e de Dona Rosa Helena Lamaignere. Pais de: 6.1 Cesaltina Bulhão Nina. Nascida em 17 de Janeiro de 1874. Casada com Dr. Antonio Jovita Vinhaes, médico militar, filho de José Manoel Vinhaes e de Dona Guilhermina Jovita. Com geração. Pais de: 7.1 Guilhermina Vinhaes.

A PRIMEIRA POETA MARANHENSE, NA OPINIÃO DE ANTONIO LOPES

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Buscando informações publicadas nos jornais maranhenses do século passado sobre alguns de nossos poetas – I. Xavier de Carvalho e Maranhão Sobrinho – deparei-me com artigo publicado por Antônio Lopes em “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, falando sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão. Traz-nos então alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então. É a seguinte a nota:

LEONETE OLIVEIRA Lima Rocha167 nasceu em São Luís, Maranhão, em 17 de julho de 1888, filha de Gentil Homem de Oliveira e Luiza Fernandes de Oliveira. Foi Professora e Bibliotecária. Ingressou na Academia Maranhense de Letras. Residia no Rio de Janeiro, onde veio a falecer. Publicou "Flocos", "Folhas de Outono" e muitos outros. Leonete Oliveira virou nome de rua em São Luís, no bairro Cohab Anil II.

Se à tua porta um mendigo vem bater, pedindo pão, mais que o pão, dá-lhe um abrigo no teu próprio coração.

Para jamais te enganares, não sejas juiz de ninguém. - Como os outros tu julgares, serás julgado também...

Naquele beijo inocente, que os nossos lábios uniu, meu coração,de repente, para o teu peito fugiu.

É dolorosa a verdade, mas eu sempre assim senti: tenho raiva da saudade que lembra o bem que perdi.

Do que penso e do que sinto, você quer tudo saber. Mas, pode crer, eu não minto: sei sentir, não sei dizer...

167 http://falandodetrova.com.br/leonete https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2941 https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=222031&locale=en

Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

SUPLÍCIO DE TÂNTALO

Nasci de asas cortadas, no infinito dos meus sonhos de glória e de ventura, tentei em vão subir, no impulso aflito de quase desespero ou de loucura…

Olhando o espaço, o coração contrito, das belezas da vida ando à procura, e penso, e sinto, e sofro, e choro, e grito , no anseio de vencer esta tortura…

Diante de mim os pomos de ouro avisto e querendo alcançá-los fico inerme, sem saber se estou morta ou ainda existo…

E vendo em tudo um luminoso véu, eu continuo qual se fora um verme, rastejando na terra e olhando o céu!

Leonete de Oliveira, in “Folhas de outono”

em honra ao Menino Jesus. Chegou a dar conferencias na Universidade Popular Maranhense, abordando o tema “A Mulher”. Nesse mesmo ano foi aceita como sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras:

Como a publicar seus poemas

A Pacotilha de 18 de janeiro de 1910 informa que o livro de Leonete Oliveira entrara na gráfica, e traz mais um poema inédito:

Única publicação de 2011:

O Correio da Tarde, edição de 22 de julho de 1910 traz sua nomeação para a Biblioteca Pública, como auxiliar do Diretor, Ribeiro do Amaral. 168 A Pacotilha de 6 de abril de 1914 traz a sua exoneração do cargo de auxiliar da diretoria da Biblioteca Pública. Na edição de 10 de julho, pede o comparecimento dos rementes de jornais à repartição postal, para verificarem as remessas, dentre elas, a de Leonete Oliveira, para São Paulo. A Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro, em sua edição de 14 de novembro de 1914, noticia que estava fixando residência no Rio de Janeiro a poetisa maranhense Leonete Oliveira, procedente de São Paulo:

M. Nogueira da Silva publica na Gazeta de Noticias, edição de 29 de novembro de 1914 meia página dedicada à poetisa Leonete Oliveira, recém se estabelecida no Rio de janeiro:

