SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 01 DE SETEMBRO DE 2014
FAÇA PARTE DESSE TIME ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR)
1
FECOMÉRCIO alerta para estagnação da economia Portal Economia SC 29 de agosto de 2014 às 12h 39 Diante dos dados do PIB para o segundo trimestre de 2014, divulgados pelo IBGE, a FECOMÉRCIO de Santa Catarina alerta que, para que este cenário de estagnação mude e o Brasil possa voltar a crescer, são necessários investimentos em infraestrutura e uma política econômica mais consistente, que vise incentivos à produção e à ampliação do mercado consumidor. A FECOMÉRCIO SC entende, também, que as reformas tributária e trabalhista não podem mais ser postergadas, para que seja possível estimular novamente os investimentos produtivos. Só assim, a produtividade da economia brasileira aumentará, e o país poderá retomar a rota de crescimento. O resultado do PIB observado pelo IBGE foi uma variação negativa de -0,6% em relação ao trimestre passado, na série com ajuste sazonal. Agropecuária (0,2%) cresceu, mas a Indústria recuou -1,5% e os Serviços caíram -0,5%. Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB apresentou contração de -0,9% no segundo trimestre de 2014. O PIB em valores correntes alcançou R$ 1,27 trilhão no segundo trimestre, sendo R$ 1,1 trilhão referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 183,7 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. Pela ótica do gasto, o resultado negativo do PIB foi puxado pelas quedas da Formação Bruta de Capital Fixo (-5,3%) e da Despesa de Consumo da Administração Pública (-0,7%). Estes recuos foram parcialmente contrabalançados pela Despesa de Consumo das Famílias, que variou +0,3% em relação ao trimestre anterior. No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 2,8%, enquanto que as Importações apresentaram queda de 2,1%. Tudo em comparação com o primeiro trimestre de 2014. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a formação bruta de capital fixo despencou 11,2%, Assim, a alta moderada do consumo foi insuficiente para compensar a queda dos investimentos. A queda do PIB no segundo trimestre se deve muito a indústria, que com problemas na sua produtividade recuou, e segue não apresentando sinais de revitalização do último trimestre para cá. Os índices de confiança estão baixos e isso tem impacto nas decisões econômicas dos indivíduos. Essa queda se deve basicamente a má situação da indústria de transformação (queda de -2,2%) que viu suas exportações se reduzirem, e o consumo interno arrefecer. Com isso os investimentos, juntamente com as incertezas futuras, apresentaram o péssimo resultado no trimestre. O setor de comércio e serviços também viu seus números se contraírem devido ao cenário de preços elevados no país, associado às altas taxas de juros, a diminuição do crédito e ao crescimento menor da renda, bem como a perda de dinamismo do mercado de trabalho, que não cria o mesmo número de vagas dos anos anteriores. Diante desse panorama difícil o volume de vendas caiu e os estoques aumentaram. Assim, a expectativa para 2014 é de baixo crescimento, quase estagnação.
Contas do setor público têm o primeiro resultado negativo para julho Fonte: Folha de São Paulo Online EDUARDO CUCOLO de BRASÍLIA 29/08/2014 11h 10 As contas do setor público têm sido afetadas este ano, entre outros motivos, pela queda na arrecadação provocada pelo recuo na atividade econômica. Mais cedo, o IBGE informou que a 2
economia recuou 0,6% no segundo trimestre. O instituto também revisou para baixo o desempenho do primeiro trimestre, para queda de 0,2%, indicando, segundo analistas embora o termo não haja consenso sobre o termo, que o país entrou em recessão técnica. No acumulado do ano até julho, as contas públicas ainda estão positivas em R$ 24,7 bilhões, o equivalente a 0,84% do PIB. Isso representa queda de 55% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado em 12 meses, o superávit primário está em 1,22% do PIB. A meta para o ano é uma economia de R$ 99 bilhões. O principal indicador de endividamento do setor público, a relação entre dívida líquida e PIB, subiu de 34,9% em junho para 35,1% em julho. Em dezembro do ano passado, estava em 33,6%. A dívida bruta passou de 58,5% para 59% do PIB na comparação mensal. Estava em 56,7% no fim do ano passado. Entre os principais motivos para a elevação está o aumento das operações do BC com títulos públicos para retirar dinheiro do mercado. O BC informou ainda que, pela primeira vez desde janeiro, registrou prejuízo nas suas operações com contratos de swap cambial, principais instrumento de intervenção no câmbio. A perda foi de R$ 2,6 bilhões no mês passado. No ano, a instituição acumula ganho de R$ 17,6 bilhões. As contas do setor público (União, Estados e municípios) registraram déficit de R$ 4,7 bilhões no mês passado, primeiro resultado negativo para meses de julho das estatísticas do Banco Central, informou a instituição nesta sexta-feira (29). O número corresponde ao resultado primário, que é a diferente entre receitas e despesas não financeiras, ou seja, sem considerar o pagamento de juros da dívida. Pela primeira vez nas estatísticas oficiais, que começam em dezembro de 2001, o setor público registrou três meses seguidos de resultados negativos, ou seja, com despesas acima do valor das receitas. No mês passado, o governo federal, o Banco Central e o INSSou seja, o governo central registraram déficit de R$ 1,9 bilhão pela contabilidade da autoridade monetária (na apuração do Tesouro Nacional, que usa outra metodologia, o rombo foi de R$ 2,2 bilhões ). Os Estados, que vinham compensando neste ano os dados ruins da esfera federal, fecharam o mês no vermelho, com rombo de R$ 2,5 bilhões. Favorecidas pelo agronegócio, companhias do Sul registram bons resultados Soma dos patrimônios líquidos das 500 Maiores subiu; média de rentabilidade melhorou e soma de prejuízos encolheu. Companhias cujos negócios dependem do campo, como Bunge, Coamo, C. Vale e BRF, experimentaram consideráveis crescimentos de receita bruta. Informações são do ranking 500 Maiores do Sul, realizado pelo Grupo AMANHÃ e PwC Brasil, que foi lançado na manhã desta quinta-feira (28), em café da manhã exclusivo para a imprensa Cerca de 60 jornalistas estiveram na sede da PwC, em Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira (28), para conferir, em primeira mão, os resultados do maior e mais completo ranking empresarial da Região Sul, 500 Maiores do Sul - Grandes&Líderes, realizado há 24 anos por AMANHÃ e PwC – referência global em auditoria, assessoria tributária e empresarial. O diretor de Redação da Revista AMANHÃ, Eugênio Esber, e o diretor da PwC Carlos Biedermann detalharam informações aos profissionais sobre como é feita a pesquisa, além de analisar resultados e responder questionamentos. Os resultados do ranking podem ser conferidos na edição de agosto/setembro da Revista AMANHÃ, que tem circulação nacional. *(Confira em anexo um resumo com os principais resultados). Os números completos da edição também poderão ser conferidos pelo Portal AMANHÃ a partir de outubro, pelo endereço: amanha.com.br/500maioresdosul. 500 Maiores do Sul revela indicadores de mil empresas, apontando as 500 maiores e as 500 emergentes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, utilizando como única fonte os balanços oficiais publicados pelas companhias. Cerimônias de premiação 3
No mês de setembro serão realizadas três cerimônias de premiação – no Paraná, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nestes eventos, serão homenageadas as cem maiores companhias de cada estado e as empresas líderes em mais de 30 setores de negócios. RESUMO DOS RESULTADOS – CENÁRIO DOS ESTADOS Vistas em seu conjunto, as 500 maiores empresas do Sul tiveram um desempenho positivo em 2013. E a principal alavanca que as favoreceu foi o agronegócio. O bom regime de chuvas fez com que os produtores rurais apostassem em colher mais e melhores grãos, beneficiando não só as grandes companhias cujos negócios dependem diretamente do campo, a exemplo de Bunge, Brasil Foods e Coamo, como também empresas de outros segmentos da indústria, do comércio e dos serviços que são impactados pelo agribusiness. Com os bons ventos, a soma dos patrimônios líquidos das 500 maiores empresas aumentou – de R$ 245,4 bilhões para R$ 250,5 bilhões. A média de rentabilidade também melhorou, de 4,9% para 6,5% sobre a receita líquida. Mais uma prova do grande peso do agronegócio na economia da região sul do país. Graças a este cenário, a soma das receitas brutas das 500 Maiores do Sul em 2013 se manteve praticamente constante. Houve uma pequena queda – de R$ 509,3 bilhões em 2012 para R$ 502,2 bilhões em 2013 (-1,4%). Mas é preciso considerar que, em 2013, a lista das 500 perdeu a Vivo, que concluiu seu processo de incorporação pela Telefônica (SP) e, assim, deixou de consolidar o balanço em Curitiba. Se continuasse no ranking, a Vivo teria acrescentado à soma das receitas mais de R$ 34 bilhões. A ausência da Vivo repercute na posição do Paraná, que perdeu para o Rio Grande do Sul a supremacia que vinha sustentando na soma de receitas brutas, patrimônios e, também, do Valor Ponderado de Grandeza (VPG). O VPG, principal indicador do ranking, resulta de uma ponderação entre patrimônio, receita bruta e lucro ou prejuízo líquido. Mais empresas paranaenses Quanto à representatividade dos Estados entre as 500 Maiores do Sul, Santa Catarina segue distante do Paraná e do Rio Grande do Sul. O número de empresas catarinenses caiu de 124 para 116. Nesse quesito, os gaúchos seguem em alta, com 202 empresas e ainda à frente do Paraná. Ano após ano, porém, a diferença pró-Rio Grande do Sul diminui: era de 26 companhias em 2012; agora é de 20. GERDAU SEGUE NO TOPO Em 2013, a Gerdau registrou uma retração de 4,8% na produção de aço, além de uma queda de 5,1% no volume de vendas nos Estados Unidos e no Canadá. Mesmo assim, tocou adiante seu plano de investimentos, que totalizou R$ 2,6 bilhões. E ainda encerrou o ano com vendas totais de R$ 45,7 bilhões, 6,2%maiores do que em 2012 e equivalentes a uma receita bruta de, em média, quase R$ 126 milhões por dia em 2013). Sozinha, a multinacional do aço sediada em Porto Alegre representa mais de 10% de todo o Valor Ponderado de Grandeza ostentado pelas 500 maiores do Sul. Indicadores mais do que suficientes para mantê-la na liderança do ranking 500 Maiores do Sul. A GERDAU EM NÚMEROS VPG: R$ 34,5 bilhões Vendas: R$ 45,7 bilhões Lucro: R$ 1,7 bilhão COMO É FEITO O RANKING 500 MAIORES DO SUL FOCO NO BALANÇO Por uma questão de credibilidade, todas as informações trazidas pelo ranking das 500 MAIORES DO SUL são extraídas de uma única fonte: os balanços financeiros das empresas listadas. São examinadas tanto demonstrações contábeis de grupos quanto de empresas individuais. REGIONALIZAÇÃO 500 MAIORES DO SUL é um ranking empresarial que tem foco na região sul. O critério de classificação é um indicador exclusivo conhecido como Valor Ponderado de Grandeza. 4
FÓRMULAS E ÍNDICES As tabelas de 500 MAIORES DO SUL resultam da aplicação de fórmulas. Em dois casos, é aplicada uma metodologia específica: Rentabilidade sobre a receita – Índice que compara o resultado da empresa em relação a sua principal atividade operacional. Crescimento da receita – O indicador não é calculado para empresas ou grupos que publicaram balanços referentes a períodos inferiores a 12 meses, que iniciaram suas atividades em 2013 ou que não estiveram em plena operação em 2013.
