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TOK
Revista do léo REVISTA LAZEIRENTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR Prefixo Editorial 917536
NUMERO 73 – MAIO– 2022
MIGANVILLE – MARANHA-Y “ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE”
A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.
EXPEDIENTE REVISTA DO LÉO REVISTA LAZEIRENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076 CHANCELA
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 405 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sóciocorrespondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Editor do IHGM EM REVISTA, revista eletrônica do IHGM, gestão 2021/2023; . Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.
EDITORIAL VOLTAMOS!!!! Por sugestão/pressão, com base em pesquisas de marquetingue – Laércio Elias Pereira, da ONG CEV a conduziu -, a “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” volta a ser “REVISTA DO LÉO”. Segundo o ManoPereira, já dizia alguém lá no século passado, que um dia, no século XXI, a tendencia seria que cada um tivesse a ‘sua’ revista... A “Revista do Léo” continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Pelo que se depreende do noticiário esportivo especializado no/do Maranhão, o esporte acabou!!! Só se fala em Futebol, seja amador ou profissional, sendo que deste ultimo, a transformação das principais equipes em “sociedade anônima de futebol”, estranha, pois para uma S.A. a exigência mínima é de sete sócios; as SAF – Sampaio e Moto – terão um uni8co sócio, por hora: o próprio clube!!! E ainda dependendo da autorização dos respectivos conselhos diretores... quanto ao amador, torneios e campeonatos de ligas de várzea, a maioria sustentada por ONGs que dependem de recursos dos poderes públicos, sendo a maioria, de Lei de Incentivo e Esporte; a Capoeira, que quer ser legitima apenas a Angola, não se aceita como ‘esporte de competição’, mas como ‘evento cultural e educacional’ procura o incentivo de Cultura e a do Esporte... Das Federações especializadas, a única efetivamente ativa, com competições espalhadas por todo o estado, regionais e finais e ainda torneios comemorativos, é a de Basquete. As demais, quase que não se ouve qualquer movimentação e, quando há, já aconteceu, e sempre em vistas de seletivas para torneios e campeonatos regionais; ‘adonadas’ por certos dirigentes, que constituem ‘clubes escolares’ sob sua administração, apenas esses votam e participam, dificultando a realização/par5ticipação de outros, que se lhes fazem oposição. Fica uma equipe de sum só ‘técnico-proprietário-diirigente’... E isso numa época, e ano, em que os Jogos Escolares completam 50 anos de existência... E para onde vão os Jogos Escolares? No Regimento Geral, há a obrigatoriedade de várias fases, iniciando pela Interna, das Escolas, Interclasses; depois, a formação de Equipes representativas e a participação dessas na fase municipal; as classificadas, na fase regional, para enfim, a estadual; os esportes individuais vão direto para a estadual... Enfim, como ter noticias do esporte no Maranhão, se não as hão? E deparamo-nos com a notícia de que a Prefeitura de São Luis realizará seus primeiros jogos escolares, classificatório para os Jogos Escolares Maranhenses. Até então, era a SEDEL-MA quem organizava a etapa classificatória de São Luis, pois a Prefietura nunca assumira essa responsabilidade. As poucaa vzes em que a fez, foi com a total coordenação da SEDEL-MA, ficando de repassar os recursos, porém nunca o fazendo. De há muito reclamávamos a forma como a SEDEL-MA tratava os diversos municípios, não ajudando em nada, financeiramente, e tendo a coordenação, e São luis, bancava tudo!!!
Quando so Jogos Escolares iniciaram-se, ainda em 1971, com Cláudio Vaz dos Santos, 0 Alemão, já era com as escolas do município de São Luis; logo depois, Santa Rita, com a atenção do Pezão, começa a participar; depois, vem Imperatriz... Caxias... em aos poucos vai tomando a dimensão atual. Os escolares e os jogos/esportes em Maranhão (efdeportes.com)
Por muitos anos, JEMs era só São Luis... Finalmente, depois de 50 anos, a Prefeitura tomou coragem e passa a realizar a sua etapa, JEL...
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR
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EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO
ESPORTE(S) & EDUCAÇÃO FÍSICA & LAZER
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HANDEBOL – NOTÍCIAS DE ANA CLARA JEM´S/PARAJEM´S 50 ANOS - CONVITE SEDEL LANÇA MARCA, TEMÁTICA E CRONOGRAMA DO JEMS 2022, NO PALÁCIO HENRIQUE DE LA ROQUE PREFEITURA REALIZA ABERTURA DOS JOGOS ESCOLARES DE SÃO LUÍS 2022 OS ESCOLARES E OS JOGOS/ESPORTES EM MARANHÃO Leopoldo Gil Dulcio Vaz; Delzuite Dantas Brito Vaz VELHO CEMA, QUANTAS SAUDADES! RAIMUNDO NONATO IRINEU MESQUITA DIMAS RACISMO NÃO É UM DESPORTO OSMAR GOMES DOS SANTOS QUEIMADA JOAQUIM HAICKEL
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NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO ACONTECENDO:
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FRAN PAXECO: MEMÓRIAS & RECORTES NUMEROS PUBLICADOS
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EDUCAÇÃO FÍSICA ESPORTE(s) LAZER NO MARANHÃO
SEDEL LANÇA MARCA, TEMÁTICA E CRONOGRAMA DO JEMS 2022, NO PALÁCIO HENRIQUE DE LA ROQUE A etapa estadual dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) ocorrerá no dia 30 de julho, em São Luís. O prazo final para os municípios aderirem à competição, que completa 50 anos em 2022, encerra nesta sextafeira (13), quando a Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel) lançará a marca, a temática e o cronograma de jogos desta edição. Com o tema “JEMs 2022, 50 anos de história”, os JEMs e ParaJEMs deste ano abordam o resgate da maior atividade esportiva escolar do estado. Após dois anos sem a realização dos jogos, por conta da pandemia do coronavírus, a Sedel realizará a apresentação da nova marca publicitária à imprensa e aos gestores municipais do esporte, a partir das 14h, no auditório do Palácio Henrique de La Rocque, em solenidade para convidados. O propósito desta edição é celebrar os 50 anos da festa do esporte escolar junto à comunidade maranhense. “Com a adesão dos gestores municipais aos jogos, podemos garantir que os estudantes participem da maior competição esportiva do Maranhão. Contamos com a participação das torcidas em nossos ginásios para mostrar que o esporte e o desporto contribuem para a formação social do cidadão maranhense”, declarou Naldir Lopes, secretário de Estado do Esporte e Lazer. A abertura dos jogos oficiais da etapa estadual acontecerá no dia 30 de julho, e as regionais, no dia 2 de julho. A competição se divide nas categorias entre 12 a 14 anos (18 modalidades) e de 15 a 17 anos (15 modalidades).
Para mais informações e adesão dos municípios aos jogos, acesse este link: https://sedel.ma.gov.br/programas-ou-campanhas/jems-2022 SERVIÇO O quê: Lançamento da marca, temática e o cronograma de jogos do JEMs 2022. Quando: Nesta sexta-feira (13), a partir das 14h. Onde: Auditório do Palácio Henrique de La Rocque, Av. Jerônimo de Albuquerque - Jardim Renascença, São Luís - MA.
PREFEITURA REALIZA ABERTURA DOS JOGOS ESCOLARES DE SÃO LUÍS 2022 A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Desportos e Lazer (Semdel), realiza a primeira edição dos Jogos Escolares de São Luís (JELs). O objetivo da competição, que terá a participação de 57 instituições de ensino, é classificar escolas municipais das redes pública e privada para participarem dos Jogos Escolares do Estado do Maranhão (JEMs). A abertura do JELs 2022 acontece no Ginásio Costa Rodrigues, Centro, às 15h, desta sexta-feira, dia 20. Esta é a primeira vez que a Prefeitura de São Luís realiza a etapa classificatória para o JEMS. Em sua primeira edição, o JELs reúne 20 escolas da rede pública municipal, 01 escola da rede pública federal - o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA-) - e 36 instituições da rede privada. A competição é dividida em duas categorias: Infantil e Infanto. De acordo com o calendário definido pela Semdel, as disputas da categoria Infantil ocorrem de 21 a 30 de maio. Já na categoria Infanto, as escolas participantes se enfrentam de 10 a 19 de junho. Fazem parte das competições modalidades esportivas individuais e coletivas. As equipes classificadas na etapa municipal participam da etapa estadual. A abertura oficial dos JEMs acontecerá no dia 30 de julho. A competição se divide de 12 a 14 anos (18 modalidades) e de 15 a 17 anos (15 modalidades). A realização dos jogos escolares é uma política pública importante, pois além de contribuir para a qualidade de vida das crianças e jovens ajuda a promover a inclusão social. A prática esportiva colabora na construção de um mundo melhor. O reflexo positivo atinge não só o estudante em seu ambiente escolar, mas também o estudante enquanto cidadão. Calendário do JELs 2022: 20/05 - Abertura oficial dos Jogos Escolares de São Luís (JELs) 2022 21 a 23/05 - competições das modalidades esportivas individuais da categoria Infantil 24 a 30/05 - competições das modalidades esportivas coletivas da categoria Infantil 10 a 12/06 - competições das modalidades esportivas individuais da categoria Infanto 13 a 19/06 - competições das modalidades esportivas coletivas da categoria Infanto
Os escolares e os jogos/esportes em Maranhão *Professor de Educação Física do CEFET-MA Mestre em Ciência da Informação **Professora de História do Cem Liceu Maranhense Especialista em Metodologia do Ensino Superior
Leopoldo Gil Dulcio Vaz* Delzuite Dantas Brito Vaz** leopoldo@cefet-ma.br (Brasil)
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 61 - Junio de 2003
Os escolares e os jogos/esportes em Maranhão (efdeportes.com) Introdução O que é o esporte ? Esporte é um fenômeno ou forma de manifestação de nossa vida cotidiana sobre a qual se discute muito mas que é mal interpretado. A palavra provém do verbo latino 'deportare', distrair-se, e logo se substantivou em francês e inglês na forma 'desport' ou 'sport', o que significa diversão" ( HAAG, 1981, p. 91). Apoiando-se neste conceito, o lúdico aparece como sua característica básica, visto que o termo tinha, então, a conotação de prazer, divertimento, descanso. E, apesar das diversas nuances que o esporte assumiu ao longo de nosso século, as pessoas continuam fieis ao seu sentido original, na medida em que o esporte será sempre um jogo, antes de mais nada. (OLIVEIRA, 1983, p. 75): Analisando-se as alterações havidas na terminologia desportiva, após constatar que a antiga ginástica já não faz parte da área do esporte, pergunta-se "o que houve ? uma simples alteração terminológica ?". Conclui-se, como DIEM (1977), que: "... mais do que isso, pois os conceitos básicos mudaram. Eles mudam de conformidade com os padrões individuais e sociais de cada época e a nova terminologia geralmente reflete a mudança de pensar do homem ... "A 'ginástica', no sentido clássico da palavra (como instrumento para o equilíbrio interno e externo do homem), constitui a forma mais primitiva da atividade desportiva e é nesse sentido geral que Guts Muths emprega o termo em sua obra metodológica 'Gymnastik fur die Jugend', publicada em 1793. Em princípio do século XIX introduziu-se na área géo-linguistica alemã, com os trabalhos de F.L. Jahn, a versão germânica do termo 'ginástica' (Turnen), atividade física definida como forma de 'educação cívica através de exercícios físicos polivalentes'." (p. 11-12). Firmou-se, então, o conceito de ginástica como sendo atividade física: "... era a ginástica racional e científica, considerada agora como elemento da Educação Física, expressão cunhada em fins do século XVIII." (OLIVEIRA, 1983). Essa artificialidade começou a ser combatida quando K. Gaulhofer e M. Streicher sugeriram uma nova denominação para designar a atividade desportiva tipicamente escolar: "a educação física natural" (DIEM, 1977). OLIVEIRA (1983) esclarece que " ... a ginástica artificial utiliza-se exclusivamente de exercícios analíticos, aqueles que, pela fixação deliberada de alguns segmentos do corpo, localizam o trabalho muscular e articular pretendido. O exercício natural, por sua vez, implica a movimentação do corpo entendido como uma totalidade." (p. 64) . Como a confusão perdurava, STREICHER então declara todo o seu descontentamento: "Oficializem o termo que quiserem - 'esporte', 'ginástica', ou 'educação física'- contanto que o termo escolhido denote uma atividade material. Importante é lembrar que a Educação Física efetivamente só existe quando se baseia no princípio do desempenho (Lei do Esporte), no princípio da educação físico-ética-social (Lei da Preparação Física) e no princípio da forma (Lei da Ginástica)" . (citada por DIEM, 1977, p. 12). Difundiu-se, então, o termo "esporte" com o significado de "qualquer modalidade de exercício físico" (DIEM, 1977). Hoje, compreendemos por esporte, em geral, uma
" atividade motriz espontânea originada em um impulso lúdico, que aspira a um rendimento mensurável, e a uma competição normalizada" (HAAG, 1981, p. 95). Características do esporte moderno PILATTI (2002) apresenta-nos algumas características dos esportes modernos ao discutir o pensamento de ALLEN GUTTMANN 1 (From ritual to record): •
Secularismo - culturas primitivas raramente tinham uma palavra para definir o esporte em nosso senso; originalmente todos os jogos tiveram caráter de cultismo e foram jogados de forma cerimonial (posição de Culin, S; e Diem, C.):
"... ao definir o esporte como uma competição física sem fins utilitários - ao contrário da posição assumida por Diem, na qual os jogos e as competições tinham simplesmente um caráter religioso natural e um fim utilitário - cria-se a idéia de que os povos primitivos não tiveram esportes". (p. 65) Outro equívoco é a tendência de se considerar os esportes gregos como antecessores dos esportes modernos. Nos jogos gregos, o caráter religioso nunca ficou em dúvida. Já os romanos não tinham nem competições, nem festivais tributados para os "deuses", eles se exercitavam para manter a forma física e para participar de seus eventos. Os esportes gregos eram considerados efeminados pelos romanos. Para os romanos, esportes eram brigas, corridas de bigas e coisas do gênero (p. 66). Entre os séculos XVII e XIX, o esporte passou a ser visto com suspeição por lideranças religiosas: Sua prática foi situada pela Igreja Católica, principalmente, na esfera do profano. Hoje, no entendimento de Guttmann, o esporte é um fenômeno secular. A ligação entre o secular e o sagrado foi quabrada; entre o real e o transcendental também. O tempo do esporte não é mais um tempo ritual". (PILATTI, 2002, P. 66-67). •
Igualdade de oportunidades de participação -os esportes atuais assumem as igualdades, condições não encontrada nos povos primitivos, pois o caráter das práticas desses povos era mais religioso que qualquer outra coisa. Os gregos, em suas práticas, atribuíam os mesmos direitos a todos os participantes, porém homens e meninos eram separados pela maturidade sexual, havendo oficiais e uma certa condição igual de participação. Por sua vez, os romanos, mesmo aceitando tal igualdade, não a colocavam em prática no seu evento maior, as lutas de gladiadores nos circos. Na atualidade, o esporte tem uma noção de igualdade muito superior à proporcionada pelos gregos, pois essa igualdade é conformada pela regras e pelas transformações sofridas por elas no curso da história (p. 67):
"A noção de regras amadoras deriva de noções medievais, tendo em seu interior um vagaroso caminho trilhado na direção da igualdade de oportunidades. Nesse curso, essa noção representou inclusive um instrumento de luta de classes ... As regras esportivas acompanharam o processo de civilidade da humanidade. Os escritos de Norbert Elias são bastante profícuos para descortinar essa face do esporte..."". (PILATTI, 2002, p. 68). •
Especialização - Os gregos foram os primeiros a adequar as aptidões às suas práticas esportivas, característica também presente nos esportes romanos, diferentemente dos esportes pós-modernos. Os jogos medievais caracterizavam-se pela não seleção de habilidades e por regras indefinidas e/ou pouco claras. Guttmann aponta três características nos "jogos populares" medievais e pré-modernos:
"Estes jogos eram relativamente semelhantes em três aspectos: (1) elementos do que depois se tornaram jogos altamente especializados como rúgbi, futebol, hóquei, luta livre e pólo eram contidos freqüentemente em um único jogo; (2) havia pequena divisão de trabalho entre os jogadores; e (3) nenhuma tentativa foi feita para esboçar uma distinção forte e rápida entre jogar e assistir". (GUTTMANN, 1978, p. 38, citado por PILATTI, 2002, p. 70).