O Jornal, de 2 de julho de 1917, anuncia o aparecimento

Antonio Lopes, em A Pacotilha, edição de 2 de agosto de 1917, ao comentar os livros lançados recentemente, além de comentar o do Barão de Studart sobre O Movimento de 17 no Ceará, dedica um espaço para um segundo, de autoria de nossa poeta:

Nogueira da Silva, no Jornal das Moças (1917) traz-nos a seguinte crítica:170 Leonete Oliveira O nome, que encima estas linhas, não é desconhecido das gentis leitoras do Jornal das Moças. No numero 107 sahiu, acompanhado de seu retrato, um lindo e bem feito soneto, intitulado Vaidosa, um magmüco inédito aue,-por feliz acaso, nos vem as mãos. No numero seguinte, logo tivemos também oportunidade de dar um outro soneto, como o primeiro marcado de excellente e então arrancado das fulgurantes paginas do seu primeiro livro de versos— Flocos.. , . Leonete Oliveira é a maior e a mais d rilhante poetisa maranhense, que ao lado de Gilka Machado, Julia Lopes da bilva, Laura da Fonseca e Silva, Julia Cortines, Rosalia Sandoval,

Ibrantina Cardone, Julieta e Revocata de Mello, Leonor Posada, Violeta Odette e outras, forma na vanguarda das letras femininas no Brasil. O seu livro Flocos deu-lhe immediatamente um logar de proeminencia na literatura, destacandose, com brilho, dentre a pleiade de poetas e homens de letras do Maranhão. Agora Leonete Oliveira, tendo melhor afinado a sua lyra divina e melhor acentuado os seus dotes poéticos, brinda-nos com um segundo livro. Veiu de Lisboa para Fortaleza, onde se encontra actualmente residindo a distincta poetisa maranhense. Intitula-se Cambiantes e contem as ultimas produções da festejada escriptora patricia. O novo livro de Leonete Oliveira vem confirmar inteiramente os conceitos externados do seu valor e de suas virtudes literarias, quando foi do aparecimento do seu primeiro volume de versos. Inteligente, culta, sabendo rimar com propriedade e metrificar com elegância, os versos da formosa poetisa maranhense merecem todos os nossos encomios. O espaço não nos per- mitte especificar e citar, mas sempre apontamos as seguintes peças: Cambiayites, Creio, Nunca mais, Sol-pôr, Beijos, Os nossos arrufos, Vitima carta, Vaidosa, A uma arvore seca, A um coração, Cantar es e Um ramalhete, alem de outras, que» serão sempre lidas com uma grande, uma sentida, uma funda emoção. Versos de amor, de saudade, de ventura e de tristeza, elles fazem rir e chorar, elles fazem soffrer e pensar. Nisso, parece-nos, reside todo o elogio que se possa fazer desse interessante e encantador volume que nos enviou a distincta poetisa maranhense. E quanto a citações, faremos apenas duas. Esta linda e profunda quadra: Segredos ha no coração, Que a gente cala e nunca diz... De um lado o amor, doutro a razão, Quem pôde assim viver feliz ?

que separamos da poesia Cantares e que vale por uma philosophia, vibrando como um jóia delicada, uma minúscula obra-prima do pensamento. E agora este magniüco soneto, “Beijo”; que lembra a musa sensual e impecável de Raymundo Correia, perieito, sentido, encantador : Beijo de amor que abraza o sangue e acende Um fogo ardente e liquido nas veias, Beijo que á tua a minha bocca prende, Por que eu anceio e por que tu anceias • Essa loucura que ninguém comprehende, De que sentimos as nossas almas cheias, Esse calor divino que se estende Por sobre nós como doiradas teias:

São desses beijos que nós dois trocamos, E que á força de serem repetidos, Vão comnosco a cantar por onde andamos , . .

Inexgotavel fonte de desejos, — Que os nossos lábios vivam sempre unidos, E sempre vivam permutando beijos !