Editorial: Brasil maltratado Fonte: Folha de São Paulo Online 30/08/2014 02h00 A cada dia, e só nas cem maiores cidades do Brasil, 2.959 piscinas olímpicas de líquido de esgoto são lançadas sem tratamento nos rios. O cálculo do Instituto Trata Brasil é dos mais acabrunhantes, e chega a chocar que o tema não tenha emergido no último debate dos candidatos à Presidência. De certa maneira, é a principal deficiência do país. Pelo nível de renda que alcançou, o Brasil deveria ostentar indicadores bem menos vergonhosos de saneamento. Se 82,7% da população já tem acesso à água tratada, marca que se aproxima da universalização, também é fato que apenas 22 (0,4%) dos 5.570 municípios brasileiros contavam com 100% de cobertura nesse serviço básico em 2012 (ano-base do estudo do Trata Brasil). Nas cem maiores cidades, o atendimento fica em 92,2%. E água encanada, assinale-se, é o quesito em que a situação está melhor. Quando entram em pauta coleta e tratamento de dejetos, o panorama se mostra desolador. A média nacional de coleta de esgotos está em 48,3%. Repetindo, para não restar dúvida: menos da metade da população tem seus dejetos recolhidos. Mesmo na centena de municípios maiores, o índice (62,5%) não basta para atender nem dois terços dos habitantes. Pior ainda se revela a taxa de tratamento dos esgotos –meros 38,7% na média nacional, pouco mais (41,3%) nos cem maiores municípios. E 55% das cidades tratam menos de 40% dos esgotos. São Paulo, a maior e mais rica metrópole, não se sai muito melhor. Recolhe 96,1% do esgoto, mas trata apenas 52,2%. Tem 99,1% da população servida pela rede de água, que noentanto enfrenta agora grave crise de abastecimento com a forte estiagem. Afora umas poucas cidades exemplares, como Franca (SP), Maringá (PR) e Uberlândia (MG), o país vai mal nesse indicador basilar de civilização. O que mais falta é investimento: 57% das principais cidades do país reinvestiram no máximo 20% do que arrecadaram com tarifas de água e esgoto. Mesmo adotando os critérios generosos do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) para o conceito de universalização –92% de coleta e 86% de tratamento de esgotos–, ela não virá nas próximas duas décadas, principal meta do plano federal. Mantido o ritmo de melhora observado de 2008 a 2012, o objetivo se afigura irrealizável: 61 dos 100 maiores municípios fizeram menos de um quinto das ligações de esgoto que faltam para alcançá-lo. É antigo o descaso com esse item crucial para a qualidade de vida, e a campanha eleitoral deste ano não teve, até agora, nenhuma novidade nesse campo básico.
Reformas para superar o ‘pibinho’ FONTE: DE ALEXA SALOMÃO O ESTADO DE S. PAULO ONLINE 30 Agosto 2014 18h 41
5
Economistas de diferentes tendências apontam os caminhos para o Brasil não repetir o resultado fraco do PIB, como o do segundo trimestre. O Brasil teve dois trimestres consecutivos de retração no Produto Interno Bruto (PIB), indicador que mede a geração de riqueza das nações. Na teoria acadêmica, tal situação indica que o País encolheu e sofre recessão técnica. Alguns analistas dizem que não é para tanto e que há estagnação. O governo alega que o problema é momentâneo por causa da Copa, da seca e da crise internacional. Semântica à parte, o fato é que o Brasil crescia pouco e agora anda para trás, com efeitos sobre o emprego e a renda. No grupo alinhado com o governo está o professor Fernando Nogueira da Costa, da Unicamp, que lecionou para a presidente Dilma Rousseff quando ela estava no doutorado. Para Costa, foram eventos momentâneos, como a Copa, que frearam o crescimento. Boa parte dos economistas que estudam os altos e baixos do PIB discordam. Um deles é Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e hoje vice-presidente do Insper. Para Lisboa, o potencial de crescimento do Brasil caiu. A queda aparece nos números que medem a produtividade. Há uma perda de produtividade que reduziu o potencial de crescimento do Brasil. De maneira simplista, ter produtividade significa fazer mais e melhor com o mesmo. Exemplo: elevar a produção de 100 para 150 carros com o mesmo número de trabalhadores, de máquinas e de dinheiro. Essa mágica é possível graças a avanços paralelos: trabalhadores com uma educação mais sofisticada e o uso de equipamentos mais modernos. Segundo Lisboa, de 2003 a 2010, a produtividade cresceu, em média, 1,6% ao ano. De lá para cá, estagnou. “Há uma perda de produtividade que reduziu o potencial de crescimento do Brasil.” Na avaliação de Vinícius Carrasco, professor da PUC-Rio, esse declínio não foi acidental e a recuperação não virá de uma reação espontânea da economia. Carrasco tem essa convicção porque é um dos autores do estudo “A Década Perdida - 2003 a 2012”, que compara indicadores brasileiros com um conjunto de outros países. A conclusão: o avanço foi menor do que poderia. “Não foram criadas condições para se ter uma produção mais eficiente”, diz. É melhor ele ter um celular e pegar três serviços por dia do que empregar e atender dez clientesé perda de produtividade na veia. Reverter o “pibinho” não é fácil. O primeiro passo, segundo Monica de Bolle, diretora da consultoria Galanto, é reconhecer o erro. Só isso abre espaço para a mudança. Bernard Appy, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, acredita que as mudanças dependem de microrreformas, como a tributária. O sistema de cobrança de impostos é distorcivo e incentiva que as empresas não cresçam. “Se um eletricista ganhar R$ 3 mil por mês e for microempreendedor individual, paga 1,3% da receita em tributos. Se for dono de empresa do Simples, 10,5%”, diz Appy. “É melhor ele ter um celular e pegar três serviços por dia do que empregar e atender dez clientes - é perda de produtividade na veia.”
