14 minute read

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

Todavia, como já explicitamos, o antijesuitismo é complexo. Por isso, acreditamos ser importante assinalarmos alguns pontos fundamentais para compreendermos sua extensão antes de aprofundarmos o contexto, a metodologia e as fontes usadas neste livro. Esses pontos são: a relação da Companhia de Jesus com o antijesuitismo e o antijesuítico que perdurou até o século XX.

A Companhia de Jesus e o antijesuitismo

Advertisement

O antijesuitismo nasceu com a fundação da própria Companhia de Jesus, fortalecendo-se, em seguida, com a expansão da Ordem pelo mundo. Essa assertiva é facilmente comprovada, basta analisarmos as produções documentais e históricas acerca de sua performance em qualquer parte do mundo. A atuação dos jesuítas no campo missionário, educacional, político e econômico, assim como sua teologia moral, a aquisição e administração de seus bens ao longo dos séculos, seu ideal de missionação, suas práticas multiculturalistas, entre outros, sempre foram alvos de duras críticas e intensas perseguições na Europa e nas conquistas asiáticas, africanas e americanas. Ou seja, onde estiveram presentes2 .

O antijesuitismo foi um fenômeno histórico intricado, e, durante a época Moderna, concentrou-se, especialmente, nos reinos católicos da França, Espanha e Portugal, que – no ápice do antijesuitismo durante a segunda metade do século XVIII – estavam cheios de princípios do Despotismo Esclarecido, no qual a Companhia de Jesus, resistente às novas diretrizes, parecia não se encaixar3 .

A forma de agir da Companhia de Jesus durante esse período, especialmente o século XVIII, pode parecer “autodestrutiva” ou contraditória, mas estava ligada à própria origem da Ordem dos inacianos, fruto das grandes mudanças que acarretaram na formação do mundo moderno entre os séculos XV e XVIII, um período marcado por intensas mudanças sociais, econômicas, políticas, culturais, religiosas e geográficas. Lembremos que, no início desse período, o mundo conhecido (da perspectiva europeia) deparava-se com novas formas de pensar a humanidade e sua relação com a cultura e com Deus

2 FRANCO, José Eduardo. O Mito dos Jesuítas em Portugal, no Brasil e no Oriente (Séculos XVI a

XX): do Marquês de Pombal ao Século XX. Vol. I, Lisboa: Gradiva Publicações, 2006. 3 GONÇALVES, Nuno da Silva (Coord.). A Companhia de Jesus e a Missionação no Oriente.

Brotéria – Revista de Cultura. Fundação Oriente: Lisboa, 2000.

(Humanismo, Renascimento, Reforma, Iluminismo e etc.), e com um “novo mundo” e uma “nova humanidade”, até então completamente desconhecidos: a América e seus moradores. Nesse contexto, a Companhia de Jesus, fundada em 1534 por Inácio de Loiola e reconhecida em 1540 pela bula Regimini Militantis Ecclesiaie assinada pelo papa Paulo III, despontou como uma das principais armas da Reforma da Igreja Católica. Juntamente com o Concílio de Trento e a Inquisição, a Companhia buscava combater às heresias e conquistar novos cristãos naquele vasto e novo mundo. A Ordem foi compreendida como “ponta de lança” da Contrarreforma na luta contra a divisão da cristandade católica.

No entanto, essa mesma entidade, que trazia esperanças para que o mundo católico não sucumbisse às rápidas mudanças daquele momento, foi tida por muitos como um grande perigo notadamente por conta de sua organização como Ordem, seu modelo de fazer missões e a sua autonomia política e econômica4. A Companhia de Jesus teve uma rápida expansão por todo mundo, e seus principais patrocinadores foram os reis portugueses. Essa expansão se deu por conta de uma das principais fórmulas norteadora da Ordem: a de que seus membros estivessem dispostos a partir para trabalhar em qualquer parte do mundo, fosse entre fies ou infiéis5 .