E não precisamos dizer mais do valor e dos méritos excepcionaes da poetisa Leonete Oliveira. Os seus versos dizem mais e mais alto e mais eloqüente, que os nossos pobres conceitos. Organisando o seu novo livro, a grande poetisa maranhense juntou aos novos versos, algumas poesias e sonetos do volume intitulado Flocos, que são estes: Mãe, A louca, Só, Suprema dor, A meu violão, A caza do vaqueiro, Gotas de pranto, Noite, Venus e Volúvel. Isso deu, de algum

modo, certo realce as Cambiantes, pois a formosa poetisa escolheu precizamente as melhores peças do seu primeiro livro. Mas, que o não fizesse. Não era precizo. O seu segundo livro é, sob todos os pontos de vista, melhor que o primeiro e vem confirmar brilhantemente o posto que nas letras brasileiras, a applaudida poetisa maranhense conquistou, muito justamente,com a publicação dos seus primeiros versos. M. Nogueira da Silva liihliogrupliia A mulher: conferência. Maranhão, Imprensa Oficial, 1909, in-é° de 23 pp. Flocos: poesias.'Maranhão, Ti/p. Teixeira, 1910, in-8o de 108 pp. Cambiantes: poesias. Lisboa, Casa Vem tura Abrantes, 1917, in-8° de 126 pp. Inéditos Miragens: versos. Liyro azul : contos. Colaboração Na Pacotilha, S. Luiz; Gazeta de Noticias, Rio ; Cruzada, Rio : etc , etc, N.

O soneto publicado no Jornal das Moças:

O Jornal, edição de 26 de julho de 1918 publica o seguinte poema:

A Pacotilha de 11 de fevereiro de 1919 traz outro poema de Leonete, mas desta vez, acrescentando Rocha ao seu sobrenome: Leonete Oliveira Rocha:

Na edição seguinte, outro poema:

E mais outro:

O Jornal de 14 de abril de 1919 fala sobre concurso promovido pela Revista Maranhense, destacando, entre seus colaboradores, a poetisa Leonete Oliveira.

Logo a seguir, 14 de junho, essa nota:

Na edição de 29 de março de 1919 é publicado soneto sobre a seca

Sobre os ultimos versos da poetisa Leonete Oliveira é o titulo de crítica assinada por N. Nogiueira da Silva, transcrito do Boletim Mundial:

Em artigo de Diomar das Graças Mota171 - Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio, publicado em 2008172 - consta a seguinte biografia:

171 Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – UFF, docente do Departamento de Educação II e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Educação e Mestrado Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão –UFMA. E-mail: diomar@elo.com.br. 172 EDUCAÇÃO & L INGUAGEM • ANO 11 • N. 18 • 123-135, JUL.-DEZ. 2008

Leonete Oliveira (1888–1969), professora normalista, lecionava Português em casa, principalmente para mulheres, e foi a precursora do ensino de Estenografia, em São Luís. Acreditava ser esta uma das alternativas para o acesso, principalmente da mulher, ao mercado de trabalho. Poetisa, publicando em 1910 sua primeira obra, intitulada Flocos, em seguida publicou em Portugal Folhas de outono, posteriormente Cambiantes, em Fortaleza, onde integrou a ala feminina da Casa de Juvenal Galeno, instituição literária idealizada e fundada em 1942.

QUEM FORAM:

JÚLIA VALENTIM DA SILVEIRA LOPES DE ALMEIDA (Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1862 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 1934) foi uma escritora, cronista, teatróloga e abolicionista brasileira. Foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. Tem uma produção grande e importante para a literatura brasileira, de literatura infantil a romances, crônicas, peças de teatro e matérias jornalísticas.[5][6] Foi casada com o poeta português Filinto de Almeida, e mãe dos também escritores Afonso Lopes de Almeida, Albano Lopes de Almeida e Margarida Lopes de Almeida. Nascida na cidade do Rio de Janeiro em 1862, era filha do médico Valentim José da Silveira Lopes, mais tarde Visconde de São Valentim, e de Adelina Pereira Lopes, ambos portugueses emigrados para o Brasil. Mudou-se ainda na infância para a cidade de Campinas, no estado de São Paulo, onde 1881 publicou seus primeiros textos na Gazeta de Campinas, apesar de na época a literatura não ser vista como uma atividade própria para mulheres. Numa entrevista concedida a João do Rio entre 1904 e 1905, confessou que adorava escrever versos, mas o fazia às escondidas. Três anos depois, em 1884, começa a escrever também para o jornal carioca O País, trabalho que durou mais de três décadas. Em 1886, mudou-se para Lisboa, onde se lança como escritora e junto de sua irmã publica Contos Infantis, em 1887. Em 28 de novembro de 1887 casou-se com Filinto de Almeida, à época diretor da revista A Semana Ilustrada, editada no Rio de Janeiro. Passou a ser colaboradora sistemática da publicação. Também escreveu para a revista Brasil-Portugal[ (1899-1914). Júlia retornou ao Brasil em 1888, onde publica seu primeiro romance, Memórias de Marta, que sai em folhetins em O País. Seu textos em jornais da época tratam sempre de temas pertinentes como a República, a abolição e direitos civis. Pioneira da literatura infantil no Brasil, seu primeiro livro, Contos Infantis (1886), foi uma reunião de 33 textos em verso e 27 em prosa destinados às crianças, escrito em parceria com sua irmã, Adelina Lopes Vieira. [5] Um ano depois, publicou Traços e Iluminuras, o primeiro dos seus 10 romances Escreveu também para teatro, com dois volumes publicados e cerca de 10 textos inéditos. Foi presidenta honorária da Legião da Mulher Brasileira, sociedade criada em 1919. Sua coletânea de contos Ânsia Eterna, 1903, sofreu influência de Guy de Maupassant e uma das suas crônicas veio a inspirar Artur Azevedo ao escrever a peça O dote. Em colaboração com o marido, escreveu, em folhetim do Jornal do Commercio, seu último romance, A Casa Verde, em 1932 Fundação da ABL Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras. Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade, elaborada por Lúcio de Mendonça Na primeira reunião da ABL, porém, seu nome foi excluído. Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que lhes servia de modelo. No lugar de Júlia Lopes entrou justamente o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de "acadêmico consorte". O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5. Morte Júlia Lopes de Almeida faleceu em 30 de maio de 1934, na cidade do Rio de Janeiro, por complicações renais e linfáticas decorrentes da febre amarela. Ela foi sepultada no cemitério São Francisco Xavier. Postumamente, no mesmo ano, foi publicado seu último romance, Pássaro Tonto. https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlia_Lopes_de_Almeida JÚLIA CORTINES (Rio Bonito, 12 de dezembro de 1868 — Rio de Janeiro, 1948) foi uma poeta, e cronista brasileira. É considerada uma das mais vigorosas poetisas fluminenses do século passado, comparada às ilustres Narcisa Amália e Ibrantina Cardona. Com pouco mais de 20 anos começou a publicar suas obras, e, em 1894, seu livro intitulado "Versos" alcançou algum sucesso. O segundo, "Vibrações", lançado em 1905 constituiu-se numa revelação para o famoso crítico literário José Veríssimo, que afirmou na época: "Os poemas de Júlia Cortines distanciam-se magnificamente da poesia de água-de-cheiro e de pó-de-arroz da musa feminina brasileira, e revelam em Júlia, mais que uma mulher que sabe sentir, alguém que sente com alma e coração e de forma que disputa primazias com nossos melhores poetas contemporâneos." https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlia_Cortines FRANCISCA JÚLIA CÉSAR DA SILVA MÜNSTER (Xiririca, 31 de agosto de 1871 - São Paulo, 1 de novembro de 1920) foi uma poetisa brasileira. Nasceu em Xiririca, hoje Eldorado Paulista. Colaborou no Correio Paulistano e no Diário Popular, que lhe abriu as portas para trabalhar em O Álbum, de Artur Azevedo, e A Semana, de Valentim Magalhães, no Rio de Janeiro. Foi lá que lhe ocorreu um fato bastante curioso: ninguém acreditava que aqueles versos fossem de mulher e o crítico literário João Ribeiro, acreditando que Raimundo Correia usava um nome falso, passou a "atacá-lo" sob o pseudônimo de Maria Azevedo. No entanto a verdade foi esclarecida após carta de Júlio César da Silva enviada a Max Fleiuss. A partir daí João Ribeiro empenha-se para que o primeiro livro da autora seja publicado e, em 1895, Mármores sai pela editora Horácio Belfort Sabino. Já a essa altura era Francisca Júlia considerada grande poetisa nos círculos literários. Olavo Bilac louvou-lhe o culto da forma, a língua, remoçada "por um banho maravilhoso de novidade e frescura", sua arte calma e consoladora. Sua consagração se refletiu nas inúmeras revistas que começaram a estampar-lhe o retrato. https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisca_J%C3%BAlia_da_Silva