'Já começou a terapia recessiva nos desequilíbrios' Fonte: Estadão Online FERNANDO DANTAS RIO 30 Agosto 2014 02h 03 Para o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor-estrategista da Quest Investimentos, ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações, o resultado do PIB do segundo trimestre mostra que já teve início a "terapia recessiva" para corrigir os desequilíbrios da inflação e do déficit das contas externas. Ele acha que a economia brasileira só volta a crescer a um ritmo satisfatório em 2016, mas, a partir daí é otimista, desde que a política econômica seja corrigida e a confiança dos empresários restabelecida. Para Mendonça de Barros, apesar do mau momento, a economia 6
brasileira é sólida e tem ativos valiosos, como o grande crescimento dos trabalhadores na formalidade. O que o sr. achou do PIB do segundo trimestre? Veio um pouco mais fraco do que pensava, mas na direção prevista. A queda do investimento foi forte, o quarto recuo trimestral. Como os índices de confiança dos empresários estão no chão, era simplesmente uma questão de esperar a queda. O recuo do investimento em relação ao mesmo período do ano passado foi de mais de 11%. O consumo ainda está no positivo, mas já não é tão brilhante quanto em anos anteriores. O sr. viu algum sinal positivo? Sim, temos que fazer um ajuste de demanda, e há sinais de que isto começou a ocorrer. As exportações cresceram e as importações caíram, um sinal correto. O deflator do PIB veio em 5,4%, bem abaixo da inflação corrente, outro ponto positivo. E há finalmente sinais de que a Petrobrás começou finalmente a elevar a produção de petróleo, nos números da indústria extrativa. Na verdade, é ótimo, por um lado, que os dados do PIB do segundo trimestre tenham sancionado que entramos numa terapia recessiva necessária para lidar com os desequilíbrios da conta corrente (contas externas) e da inflação. O governo deve ficar satisfeito, então? Não, porque na verdade foi uma grande barbeiragem que tenhamos chegado ao trimestre que antecede as eleições com a economia no chão. A presidente Dilma Rousseff vai para a tentativa de reeleição com a economia de joelhos, imagina o escândalo que a imprensa não vai fazer com esse resultado do PIB. Nós íamos caminhar para a terapia recessiva, o governo tentou adiar. Aí, como acontece nas doenças, a recidiva é pior que o primeiro ataque. Para quem gosta de tecnicidades, tivemos dois trimestres negativos, é recessão no conceito mais elementar. Por que a economia parou de crescer? Batemos no teto em vários sentidos. Houve esse fantástico processo de formalização do trabalho, que chegou a 70%. A formalização do trabalho abria o acesso ao crédito, mas agora esse motor de crescimento se esgotou. Daqui para a frente, depende do salário real e do aumento do crédito para quem já está incluído. Então não vai mais ocorrer um fenômeno como a multiplicação por três das vendas de automóveis em quatro ou cinco anos. O desemprego bateu no mínimo, começou a pressionar os salários. Já o empresário se vê numa situação clássica em que a oferta passou na frente da demanda. Ele pensa "se não for nesse ano, no próximo entra em recessão". Tem que lidar com estoques e excesso de capacidade e não pensa em investir. É só por isso que o empresário não investe? Não, existe também a falta de confiança na política econômica. Há a postura ideológica da presidenta que coloca o Estado como sendo o agente mais importante da economia, o que faz com que interfira demais, prejudicando o setor privado. De qualquer forma, quem acompanhou minimamente a economia nos últimos dois ou três anos sabia que ela tinha que ir para a terapia recessiva. O crédito bateu no teto, o déficit em conta corrente subiu até um nível perigoso. Como o sr. vê a situação especificamente da indústria? Aí tem os dois componentes. Em termos conjunturais, como eu disse, a oferta ultrapassou a demanda. E tem o problema da falta de competitividade: durante os anos de boom, a importação abasteceu o crescimento do consumo de bens industriais. Os setores que tem proteção, comoo automobilístico, se deram bem e cresceram. Os que não tinham proteção minguaram. E a economia daqui para a frente? Só Deus sabe, ou melhor, depende de quem vai ganhar a eleição. Na oferta eleitoral, tem dois candidatos, Aécio e Marina, que mostraram que optariam pela abordagem clássica. Tratariam da conjuntura mantendo por mais algum tempo o ajuste que já começou, e tentariam reverter o pessimismo do empresário via retomada da confiança. Já a Dilma exercitou nos seus quatro anos o software ideológico do PT e deu no que deu. Vai ter que encontrar outro software fora 7
do arco ideológico do partido. A tendência é recessiva também para o ano que vem, e o jogo do crescimento vai ser jogado de 2016 em diante. E como ganhá-lo? Com uma política econômica que traga de volta a confiança dos agentes econômicos. Fazendo uma série de ajustes, o crescimento volta naturalmente. O Brasil não está vivendo nenhum desastre. Temos que comemorar essa situação extraordinária para uma economia emergente de ter 70% (dos trabalhadores) na formalidade, é algo que precisamos explorar, coisa que a presidente não conseguiu em quatro anos. Vivemos um fim de ciclo, mas não é algo negativo. Temos uma economia sólida e preparada para receber os estímulos de uma política econômica correta. O PIBafeta o cenário eleitoral? Esses números não chegam à maioria da população, mas a ameaça de desemprego e o lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) na indústria automobilística, isso chega. O Lula é visto como responsável pela mudança que incluiu essas pessoas, e a Dilma é vista como alguém que ameaça a continuidade desse processo. Eu concordo. Tem que reconhecer o que o Lula fez e que essa política atual está colocando isso em risco.
Recessão será desafio importante para o próximo presidente, destaca Fitch FONTE: LUCAS HIRATA DO ESTADO DE S. PAULO29 Agosto 2014 15h 35 A capacidade da próxima administração em corrigir desequilíbrios econômicos e restaurar a confiança estará no foco das avaliações da agência de classificação de risco A contração na economia do Brasil no segundo trimestre ressalta desafios importantes que o próximo governo do País enfrentará, após a eleição presidencial de outubro, afirmou a agência de classificação de riscos Fitch, em relatório. As perspectivas econômicas de médio prazo dependerão muito das medidas tomadas pela próxima administração para restaurar a confiança, reduzir o custo de fazer negócios e facilitar uma transição mais rápida em direção ao crescimento liderado pelo investimento, disse. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,60% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano, informou nesta manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A agência ressaltou que a queda em investimento foi o principal fator para a contração econômica no período. Além disso, o IBGE revisou a variação no primeiro trimestre deste ano. O recuo foi de 0,2% na comparação com o quarto trimestre de 2013. Inicialmente, o instituto havia apurado um avanço de 0,2%, como divulgado em maio. "A leitura do segundo trimestre e a revisão do primeiro trimestre significam que o Brasil está em recessão técnica e que a desaceleração em 2014 será mais acentuada do que o previsto em nossa previsão do ano inteiro, de crescimento real do PIB de 1,5% (contra 2,5% no ano passado). Vamos, portanto, reduzir a nossa previsão de crescimento em 2014 na próxima atualização do nosso relatório trimestral 'Perspectivas da Economia Global', que será publicado em setembro", afirmou a agência. Segundo a Fitch, o Brasil está passando por uma "desaceleração prolongada". "O crescimento médio em 2011 a 2013 foi de 2,1%, menos da metade da média de 4,5% no período de 2006 a 2010", afirmou. "O impacto do aperto monetário e do potencial aperto fiscal no próximo ano no crescimento significam que qualquer recuperação durante nosso período de previsão de ratings deve ser gradual." O declínio acentuado dos indicadores de confiança nos últimos meses, que pode refletir a "erosão" na formulação de políticas, "a incerteza pré-eleitoral e competitividade fraca também apontam para uma recuperação lenta". 8
O espaço para estímulo da demanda do Brasil no curto prazo é limitada pela inflação elevada e dívida pública, disse a agência, ao ressaltar que a inflação anual do IPCA continua a pairar perto do limite superior do intervalo de tolerância de 2 pp para cima ou para baixo do Banco Central do Brasil, cujo centro da meta é 4,5%. "Nossas projeções básicas veem a dívida bruta do governo geral se estabilizando um pouco abaixo de 60% do PIB (o que é acima da média dos ratings 'BBB'). Estas presumem que algum ajuste fiscal ocorra no próximo ano e que o crescimento se recupere", afirmou. "O principal risco para a trajetória da dívida seria mais quedas nos superávits primários e desempenhos fracos" contínuos no crescimento. Segundo a agência, o fraco crescimento do PIB já está afetando as finanças públicas através do crescimento da receita mais fraco. Em 12 meses até julho, o superávit do governo central ficou em 1,22% do PIB, o que ressalta os desafios crescentes para atingir a meta de crescimento de 1,9% do PIB para este ano, afirmou. A dependência de receitas não recorrentes vai continuar neste ano, o que reduz a previsibilidade das finanças públicas. "A queda dos indicadores de confiança sugerem que os agentes econômicos querem ver ajustes adicionais de política para além dos já realizados, que incluem o aperto monetário, alguma flexibilidade da taxa de câmbio e tentativas para aumentar o investimento privado em infraestrutura". Para a agência, restaurar a confiança, fortalecer a credibilidade da política fiscal e econômica e reduzir os gargalos estruturais em áreas como infraestrutura e ambiente de negócios seriam ações favoráveis para o perfil de crédito soberano do Brasil, se resultar em um crescimento mais rápido sustentável. A capacidade das autoridades para ajustar a política de modo a corrigir os desequilíbrios econômicos e fiscais, portanto, "continuam a ser um foco importante de nossa avaliação de ratings soberanos".
