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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 02 DE OUTUBRO DE 2014

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Produção industrial aumenta 0,7% pelo segundo mês seguido, nota IBGE Fonte Jornal Valor Econômico Diogo Martins 02/10/2014 às 09h 16 RIO - (Atualizada às 9h28) A produção industrial brasileira aumentou 0,7% em agosto, na comparação com julho, quando também cresceu 0,7% e interrompeu quatro meses seguidos de queda. Os dados fazem parte da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentada nesta quinta-feira. O resultado ficou acima da média de 0,1% prevista por 19 instituições financeiras e analistas consultados pelo Valor Data. O intervalo das estimativas era de queda de 0,7% a aumento de 0,7%. "O crescimento de 0,7% da atividade industrial na passagem de julho para agosto teve predomínio de índices positivos, alcançando 14 dos 24 ramos pesquisados, com destaque para o avanço de 2,4% registrado por indústrias extrativas, que apontou o sexto resultado positivo consecutivo, acumulando nesse período expansão de 7,3%", destacou o IBGE em nota. Veículos automotores, reboques e carrocerias, por sua vez, registraram baixa, de 1,5%. Ainda no confronto mensal, houve estabilidade na produção de bens de capital. A produção de bens intermediários aumentou 1,1%, enquanto a de bens de consumo duráveis diminuiu 3%. A produção de bens de consumo semi e não duráveis recuou 0,8%. Em relação a agosto de 2013, quando a indústria teve queda de 5,4%, a produção de bens de capital recuou 13,4%, a de bens intermediários caiu 3,3%, ao passo que a produção de bens de consumo duráveis apresentou baixa de 17,9% e a de bens de consumo semi e não duráveis diminuiu 3,1%. De janeiro a agosto, a produção industrial recuou 3,1%, sendo que a produção de bens de capital caiu 8,8%, a de bens intermediários cedeu 2,6%, enquanto a de bens de consumo duráveis declinou 10,3% e a dos bens de consumo semi e não duráveis ficou estável. Nos 12 meses encerrados em agosto, quando a indústria geral encolheu 1,8%, a produção de bens de capital caiu 2,4%, a de bens intermediários recuou 2%, a de bens de consumo duráveis diminuiu 6,6%, mas a de bens de consumo semi e não duráveis subiu 0,3%. Desempenho da produção industrial Fonte: IBGE período agosto 2014 / julho 2014 agosto 2014 / agosto 2013 acumulado 2014 acumulado 12 meses

taxa de variação (%) 0,7 -5,4 -3,1 -1,8

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Com Dilma no teto e Marina no piso, a Aécio restam os indecisos Fonte Jornal Valor Econômico César Felício de São Paulo 02/10/2014 às 05h 00 A presidente Dilma Rousseff (PT) está próxima ao seu teto em intenções de voto para a eleição presidencial de domingo, a ex-senadora Marina Silva (PSB) aproxima-se de seu piso e o senador Aécio Neves (PSDB) pode empatar com a adversária do PSB caso cresça entre os indecisos das regiões Sul-Sudeste, ou com maior escolaridade e renda. Segundo Márcia Cavallari, diretora do Ibope Inteligência, a possibilidade de uma vitória de Dilma no primeiro turno é muito pequena. O motivo é o movimento detectado na última pesquisa nacional do instituto, divulgada na terça-feira: Marina continua perdendo eleitores, mas com um perfil diferente dos que haviam desistido de votar na candidata nas rodadas anteriores: os novos desiludidos da candidata do PSB são de segmentos do eleitorado em que Dilma tem dificuldade de transitar e que são mais sensíveis ao tipo de discurso do PSDB. O total de indecisos atingiu 7%, o percentual mais alto no Ibope desde 25 de agosto. Aécio foi incapaz de captar este eleitorado até o momento. É um eleitor que, ou migrará para ele, ou irá anular o voto. "No momento de tomar sua decisão, este eleitor indeciso tende a rejeitar a continuidade", disse Márcia. O tucano não passa de 19% das intenções de voto há três rodadas, patamar que ainda está abaixo do que o candidato dispunha antes da entrada de Marina na corrida eleitoral. Segundo a diretora do Ibope, Dilma nunca ultrapassou na série do instituto o patamar de 40% de votos. No momento, está com 39% no Ibope. Seu percentual chegou a cair para 34%, no momento em que Marina se aproximava de seu auge nas pesquisas do instituto. "Dilma bateu no piso dela quando Marina ganhou votos no Norte e Nordeste, entre os mais pobres e menos escolarizados", disse, pontuando que os limites de crescimento de Dilma são precisos: "Ela tem um percentual de eleitores que rechaçam a possibilidade de se votar nela da ordem de 40% e um desejo de mudança do eleitorado que ainda é predominante", disse Márcia. Na primeira onda de perda de votos de Marina, Dilma capitalizou o movimento, ganhando cinco pontos percentuais entre 25 de agosto e 8 de setembro. Passou de 34% para 39%. Com leves oscilações, Dilma está estacionada nas últimas três semanas. Nas últimas semanas, Marina acentuou a queda e o eleitorado perdido se dispersou: dos quatro pontos perdidos nos últimos 15 dias, dois foram para indecisos, um para Dilma e um para outros candidatos. "Cerca de 22% dos eleitores afirmam que com certeza votarão em Marina, este é o piso dela. E ela está com 25% na última pesquisa", disse Márcia. De acordo com a pesquisadora, os três principais candidatos estão com potenciais de voto semelhantes no momento. A soma dos eleitores que dizem que votaram na reeleição de Dilma ou que poderão fazê-lo é de 55%. No caso de Marina, estes dois contingentes somam 58%. Em relação a Aécio, a soma resulta em 56%. A conclusão é que qualquer combinação no segundo turno será entre candidatos com nível de rejeição semelhantes entre si.

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Caminho sem volta Fonte Jornal Valor Econômico Carmen Nerydo Rio 30/09/2014 às 05h 00 Afinal, qual o tamanho do mercado brasileiro de computação na nuvem? Os números dos três mais conceituados institutos de pesquisa e consultorias de tecnologia divergem. Para a Frost&Sullivan, o mercado somou US$ 328,7 milhões em 2013. Para o Gartner foi US$ 1,9 bilhão. E para o IDC, US$ 318,8 milhões, com projeção para 2014 de US$ 509,6 milhões. De acordo com a Frost, o mercado cresce a uma taxa de 40% ao ano e deve chegar a US$ 1,11 bilhão em 2017. A empresa leva em conta apenas as três principais categorias e um conjunto limitado de serviços: Infraestrutura como Serviço; Software como Serviço; e Plataforma como Serviço. Os números do Gartner são os que mais destoam e um dos motivos é que o instituto leva em conta outras três categorias de serviços e, em todas as seis, considera mais itens para análise. A categoria que mais pesa na balança dos US$ 1,9 bilhão é a de Business Process as a Service (BPaaS - processo de pagamentos, de e-commerce, de finanças e contabilidade, de RH, de operações industriais e de supplychain) que gerou US$ 968,3 milhões. Outras categorias não computadas nos números da Frost e da IDC são advertising, que soma US$ 364,5 milhões e segurança (gerenciamento de operações de TI, segurança e gerenciamento de armazenamento), num total de US$ 45,9 milhões. As três destacam ainda que os dados referem-se apenas a nuvens públicas, pois não é possível contabilizar os valores das nuvens privadas e híbridas. Elas calculam que esses segmentos sejam ainda maiores. Segundo Sergio Paulo Gallindo, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a entidade utiliza os dados da Frost&Sullivan. Ele destaca que o US$ 1,11 bilhão projetados para 2017 levam em conta o cenário atual do mercado brasileiro, que tem sérias restrições de custo e competitividade. "Os datacenters brasileiros estão com alta densidade e a cloud é uma tendência forte. Se forem adotadas medidas corretivas que permitam ao Brasil tornar-se um hub global, esse valor em 2017 pode chegar a US$ 3,7 bilhões." "A transformação do modelo de negócios para uma contratação de serviços traz vantagens financeiras para os usuários, que não precisam incorrer em custos altos", afirma Bruno Tasco, analista senior de TI da Frost&Sullivan. Pietro Delai, gerente de pesquisas do IDC Brasil, cita a forte tendência das empresas de transformarem custos fixos e despesas de capital (Capex) em custos variáveis e despesas operacionais (Opex). A flexibilidade de poder aumentar ou reduzir a infraestrutura e dispor das informações em todos os lugares e a qualquer hora são outros fatores que aceleram a adoção. Já os fatores inibidores incluem, em primeiro lugar, a segurança; seguida pela conectividade, que é crucial para a computação em nuvem. E também pela falta de cultura ou insegurança dos chiefinformationofficers (CIOs), que temem perder o status de líderes de tecnologia para o de gestores de SLA (contratos de níveis de serviço). Para a indústria de TI, a computação na nuvem é irreversível. Todos definem estratégias, de fabricantes, fornecedores de software a provedores de serviços. Ainda que fabricantes como IBM, HP, EMC e Cisco adotem uma estratégia mais defensiva com ênfase maior nas nuvens híbridas e privadas, nas quais as empresas continuam adquirindo produtos. "Na verdade, eles 4


vivem uma adaptação e começam a perceber que as margens nos serviços podem ser mais vantajosas do que as de produtos", diz Tasco. Com a compra da Softlayer em junho de 2013, a IBM passou a ter também uma estratégia forte para cloud pública. José Luís Spagnuolo, chieftechnologyofficer de computação na nuvem da IBM Brasil, diz que a empresa investiu R$ 40 milhões em cloud no país. A empresa oferece consultoria, SaaS - um portfólio de 100 aplicações - além de IaaS ofertado no datacenter de Hortolândia. "Soluções que antes só eram disponíveis para grandes empresas, com a nuvem, tornaram-se acessíveis paras as pequenas", analisa. A HP oferece desde ferramentas que viabilizam a nuvem em ambientes heterogêneos, como o Hyper Visor, a soluções abertas Open Stack e IaaS. Segundo Antônio Couto, estrategista de cloud da HP, ao contrário do que se imagina, a nuvem alavanca o negócio de venda de hardware. "A virtualização e a facilidade de se habilitar máquinas aumentaram a demanda por servidores", diz Couto. Carlos Werner, gerente de desenvolvimento de negócios de datacenter da Cisco, defende que o caminho é a cloud híbrida, pois é praticamente impossível que as empresas levem todas as aplicações para a nuvem. "A cloud tem um apelo absurdo. Vendemos infraestrutura para as clouds públicas dos provedores de serviço ou para os clientes empresariais construírem suas nuvens privadas. Oferecemos ainda SaaS de soluções colaboração como Webex e HCS", diz Werner. A EMC aposta no conceito de federação reunindo a EMC (armazenamento), a VM Ware (virtualização), a RSA (segurança), e a Pivotal (Big Data). "As empresas podem atuar juntas ou separadas integrando soluções heterogêneas", diz Márcio Sanchiro, gerente de aplicações de cloud. Já a Microsoft, SAP e a Oracle entraram tão fortemente na nuvem que anunciaram a criação de datacenters em 2013. Com exceção da Microsoft, por enquanto não se trata de infraestrutura física própria, mas, sim, de aluguel de espaço de provedores. Tanto a SAP quanto a Oracle aceleraram a estratégia de cloud por meio de aquisições de empresas que já operavam na nuvem. "A criação do datacenter está amarrada à estratégia da SAP, que é de simplificação da oferta, para a qual a nuvem é um dos caminhos. O datacenter será localizado em um provedor de serviço em Barueri e estará disponível no primeiro trimestre de 2015", diz Cristina Palmaka, presidente da SAP. Na Oracle, o datacenter brasileiro é o 18º da empresa. "Faturamos US$ 1 bilhão em serviços na nuvem, e 80% são hospedados no data center dos EUA. À medida que ganharmos volume no Brasil, teremos uma infraestrutura física própria", diz Luiz Meisler, vice-presidente executivo da Oracle para a América Latina.

Uso de Big Data no agronegócio deverá crescer nos próximos anos Fonte Jornal Valor Econômico Carine Ferreira 01/10/2014 às 20h19 SÃO PAULO - As aplicações de Big Data (grandes volumes de dados) no agronegócio com o objetivo de aumentar as produtividades no campo e nos processos industriais e reduzir custos são uma maneira de o Brasil manter sua vantagem competitiva no segmento. Esta é uma das constatações de uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey&Company sobre o assunto. 5


O estudo foi feito a partir de informações públicas e entrevistas com representantes do setor agrícola no Brasil e no exterior. Foram mapeados sete desafios do segmento, entre eles, a necessidade de se aumentar o nível de inovação, melhorar produtividades e infraestrutura, e sugeridas várias aplicações. Além das práticas já feitas pela agricultura de precisão, como recomendações de melhor uso de sementes e aplicação de defensivos e fertilizantes em determinadas áreas dentro das fazendas, as aplicações de Big Data envolvem dados ainda mais detalhados e concentrados obtidos por meio de sensores que, juntamente com softwares, traduzem uma recomendação de cultivo, explica DavideCeper, sócio da McKinsey no Brasil. É como se fosse em uma escala quase microscópica de avaliação, acrescenta Nelson Ferreira, também sócio da McKinsey no Brasil. Ceper diz que o detalhamento das análises obtidas com a leitura dos dados no campo e o monitoramento dessas informações são uma “mistura superpoderosa”, o que permite uma tomada rápida de decisão por parte de produtores rurais e empresas. Atualmente, algumas empresas de máquinas agrícolas, de sementes e defensivos têm implementado parcerias e programas para que os dados captados no campo possam representar recomendações de insumos com o intuito de aumentar os rendimentos no campo. Porém, de acordo com a pesquisa da McKinsey, mais dados ainda podem ser captados por satélites e drones para dar mais precisão às análises. Além de aumentar a produtividade, o uso dos dados captados no campo podem ajudar a reduzir o desperdício de insumos e o consumo de água, por exemplo. O estudo sugere que a aplicação direta de ferramentas com base em Big Data pode representar, em cinco anos, economias de até R$ 24 bilhões, apenas nas culturas de soja, milho e trigo no Brasil. “O Brasil deveria ter um papel relevante nessa revolução. Para o Brasil conseguir manter sua vantagem competitiva no agronegócio é fundamental que o país não deixe passar esse bonde [Big Data]”, diz Nelson Ferreira. Na sua avaliação, o país pode ser ultrapassado por outras nações se não aproveitar esse tipo de tecnologia. Ferreira também estima que essas tecnologias vão crescer exponencialmente nos próximos cinco a dez anos, embora atualmente ainda sejam muito incipientes no país. Ele calcula que menos de 1% dos produtores usam o Big Data em seu potencial máximo e, cerca de 10% o utilizam em alguma aplicação.