e revistas, entre as quais A Vida Elegante. Usava o pseudônimo Júlio de Castro para escrever contos em O Paiz, jornal de maior tiragem da América do Sul, na época. Como Leonel Sampaio escrevia artigos de crítica literária. No jornal Étoile de Sud, assinava como Célia Márcia, mas foi como Carmem Dolores que se destacou e que durante cinco anos, de 1905 a 1910, assinou suas crônicas na coluna dominical A Semana, na primeira página de O Paiz. Publicou, em 1897, o livro de contos Gradações. Em 1910, lançou Ao esvoaçar da ideia, reunião de crônicas. Publicou Lendas brasileiras, uma coleção de 27 contos para crianças. Recebeu homenagem póstuma em 1934, com a publicação de Almas complexas. Coube a ela escrever o editorial do primeiro número da revist A vida elegante. https://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicos-literatura/personagens-periodicosliteratura/carmem-dolores/ Ángela Grassi (Cromá, 2 de agosto de 1823 - Madrid, 17 de septiembre de 1883) fue una escritora romántica española del siglo XIX. https://es.wikipedia.org/wiki/%C3%81ngela_Grassi

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Publiquei, recentemente, artigo sobre uma poetisa maranhense que, na opinião de Antonio Lopes, seria a primeira: LEONETE OLIVEIRA Lima Rocha173 nascida em São Luís, Maranhão, em 17 de julho de 1888, filha de Gentil Homem de Oliveira e Luiza Fernandes de Oliveira. Foi Professora e Bibliotecária. Ingressou na Academia Maranhense de Letras. Residia no Rio de Janeiro, aonde veio a falecer. Publicou "Flocos", "Folhas de Outono" e muitos outros. Leonete Oliveira virou nome de rua em São Luís, no bairro Cohab Anil II. Hoje, sabe-se – e se aceita – como a primeira mulher a escrever poesias, contos, crônicas, e publicar livros, foi Maria Firmina dos Reis, patrona da Academia Ludovicense de Letras. Antônio Lopes, em artigo publicado no “Diário do Maranhão” edição de 05 de junho de 1909, referia-se sobre a inexistência de poetas mulheres no Maranhão e, então traz-nos alguns nomes, pseudônimos, e identificando quem escreveu algumas belas poesias que apareciam, então. É a seguinte a nota:

173 http://falandodetrova.com.br/leonete https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=2941 https://www.literaturamaranhense.ufsc.br/documentos/?action=midias&id=222031&locale=en

Título: Leonete OliveiraAutor/ Colaborador:Garnier, M.J. Data:[189-?] Descrição:bico de pena Assuntos:Authors, Brazilian - Portraits Oliveira, Leonete de Portraits B869.8 Oliveira, Leonete de, n.1888 - RetratosEscritores brasileiros - RetratosT ipo: Desenho Idioma: Português

Leonete utilizava o pseudônimo de Angela Grassi, que foi uma escritora romântica espanhola, do século XIX174 . A Pacotilha, de 11 de junho de 1908 publica um seu poema:

E a 25 de agosto, Correa de Araujo lhe dedica outro poema:

A Pacotilha de 30 de outubro de 1908 traz a seguinte carta aberta destinada à Vieira da Silva:

Conforme notas publicadas nos diversos jornais de São Luis, no ano de 1909 Leonete de Oliveira participava de eventos acontecidos, cívicos e religiosos, tanto em São Luis como no interior, como uma festa em Cajapió em honra ao Menino Jesus.