Dessa feita, os inacianos rapidamente se espalharam pelos três continentes, o que os levou a adotarem metodologias de missionação diferentes. “No Oriente ao se depararem com civilizações antigas e religiões de grande complexidade fizeram apelo a uma enorme capacidade de adaptação6”. Na América, houve uma grande tentativa de traduzir o mundo cristão-europeu para o mundo

4 As missões jesuíticas cresceram rapidamente, especialmente no mundo ibérico. O rei português,

D. João III, munido de informações sobre a recém fundada Companhia de Jesus, solicitou ao seu embaixador em Roma a colaboração desses religiosos notadamente no tocante às demandas missionários do imenso território ultramarino português. Foram enviados à Portugal, em 1541,

Inácio de Loiola, Francisco Xavier e Simão Rodrigues. O primeiro partiu no ano seguinte rumo ao Oriente, onde sua atuação como missionário o fez famoso, principalmente por falecer no ano de 1552 às portas da China sem realizar seu maior desejo – atuar enquanto missionário naquele espaço. O segundo ficou em Portugal e, sempre muito próximo ao rei, lançou as bases da Província de Portugal formalmente constituída como primeira província da Companhia de Jesus, em 1546. Ver GONÇALVES, Nuno da Silva (Coord.). A Companhia de Jesus e a

Missionação no Oriente. Brotéria – Revista de Cultura. Fundação Oriente: Lisboa, 2000. 5 Essa característica está presente nas Constituições dos Jesuítas publicadas em 1554. Sobre a estrutura das Constituições, ler. ARNAUT Cézar; RUCKSTADTER, Flávio Massami Martins.

Estrutura e organização das Constituições dos jesuítas (1539-1540). Acta Scientiarum. Maringá, v. 24, n. 1, p. 103-113, 2002. 6 GONÇALVES. A Companhia de Jesus e a Missionação no Oriente, p. 8.

ameríndio, e vice-versa, criando catecismos em língua geral, traduzindo nomes de santos por divindades locais e etc. As missões da Companhia de Jesus no Brasil, segundo Jorge Couto, podem ser divididas em três fases distintas:

A primeira que vigorou até finais da década de cinquenta de Quinhentos, alicerçava-se nos princípios da “conversão pelo amor”, procurando divulgar a mensagem cristã sem interferir significativamente nos padrões de organização econômicos e sociais das comunidades indígenas”. A segunda, adotada por essa época, baseou-se na aplicação do “suave jugo de Cristo” aos grupos tribais autóctones, considerado indispensável para viabilizar a ação evangelizadora. Finalmente, a terceira, que se baseava na criação dos aldeamentos, isolados do contado com os colonos e as autoridades locais e régias, concentrando nos missionários os poderes espiritual e temporal7 .

Tanto as formas diferentes de atuar em suas missões, quanto a autonomia que possuíam diante de agentes reais e dos próprios reis católicos, não foram toleradas durante muito tempo, e são compreendidas por nós como um dos motores do antijesuitismo. As desconfianças em relação àquela Ordem universal, que se dizia obediente somente ao papa, cresceram rapidamente. Desse modo, os ataques brotaram de todas as partes, especialmente nas Américas portuguesas e espanholas, onde a Companhia de Jesus agiu com maior autonomia, devido à configuração e especificidade daquelas regiões.

Assim, podemos afirmar que a extinção papal da Companhia de Jesus em 1773 foi, de certa forma, fruto direto desse antijesuitismo histórico, que teve seu ponto culminante na propaganda realizada por Pombal em toda Europa durante a segunda metade do século XVIII. De fato, o início do expurgo da Companhia de Jesus deu-se por meio de políticas portuguesas, quando, no ano de 1755, começou-se a expulsar os jesuítas da América portuguesa sob vários argumentos; e finalmente, no ano de 1759, a Ordem foi expulsa de todas as suas possessões de modo sistemático, após intensas políticas e campanhas antijesuíticas postas em práticas no Reino e nas conquistas ultramarinas por Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro marquês de Pombal8 .

7 COUTO. Jorge. Estratégias e métodos de missionação dos jesuítas no Brasil. In: GONÇALVES,

Nuno Monteiro (Coord.). A Companhia de Jesus e a Missionação no Oriente. Brotéria – Revista de Cultura. Fundação Oriente: Lisboa, p. 65-83, 2000, p. 65. 8 FRANCO. Os Catecismos antijesuíticos pombalinos, p. 303.