De acordo com Pilatti, o esporte moderno é exatamente o oposto, aparecendo como dentre suas características, a especialização de funções e a divisão do trabalho; também a organização dos eventos se modificou (modernizou-se), transformando-se em megaespetáculos. Essas transformações, impostas pela especialização, geraram o profissionalismo, ou seja, transformaram o tempo de trabalho do atletas em um tempo de especialização (p. 70). •
Racionalização: regras, sempre existiram, mesmo entre os povos primitivos; o que mudou foi a natureza dessas regras, deixando de ser "instruções divinas" para se transformarem em artefato cultural, especialmente daquelas ligadas às performances humanas, expressas no treinamento esportivo. A performance espetacular' tornou-se uma espécie de fim único (Pilatti, 2002, p. 71).
•
Burocratização: todas as transformações ocorridas advêm de um aparato burocrático (p. 71), pois é a instituição burocrática que passou a administrar o desenvolvimento dos esportes, conferindo-lhes um sentido moderno e, na época presente, passou a transforma esses esportes em produtos adequados à mídia, controlando-o. A primeira modalidade esportiva a construir o mencionado aparato burocrático, numa concepção moderna, foi o críquete, ainda em 1787.
"A configuração do processo pode ser percebida, entre outras características, na universalização das regras, na elaboração de estratégias de desenvolvimento mundial implantadas pelas organizações gestoras, no controle de recordes, na produção de espetáculos, tudo dentro de uma visão administrativa racionalmente moderna." (PILATTI, 2002, p. 72) •
Quantificação, e Recordes. No resgate feito por Guttmann (Pilatti, 2002, p. 72-73), a quantificação dos esportes pode ser simbolizada pela invenção do cronômetro, ocorrido em 1730. Toda performance atlética tornou-se mensurável. A busca de recordes, por sua vez, é a única característica, entre todos o elenco de características levantadas, que se encontra presente somente nos esportes modernos. Mesmo existindo nos esportes anteriores uma tendência à comparação, efetivamente a busca de recordes nunca existiu (p. 72).
Os jogos e os esportes em Maranhão As primeiras referência sobre a prática de atividades lúdicas e de movimento que encontramos em Maranhão datam do período Colonial. Informam-nos os cronistas de que já se praticavam algumas formas de atividade física desde 1678. Naquele ano, quando da chegada do primeiro Bispo ao Maranhão, realizaram-se as famosas cavalhadas desfiles a cavalo, corrida de cavaleiros, jogo das canas, jogo de argolinhas, touradas ... produtos do feudalismo e da cavalaria - do tardio medievo português -, período em que os jogos cavalheirescos se destacavam entre as manifestações atléticas e esportivas (GRIFI, 1989)2 . Essas manifestações do entusiasmo popular talvez tenham nascido com as atividades recreativa que pipocaram em certos centros, conforme as feições econômicas das regiões. As cavalhadas, as vaquejadas, e até mesmo as touradas, assim como os sinais do reacritivismo admissível, tiveram arenas de atração transitória (LYRA FILHO, 1974)3 . No início do século XIX, foram encontradas outras formas de atividade física, como as caminhadas: "... as moças e rapazes formavam bandos gárrulos e irrequietos que, desde a madrugada até o cair da tarde, saíam em excursões pela floresta e pelos sítios vizinhos, voltando carregados de cófos com frutas, cachos de jussaras e de buritis, flores silvestres, emfim, tudo que apanhavam pelos caminhos e atalhos ." (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p 28)4 . Além desses passeios, praticava-se a caça, como o fazia Garcia de Abranches - o Censor5 -: "e , quando imaginava dar uma batida às pacas, pouco se importava do sol e da chuva: não regressava à casa antes de trazer as vítimas visadas".
Seu filho, Frederico Magno de Abranches - o Fidalgote 6 - era "... Atirador emético e adestrado nos jogos atléticos, alto, magro e ágil, trepava como um símio até os galhos mais finos das árvores para apanhar uma fruta cobiçada pelas jovens ali presentes. Encantava-as também a precisão dos seus tiros ao alvo. E causava-lhes sustos e gritos quando trepava sem peias por um coqueiro acima ou se balançava no tope de uma jussareira para galgar as ramas de uma outra em um salto mortal, confirmando o título que conquistara entre os da terra de campeão da bilharda." (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 28) Ainda se referindo ao Fidalgote - Frederico Magno de Abranches -, cabe lembrar que praticava também, o tênis: "... Os dois namorados [Frederico e Maricota Portinho] tiveram assim, momentos felizes de liberdade e de alegria, fazendo longos passeios pelos bosques, em companhia de Milhama, ou passando horas inteiras a jogar a péla 7 de que o Fidalgote era perfeito campeão ..." (DUNSHE DE ABRANCHES, 1970, p. 31). O primeiro registro encontrado onde aparece a palavra "ginástica" data de 1841, conforme anúncio no "JORNAL MARANHENSE" 8 sob o título de: "THEATRO PUBLICO "Prepara-se para Domingo, 21 do corrente huma representação de Gimnástica que será executada por Mr. Valli Hércules Francez, mestre da mesma arte de escola do Coronel Amoroz em Paris; e primeiro modelo da academia Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro, que terá a honra de apresentar se pela primeira vez diante d'este Ilustrado público, a quem também dirige agradar como já tem feito nos principais Theatros de Europa , e deste Império. "Mr. Valli há contractado o Theatro União, para dar sua função, junto com Mr. Henrique, e tem preparado para este dia um espetáculo extraordinário que será composto pela seguinte maneira: - Exercícios de forças, Agilidade e posições Acadêmicas - Exercícios no ar e muitas abelidades sobre colunnas assim como admiraveis sortes nas cordas "Nos intervalos de Mr. Valli, se apresentará Mr. Henrique, para executar alguns exercícios de fizica, em quanto Mr. Valli descansa." Ainda nesse mesmo ano, aparecem anúncios 9 de aulas de esgrima: "Annuncios Diversos "Manoel Dias de Pena, se dispõe a encinar com toda a prefeição o jogo de espada, e assim roga a todos os Snrs. que quizerem aprender esta Arte, tão útil a mocidade, se diriga a esta Typographia que se dirá aonde mora o annunciante." Ao mesmo tempo, e logo abaixo deste, um outro anunciando a venda de espadas: "Vendem - Antonio Joaquim d'Araújo Guimarães & Sobrinhos tem para vender ... espadas com copos dourados ...". (in JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 49, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841). O Prof. Antônio Joaquim Gomes Braga, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Conceição, localizado rua do Desterro, ao apresentar o Plano de Estudos para o ano de 1842, informa que as aulas de "Dansa e Muzica para os internos serão pagas à parte". (in JORNAL MARANHENSE, 1º de outubro de 1841) 10 . Em 1843, outro colégio particular anuncia em seus planos de estudos as aulas de dança para seus alunos, aberta à comunidade: "AULA DE DANÇA, começará em Novembro próximo a ter exercícios no Colégio de N. S. dos Remédios na rua do Caju em os dias feriados, isto é, duas vezes por semana das 9 as 11 horas da manhã. Os que já frequentam outras aulas do Colégio são admitidos mediante o premio de 3:000 rs. mensais; porém os que não estão neste caso concorrerá com 4:000 reis. "Também haverá outra aula, que principiará com a noite na 3ª e 6ª feiras para as pessoas que não podem
ir de dia, os quais farão despesa de 5:000 reis. Nestes serão ensinadas as danças nacionais e estrangeiras, tanto simples, como dobradas, e etc. "O diretor do Collégio está convencido de que os pais de familias tendo no seu devido apreço esta prenda não deixarão de promover, que ele não falte a educação de seus filhos: muito principalmente não alterando esta aula no Colégio a introdução dos meninos, por ser somente nos feriados. "Collegio de N. S. dos Remédios, 24 de outubro de 1843." (A REVISTA, n. 207, Quarta-feira 8 de novembro de 1843) Desde 1844, quando foi fundado o primeiro colégio destinado exclusivamente às moças, em São Luís, as atividades físicas faziam parte do currículo: "...não somente sobre as disciplinas escolares com também sobre o preparo physico, artístico e moral das alumnas. Às quintas-feiras, as meninas internas participavam de refeições, como se fossem banquetes de cerimônia, para que se habituassem 'a estar bem á mesa e saber como se deveriam servir as pessoas de distinção'. Uma vez por semana, à noite, havia aula de dança sob a rigorosa etiqueta da época, depois de uma hora de arte, na qual ouviam bôa música e aprendiam a declamar." (ABRANCHES, 1941, p. 113-114). Esse colégio - o "Collegio das Abranches", como era conhecido o Collégio N. S. da Glória -, foi fundado por D. Marta (Martinha) Alonso Veado Alvarez de Castro Abranches 11 - educadora espanhola nascida nas Astúrias provavelmente por volta de 1800 (JANOTTI, 1996) -, e pela sua filha D. Amância Leonor de Castro Abranches, e tinha, ainda, como professora, D. Emília Pinto Magalhães Branco, mãe dos escritores Aluisio, Artur e Américo de Azevedo. Os banhos de mar também faziam parte dos costumes da época, conforme se depreende deste anúncio: "BANHO Público - na praia do Caju, em que um grande banheiro e seguro, a todas as marés a 40 rs por pessoa trata-se com Jozé Ferreira do Valle no mesmo lugar casa no. 1." (CORREIO D'ANNUNCIOS, Ano I, n. 3, Segunda-feira, 03 de fevereiro de 1851) Cabe lembrar que Antônio Francisco Gomes, em 1852, propunha além da ginástica, os exercícios de natação, esgrima, dança, jogo de malha e jogo da pella para ambos os sexos (CUNHA JÚNIOR, 1998, p. 152) Em 1869, é anunciada a criação de um novo colégio - o Collégio da Imaculada Conceição -, sendo seus diretores os Padres Theodoro Antonio Pereira de Castro; Raymundo Alves de France; e Raymundo Purificação dos Santos Lemos. Internato para alunos de menor idade, seria aberto em 07 de janeiro de 1870. Do anúncio constava o programa do colégio, condições de admissão dos alunos, o enxoval necessário, e era apresentado o Plano de Estudos tanto do 1º grau como do 2º grau, da instrução primária; o da instrução secundária; e da instrução religiosa. No que se referia às Bellas Artes - desenho, música vocal e instrumental, gymnástica, etc., mediante ajustes particulares com os senhores encarregados dos alunos. O novo colégio situava-se na Quinta da Olinda, no Caminho Grande, fora do centro da cidade, e possuía água corrente, tanque para banhos, árvores frutíferas, jardim, bosque e lugar de recreação. (A ACTUALIDADE n. 28, 28 de dezembro de 1869). MARTINS (1989) aceita a capoeira como o primeiro "esporte" praticado em Maranhão, tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. Considera que tenha sido praticada antes, trazida pelos escravos bandu-angoleses. Fugitivos, os negros a utilizavam como meio de defesa, exercitandose na prática da capoeira para apurarem a forma física, ganhando agilidade. O público tomou conhecimento de um acontecimento esportivo a 10 de janeiro de 1877, através do Diário do Maranhão: "JOGO DA CAPOEIRA "Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (MARTINS, 1989, p. 179)
Embora MARTINS (1989) refira-se que o jogo do bilhar tenha sido introduzido em 1902, por Lino Moreira em seu Bar Richie, Dunshee de ABRANCHES (1941), lembra em suas memórias que o "Velho Figueiredo, o decano dos fígaros de São Luís" (p. 155), mantinha em sua barbearia - a princípio na rua Formosa e depois mudada para o Largo do Carmo - um bilhar, onde: "... ahí que se reuniam os meninos do Lyceo depois das aulas, e, às vezes, achavam refúgio quando a polícia os expulsava do pátio do Convento do Carmo por motivos de vaias dadas aos presidentes da Província e outras autoridades civis e militares. Essas vaias era quasi diárias...". (p. 157). Aos doze anos, estudante do Liceu, havia uma coisa verdadeiramente série para Aluísio de Azevedo 12 : "era brincar, estabelecendo-se entre minha divertida pessoa e a pessoa austera de meus professores a mais completa incompatibilidade". Narra as estripulias da época, em companhia dos amigos de infância: "Criado a beira-mar na minha ilha, eu adorava a água. Aos doze anos já era valente nadador, sabia governar um escaler ou uma canoa, amarrava com destreza a vela num temporal, e meu remo não se deixava bater facilmente pelo remo de pá de qualquer jacumariba pescador de piabas." (citado por MÉRIEN, 1988: 47). Aluísio Azevedo também se bateu pela educação física e pelos esportes, como se observa de sua biografia 13 . Um dos fundadores de "O Pensador" (1879), jornal anticlerical, publica várias crônicas onde traça o perfil da mulher maranhense, comparando-as à lisboeta desocupada e denunciando o ócio em que viviam. Considerava que todo o mal vinha do ócio e da preguiça das mulheres e apenas uma mudança na educação e na concepção do casamento poderia permitir a realização da mulher: "Do procedimento da mulher (...) depende o equilíbrio social, depende o equilíbrio político, depende todo o estado patológico e todo o desenvolvimento intelectual da humanidade (...) Para extinguir essa geração danada, para purgar a humanidade desse sífilis terrível, só há um remédio: é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista, que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente, prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma boa cidadã; torná-la consciente de seus deveres domésticos e sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a diásteses nervosa como fonte de mil desgraças, dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar... ". (Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880, citado por MÉRIEN, 1988:166, 167). O mesmo tema é retomado quando da publicação de "O Mulato", criando-se enorme polêmica na imprensa, ora acusando o autor, ora vozes se levantando para defendê-lo acerca de sua posição sobre a condição feminina. Dois amigos de Aluísio Azevedo, Paulo Freire e Luís de Medeiros, fazem publicar cartas sob pseudônimo - Antonieta (carta a Julia, "Diário do Maranhão", São Luís, 6.6.1881) e Júlia (carta a Antonieta, "Pacotilha", São Luís, 9.6.1881), respectivamente - falando "de suas impressões e do impacto que o livro lhes causara" (MÉRIEN, 1988:291). Julia/Luís de Medeiros faz longas considerações sobre a condição da mulher maranhense, "lastimando-se da educação retrógrada que recebera em sua família e no colégio" (p. 290), onde fora do português, não se ensinava mais nada às moças além de algumas noções de francês, de canto, de piano e de bordado. Para ela, "a falta de exercícios físicos é a origem das perturbações do sistema nervoso que atingem a maioria das moças maranhenses" (p. 290). Embora tenhamos chegado ao "novecento", ainda estávamos, nos seus 14 primeiros anos, vivendo o longo século XIX (HOBSBAWM, 2000)... Os "sportsmen" maranhenses tentam implantar mais uma modalidade esportiva - desta vez, voltaram-se para o remo, e a utilização dos rios Anil e Bacanga. Nesse ano, 1900, é criado o "Clube de Regatas Maranhense", instalado na rua do Sol, 36. MANOEL MOREIRA NINA, foi seu primeiro presidente.