Brasil é o único em recessão entre os países do Brics Fonte: IdianaTomazelli e com colaboração de Álvaro Campos, do 09h 24
30/08/2014
Rio e São Paulo - O Brasil teve o pior desempenho entre os países do grupo BRICS - que conta ainda com Rússia, Índia, China e África do Sul - no segundo trimestre deste ano, sendo o único dentre essas grandes economias emergentes em recessão técnica. Até mesmo os russos, afetados pelas sanções impostas por Estados Unidos e Europa em função da crise na Ucrânia, conseguiram evitar dois trimestres seguidos de queda noPIB. Índia A trajetória de desempenho fraco pode antecipar a destituição do Brasil do posto de sétima maior economia do mundo. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Índia deve ultrapassar o País em termos de PIB em 2018. "Mas isso considera projeções otimistas, então pode acontecer antes", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, apostando que ocorra em 2017. Hoje, a Índia figura na 10ª colocação. O FMI projeta crescimento de 1,3% para a economia brasileira em 2014 e de 2,0% em 2015, conforme o relatório Perspectiva EconômicaGlobal atualizado em julho. O economista, contudo, considera esses resultados irrealizáveis. Ele projeta avanço de 0,2% neste ano e de 1,0% no ano que vem. A Índia, por sua vez, deve expandir 5,4%, acelerando para 6,4% em 2015, segundo o FMI. "O Brasil de fato mudou de rumo. Isso reflete a falta de visão de médio e longo prazo. As medidas adotadas pelo País foram míopes, no sentido de ter um crescimento puxado por muito consumo e pouco investimento", avaliou Rostagno. "O governo esqueceu de preparar o País para o futuro", completou o economista. Estados Unidos 9
No segundo trimestre, o crescimento da economia brasileira também ficou atrás de Estados Unidos, Alemanha e Itália (que teve recuo de 0,2% em relação a igual período de 2013), país ainda fragilizado pela crise na zona do euro e pela ausência de reformas. No mesmo período, o PIB brasileiro registrou queda de 0,9%. "Isso mostra que o Brasil sofre mais com questões internas. Nossas exportações contribuíram positivamente", afirmou Rostagno, que levantou os dados a pedido do Estado. Segundo ele, os crescimentos da China (7,5%) e dos Estados Unidos (2,5%) no segundo trimestre em relação a igual período de 2013 reforçam que as dificuldades brasileiras são no plano doméstico. "Os Estados Unidos tiveram um primeiro trimestre ruim, mas foi por causa do clima", disse. Ucrânia Em outro levantamento, a Austin Rating listou o desempenho de 37 países, e o Brasil superou apenas a Ucrânia, que enfrentou queda de 4,7% no segundo trimestre em comparação a igual período do ano passado. A Ucrânia está em conflito com a Rússia, acusada de invasão territorial e de fornecer armas e suprimentos a rebeldes separatistas. Setor externo O setor externo salvou o PIB brasileiro de registrar um recuo ainda mais intenso no segundo trimestre. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as exportações cresceram 2,8% em relação aos três primeiros meses do ano, enquanto as importações caíram 2,1%. "Mas é um positivo por razões negativas. A queda nas importações se deu porque a demanda do mercado interno está se retraindo", observou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Isso é determinado principalmente pela indústria, que está reduzindo compras de insumos e componentes", acrescentou Castro. Importações. Diante do elevado endividamento e da renda crescendo menos, os consumidores acompanham o movimento de moderação nas compras, o que também ajuda a reduzir as importações. Do lado das exportações, os embarques de soja garantiram o bom desempenho. "O setor extrativo mineral também está crescendo muito", observou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE. Para o terceiro trimestre, as exportações devem continuar crescendo, ainda que num ritmo mais tímido. A "vedete" da vez, disse Castro, será o petróleo, cujos embarques devem crescer na esteira da recuperação na produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A mística marinista Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online – EDITORIAL - 31/08/2014 Empatada com a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno, com 34% das preferências, e tendo dez pontos de vantagem sobre a petista num eventual segundo turno (50% a 40%), a candidata do PSB, Marina Silva, viu confirmar-se na pesquisa Datafolha o fenômeno de sua ascensão eleitoral. Assumindo de forma inédita a condição de protagonista, Marina terá sobre si todos os holofotes. Não só a curiosidade dos eleitores em relação a seus planos aumentará, mas também os ataques de seus adversários se intensificarão. Seu programa de governo veio em boa hora para atender o interesse que seu crescimento estimulou --e merecerá análise e debate detalhados nos próximos dias. A imprensa, quanto a isso, terá papel importante a desempenhar. Mas se Marina Silva alcança destaque tão notável, isso se deve menos a pontos específicos do programa de seu partido um legado de Eduardo Campos, na verdade e mais à densidade simbólica que cerca sua imagem pessoal. 10
O caso Marina constitui um paradoxo em que as críticas parecem reforçar a própria figura que se quer desconstruir. Não é difícil identificar exemplos disso. Proveniente do PT e alinhada durante toda sua trajetória a propostas de esquerda, Marina agora defende a independência do Banco Central e se cerca de personalidades ligadas ao mercado financeiro. Aponta-se a contradição, ou o que há de indefinido nisso, e o discurso marinista traz a resposta engenhosa: trata-se de superar dicotomias, de governar "com os melhores", de reconhecer, sem preconceitos de classe, a importância das elites na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. A indefinição se transforma, magicamente, em virtude; a ampliação das alianças à direita não descaracteriza a postulação porque, no fundo, o prestígio de Marina chancela tudo. Com a ideia da "nova política" ocorre a mesma coisa. Aliando-se no ano passado ao PSB, Marina quis dar continuidade a seu projeto pessoal. Da ausência de base partidária genuína, cria-se a mística de uma candidatura que supera partidarismos. Deixarão de existir? Estarão as "pessoas de bem" de acordo em tudo? Não haveria uma aposta messiânica no poder de arbitrar, acima das instituições, divisões de interesses que seu discurso minimiza? São fragilidades evidentesna postulação e fatores de risco para um eventual governo seu. Parecem, ao mesmo tempo, eficazes instrumentos de campanha, criando a imagem de uma oposição que não é oposição, de uma amplitude de enraizamento social que se resume a um ápice iluminado, de uma maioria espelhada numa só pessoa, na qual tudo mais se projeta do que se representa, mais se imagina do que se verifica. O que isso possa ter de messiânico e de religioso, ou de inovador e consistente, é uma pergunta a ser respondida espera-se no decorrer da campanha eleitoral.
O que esperar da equipe econômica de Marina Silva Fonte: Revista Veja Online Luís Lima e Talita Fernandes 31/08/14 Reduzir gastos do governo, dar início à reforma tributária, zelar pela autonomia do Banco Central (BC) e manter o tripé macroeconômico (composto pelo sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e rigor fiscal) são algumas das tarefas que devem ser executadas com urgência pela equipe econômica do próximo governante do Brasil, caso tenha a intenção de recuperar o crescimento e a credibilidade do país. O mercado acredita que o candidato tucano Aécio Neves não deve ter dificuldades em empreender medidas necessárias, dado seu DNA político e a presença do ex-presidente do BC Armínio Fraga em seu governo. No caso da presidente Dilma, o sentimento é de que uma política de ajustes aconteça de forma mais lenta e frouxa. Já Marina Silva, que despontou rapidamente na corrida presidencial, é a candidata que suscita mais dúvidas nesse aspecto. Seu compromisso com a ortodoxia agrada o mercado. Porém, a falta de um time econômico que valide seu discurso provoca desconfiança. A pouco mais de um mês do primeiro turno, o coordenador da campanha de Marina, Walter Feldman, afirmou ao site de VEJA que não há perspectivas de divulgação de nomes nos próximos dias. “Ainda não há, na cabeça da candidata, esse tipo de discussão”, afirmou. Segundo o peessebista, a prioridade ainda é debater o programa de governo. "É um momento para o eleitorado conhecer os candidatos, que serão os protagonistas maiores do novo papel que o Brasil pode ter. Apresentar a equipe é um modelo de ação. Mas nossa prioridade é debater o programa", afirma. O programa de governo do PSB será apresentado na tarde desta sexta-feira em São Paulo. Sabe-se que há dois economistas de peso assessorando oficialmente a candidata: o acadêmico Eduardo Giannetti da Fonseca e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende, que também foi um dos principais assessores econômicos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Alexandre Rands, sócio da consultoria Datamétrica e um dos membros da equipe que montou o programa da ex-senadora, considera que Giannetti passou a ter mais influência na 11
campanha após a morte de Eduardo Campos. “Como Eduardo tinha experiência em gestão pública, acabava ouvindo mais pessoas e não relegava sua avaliação a apenas uma opinião. Suas ideias eram mais diluídas. Como Giannetti é mais próximo de Marina, que não é economista, sua figura sai fortalecida", afirma. Contudo, Giannetti já afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que não vai integrar a equipe de um eventual governo de Marina. Lara, por sua vez, tem circulado nos bastidores da campanha, sem assumir qualquer responsabilidade como porta-voz econômico. Outros nomes, como Marcos Lisboa, vice-presidente do Insper, Bernard Appy, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Loyo, ex-diretor do BC e Tiago Cavalcanti, professor de Cambridge, são apontados como consultores, mas negam ter vínculo direto com a campanha. Eles colaboraram com artigos e discussões em oficinas temáticas realizadas por Eduardo Campos e Marina em todas as regiões do Brasil, que ajudaram na composição do programa de governo. Neca Setúbal, uma das pessoas mais próximas de Marina atualmente, afirmou ao site de VEJA que a candidata já possui uma equipe gabaritada que dá respaldo ao seu projeto político, o que, segundo ela, é suficiente para o momento. "Não há necessidade em já apresentar ao mercado uma lista de futuros ministros", afirmou Neca, que é uma das herdeiras do Itaú. O anúncio de um time concreto de economistas, tal como fez Aécio Neves, poderia dissipar grande parte das dúvidas que pairam sobre o discurso econômico da candidata. A necessidade se faz ainda mais presente porque Marina não é economista — e faz questão de criticar o comportamento de "gerente" de