O movimento iniciado por Pombal foi tão forte, a ponto de provocar mudanças nas relações políticas e diplomáticas existentes entre Portugal e Espanha. Após a ascensão de Carlos III ao trono espanhol, em agosto de 1759, as Coroas ibéricas passaram a ter relações bastante conflituosas. Tanto que a primeira ação do novo rei espanhol foi a anulação do Tratado de Limites (Tratado de Madri) , assinado em 13 de janeiro de17509. A ação foi acatada pelo governo português sem grandes contestações. O Tratado de Limites, que havia sido concluído em Madri, foi substituído pelo Tratado de el Pardo, de 12 de fevereiro de 1761, determinando o retorno das fronteiras à situação anterior a 1750. Essa mudança, segundo Mar García Arenas,

señala el inicio de un cambio en las relaciones hispano-portuguesas, caracterizadas desde entonces por la tensión, debido a las tradicionales alianzas que las respectivas coronas mantenían con Francia e Inglaterra y al contexto diplomático europeo, ya que la reversión de alianzas de 1762 tuvo como consecuencia el estallido de la Guerra de los Siete Años10 .

Porém, a despeito de todas essas questões, Portugal e Espanha uniram-se no decorrer dos anos 1760 contra a Companhia de Jesus, enquanto adversário comum. Em 26 de março de 1766, ocorreu, em Madri, o Motim de Esquilache11, no qual os jesuítas foram apontados como os instigadores da

9 Sobre esse assunto, Jorge Couto nos informa que o Tratado de Madri “Revogava formalmente todos os acordos anteriormente firmados entre as duas Coroas – designadamente o Tratado de

Tordesilhas (7 de julho de 1494) e a Escritura de Saragoça (22 de abril de 1529) – e passava a constituir o único instrumento válido para fixar as fronteiras das possessões luso-espanholas em

África, na América e na Ásia. O convênio reconhecia a soberania portuguesa em grande parte da

Amazônia, no Mato Grosso e na zona litoral até Castilhos Grandes. Estabelecia ainda compensações territoriais entre os dois reinos: Portugal cedia definitivamente a Colônia de Sacramento e a Espanha a região situada na margem oriental do rio Uruguai”. Ver COUTO, Jorge. As missões americanas na origem da expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e seus Domínios

Ultramarinos. In: Catálogos da Biblioteca Nacional de Portugal: 250º Aniversário da Expulsão dos jesuítas dos Domínios Portugueses. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2009, p. 10. 10 GARCÍA ARENAS, Mar. La colaboración hispano-portuguesa contra la Compañia de Jesús (1767-1768). Esteban de Terrenos y Pando: vizcaíno, polígrafo y jesuíta. III Centenario: 1707-2007,

Instituto de Estudios Vascos, Universidade de Deusto, Bilbao 2008, p. 511-536, p. 511. 11 O Marquês de Esquilache era o siciliano Leopoldo di Gregorio, um dos mais importantes colaboradores de Carlos III, que se tornou Secretário do Tesouro da Espanha. O marquês tentou implementar diversas reformas políticas e econômicas no reino espanhol, porém, teve que lidar com os costumes ainda vigentes do período dos Habsburgo. As reformas propostas por

Esquilache não foram aceitas, tanto pelos grupos de privilegiados da Espanha quanto por grupos que agiam ainda sob os ideais dos Habsburgo. A respeito desse assunto, Stanley e Barbara

desordem estabelecida contra as reformas bourbônicas12. Essa acusação acarretou na expulsão da Companhia de Jesus da Espanha no ano seguinte, 1767. A campanha pelo fim da Ordem inaciana pode ser considerada um vínculo entre Portugal e Espanha, principalmente após Pombal ter formalizado, em agosto de 1767, uma proposta de extinção da Companhia de Jesus de modo conjunto com a Espanha, e aberta à França. A proposta foi prontamente aceita por Carlos III, e esse cenário resultou na assinatura do Tratado de União e Defesa Recíproca pelas duas Coroas Ibéricas. Segundo García Arenas, esse tratado pode ser compreendido como uma negociação de dupla vertente: uma eclesiástica, relativa à extinção pontifícia da Companhia de Jesus; e uma outra política, com a intenção de se realizar uma nova limitação das fronteiras americanas. No entanto, a única vertente que obteve o êxito pretendido foi a antijesuítica, pois conseguiu vincular o interesse das Coroas ibéricas até a extinção total da Ordem, em 177313 .