Na Escola de Aprendizes de Marinheiros o remo também era praticado, dispondo de uma guarnição que treinava diariamente. Contava com os vogas Cantuária e Fulgêncio Pinto; como sota-vogas, com Almeida e Abreu; na proa, Belo e Matos; sota-proas, Zinho e Oliveira e o patrão era Fritz. Para MARTINS (1989), o ano de 1917 enchia-se de esperança para os praticantes dos esportes. No Maranhão, dizia-se, dois esportes marcariam presença definitiva para ficar: o remo e o futebol: "Apesar da guerra, das crises financeiras, do alto custo de vida, etc., a mocidade só pensava no futuro, olhos fixos no dia de amanhã, e, por isso, preparava-se fisicamente. Pensar diferente era ir de encontro à lógica dos fatos que se nos apresentavam diariamente, onde se viam rapazes, que eram incapazes de levantar, como dizia o adágio popular, um gato pelo rabo. Era inadmissível e errônea a educação do espírito sem a educação dos músculos, como dizia Müller. De tudo o homem devia saber. Um organismo raquítico nada valia. Era o importante para suportar uma moléstia, comentavam os críticos. Pregava-se o exercício do remo, porque esse esporte era de uma real utilidade. Os esforços foram em vão. Era mais uma modalidade esportiva que fenecia por falta de oxigênio ... Quando Nhozinho Santos, em 1907, funda um "club sportivo" nos terrenos da sua Fábrica Santa Isabel - o Fabril Athetic Club -, introduz várias atividades esportivas. Nos festivais esportivos realizados aos domingos, havia a presença de crianças e jovens estudantes que, do exemplo dos mais velhos, vinham a participar dessas matinées. Assim, no dia 26 de dezembro daquele ano, é registrada uma partida de futebol entre alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros, como parte de sua preparação física. O futebol, além de outras modalidades e atividades, principiava a se utilizado como prática de educação física nas escolas: "Aprendizes Marinheiros: "Hontem, às 4 horas da tarde, os aprendizes marinheiros, fizeram exercícios de 'foot-ball' na arena do Fabril Athletic Club e um assalto simulado de florete, sob a direção do respectivo instructor da Escola. "Os alumnos revelaram-se disciplinados e agiram com muito garbo e desembaraço. "Domingo próximo, às 5 horas da manhã, haverá novo exercício no mesmo local". (O MARANHÃO, 26 de dezembro de 1907). (Grifos meus) A participação de estudantes - da Escola de Aprendizes Marinheiros - e de crianças - filhos dos sócios -, dos diversos clubes constituídos, não só para a prática do "foot-ball association", caso do Fabril e do Maranhense, e mais tarde, do Onze Maranhense, era comum, nas jornadas que se seguiam. Dentre essas práticas, a esgrima estava sempre presente, com a participação dos Aprendizes Marinheiros : "Fabril Club "Esteve brilhante a partida realizada hontem. Além de inúmeras famílias e cavalheiros, compareceram à festa a Escola de Aprendizes Marinheiros, que sob o comando de seu hábil instructor Sr. David Santos realisou exercícios de fogo e esgrima de baioneta. .... "3.- Exercício de fogo, bayoneta e esgrima pela Escola de Aprendizes Marinheiros. ...... "5.- Match de Foot-Ball infantil havendo resultado negativo, por se acharem organizados os teams com força igual. Tomaram parte as seguintes creanças: team Bladi & Whate: Fausto Seabra, José Seabra, Frederico Perdigão, José Lopes, Celso C. Rodrigues, Sylvio Rego, Ruy C. Rodrigues, Antônio Rego, Antônio Santos, José M. Lobo, Lúcio Bauerfeldt. "Team Red & White: João Peixoto, Braulio Seabra, Luiz Santos, Pedro Paulo R. Araújo, Ivar C. Rodrigues, Acyr Marques, Carlos Perdigão, Gastão Vieira, Justo M. Pereira, Celso Pereira, José Vieira. Servio de Refere M. Shipton". (O MARANHÃO, Segunda-feira, 08 de junho de 1908). (Grifos meus) Em setembro de 1908, era apresentado o programa de uma "matineé sportiva" que seria realizada no Domingo seguinte, na sede do F.A.C., reunindo os "Team Riachuello" - "Estrella Preta" - e o "Team Humaitá" - "Estrella Branca"-, ambos da Escola de Aprendizes Marinheiros, marcada para as 3:45 horas, seguida de outros jogos, como o Concurso gaiato infantil seria disputado por: Ivar, Luiz, Celso, Bráulio, Soeiro Filho (O MARANHÃO, sabbado, 26 de setembro de 1908).
Na edição da Segunda-feira seguinte - 28 de setembro de 1908 - esse jornal apresenta o resultado dos "matchs" ocorridos: o jogo entre as duas equipes da Escola de Aprendizes Marinheiros terminou empatado em 1 x 1. Ficamos sabendo o que eram aqueles "concursos gaiatos", em que participaram os "sportemen" ludovicences, a elite econômica e intelectual da Atenas brasileira, Aluísio Azevedo, dentre eles: o primeiro deles - para adultos - foi vestir bonecas, saindo vencedor Anthero Novaes e J. Santos Sobrinho; o concurso infantil - enfiar agulha - foi vencido pelo menino Soeiro Filho, enquanto o concurso de agilidade consistiu de abrir garrafas de cola e beber o conteúdo, obtendo o primeiro lugar Manuel Neves. Nesse início da década de 10, desaparece o hábito de repousar nos fins de semana, substituído pelas festas, corridas de cavalo, partidas de tênis, regatas, corso nas avenidas, matinês dançantes, e pelo futebol. Essas atividades, divulgadas pelos jornais, começaria a apresentar seus primeiros sinais de mudança ainda nas últimas décadas do século XIX, com o surgimento e fortalecimento gradual dos esportes: "É nessa conjuntura que adquirem um efeito sinergético, que compõem uma rede interativa de experiências centrais no contexto social e cultural, como fonte de uma nova identidade e de um novo estilo de vida "Os 'Clubs' que centralizam essas atividades surgem como modelos da elite no final do século XIX, e já no final da década de 10 e início de 20, estão difundidos pelos bairros, periferia, várzeas e se tornam um desdobramento natural das próprias reuniões sociais". (KOWALSKI, 2000, p. 391). Verificamos a similaridade com outros países latino-americanos - e outras regiões brasileiras -, quando da inauguração do Fabril Athletic Club. O então presidente da Província - Bendito Leite - ante o espetáculo proporcionado, lamentou não poder manter nas escolas públicas o ensino regular da ginástica ... A "gymnástica" era praticada pelas elites, que tomavam aulas particulares, conforme se depreende desse anúncio, publicado em 1904: "PARA OS ALUMNOS DE AULA PARTICULAR DE GYMNÁSTICA "A Chapellaria Allemã acaba de despachar: "camizas de meia com distinctivos "Distinctivos de metal com fitas de setim e franjas d'ouro "Distinctivos de material dourado para por em chapéus " Chapellaria Allemã de Bernhard Bluhnn & Comp. 23 - Rua 28 de julho - 23" (A CAMPANHA, 6ª feira, 8 de janeiro de 1904, p. 5). O sexo feminino também tinha suas aulas de ginástica, pois fazia parte do currículo da Escola Normal, conforme resultado dos exames publicados, como era comum à época: "CURSO ANEXO "Foi este o resultado dos exames de hontem: "GYMNÁSTICA " Núbia Carvalho, Maria Varella, Neusa Lebre, Hilda Pereira, Margarida Pereira, Almerinda Parada, Leonor Rego, Rosilda Ribeiro, Fanny Albuquerque, Agrippina Souza, Cecilia Souza, Roza Martins, Esmeralda Paiva, Neusa Silva, grau 10 "Faltaram 12". (O MARANHÃO, Sexta-feira, 15 de novembro de 1907). Em um outro anúncio, publicado em 1908, o "professor de instrucção physica" avisava que pretendia realizar "os exames de seus alumnos na próxima quinta feira" (em O MARANHÃO, Segunda-feira, 02 de março de 1908, p. 2, n. 257). Em 1910, que Miguel Hoerhan começa a prestar à mocidade ludovicence seus serviços como professor de Educação Física da Escola Normal, Escola Modelo, Liceu Maranhense, Instituto Rosa Nina, em diversas escolas estaduais e municipais. Funda o Club Ginástico Maranhense.
É ainda nesse ano que o esporte em Maranhão experimenta mais uma de suas inúmeras crises, surgidas com o descontentamento de alguns associados. Desses desentendimentos, surgiam novas agremiações, formadas pelos dissidentes. A população, de um modo geral, não participava dessas atividades. Gentil Braga não concordava com a elitização dos clubes e sai do FAC, junto com um grupo de outros onze dissidentes, que comungavam do mesmo pensamento: "foi, sem qualquer sombra de dúvida, Gentil Silva o responsável pela popularização do futebol em terra maranhense, no momento que, deixando as hostes do FAC, achou oportuno desenvolver a prática do apreciado esporte aos olhos do povo, num campo que, de princípio não possuía cercas". (MARTINS, 1989, p. 332) Também em 1910, é inaugurada a Escola de Aprendizes Artífices - CEFET-MA, hoje -, instalada na Praça da República (prédio ocupado, hoje, pelo Ministério da Agricultura). Escola profissional, tinha como mestres: Almir Augusto Valente, Vicente Ferreira Maia, Hermelina de Souza Martins, Cesário dos Santos Véras, Alberto Estavam dos Reis, Alexandre Gonçalves Véras, Eduardo Souza Marques e Nestor do Espírito Santo. Como não poderia deixar de ser, entre seus alunos havia grande interesse pelas práticas esportivas, e dentre, elas, pelo futebol. Para FRYDENBERG (1999), a adoção do esporte estava associada à fundação de clubes. Os jovens sentiram a necessidade de ter um terreno, um espaço próprio, para ser usado como field, como campo de futebol. Assim, o processo de popularização do futebol que se iniciou contou com três ingredientes estreitamente unidos: a iniciação na prática do jogo, a fundação de um clube e a busca de uma cancha própria. Graças ao empenho do cônsul inglês, a partir de 1915, houve um que renascimento dos esportes em Maranhão. Os estudantes movimentam-se para reabilitar o futebol: "FOOT-BALL "Um esforçado grupo de rapazes, no intuito de elevar o sport entre nós, resolvel adquirir o campo do Fabril, para as pugnas do elevado jogo britânico, 'foot-ball'. Existe grande animação nos preparativos, entre os sportamen, a idéia do Campeonato Maranhense de Foot-ball o qual será disputado em 15 de nowembro, contando ao 'team' vencedor, 11 medalhas de ouro". (O JORNAL, 31 de julho de 1915). O primeiro encontro desse abnegados "sportistas" aconteceu logo em seguida "FOOT-BALL "No grond da Fabril, jogaram hontem, um match de trenagem. Alguns moços de nosso escol, que cogitam de fundar dois clubs desse sport, afim de diliciar o público maranhense, com algumas de suas partidas" (O ESTADO, 9 de agosto de 1915) Esses estudantes uniram o agradável - reorganizar os "sports" no Maranhão - ao útil, chamando a atenção da sociedade para o movimento que iniciavam. Juntam-se à Maçonaria, oferecendo-se para realizar uma partida de futebol, em benefício dos flagelados da grande seca de 1914/15, pois as lojas maçônicas desta capital nomearam comissões com o fim de arrecadar fundos para socorrer os flagelados, dentre as atividades programadas - seção de cinema, passeios marítimos - haveria um jogo de futebol, a ser realizado no mês seguinte: "FOOT-BALL "Um grupo de moços de nossa melhor sociedade offerecem ao comité Pró-flagelados, uma partida de foot-ball, entregando-lhe a renda verificada. "Essa partida terá lugar no grond da Fabril e será opportunamente anunciada" (O ESTADO, 13 de agosto de 1915). Percebe-se que haviam dois grupos, ou mais, grupos envolvidos no soerguimento das atividades esportivas, pois "o grande match de foot-ball" entre os partidos "Francez" e "Allemão", em benefício dos flagelados da seca, era anunciado para o dia 12 de setembro. (O JORNAL, 02 de setembro de 1915). No
Sábado anterior, é anunciado novamente a realização do jogo, no campo do Fabril, "com entrada franca a todas as pessoas que se apresentarem decentemente trajadas". O jogo teria início às 16 horas, devendo os jogadores se apresentarem com meia hora de antecedência, "realizando-se antes exercícios de ginástica por uma turma dos Aprendizes Marinheiros". É apresentada novamente a escalação dos dois times, e designados o "referee" - McDowal; os "Line Man"- Clissold e Fellowe; e o enfermeiro - Garrido. Estavam envolvidos os alunos do Liceu Maranhense, do colégio Marista Maranhense e do Instituto Maranhense (este, inaugurado um ano antes). Segundo MARTINS (1989), " ... promoveram sessões, usando as próprias salas de aula, estimulados pelos mestres. Graças a essas reuniões, surgiram os quadros do Brasil F. Club, do S. Luís F. Club, do Maranhão Esporte Club, e do Aliança F. Club. Essas entidades, aos poucos, foram agrupando-se, tornando-se clubes. A cada dia, os estudantes melhor se integravam, e para exercitar-se utilizavam o velho 'field' da Fabril, que tinha sido desativado pela FAC. Estávamos com o campo da rua Grande muito mal, mato tomando conta de todas as dependências, inclusive das arquibancadas." (p. 328). No dia 15 de agosto, Domingo, foi realizado um jogo-treino: "FOOT-BALL "Conforme noticiamos, realizou-se hontem, às 16 horas, o primeiro match de trenagem da série instituída. "O público já principia a tomar interesse pelas partidas, tanto que a concorrência foi animadora. " (O ESTADO, 16 de agosto de 1915). Segundo MARTINS (1989), o movimento estudantil havia ganho as ruas, tudo se fazendo para reanimar o futebol. Gentil Silva tinha retornado do Amazonas - onde havia trabalhado pelo esporte amazonense, ajudando ao Manaus Sporting Club - e integra-se ao movimento estudantil, tendo-o acompanhado nessa jornada um caixeiro viajante conhecido como "Zé Italiano", muito estimado pelos estudantes. Dessa união, foi fundado o "GUARANI ESPORTE CLUBE", que recebeu esse nome do proprietário do "Bar Guarani", sr. Gasparinho. É que as reuniões eram realizadas neste bar, situado na esquina da rua Grande com a Godofredo Viana, em frente ao cine Éden. Formaram-se duas onzenas, denominadas "Alemão" e "Francês", formandose, também, duas torcidas, uma apoiando os "aliados", e a outra, formada pelos "germanófilos". Essa torcida ainda tinha o incentivo dos tripulantes dos navios alemães, abrigados em nosso porto, devido à Primeira Guerra Mundial. Em função desse movimento em prol dos flagelados dos estados vizinhos - Ceará e Piauí - reuniram-se na Cervejaria Maranhense, localizada na Praça João Lisboa - os idealizadores do Campeonato Maranhense de Foot-ball, para a organização do grande "match" que pretendiam realizar (O JORNAL, 14 de agosto de 1915). Nessa reunião ficou resolvido que "... na impossibilidade de fundação do Clube, se organizem dois 'team' denominados Franco Alemão - que terá de se bater em benefício dos flagelados da seca. "Ficam assim compostos os team "Presidente: Carlos Alberto Moreira "Thesoureiro: Affonso Guillon Nunes "Secretário: Hugo Burnett "TEAM FRANCEZ "Forwards - Gastão Vieira; Trajano Lebre, Carlos Moreira, Hugo Burnett, Manoel Borges, Antonio Ferreira; "Half-backs - Carlos Leite; Antonio Cunha; "Backs - Affonso Guillon Nunes; João Torres, dr.; "Goal-keeper - Antonio Carvalho Branco "Captain - Carlos Moreira "TEAM ALLEMÃO "Forwards - Nestor Madureira; Gentil Silva, José Souza; José Cantanhede; Maralteno Travassos; "Half-backs - João Guedes; Antonio Paiva;