certos governantes. É considerada uma liderança política, não técnica. Situação que colocaria em maior evidência, caso vença as eleições, a figura de seu ministro da Fazenda. “Nesse sentido, Marina se aproxima mais de Lula do que de Dilma e Aécio. Isso aumenta a responsabilidade de sua equipe, que terá um papel fundamental, pois gestores de perfil mais político tendem a delegar mais e interferir menos em temas econômicos”, explicou Bernard Appy, cujo mandato no Ministério da Fazenda ocorreu durante o governo Lula. Segundo economistas ouvidos pelo site de VEJA, o que é possível inferir até o momento, tendo em conta o perfil de Giannetti e declarações recentes da candidata, é que um governo de Marina teria características liberais, com menos intervenção no câmbio e nos preços administrados, como no caso da gasolina e energia. Seu discurso sinaliza ainda uma preocupação com a política fiscal. “Uma defesa clara da Marina é o combate ao inchaço do Estado, que beneficia grupos privados específicos”, afirma Zeina Latif, sócia da Gibraltar Consulting. Para Otto Nogami, professor do Insper, as bandeiras econômicas de Marina guardam bastante semelhança com o programa do PSDB. "Agora, já é hora de a Marina sinalizar, de forma clara e detalhada, como irá fazer para atingir esses fins", destaca. Contudo, alguns dados de seu discurso exalam ambiguidade. Marina afirmou que uma de suas prioridades é aumentar de 6,9% para 10% do Orçamento da União a verba para a saúde pública. Segundo cálculos do economista Raul Velloso, tal mudança teria grande impacto fiscal. Especialista em contas públicas, Velloso afirma que, se tal elevação tivesse sido feita em 2013, por exemplo, os gastos extras com a saúde representariam nada menos que 29 bilhões de reais, ou 32% do superávit primário daquele ano. Para um governo que prega o rigor fiscal, tal postura acentua as incertezas. A escola em período integral, bandeira levantada por Campos e endossada por Marina, também precisará ser financiada com verba federal. Para tanto, o PSB afirma que não aumentará o orçamento da educação. Mas tampouco apresentou uma saída fiscal para acomodar tal gasto. Já o passe livre para estudantes, outro ponto defendido por Marina, exigirá desembolsos de 12 bilhões de reais ao ano do governo, segundo previsões do próprio partido. Junto com tais medidas, Marina promete criar um conselho fiscal sem vínculo com o governo para acompanhar e avaliar a qualidade dos gastos públicos. Na teoria, o plano é perfeito. Mas como empreender cortes para resolver a situação fiscal e, além disso, aumentar gastos em determinadas áreas? O caminho das pedras, dizem assessores da campanha, será apresentado nesta sexta-feira. Mas é fato que sem cortes de gastos profundos e apoio do Congresso, tais 12
projetos tendem a permanecer no papel. "Se Marina quiser os melhores, tem de estar preparada para contar com o apoio de pessoas que hoje estão com Aécio”, afirma Sérgio Lazzarini, professor do Insper. Neste aspecto, Armínio Fraga, escolhido por Aécio, disse em entrevista a VEJA que não aceitará mudar de lado se seu candidato não for eleito. Para se aproximar de setores da economia mais reticentes à candidatura da ex-senadora, a equipe de Marina tem recorrido a lideranças empresariais. Os coordenadores da campanha têm se dividido de acordo com os meios onde têm mais afinidade. Um deles é João Paulo Capobianco, que orbita o círculo do agronegócio, segmento onde a candidata tem alta rejeição. A intenção é acelerar o ritmo de integração da equipe de Marina à agenda que havia sido estabelecida por Campos para o setor. Nesta sexta-feira, será oferecido, em São Paulo, um jantar para a ex-senadora na casa de Plínio Nastari, presidente da Datagro, consultoria de açúcar e etanol. A agenda tem sido acompanhada também por Beto Albuquerque, o novo vice da chapa do PSB, que transita com facilidade entre os donos de terra. Dialogar com o agronegócio não será tarefa fácil. Se Marina conseguir converter o diálogo em apoio político, será um bom indício de traquejo faceta até então pouco conhecida da candidata.
PIB Mantega usa tática do avestruz: "Brasil não está em recessão" Fonte: Revista Veja Online O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira que, em sua opinião, o Brasil não está em recessão. "É meramente efeito estatístico pelo resultado negativo do segundo trimestre", disse horas depois do anúncio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu pelo segundo trimestre consecutivo, o que configura, sim, recessão técnica. Mantega, de qualquer forma, parece não concordar com os economistas e dá opinião que não se sustenta diante dos dados técnicos: "Recessão é quando você tem desemprego aumentando e renda caindo. Aqui temos o contrário", analisou. Os números oficiais apontam que a economia brasileira registrou contração de 0,6% no segundo trimestre de 2014 na comparação com os três meses anteriores, nos quais houve queda de 0,2% em dados revisados. Após o anúncio, Mantega confirmou que o Brasil não irá crescer 1,8% em 2014, conforme a última previsão do governo. Segundo ele, a sua pasta deverá fazer uma revisão para baixo dessa estimativa oficial em setembro. O ministro abusou das desculpas para minimizar o anúncio de recessão, em um procedimento que costuma utilizar todas as vezes que surgem análises ou notícias ruins sobre a economia nacional, reforçando assim a desconfiança de investidores e analistas com os rumos do país. Mantega declarou que a economia nacional foi afetada pela menor quantidade de dias úteis na primeira metade do ano e que espera uma recuperação moderada nos próximos meses. "No terceiro trimestre vamos ter 10% a mais de dias úteis. É como termos 10% a mais de produção e comércio", afirmou. Além disso, diz ele, também pesou na economia do país a política monetária do Banco Central (BC), que elevou a Selic a 11% para tentar segurar a inflação, que já é alta e ronda o teto da meta do governo, de 6,5% ao ano. Nas contas de Mantega, esse movimento causou restrição de consumo e demanda. Ele admite que o resultado do PIB no segundo trimestre ficou aquém das expectativas do governo, mas aproveitou para pôr a culpa mais uma vez no cenário internacional. Mantega acrescentou que acredita na melhora na economia de países como Estados Unidos e Reino Unido, o que deve ajudar nos números do Brasil. E as desculpas não acabavam. Também citou "problemas localizados" no país, como a seca, que acabou aumentando os custos no setor energético. 13
Se não for recessão, é a estagnação da economia Fonte Jornal Valor Econômico Online 01/09/2014 às 05h 00 A economia brasileira está em recessão, de acordo com a sua definição mais popular, depois de registrar contração por dois trimestres seguidos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acha que não há uma recessão no país, que, na definição por ele utilizada, envolveria uma parada prolongada da atividade econômica. Embora seja possível debater o momento exato em que estamos no ciclo econômico, nada muda o quadro geral de estagnação da atividade. Dados das contas nacionais divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma contração de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, na comparação com o período imediatamente anterior. As estatísticas do primeiro trimestre foram revistas e passaram de uma expansão de 0,2% para uma queda de 0,2%. Para a gerente de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a economia não está em recessão técnica. Ela ponderou que a queda do PIB no primeiro trimestre foi relativamente pequena e, nas frequentes revisões estatísticas feitas pelo instituto, não se pode descartar que o número hoje negativo se torne positivo. Na prática, em termos estatísticos, teria havido uma estabilidade do PIB no primeiro trimestre. Não é possível negar alguma dose de razão ao ministro Mantega quando ele afirma que, por si só, dois trimestres seguidos de PIB negativo não representam, necessariamente, uma recessão. Nos Estados Unidos, por exemplo, está a cargo o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês) definir quando a economia está oficialmente em recessão. Numa análise que envolve muito mais dados do que apenas as contas nacionais, um grupo de economistas independentes procura verificar se ocorre "um declínio significativo na atividade econômica que se espalha por toda a economia e pode durar de alguns meses a mais de um ano". Para Mantega, neste segundo semestre, a economia brasileira já estaria em recuperação. O menor número de dias úteis, em virtude da Copa do Mundo, teriam contribuído para derrubar a produção no primeiro semestre. O Banco Central também tem afirmado que, depois de manter-se praticamente estável no primeiro semestre, a atividade econômica tenderia a entrar em trajetória de moderada recuperação no segundo semestre. O crédito segue crescendo a taxa de dois dígitos, o desemprego é baixo e renda real ganhou um impulso extra com a queda da inflação em meses mais recentes. Os dados do PIB mostram uma pequena reação do consumo das famílias no segundo trimestre, com avanço de 0,3%, depois de um recuo de 0,2% no período imediatamente anterior. Em meses recentes, houve uma leve recuperação nos indicadores de confiança dos consumidores. O Banco Central também vem apontando o setor externo como um dos fatores de sustentação da demanda agregada, o que se confirmou nos dados do PIB do segundo trimestre, com um crescimento de 2,8% nas exportações e uma queda de 2,1% nas importações. Mesmo pesando esses argumentos, não é possível afastar, totalmente, a tese de uma recessão. Da mesma forma que os dados do PIB do primeiro trimestre podem ser revistos para cima, também há o risco de uma revisão para baixo. O mercado de crédito mostra sinais de fraqueza, que levaram o Banco Central a adotar medidas de estímulos, como liberação de compulsórios e afrouxamento de requerimentos de capital. O baixo desemprego já não é o melhor termômetro quando o mercado de trabalho sofre transformações estruturais, como a queda na taxa de participação. Outros indicadores, entre eles a criação de empregos formais, não são animadores. Mais preocupante, os investimentos tiveram um recuo de 5,3% no segundo trimestre, ante o período imediatamente anterior e as perspectivas para os próximos meses não são nada animadoras. Os níveis de confiança do empresariado estão nos baixos níveis da crise internacional de 2008 e 2009. Assim, da mesma forma que não se pode afirmar com certeza que não há recessão, não é possível descartá-la. De absolutamente certo, o que existe neste momento é o quadro de debilidade na economia, com crescimento próximo de zero e pouco espaço de política 14
econômica para mudá-lo, a não ser pelas expectativas, diante da inflação ainda alta e da franca deterioração das contas públicas.
