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MILITARES, POLÍTICA E FRONTEIRAS: Questões de História da Amazônia
Na sequência, Jesiane Calderaro apresenta um debate acerca dos desafios sobre a formação do oficial na Policia Militar do Pará, com ênfase na figura do cadete entre os anos de 1985-1995. A autora apresenta fragmentos das narrativas de alguns sujeitos que vivenciaram a vida em âmbito da caserna no período mencionado, e, a partir de suas reminiscências, analisa como se dá o engendramento do processo de socialização militar – no período dos três anos de formação, tempo no qual o jovem cadete segue no cotidiano da Academia policial militar sob estreita vigilância, controle disciplinar e comportamental – cuja finalidade proposta é a transformação de um civil, em um oficial policial militar. Seguindo o debate, Joana D’arc Lima faz uma análise das relações de trabalho na Polícia Militar do Pará, na qual pressupõe a existência de conflitos que remetem à supremacia do interesse público em detrimento da saúde e qualidade de vida do público interno. Para a escrita do artigo, foram realizadas entrevistas com policiais, sendo possível estabelecer relação entre o uso de práticas não dialógicas, caracterizando o sofrimento psíquico que afeta a saúde física e emocional dos policiais, em virtude das características burocráticas e das relações de poder institucionalizadas. Na sequência, Sueny de Souza e Talita de Almeida trazem uma discussão a respeito da ocupação da fronteira entre o Pará e o Maranhão, proposta pela província maranhense, a partir da segunda metade do século XIX, em um processo que foi idealizado a partir da instalação de uma colônia militar localizada às margens do rio Gurupi e que buscava redefinir as formas de ocupação, utilização e circulação nas faixas de terras recém anexadas do Pará; e, a partir da presença e atuação dos militares/agricultores da colônia, estabelecer o controle sobre as vivências das gentes da fronteira. Por outro aspecto, Fernando Rodrigues traz uma análise que privilegia a documentação produzida pelo Exército Brasileiro sobre a Amazônia relacionada à história militar, e sua interface com os estudos sobre fronteira. No artigo, enfatiza a Amazônia como lugar de debate, e historicamente como ponto de integração entre o litoral e o interior, que é percebida através dos múltiplos olhares e de investigadores de diferentes áreas. As diversidades espaços-temporais, político-sociais, diplomáticas e militares junto à riqueza das diferentes abordagens metodológicas e às várias articulações desenvolvidas nas Ciências