Chegou a dar conferencias na Universidade Popular Maranhense, abordando o tema “A Mulher”: A 1º de novembro de 1909:

Nesse mesmo ano foi aceita como sócia correspondente da Academia Maranhense de Letras:

A Pacotilha de 18 de janeiro de 1910 informa que o livro de Leonete Oliveira entrara na gráfica, e traz mais um poema inédito:

O Correio da Tarde, edição de 22 de julho de 1910 traz sua nomeação para a Biblioteca Pública, como auxiliar do Diretor, Ribeiro do Amaral. 175 A Pacotilha de 6 de abril de 1914 traz a sua exoneração do cargo de auxiliar da diretoria da Biblioteca Pública. Na edição de 10 de julho, pede o comparecimento dos rementes de jornais à repartição postal, para verificarem as remessas, dentre elas, a de Leonete Oliveira, para São Paulo. A Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro, em sua edição de 14 de novembro de 1914, noticia que estava fixando residência no Rio de Janeiro a poetisa maranhense Leonete Oliveira, procedente de São Paulo:

Antonio Lopes, em A Pacotilha, edição de 2 de agosto de 1917, ao comentar os livros lançados recentemente, além de comentar o do Barão de Studart sobre O Movimento de 17 no Ceará, dedica um espaço para um segundo, de autoria de nossa poeta:

Nogueira da Silva, no Jornal das Moças (1917) traz-nos a seguinte crítica:177 Leonete Oliveira O nome, que encima estas linhas, não é desconhecido das gentis leitoras do Jornal das Moças. No numero 107 sahiu, acompanhado de seu retrato, um lindo e bem feito soneto, intitulado Vaidosa, um magmüco inédito aue,-por feliz acaso, nos vem as mãos. No numero seguinte, logo tivemos também oportunidade de dar um outro soneto, como o primeiro marcado de excellente e então arrancado das fulgurantes paginas do seu primeiro livro de versos— Flocos.. , . Leonete Oliveira é a maior e a mais brilhante poetisa maranhense, que ao lado de Gilka Machado, Julia Lopes da Silva, Laura da Fonseca e Silva, Julia Cortines, Rosalia Sandoval, Ibrantina

Cardone, Julieta e Revocata de Mello, Leonor Posada, Violeta Odette e outras, forma na vanguarda das letras femininas no Brasil. O seu livro Flocos deu-lhe immediatamente um logar de proeminencia na literatura, destacandose, com brilho, dentre a pleiade de poetas e homens de letras do Maranhão. Agora Leonete Oliveira, tendo melhor afinado a sua lyra divina e melhor acentuado os seus dotes poéticos, brinda-nos com um segundo livro. Veiu de Lisboa para Fortaleza, onde se encontra actualmente residindo a distincta poetisa maranhense. Intitula-se Cambiantes e contem as ultimas produções da festejada escriptora patricia. O novo livro de Leonete Oliveira vem confirmar inteiramente os conceitos externados do seu valor e de suas virtudes literarias, quando foi do aparecimento do seu primeiro volume de versos. Inteligente, culta, sabendo rimar com propriedade e metrificar com elegância, os versos da formosa poetisa maranhense merecem todos os nossos encomios. O espaço não nos per- mitte especificar e citar, mas sempre apontamos as seguintes peças: Cambiayites, Creio, Nunca mais, Sol-pôr, Beijos, Os nossos arrufos, Vitima carta, Vaidosa, A uma arvore seca, A um coração, Cantar es e Um ramalhete, alem de outras, que» serão sempre lidas com uma grande, uma sentida, uma funda emoção. Versos de amor, de saudade, de ventura e de tristeza, elles fazem rir e chorar, elles fazem soffrer e pensar. Nisso, parece-nos, reside todo o elogio que se possa fazer desse interessante e encantador volume que nos enviou a distincta poetisa maranhense. E quanto a citações, faremos apenas duas. Esta linda e profunda quadra: Segredos ha no coração, Que a gente cala e nunca diz... De um lado o amor, doutro a razão, Quem pôde assim viver feliz ?

que separamos da poesia Cantares e que vale por uma philosophia, vibrando como um jóia delicada, uma minúscula obra-prima do pensamento. E agora este magniüco soneto, “Beijo”; que lembra a musa sensual e impecável de Raymundo Correia, perieito, sentido, encantador : Beijo de amor que abraza o sangue e acende Um fogo ardente e liquido nas veias, Beijo que á tua a minha bocca prende, Por que eu anceio e por que tu anceias • Essa loucura que ninguém comprehende, De que sentimos as nossas almas cheias, Esse calor divino que se estende Por sobre nós como doiradas teias:

São desses beijos que nós dois trocamos, E que á força de serem repetidos, Vão comnosco a cantar por onde andamos , . .