Governo já desistiu da meta fiscal de 1,9% do PIB no ano Fonte: Jornal Valor Econômico Online Ribamar Oliveira Brasília01/09/2014 às 05h 00 Falta apenas anunciar. Há indícios fortes de que o governo já decidiu não cumprir a meta de superávit primário para todo o setor público de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas espera o momento mais adequado para anunciar a decisão. É provável que isso aconteça até o dia 22 de setembro, quando o governo terá que encaminhar ao Congresso o relatório de avaliação de receitas de despesas do quarto bimestre. Ele terá que dizer com qual previsão de crescimento da economia em 2014 trabalha e ajustar as trajetórias de receitas e despesas. Seria o momento certo para anunciar a redução da meta fiscal. Quando se analisa os resultados fiscais do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) em maio, em junho e em julho, que foram de déficits primários elevados - os maiores da série histórica para os respectivos meses -, é razoável acreditar que a decisão de não alcançar o superávit foi tomada há muito tempo. Nunca havia ocorrido três déficits primários seguidos desde o início da série histórica do Banco Central, em dezembro de 2001. Ao avaliar o comportamento da economia no início deste ano, o governo pode ter concluído que o desaquecimento estava muito forte e, seguindo a sua orientação de que a política fiscal deve ser anticíclica, decidiu afrouxar os poucos controles que ainda mantinha sobre o gasto. De janeiro a julho, as receitas do Tesouro (não inclui Previdência) cresceram 2,1% menos que o PIB e, mesmo assim, os gastos do Tesouro subiram 4,2% acima da expansão da economia. Ou seja, mesmo com a receita minguando, o governo manteve forte expansão de suas despesas, que aumentaram em proporção do PIB. Para sustentar essa política fiscal expansionista, a área econômica teve que reduzir substancialmente o superávit primário do governo central que, nos sete primeiros meses deste ano, ficou em apenas R$ 13,5 bilhões ou 0,46% do PIB, segundo o Banco Central. É o menor superávit do governo central para o período desde o início da série histórica. Nem mesmo em 2009, quando o país viveu uma recessão econômica, o resultado foi tão ruim. A meta de superávit do governo central para este ano é de R$ 80,8 bilhões, algo como 1,55% do PIB. Isto significa que para alcançar a meta o governo terá que obter uma economia de mais R$ 67,3 bilhões (R$ 80,8 bilhões menos R$ 13,5 bilhões) de agosto a dezembro - o que daria R$ 13,5 bilhões por mês. Ou seja, teria que obter em cada mês o mesmo superávit que registrou de janeiro a julho. "A meta do ano, com esses déficits nos últimos três meses, ficou mais distante e exigirá um esforço maior do governo nos últimos cinco meses do ano", disse, na sexta-feira, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel. "O primário não está aquilo que se deseja", admitiu o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Nenhum consultor do mercado acredita que seja possível alcançar a meta fiscal, muito menos os economistas que trabalham para o governo, mesmo com as receitas extraordinárias que ingressarão nos cofres do Tesouro por conta do Refis - o parcelamento de débitos tributários com vantagens e descontos de juros e multas - e do leilão do sistema 4G de telefonia celular. Se haverá receitas extras, também haverá gastos que foram represados ou adiados ao longo deste ano e que o governo terá que pagar, como os R$ 5,5 bilhões em precatórios aos aposentados e pensionistas do INSS e aos servidores públicos, que irão impactar o caixa do Tesouro em outubro e novembro. Nem a metade das despesas com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) foi paga até o fim de julho. Para obter a meta de superávit primário, o governo certamente teria que fazer cortes adicionais nos gastos, o que não parece factível, pois há uma questão ideológica envolvida nesta questão. Seria uma grande contradição, em plena campanha eleitoral, o governo adotar uma política fiscal contracionista para obter um superávit primário de R$ 67,3 bilhões em cinco meses, no momento em que a economia brasileira está em recessão. 15
Empurrando com uma corda Fonte: Jornal Valor Econômico Online Gustavo Loyola 01/09/2014 às 05h 00 O governo anunciou um conjunto de medidas para incentivar o crédito. Entre elas, há medidas corretas e positivas que influenciarão de forma positiva o desempenho do crédito no médio e longo prazo. Porém, em razão principalmente das expectativas negativas de consumidores e das empresas, dificilmente haverá impacto significativo sobre o crédito e a atividade econômica no curto prazo. De fato, sem uma mudança de diagnóstico sobre os problemas atuais de crescimento, o governo corre o risco de continuar tentando empurrar a economia utilizando-se de uma corda. O desaquecimento da economia brasileira nos últimos meses não teve sua origem na restrição de oferta de crédito por parte dos bancos. As raízes do marasmo da atividade são outras e o modesto crescimento do crédito é mais consequência do que causa da anemia do crescimento. A principal responsável pelo mau desempenho da economia tem sido a política equivocada praticada a partir de 2008, cuja ênfase intempestiva e excessiva nos incentivos à demanda acarretou sérios desequilíbrios na economia, como inflação cronicamente acima da meta, elevado déficit em conta corrente, deterioração das contas públicas, desarranjos nos setores de energia e petróleo, entre outras mazelas. Com o passar do tempo, esses problemas minaram a confiança dos consumidores e dos empresários, deprimindo ainda mais o consumo e o investimento. Nesse contexto, é natural que o crédito também sofra desaceleração, que ocorre principalmente pela retração da demanda e não tanto por restrições na oferta de crédito por parte do sistema bancário. Certamente não se pode negar que a atuação dos bancos tem características procíclicas, conforme fartamente documentado em evidência empírica. Assim, a piora das condições conjunturais no momento deve estar levando as instituições bancárias a se tornarem mais seletivas na concessão de empréstimos e financiamentos. Por causa disso, considero correta a retirada das medidas macroprudenciais implantadas em dezembro de 2010, num momento totalmente distinto do ciclo econômico. Por outro lado, o enfraquecimento do crescimento de crédito nos últimos meses removeu qualquer possibilidade de formação de bolhas especulativas ou de outras ameaças à solidez do sistema bancário. Entretanto, essa é apenas uma pequena parte da história. Na realidade, a fraqueza recente das concessões de crédito está associada fundamentalmente à piora de seus fatores condicionantes. No caso das pessoas físicas, a disposição e a capacidade de tomar crédito têm sido prejudicadas principalmente pela aceleração inflacionária, pela piora das condições no mercado de trabalho e pela deterioração das expectativas. Quanto às empresas, a retração da atividade econômica e o aumento das incertezas, entre elas o risco de racionamento de energia e água, estão contribuindo para a diminuição da tomada de empréstimos e financiamentos junto aos bancos. Além disso, a própria trajetória recente da política monetária trouxe consequências sobre o mercado creditício. A elevação dos juros pelo Banco Central, em resposta às pressões inflacionárias, piorou as condições no mercado de crédito, elevando as taxas de juros aos tomadores finais e reduzindo os prazos das operações. Nesse caso, ficou muito evidente a contradição entre dois objetivos simultâneos do BC: reduzir a inflação e acelerar o crédito. Uma coisa é retirar as medidas macroprudenciais, outra bem diferente é estimular o crédito por meio da liberação direcionada de recolhimentos compulsórios, como foi o caso do anunciado estímulo específico para o financiamento de veículos, em que os bancos ganham um "bônus" no compulsório caso expandam o crédito mais do que 20% em relação ao primeiro trimestre do ano. Não apenas tal medida resultará inócua, como também a credibilidade do BC foi atingida no que diz respeito ao seu compromisso de manter a inflação no centro da meta de 4,5%. Como assinalamos no início, dentre as medidas anunciadas pelo governo, há iniciativas de grande alcance que devem ser elogiadas e que podem contribuir para aumentar o acesso ao 16
crédito, reduzindo os custos de transação envolvidos. É o caso da concentração dos ônus na matrícula do imóvel, o que deve reduzir a papelada hoje exigida para o financiamento de imóveis. Outra iniciativa importante diz respeito ao reforço da liquidez da garantia nas operações com alienação fiduciária, diminuindo os custos de cobrança e aumentando a segurança jurídica para os credores. No entanto, tais iniciativas, quando implantadas, somente redundarão em efetivo aumento da disponibilidade de crédito na presença de um ambiente macroeconômico favorável, algo que hoje não existe. Em conclusão, o pacote de crédito é uma salada mista. Embora contenha medidas positivas e estruturantes para o mercado creditício, há também medidas de curto alcance que, além de inócuas, pioram a percepção dos agentes econômicos sobre a atuação do Banco Central no regime de metas.
Por que a produção de petróleo não cresceu, apesar do pré-sal Fonte: Jornal Valor Econômico Online Ailton Braga e Luiz Bustamante 01/09/2014 às 05h 00 Entre 1997, ano da instituição do regime de concessão para exploração de petróleo e da quebra do monopólio da Petrobras, e 2010 a produção de petróleo no Brasil cresceu ao ritmo anual de 7%. Nesse período, o país atraiu volumosos investimentos e cerca de uma centena de empresas, entre operadoras, fornecedoras de equipamentos e prestadoras de serviços, passaram a operar no Brasil. Com a descoberta das vastas reservas da camada do pré-sal, em 2006, o cenário tornou-se ainda mais promissor. Contudo, paradoxalmente, essa descoberta, fruto do regime de concessão, representou um ponto de inflexão negativo. Sob alegação de que o risco exploratório mais baixo e o elevado potencial do pré-sal justificavam maior participação do Estado na renda petrolífera, algo que poderia ser alcançado por decreto no regime de concessão, iniciou-se campanha pela alteração da legislação, que culminou, em 2010, com a instituição do regime de partilha e do virtual monopólio da Petrobras na exploração do pré-sal. O ano de 2010 marca também o início da estagnação, que se mantém até hoje, da produção nacional de petróleo. Esse cenário é bem diferente do desenhado pela Petrobras em 2008, quando previa taxa de crescimento da sua produção de petróleo no Brasil, de 2009 a 2013, de quase 8% ao ano. A estagnação da produção e a combinação de forte crescimento do consumo de derivados de petróleo com atraso na instalação de refinarias levaram à rápida expansão do déficit na balança comercial de petróleo e derivados, que saltou de US$ 5,4 bilhões, em 2012, para US$ 20 bilhões em 2013. Como é possível, dado o enorme potencial de produção da camada do pré-sal, que o volume de extração de petróleo no Brasil tenha estagnado e a balança comercial do setor tenha piorado tanto? O patamar de produção de quase dois milhões de barris por dia e as características geológicas dos campos petrolíferos são parte da explicação. Com esse patamar de produção seria necessário extrair mais 140 mil barris de petróleo por dia para manter a taxa de crescimento de 7% ao ano, o que é um desafio considerável. Além disso, os campos petrolíferos, após atingirem o ápice, sofrem queda da produção de cerca de 10% ao ano. Mas a causa preponderante para o mau momento da indústria petrolífera brasileira foi a deterioração do ambiente de negócios. Com a descoberta das reservas do pré-sal, o modelo bem sucedido de leilões anuais de áreas de exploração foi praticamente abandonado. As rodadas anuais de licitação para exploração de petróleo foram iniciadas em 1999. As licitações ocorreram normalmente até antes da 8ª rodada, em 2006, que foi suspensa por meio de liminares judiciais, em razão de cláusula editalícia que restringia as ofertas vencedoras por empresa operadora em cada área a ser licitada e tinha por objetivo evitar a concentração de áreas de exploração em mãos de uma única companhia petrolífera. Na 9ª rodada, em 2007, 41 blocos na área do pré-sal foram retirados do edital. A 10ª rodada, em 2008, ofertou apenas áreas em terra. De 2009 a 2013, 17
devido às discussões sobre as mudanças na legislação do petróleo e de royalties, não foram realizadas novas rodadas. Com o atraso dos leilões de exploração, foi postergada a entrada em operação de novos campos, o que resultou em perda de divisas para o país e de arrecadação pelo governo. Adicionalmente, bilhões de reais em investimentos deixaram de ser aplicados na exploração de petróleo e a expansão da cadeia de operadores, fornecedores de equipamentos e prestadores de serviço foi contida. Concomitantemente, importantes campos de petróleo da Bacia de Campos, a principal região produtora do País, apresentaram acentuada queda de produção, provocada pelo esgotamento natural das reservas agravado pela falta de investimentos da Petrobras, que concentrou recursos na exploração dos campos no pré-sal. Mas mesmo nesses campos, os atrasos nas entregas de plataformas e outros equipamentos reduziram a produção em relação ao inicialmente previsto. Atraso no cronograma e estouro do orçamento de projetos não são raros na indústria do petróleo, contudo no Brasil esses problemas são potencializados pela política de conteúdo local. Os fornecedores de máquinas e equipamentos nacionais praticam preços superiores aos dos principais fornecedores internacionais. Ademais, são comuns atrasos nas entregas dos equipamentos. Outro problema, este criado pelo regime de partilha, é a obrigatoriedade de que a Petrobras seja a única operadora e tenha participação de, no mínimo, 30% do consórcio vencedor do leilão. A execução pela Petrobras de todas as atividades de exploração, desenvolvimento e produção tende a desestimular a participação de outras empresas, diminuindo a concorrência dos leilões e, assim, a renda auferida pelo Estado. Além disso, a exploração do pré-sal fica limitada pela capacidade financeira e operacional da empresa. Há também a contribuição negativa do controle do preço dos combustíveis, que prejudicou o faturamento da Petrobras, tornou-a a companhia petrolífera mais endividada do mundo e estimulou o consumo de combustíveis derivados do petróleo, o que aumentou o déficit da balança comercial do setor, além de praticamente inviabilizar economicamente o uso do etanol combustível no Brasil. Tudo isso após a realização de vultosos investimentos, estimulados pelo próprio governo para substituir a importação de derivados de petróleo, na ampliação da capacidade de produção do biocombustível. Enfim, políticas erradas no setor de petróleo provocaram e continuarão provocando perdas bilionárias ao país, mas a produção de petróleo da Petrobras, apesar de tudo, deverá crescer nos próximos anos e isso será usado para mostrar o "acerto" das decisões tomadas. Sendo assim, comprova-se a atualidade da famosa frase cunhada por John D. Rockfeller: "O melhor negócio do mundo é uma companhia de petróleo bem administrada e o segundo melhor é uma companhia de petróleo mal administrada".
Não vamos arrochar salários, diz Arminio Fraga, aliado de Aécio Fonte: Folha de São Paulo Online ÉRICA FRAGAMARIANA CARNEIROENVIADAS AO RIO01/09/2014 02h00 "Nomeado" futuro ministro da Fazenda, caso Aécio Neves (PSDB) vença a eleição, Arminio Fraga, 57, reclama do aparente patrulhamento, na sua opinião, do atual debate sobre problemas econômicos. Ele diz que precisa "fazer um discurso" antes de tratar de temas relevantes, como o reajuste do salário mínimo e as mudanças na previdência. "Senão, você é acusado de ser assassino de velhinhas, o que obviamente não é o caso." Falar da discussão muda a fisionomia do (quase sempre pacato) economista: "Eu tenho que fazer um preâmbulo. Se não, imediatamente, o PT vai falar: 'Eles vão arrochar os salários, arrochar os aposentados'", afirmou. Nesta entrevista à Folha, Arminio fala sobre uma das bases de maior apoio político de Aécio: a diminuição da oferta de empréstimos do BNDES. "O empresariado tem que se engajar numa posição mais moderna." 18
Para ele, sua "nomeação", sozinha, não representa um choque de confiança. "Arminio Fraga não resolve nada."