Todo esse processo contra a Companhia de Jesus fez parte de um contexto ainda mais amplo, avultado com o chamado Despotismo Esclarecido – um movimento intelectual influente que teve como finalidade fortalecer o poder do rei, como soberano inconteste, e ceifar qualquer poder autônomo, fosse religioso, político ou social, que não se submetesse à autoridade do monarca. Na Europa, as críticas contra a Companhia eram direcionadas, principalmente, contra suas práticas pedagógicas e postura teológica. Essas causavam atritos entre os jesuítas, os grandes centros universitários, como a Universidade de Salamanca, e integrantes da hierarquia ordinária da Igreja Católica, em que teve início uma grande e acérrima rejeição aos inacianos.

Stein afirmam que “O ensaio direto de Esquilache sobre reforma interna era incomumente ambicioso e abrangente para a Espanha, com muitos alvos sendo atacados simultaneamente.

Sete anos depois que Carlos ascendeu ao trono, no entanto, uma combinação de interesses privilegiados e facções fomentadas sob os Habsburgos provocou um golpe em Madri que forçou

Carlos a mandar Esquilache, o arquiteto de tantas iniciativas de governo, de volta para a Itália.

Na Espanha, a renovação foi interrompida. Mas, restava, no entanto, a possibilidade de renovar a administração colonial e os vínculos econômicos essenciais entre a metrópole e suas colônias”.

STEIN, Bárbara H.; STEIN, J. Stanley. Apogee of Empire: Spain and the New Spain in the Age of Charles III (1759-1789). Baltimore and London: The John Hopkins University Press, 2003, p. VIII. Tradução livre. 12 Ver BENIMELI, José A. Ferrer. El motín de Madrid de 1766 en los Archivos Diplomáticos de

París. Anales de Literatura Española, Alicante, n. 4, p. 157-182, 1985. 13 GARCÍA ARENAS. La colaboración hispano-portuguesa contra la Compañia de Jesús (17671768), p. 514-516.

Na segunda metade do século XVIII, as ideias iluministas espalhavam-se pela Europa e pelos “países ibéricos, onde “Orientavam, de uma forma específica, as reformas empreendidas por Carlos III na Espanha e pelo marquês de Pombal em Portugal e no Brasil14”. É importante destacarmos que, tanto em Portugal quanto na Espanha, os jesuítas foram acusados de suscitarem motins contra as reformas empreendidas, respectivamente, pelos secretários régios, o marquês de Pombal e o conde de Campomanes. Segundo Jorge Couto, a resistência da Companhia de Jesus às novas orientações políticas assumiu um caráter mais dramático nos reinos de José I e Carlos III, devido aos enormes privilégios e à grande influência de que gozava, sobretudo, nas Américas portuguesa e espanhola, verdadeiros teatros onde se jogou a sorte dos inacianos em meados de Setecentos15 .

Tais acusações deram aos missionários a má fama de bloqueadores da modernidade, associando-se a expulsão dos jesuítas à implantação de ideias e práticas iluministas nos reinos ibéricos e em suas colônias americanas. Porém, Beatriz Domingues discorda dessa perspectiva, devido a existência de importantes estudos enfatizando o papel dos jesuítas no processo de introdução da filosofia moderna no México, antes de sua expulsão. A autora destaca serem escassos estudos similares em relação ao mundo luso-americano, e assinala não ser tão simples a relação feita entre os iluminismos e a expulsão dos jesuítas. Se assim fosse, “A expulsão dos jesuítas teria representado uma real modernização dos países ibéricos no sentido de um rompimento com a visão escolástica de mundo, que não parece corresponder à realidade16”.