"Backs - Julio Gallas; Raul Andrade "Goal-keeper - Albino Faria "Captain - José Souza". (O JORNAL, 14 de agosto de 1915). O mundo esportivo maranhense estava em ebulição, havendo grandes movimentações, fundando-se várias agremiações. É nesse período que surge nesse cenário o vice-cônsul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande amante dos esportes - em especial, do futebol. Junta-se aos dirigentes do FAC, incentivando a prática de vários esportes. Muitos jovens tinham feitos suas inscrições, com o clube revivendo seus grandes dias e sendo oferecidas várias modalidades, como salto em altura simples, com vara, distância; corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos; lançamento de peso, de disco, do martelo; placekick (pontapé na bola, colocando-a na maior distância); cricket; crockt ; ping-[ong (Tênis de mesa); bilhar; luta de tração, etc. (MARTINS, 1989, p. 334). A movimentação esportiva nesse final de ano - 1915 - estava bem movimentada. O Brazil Foot-ball Club convocava seus sócios para a partida de final de temporada (O JORNAL, 12 DE DEZEMBRO DE 1915). Haveria um outro jogo entre o "team" Allemão, do Internacional e os jogadores da Escola de Aprendizes Marinheiros. Eram convocados, pelo time Alemão, Branco, Fereth, Guillon, Albino, Paiva, Guedes, Trajano, Leite, Travassos, Madureira e Cunha. (O JORNAL, 13 de novembro de 1915). O Barrozo Foot-ball Club desafiara o "team" infantil dos Aprendizes, com o jogo terminando em 2 x 1 , para o Barrozo (O JORNAL, 22 de novemnro de 1915). É anunciado um jogo do Internacional no campo da fabril (O JORNAL, 18 de novembro de 1915). Década de 1930. Primeira referência a jogos escolares Na década de 1930, o voleibol era bastante praticado em São Luís, no meio escolar, como como lembra o Sr. Glacymar Ribeiro Marques. Chegado na cidade em 1937, passou a jogar voleibol no Colégio de São Luiz, participando das Olimpíadas Intercolegiais, ao lado de Rubem Goulart (professor de educação física da ETFM, já falecido); Alexandre Costa (senador, já falecido); José Carlos Coutinho (coronel do exército); coronel José Paiva, e Raimundinho Vieira da Silva (ex-deputado, suplente de Senador, presidente do grupo de comunicações Vieira da Silva). Em 1937, já existia o Grêmio 8 de Maio, e sua equipe era formada por Zé Rosa, Manolo, Zé Heitor Martins, Reinaldo Nova Costa, Raposo, Rubem Goulart, Paulo Meireles, Zé Carvalho, Zé Meireles. Desses, vamos encontrar Rubem Goulart e Zé Rosa como professores de educação física, formados pela Escola Nacional, nos anos de 1941 e 1942. Em 1942, o Governo Federal distribui bolsas para a recém criada Escola Nacional de Educação Física e o então prefeito de São Luís, Pedro Neiva de Santana, convidou o jovem médico Alfredo Duailibe para cursar especialização em Medicina Desportiva, juntamente com Rubem Goulart, Mary Santos, Maria Dourado e Lenir Ferreira, estes, para cursarem Educação Física. Um ano antes, o hoje Coronel PM reformado, Eurípedes Bernardino Bezerra fora para a Escola de Educação Física do Exército fazer o Curso de Sargento Monitor de Educação Física. Ao regressar de seu curso de especialização (1943), o Interventor Paulo Ramos nomeou o Dr. Alfredo Duailibe para trabalhar no Departamento Geral de Instrução Pública, propondo ao Prof. Luiz Rêgo, então seu Diretor, a criação do "Serviço de Educação Física". Em abril, dava início a uma nova fase da Educação Física no Maranhão: os alunos da rede pública e privada seriam submetidos a exames periódicos de saúde e a adoção da prática da educação física nas escolas... O Prof. Dimas - como é mas conhecido Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo -, chegando do interior a São Luís em 1944, para estudar, lembra-se de como eram organizadas as aulas de educação física, naquela época: "Eu tive a sorte de estar no Liceu e o professor era José Rosa; ele estava com muito entusiasmo, tinha chegado [do curso de educação física] , então ele levava muito a sério e ele teve muito sucesso naquela época ...[As atividades, eram realizadas] duas vezes por semana, com a duração de um hora, no próprio Liceu; tinha espaço. A minha experiência com ele foi só ginástica e Educação Física, agora ele ia entre Calistenia e paradas, saltos de obstáculos, saltos acrobáticos.
Quanto aos esportes nas escolas, Dimas informa que não era praticado: "se fazia naquela época, eu não tive oportunidade de participar, nem via, muito embora houvesse grupos de alunos que se reuniam para praticar esportes, mas isoladamente; então tinha os peladeiros, eu joguei futebol... joguei futebol pelo Liceu; nós tínhamos um time que jogava futebol, era: o goleiro, dois zagueiros, três halfs e cinco atacantes; eu era center-half, Celso Coutinho era half direito e Raposa era half esquerdo... até hoje eu me lembro disso, era nosso time do Liceu, acho que da segunda série do ginásio ou da terceira mais ou menos...." (DIMAS, entrevista). Cláudio Vaz dos Santos, o Cláudio Alemão, lembra como era a educação Física nessa época - 1951/53 -, em que era aluno dos Maristas: " ... não tinha professor de Educação Física, nós éramos praticantes de esportes ... foi ter depois, no Colégio Maranhense, já aqui na rua Grande, na Quinta do Barão; mas na minha época de estudante, nós não tínhamos professor de Educação Física... não tive Educação Física no Marista, a não ser práticas de esportes, comandada sempre pelos irmãos Maristas. Nós não tínhamos professor de Educação Física, nem leigo; nós tínhamos apenas os irmãos Maristas, que nos colocavam para praticar esporte, era: o futebol de campo e o espiribol; o Basquete, o volei não existiam também; nossa prática maior era o futebol de campo, onde é hoje o Vila Rica, ali era o nosso campinho de futebol; pagávamos 500 réis para o Colégio Marista, para participar; depois do almoço arregaçávamos as calças antes de começar as aulas, nós praticávamos esporte de 12:30 até às 13:30h. ... Nós tivemos uma quadra, onde eu pratiquei basquete, foi no "8 de Maio", atrás do Cassino Maranhense; hoje... ali era um matagal, o 8 de Maio, comandado por Rubem Goulart, era o time dos " erres"..., Rubem, Ronald, Raul Guterres ... Rubem Goulart, que foi o líder; praticava o Paulinho Carvalho, Zeca Carvalho, e foi onde eu comecei a praticar vôlei e basquete. Essa quadra era do 8 de Maio, atrás do fundo do Casino Maranhense hoje.. "O Atletismo nós tivemos aqui, eu tive a oportunidade, mais ai de, já eu praticava pelo Colégio São Luís; eu era corredor de 100 metros, eu era corredor de 200 metros, eu corria, nessa época os atletas... o Ari Façanha foi muito antes, o Ari Façanha foi uma fase bem mais antiga ... Já foi em outra época, bem anterior a nossa, a nossa foi uma fase que nós praticávamos, praticávamos é atletismo, 52,53, foi quando eu cheguei no Colégio São Luís, que eu comecei a fazer atletismo, ... 53... Mauro Fecury ... então nós praticávamos atletismo numa pista improvisada no Santa Isabel, onde praticávamos atletismo, corridas, lançamento de peso, lançamento de dardo e lançamento de disco..." (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). Aldemir Carvalho de Mesquita, outro "menino do Liceu", também lembra do Professor José Rosa, com muito carinho, com quem aprendeu a gostar da educação física: " ... o prof. Zé Rosa, que foi o diretor de Liceu, e uns dos professores de educação física. Esse foi um dos incentivadores. Quando eu era garoto - 9, 10 anos (1957) -, mas eu ouvia falar muito do prof. Zé Rosa - era treinador de basquete daqui dentro de São Luís, no Liceu, Colégio São Luís Então, essas pessoas, essas que têm que ser lembradas, temos que citar os seus nomes de Mary Santos, Braga, Rubem Goulart ...No basquete, todo mundo sabia, pelo menos quando cheguei do interior (1957), era o Rubem Goulart. Todo mundo sabia a paixão que o prof. Braga tinha pelo boxe. No basquete falava muito bem do prof. Zé Rosa... (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Os jogos das décadas de 1950-60. Carlos Vasconcelos x Mary Santos Nas lembranças de Dimas, lá pelos anos de 1955/56, o Maranhão tinha um Basquete muito bom, com Rubem Goulart, Ronald Carvalho, Fabiano Vieria da Silva, Cláudio Alemão, aquele pessoal do "Oito de Maio", dos "Milionários", mas só adulto, a nível de colégio mesmo, não tinha nada, só de adulto, porque vinham terminado o Colégio e continuaram em faculdade, em clubes, em quartéis; muitos serviram o Exército - eram as experiências vindas de fora, não era como hoje que os esportes do Maranhão vem tudo do colégio -, naquela época não, está o inverso hoje... (DIMAS, entrevistas). Em meados da década de 1950, o Dr. Carlos Vasconcelos, então delegado do MEC no Maranhão, especializado em Educação Física, começa a promover os "Jogos Intercolegiais" - 1956. Nas lembranças do Prof. Emílio, durante esses jogos, é que o Batista conquistou seu primeiro título - em voleibol -; esses Jogos
eram disputado no Cassino Maranhense. O Prof. Emílio lembra de um resultado em Basquete - cujo professor era Rubens Goulart - 1x 0 -, perdido para o Colégio de São Luís14 . No final dos anos 60, a o setor de educação física está reorganizado organizado; a profa. Mary Santos dirigia o Departamento de Educação Física no Estado, e havia um outro no Município, dirigido pela Profa. Dinorá. Já se cumpria a obrigatoriedade da lei, com as três horas semanais, mínimo de 45 minutos, dentro da legislação vigente. Dimas lembra que a educação física, nessa época, era muito rudimentar, só mesmo na base da ginástica, {de esporte] só mesmo futebol de salão e um voleibolzinho. Se disputava Voleibol, Basquetebol, Futebol de Campo; o currículo já era voltado para o esporte, agora se existia alguma deficiência deveria ser de instalações dos colégios e talvez dos próprios profissionais de Educação Física, mas que já constava do currículo, da grade curricular...". O Professor Emílio Mariz, chega em São Luís em 1950, para estudar no Liceu Maranhense e ser professor de Matemática. Destacou-se como Coordenador de Esportes do Batista - como ele mesmo diz, na época de ouro do esporte maranhense, de início dos JEM's. Dá-nos detalhes de como era a educação física nesse tradicional colégio de São Luís: " ... o colégio [Batista], apesar de ter iniciado em 1957, só em 61 passou a ter o Ginásio; então Rubens Goulart foi o professor fundador do Departamento de Educação Física; depois ele trabalhou até a sua morte; depois veio o Dimas, que trabalhou todo esse período ai; após o Dimas, nós fomos Diretor de Esportes e vários professores trabalharam conosco. No auge do esporte maranhense, no famoso período de inicio, de inicio dos JEM's ... nessa época, além da Escola Técnica [Federal do Maranhão, hoje, CEFET-MA] - sempre foi um concorrente forte -, nós tínhamos Marista, Batista - o Dom Bosco era apenas forte no voleibol; o próprio Ateneu, e Meng ... Diga-se de passagem, que os primeiros JEM's terminou empatado entre o Batista e o Marista - foi a época também que no Campeonato Paulista houve empate entre a Ponte Preta e outro time, que não me lembro agora - então adotamos o mesmo critério, de considerar dois campeões; e daí para essa época, nós sempre estivemos fazendo um trabalho todo voltado para os JEM's; Foi a época da implantação da Educação Física voltada parta o esporte; toda a nossa Educação Física era voltada para esportes; havia ai, como ainda hoje há uns poucos colégios que trabalham, têm um bom trabalho de base, ". (MARIZ, Emílio. In ENTREVISTAS). Para Geraldo Menezes - coordenador de esportes do Colégio Marista nos anos de 66 a 72, a educação física no final da década de 1950 era voltada para a Ginástica Calistênica, onde se faziam exercícios de corrida, saltos, flexões, agilidade; era puxada para o lado militar: " ... nós começamos a montar uma equipe de trabalho voltada para a prática desportiva. Então nós começamos a montar as escolinhas das diversas modalidades, e para cada escolinha nós buscamos um professor experiente na área Esta montagem já para prática esportiva era em função dos Jogos que eram promovidos pelo Carlos Vasconcelos, ela já tinha o objetivo de preparar os alunos para a disputa, até porque nós estávamos fazendo do esporte um Marketing promocional do Colégio, está certo; fazer com que o Colégio saísse das quatro paredes e marcasse presença na sociedade; era o objetivo maior, era esse. A equipe de professores, nós tínhamos o professor Furtado - Atletismo; eu coordenava e dava Futebol de Salão - fui inclusive o 1º campeão de Futebol de Salão masculino, e o 1º campeão de Handebol Feminino - coordenava os esportes e tomava conta do Futebol de Salão e do Handebol feminino, o handebol masculino era o professor Dimas; em 66, tinha o Paulo Macedo que dava Futebol e voleibol. Aí, nós começamos montando as escolinhas, depois nós expandimos, começamos a oferecer bolsas para atletas que se destacavam nas competições, nós levávamos para o Maristas. Esses jogos eram promovidos pela Mary Santos - uns jogos promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado e os do Carlos Vasconcelos, delegado do MEC ... as bolsas já foram no período do Festival Esportivo da Juventude primeiro,