Inexgotavel fonte de desejos, — Que os nossos lábios vivam sempre unidos, E sempre vivam permutando beijos !

E não precisamos dizer mais do valor e dos méritos excepcionaes da poetisa Leonete Oliveira. Os seus versos dizem mais e mais alto e mais eloqüente, que os nossos pobres conceitos. Organisando o seu novo livro, a grande poetisa maranhense juntou aos novos versos, algumas poesias e sonetos do volume intitulado Flocos, que são estes: Mãe, A louca, Só, Suprema dor, A meu violão, A caza do vaqueiro, Gotas de pranto, Noite, Venus e Volúvel. Isso deu, de algum

modo, certo realce as Cambiantes, pois a formosa poetisa escolheu precizamente as melhores peças do seu primeiro livro. Mas, que o não fizesse. Não era precizo. O seu segundo livro é, sob todos os pontos de vista, melhor que o primeiro e vem confirmar brilhantemente o posto que nas letras brasileiras, a applaudida poetisa maranhense conquistou, muito justamente,com a publicação dos seus primeiros versos. M. Nogueira da Silva liihliogrupliia A mulher: conferência. Maranhão, Imprensa Oficial, 1909, in-é° de 23 pp. Flocos: poesias.'Maranhão, Ti/p. Teixeira, 1910, in-8o de 108 pp. Cambiantes: poesias. Lisboa, Casa Vem tura Abrantes, 1917, in-8° de 126 pp. Inéditos Miragens: versos. Liyro azul : contos. Colaboração Na Pacotilha, S. Luiz; Gazeta de Noticias, Rio ; Cruzada, Rio : etc , etc, N.

O soneto publicado no Jornal das Moças:

O Jornal, edição de 26 de julho de 1918 publica o seguinte poema:

A Pacotilha de 11 de fevereiro de 1919 traz outro poema de Leonete, mas desta vez, acrescentando Rocha ao seu sobrenome: Leonete Oliveira Rocha:

Na edição seguinte, outro poema:

E mais outro:

O Jornal de 14 de abril de 1919 fala sobre concurso promovido pela Revista Maranhense, destacando, entre seus colaboradores, a poetisa Leonete Oliveira. Outro soneto, publicado em O Jornal, de 26 de abril de 1921

Logo a seguir, 14 de junho, essa nota:

Na edição de 29 de março de 1919 é publicado soneto sobre a seca

Sobre os ultimos versos da poetisa Leonete Oliveira é o titulo de crítica assinada por N. Nogiueira da Silva, transcrito do Boletim Mundial:

Em artigo de Diomar das Graças Mota178 - Mulheres professoras maranhenses: memória de um silêncio, publicado em 2008179 - consta a seguinte biografia:

Leonete Oliveira (1888–1969), professora normalista, lecionava Português em casa, principalmente para mulheres, e foi a precursora do ensino de Estenografia, em São Luís. Acreditava ser esta uma das alternativas para o acesso, principalmente da mulher, ao mercado de trabalho. Poetisa, publicando em 1910 sua primeira obra, intitulada Flocos, em seguida

178 Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – UFF, docente do Departamento de Educação II e dos Programas de Pós-Graduação: Mestrado em Educação e Mestrado Materno-Infantil da Universidade Federal do Maranhão –UFMA. E-mail: diomar@elo.com.br. 179 EDUCAÇÃO & L INGUAGEM • ANO 11 • N. 18 • 123-135, JUL.-DEZ. 2008

A 25 de novembro de 1908, nesse mesmo jornal, sai o seguinte:

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