Para Domingues, no mundo ibérico destacam-se ao menos duas vertentes de iluminismos: a dos jesuítas e a dos defensores do Despotismo Esclarecido. No entanto, os iluminismos ibero-americanos eram defasados em relação ao movimento ocorrido na França e na Inglaterra, e tratavam de questões que naqueles países não foram colocadas, como a relação entre Igreja, Estado e

14 DOMINGUES, Beatriz Helena. As repercussões da expulsão dos jesuítas nos movimentos independentistas nas Américas Espanhola e Portuguesa. Anais Eletrônicos do V Encontro da

ANPHLAC. Belo Horizonte, 2000, p. 2. 15 COUTO, Jorge. As missões americanas na origem da expulsão da Companhia de Jesus de

Portugal e seus Domínios Ultramarinos. In: Catálogos da Biblioteca Nacional de Portugal: 250º

Aniversário da Expulsão dos jesuítas dos Domínios Portugueses. Lisboa: Biblioteca Nacional, 2009, p. 9. 16 DOMINGUES. As repercussões da expulsão dos jesuítas nos movimentos independentistas nas

Américas Espanhola e Portuguesa, p. 2.

Papado. Portanto, de certa forma, seria necessário ocorrer uma revisão do “Padroado régio” português e do “Patronato régio” espanhol. Isso é, o acordo entre a cúria papal e as Coroas ibéricas, dando às últimas a faculdade de nomear pessoas a altos cargos eclesiásticos e de organizar a evangelização no além-mar. Desse modo, “Tanto os reformadores ilustrados quanto seus inimigos jesuítas deparavam-se com dilemas semelhantes, como o de tentar conciliar iluminismo com catolicismo17”. Ainda segundo Domingues, os jesuítas até teriam buscado atualizar-se com as novas ideias do século XVIII, frequentemente descrevendo-se como humanistas e universalistas. Porém, na filosofia política, teriam preferido manter-se fieis à tradição que pressupunha um pacto entre governantes e governados, em oposição ao sistema absolutista18 .

Como já afirmamos, a Companhia de Jesus não aceitou ou não se encaixou no sistema absolutista por ser uma Ordem de orientação universal, devendo, antes de tudo, fidelidade ao papa e às suas diretivas, não aos reis e seus reinos. Essa relativa independência acirrava as desconfianças em relação aos inacianos. A partir delas, foram construídas tópicas contra sua atuação no cenário político-administrativo. Uma das mais comuns na produção antijesuítica é o suposto antagonismo entre a prosperidade da Ordem e a pobreza das conquistas da Coroa portuguesa. Como exemplo, podemos citar o caso da Índia, onde essa questão tomou um rumo hiperbólico, a ponto de se afirmar que a Companhia de Jesus possuiria mais dinheiro no Oriente do que o rei de Portugal. Mediante a suposta riqueza das missões e fazendas jesuíticas, os padres eram acusados de serem movidos apenas pela cupidez econômica e de procederem como mercadores. Apenas por isso se apressariam em aprender as línguas locais, ou seja, no intuito utilitarista de realizar o comércio com maior facilidade19 .

Durante a União Ibérica, o Conselho Ultramarino alertava o rei Felipe I de Portugal (Felipe II da Espanha) “Que os jesuítas seriam os fatores únicos da perda do potentado colonial português do Oriente sediado em Goa20”.

17 DOMINGUES. As repercussões da expulsão dos jesuítas nos movimentos independentistas nas

Américas Espanhola e Portuguesa, p. 2-4. 18 DOMINGUES. As repercussões da expulsão dos jesuítas nos movimentos independentistas nas

Américas Espanhola e Portuguesa, p. 2-4. 19 FRANCO, José Eduardo. O Mito dos Jesuítas em Portugal, no Brasil e no Oriente (séculos XVI a

XX): das Origens ao Marquês de Pombal. Vol. I, Lisboa: Gradiva Publicações, 2006. 20 FRANCO. O Mito dos Jesuítas em Portugal, no Brasil e no Oriente (Séculos XVI a XX), vol. I, p. 141.

This article is from: