SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 01 DE AGOSTO DE 2014
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Produção industrial recua pelo quarto mês seguido e caí 1,4% em junho Fonte: Folha de São Paulo Online SAMANTHA LIMADO RIO 01/08/2014 09h 49 A parada forçada pela Copa do Mundo, os estoques em alta e a desconfiança do empresário levaram a indústria a acentuar sua crise em junho. No mês, a produção industrial recuou 1,4%, a quarta queda seguida no ano, segundo dados livres de afeitos sazonais. Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (1º). O resultado veio um pouco melhor do que as previsões do mercado, que esperava queda entre 2% e 3%. Na comparação com junho de 2013, indústria registrou recuo de 6,9%, no pior resultado nessa relação desde 2009, quando a produção foi duramente afetada pela crise econômica mundial. Considerando todos os meses, essa é a pior queda na comparação anual desde setembro de 2009. Na comparação com o mês imediatamente anterior, o setor já vinha de três quedas, nos meses de março, abril, maio, de, respectivamente, 0,7%, 0,5% e 0,8%, segundo dados revisados. Assim, o índice acumulado neste ano já soma uma queda de 2,6%, e em 12 meses, de 0,6%. O setor também é afetado por juros maiores, crédito restrito, inflação elevada e especialmente empresários com menos disposição de investir nesse ano. O mercado de trabalho também tem mostrado sinais de arrefecimento, sem a entrada de mais mão de obra no mercado, tirando da população a disposição para consumir.
DURÁVEIS Fortemente sensível à taxa de juros e ao crédito, o setor da indústria que produz bens duráveis (como automóveis e eletrodomésticos) levou um forte tombo e recuou 24,9% em sua produção frente ao mês anterior. Na comparação com junho do ano passado, a queda é de 34,3%. Segmento mais sensível ao humor do empresário para investir, o setor de bens de capital que inclui caminhões, por exemplo caiu 9,7%, na comparação com maio e 21,1% na comparação com junho de 2013. 2
A compra de máquinas e equipamentos é reflexo direto da confiança do empresário com o futuro da economia, e a queda nesse quesito mostra a desconfiança do grupo. Dos 24 ramos acompanhados pelo IBGE, a indústria perdeu produção em 18. Em quatro meses, a produção de bens duráveis perdeu um terço de seu volume a queda acumulada desde março foi de 33,3%. Nessa mesma comparação, o setor de bens de capital encolheu 17,8%. A queda na indústria de bens de consumo duráveis foi a pior da série histórica, que é desde 2002. COMPARE O DESEMPENHO (em %) GRUPO JUN.14/MAI/141 JUN.14/JUN.13 NO ANO EM 12 MESES Bens de Capital -9,7 -21,1 -8,3 1,2 Bens Intermediários -0,1 -2,9 -2,2 -1,2 Bens de Consumo -7,9 -10,7 -1,9 -0,3 Duráveis -24,9 -34,3 -8,6 -3,7 Semiduráveis e não Duráveis -1,3 -3 0,3 0,8 INDÚSTRIA GERAL -1,4 -6,9 -2,6 -0,6 1 Série com ajuste sazonal Fonte: IBGE DIAS PARADOS Os segmentos que sofreram mais em junho com dias parados e com questões macroeconômicas foram os de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (recuo de 29,6%) e automobilístico (queda de 12,1%), mesmo com a manutenção do IPI menor, que vai vigorar até dezembro. Os números ruins da indústria de veículos neste ano levaram o setor a programar férias coletivas. Outras contribuições negativas para o indicador industrial vieram dos ramos de confecção, do segmento de bens de consumo, com queda de 10%, e de máquinas e equipamentos, que produziu 9,4% menos do que maio. A Indústria de produtos de borracha e material plástico, classificada dentre os bens intermediários, caiu 5,6%. Considerando os seis primeiros meses do ano, o encolhimento da produção de 2,6% foi influenciado, também, pela indústria automobilística, com queda de 16,9%, e da indústria de produtos de metal e metalurgia, com recuos de 10,1% e 5%, respectivamente. VEJA O DESEMPENHO POR SETOR (em %) SETOR JUN.14/MAI.14 Coque, prods. deriv. do petróleo e biocombustível 6,6 Produtos do fumo 4 Bebidas 2,5 Produtos alimentícios 2,1 Indústrias extrativas 0,3 Celulos, papel e produtos de papel 0,2 Couro, artigos de viagem e calçados -0,5 Outros produtos químicos -0,9 Metalurgia -1,1 Produtos farmoquímicos e farmacêuticos -1,1 Produtos de madeira -1,4 Móveis -1,9 Produtos de metal -2,8 Perfumaria, sabões e produtos de limpeza -3,1 Produtos de minerais não-metálicos -3,4 3
Produtos diversos Produtos de borracha e de material plástico Produtos têxteis Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Máquinas e equipamentos Confecção de artigos do vestuário e acessórios Veículos automotores, reboques e carrocerias Outros Equipamentos de Transporte Equips. de Informática, prods. eletrônicos e ópticos Fonte: IBGE
-4 -5,6 -6,7 -7,4 -9,4 -10 -12,1 -12,3 -29,6
Entenda o calote e a crise da dívida externa da Argentina Fonte: Folha de São Paulo Online DE SÃO PAULO31/07/2014 15h25 O imbróglio judicial e a crise da dívida externa da Argentina chegaram a uma nova fase nesta quinta-feira (31). A recusa dos chamados "fundos abutres" em aceitar as propostas do país para evitar um calote fez com que a Argentina chegasse hoje ao que seria sua segunda moratória em 13 anos. Apesar disso, a situação atípica em que o país se encontra com os credores levou o ministro da Economia, Axel Kicillof, a afirmar em entrevista coletiva que a Argentina não está em default. Mas o que isso significa? O que acontece agora? E por que essa discussão é importante? Confira abaixo um especial de perguntas e respostas para esclarecer as principais questões sobre o tema.* Quando teve início a dívida da crise argentina? O país foi incapaz de pagar os títulos da sua dívida externa em 2001, quando ocorreu o seu primeiro calote. Em 2005 e 2010, a Argentina chamou os seus credores à mesa para negociar a moratória e conseguiu reestruturar a dívida de cerca de 92% deles. Enfrentando a possibilidade de não receber nenhum centavo de dólar pelos títulos, a maioria optou por renegociar as dívidas a um preço significativamente menor. Eles trocaram os títulos antigos da dívida por papeis novos, que valem bem menos do que os originais. A minoria, contudo, optou por não negociar e permaneceu com os títulos antigos. Por que são chamados de "fundos abutres", se estão cobrando uma dívida a que têm direito? A questão é que parte desta minoria que não reestruturou a dívida optou por vender seus títulos a fundos de hedge (especializados em investimentos de risco) como forma de conseguir algum dinheiro pelos papeis. Em posse desses títulos, os fundos lutam na Justiça para tentar recuperar o valor integral dos papeis e lucrar com o investimento. Por isso, a Argentina apelidou as instituições de "fundos abutres" e tem recusado sistematicamente suas exigências. A primeira vez em que houve uma conversa direta entre o governo e os detentores dos títulos ocorreu nesta quarta-feira (30), em uma tentativa fracassada de evitar o calote. Em entrevista coletiva, o ministro da Economia, Axel Kicillof, negou que a Argentina tenha dado o calote. Se o país tem condições financeiras de pagar a parcela do juro das dívidas por que isso não ocorreu? A Argentina chegou a depositar o pagamento que venceu no dia 30 de junho deste ano, mas o dinheiro foi bloqueado por ordem do juiz Thomas Griesa. 4
A Corte americana decidiu que o país não poderia pagar a parcela referente aos credores que reestruturaram a dívida sem que pagasse também os detentores dos títulos que não foram reformados. Caso optasse por fazer esse pagamento para evitar o calote, a Argentina teria de pagar o equivalente a US$ 1,3 bilhão aos "fundos abutres" e cairia em contradição com o que tem pregado há anos. Se a Argentina repassou o dinheiro aos bancos para pagar a maioria dos seus credores o país não poderia convencer as instituições financeiras a realizar o depósito e adiar o calote? O fato é que a justiça americana decidiu "congelar" o pagamento e as instituições financeiras não se atrevem a questionar uma decisão judicial. Isso poderia prejudicar sua atuação e permanência nos Estados Unidos. Por que a Argentina, um país soberano, tem que respeitar uma decisão da Corte dos Estados Unidos? O país emitiu seus títulos sob a lei de Nova York e, portanto, tem de respeitá-la. Mas a Argentina não poderia emitir novos títulos sob sua lei e pagar os credores? Sim. O problema é que a Argentina não tem uma lista de todos os detentores dos seus títulos. Isso está em posse de uma instituição financeira internacional que também não deve se opor às decisões de Griesa. Não seria melhor evitar o calote e ter pago todos