Renúncia do presidente do BC complica crise argentina Fonte Jornal Valor Econômico Marli Olmos de Buenos Aires 02/10/2014 às 05h 00 A crise argentina sofre novos golpes a cada dia e o governo parece cada vez mais distante de encontrar soluções. O dia ontem começou confuso, sem informações precisas de como o depósito do pagamento da dívida reestruturada, feito na véspera numa instituição de Buenos Aires, chegará aos credores com títulos sob jurisdição de Nova York. E terminou com mais incertezas, com a renúncia do presidente do Banco Central. Foi principalmente por divergências com o ministro da Economia, Axel Kicillof, que Juan Carlos Fábrega apresentou sua renúncia à presidente Cristina Kirchner no fim da tarde. Fábrega é mais um presidente de Banco Central que enfrenta oposição do governo por discordar de que as reservas em moeda estrangeira sejam usadas para financiar o gasto publico.

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Alejandro Vanoli, que dirigia a Comissão Nacional de Valores (CNV), é o quinto a assumir o cargo ao longo dos 13 anos de poder de Cristina Kirchner e o marido, Néstor. "Vanoli é um soldado de Cristina", afirma o economista Aldo Abram, professor de finanças e diretor da Libertad& Progreso. O novo presidente do BC argentino destacou-se na mídia no fim do ano passado ao dizer que publicar o valor do dólar no paralelo nos jornais era como informar o preço da cocaína. Fábrega permaneceu no cargo oito meses. Nesse período, ganhou respeito dos banqueiros e empresários. Sua estratégia de política monetária, depois da desvalorização do peso em janeiro, era elogiada e indicava que o país voltaria ao mercado internacional. Mas a sentença da Justiça americana em favor de credores que ficaram fora da dívida reestruturada impediu isso. Fábrega também participou das negociações com um grupo de bancos locais, dispostos a emprestar dinheiro para que o governo negociasse com os fundos que venceram batalha na Justiça americana. Mas encontrou a resistência do ministro da Economia, Axel Kicillof. Esse não foi o único motivo do embate. O chefe de pesquisa da consultoria Ecolatina, Juan Pablo Paladino, lembra a falta de sintonia sobre a política monetária. "Fábrega não se conformava com o fato de o déficit público continuar a ser financiado com a emissão de moeda", destaca o economista. A gota d'água para a renúncia foi o discurso de Cristina Kirchner, na noite de terça-feira. Em meio às críticas ao juiz americano Thomas Griesa, que declarou a Argentina em situação de desacato à corte, ela acusou as autoridades monetárias pela falta de controle em operações especulativas com dólar. Vanoli assume o comando de um BC que enfrenta dificuldades para estancar a perda no nível de reservas, que soma hoje US$ 27,9 bilhões, quase a metade do que havia em 2010, quando Martin Redrado deixou o mesmo cargo em meio a uma polêmica com Cristina, que insistia no uso das reservas para o pagamento de dívida. A questão da dívida é outra incerteza que pesa sobre o país. O governo argentino cancelou o contrato com o Bank of New York Mellon e ofereceu uma instituição em Buenos Aires para pagar os credores da dívida reestruturada. O pagamento nos EUA foi embargado pela Justiça até que a Argentina cumpra a sentença que determina o pagamento integral a credores que rejeitaram a reestruturação da dívida após o calote de 2001. Em princípio, os credores poderiam ir para a Argentina, pegar o dinheiro e pedir a transferência para uma instituição fora do país. Mas não se sabe como isso funcionaria, já que o Bank of New York Mellon diz que ainda é o agente fiduciário. "É um caso inédito e confuso", disse Paladino, da Ecolatina. Por causa disso, o país entrou em default em julho e há poucas indicações de quando conseguirá sair.

Banco Central Europeu deixa inalteradas taxas de juros da zona do euro Fonte Jornal Valor Econômico com Associated Press02/10/2014 às 09h 01 SÃO PAULO - (Atualizada às 9h07) O Banco Central Europeu (BCE) conservou a principal taxa de juro da zona do euro em 0,05%. A taxa de depósito permaneceu negativa em 0,20% e a taxa de empréstimo marginal seguiu positiva em 0,30%.

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A decisão anunciada nesta quinta-feira veio em meio à ação da polícia para conter mais de 3 mil manifestantes em Nápoles, na Itália, onde está ocorrendo o primeiro dos dois encontros anuais fora da sede da instituição, em Frankfurt, na Alemanha. Os policiais usaram canhões de água para dispersar os manifestantes que carregavam cartazes contra as políticas de austeridade e o desemprego. Agora, os participantes dos mercados financeiros esperam ouvir do dirigente do BCE, Mario Draghi, os planos de estímulos mais agressivos para a economia frágil da região.

Com mais dias úteis, economia deve ter leve melhora no 3º tri Fonte Jornal Valor Econômico Tainara Machado de São Paulo 02/10/2014 às 05h 00 O "apagão" sofrido pela economia em junho, durante a realização da Copa do Mundo, deve ter sido parcialmente revertido ao longo do terceiro trimestre, principalmente por causa do maior número de dias úteis no período. Indicadores de atividade já divulgados sinalizam para modesto crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro, em magnitude suficiente apenas para recuperar a queda no segundo trimestre. Para economistas, como boa parte da alta se deve à base fraca de comparação, a avaliação é de que a economia segue estagnada. Já representantes de associações industriais relatam baixo nível de encomendas para as festas de fim ano e ritmo fraco de produção previsto para setembro e outubro, com alguma possibilidade de leve melhora nos últimos meses do ano, passadas as incertezas com o período eleitoral. De acordo com dados divulgados até a primeira quinzena de setembro, a LCA Consultores estima crescimento de 0,7% do PIB no terceiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais. Boa parte dessa alta, porém, pode ser explicada pela variação de dias úteis, diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA. Além dos feriados nacionais, as empresas pararam por outros dois dias em função da Copa do Mundo, afirma Borges, que considerou o consumo de energia elétrica diário no período para fazer essa estimativa. Em julho, houve um dia útil a menos por causa dos jogos do Brasil, mas a ausência de feriados levou o terceiro trimestre a ter 10,2% dias trabalhados a mais do que o trimestre anterior, comenta o economista. "Não fosse essa influência, o mais provável seria variação próxima a zero do PIB no período." Para Borges, a atividade econômica no país continua estagnada, já que a alta de 0,7% vai apenas compensar a queda de 0,6% registrada no segundo trimestre. Mariana Hauer, economista do Banco ABC Brasil, projeta avanço de 0,5% do PIB entre o segundo e o terceiro trimestres, feitos os ajustes sazonais, e também não vê mudança de tendência. "O investimento segue fraco, diante do quadro de incerteza com as eleições, e a indústria ainda sofre com estoques elevados", diz. Para Mariana, indicadores disponíveis sinalizam para recuperação da produção industrial em julho e agosto, mas o PIB do setor não deve voltar a crescer por causa da herança estatística negativa. As associações industriais também relatam baixo otimismo. Levantamento feito pela Abit, que reúne empresas do setor têxtil, mostra que 45,8% dos associados projetam que a produção 8