e JEM's em seguida. Levamos para o Colégio Marista, uma geração de atletas, contribuindo para a formação de treinadores, por exemplo, Carlos Tinoco, Paulão, Gil - Gilmário Pinheiro, do Voleibol -, e eles entraram no Maristas como atletas, Raul Goulart. Nós formamos um time com esses atletas. Depois eles deixaram de ser alunos e viraram treinadores: o Gil ficou como professor de vôlei, o Paulão - já foi em 75, 76 - treinador de Basquete, Carlos ficou com o Vôlei, levamos Biguá para o Colégio Marista para colaborar no Handebol, e aí completou a equipe, comigo no Futebol de Salão, com o Dimas na Ginástica e Handebol..." (MENDONÇA, José Geraldo de. In Entrevista).. Cláudio Vaz, criador dos JEM's, nos esclarece como eram aqueles jogos organizados pelo Dr. Carlos Vasconcelos, delegado do MEC no Maranhão: "... eu conheci Carlos Vasconcelos me convidado para apitar os jogos dele, do MEC; mas eram jogos na quadra do Cassino Maranhense, o nível técnico limitadíssimo voleibol, o basquetebol por incrível que pareça o basquetebol era uma (???). As mulheres jogavam de saia, não existia praticamente nada, o voleibol era um pouquinho mais desenvolvido, mas em termos de jogos era mais uma participação, quase uma obrigação em participar, não tinha aquela dedicação espontânea dos colégios em praticar, não praticavam, não podiam participar nos jogos, então quem não praticava o ano todo, não tinha nada para mostrar. Não tinha Educação Física, não tinha desporto, era muito limitado esse trabalho, eu me lembro como se fosse hoje...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). Aldemir Mesquita também se refere àqueles jogos, desde a época em que chegou a São Luís, para estudar (1959), até se tornar professor de educação física e técnico esportivo: "os jogos que eram feitos pela Mary Santos, eu realmente não me recordo se era o Município ou o Estado que fazia, mas acontece que esses jogos eram nos principais colégios da capital, outros colégios também participavam, colégios de menos expressão, não tinha realmente, não participavam. Marista, Liceu, Colégio São Luis, Ateneu, Rosa Castro, era do doutor Carlos Vasconcelos..." (MESQUITA, Aldemir Carvalho de. Entrevistas). Geraldo Meneses, coordenador de esportes do Maristas na época, lembra desses jogos, que participou já em seu final. O Carlos Vasconcelos era um medico de educação física e era o delegado do MEC, unia os grandes colégios da capital, mais Escola Técnica, e fazia uma competição com esses colégios; nessa época não havia limite de idade, então todos os alunos poderiam participar. Então o que acontecia os jogos escolares era assim uma espécie de vitrine do esporte maranhense, por exemplo, os times de futebol selecionavam atletas estudantes para o profissionalismo dessas competições. De onde saiam a grande maioria desses atletas: Escola Técnica, Liceu Maranhense, e alguns do Colégio Marista, muito pouco do Colégio Maristas. Do Colégio Marista saiu: Canhotinho, saiu Adalpe que hoje é juiz em Imperatriz, saiu um que chamavam, um escurinho que chamavam Pula-Pula, a da Escola Técnica saiu Gojoba, Alípio, Alencar, Chamorro, Milson do Liceu Maranhense... Houve época em que o Sampaio Correia era presidido pelo Prof. Ronald Carvalho e os atletas eram ex-alunos ou alunos da Escola Técnica, Liceu Maranhense, Colégio de São Luís e Colégio Maristas; não havia jogador de fora, era a base estudantil.". (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista). Para Geraldo, foi cometida uma grande injustiça com esse pioneiro da Educação Física, pois Carlos Vasconcelos era um grande batalhador, era um guerreiro, lutava para conseguir dinheiro, lutava para conseguir os espaços para realização dos jogos; "e cometemos uma injustiça muito grande, porque o Ginásio Costa Rodrigues foi iniciado pelo Dr. Carlos Vasconcelos. Pedindo dinheiro daqui da escola, primeiro ele fez uma quadra coberta, e ai ele foi levando, tirando um pedaço ... ali era o fundo do Liceu Maranhense ... ele conseguiu ... construiu a quadra, depois ele cobriu a quadra, e aí foi que no governo de Pedro Neiva, sei lá qual foi, terminaram o Ginásio e deram o nome do Costa Rodrigues, quando poderia ser Ginásio Carlos Vasconcelos.". É o Prof. Emílio Mariz quem nos dá notícia dos "Jogos Escolares das Escolas Públicas", promovidos pelo Departamento de Educação Física do Estado, chefiado pela Profa. Mary Santos quando se refere a um eterno problemas dos Jogos Escolares - de qualquer época - : os "gatos"; quando foi diretor do Liceu Maranhense: "O Liceu tinha um problema, que era o uso de jogadores irregulares; eu tive de agir com a
autoridade do diretor, e assinar as fichas de inscrição, conferir. No ultimo ano em que estive no Liceu, nós fomos campeões da uma olimpíada estadual, que o Estado promovia, os Jogos Escolares das Escolas Públicas]. (MARIZ, Emílio, in ENTREVISTA). Aproveitemos a oportunidade para esclarecer quem introduziu o Handebol no Maranhão. Muito embora o Prof. Dimas seja considerado o introdutor dessa modalidade - conheceu-a em 1972, nos JEB's -, foi o prof. Braga, da ETFM que conforme relembra Geraldo Meneses: " ... a primeira exibição de Handebol no Maranhão foi realizada na quadra da Escola Técnica, em 1960, por dois grupos de atletas que o professor Braga treinou, no dia 23 de setembro. O Prof. Braga foi participar de um treinamento de professores das Escolas Técnicas fora do estado; quando veio, trouxe uma bola de Handebol, selecionou dois grupos de atletas, alunos dele de educação física, marcou na quadra interna - aqui onde hoje o prédio grande -, com fita esparadrapo no chão as áreas de gol do Handebol e fez no dia 23 de setembro uma exibição que até então era desconhecida no Maranhão, mais só ficou nisso; ele trouxe a idéia, treinou dois grupos de educação física no dia 23 de setembro. Eu estava nesse grupo; além de mim Edir Muniz, Eldir Carvalho, Abdoram Frazão; Walmir da Mecânica, me parece que o Macário ... agora, dimensão a nível de que hoje está, começou com Dimas, mas o maior responsável foi o Laércio. Começou com o Dimas, como o Laércio ...". (MENDONÇA, José Geraldo Menezes de. In Entrevista). Porém tem-se registro de que na década de 1950, houve um curso de Educação Física, dada pelos Prof. Júlio Mazzei e Darcimires do Rego Barros - provavelmente 1951 ou 52 - em que se falou em Handebol; assim como em 1969/70, um outro curso dado pelo Major Leitão, preparatório para o concurso de professor de educação física do CEMA, deu-se algumas aulas sobre a modalidade. 1971. Início dos JEM's ? No ano de 1971, o Maranhão já tinha um Basquetebol de nível, na classe juvenil masculina; naquele ano, foi disputado o Campeonato Brasileiro de Juvenil, em Brasília; os jogadores, eram aqueles meninos que jogavam tudo: volei, futebol, basquetebol : Gafanhoto, Paulão, Carlos, Phil, os Ninas 15 . Nessa mesma época, estavam acontecendo os III Jogos Escolares Brasileiros - JEB's - em Belo Horizonte. Dimas, que fora como técnico daquela seleção de Basquete, após a competição, dirige-se a Belo Horizonte para ver o que eram aqueles "JEB's", que tanto Mary Santos falava e cobrava a participação do Maranhão. Lá, encontra o maranhense Ari Façanha de Sá, coordenador geral dos Jogos, que lhe dá todo o apoio. Dimas volta entusiasmado com o que vira. O Maranhão precisava participar dos JEB's ! Cláudio Vaz dos Santos16 , por essa época, já assumira o cargo de chefe do DEFER, no lugar de Mary Santos. É a ele que Dimas apresenta seu relatório, sobre os JEB's. Cláudio Alemão já tinha idéia de fazer uma espécie de jogos estudantis, então com o relatório de Dimas, fez os FEJ. Segundo Dimas, quando Cláudio assumiu o DEFER, não encontrou nenhuma estrutura montada. O Maranhão não tinha participado ainda dos JEB's, e já se estava realizando os III Jogos e o Maranhão já os perdidos, sem condições de participar. (DIMAS, entrevistas). Naquele mesmo ano aconteceu o I FEJ - Festival Esportivo da Juventude. É o próprio Cláudio Vaz quem nos conta como: "... em 1970, nós precisamos da quadra do Costa Rodrigues para treinar nossa seleção de Basquete, para irmos para Porto Alegre, mais precisamente, Santa Cruz do Sul; e nós precisamos do Ginásio, o técnico era o Chico Cunha - Cearense -, era mineiro mas trabalhava no Ceará, e veio trabalhar com a gente aqui, na época do governo Sarney; nós fomos pedir; não podia ceder o Ginásio para nós treinarmos nossa seleção porque estava tendo jogral; aí depois do jogral, não podia porque ia ter um reunião - não vou declinar o nome da pessoa que dirigia, não interessa, só interessa o fato -, não podia porque tinha que fazer silêncio, porque ia ter uma reunião, e o Ginásio não podia ser ocupado para treino porque ia ter uma reunião na sala de reunião, e o barulho ia prejudicar... então nós ficamos do lado de fora do Costa Rodrigues sem
poder treinar... "- Mas isso vai acabar, Alemão, te prepara que isso vai acabar, dizia Jaime Santana. "Quando em 1970, Neiva Santana assumiu o Governo, Jaime me chama: - olha, tu vai ser Coordenador de Esporte da Prefeitura; o prefeito era Haroldo Tavares, e nesse época, nomeado pelo Governador. "Nós começamos primeiro na Prefeitura, foi nosso primeiro passo; foi na Coordenação de Esportes; então foi criada a Coordenação de Esporte da Prefeitura; procurei Carlos Vasconcelos - era da Coordenação de Educação Física -, aí foi criada a Coordenação de Esporte, na área estudantil ... na área do esporte aberto sem limites, foi a Coordenação de Esportes; nós tivemos o direito de agir com a Ildenê, a gente fez esse trabalho, trabalhava só com esporte escolar. Por sinal, era o mesmo problema, era muito limitado, ele, o esporte escolar no Maranhão... "... fomos funcionar onde é o Parque do Bom Menino; tem um açougue ali em baixo, ali que era a coordenação, alugamos de Antônio o prédio e fomos fazer a explanação, primeira medida, eu fiz uma equipe muito boa, foi Geografia, Fernando Sousa, Jaime Sampaio e Fernando Sousa, jornalista, Diretor Técnico; bom, foi minha diretoria, ai eu convoquei os professores; fiz o levantamento de quem é que podia ser útil, quem é que eu tenho para trabalhar, porque eu tinha o direito de formar escolinhas, que não tínhamos nada nesse sentido, de formação de atleta. Então veio o Dimas, veio o Major Alves, professoras... as duas professoras ... Maria José e Tarcinho; Odinéia; Maria José, Ildenê Menezes, Dinorah e Celeste Pacheco... Tinha uma que era funcionária do Ipem, era, eu não sei o nome dela na memória, faz 31 anos, a professora eu não me lembro, mas eu sei que é de nome conhecido ... Graça Helluy, voleibol; viajou comigo para o primeiro JEB's em 72, ela foi a técnica; nós já fomos para os JEB's em Maceió, em 1972; em 71 foi que nós fizemos a escolinha com esse trabalho e criamos o primeiro FEJ. "FEJ foi Prefeitura, a Coordenação de Esporte da Prefeitura de São Luís, em 1970. O primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude). A Mary Santos fazia Jogos Intercolegiais do interior, ela nunca fez uns jogos na capital; ela fazia Jogos Intercolegiais; Carlos Vasconcelos era do MEC, tinha uma rivalidade com ela e fazia os jogos dele, ele fazia o dela, eram jogos isolados. Com o pessoal da capital, e a gente trazia o pessoal do interior. A Mary Santos era do Estado, da Secretaria de Educação e Cultura, onde tinha uma Secretaria de Esporte, Secretaria de Educação Física do Estado, era serviço de Educação Física do Estado. Carlos Vasconcelos que pertencia ao MEC; A Mary estava no Estado, a Ildenê, no Município. A Ildenê era Secretaria de Educação e a Mary era de Educação Física, era diretora do Serviço de Educação Física. "Foi ai que eu entrei, fui dirigir pela primeira vez em 71, nós entramos no Governo, se não me engano, foi em março ou por aí; em setembro, nós tivemos o primeiro FEJ (Festival Esportivo da Juventude) - Semana da Pátria, onde o Colégio de São Luiz foi o primeiro campeão do FEJ. "Em 71, eu estava só na Coordenação de Esporte na Prefeitura, e nós fizemos o primeiro FEJ; aí teve o segundo FEJ, foi quando o Jaime criou o Departamento de Educação Física e Desportos; Pedro Neiva me nomeou no lugar da Mary Santos; já foi no governo de Pedro Neiva, com Haroldo Tavares; eu entrei primeiro na Prefeitura; então para que eu pudesse assumir o Estado, criaram o Departamento de Educação Física e Deporto do Estado; saiu de Serviço para Departamento; acumulei Coordenador de Esporte da Prefeitura e Diretor do Departamento de Educação Física e Desportos do Estado, ligado à Secretaria de Educação, do professor Luis Rego - era o Secretario na época. "Já em 72, fui nomeado Diretor do Departamento, lá no Costa Rodrigues. Transferi a Coordenação, acumulei no Costa Rodrigues, eu levei tudo para lá, ficou a Coordenação... Eu era Coordenador e Diretor do Departamento de Educação Física do Estado, e Presidente do C.R.D. "Eu fiz a minha equipe, aí foi que o Dimas entra com a parte principal, quando nós estávamos para fazer o segundo FEJ em 72, seria em setembro, Dimas foi a Belo Horizonte... ai Dimas trouxe toda a informação, e o Maranhão podia participar dos JEB's em 72; ele trouxe em 71, ele foi no JEB's em julho e trouxe... Dimas me trouxe, eu organizei a primeira equipe com o Dimas, era do Handebol, primeira equipe que nós viajamos
para o JEB's; Ginástica Olímpica e Handebol, o Dimas; Coronel Alves, basquete; voleibol, Graça Hiluy; Coronel Alves - antes era Major -, foi isso para dar coletivo; que eu levei foram 52 pessoas; não levamos atletismo, natação, não levamos nada. "E uma de nossas iniciativas foi justamente essa, de criar esse jogos escolares; foi o primeiro e o segundo, e depois nós o transformamos em JEM's. O primeiro JEM's foi em 73 - sempre tem essa dúvida; o pessoal não guarda isso mas, o primeiro FEJ foi em 71. o segundo FEJ, em 72; e o primeiro JEM's, em 73, porque? Nós participamos do JEB's e a sigla pesava, mas por bem achamos melhor mudar para JEM's - Jogos Estudantis Maranhenses -, nós já tínhamos passado o primeiro e o segundo FEJ com sucesso...". (VAZ DOS SANTOS, Cláudio. Entrevista). Notas: 1. GUTTMANN, Allen. From ritual to record: the nature of modern sports. New York: Columbia University Press, 1978 2. GRIFI, Giampiero. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DO ESPORTE. Porto Alegre : D.C. Luzzatto, 1989. 3. LYRA FILHO, João. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA DOS DESPORTOS. 3ª ed. Rio de Janeiro : Bloch, 1974. 4. ABRANCHES, Dunshe de A SETEMBRADA - A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1831 EM MARANHÃO - romance histórico. Rio de Janeiro : Jornal do Brasil, 1970 5. JOÃO ANTÔNIO GARCIA DE ABRANCHES - Garcia de Abranches, o Censor - nasceu em 31 de janeiro de 1769, em Macieira, freguesia de Sant'Iago, junto à vila de Cêa, bispado de Coimbra, em Portugal. É filho do Capitão José Garcia de Abranches e de D. Maria dos Reys. Seu apelido - Censor - deve-se ao jornal que escrevia, o Censor, no período de 1825 a 1830, em defesa das liberdades, da Independência e do Imperador, fazendo oposição ao jornal de Odorico Mendes; e ao Lord Cochrane, o que lhe valeu o exílio para Portugal, onde se bateu pela restauração de D. Pedro ao trono português. Garcia de Abranches aportou a São Luís do Maranhão em 1789, construindo fama e fortuna, embora procedesse de uma das maiores famílias portuguesas. De seu casamento com D. Anna Victorina Ottoni, falecida em 1806, nasceram-lhe três filhos: Frederico Magno de Abranches ; João e Antônio, estes dois, falecidos antes de 1812. O primeiro, conhecido como 'O Fidalgote', teve vida longa, representando papel importante na política e no jornalismo. Garcia de Abranches, aos 52 anos, casase com a fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, com 17 anos à época. 6. FREDERICO MAGNO DE ABRANCHES, o Fidalgote, nasceu em São Luís do Maranhão em 1804; professor de Phylophofia Racional; Secretário da província do Maranhão; deputado geral de 1835 a 1838; Cônsul geral em Cayenna, onde veio a falecer em 1880. 7. O jogo da péla - jeu de paume - consiste em bater a bola com a mão e substituiu os "ludus pilae cum palma" romano. Na França, a bola, nascido no tardo-medievo como instrumento de contenda incruenta, torna-se momento lúdico e agonístico, aberto a todos Em Portugal, no início do século XVIII, foi introduzido o uso francês de jogar com raqueta. Conhecido já no século XII foi jogado melhor no período sucessivo, até dar vida ao atual tênis.] 8. JORNAL MARANHENSE,, São Luís, n. 36, 12 de novembro de1841 9. JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 31 de dezembro de1841, n. 49 10. JORNAL MARANHENSE, anno I, São Luís, Sexta-feira, 1º de outubro de 1841, n. 24 11. A fidalga espanhola D. Martinha Alvarez de Castro, casou-se com Garcia de Abranches, o Censor, quando tinha 17 anos. Foi a fundadora do primeiro colégio destinado ao sexo feminino em Maranhão - o "Colégio Nossa Senhora das Graças", mais conhecido como o Colégio das Abranches - junto com sua filha Amância Leonor, em 1844. Foi - ela, ou uma das filhas - a primeira professora de educação física do Brasil . 12. Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, nasceu em 14 de abril de 1857 em São Luís do Maranhão. Em sua infância e adolescência foi caixeiro e guarda-livros, demonstrando grande interesse pelo desenho. Torna-se caricaturista, colaborando em "O Fígaro", "O Mequetrefe", "Zig-Zag" e "A Semana