os credores desta vez? Não necessariamente. Há uma cláusula no contrato dos títulos que permite aos credores que reestruturaram suas dívidas a voltar atrás e exigir o valor integral, caso a minoria chegue a um acordo com a Argentina. Nesse sentido, pagar o US$ 1,3 bilhão aos "fundos abutres" para evitar a moratória poderia abrir precedente para os demais credores a exigirem o valor integral. Com isso, a dívida externa do país ultrapassará os US$ 100 bilhões. Para se ter dimensão do que isso significa, basta lembrar que as reservas internacionais da Argentina, hoje, não passam dos US$ 30 bilhões. Por que acompanhar a dívida da Argentina é importante para um leitor brasileiro? Além de ser um importante parceiro comercial do Brasil, a Argentina irá afetar o mercado financeiro internacional. Isso porque a resolução do imbróglio, em teoria, pode reforçar os direitos dos credores de outros países. Isso pode forçar os governos a serem mais cautelosos ao contrair dívidas que podem não conseguir pagar depois. Além disso, os oponentes dos "fundos abutres" argumentam que um desfecho desfavorável à Argentina pode dificultar o corte da dívida que outros países porventura venham a fazer. Afinal, com a decisão de Griesa, os credores teriam incentivos para fazer maiores exigências na hora de negociar as dívidas nacionais. Afinal, houve calote ou não? Tecnicamente, sim. Como não houve o pagamento nesta quarta-feira (30), a Argentina deu seu segundo default (calote) em 13 anos. O governo, contudo, rejeita o termo e afirma que realizou o pagamento, mas que este foi bloqueado. Além disso, o país assegura que tem arcado com suas outras obrigações financeiras. Quais as implicações do calote para a Argentina? É possível que se torne mais difícil para a Argentina e para suas empresas emitir novas dívidas, já que nenhum credor gosta de negociar com um país em default. Mas, como a situação da Argentina é incomum, fica difícil prever como o mercado financeiro internacional irá reagir ao calote.
Aeroportos regionais podem ser concedidos à iniciativa privada Fonte: Folha de São Paulo Online MARIANA BARBOSADE SÃO PAULO01/08/2014 02h00 5
O governo deve publicar na próxima semana o modelo de gestão a ser adotado nos 270 aeroportos que integram o plano da aviação regional. O novo Plano Geral de Outorgas para a aviação regional permite que Estados e municípios concedam aeroportos para a iniciativa privada, desde que haja, no Estado, uma agência reguladora de serviços públicos. Essa agência ficará responsável por regular e fiscalizar a concessão, liberando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) da função. O PGO prevê ainda que só poderão assumir a gestão dos aeroportos prefeituras com PIB superior a R$ 1 bilhão. Já os Estados precisarão ter uma estrutura especial, com um departamento ou divisão dentro da Secretaria de Transportes. Em São Paulo, isso ficará a cargo do Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo). Caberá à Infraero Serviços, subsidiária a ser criada pelo governo, gerir os aeroportos de interesse nacional. Segundo o ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, o PGO já passou por consulta pública e está na Anac aguardando um parecer técnico. "Quando voltar da Anac, publicamos", disse ele. O ministro se reuniu nesta quinta-feira (31) com prefeitos do interior de São Paulo e representantes do governo estadual para definir o cronograma de obras nos 19 aeroportos paulistas contemplados pelo plano regional. Segundo o ministro, em 60 dias saem os editais dos primeiros aeroportos: Araraquara, Araçatuba, Barretos, Bauru, Franca, Marília e Sorocaba. Ribeirão Preto e Presidente Prudente também entram na primeira fase, mas as obras dependem de desapropriações. O valor dos investimentos nos aeroportos paulistas não foi divulgado. Segundo o Daesp, os 11 aeroportos geridos pelo Estado e que integram o plano federal precisam de R$ 1 bilhão. Além das melhorias em infraestrutura e da compra de equipamentos, o plano prevê gastos estimados em R$ 1 bilhão com subsídios para as companhias aéreas voarem para essas localidades. O subsídio ainda depende de regulamentação, mas a expectativa é que entre em vigor em janeiro de 2015.
Tudo conspira contra o investimento Fonte: Folha de São Paulo Online 01/08/2014 02h00 Estudo recém-concluído pelo Iedi e que em breve será divulgado merece a atenção dos formuladores de nossa política econômica. Sua principal conclusão é preocupante: se quase três décadas atrás o Brasil era um dos países mais baratos em que investir, hoje é um dos mais caros, distanciando-se, em consequência, das outras economias emergentes e mesmo das desenvolvidas. O levantamento mensurou os custos relativos em 50 países para a construção e a aquisição de máquinas e equipamentos necessários em projetos de investimento. Quanto mais próximo do topo da lista, maior a conta a ser paga. As últimas colocações significam condições melhores para a atração de capital produtivo. No ano inicial do estudo, 1985, ocupávamos a 44ª posição e ficávamos entre os países com menor custo para investir. Até 1998, vários países tornaram-se mais baratos, enquanto o Brasil fez o caminho inverso, tornando-se o 30º mais caro do mundo para investimento produtivo. Os países avançados, sem exceção, permaneceram com custo relativo maior, mas os emergentes tiveram melhor sorte, ao aproveitar o vigoroso processo de globalização que então se iniciava. E o Brasil? Perdeu competitividade nesse campo e gradativamente foi ficando menos atrativo para os investimentos. Em todos os países do bloco dos Brics (China, Índia, Rússia e África do Sul, além do Brasil), assim como em outros emergentes de destaque, como Coreia do Sul, México e Chile, o investimento passou a exigir menos desembolsos, comparado a seu custo na economia brasileira. 6
Finalmente, em 2011, último ano em que os dados estão disponíveis, o Brasil era o 8º do mundo com maior custo relativo do investimento produtivo. Poucos países, todos ricos e com menos oportunidades, tipo Japão, Suécia e Austrália, mantêm-se em patamar superior ao brasileiro. Se em nosso caso houve essa mudança radical em quase 30 anos, outras economias se esmeraram para transformar os investimentos internos e externos em mola propulsora de seu crescimento. O barateamento do investimento foi instrumento para atingir esse objetivo. A China, por exemplo, praticamente manteve inalterada sua posição: ocupava o 46º lugar em 1985 e assim permaneceu em 2011 (48º). Em outros casos houve melhora relativa, a exemplo da Coreia do Sul (que passou do 32º para o 42º lugar), do Chile (do 23º para o 36º) e da Malásia (do 43º para o 49º). Quais as repercussões desse cenário? Primeiro, ele ajuda a explicar a baixa taxa de investimento no Brasil, que oscila em torno de 18% do PIB. Além disso, em razão do alto custo, os investimentos de maior risco tendem a ser evitados. Os aportes em projetos de alta tecnologia se enquadram nesse caso, assim como os com longo prazo de maturação. Outra consequência: tanto empresas estrangeiras como nacionais passaram a direcionar as inversões para setores com maior expectativa de retorno, além de mais protegidos ou mais beneficiados por incentivos. Isso fez o pêndulo se inclinar para os segmentos voltados ao mercado interno, sobretudo da área de serviços, pouco expostos à concorrência externa. A contrapartida é o menor investimento industrial, que, por isso, não amplia sua produtividade e reduz a sua participação no PIB. Numa economia globalizada, a decisão sobre o local de produção se baseia no custo de instalação e nas facilidades disponíveis para atuar em diferentes pontos do mundo. Sem tais condições, o país vai se distanciando do radar de investimentos dos grandes grupos internacionais na formação de suas cadeias globais. Muitas vezes, medidas pensadas para melhorar esse cenário mais atrapalham do que ajudam, ao criar um mundaréu de subvenções, exceções tributárias e subsídios. Poderíamos ter uma regulação econômica mais horizontal e mais simples se, em vez de lançar mão de paliativos, atacássemos as causas do alto custo dos bens de investimento. Na construção ou na aquisição de máquinas e equipamentos no Brasil, a inversão é cara porque sobre ela incidem tributos. Desonerar plenamente o investimento, incluindo aí os impostos estaduais (ICMS) e municipais (ISS), seria um bom começo, embora não suficiente. É urgente remover os empecilhos que travam o investimento produtivo e impedem o aumento da formação de capital para um nível mais próximo das necessidades do país.
Editorial: Pagar quando puder Fonte: Folha de São Paulo Online 01/08/2014 02h00 A Argentina tornou-se outra vez inadimplente, agora de modo um tanto involuntário. Seu governo, porém, não é inocente das mazelas atuais: descrédito internacional e renovada crise doméstica. A mais nova dificuldade deve-se à disputa com os credores de 8% de sua dívida repudiada em 2001, os "holdouts" ou "abutres", que compram, por valores menores, dívidas não honradas. A Justiça dos Estados Unidos, sob cuja lei o débito foi contratado, decidiu que o governo argentino tem permissão de honrar seus compromissos com os credores da dívida renegociada apenas se também arcar com o que deve aos "holdouts" ou "abutres" –o que o país vizinho não pode fazer. Como está impedida de pagar os juros da parte renegociada, considera-se que a Argentina entrou em calote, embora negociações tardias possam reverter a situação. Apesar das décadas de má política econômica, a sentença judicial cria precedente capaz de levar a impasses mais graves. Reconheceu-se que credores minoritários têm o poder de impedir a reestruturação de dívidas de governos, não importa o mérito da renegociação. 7
Não estranha, assim, que o próprio governo americano tenha considerado exagerada a decisão da Justiça de Nova York. Mesmo empresas estão sob o abrigo de lei que permita sua recuperação judicial. Em que pese o extremismo, vale lembrar que apenas a partir de 2013 a Argentina procurou refazer suas relações com o mercado financeiro internacional, de onde está praticamente afastada desde 2001. O país está em recessão, fruto em parte de populismo econômico. Sem crédito, a Argentina corre o risco de crise de pagamentos, pois o comércio exterior quase não fornece os meios de bancar despesas internacionais. Tomar empréstimos no mercado nacional custaria juros altíssimos, dados a desordem e o histórico de calotes. A primeira reação ao inadimplemento, em todo caso, foi moderada. Não é improvável, porém, que a tensão política e alguma redução no escasso financiamento externo restante provoquem desvalorização da moeda e, assim, inflação e recessão mais intensas. A redução no consumo e as medidas de contenção de deficit comerciais já diminuíram as vendas brasileiras para a Argentina em 20% na primeira metade de 2014. O impacto, como ficou óbvio neste ano, será mais sentido na indústria automobilística. A crise argentina, ainda assim, não deve tirar mais de poucos décimos do crescimento brasileiro, também minado por uma gestão econômica trôpega –embora nem de longe tão inepta como a da Argentina sob o governo Kirchner.
Shinzo Abe: Japão-Brasil, por uma relação mais sólida Fonte: Folha de São Paulo Online 01/08/2014 02h00 O Japão e o Brasil se localizam em lados opostos do globo terrestre, mas, ao longo de anos, construímos relações em várias áreas e estreitamos o intercâmbio entre os países. Nos últimos anos, baseados na relação de confiabilidade vivenciada, o Japão e o Brasil têm ampliado e fortalecido os laços. Além disso, o Brasil e o Japão partilham de valores fundamentais, tais como a liberdade, a democracia, o respeito aos direitos humanos e ao Estado de Direito. O Japão pretende continuar colaborando com o Brasil não somente bilateralmente, mas também no cenário internacional. Na área da economia, devido ao gigantesco mercado de 200 milhões de pessoas e às oportunidades de realização de grandes investimentos na área de melhorias de infraestrutura e de energia, o número de empresas japonesas no Brasil aumentou para cerca de 700. Durante a minha visita ao Brasil, pretendo impulsionar os negócios entre os dois países por meio de cooperações, como no treinamento de recursos humanos. Um exemplo do intercâmbio entre os dois países é os famosos personagens de história em quadrinhos "Mônica" e o "Astro Boy". O criador da Turma da Mônica, Mauricio de Sousa, e o do Astro Boy, Osamu Tezuka, cultivaram amizade. Esses dois renomados autores atravessaram o oceano Pacífico para manter laços e, além disso, eu soube que criaram juntos obras nas quais seus personagens atuam conjuntamente. Além das áreas político-econômica, a relação bilateral se tornou mais ampla devido ao intercâmbio nas áreas acadêmico-científica e de juventude-esportes, sendo um dos temas a serem tratados nesta visita o fortalecimento ainda maior de nossos laços. Gostaria de propulsionar a promoção do intercâmbio estudantil, além de alargar o intercâmbio esportivo com a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio, em 2016, e os de Tóquio, em 2020. Pensando nesses eventos esportivos, o nosso país tem tomado uma medida de contribuição internacional, por meio da promoção intitulada "Sport for Tomorrow" (esporte para amanhã, em inglês). Como parte dessa medida, junto de entidades privadas, pretendemos doar uniformes de judô, raquetes de tênis de mesa e kits de materiais para beisebol e softbol aos atletas brasileiros durante esta visita. 8
Não é possível falarmos da história do desenvolvimento das relações entre Japão e Brasil, sem mencionar o papel desempenhado pelos imigrantes japoneses e seus descendentes. Em 1959, quando meu avô, Nobusuke Kishi, visitou o Brasil pela primeira vez como primeiro-ministro do Japão, a comunidade nipo-brasileira era composta por 400 mil pessoas. Hoje, porém, constitui a maior comunidade existente no mundo –são 1,6 milhão de descendentes que atuam em diversas áreas. Gostaríamos de construir um relacionamento com estes que estão preparando a próxima geração. Os países da América Latina abrigam um mercado de 600 milhões de pessoas e compõem parte primordial do motor que impulsiona o crescimento mundial da economia. Gostaria que o Japão fortalecesse ainda mais esse vínculo especial com os países latino-americanos no qual está baseado no histórico de amizade e solidariedade. No plano econômico, após a formação do gabinete, a deflação em nosso país tem sido superada e a economia tem se revigorado pelo pacote de medidas conhecido como "as três flechas", composto pela "política monetária ousada", "política fiscal flexível" e "estratégia de crescimento que estimula o investimento privado". Por outro lado, a redução da população e o seu envelhecimento são temas urgentes, pois causam diversos impactos socioeconômicos, como a deterioração financeira por causa da redução da população ativa que sustenta o sistema de seguro social. Nesse contexto, concomitantemente à revitalização econômica, estamos trabalhando para atingir a saúde fiscal, cujas metas são reduzir pela metade o deficit primário em 2015 em comparação ao de 2010, e alcançar o superavit em 2020. Ainda, para tornar realidade o crescimento sustentável em um contexto no qual se intensifica o decréscimo da taxa de natalidade e o envelhecimento da população, vamos estimular o aumento da taxa de participação de mulheres no mercado de trabalho, bem como promover a vinda de estrangeiros do mundo todo que possuem altos níveis de qualificação e conhecimento. Os descendentes de japoneses são o alicerce da confiabilidade em relação ao Japão e, portanto, esperamos que mais pessoas se motivem a ir trabalhar no Japão.
Governo Dilma interrompe queda da inflação Fonte: Revista Exame Online Governo Dilma manteve estímulo à atividade via consumo e demorou para incentivar investimentos em infraestrutura. São Paulo - Ao finalizar seu mandato neste ano, a presidente Dilma Rousseff vai interromper a trajetória de desaceleração da inflação que marcou a virada dos quatro governos anteriores, ao mesmo tempo em que entregará a pior taxa média de crescimento da economia nos últimos 20 anos. De acordo com especialistas consultados pela Reuters, essas duas marcas são fruto de erros de avaliação da situação econômica, mantendo o estímulo à atividade via consumo - uma das principais marcas de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato-- aliado à demora em incentivar os investimentos. A saída para esta espiral já foi detectada, via importantes concessões públicas deinfraestrutura, mas é preciso que o caminho seja mantido daqui para frente por quem estiver à frente da Presidência da República em janeiro. "Houve um erro de estratégia. Demorou muito para perceber que o consumo estava perdendo força para impulsionar a economia... Não se conseguiu articular a queda do consumo com recuperação do investimento", avaliou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos conselheiros econômicos da presidente Dilma. O primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) acumulou inflação medida pelo IPCA de 43,46 %. Esse número foi caindo até que Lula encerrou seu segundo mandato, em 2010, com alta de preços acumulada de 22,21 %. 9
Se a projeção do Banco Central de IPCA de 6,4 % neste ano se concretizar, Dilma vai interromper essa sequência de queda e terminar seu mandato com o indicador somando alta de 27 % em quatro anos. Quando o assunto é atividade econômica, os dados também não são animadores. Dilma deve entregar crescimento médio anual de 1,8 % em seu governo, se confirmada a expectativa do mercado de expansão de 0,9 % do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, segundo pesquisa Focus do BC. Quando recebeu a faixa de Lula, a taxa média havia sido de 4,6 % entre 2007 e 2010. O resultado da presidente será o pior contando os governos de FHC e de Lula. Consumo Mais medidas de incentivo ao consumo --como reduções tributárias para veículos e móveis-em uma economia que já tinha uma taxa de desemprego baixa resultou em inflação alta, com a qual Dilma ainda tem que lidar às vésperas da eleição. Em junho, a alta acumulada em 12 meses do IPCA estourou o teto da meta do governo. "Quando a desaceleração econômica veio, e aí é o erro de política dela (Dilma), entendeu-se que havia falta de demanda, mas era falta de oferta. A reação foi com políticas monetária e fiscal extraordinariamente frouxas", destacou o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman. Foi em 2012, segundo ano do governo Dilma, que a taxa básica de juros atingiu o menor nível histórico de 7,25 %, importante fator de estímulo do consumo via barateamento dos empréstimos. Esse patamar, no entanto, não se sustentou por muito tempo e, no início do ano seguinte, começou a ser elevado para o atual nível de 11 % ao ano --acima dos 10,75 % que Dilma recebeu. Para os analistas, a correção do atual cenário passa invariavelmente pelo investimento em infraestrutura, destacadamente via concessões. Com isso, também conseguiria melhorar a confiança no país. As concessões foram uma aposta do atual mandato da presidente, mas o governo acabou enfrentando mais dificuldades do que imaginava, sem conseguir por exemplo fazer até agora leilão das ferrovias. Ainda existem muitas dúvidas por parte dos investidores sobre esses processos. Apesar disso, desde o ano passado o governo conseguiu leiloar seis lotes de rodovias e também foram concedidos à iniciativa privada seis aeroportos. "O Brasil entrou em uma fase em que para voltar a crescer precisa ter aumento de produtividade. Isso demanda tempo e investimentos. Então Dilma acertou no final do governo abrindo concessões", afirmou o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, hoje chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Reequilíbrio Ainda que na avaliação de alguns de forma atrasada, o fato de já ter dado início a esse processo de ajuste é o que pesa a favor de Dilma neste momento em que ainda mantém a dianteira na corrida eleitoral, mas com pesquisas apontando disputa muito acirrada num provável segundo turno. "No frigir dos ovos, o governo Dilma custou a se ajustar à nova realidade e, quando se ajustou, talvez tenha demorado demais. Mas não a ponto de prejudicar a solvência do país", completou Freitas. Independentemente de quem vencer as eleições de outubro, os especialistas destacam que o importante será continuar nesse caminho para garantir o reequilíbrio da economia --mesmo que isso signifique ao menos mais um ano de crescimento baixo. "Tem que reconhecer que o país vai ter de crescer pouco para trazer a inflação para baixo, permitir desvalorização do real, subir juros. Um ano muito difícil, mas lançaria as bases para reequilibrar a economia, avançando ao mesmo tempo na questão das concessões", disse Schwartsman. 10
Na pesquisa Focus do BC junto a economistas, a expectativa é de que o Brasil crescerá 0,9 % neste ano, acelerando a 1,5 % em 2015 e chegando a 2,5 % em 2016, mesmo resultado visto no ano passado.
FMI pede para China crescer menos São Paulo - Desde que se abriu para o mundo nos anos 80, a economia chinesa vive um crescimento vertiginoso que chegou a registrar taxas de dois dígitos anuais. O ritmo já diminui bastante, especialmente a partir de 2008, mas o país continua atingindo as metas que se coloca ano após ano: 7,7% em 2012 e em 2013 e (prováveis) 7,5% este ano. Boa notícia, certo? Errado - pelo menos de acordo com oFundo Monetário Internacional. Nesta quarta-feira, o Fundo liberou um relatório em que pede para que o país se coloque uma meta mais modesta - entre 6,5% e 7% - para 2015. Isso estaria de acordo com o "objetivo de fazer a transição para uma trajetória mais segura e consistente" de crescimento, diz o documento. O problema é que a expansão do PIB chinês tem dependido demais do aumento do crédito e do investimento financiados com endividamento. O banco Standard Chartered calcula que a dívida do país já chega a 250% do PIB . Como fraquezas, o Fundo aponta um mercado imobiliário distorcido e com excesso de oferta (exemplificado pelas cidades fantasma) e a explosão do sistema financeiro paralelo (o chamado "shadow banking"). Como vantagem, o FMI nota que a economia chinesa ainda é fortemente controlada por um governo central com vários instrumentos a seu dispor, incluindo reservas internacionais de quase US$ 4 trilhões Isso diminui o risco de um ajuste abrupto no curto prazo, mas ele aumenta na medida em que a economia fica mais vulnerável. A recomendação é que a China implemente reformas para liberalizar o sistema financeiro, dar ao mercado um papel mais central, melhorar a alocação de recursos e limitar os investimento para focar no consumo de seus 1,3 bilhão de habitantes. Isso pode até diminuir o crescimento no curto prazo, mas traria benefícios no médio e longo prazo não só para o país mas para o resto do mundo, conclui o FMI.
População exigirá inflação sob controle, diz Pedro Malan Ex-ministro Pedro Malan: economista disse que desde o lançamento do Plano Real "temos a inflação relativamente civilizada" Rio - O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que atuou durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC), afirmou nesta quarta-feira, 30, que a população brasileira exigirá de qualquer governo a obrigação de preservar a inflação sob controle. "Eu espero não estar equivocado ao dizer que hoje a maioria esmagadora da população brasileira exigirá de qualquer governo minimamente responsável a obrigação de preservar a inflação sob controle, o que significa a preservação do poder de compra, do salário, do poder aquisitivo", disse, durante o debate Vinte Anos Depois do Real: O Debate Sobre o Futuro do Brasil, realizado na Casa do Saber, no Rio. Malan afirmou também que desde o lançamento do Plano Real "temos a inflação relativamente civilizada". O fim da hiperinflação, relembra, era a urgência do momento. O ex-ministro destaca que o fim da hiperinflação abriu uma enorme agenda, do desenvolvimento econômico, social e político, "que continua conosco e vai estar conosco nos próximos 20 anos". "Antes éramos vistos como um País meio bêbado, meio drogado, sem condição de entender a natureza dos seus problemas. Depois da hiperinflação derrotada, pudemos começar a encarar de frente os nossos inúmeros e inegáveis problemas não só da área macroeconômica, mas de várias outras áreas da economia. E é neste processo que estamos desde então", acrescentou. 11
Vendas de carros nos EUA crescem e chegam a melhor julho desde 2006 Fonte: Jornal Valor Online Renato Rostás 01/08/2014 às 14h18 SÃO PAULO - As vendas de automóveis divulgadas hoje pelas principais fabricantes nos Estados Unidos durante julho frustraram a expectativa do mercado, em geral. Mesmo assim, o volume comercializado provavelmente bateu a projeção de representar o melhor mês de julho desde 2006, apesar das constantes notícias de novos recalls de modelos. A General Motors (GM), maior montadora americana, informou hoje que foram vendidos 256,2 mil automóveis no sétimo mês do ano — melhor patamar desde 2007. A alta, em comparação com o mesmo período do ano passado, foi de 9%. O site especializado “Edmunds.com” e a consultoria do setor TrueCar projetavam, em média, volume total de 263,5 mil unidades. O que puxou o desempenho no mês, segundo a companhia, foi a grande demanda por picapes, crossovers e utilitários esportivos em geral. “As famílias americanas se sentem mais confiantes na economia do que em muito tempo e buscam novos modelos em nossas concessionárias”, disse Kurt McNeil, diretor de vendas. Julho também marcou o período em que a japonesa Toyota ultrapassou a Ford para ficar no segundo lugar em vendas. A asiática surpreendeu as previsões e comercializou 215,8 mil carros, incremento de 11,6% também na comparação anual. A quantidade, entretanto, ficou acima dos 213,7 mil veículos que o “Edmunds.com” e a TrueCar estimavam. Enquanto isso, a Ford apresentou o melhor desempenho para julho em oito anos, mas mesmo assim ficou em terceiro lugar no ranking. Foram comercializados 212,2 mil carros no mês passado, alta de 10%, mas volume levemente abaixo das 212,7 mil unidades que eram projetadas. Os modelos mais procurados foram o Fusion, o Explorer e o Escape. Além disso, a Chrysler, hoje parte do grupo Fiat Chrysler Automobiles, vendeu 167,47 mil automóveis em julho, forte expansão de 20%. Contudo, o desempenho também frustrou as expectativas, que eram de 170,8 mil carros comercializados. A divisão da Chrysler que observou melhora mais significativa foi a Jeep. A marca registrou alta de 41% nas vendas, a maior de sua história. A TrueCar comentou que o nível de incentivos à compra de veículos em julho ficou acima da média de 2014 até agora. A expectativa é que esse patamar tenha crescido 7,1% em comparação anual e derrubado o preço médio dos carros em 1,2%. “Tirando a GM e a Nissan, todas as montadoras elevaram o nível de incentivos com maiores descontos e financiamento a taxas baixas de juros disponíveis de imediato”, analisou John Krafcik, presidente da consultoria.
Meta fiscal de 1,9% do PIB está mais distante, diz BC Fonte: Jornal Valor Online Eduardo Campos e Alex Ribeiro | De Brasília01/08/2014 às 05h 00 Para o Banco Central (BC), o cumprimento da meta de superávit fiscal de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 está mais distante e mais difícil, após o governo acumular déficit primário de R$ 13 bilhões entre maio e junho. No entanto, isso não quer dizer que o resultado 12
não possa ser alcançado, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel. "O Tesouro trabalha nesse sentido", afirmou. Após um déficit de R$ 11 bilhões em maio, o setor público consolidado registrou déficit de R$ 2,1 bilhões em junho, pior resultado para o mês na série iniciada em 2001. Em 12 meses, o esforço fiscal representou 1,36% do Produto Interno Bruto (PIB), menor desde outubro de 2009, quando estava em 0,97%. No acumulado do primeiro semestre, o superávit é de R$ 29,380 bilhões, o menor registrado na série histórica. A meta é de R$ 99 bilhões.
Mesmo assim, o BC ainda não tem elementos suficientes para alterar a avaliação sobre a variável fiscal dentro de seus modelos. De acordo com Maciel, o BC trabalha com o conceito de superávit primário estrutural - que desconta receitas não recorrentes e considera parâmetros como PIB potencial. A partir dessa métrica a autoridade monetária calcula o impulso fiscal, que é a variação do superávit estrutural no tempo. Ele pode ser positivo, negativo ou neutro. Segundo Maciel, o resultado atual é que o impulso fiscal é próximo a zero, ou seja, caminha para a neutralidade. "Nesse sentido, o BC vem mencionando que o indicador fiscal caminha para a neutralidade e os resultados na margem não têm alterado isso", disse ele, lembrando que ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho reafirmou a percepção de que o impulso fiscal converge para a neutralidade no horizonte relevante para a política monetária. Menor esforço fiscal, aliado a maior conta de juros, resulta em elevado déficit nominal. No semestre, o déficit no conceito nominal soma R$ 90,866 bilhões, contra R$ 65,935 bilhões registrados em igual período do ano passado. Em 12 meses, esse déficit equivale a 3,63% do PIB, e a conta de juros consome o equivalente a 5% do PIB. A conta de juros não está ainda maior, porque o BC tem feito um dinheiro extra com as operações de swap, que equivalem à venda de dólar no mercado futuro. Com a perda de força do dólar, o BC embolsou no ano R$ 20,174 bilhões. Em junho, essas operações renderam R$ 3,387 bilhões. Por outro lado, quanto maior a queda de valor da moeda americana, menor o valor das reservas internacionais quando convertidas para real. Assim, a dívida líquida em relação ao PIB sobe. Em junho, a dívida líquida do setor público atingiu 34,9% do PIB, contra 34,6% em maio e 33,6% no fim de 2013. Para julho, o BC estima um retorno da relação para 34,6%. A dívida bruta também subiu na passagem de maio para junho de 58% para 58,5% do PIB. O BC esperava um recuo para 57,8%. A projeção para julho é de 58,3%. De acordo com Maciel existe a possibilidade de os Estados e municípios darem uma contribuição maior para o superávit primário do setor público em 2014. "O superávit esperado para 2014 é R$ 18 bilhões e eles já cumpriram R$ 15 bilhões", disse. No entanto, disse Maciel, é bom considerar que uma parte relevante do esforço fiscal dos Estados e municípios costuma ocorrer no primeiro semestre, reflexo das receitas de tributos 13
como IPTU e IPVA. Em junho, Estados, municípios e suas respectivas companhias estatais apresentaram superávit primário de R$ 447 milhões.
IBGE: Produção de veículos tem maior baixa desde dezembro de 2013 Diogo Martins 01/08/2014 às 09h39 RIO - A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias recuou pelo quarto mês consecutivo, apresentando baixa de 12,1% em junho, perante o mês anterior, na série que desconta os efeitos sazonais, apontou a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a maior queda desde dezembro de 2013, quando o setor recuou 13,9% ante novembro, descontando-se os efeitos sazonais. Em relação a junho do ano passado, a produção de veículos automotores encolheu 36,3%. De acordo com o IBGE, no primeiro semestre, a produção do setor cedeu 16,9%, ao passo que, em 12 meses, a atividade caiu 7,7%.
Desafio de presidente eleito será recuperar confiança de empresários, diz economista Fonte: Jornal Valor Online Sergio Lamucci | De Washington 01/08/2014 às 05h 00 A forte deterioração na confiança empresarial é o principal motivo para o mau desempenho da economia brasileira e recuperá-la é o grande desafio do próximo presidente, avalia Ramón Aracena, economista-chefe para a América Latina do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). "O grande desafio para 2015 é despertar o 'espírito animal' [dos empresários], porque há a necessidade de destravar os investimentos do setor privado", afirmou Aracena. Segundo ele, o Brasil deve crescer entre 0,5% e 0,7% em 2014 e entre 1% e 1,5% em 2015, com inflação entre 6% e 6,5%, tanto neste ano quanto em 2015. O IIF reúne os principais bancos do mundo. Aracena antevê uma corrida eleitoral disputada, avaliando que, num eventual governo Aécio Neves (PSDB), haveria uma abordagem mais pró-mercado, com a determinação de promover reformas estruturais. Já um novo mandato de Dilma Rousseff (PT) tende a ser marcado por continuidade, mas com algum esforço para melhorar a coordenação entre a política fiscal e a política monetária. Eduardo Campos (PSB) faria um governo mais parecido com o de Aécio. O economista, que acabou de voltar de uma viagem ao Brasil, disse que o país está "numa armadilha, distante de um equilíbrio ótimo", marcada por crescimento muito fraco e inflação ao consumidor elevada. Em teleconferência, Aracena destacou que o país teve uma expansão muito fraca no primeiro trimestre, e os indicadores apontam, na melhor das hipóteses, uma estagnação no segundo trimestre. Apesar desse crescimento baixo, a inflação em 12 meses até junho ficou em 6,52%, acima do teto do intervalo de tolerância da meta, de 6,5%. "Isso reflete que há pressões significativas de demanda", afirmou.
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Para Aracena, o principal motivo para a forte perda da confiança empresarial é o "mix de políticas muito desequilibrado". O Banco Central aumentou os juros de 7,25% para 11% ao ano, mas, ao mesmo tempo, a política fiscal continuou relativamente expansionista. "Esse conflito criou uma sensação na comunidade empresarial de que esse mix de políticas não está funcionando e terá que ser ajustado em algum momento. " Além disso, problemas estruturais não enfrentados pesaram sobre a confiança dos empresários, como a alta e complexa carga tributária, o protecionismo comercial e a questão da regulação. No front externo, há a questão do realinhamento da economia global, com a expectativa de aumento do custo de empréstimos e preços de commodities em estabilidade ou queda. Para o Brasil, também atrapalha a situação da economia da Argentina, um grande parceiro comercial do país. Em recessão, o país demanda menos produtos brasileiros. O principal desafio de quem vencer as eleições será impulsionar novamente a confiança empresarial, que caiu por sete meses seguidos, disse Aracena. Nesse sentido, 2015 deverá ser um ano de ajuste de políticas, para melhorar o sentimento dos empresários. Para ele, se isso ocorrer, começa a ser resolvido o problema do motor do crescimento, ajudando também a recuperação da confiança dos consumidores. Para Aracena, Dilma, Aécio e Campos entendem que o principal problema do Brasil hoje é a confiança muito baixa, que precisa ser reerguida para que o investimento do setor privado volte a crescer. As estratégias de Dilma e dos dois oposicionistas, porém, tendem a ser diferentes. Num governo Aécio, Aracena acredita que haverá aumento modesto dos juros em 2015, algo como 0,75 ponto percentual, como estratégia de combate à inflação. Numa administração com maior peso de tecnocratas, tenderia a haver cortes de gastos, com um realinhamento da política fiscal e monetária. Também pode ocorrer a tentativa de reduzir a meta de inflação, hoje em 4,5%, para a casa de 3%, nível adotado em alguns países latino-americanos. Aracena não especificou, porém, em que ano poderia passar a valer esse nível de 3%. Num segundo governo Dilma, a tendência seria de continuidade de políticas, disse ele, observando que deverá haver algum esforço para aumentar a coordenação entre a política fiscal e a política monetária. Os juros tenderiam a ficar estáveis em 11% em 2015. Para Aracena, dado o "background ideológico de Aécio e Dilma", a expectativa é que o governo do tucano seja mais comprometido em conter a inflação, com mais coordenação do mix de política e um esforço significativo para fazer avançar as reformas. "Isso não quer dizer que Dilma não possa fazer as mesmas coisas, mas eu diria que, com base em seu histórico, a probabilidade é um pouco menor", afirmou. A tendência, segundo ele, é que as atuais políticas sejam basicamente mantidas, com alguns ajustes para resolver o problema da confiança. "Mas não se pode descartar que Dilma entenda que houve um problema e faça uma mudança significativa no mix de políticas para impulsionar a confiança. A comunidade empresarial espera ações decisivas de quem quer que seja o presidente", disse o economista. Questionado sobre Campos, Aracena afirmou considerar que um governo do ex-governador de Pernambuco tenderia a ser parecido com o de Aécio, mas que isso depende do time econômico que o candidato do PSB será capaz de atrair. O tucano tem relações com economistas com forte visão pró-mercado, o que seria uma força importante para melhorar a confiança. Se Campos for capaz de atrair o mesmo tipo de pessoas e indicar para o mercado que vai implementar as mesmas políticas, ele fará um bom governo, afirmou.
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Importação baixa ajuda mais a reduzir déficit do que exportações Fonte: Jornal Valor Online Rodrigo Pedroso e Vanessa Jurgenfeld de São Paulo 01/08/2014 às 05h 00 Os dados do comércio exterior de bens de capital do primeiro semestre trouxeram pelo menos dois aspectos positivos. O primeiro é a redução do déficit do país no segmento - na conta que desconsidera as plataformas de petróleo. O segundo fator é que apontam que alguns subsetores dentro do segmento de bens de capital conseguiram ampliar a exportação. Economistas como Lia Valls, professora da FGV, destacam, no entanto, que a redução do déficit - de US$ 11,5 bilhões, no primeiro semestre de 2013, para US$ 9,5 bilhões no primeiro semestre de 2014, segundo a Funcex - ocorreu mais por um recuo das importações do que por um amplo crescimento das exportações. E que mesmo o aumento das exportações se deu apenas em alguns poucos subsetores. No total, das 15 subcategorias mapeadas pela Funcex, 8 registraram crescimento no volume embarcado. No total, o crescimento em bens de capital exportados na primeira metade do ano foi de apenas 4,2%. Essa conta exclui o efeito das plataformas de petróleo embarcadas no primeiro semestre de 2013, que distorcem as estatísticas. Com elas na base de comparação, as exportações de bens de capital recuaram 23,3%. Entre os setores que tiveram aumento estão, por exemplo, ferramentas e acessórios para máquinas (96,7%) e aviões e outros aparelhos (6,2%). A última subcategoria foi responsável por um quinto de todo aumento de exportação de bens de capital. "Os bens de uso industrial, que são o grosso da indústria, não foram de todo mal, mas o resultado veio de bens de capital específicos, que não possuem um peso muito grande individualmente", analisa Julio Gomes de Almeida, do Instituto de Economia da Unicamp. O vice-presidente da Sobratema, Mario Humberto Marques, diz que o crescimento nas exportações de alguns segmentos não representa recuperação geral. Ele afirma que boa parte desse aumento decorreu da fabricação de algumas máquinas e equipamentos feita por multinacionais instaladas no Brasil. Essa produção sofre menos com a variação cambial e segue outros determinantes, como o fornecimento para outras filiais ao redor do mundo em razão da atuação em cadeias globais de produção. Para o diretor de mercado externo da Abimaq, associação das indústrias de máquinas, Klaus Curt Müller, a redução do déficit em máquinas e equipamentos mecânicos é importante, já que ocorre após quase uma década em que isso não era observado. Nas suas contas (diferentes das realizadas pela Funcex), ele diz que, desconsiderando as plataformas de petróleo, o déficit em máquinas e equipamentos mecânicos no primeiro semestre de 2013 chegou a US$ 10,7 bilhões e caiu para US$ 8,2 bilhões no primeiro semestre deste ano. Müller faz, porém, ressalvas em relação ao recuo do déficit. "Tivemos uma redução do valor negativo, mas isso não quer dizer também que foi uma grande maravilha e que estamos resolvendo o problema", disse, destacando também que a diminuição ocorreu por "vias tortas", já que veio menos de uma melhora da competitividade brasileira nas exportações e mais por queda das importações.
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Moody’s mantém notas para títulos da Argentina Fonte: Jornal Valor Online 01/08/2014 às 07h45 NOVA YORK - A agência de classificação de risco Moody’s afirmou hoje o rating soberano Caa1 da Argentina, que também se aplica aos bônus submetidos às leis locais; confirmou o rating "Caa2" para seus títulos regidos sob leis estrangeiras e afirmou o rating "Ca" para os bônus inadimplentes originais. O rating das emissões de longo prazo foi colocado em perspectiva nega tiva. A agência concluiu hoje a revisão dos ratings, com direção incerta, para os bônus da Argentina sob leis estrangeiras que iniciou em 2 de julho. Os detentores de bônus sob legislação estrangeira reestruturados em 2005 e 2010 não receberam no dia 30 de julho os pagamentos programados, após 30 dias de extensão do prazo inicial de pagamento, que era 30 de junho. Embora a Argentina tenha depositado os recursos devidos em uma conta no dia 26 de junho, processos legais nos EUA impediram que os fundos credores tivessem acesso a esse montante. O governo argentino afirmou que vai continuar a fazer esses pagamentos aos credores que aceitaram a reestruturação, mas não aos fundos litigantes – que não aceitaram o acordo. A Moody’s considera que o não pagamento dessas obrigações aos credores depois do prazo de carência de 30 dias significa inadimplência. O rating "Caa2" para os bônus de longo prazo sob leis estrangeiras reflete as expectati vas da agência de que, embora haja uma ampla possibilidade de perdas para os detentores dos títulos, esses prejuízos devem ser modestos. (Dow Jones Newswires)
Inadimplência tem leve alta nos bancos Fonte: Jornal Valor Online Carolina Mandl e Fabiana Lopes de São Paulo 01/08/2014 às 05h00 Balanços divulgados ontem por Bradesco e Santander, dois dos principais bancos de varejo do país, deram sinais de que os credores atrasaram mais o pagamento de suas dívidas, mas sem que isso fosse suficiente para arranhar o lucro das instituições. Executivos de ambos os bancos são insistentes em negar, mas analistas começam a se questionar se o movimento já não marca uma deterioração do índice de inadimplência. Pelas projeções que vinham sendo traçadas até agora, o nível de calotes só começaria a mostrar uma piora no fim deste ano.
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O Santander mostrou a maior piora nos pagamentos em atraso acima de 90 dias. O indicador ficou em 4,1%, com alta de 0,3 ponto percentual em relação a março. Esse foi o segundo trimestre consecutivo de piora do índice de inadimplência do banco. Para Jesús Zabalza, presidente do Santander Brasil, o movimento não representa uma tendência. "Nossa ideia para os próximos trimestres é que a inadimplência fique estável ou com uma leve queda, mas não muito importante", disse o executivo ontem, durante teleconferência com jornalistas. No Bradesco, a taxa de atrasos acima de 90 dias fechou junho em 3,5%, valor 0,1 ponto percentual maior na comparação com março. Apesar de sútil, é a primeira elevação do indicador dos últimos dois anos. Todos os tipos de tomadores de empréstimos atrasaram os pagamentos, de consumidores a empresas de diversos portes. "A tendência da qualidade de crédito visivelmente enfraqueceu", afirma o Goldman Sachs em relatório. Para o Credit Suisse, há uma "esperada elevação nas provisões" nos próximos trimestres. Para Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, o avanço no trimestre não reflete uma deterioração da qualidade dos ativos. "Não existe nenhuma tendência de a inadimplência mudar de patamar. Não há um ciclo de esgotamento da capacidade de pagamento [dos tomadores]", afirmou o executivo durante entrevista a jornalistas. O principal argumento de Bradesco e Santander para espantar o temor de uma piora nos atrasos é que o indicador antecedente de inadimplência aponta queda em ambos os bancos. O índice de atrasos de 15 a 90 dias no Santander fechou junho em 5%, com uma redução de 0,3 ponto percentual na comparação trimestral. No Bradesco, o recuo foi de 0,2 ponto percentual, para 4,1%. Dados do Banco Central mostram que a inadimplência do sistema financeiro ficou em 3% em junho, estável ante março, depois de ensaiar uma alta em maio. Entre os economistas e analistas, os números não são suficientes para dirimir preocupações de que os atrasos podem se intensifica nos bancos. "Não achamos que os riscos de uma inadimplência maior em 2015 aliviaram completamente só pelos dados melhores de julho", afirmou o BTG Pactual em relatório. Para os analistas, se a inadimplência voltar a subir, desta vez os bancos brasileiros terão menos munição para contorná-la. Isso porque alternativas como migração para créditos com mais garantia, corte de custos e reforço dos modelos de análise de risco já foram feitos. "Assim sendo, acreditamos que um aumento potencial dos créditos inadimplentes no cenário atual pode ter impactos importantes em resultados, ainda que a deterioração não seja tão dura quanto em ciclos anteriores" 18
Nem de longe, por enquanto, o crescimento do número de maus pagadores chegou a afetar a última linha do balanço dos bancos na comparação anual. Os resultado de Santander e Bradesco superaram a expectativa de analistas. (Colaborou Felipe Marques)
Situação da economia dos EUA dá o tom para ações, juros e câmbio Fonte: Jornal Valor Online Aline Cury Zampieri, Antonio Perez, José de Castro e Gabriel Bueno 01/08/2014 às 13h 54 SÃO PAULO - Dados econômicos dos Estados Unidos dão o tom dos mercados do Brasil hoje. Os investidores olham para o relatório sobre o emprego americano e o levantamento sobre a indústria do país, entre outras informações. As taxas dos principais contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta, mas com forte volatilidade. Os ganhos são puxados pela ampliação dos prêmios de riscos, causada pelo ambiente externo. Já o Ibovespa consolida uma queda mais forte. O dólar opera em queda leve, depois de ter perdido mais durante a manhã. Juros As taxas dos principais contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) apresentaram oscilações abruptas em meio a uma rodada de aumento dos prêmios de riscos influenciada pelo ambiente externo. A corrida começou já na abertura dos negócios, com as tesourarias locais seguindo os retornos dos títulos do Tesouro americano. Os investidores receberam o relatório do emprego nos Estados Unidos, entre outros dados. Foram gerados 209 mil pontos de trabalho nos EUA em julho, abaixo dos 230 mil previstos pelos analistas. A taxa de desemprego subiu de 6,1% para 6,2%. Economistas afirmam que os dados divergentes da economia americana ainda não sustentam uma aposta firme na possibilidade de o BC do país acelerar o passo. Mas o aumento da volatilidade e as arrancadas súbitas dos títulos do Tesouro dos EUA são sinais claros de que já ocorre um ajuste de posições. O DI janeiro/2017 era negociado a 11,63% (ante 11,47% ontem). O DI janeiro/2021 tinha taxa de 11,95% (ante 11,81% ontem). Os investidores avaliam ainda o resultado da produção industrial. Na comparação com junho de 2013, a produção cedeu 6,9%, a quarta queda consecutiva e a mais forte desde setembro de 2009, quando diminuiu 7,4%. No primeiro semestre, o setor encolheu 2,6% e, em 12 meses, caiu 0,60%. O DI janeiro de 2015 subia de 10,78% para 10,81% e o DI janeiro/2016 avança de 11,15% para 11,26%. Bolsa O Ibovespa tem um dia majoritariamente negativo, mas a perda é bem menor que a de ontem. O índice operava em linha com as bolsas dos Estados Unidos - às 13h49, marcava queda de 0,71%. para 55.431 pontos. Em Nova York, o Dow Jones declinava 0,71%, o Nasdaq recuava 0,98% e o S&P 500 cedia 0,71%.
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Os negócios são influenciados pelas notícias sobre a economia americana, com um pano de fundo de crises geopolíticas na Europa e no Oriente Médio. No Brasil, a produção industrial teve queda de 1,4% em junho, sobre maio, na série com ajustes sazonais. Em maio, a produção havia caído 0,8% sobre abril. A BM&FBovespa divulgou nesta sexta-feira a prévia para a carteira do Ibovespa que valerá de setembro a dezembro deste ano. Conforme esperado por analistas, entra Marcopolo PN, com peso de 0,219%, e sai Brookfield ON, que tinha peso de 0,043% na carteira de hoje. O portfólio segue com 70 papéis. Câmbio O dólar começou o dia perto da estabilidade, firmou queda frente ao real ao longo da manhã, mas volta a operar perto do nível de fechamento de ontem. O fortalecimento do dólar no exterior, que também recuperou boa parte das perdas vistas no começo do dia ante outras moedas emergentes, contribui para o movimento doméstico, em meio às preocupações mais gerais com a economia global e às incertezas com a situação na Argentina. Às 13h50, o dólar comercial recuava 0,17%, a R$ 2,2656. O dólar para setembro subia 0,07%, a R$ 2,2845. No Brasil, o mercado segue monitorando a sinalização do Banco Central (BC) sobre as rolagens de swaps que vencem em setembro, quando está prevista a expiração de um lote de 201.400 contratos, num total de US$ 10,07 bilhões. O BC ainda não se pronunciou sobre se rolará esses papéis. Hoje, o BC vendeu mais 4 mil papéis, “injetando” cerca de US$ 200 milhões no mercado futuro. Com base em dados da BM&F, é possível estimar que a posição vendida em dólar do BC via swaps alcançou hoje US$ 92,96 bilhões. Com o vencimento hoje de US$ 2,81 bilhões em swaps não rolados pelo BC, no entanto, a posição da autoridade monetária cai para US$ 90,15 bilhões.
A visão de médio prazo do FMI Fonte: Jornal Valor Online Armando Castelar Pinheiro 01/08/2014 às 05h00 Os pesquisadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) andaram ocupados nos últimos tempos: em apenas uma semana publicaram três bons estudos sobre as perspectivas e riscos da economia mundial. Juntos, eles dão a visão do Fundo sobre o médio prazo da economia mundial. O FMI reviu para baixo sua projeção de crescimento para este ano (3,4%), em função principalmente dos resultados ruins para o PIB americano no primeiro trimestre e de uma reação mais lenta do que esperava do investimento global. Mas manteve sua projeção de alta do crescimento em 2015 (4%). Como a instituição vem sistematicamente pecando por um excesso de otimismo - e as suas previsões para o Brasil parecem confirmar isso - vamos torcer, mas com um pé atrás. O Fundo aposta que nos próximos anos o mundo crescerá mais, por conta do melhor desempenho das economias avançadas. Assim, comparando os períodos pré-crise (2002-07), de crise (2008-13) e pós-crise (2014-19), a contribuição dos países ricos para a expansão da 20
economia mundial seria de 1,6; 0,3 e 1,1 pontos percentuais, respectivamente; com crescimento de 2,6%, 0,7% e 2,3%, em cada período. Para as economias emergentes, essas contribuições seriam de 2,9, 2,6 e 2,8 pp. A estabilidade da contribuição dos emergentes é, porém, enganadora: ela se dá com essas economias crescendo menos (7,2%, 5,4% e 5,3%), ainda que respondendo por maior parcela do PIB mundial. É esse cenário que sustenta as análises de risco do FMI. Com a retomada do crescimento nas economias avançadas, o Fundo prevê que os juros longos vão subir, levando à reprecificação de ativos. Além disso, vê uma desaceleração sincronizada e prolongada do crescimento dos emergentes, afetando tanto a América Latina quanto Ásia e Europa emergentes. Para o Fundo, a desaceleração dos emergentes terá significativos impactos sobre o crescimento e o comércio mundiais, o que reduzirá o preço de commodities, mais sensíveis ao que acontece nos emergentes do que nos países ricos. Essa perda de dinamismo reflete em parte a desmontagem das políticas expansionistas adotadas no auge da crise, envolvendo especialmente a expansão do crédito, como bem ilustra o caso da China. Mas para o FMI essa desaceleração é majoritariamente estrutural. O Fundo não explica, porém, porque isso acontece, limitando-se a afirmar que medições do potencial de crescimento são pouco confiáveis. Os efeitos da normalização monetária serão ampliados pelas recentes quedas da volatilidade implícita nas taxas de câmbio e juros, assim como pelos níveis extremamente baixos dos prêmios de risco de crédito e de duração (duration). O Fundo enfatiza o nível historicamente baixo do prêmio embutido na curva a termo como um fator que torna as condições iniciais do processo de normalização monetária especialmente perigosas. E observa que os ajustes no mercado financeiro vão levar a problemas de liquidez que vão ampliar a volatilidade do preço de ativos. A desaceleração prolongada nos emergentes e a reprecificação de ativos cria um risco adicional para o sistema financeiro, vindo da exposição dos bancos - e investidores - dos países ricos às economias emergentes, que mais do que dobrou nos últimos oito anos. Os emergentes serão inevitavelmente afetados pela recuperação do crescimento nas economias avançadas. O tamanho desse efeito dependerá de dois fatores. De um lado, do peso relativo das relações comerciais e financeiras com essas economias. Países em que o vínculo é predominantemente comercial tendem a ganhar. Aqueles com ligações principalmente financeiras, vão perder. De outro lado, de quão sólidas são a situação e as políticas econômicas de cada país. Países mais vulneráveis sofrerão mais com essa transição. A vulnerabilidade dos países é aferida pela sensibilidade do seu crescimento a um cenário que combine os fatores de risco acima. A questão central é que países que já têm inflação alta, contas públicas frágeis e elevados déficits em conta corrente têm menos flexibilidade para ajustar sua política econômica em reação à mudança no quadro externo. Por exemplo, um país com inflação alta tem mais dificuldade de deixar o câmbio depreciar. O FMI faz uma detalhada avaliação da situação das principais economias em termos de seu saldo em conta corrente. Um dos fatores que levaram à crise foi o forte desequilíbrio em conta corrente entre países poupadores e aqueles que gastavam mais do que produziam. Esse desequilíbrio foi fortemente reduzido. Porém, alguns países tiveram uma alta preocupante do seu déficit externo. A política fiscal aparece como o principal fator explicando tanto o ajuste como o desajuste externo de diferentes países. O Brasil está entre os países vulneráveis. Quer se goste ou não, é isso que mostram os números (ver www.bit.ly/1qseUKP). Baixa poupança e políticas econômicas erradas são as 21
principais causas da nossa vulnerabilidade. O FMI alerta que nĂŁo deverĂamos procrastinar em adotar medidas corretivas.
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