deve ficar estável em setembro e outubro, enquanto 36,9% esperam atividade mais baixa do que planejado. Apenas 20% disseram que estão produzindo mais do que o antecipado. "As lojas estão adiando as compras e as encomendas para o Natal ainda não começaram", diz Rafael Cervone, presidente da associação. Anteriormente, a Abit trabalhava com possibilidade de empatar com o ano passado, mas revisou a estimativa para queda de até 3% da produção neste ano. No ramo de materiais de construção, 49% dos empresários afirmam que as vendas ficaram estáveis em setembro e devem permanecer estagnadas em outubro. A pesquisa, que será divulgada hoje pela Abramat, mostra que a parcela de empresários que via melhora das vendas caiu de 37% em setembro para 31% em outubro. No mesmo sentido, o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) da Indústria, calculado pelo HSBC, mostrou retração de 50,2 pontos para 49,3 pontos. Leituras abaixo de 50 pontos indicam retração do setor. O gerente do departamento econômico da Abinee, que reúne fabricantes de material elétrico e eletrônico, Cezar Rochel, espera queda da produção em setembro, após um agosto considerado fraco, e vê piora especialmente nos segmentos ligados a investimentos industriais e no setor elétrico. "O investimento está paralisado com o clima de incerteza, a preocupação com as novidades que podem vir da política econômica, e isso está trazendo bastante desconforto ao setor industrial", diz. Passadas as eleições, o quadro pode ficar um pouco mais "animador", a depender do que for anunciado pelo ganhador. "O problema é que os ajustes necessários têm custo em termos de crescimento", diz. No atual ambiente, os setores mais ligados ao consumo de bens não duráveis têm mostrado comportamento melhor. Pouco menos da metade expedição de papel ondulado, que subiu 1,1% em agosto, vai para o setor de alimentos, explica o presidente da associação dos fabricantes, Rodrigo Panico. A expectativa do empresário é que o semestre termine com avanço de 8% da expedição em relação à primeira metade do ano. O varejo, por enquanto, dá sinais modestos de recuperação. Em setembro, a intenção de consumo das famílias subiu 0,9% em relação a agosto, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Juliana Serapio, assessora da confederação, pondera que, se somados os avanços do indicador nos últimos três meses, a alta é de apenas 1% em relação a junho e não representa recuperação do poder de compra das famílias.

IBGE: Estoques elevados levam montadoras a reduzir produção Fonte Jornal Valor Econômico Diogo Martins 02/10/2014 às 11h 00 SÃO PAULO - O setor de veículos automotores continua enfrentando problemas com estoques elevados, o que dificulta o aumento de sua produção, avaliou o gerente da indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias recuou 1,5% em agosto, após alta de 8,4% em julho, na série livre de influências sazonais. “O setor continua com estoques elevados. Sobre agosto, pesou ainda sobre o resultado a alta de julho, que elevou a base de comparação”, afirmou Macedo. Na avaliação de Macedo, por ser encadeada a outros segmentos, a redução da produção de veículos prejudica intensamente a indústria. É que o setor representa 10% da produção geral e, além disso, é grande consumidor de bens intermediários. 9


Exportações desabam e setembro tem déficit histórico Fonte Jornal Valor Econômico Rodrigo Pedroso, Lucas Marchesini e Lorenna Rodrigues de São Paulo e Brasília 02/10/2014 às 05h 00 A queda nos preços das commodities, o aumento nas importações de petróleo e a crise na Argentina levaram a balança comercial ao maior déficit para setembro desde 1998, o que colocou dúvidas sobre a possibilidade de o Brasil obter superávit no comércio exterior neste ano na avaliação de especialistas do setor. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no mês passado, o resultado da balança foi negativo em US$ 939 milhões e deixou o saldo no acumulado do ano novamente deficitário, desta vez em US$ 690 milhões. Em agosto, o resultado acumulado no ano era positivo em US$ 251,5 milhões. Em setembro, as exportações caíram 10,2% ante o mesmo mês de 2013 no critério da média diária, enquanto as importações cresceram 4%. Grande parte dessa alta ocorreu em função do aumento de 46,4% nos desembarques de petróleo e derivados. De acordo com o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Mdic, Roberto Dantas, a importação de petróleo varia de um mês para o outro e o incremento pode ser explicado por questões como programação de embarque. No lado das exportações, os principais impactos negativos vieram do aprofundamento da tendência de queda nos preços de commodities e dos problemas enfrentados pela Argentina. Das 23 commodities mais vendidas mapeadas pelo ministério, 13 apresentaram recuo nos preços em setembro ante mesmo mês de 2013: minério de ferro (30%), soja (5,6%), algodão (6,2%), milho (17,7%), açúcar refinado (8,2%), celulose (9,7%), óleos combustíveis (12,3%) e petróleo (8,5%). Como resultado, as exportações de produtos básicos recuaram 15,1%. Apenas em relação à Argentina, a queda nas exportações chegou a 39,7% por causa da retração na venda de automóveis e suas peças. O técnico do Mdic avaliou que os problemas no país vizinho responderam por 77% da redução nas vendas de produtos manufaturados em 2014, que é de 7,1% no acumulado do ano no critério da média por dia útil. Por outro lado, os embargos russos para carnes europeias levaram a aumento de 70% das exportações de proteína animal brasileira para o país em setembro ante mesmo mês de 2013. Nenhum desses fatores, no entanto, fez o governo mudar sua previsão, de saldo "pequeno, mas positivo" no ano. "Acredito que nos próximos meses vai ter um certo arrefecimento de importação, não tem uma demanda forte neste momento", disse Dantas. Analistas, no entanto, observam nos fatores que jogaram para baixo o resultado de setembro um sinal de aumento da possibilidade de a balança registrar déficit. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), chama atenção para o fato de o país ter exportado neste ano 44,6 milhões de toneladas de soja, recorde histórico. "Mas isso mostra que não deve vir mais soja neste ano, enquanto existem mais US$ 2,3 bilhões obtidos com o grão no fim do ano passado. Isso e a queda do preço do minério preocupam. As exportações totais podem fechar o ano com recuo de 6%", afirmou. A venda de commodities por um preço menor, ainda segundo ele, é fruto de um excesso de oferta no mercado internacional. "Houve supersafra de milho e soja no Brasil, Argentina e Estados Unidos, que também tiveram recorde de exportação de petróleo. O problema não é de demanda", disse. 10


A causa secundária do desempenho negativo do comércio exterior neste ano, na visão de Rodrigo Branco, economista e pesquisador da Uerj, é a desaceleração da economia brasileira, que está promovendo uma ajuste nas contas externas, inclusive a comercial. "Sem dúvida nenhuma é uma resposta ao ajuste interno. Na redução das exportações há o efeito de uma indústria mais fragilizada e que vende menos manufatura. O recuo da importação responde a produção mais fraca e desaceleração do consumo", afirmou Branco. Mesmo com déficit de US$ 2,2 bilhões em setembro, a conta petróleo pode causar uma reversão do saldo negativo da balança até o fim do ano. De janeiro a setembro de 2013, a conta ficou deficitária em US$ 19, bilhões. Agora, o rombo caiu para US$ 15,2 bilhões. "Isso se deve ao aumento das exportações de petróleo. Se houver alguma ajuda, será via petróleo", disse Castro.

Com real fraco, defasagem da gasolina sobe em setembro Fonte Jornal Valor Econômico Flavia Lima de São Paulo 02/10/2014 às 05h 00 Puxada pela desvalorização do real ante o dólar, a defasagem dos preços internos da gasolina frente ao mercado internacional subiu significativamente ao longo de setembro. Nas contas da equipe de pesquisa de América Latina para os setores de óleo e gás do CreditSuisseInvestment Banking, essa diferença aumentou para 21% no fim de setembro. No início do mês, a defasagem era de 10%. Já a Tendências Consultoria avalia que a defasagem chegou a 28%. A consultoria leva em conta, no entanto, a média dos preços do mês. No caso do diesel, diz a equipe do CreditSuisse, a defasagem avançou para 10%, ante uma diferença de 7% entre preços apresentada no início de setembro. Para a Tendências, essa é diferença é menor, de 6,9% na média do mês. Em relatório enviado a clientes, a equipe do CreditSuisseInvestment Banking, aponta a depreciação do real como a maior responsável pelo aumento significativo da defasagem nas últimas semanas, compensando os efeitos do recuo dos preços do petróleo no mercado internacional. A equipe calcula ainda que a cada 10% de desvalorização do real o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Petrobras é reduzido em US$ 5 bilhões ao ano - ou o equivalente a uma queda de 16%. Alessandra Ribeiro, economista da Tendências, descarta um reajuste dos preços da gasolina ainda neste ano. Para ela, no caso de continuidade do governo atual, não haveria esse espaço, pois a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerraria o ano acima do teto da meta, de 6,5%. Em 12 meses, até agosto, o IPCA sobe 6,51%. Da mesma forma, ainda que a oposição fosse eleita, diz ela, faltaria incentivo ao governo atual para antecipar uma parte do ajuste, que, de qualquer forma, aceleraria preços já sob pressão. Na visão de boa parte do mercado, a economia perdeu mais com a política de controle de preços dos combustíveis do que se os reajustes tivessem sido dados nos momentos oportunos. Da parte do governo, o temor com relação à inflação barrou a recomposição de preços e afetou a Petrobras. O setor de álcool também foi duramente atingido, ao ter que lidar com a gasolina subsidiada. Em 2013, na conta de especialistas, a defasagem de preço da gasolina doméstica chegou a dezembro perto de 24%, já incorporados reajustes dados ao longo do período. Se ela fosse corrigida, a inflação teria fechado o ano acima de 6,5%, e não em 5,9%. Naquele ano, a União deixou de arrecadar mais R$ 11,5 bilhões por ter reduzido a zero a alíquota da Cide.