Ilustrada", jornais do Rio de Janeiro. Obrigado a retornar ao Maranhão, em 1878, pela morte do pai, abandona a carreira de caricaturista e inicia a do escritor. Publica em 1879, "Uma lágrima de mulher". Com a publicação de "O Mulato", em 1881, introduz o Naturismo no Brasil. Publica, ainda : Memórias de um condenado (1882); Mistério da Tijuca (1882); Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884); O Homem (1887); O Coruja (1890); O Cortiço (1890); Demônios (1893); A Mortalha de Alzira (1894); Livro de Uma sogra (1895). Em 1895, abandona a carreira de escritor e torna-se diplomata (AZEVEDO, 1996). 13. VAZ, 1999; VAZ e VAZ, 2.000c; VAZ e VAZ, 2000d 14. Essa partida de Basquetebol foi realizada no Casino Maranhense, em 1968, para a decisão do Intercolegial, entre o Colégio Batista x Colégio de São Luís. Jaime Santana e Mário Brazuca eram os árbitros; nos aros, não havia a rede. Os irmãos Leite - Olivar, Adalberto e Alvinho - comandavam o time do São Luís; Luís Fernando Figueiredo, Raul Guterrez, Wagner, Alex e Estevinho defendiam o Batista. Alguns arremessos foram feitos dos dois lados e algumas bolas caíram no aro. Mas os árbitros, na dúvida se a bola era boa ou não, não validavam os pontos. Numa cobrança de lance livre, Olivar Leite acabou convertendo um arremesso e a partida acabou em 1 x 0, para o São Luís. De acordo com Hermínio Nina, o aro do Casino era menor do que o oficial, mais a falta da rede, dificultava aos árbitros a certeza de que a bola tinha entrado, ou não. Antes, foram jogadas duas outras partidas: o primeiro jogo, na Escola Técnica Federal do Maranhão, terminou com a vitória do Batista, por 18 x 14; a segunda partida, realizada no 24º BC, vitória do São Luís, por 20 x 16; a terceira - a do Casino - naquele 1 x 0, para o São Luís, que sagrou-se campeão daquele Inter-colegial de 1968. 15. GAFANHOTO, como é conhecido JOSÉ DE RIBAMAR MIRANDA, foi atleta de Basquetebol da Escola Técnica Federal do Maranhão, sagrando-se campeão brasileiro; foi Coordenador de Desportos da SEDEL, na administração Elir Gomes; graduado em Economia, exerce a função de assessor parlamentar do deputado Manoel Ribeiro, presidente do Sampaio Corrêa. PAULÃO, como é conhecido PAULO ROBERTO TINOCO DA SILVA, também daquela segunda geração de ouro do esporte maranhense; dentista, e professor de educação física; técnico de basquetebol, chegou a atuar como assistente técnico da Seleção Brasileira Feminina. CARLOS TINOCO ou CARLÃO, como é conhecido CARLOS ROBERTO TINOCO DA SILVA, irmão de Paulão, também formado em educação física, exerce a função de técnico de basquete; é professor do CEFET-MA. Os irmãos HERMÍLIO, ZECA, FILOMENO e GILSON e o cunhado ALBINO; os três primeiros e o cunhado, destacaram-se no Basquetebol, o último, na natação, onde é técnico até hoje, dos Maristas e da Escola Nina de Natação 16. CLÁUDIO ANTÔNIO VAZ DOS SANTOS, o Cláudio "Alemão" - nasceu em São Luís, no dia 24 de dezembro de 1935. Foi atleta de Basquetebol, Voleibol, Futebol de Campo e de Salão, Atletismo e Natação. Pertenceu àquela famosa "Geração de 53", do esporte maranhense, atuante nas décadas de 50 e 60. Em 1971, formado em Economia, foi nomeado coordenador do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação, da então Secretaria de Educação e Cultura - DEFER/SEC; reestruturou o esporte e a educação física maranhenses, implantando as escolinhas de esportes, no Ginásio Costa Rodrigues, que passou a funcionar das 5 da manhã, às 11 horas da noite, com futebol de campo, de salão, voleibol, basquetebol, judô, boxe (que também praticou), Karatê, capoeira, xadrez, ginástica olímpica, folclore ... Nesse mesmo ano, criou o Festival Esportivo da Juventude - FEJ -, embrião dos Jogos Estudantis Maranhenses - JEM's . Após os JEB's de 1973, dá início, em 1974, à contratação de técnicos e professores, para reforçar as equipes representativas do Estado nos diversos jogos e campeonatos regionais e brasileiros. Nessa época, trouxe os professores Laércio Elias Pereira, Domingos Salgado e o atleta Edivaldo Pereira (Biguá), de Handebol. Realizou os primeiros JEM's. Foi coordenador do DEFER até 1978; em 1979, transfere-se para Brasília, indo coordenar a Unidade Esportiva do DF; em 1980, está de volta à São Luís, passando a dirigir a então Fundação Municipal de Esportes - FUMESP -; foi, também, Coordenador de Desportos, da então Secretaria de
Desportos e Lazer - SEDEL -, nas administrações de Phil Camarão, Marly Abdala e já na época da GEDEL. Atuou, também, na Prefeitura Municipal de Caxias, na administração Paulo Marinho, onde permaneceu por dois anos. Hoje, aposentado como fiscal de rendas, trabalha como assessor parlamentar do Deputado Manoel Ribeiro. O jornalista Benedito Buzar conta que, para comemorar a investidura do engenheiro Haroldo Tavares na Prefeitura de São Luís, o Governador Pedro Neiva de Santana ofereceu à sociedade maranhense um jantar na casa de veraneio em São Marcos. O assunto mais comentado era o secretariado do novo prefeito. Um dos convidados resolveu, com franqueza e sinceridade, dissertar a respeito dos nomes escolhidos por Haroldo, considerando-os fracos, à exceção de alguns. Pedro Neiva que ouvia, com muita atenção, a exposição do convidado, foi direto ao assunto: - Você acha o secretariado de Haroldo fraco porque ainda não pegou um murro de Cláudio Alemão".] Bibliografia consultada • • • • •
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Records dos JEMS's. DESPORTOS & LAZER, São Luís, 2 (7), maio/junho/julho 1982, p. 22-13. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. CONCEPÇÃO UTILITÁRIA E SOCIAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA. São Luís : UFMA, 1987. (Monografia de especialização em Lazer e Recreação). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A CULTURA DO LÚDICO E DO MOVIMENTO DOS RAMKOKAMEKRA DE ESCALVADO. São Luís, 1989 (Inédito). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A HISTÓRIA DO ATLETISMO MARANHENSE. O IMPARCIAL São Luís, 27 de maio de 1991, p. 9. Caderno de Esportes. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial in SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, XVIII, São Caetano do Sul-SP, outubro de 1992. ANAIS ... São Caetano do Sul : CELAFISCS : UNIFEC, 1992, p 27. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial. in CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, VIII, Belém-Pa, setembro de 1993. ANAIS ... . Belém : UFPA, 1993, p 137. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Atividades de lazer no Maranhão - século XVII. ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, VII, 1995a, Olinda-Pe, ANAIS ... VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Atividades de lazer no Maranhão - século XVII. Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMa, III, São Luís, 1995. ANAIS ..., São Luís : UFMA : NEPAS, 1995b, p. 54 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A corrida entre os índios canelas - contribuição à história da educação física maranhense. in Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, III, 1995. São Luís, UFMA, ANAIS... São Luís : UFMA : NEPAS, 1995c, p. 55 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Carta ao Rubem Goulart, Filho - novas contribuições à história da educação física maranhense. in Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, III, 1995. São Luís, UFMA, ANAIS..., São Luís : UFMA : NEPAS, 1995d, p. 56 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Contribuições à história do atletismo maranhense. in Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMA, III, 1995. São Luís, UFMA, ANAIS..., São Luís : UFMA : NEPAS, 1995e, p. 57 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, Primeiras manifestações do lúdico e do movimento no Maranhão Colonial. COLETÂNEA INDESP - DESPORTO COM IDENTIDADE CULTURAL, Brasília, 1996a, p. 95-105. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio Vaz. A corrida entre os índios canelas. COLETÂNEA INDESP - DESPORTO COM IDENTIDADE CULTURAL, Brasília, 1996b, p. 106-115 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Lo ludico y el movimiento como actividad educativa.in LECTURAS: EDUCACION FÍSICA y DEPORTES , Buenos Aires, ano 3, n. 12, dezembro de 1998, disponível em http://www.efdeportes.com
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VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O esporte, o lazer e a educação física como objeto de estudo da história. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, n. 14, junho de 1999, disponível em http://www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. A inauguração do "foot-ball" em Maranhão. In LECTURAS: EDUCACIÓN FÍSICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 24, agosto de 2000, disponível em http://www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. TÊNIS NO MARANHÃO. In O IMPARCIAL, São Luís, Segunda-feira, 17 de janeiro de 2000, p. 16. Caderno de Esportes VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O ESPORTE NO MARANHÃO. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 16 de maio de 2000, Terça-feira, p. 4, Caderno Opinião VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O NASCIMENTO DE UMA PAIXÃO. In O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 29 de outubro de 2000, Caderno Cidade - Esportes, p. 7. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. O "SPORTMAN" ALUÍSIO AZEVEDO. In O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 16 de junho de 2000, p. 5, Caderno Impar VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX. Concurso Literário e Artístico "Cidade de São Luís", XX, São Luís, Prefeitura Municipal de São Luís, 1995a. (Ensaio classificado em 2o. lugar no"- Prêmio "Antônio Lopes" de pesquisa histórica). VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX. In ENCONTRO NACIONAL DA HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, III, 1995, Curitiba-Pr. COLETÂNEA ... Curitiba : DEF/UFPR; Campinas : Grupo de História do Esporte, Lazer e Educação Física/FEF/UNICAMP, 1995b, p. 458-474. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX Jornada de Iniciação Científica da Educação Física da UFMa, III, São Luís, 1995h. ANAIS ... São Luís : UFMA : NEPAS, 1995c, p. 58. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio & VAZ, Delzuite Dantas Brito. Pernas para o ar que ninguém é de ferro: as recreações na São Luís do século XIX. Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, X, Goiânia - Go, outubro de 1997. ANAIS...,.Goiânia : CBCE : UFGO, 1997, p. 1005-1017. VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. O "sportman" Aluísio Azevedo. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES, Buenos Aires, ano 5, n. 25, setembro de 2000, disponível em http://www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; ARAÚJO, Denise Martins de; VAZ, Delzuite Dantas Brito. QUERIDO PROFESSOR DIMAS - (Antonio Maria Zacharias Bezerra de Araújo) - e a educação física maranhense uma biografia autorizada. In LECTURAS: EDUCACION FISICA Y DEPORTES - revista digital, Buenos Aires, ano 8, n. 48, maio de 2002. Disponível em http://www.efdeportes.com VAZ, Leopoldo Gil Dulcio, VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) em Maranhão. In VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, Ponta Grossa, 17 a 21 de novembro de 2002. COLETÂNEAS ... : UEPG, 2002. Editado em CDRooM.
VELHO CEMA, QUANTAS SAUDADES! RAOMUNDO NONATO IRINEU MESQUITA Ao pegar, hoje, o controle da TV e passeando pelos canais de televisão me deparei com o 10.2 (canal Mirante que faz a produção de aulas para o governo do estado, neste tempo de pandemias) que saudades me deu do meu velho e querido CEMA - Centro Educacional do Maranhão, que nos anos 69/70 colocava o Maranhão na vanguarda do ensino, no Brasil e no mundo, sob a coordenação do Padre Macedo. Imagine, você que através de um aparelho de TV, e sob a guarda de um Orientador Educacional. Assim eram conhecidos os professores titulares das turmas! Eram eles que após a veiculação das aulas pela TV, nos auxiliavam no estudo e exploração das matérias que nos eram ministradas pelos professores da TV, direto dos estúdios da TVE. Uma revolução tecnológica no ensino, que infelizmente foi interrompida anos mais tarde. Porque cargas d’água ninguém nunca soube, sabemos, sim, que hoje o Maranhão estaria na vanguarda do ensino se houvesse sido dado continuidade ao projeto, pois com certeza neste tempo de pandemia o nosso estado estaria atendido em todos os seus municípios com a televisão educativa, através da TVE, disto tenho poucas dúvidas. Mas vamos falar um pouco mais do CEMA, que eu e muitos outros tivemos oportunidade de estudar! Nas salas de aulas eram eleitos os líderes de turma em votação secreta, feita em sala de aula; nas BR’s, assim eram tituladas as sedes de cada unidade - Base de Recepção, que eram: BR 1 – Av. Kennedy, BR 2 - Camboa, BR 3 - Bairro de Fatima, BR 4 - Cohab e BR 5 - Vila das Palmeiras. Cada BR tinha sua diretoria e seu quadro de professores e as aulas eram distribuídas, via TV a partir da sede da TVE que era na rua Armando Vieira da Silva, próximo à BR 1 na Kennedy, na década de 80 já estava chegando os sinais em Rosário, Santa Rita, Itapecuru etc. O bom mesmo eram os apoios e incentivos aos esportes, às artes, as ciências e a cultura, através dos festivais e feiras de ciências que eram realizados anualmente nas BR’s e também no encontro dos vencedores de cada seguimento, que geralmente eram gravados e divulgados pelo sistema TVE. E estas atividades se refletiram no grande avanço à cultura e as artes em nosso estado, pois a partir daí vimos surgir os grandes nomes de nossa música, no teatro, na pintura, isto fora, aqueles que enveredaram pela política, tiveram seu aprendizado lá, nas disputas para governador, senador e deputado das BR’s, sim lá tinham eleições todos os anos para a escolha dos governantes das BR’s e que representavam os alunos nas reivindicações de melhorias para a comunidade estudantil do CEMA. No esporte nos tivemos a revelação de inúmeros talentos, dentre todos os mais destacados foram: Tião, no handebol, Dentinho e Nildes Nogueira no atletismo e dentre os técnicos os mais destacados foram: Macário, Rinaldi Maya, Profa. Ivone, Profa. Vanilde, Dimas, Lister, Haroldo, Batista. Comandados por estes Técnicos, várias outras gerações de atletas se destacaram nas competições locais sendo que as equipes de atletismo e futebol do CEMA, se destacavam todos os anos nas disputas dos JEM’s. Hoje, eu afirmo sem medo de errar! A minha formação como pessoa, como cidadão, devo em parte ao aprendizado que me foi ofertado no velho CEMA, de onde eu só guardo boas recordações e tenho certeza toda a geração que hoje está entre os 40 e 70 anos, muito deve ao Centro Educacional do Maranhão e o seu sistema de ensino, pois de toda esta geração muitos, hoje ocupam ou ocuparam posições de destaque nas funções exercidas graças aos ensinamentos obtidos via TVE.