Folha - Se Aécio Neves vencer, qual será a regra de reajuste do salário mínimo? Arminio Fraga- O Aécio já declarou que a política de aumento real do salário mínimo continua. A regra, no mínimo, vale por um ano e a essa altura não vejo por que mudar -a preocupação é que ele [o reajuste] fique até baixo neste momento. Eu disse, e fui mal interpretado, que os salários em geral tinham subido muito, e que para continuar a subir, o que é totalmente desejável e alcançável, o Brasil teria que mostrar também um crescimento da produtividade. Como acredito que, com Aécio, os salários vão subir, sinceramente, não tenho problema com essa fórmula. Economistas próximos do sr. dizem que a regra atual onera a Previdência e desequilibra as contas do governo. O papel de um futuro ministro da Fazenda não é tanto ter uma opinião a respeito disso, mas mostrar qual é o orçamento e qual é a tendência no médio prazo. Eu acho que isso está fazendo falta, o Brasil está voando no escuro, em um ambiente de um populismo exacerbado. Vocês são críticos à atuação do BNDES, mas o banco oferece crédito barato para parte do empresariado. Como dizer para eles que isso tem de mudar? O empresariado hoje entende que esse mercado de crédito dual, onde alguns privilegiados recebem crédito e a maioria não recebe, não é bom. Indiretamente põe pressão no juro, tem implicações distributivas perversas e, no fundo, existe porque outras coisas não estão funcionando. Se outras coisas forem postas para funcionar, todo esse aparato de UTI pode ser removido. Fazer uma reforma tributária que desonere a exportação, o investimento, simplifique o sistema [tributário], tem um impacto enorme. Mobilizar capital para infraestrutura e arrumar a casa para ter um juro mais baixo para todo mundo tem um impacto enorme também. Essas políticas, não só o crédito subsidiado, mas muitas das desonerações e do aparato protecionista, não são a resposta ideal. À medida que se possa corrigir essas falhas, será possível desfazer esse caminho que não está dando certo. Alguém acha que a indústria no Brasil está indo bem, com todo esse crédito, subsídio e proteções? Um ajuste fiscal envolveria cortar quais gastos? A sociedade tem que fazer opções. O nosso papel é colocar essa discussão na mesa, de uma maneira que ela possa ser concluída com mais consciência dos custos e benefícios e quais são os efeitos do ponto de vista do crescimento, da distribuição de renda. Há um imenso espaço para fazer políticas que teriam impacto redistributivo relevante. O caminho a seguir foi mapeado pelo FHC. Ele tomou a decisão de delegar áreas que naquele momento faziam parte do governo para o setor privado, sob supervisão, para focar em saúde e educação. Foi um pacto extraordinário. Essa discussão tem que ser permanente. O sr. falou em tirar subsídios e focar na redução da desigualdade. Como os empresários reagiriam? Eles temem que a correção dos fundamentos [da economia] não ocorra e eles fiquem no pior dos mundos. Mas acho que o empresariado tem de se engajar numa posição mais moderna. O melhor exemplo é o Pedro Passos [sócio da Natura e colunista da Folha], que com muita coragem está quebrando todos os tabus e defendendo posições muito parecidas com essas. Acho que esse esgotamento do modelo já é entendido pela maioria. Ninguém gosta de ficar indo a Brasília negociar alguma coisa. Mesmo os que se beneficiavam mais disso estão vendo o Brasil parando. 19
Eu tenho a convicção de que arrumar a casa, fazendo ajustes, vai gerar crescimento. A recessão já chegou. Se o crescimento se recuperar, não diminui o ímpeto por reformas? Só vai haver choque de confiança se o governo mostrar serviço. No gogó não vai. O seu nome sozinho não basta para recuperar a confiança? Arminio Fraga não resolve nada. Quem tem de resolver é o Brasil. Se o governo não atrapalhar, já ajuda bastante. O programa do PSDB não trata de problemas da Previdência como a necessidade de aumentar a idade mínima, acabar com as pensões. Vocês vão enfrentar essas questões? Nossa estratégia já está bem mapeada. Começar com uma reforma política, uma reforma administrativa, e colocar na mesa uma proposta já bem amarrada de reforma tributária. Fazer uma blitz na infraestrutura, mobilizar capital privado e, com isso, deslanchar uma primeira etapa do investimento no Brasil que nos parece ser urgente. Em paralelo, acho que temos que declarar a guerra ao custo Brasil. O tema da Previdência é importante, mas ele se presta também ao populismo. A nossa posição é que esse tema precisa ser debatido. Mas tenho de fazer um preâmbulo, se não imediatamente o PT vai falar: "Eles vão arrochar os salários, vão arrochar os aposentados". Isso tudo é mentira. Mas é, assim, nós não temos medo de discutir. Na medida em que as pessoas vivem mais, você tem de pensar na idade de aposentadoria e na viabilidade atual do sistema. Outra coisa estranha são as pensões. E acho que também merece ser discutido, sem prejuízo de quem já tem o benefício. E outros temas: como um país que está com desemprego baixo tem um aumento colossal no seguro-desemprego? São ótimos temas, mas para falar deles é preciso fazer um discurso antes, senão você vai ser acusado de "assassino das velhinhas", o que obviamente não é o caso. O governo diz que está fazendo um ajuste gradual e que chegaria aos mesmos objetivos sem dor. Que ajuste? As contas fiscais estão piorando. Eles estão fazendo um desajuste gradual na área fiscal, e a inflação está em 6,5%, apesar dos preços reprimidos. Qual a credibilidade que o governo tem para dizer que vai fazer um ajuste gradual? Eu também acredito que o ajuste fiscal pode ser feito em dois anos. Eu também acredito que a meta de inflação não precisa ser reduzida da noite para o dia, mas tem que acontecer. Não é incorreto o que o governo diz, mas não corresponde ao que eles praticam. Por que a independência do Banco Central não é bandeira do PSDB? Esse é um tema antigo e polêmico dentro do PSDB. O partido sempre gostou da ideia de dar autonomia ao Banco Central, mas com algum mecanismo de proteção em relação a problemas extremos, como o Banco Central trabalhar mal. O Aécio deixou claro que vai dar a chamada autonomia operacional ao Banco Central e não está fechado discutir a lei. Olhando de fora, o atual Banco Central é autônomo? Menos do que seria desejável. Sou amigo do [presidente do BC Alexandre] Tombini, mas acho que ele vem sofrendo porque há de fato uma percepção de que ele está sob muita pressão. Para aprovar uma reforma tributária precisa construir uma maioria. Como vocês fariam? Precisa. Acho que o Aécio trabalharia isso. Com quem? Acho que com o país todo. É tal a emergência nessa área que eu acho que tanto o Congresso quanto a sociedade, os empresários em particular, iam dar muito apoio. Acho que é algo que seria muito bacana. E, se o Executivo estiver disposto a trabalhar isso dando um mínimo de garantia para os Estados, a coisa é bem viável. O que a proposta de reforma tributária de vocês tem de diferente? Correndo o risco de soar um pouco agressivo, a nossa é a única. Teve proposta [do governo] de unificar as alíquotas do ICMS. Nós estamos falando em consolidar esses impostos, acabar com a cumulatividade, simplificar as regras. Estamos bem avançados nesse trabalho. Nossa ideia é abrir a discussão. 20
Vocês ofereceriam propostas para uma reforma em um eventual governo Marina? Sim, sim, claro. Acho que qualquer coisa que nós façamos não é segredo. Você participaria de um eventual governo Marina Silva? Estou discutindo esses temas com Aécio há quase dois anos e acredito que ele é o caminho. Eu não vou. Não pretendo ir se não for com ele.
Após PIB fraco no 2º trimestre, mercado diminui projeção de crescimento no ano para 0,52% FONTE: CÉLIA FROUFE DA AGÊNCIA ESTADO 01 Setembro 2014 08h 56 Esta é a 14ª diminuição da expectativa de crescimento do relatório Focus; na sexta-feira, foi divulgado que o PIB caiu 0,6% no 2º trimestre, indicando uma recessão técnica. BRASÍLIA - Depois da divulgação da queda de 0,6% do PIB no segundo trimestre do ano, indicando que a economia está em recessão técnica, e da revisão para pior do número dos primeiros três meses do ano, analistas do mercado financeiro diminuíram, mais uma vez, as previsões para o desempenho da economia brasileira em 2014. De acordo com o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central, a mediana das estimativas passou de 0,70% para 0,52%. Há quatro semanas, a expectativa era de crescimento de 0,86%. Esta é a 14ª queda da expectativa de crescimento registrada no relatório Focus. As sucessivas quedas das estimativas para este indicador vêm chamando a atenção até da imprensa internacional. No mês passado, o site do Financial Times destacou que esse movimento contínuo era semelhante à "dança da cordinha". Para 2015, a estimativa de expansão de 1,20% também foi reduzida para 1,10%. Um mês atrás, a mediana estava em 1,50%. A expectativa para o fraco crescimento costuma ser explicada em grande parte pelas previsões negativas do mercado para o setor industrial. No boletim Focus de hoje, no entanto, os analistas deram algum alívio na projeção para o setor fabril, que deve fechar 2014negativo em 1,70% e não mais em -1,76%, como era esperado nas duas semanas anteriores. Para 2015, porém, a previsão segue em alta de 1,70% há seis semanas seguidas. Inflação. O relatório Focus revelou que a projeção para o IPCA de 2014 permaneceu em 6,27%. Já para 2015, a mediana das estimativas subiu de 6,28% para 6,29%. Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2014 no cenário de médio prazo teve uma forte mudança, passando de 6,27% para 6,34%. Para 2015, no entanto, a previsão mediana dos cinco analistas continuou em 6,48%. Quatro semanas atrás, o grupo previa taxa de 6,39% para 2014 e de 6,75% para o de 2015. Para o curto prazo, a mediana das estimativas para o IPCA de agosto seguiu em 0,23%. Já para setembro, o ponto central da pesquisa recuou de 0,40% para 0,39%. Juro. Na semana em que o Copom do Banco Central definirá o rumo da Selic, economistas consultados pela instituição na pesquisa Focus mantiveram a projeção de que a taxa encerrará 2014 em 11% ao ano, mesmo patamar atual. Para a decisão de quarta-feira, conforme as estimativas para o curto prazo, as apostas dos analistas é de que nada mudará. O boletim revelou também que, ao final de 2015, a taxa básica de juros ficará em 11,75% ao ano, e não mais em 12,00%, como apontado na semana anterior. Esta não é a primeira vez na pesquisa feita em agosto (a atual foi encerrada na última sexta-feira) que a mediana das estimativas cai para 11,75%. Isso demonstra que os analistas estão ajustando suas previsões com pente fino e que há uma divisão sobre o nível da taxa básica de juros ao fim do ano que vem.
21