Oposição 'acolhe' propostas do setor do petróleo Fonte Jornal Valor Econômico André Ramalho e Rodrigo Polito do Rio 02/10/2014 às 05h00 11


Às vésperas da eleição para a Presidência da República, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) decidiu cobrar publicamente mudanças nas regras do mercado e lançar uma agenda prioritária para a indústria, em uma demonstração do descontentamento do setor petrolífero com a situação atual. A propostas enfrentam resistência dentro do governo, mas encontram ressonância nos discursos dos candidatos de oposição - Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB). Um calendário de leilões de blocos exploratórios, dando previsibilidade às petroleiras, a revisão da política de conteúdo local e do marco regulatório do pré-sal e a correção dos preços dos combustíveis no mercado interno praticados pela Petrobras são apenas alguns dos pleitos ignorados pelo programa de Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, mas reforçados pelos opositores. A criação de um calendário de leilões, por exemplo, é uma das principais propostas de Aécio. No governo, contudo, o pleito está descartado. Durante a RioOil&Gas, maior evento do setor na América Latina, no mês passado, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Almeida, disse que a continuidade dos leilões é um dos objetivos do governo, mas que a pasta não quer assumir um compromisso de rodadas sem ter a garantia de áreas interessantes a ofertar. A disposição política do ministério será testada em dezembro, quando está prevista a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para discutir as áreas exploratórias propostas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a 13ª Rodada de Licitações. Se o CNPE aprovar os blocos no fim do ano, o leilão poderá ser realizado em maio de 2015, segundo a diretora-geral da autarquia, Magda Chambriard. O objetivo do governo é fazer o leilão no primeiro semestre de 2015. O governo federal também tem se mostrado avesso aos pedidos de revisão do marco regulatório do pré-sal, que concede à Petrobras a operação exclusiva das áreas sob o regime de partilha da produção. "O governo brasileiro apoia a Petrobras irrestritamente nesse sentido (operação única)", diz o secretário de Petróleo. O fim da operação única da estatal no pré-sal é uma bandeira defendida pelo IBP e tema de campanha do senador tucano. Aécio propõe o respeito aos contratos assinados sob regime de partilha, mas já manifestou interesse em abrir a discussão em torno das atuais regras do présal. "O que me preocupa em relação à partilha é a capacidade da Petrobras de fazer no tempo adequado o volume de investimentos que está demandada a fazer, que é obrigada a fazer, participando com pelo menos 30% de cada área. Essa é uma preocupação que eu tenho. Quero fazer essa discussão sem preconceitos ideológicos, com os especialistas", disse Aécio, na semana passada, em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo. O consultor e ex-diretor da ANP David Zylbersztajn também é favorável à revisão da regra que obriga a Petrobras a ser operadora única das áreas licitadas no modelo de partilha. "A Petrobras é uma empresa hiperqualificada, mas, como qualquer empresa, tem limites. A exploração no pré-sal está balizada pela capacidade da Petrobras. Se a Petrobras fica limitada, o setor fica limitado", disse o especialista. A continuidade da atual política é o tom das propostas de governo apresentadas pela presidente Dilma ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que evitam falar em mudanças para um novo mandato e se limitam a enaltecer os avanços do setor petrolífero ao longo dos 12 anos de governo PT. O documento não traz novas propostas e destaca o aumento de 50% da 12


produção de petróleo entre 2002 e 2013, atualmente da ordem de 2,2 milhões de barris diários, e os avanços no pré-sal, onde o volume produzido já superou os 500 mil barris diários. A candidatura de Dilma também comemora os resultados do primeiro leilão do pré-sal, que ofertou o campo gigante de Libra, na Bacia de Santos, que possui volume de petróleo recuperável estimado entre 8 e 12 bilhões de barris. E também ressalta a recuperação da indústria naval. A estimativa do governo é que até 2017 os estaleiros brasileiros empreguem 100 mil trabalhadores, cerca de 20 mil a mais que os números atuais. "Essa recuperação é fruto das grandes encomendas da Petrobras com exigência de conteúdo nacional, e da disponibilidade de financiamento pelo Fundo de Marinha Mercante, que cresceu 784%, em termos reais, entre 2002 e 2013", defende o governo, no documento enviado ao TSE. A revisão da política de conteúdo local pleiteada pelas petroleiras, sob o argumento de que a indústria brasileira está sobrecontratada, também faz parte do programa de governo de Marina. "Outra indispensável ação da política industrial será a revisão em profundidade de todos os programas atuais que demandem incentivos e proteção, incluindo os casos em que é aplicada a política de 'conteúdo nacional'. (...) Nunca é demais enfatizar que as políticas de proteção e de conteúdo local só são efetivas enquanto constituírem casos especiais, e não a regra da política industrial", diz documento divulgado pela candidata do PSB. O posicionamento de Marina, no entanto, é ambíguo. Em setembro, após receber críticas de Dilma, a ex-senadora voltou atrás e chegou a defender a manutenção das regras de conteúdo local como estratégica para que se tenha uma melhor qualidade do desempenho das empresas brasileiras do setor. Responsável pela adoção de metas de conteúdo local nos leilões da ANP, Zylbersztajn também avalia ser necessário rever a política de nacionalização de equipamentos. "O [conteúdo] mínimo tem que ser bem calibrado. A indústria manufatureira local tem que acompanhar o ritmo da indústria do petróleo. E não o contrário", disse. Se Marina reviu sua posição com relação ao conteúdo local, ela é clara quando se trata do equilíbrio dos preços dos combustíveis praticados no mercado interno, em relação aos valores pagos para importar gasolina e diesel. Para a ex-senadora, subsídios como esses "reduzem a eficiência na alocação de recursos e comprometem o crescimento econômico". "Assim, equilibraremos os preços praticados por estatais para refletir custos e condições de mercado", afirma a candidata em seu programa. Aécio também promete que, em um eventual governo seu, as regras para reajustes de preços de combustíveis, energia elétrica e transportes terão "regras claras". A defasagem dos preços dos combustíveis também é tratada pelo atual governo. O vicepresidente da República e candidato à reeleição, Michel Temer (PMDB), afirmou, em setembro, que um eventual novo governo de Dilma vai aprimorar o modelo de aplicação de reajustes de preços dos combustíveis da Petrobras. De acordo com levantamento do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) a defasagem entre o preço da gasolina nas refinarias nacionais e o preços internacionais do combustível está em 19,8%. Com relação ao preço do diesel, a defasagem é de 10,7%.