RACISMO NÃO É UM DESPORTO *por Osmar Gomes dos Santos Nas últimas semanas assistimos atônitos casos de ofensas racistas que a nós chegaram por meio de noticiários e redes sociais. Situações vistas em jogos do Campeonato Brasileiro e das copas Sulamericana e Libertadores são estarrecedoras. Comportamentos que colocam o ser humano na posição mais baixa na escala evolutiva. Não aquele contra quem a ofensa é cometida, mas aquele qualificado como autor da afronta. Racismo não pode ser tomado como uma brincadeira, sequer de mal gosto. Tirar sarro de outro em razão de sua cor não está nas regras do desporto, seja ele encarado profissionalmente ou como mero lazer. Xingamentos tomaram conta das redes sociais e das arquibancadas. O espaço que deveria servir para o bom embate de posições, de uso para incentivar o seu time na busca da vitória, serviu como palco para cenas deploráveis. Arremessos de bananas, imitação de gestos comuns aos macacos, xingamentos racistas. Tudo dentro de uma arena esportiva que deveria servir a um único objetivo, tendo o futebol como eixo central. Os casos que trago aqui aconteceram na Argentina, em jogos de times brasileiros contra o River Plate e o Boca Juniors. Lá, apenas 0,4% da população se declara afrodescendente, o que enfraquece as políticas públicas de combate ao racismo. A própria Constituição “Hermana” estabelece que o governo federal deve priorizar a imigração europeia, como uma espécie de política de priorização da pele clara. Assim, o debate do racismo corre à margem da sociedade. Apesar de toda repercussão, fatos se sucederam dia após dia durante algumas semanas. Torcedores identificados, chamados à delegacia, pagaram o equivalente a alguns reais e já estavam nas ruas a rir da situação que provocara. Inaceitável. Por outro lado, os casos agitaram os bastidores das entidades que representam o futebol sulamericano. Várias confederações, dentre elas a Conmebol e CBF anunciaram medidas mais duras e imediatas para reprimir atos racistas. Além do clube, penas mais duras contra a prática, que, infelizmente, não chega a ser crime em todos os países. A Conmebol já anunciou o aumento de valores das multas para 100 mil dólares, cerca de meio milhão de reais. A CBF prometeu punições mais severas para a temporada 2023, o que pode incluir com perda de pontos aplicada ao time cujo torcedor ou jogador venha a cometer ato racista. Embora manifestado nas arenas esportivas, o racismo é, na verdade, um comportamento social. No estádio, ele apenas manifesta aquilo que parte da sociedade ainda guarda consigo como uma herança cultural. Na mesma semana em que o fato ocorreu em estádio argentino, tivemos um caso de grande repercussão no Brasil, em que uma defensora pública aposentada xingou um motorista de entregas, de macaco. Basta! Chamar alguém de macaco não é um mero xingamento. É crime de racismo. Ofende o moral de quem é vítima. Mas ao mesmo tempo coloca o agressor como um ser humano ultrapassado em sua pequenez. O pensamento retrógrado, que remete a reprodução de um comportamento do século XIX, em que pessoas de cor eram vistas como inferiores. Onde essas pessoas que continuam a agredir ficaram na escala de evolução? Em que época elas ficaram estacionadas? São em manifestação como essas – do estádio de futebol, que constitui uma arena pública – que boa parte dos cidadãos mostram sua identidade e reproduzem ao mundo a imagem de um país atrasado.
Vale destacar que os crimes cometidos na Argentina não podem ser classificados como de xenofobia, mas de racismo. Foram propositada e intencionalmente direcionadas a pessoas de cor, de pele parda ou preta e não porque eram brasileiros. Não apenas o Brasil, mas a América do Sul também é negra, construída com a força de trabalho de africanos que para cá vieram realizar trabalhos forçados. Muitas das angústias e problemas sociais vividos lá são também os de cá. Mesmo que em nações distintas, somos, ou deveríamos ser, um só povo. Unidos sob a bandeira da esperança, do respeito e da fraternidade. Retardamos, mas ainda é tempo de rompermos com as amarras que nos prendem a uma formação de base colonialista, sob a lógica da exploração e da segregação entre comuns. *Juiz de Direito da Comarca da Ilha de São Luís. Membro das Academias Ludovicense de Letras; Maranhense de Letras Jurídicas e Matinhense de Ciências, Artes e Letras.
QUEIMADA JOAQUIM HAICKEL Ontem, li uma matéria no Blog do meu amigo jornalista, Jorge Aragão, e resolvi fazer um comentário a respeito dela. Em sua matéria Jorge diz que “o vereador Ribeiro Neto, fez uma proposta inusitada e que rendeu uma polêmica... Ribeiro Neto apresentou o Projeto de Lei 048/22 querendo tornar a brincadeira de “queimado”, como prática esportiva em São Luís. No referido projeto, os praticantes do “queimado” passariam a ser considerados atletas e poderiam ser beneficiados com apoios do poder público, assim como acontece com atletas de outras modalidades esportivas”. A matéria de Jorge Aragão rendeu muitos comentários, quase todos desairosos ao vereador e sua proposta, mas eu resolvi analisar o caso de outra forma e postei o seguinte comentário: “Jorge, meu amigo!… Depois de todos os absurdos que estamos assistindo e vivenciando, até que essa proposta não é tão absurda assim!… Veja, se a brincadeira de queimado for adaptada de forma atlética, com estudos feitos por profissionais da área, não digo que ela venha desde logo se transformar em um esporte que possa ser praticado em competições, mas como é bastante popular nas camadas mais pobres da população, pode ser que um dia tenha seu lugar!.. Muitos das modalidades esportivas dos jogos paraolímpicos foram adaptados pelas dificuldades físicas dos praticantes. Queimado deve ser encarado como uma adaptação financeira e social de seus praticantes, que não têm acesso a outras modalidades esportivas, que necessitam de equipamentos caros para sua prática”. Quase todos os demais comentários foram contrários ao projeto e na maioria ofensivos e deselegantes, o que é uma pena, pois todos têm direito a ter suas opiniões, mas elas devem ter o mínimo de critério e correção. Fiquei intrigado com aquele assunto e fui procurar pesquisar para ver se encontrava alguma referencia sobre ele e descobri uma que dava conta de que “Queimada” já é modalidade esportiva! Vejam o link: https://www.camara.leg.br/.../845110-PROJETO-RECONHECE... Achei também outra matéria que diz que assim como no Brasil existe “Queimada”, em outros países existe “Dodgeball”. Vejam o link: https://www.edublin.com.br/dodgeball/ Essas são provas de que a nossa vida não pode se transformar nesse grande tribunal midiático que são as redes sociais, onde julgamos os fatos e as pessoas baseados em nossas meras e superficiais opiniões, quase sempre movidas por desinformação e preconceito.
NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".
A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido. Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.
MÃE Cantamos o teu nome e beijamos as tuas mãos. Guardamos o sabor do pão que não levaste à boca e colocaste nas nossas. Lembramos o teu infindável labor para nos manteres asseados e escarolados. E as palavras, beijos, sorrisos e orações que nos ensinaram a acreditar e sonhar. Sem ti não seríamos. Só existiria o abismo. Persistes em nós até ao fim. DO TEMPO O tempo é um ilusionista. Os contendores na guerra jogam com ele, esperando que traga a vitória ou uma posição de vantagem na negociação da paz. Estão ambos equivocados e acabam em perdedores. Gastam-no em vão, semeando de ruinas o chão. Outros aguardam que ele sepulte no esquecimento os erros cometidos no trajeto, sem necessidade de pedir desculpa e perdão. Ledo o engano e burro o fingimento! O tempo não torna quentes o frio café e o arrefecido alimento. SERVIDÃO VOLUNTÁRIA O ‘Discurso da Servidão Voluntária’, de Étienne de la Boétie (1530-1563), publicado em 1576, tem validade supratemporal e exala lições eternas. A leitura recomenda-se, pois, em todas as eras, especialmente nesta hora triste e neste Primeiro de Maio. Do que trata o texto? O autor elaborou-o após o povo francês se levantar contra um imposto sobre o sal e ser derrotado pelos fiscais e soldados do rei. Constitui um apelo à indignação, e questiona as causas da dominação e opressão de muitos por poucos. O título expõe a origem da aberração. Boétie pergunta como é possível que nações inteiras se sujeitem à vontade de um; e donde este tira o poder para controlar todos. A resposta é clara e simples: isto deve-se à ‘servidão voluntária’ dos que consentem o mando e sacrificam a liberdade por espontânea vontade. Se quisessem a liberdade de volta, bastar-lhes-ia rebelar-se, sem ser preciso recorrer à violência. A tirania destrói-se por si só, se os oprimidos deixarem a servidão, mediante uma estratégia coletiva de recusa da obediência e da colaboração com os dominadores. O ensaio afigura-se escrito de propósito para interrogar o estado atual da democracia, capturada pelos interesses da minoria, face à demissão cívica da maioria. Agora como sempre, muita gente julga que a proclamação e o desejo da liberdade equivalem à posse dela. Devíamos extrair ilações destas invetivas de Boétie: “Gentes miserandas, povos insensatos, nações apegadas ao mal e cegas para o bem! A vida que levais é tal que (…) nada tendes de vosso. Mas parece que vos sentis felizes por serdes senhores apenas de metade dos vossos haveres, das vossas famílias e das vossas vidas; e todo esse estrago, essa desgraça, essa ruína provém (…) de um só inimigo (…) cuja grandeza lhe é dada só por vós, por amor de quem marchais corajosamente para a guerra, por cuja grandeza não recusais entregar à morte as vossas próprias pessoas (…) Esse que tanto vos humilha (…) tem um só corpo e nada possui que o mais ínfimo entre os ínfimos habitantes das vossas cidades não possua também; uma só coisa ele tem mais do que vós e é o poder de vos destruir, poder que vós lhe concedestes! (…) Onde iria ele buscar os olhos com que vos espia se vós não lhos désseis? Onde teria ele mãos para vos bater se não tivesse as vossas? Os pés com que ele esmaga as vossas cidades de quem são senão vossos? Que poder tem ele sobre vós que de vós não venha? Como ousaria ele perseguir-vos sem a vossa própria conivência? Que poderia ele fazer se vós não fôsseis encobridores do que vos rouba, cúmplices do assassino que vos mata e traidores de vós mesmos?” Não se escrevem, nem pronunciam hoje discursos assim. A cobardia toma a liberdade por amargura e a alienação por doçura; tece loas à ditadura das negociatas financeiras e aos seus validos. Custa a acreditar que estamos em 2022!
MAIO: DE 1968 A 2022 Passaram 54 anos sobre o histórico acontecimento conhecido como ‘Maio 68’. Milhares de jovens estudantes franceses ocuparam então a Universidade de Nanterre, em Paris, originando um levantamento geral. Pertenciam ao sistema; não estavam excluídos dele, almejavam modificá-lo por dentro, não apenas para si, mas para uma sociedade melhor, com lugar condigno para todos. Que lição de utopia e generosidade! Muitos dos jovens de agora, do meu país e da minha universidade, estão arredados e segregados do mercado ultraliberal, enfrentam duras dificuldades e provações para entrar nele; e, quando entram, sofrem a exploração e a precariedade laborais. As ‘queimas das fitas’ podiam e deviam ser uma celebração festiva da meritória obtenção dos diplomas superiores e da consagração destes como estandarte de recusa da servidão. A CORAGEM DE NÃO AGRADAR Que falta faz a coragem de desagradar e pensar fora da caixa! Sem ela, não superamos as opiniões impostas, as ansiedades, indecisões e limitações que nos paralisam; enfim, não logramos afirmar quem somos. Para dar o exemplo, declaro que não me satisfaz a narrativa única, em circulação, acerca da guerra atualmente travada em solo europeu. Não aceito ser tomado por mentecapto, e que me impinjam como heróis e santos indivíduos cínicos e sem escrúpulos. São vilões todos os que não hesitam em martirizar os povos da Ucrânia, em transformar a Europa num barril de pólvora e em incendiar o mundo, para dirimir pleitos de hegemonia militar. Cada um tem a sua medida; a minha não quer ser melhor, apenas própria, quiçá ingénua, porém consciente. Partilho da opinião de Noam Chomsky: “A guerra só pode terminar de dois modos. Ou através de negociações ou até que uma das partes seja destruída. E a Rússia não vai ser destruída.” E tendo ainda a concordar com Ronald Silley (A Ucrânia e a Rússia na NATO, jornal Público, 11.05.2022, p. 6): “A aposta belicista em detrimento da via negocial, ostensivamente escolhida pelos EUA e os seus aliados na Europa, tem um ganhador claro: a indústria de armas dos EUA, o poderosíssimo ‘militar industrial complex’. A NATO, que tanto gosta de se expandir, devia convidar a Ucrânia e a Rússia para integrarem aquela aliança. No final de contas, aqueles dois países não são assim tão diferentes um do outro.” Ficaram com urticária por dentro e à flor da pele? Pois é! Mas este conflito não se resolve com estados de alma e orgasmos ideológicos, nem com o esmagamento da teleologia (atribuição de propósitos) pela etiologia (atribuição de causas e culpas). Não é assim que a realidade melhora. COMUNICADO DO CRUP “No início da entrada em funções de um novo governo e face à gravidade da situação social e institucional, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas sente-se obrigado a romper o silêncio e a tomar publicamente a seguinte posição: 1. O CRUP recusa a condenação da maioria dos jovens a uma existência de injusta fragilidade profissional e económica, impeditiva da constituição de famílias sólidas. Isso mina a sociedade e o futuro do país e das suas instituições. 2. As Universidades não aceitam mais formar licenciados, mestres e doutores para serem sujeitos a precariedade, exploração, salários de miséria e desemprego. 3. As Universidades declinam manter relações com empresas e organizações que desrespeitem os princípios do contrato social, e não encarem o trabalho como um valor inerente à realização humana. 4. Os Reitores proclamam à Senhora Ministra do setor e ao país que não serão os coveiros da missão da Universidade.”
Agência Lusa EDIFICAÇÃO INTEMPORAL DO DESPORTO Eis o lema do XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa! A organização do simpósio incumbe à FCDEF da Universidade de Coimbra e inscreve-se nas comemorações do 30º aniversário da Faculdade. Após dois anos de uma pandemia, que nos intima a rever as modalidades da existência no planeta Terra, vamos acorrer a Coimbra estimulados pela consciência da necessidade de inscrever o desporto no movimento de renovação da vida, e alumiados pelo espírito da convivialidade e fraternidade lusófonas e universais.
DO TAMANHO DO MUNDO E DO NOSSO O mundo é deveras grande. Não conseguimos habitá-lo, se formos demasiado pequenos e não tivermos a medida dele. Somente a liberdade, de direito e de facto, poderá ajudar-nos a adquirir esse estalão. Porque
ela amplia e expande-nos. Os cidadãos com acesso ao trabalho e ao pão, à habitação, à saúde e educação são mais livres do que aqueles a quem faltam estes bens. Conheci muitas pessoas e situações como as retratadas na imagem em baixo. Moviam montanhas com a amargura e a dor engolidas em silêncio. Nao admira que, aos 40 anos de idade, o seu corpo apresentasse sinais de adiantada velhice. Hoje anda por aí gente banal e aperaltada que nunca moveu uma palha, mas fala como se tivesse movido serranias. Os mesquinhos palradores das iniciativas ultraliberais deviam experimentar um mês de vida como o das criaturas de antanho na minha aldeia e o de tantas outras das vilas e cidades. Talvez descobrissem o genuíno teor da liberdade e dignidade, e deixassem de apregoar um credo ‘libertário’, desejoso de soterrar o melhor que a Humanidade, em todas as culturas, idealizou e concretizou ao longo da lenta marcha civilizacional. OS OLIGARCAS E DA SEM-VERGONHICE Na generalidade dos países, os milionários são designados ‘empresários’ de sucesso. No nosso também. Há hoje uma exceção, zelosamente promovida pela comunicação social: se a proveniência deles for russa, recebem o rótulo pejorativo de ‘oligarcas’. Nas últimas décadas, os plutocratas russos foram convidados pelos governos europeus a investir adrede; contaram com facilidades e portas abertas para depositar dinheiro, comprar imóveis (e até clubes desportivos!) e criar negócios. Ninguém questionou as fontes e modos de obtenção da fortuna. Agora os magnatas são execrados e os seus bens arrestados. Em linguagem do direito e da ética, isto configura um roubo e evidencia a canalhice, a farsa, hipocrisia e o caráter corrupto e amoral dos governantes, padrinhos e afilhados que ontem lhes lambiam o rabo. Uma vergonha! Muita gente aplaude com baba bovina. DAS CERTEZAS Os conhecimentos e saberes, mesmo sendo científicos ou empíricos e exatamente por isso, são apenas convicções e conjeturas questionáveis e refutáveis. As certezas não; subtraem-se ao confronto com argumentos lógicos, metódicos e racionais, porquanto vivem entrincheiradas e inatingíveis no condomínio amuralhado e inexpugnável da fé, dos dogmas e fanatismos. Logo é perda de tempo e fonte de incómodo discutir com ayatollahs. Em vez de responder a estultices e, quiçá, a insultos, ponhamos um sorriso no rosto. Os problemas do mundo resultam dos relacionamentos interpessoais; são tantos que não é curial acrescentá-los. MASSACRE DE BUCHA Sempre que revejo o vídeo, divulgado nas redes sociais, sobre o macabro cenário de Bucha, sinto arrepios no corpo e na alma. Como é possível tamanha monstruosidade? São muitas as interrogações e perplexidades; e nenhuma resposta é suficiente. No entanto deixou de se falar na barbaridade. Urge que as investigações e as perícias sejam levadas até ao fim, a verdade apurada e amplamente anunciada. Gente tão diabólica não pode ficar impune; tem que ser nomeada e responsabilizada. Nas últimas décadas aconteceram, noutros locais, perversidades similares; sobre elas e os seus autores desceram cortinas de fumo e silêncio. A Humanidade exige mais, nomeadamente outro jornalismo. RÚSSIA VERSUS UCRÂNIA São algumas e significativas as diferenças entre os dois países. A primeira é que a Rússia violou a lei internacional e invadiu a Ucrânia, causando devastação, horror e morte; a Ucrânia não invadiu os vizinhos, mas perseguiu populações russas e russófonas, segundo a insuspeita Human Rights Watch. A segunda reside no facto de o Presidente russo ser autocrata; o ucraniano não é como se pinta. A terceira, conforme relatam as agências de noticias, consiste no apoio dado pelo Kremlin às forças da extrema-direita; estas são numerosas na Ucrânia e, paradoxalmente, constituem alvo dos invasores.
Também há semelhanças. Na Rússia imperam uma oligarquia e plutocracia e há controlo da informação e limitação da liberdade individual e política, bem como da circulação de jornalistas. Na Ucrânia acontece o mesmo. A democracia e o estado de direito inexistem em ambos os países; diz-se que as mafias abundam nos dois. PORQUE ESCREVO? É famoso o quadro de Francisco José de Goya (1746-1828) que mostra um indivíduo dormindo, com vampiros e outros animais da noite pairando ao redor dele. O artista escreveu, por baixo da pintura, o seguinte: “O sono da razão produz monstros.” É sempre assim, em todas as eras e de modo evidente nos nossos dias. As sociedades atuais, adverte o filósofo Jürgen Habermas, vão em alta velocidade sem maquinista (e este só pode ser a razão). Logo, correm para o desastre. O que nos compete fazer? Ser sentinelas da razão! Não podemos delegar a tarefa em muitos comentadores coroados nos jornais e televisões; eles não velam pela razão, mas sim pela nossa alienação e domesticação. Ser sentinela da razão é uma obrigação de todos nós. O que é que ela exige? Assumir a cidadania, o dever de tomar e proclamar posições. Tão simples de dizer, mas difícil de cumprir. É isso que me leva ao exercício diário da escrita, como quem estende o fio-do-prumo para orientar e avaliar a correção do agir. Eis um hábito e rotina que se tornaram parte da minha segunda natureza. Escrevo todos os dias, como exercício de recriação de mim e diálogo com o mundo. É um ato de teimosia e resistência contra a corrente. A barbárie foi sempre inimiga dos livros. Não teve pejo em queimá-los em várias eras, na inquisição, no nazismo e nos múltiplos fascismos. O livro continua a ter inimigos, que o combatem objetivamente, uns de maneira sofisticada, outros de modo ostensivo. A lista de prejuízos é extensa e amarga. Os livros são formas de evasão, de pausas e respirações para pensar e questionar. São dialogantes e inquietantes, inauguram conversas e reflexões sobre temas conducentes para além da superficialidade, buscando compreender o que acontece ao nosso redor e a nós mesmos. Livram da ignorância, fizeram e fazem a Humanidade. Acredito no poder mágico das palavras; têm mãos de Midas. No princípio era o Verbo; tudo surgiu após ser dito. Assim consta no relato verídico da criação. Donde se conclui que as palavras são fiadoras da vida. Somos crias delas e é com elas que andamos na terra e subimos ao céu. As palavras são ferramentas. Com elas projetamos o não existente e edificamos pontes para o desconhecido e Outro. São lentes e asas que nos mostram a incompletude e retiram da rasura do que somos para a altura de quem podemos ser. Devemos a elas não ficar reféns do ofício ou função que desempenhamos ou da ordem em que estamos inscritos. Sendo autores delas, de palavras não utilitárias, conseguimos tocar a ilusão de deixar de estar sujeitos aos confins da sujeição. Tudo são palavras, pronunciadas ou não. As deste texto também o são. Escrevo-as para o meu ‘descontentamento’, livres das tenazes da astúcia, e despidas de sugestões práticas. Por vezes, há quem as tome para si; e não fico ciumento. Com elas toco o alto das montanhas; teço mentiras bonitas, tingidas das cores do luar, desejando que sejam verdades. Por isso gosto de as partilhar. Escolho-as para pôr acendalhas e névoas azuis no céu cinzento, sonhos e sorrisos em plagas de gemidos, lágrimas, soluços, tédio e náusea. São estados de alma, rastos e auras das distâncias percorridas em busca do diferente. Têm raízes fincadas na memória e saudade, no relato e antecipação. Do que vivi e anseio viver. Basta uma palavra simples ou frase curta para abrir a autoestrada das nostalgias e aventuras, das recordações e esperanças. O meu vocabulário é um dialeto autobiográfico, familiar e pessoal; conta, de modo repetido e variado, a minha vida. Não invento nada, mas sou original. Amo as palavras e o que elas dão, o ‘resto do resto’. Devia amá-las ainda mais, porque oferecem tudo: os tempos idos e os futuros. São fecundas e abrigo-me nelas; contra o pavor de perder a identidade nesta era de ‘expulsão do outro’ e ‘inferno do idêntico’. No recanto da solidão e do pensamento escuto nitidamente os clamores e vozes do universo, o estertor das contradições e soluções gastas, o silvo urgente da radicalidade, os gritos desesperados por justiça social, as
doridas súplicas por misericórdia, os pedidos pungentes de salvação da Terra, os últimos suspiros de quem parte, o choro inicial e jubiloso de quem nasce. É essa audição que fica vertida nos meus escritos. Movo-me por causas, não contra alguém. Sei que desagrado a não pouca gente. Talvez por pensar e escrever 'fora da caixa' e por ser crítico; e os críticos, disse Vinícius de Moraes, têm mau hálito. Estou muito grato a quem lê e publica o que escrevo.
DOS CONDICIONANTES E DA SUPERIORIDADE DA DEMOCRACIA A democracia não tem o condão de assegurar que os seus dirigentes sejam melhores seres humanos do que os chefes de sistemas autocráticos. Quem dera que assegurasse! Sobejam os exemplos que refutam a hipótese de semelhante milagre. Não faltam, em países democráticos, políticos que agem com a amoralidade e prepotência próprias de figurões imperiais. Sim, invadem países, aplicam políticas objetivamente voltadas para o depauperamento, a miséria, a fome e até a morte dos frágeis. E há um número, não pequeno, de praticantes de variadas ilicitudes e corrupções. Ou seja, a democracia não logra aplicar as garantias, os direitos e princípios consagrados no texto constitucional, nem pôr freios efetivos às perversões e prevaricações cometidas pelos seus líderes. Digamos claramente, embora com sabor amargo: uma sociedade não se torna virtuosa, somente por nela vigorar um regime democrático. É verdade que este outorga institutos e mecanismos destinados a colocar travões à crueldade, à injustiça e à exploração. Mas há um longo caminho a percorrer entre a formulação e a concretização plena desta aspiração. Qual a razão para o desfasamento? A democracia não gera automaticamente políticos eticamente superiores, com sensibilidade acrescida no tocante ao bem público, à dignidade da pessoa e à inviolabilidade das leis. Isto não constitui pressuposto devidamente escrutinado para o exercício de funções políticas. Dito de outro modo, ela não impede atitudes e decisões que contrariam a sua inspiração e vocação. Em países fundadores e apologistas da democracia, esta conviveu e convive com práticas que a negam. O caso dos EUA é assaz paradigmático neste capítulo; cito-o apenas por ser exemplar no aspeto aqui em apreço, ciente de que não é único. Tudo isto nos revela que a democracia não é portadora de uma essência congénita, miraculosa e salvífica. Não configura um estado acabado, perfeito e ideal; é antes uma via aperfeiçoável, carecida de constante reinvenção e renovação, visando encontrar a harmonia, o consenso e o compromisso, num contexto de pluralismo de interesses e valores, que exaltem e não ameacem e asfixiem as diferenças. Infelizmente, este fim não se atinge de maneira insofismável, porquanto os atores cívicos são sujeitos da imperfeição. Para desfazer equívocos, afirmo, sem titubear, que a democracia nos deu e vai continuar a dar infinitamente mais do que as ditaduras. Não obstante as promessas que lhe falta cumprir, devemos a ela mananciais donde jorram a esperança e a possibilidade de liberdade. Vivemos nela muito mais íntimos e vizinhos da Civilização e da Humanidade do que nas ditaduras. É curial enfatizar que os défices apontados à democracia não são atribuíveis a ela, mas sim aos que nela exercem responsabilidades. Afinal, a democracia não nos foi ou é oferecida em forma pura e definitiva; são os cidadãos que a edificam com os seus defeitos e virtudes. Oxalá cresça a consciência desta linha de causalidade! ORGASMO DA LEVIANDADE Detém-te um instante! Cuidas que a romantização da guerra e a criação de heróis com pés de barro, o apelo inflamado a bravatas, a exaltação do sofrimento, o fervor da crença na propaganda e em notícias falsas, a demonização de um lado e o branqueamento total do outro, a substituição de comentadores militares por tiazonas, por fala-baratos ávidos de palco e por fedelhos graduados em relações internacionais, sim, cuidas que isto vai decidir a sorte do conflito. Estás redondamente enganado. A guerra só se resolve com cabeça fria, com a intermediação de gente conhecedora do que está em causa, das razões dos contendores e da evolução do cenário bélico. A gritaria proselitista e a obliteração do sentido crítico não impedem o crescimento do número das vítimas a lamentar e da fatura a pagar.
Devias ser cético; duvidar do que dizem e mostram. Mas não queres ir por aí; preferes o orgasmo dos insultos verbais a quem não te acompanha na ladainha da loucura. Sabes, não existe o mundo ideal; somos obrigados a contribuir para o melhor possível. ORGASMO DA LEVIANDADE Detém-te um instante! Cuidas que a romantização da guerra e a criação de heróis com pés de barro, o apelo inflamado a bravatas, a exaltação do sofrimento, o fervor da crença na propaganda e em notícias falsas, a demonização de um lado e o branqueamento total do outro, a substituição de comentadores militares por tiazonas, por fala-baratos ávidos de palco e por fedelhos graduados em relações internacionais, sim, cuidas que isto vai decidir a sorte do conflito. Estás redondamente enganado. A guerra só se resolve com cabeça fria, com a intermediação de gente conhecedora do que está em causa, das razões dos contendores e da evolução do cenário bélico. A gritaria proselitista e a obliteração do sentido crítico não impedem o crescimento do número das vítimas a lamentar e da fatura a pagar. Devias ser cético; duvidar do que dizem e mostram. Mas não queres ir por aí; preferes o orgasmo dos insultos verbais a quem não te acompanha na ladainha da loucura. Sabes, não existe o mundo ideal; somos obrigados a contribuir para o melhor possível. DO QUE PARECE Parece que a NATO tem um enorme ganho com a entrada da Suécia e Finlândia, por se tratar de povos política e democraticamente maduros. Não parece que os dois países ganhem em igual medida. Talvez ganhe mais a Turquia com as contrapartidas que exige para não inviabilizar a candidatura dos nórdicos. O sultão Erdogan sai assim do recobro e entra ativamente na configuração do novo tabuleiro da geoestratégia mundial que vai esboçando os primeiros contornos. Parece que, neste jogo, a União Europeia renuncia a desempenhar um papel autónomo. Ela devia fundir-se formalmente com a NATO, e o Secretário-Geral desta acumular a presidência das duas organizações, como Procônsul do império unipolar. Deste jeito poupavam-se confusões e acrescia a eficiência. CULPADOS SÃO OS PROFESSORES! O derrame de sangue voltou a acontecer numa escola do Texas. Já não causa surpresa, tão habituados estamos à frequente repetição do cenário macabro. Desta vez a maioria das vítimas (mais de uma vintena) tem idades entre os 6 e os 10 anos. Não é novidade, nem suscita inquietude. O acesso às armas é direito fundamental nos EUA; e a culpa do massacre não é dessa garantia constitucional. É, pois, impensável abolir essa liberdade! Assim proclama o credo vigente no Senado e no Supremo Tribunal. Claro que há culpados destes horrores! Obviamente, são os professores; deviam andar armados nas escolas. Eis a proposta dos ‘republicanos’, e as imanentes noções de escola, de educação e do papel do professor. Eis também a mentalidade civilizatória que policia o mundo e concita o aplauso de muita gente na ocidental praia lusitana.
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LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ
FRAN PAXECO:
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