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Segundo o presidente do IBP, João Carlos de Luca, a Petrobras já perdeu de R$ 60 bilhões a R$ 80 bilhões em receita nos últimos anos com a defasagem de preços dos combustíveis que vende no país, frente ao valor praticado no mercado internacional. Entre outras propostas para o setor, Aécio defende o estimulo à formação de parcerias entre Petrobras e empresas privadas que permitam o acesso de novos "players" do setor aos gasodutos, plantas de regaseificação e unidades de tratamento de gás. Já Marina, acusada durante a campanha de querer reduzir os investimentos no pré-sal, negou as especulações. A candidata defende, em seu programa, a redução gradual do consumo de combustíveis fósseis, mas reforçou seu compromisso em investir numa produção responsável. No seu programa, consta a intenção de instituir um grupo de especialistas para discutir a fundo a tecnologia de segurança utilizada no pré-sal e a que será adotada para exploração do gás não convencional no país, para que a sociedade tenha maior clareza em relação aos riscos envolvidos.

Contas públicas em ritmo de deterioração acentuada Fonte Jornal Valor Econômico02/10/2014 às 05h 00 Os resultados das contas públicas apresentam um processo seguro e agora rápido de deterioração. O desempenho fiscal de agosto foi tenebroso. O déficit primário de R$ 14,46 bilhões do setor público não financeiro em agosto completa uma sequência inédita de quatro números negativos, algo que não se viu na série do Banco Central iniciada em 2001. A distância entre a meta de superávit primário para o ano - 1,55% do PIB, ou R$ 80,8 bilhões - e a obtida até agosto é enorme. O superávit primário acumulado no ano pelo governo central (exclui Estados e municípios) foi de R$ 4,675 bilhões, o menor desde 1997 para o período. Nos três meses restantes o governo terá de realizar uma economia que não fez em oito meses, algo como R$ 19 bilhões mensais. Sem nunca ter se comprometido firmemente com uma meta fiscal, o governo dá sinais de que pode ampliar os abatimentos que lhe permitem ficar dentro dela. A meta poderá cair até R$ 49 bilhões. De tanto utilizar expedientes criativos, a dívida líquida em relação ao PIB deixou de ser tida como o parâmetro confiável de desempenho fiscal e a dívida bruta passou a ser olhada com atenção. Os dois indicadores pioraram sensivelmente. No caso da dívida líquida do setor público não financeiro, ela saiu de 33,6% do PIB em dezembro de 2013 para 35,98% em agosto, uma piora de 2,3% do PIB. No caso da dívida bruta do governo geral, que inclui Estados e municípios, cruzou a fronteira dos R$ 3 trilhões e chegou a 60,5% do PIB. Em dezembro do ano passado, era de 56,7% do PIB, ou R$ 2,7 trilhões. Com as despesas correndo o dobro do ritmo das receitas no ano (12,6% e 6,4%, respectivamente), não é nenhuma surpresa que o superávit primário tenha diminuído e o resultado nominal, usado como padrão pelos países desenvolvidos, se agravado. Embora tenha pago no ano até agosto pouco mais de R$ 2 bilhões na conta de juros em relação ao mesmo período de 2013, o déficit nominal saltou de 3,47% do PIB para 4,62% agora. Os meios à disposição do governo para chegar à meta fiscal escassearam e ela dificilmente será atingida. Dividendos, Refis e concessões renderam quase R$ 26 bilhões no ano. O Tesouro estima que ainda poderá receber, incluindo dinheiro do Fundo Soberano (R$ 3,5 bilhões), mais R$ 32,7 bilhões. É insuficiente. Na verdade, o governo central não está fazendo nenhum esforço relevante em ano eleitoral para conter gastos, como é a tradição. Do superávit do ano, ele contribuiu com apenas R$ 1,524 bilhão, para uma meta de R$ 80,8 bilhões, enquanto os governos regionais fizeram R$ 9,121 bilhões, para uma meta de R$ 18,2 bilhões. 14


As contas públicas deixaram de ser transparentes, o que permite o surgimento de várias suposições, corretas ou equivocadas. O Tesouro nega, por exemplo que tenha retido repasses de seguro desemprego e abono salarial à Caixa - uma das várias rubricas usadas para ajustar despesas no calendário, batizada de "pedalada" - assim como nega agora que o súbito crescimento de 39,4% em suas despesas em agosto tenha a ver com a regularização desses pagamentos, que subiram 117% no mês. Não só a meta de superávit não será mais uma vez cumprida, como o superávit propriamente dito pode já ter virado déficit. O economista Mansueto Almeida aponta que se despesas postergadas, pagamentos de subsídios, passeio de títulos públicos para o caixa do BNDES que voltam na forma de dividendos e outros expedientes forem colocados na ponta do lápis, o governo teve um déficit primário de R$ 14,4 bilhões, ou 0,3% do PIB (Valor, 1 de outubro). Com superávit em declínio ou déficits que não se viam desde a década de 90, os índices de endividamento estão crescendo, o que indica viés de alta para a taxa de juros ou, de outro modo, menor espaço para quedas no futuro. A continuidade de resultados ruins, se a política não mudar, poderá levar o país a perder o grau de investimento, também elevando o custo das captações externas de empresas e da União. O déficit nominal brasileiro (4,62% do PIB no ano) já é um dos mais altos do mundo. Ele está na lista dos nove maiores na comparação com resultados de 58 países, com base nos dados publicados pela revista "Economist". Seu desempenho só fica abaixo do da Espanha, Irlanda, Portugal, Japão, Índia, Egito, Paquistão e Vietnã. E tem juros mais altos que todos eles.

Remunerar pela produtividade Fonte Jornal Valor Econômico Laura Tyson 02/10/2014 às 05h 00 Uma das tendências econômicas definidoras - e desanimadoras - nos EUA nos últimos 40 anos tem sido a estagnação dos salários reais da maioria dos trabalhadores. De acordo com recente relatório do Censo americano, o trabalhador mediano do sexo masculino em tempo integral ganhou US$ 50,033 mil em 2013, um número que mal se distingue do valor comparável (ajustado pela inflação) de US$ 49,678 mil em 1973. Tendo em vista que a maioria dos agregados familiares obtêm a maior parte de sua renda de seu trabalho, a ausência de crescimento real dos salários é o principal fator por trás da estagnação da renda familiar. A renda familiar média das famílias que compõem a faixa dos 90% inferiores na distribuição de renda permaneceu estável desde 1980. A renda familiar real do agregado familiar médio em 2013 ficou 8% abaixo de seu nível em 2007 e cerca de 9% abaixo do pico em 1999. A estagnação dos salários da classe média e das rendas das famílias é um dos principais fatores por trás de lenta recuperação da economia americana e uma séria ameaça ao crescimento de longo prazo e à competitividade. O consumo domiciliar responde por mais de dois terços da demanda agregada, e o crescimento do consumo depende do crescimento de renda dos 90% na base da pirâmide. Dois experts em competitividade, Michael Porter e Jan Rivkin, da Harvard Business School, advertiram recentemente que a estagnação das rendas da classe média prejudicam as empresas americanas de várias maneiras. "As empresas não podem prosperar por muito tempo enquanto suas comunidades permanecem estagnadas", advertiram eles. A menos que o empresariado faça sua parte, "as empresas americanas continuarão sofrendo as consequências de uma força de trabalho inadequada, de uma população de consumidores destituídos de poder de compra e de grandes blocos de eleitores antiempresariado".

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Porter e Rivkin não estão exortando as empresas simplesmente a pagar mais a seus trabalhadores. Estão exortando-as a envolverem-se numa iniciativa "estratégica, colaborativa", para melhorar a educação e o treinamento e elevar os níveis de qualificação dos seus trabalhadores. Mas, Porter e Rivkin descobriram em sua pesquisa, as empresas frequentemente desestimulam investimentos em qualificação devido a sua relutância em contratar trabalhadores em tempo integral. Há também uma implicação perturbadora na pesquisa de Porter e Rivkin: a de que os próprios trabalhadores e as escolas americanas são os culpados pela estagnação salarial. Se ao menos os trabalhadores não fossem tão despreparados em matemática e ciência, tão mal equipados para enfrentar o mundo moderno e tão improdutivos, eles teriam rendas mais elevadas. A realidade é diferente. A produtividade nos EUA vem crescendo a um ritmo respeitável há duas décadas. O problema é que os ganhos de produtividade não se traduziram em aumentos salariais proporcionais para o trabalhador típico ou em crescimento da renda para a família típica. De acordo com a teoria econômica predominante, os salários reais deveriam acompanhar a produtividade. Como documentou Lawrence Mishel, do EconomicPolicyInstitute, isso aconteceu desde 1948 até em torno de 1973. A partir de então, o salário real do trabalhador típico estabilizou-se e a produtividade continuou a crescer. Mishel calcula que a produtividade aumentou 80,4% no período de 1948 a 2011, enquanto a mediana dos salários reais subiu apenas 39%. De 1979 a 2012, o salário mediano real aumentou apenas 5%. Mas os salários reais subiram 154% para o contingente do 1% superior dos assalariados e 39% para os 5% superiores, ao passo que os salários reais do vigésimo percentil inferior de trabalhadores na distribuição estagnaram, e caíram para o décimo percentil inferior. De fato, a desigualdade na remuneração dos trabalhadores tem sido a maior causa da crescente desigualdade de renda, exceto no topo da distribuição de renda, onde os rendimentos do capital têm sido maiores. Enquanto isso, os lucros das empresas cresceram. A participação nos lucros das empresas no PIB (após a dedução dos impostos) está em nível recorde, ao passo que a remuneração do trabalho caiu para seu mínimo desde 1950. Forte crescimento da produtividade é um importante objetivo de política econômica. Mas não é suficiente para elevar os salários da maioria dos trabalhadores ou a renda da maioria das famílias. Voltar a correlacionar os ganhos de produtividade e os aumentos salariais exige tanto medidas de política econômica - tais como um aumento do salário mínimo vinculado ao crescimento da produtividade -, e mudanças nas práticas de recursos humanos das empresas, como a implementação de programas mais amplos de participação nos lucros. Cerca de 20 anos atrás, Alan Blinder, da Universidade de Princeton, instou diversos economistas, inclusive eu, a examinar estudos existentes sobre a relação entre participação nos lucros e produtividade. A esmagadora maioria dos estudos encontrou uma forte efeito positivo. "SharedCapitalismatWork" (capitalismo compartilhado em ação), recente livro editado por Douglas Kruse, Richard Freeman e Joseph Blasi, confirma essa conclusão com evidências mais recentes. Várias formas de participação nos lucros - como distribuição de opções (de compra e venda) de ações e ações condicionadas, gratificações baseadas em lucros anuais e planos de criação de carteiras de ações para funcionários - têm crescido como parte da remuneração do trabalho desde 1960. Mas a maioria dos trabalhadores não são cobertos por esses planos, e os maiores 16


beneficiários foram os CEOs e a alta gerência das empresas, uma fração significativa de cuja remuneração está vinculada à produtividade, conforme refletida nos lucros e no desempenho das ações. Esses esquemas de incentivos via remuneração têm impulsionado aumentos desproporcionais na remuneração do 1% no topo da distribuição salarial. Os padrões de vida e a competitividade econômica de longo prazo dos EUA dependem não apenas do crescimento da produtividade, mas também de como esse crescimento é compartilhado. Um compartilhamento mais equitativo dos lucros com os trabalhadores americanos e suas famílias em muito contribuiria para enfrentar a preocupante estagnação dos salários e da renda da classe média em décadas recentes. (Tradução de Sergio Blum) Laura Tyson, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente dos EUA, é professora na Haas Schoolof Business, na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Copyright: Project Syndicate, 2014.www.project-syndicate.org

Uma abordagem pragmática sobre riscos socioambientais Fonte Jornal Valor Econômico Roberto Dumas 02/10/2014 às 05h00 Consenso entre autoridades, economistas, empresariado e sociedade no Brasil, o investimento privado em infraestrutura se desenha como a aposta chave na retomada do crescimento do país. A necessidade de grandes projetos perpassa pelos mais diversos segmentos, como logística, saneamento, mobilidade urbana, óleo e gás, o que inclui portos, plataformas, aeroportos, rodovias e ferrovias. Para viabilização desses projetos, algo que demandaria em torno de R$ 922 bilhões nos próximos cinco anos (segundo dados auferidos por levantamento do próprio Itaú BBA), é necessário ir além de uma análise financeira simplista levando em consideração apenas aspectos comumente utilizados em avaliações desse tipo. Tornou-se imperioso que análises de viabilidade financeira em seu aspecto mais amplo incorporem aspectos socioambientais, que de alguma maneira garantam a perenidade do fluxo de caixa do projeto, do acionista e, consequentemente, a fonte de receita do financiador. Poder-se-ia apostar na simples observância do cumprimento da lei baseado nas licenças relevantes aos projetos, mas em uma nova economia a importância das demandas tecnicamente justas de diversas partes interessadas (do inglês, stakeholders), que vai além das licenças, torna-se necessário que a avaliação da viabilidade de projetos dessa envergadura seja mais abrangente e complexa. É em grande parte nesse contexto que ganha relevância a resolução nº 4.327 do Banco Central, que determina a implantação de uma Política de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) pelas instituições financeiras. Publicada em abril de 2014, a resolução representa um grande marco para o sistema financeiro brasileiro no que tange à adoção de uma análise de crédito mais completa, que incorpora as variáveis social e ambiental. Ao englobar essas variáveis no processo de análise de crédito, as instituições financeiras conseguem identificar, avaliar, mitigar e monitorar ameaças à perenidade do fluxo de caixa dos grandes projetos, o que se traduz em menor risco de crédito para os financiadores. Os benefícios são claros e contemplam os diversos públicos envolvidos. Do lado do empreendedor, a gestão dessas variáveis minimiza imprevistos e a probabilidade de interrupção e/ou atraso no andamento do projeto. Do lado da instituição financeira, o ciclo virtuoso se completa na medida em que carteiras de créditos mais sólidas suscitam uma melhor avaliação de agências de ratings e, portanto, acesso a melhores linhas de financiamento. Soma-se a isso a construção e preservação da reputação e imagem que uma 17


instituição financeira logra atingir ao incorporar em suas decisões de créditos variáveis que anteriormente eram negligenciadas em grande parte pelo setor financeiro. A construção de projetos estruturantes exemplifica a importância das variáveis ambientais e sociais no seu desenvolvimento e, consequentemente, no seu financiamento. Projetos desse porte frequentemente podem experimentar cronogramas comprometidos devido a paralisações causadas por greves, decisões judiciais e protestos de trabalhadores, população indígena e outros grupos sociais impactados, entre outras adversidades. Situações essas que podem ser previstas e, muitas vezes, evitadas por meio da prévia identificação de impactos e adoção de medidas mitigadoras. Não se trata aqui de negar empreendimentos que a priori demonstram impactos socioambientais relevantes, mas tratálos por meio de um trabalho conjunto com o cliente de identificação e diminuição de riscos posicionando o projeto em um quadrante de risco aceitável para todos os stakeholders. Não nos enganemos. Não se trata de nenhum modismo xiita para convencer audiências comovidas, mas uma completa modificação dos mecanismos aplicados na avaliação de projetos de investimento, melhorando a qualidade da análise ao incorporar variáveis cruciais para garantir sua sustentabilidade, inclusive financeira. A efetividade deste tipo de análise passa necessariamente pela inclusão de requisitos socioambientais no próprio contrato de financiamento, por meio dos quais a liberação de recursos fica atrelada à adoção, pela empresa solicitante, de robusta estrutura de governança corporativa voltada exclusivamente à gestão de aspectos socioambientais e admissão de medidas que minimizem impactos previamente identificados. Alguns compromissos voluntários, como os Princípios do Equador, que representam um conjunto de diretrizes internacionais para determinar, avaliar e gerenciar o risco socioambiental atrelado ao financiamento de um projeto, têm sido utilizados largamente por pelo menos 70% do sistema financeiro brasileiro (em termos de total de ativos). Tal fato tem contribuído e muito para mudar a forma com que os clientes encaram essa nova postura dos bancos. Há de se louvar o ímpeto e o pioneirismo que o Brasil, entre os países de mercados emergentes, tem desempenhado neste sentido. Muito ainda há por se fazer, mas é sempre melhor "subir a régua" consistentemente respeitando os princípios de relevância e proporcionalidade do que tentar sucumbir a pressões emocionadas e não pragmáticas que apenas atrasam a construção de uma agenda consistente entre a sociedade civil, instituições financeiras, governo e reguladores. O Banco Central, por meio da Resolução 4.327, passa a ser um de vários stakeholders, entre ONGs, agências multilaterais, mídia, comunidade local, entre outros, que vem justamente agregar na busca contínua pela solidez do sistema financeiro. A resolução, além de proporcionar a sofisticação da discussão do risco socioambiental no setor financeiro, contribui para a criação de um cenário com exigências mínimas para todos os bancos, originando assim um contexto de competição mais justa. Roberto Dumas Damas dirige a Área de Avaliação de Risco Socioambiental do Itaú BBA.

A globalização 2.0 e o Brasil Fonte Jornal Valor Econômico Jorge Arbache02/10/2014 às 05h 00

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O início desta década foi palco de dois fatos simbólicos dos ventos que soprarão ao longo do século. O primeiro foi a política do presidente Barack Obama para incluir os cientistas e os laboratórios públicos de P&D no esforço nacional de aumento da competitividade 1. Combinado com iniciativas bipartidárias, como o AmericaInnovatesAct, esta medida acelerará a produção, transferência e comercialização de tecnologias destinadas às empresas privadas americanas. O segundo fato foi o início das rodadas formais de negociações do Trans-PacificPartnership (TPP). O TPP foi o primeiro e mais ambicioso mega-acordo preferencial levado à mesa. Reúne países do Pacífico, como Estados Unidos, Japão, Canadá, Austrália, México, Malásia e outros, cujo PIB agregado é da ordem de US$ 28 trilhões, ou 40% do PIB global, e que respondem por cerca de 30% do comércio mundial. O que estes dois fatos aparentemente isolados têm em comum? Tudo, pois são manifestações do estágio muito mais avançado do desenvolvimento e da integração dos mercados mundiais em torno das cadeias globais de valor. De fato, a mobilização, em tempos de paz, de recursos tão extraordinários como os laboratórios de vanguarda da Nasa, Departamento de Energia e do Instituto Nacional de Saúde (NIH) para elevar a competitividade das empresas é reveladora do status estratégico conferido às cadeias globais de valor como instrumento para a consolidação da liderança americana na economia mundial. Já o TPP, e, mais recentemente, o Transatlantic Trade andInvestmentPartnership (TIPP), envolvendo os Estados Unidos e a União Europeia, buscam estabelecer marcos regulatórios mais abrangentes, sistêmicos e previsíveis para atender às necessidades atuais e futuras das cadeias globais de valor. Disciplinas como serviços, investimentos, competição, harmonização de padrões e regras e propriedade intelectual são, por isto, partes integrantes da agenda central dos mega-acordos. Soluções plurilaterais como o TPP e TIPP resultam, ao menos em parte, da estagnação da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio, e da percepção, especialmente por parte dos países desenvolvidos, de que a agenda tradicional de comércio já não mais é suficiente para dar conta dos desafios das relações econômicas internacionais. Como os mega-acordos ainda estão em discussão, é difícil a esta altura prever todos os seus resultados e implicações. Mas dentre as suas consequências mais previsíveis estão a fragmentação da estrutura regulatória e o paulatino abandono dos princípios multilaterais que regulam as relações econômicas. Por isto, parece-nos razoável arriscar que países em desenvolvimento que ficarem de fora se verão em situação desfavorável em termos de acesso a mercados, investimentos e tecnologias. É também provável que percam poder de barganha negocial junto aos países desenvolvidos. A abrangência buscada por aqueles acordos e a influência que eventualmente terão sobre o padrão de crescimento econômico lhes dará caráter estratégico. Em contraste com a globalização 1.0 associada às políticas de liberalização comercial e terceirização da produção para países de mão de obra barata, a globalização 2.0 está associada ao nexo entre comércio, investimentos, serviços, tecnologia e propriedade intelectual, e a um novo padrão de competição e de participação na economia global fortemente baseado no conhecimento, na coordenação e nas externalidades das redes de produção. Se, por um lado, a participação em mega-acordos contribuirá para que países em desenvolvimento façam parte de cadeias globais de valor, por outro lado, é provável que aquela participação afete os seus graus de liberdade para fazer políticas de desenvolvimento 19


industrial, comercial e tecnológico. Desta forma, há uma tensão entre os benefícios do engajamento e os custos de se ficar de fora. E o Brasil? Estamos pouco integrados às cadeias globais de valor e a nossa participação está concentrada nas vendas de commodities, o que se deve à baixa competitividade industrial, modesta atenção a acordos de livre comércio e à inexistência de uma estratégia coerente e realista para os padrões de relações econômicas dos tempos de globalização 2.0. Para não ficar alienado das decisões e das oportunidades de crescimento econômico subjacentes às cadeias globais de valor, o Brasil se encontra, a esta altura, na complicada situação de ter que, simultaneamente, aumentar o engajamento à economia mundial por meio da celebração de acordos preferenciais, e de se apressar para elevar a densidade industrial, de forma a poder almejar melhor destino junto às cadeias globais de valor. Logo, teremos que endereçar, ao mesmo tempo, agendas tão complexas como os vínculos com o Mercosul, serviços, investimentos e propriedade intelectual, bem como as agendas de custos e de conhecimento. Os desafios são grandes. Mas contam a nosso favor, de um lado, fatores como o tamanho dos mercados interno e regional, o potencial de integração econômica regional, o estágio relativamente avançado de desenvolvimento industrial, o sistema nacional de inovação, o enorme potencial de industrialização das vantagens comparativas e competitivas e a nossa condição praticamente única na região para sediar grandes investimentos de cadeias globais de valor. De outro lado, é preciso usar as crescentes relações econômicas entre países emergentes para contrabalançar nosso poder negocial junto a países desenvolvidos sem, contudo, perder de vista que a relação Brasil-China ainda se assemelha a uma típica relação Norte-Sul. Se e como aqueles fatores contribuirão, de fato, para melhorar a nossa inserção internacional dependerá do pragmatismo da estratégia que nos guiará, da capacidade de coordenação e implementação de políticas públicas setoriais, da coordenação entre os setores público e privado e de muito senso de urgência. 1-http://www.whitehouse.gov/the-press-office/2011/10/28/presidential-memorandumaccelerating-technology-transfer-and-commercialiJorge Arbache é professor de economia da UnB. jarbache@gmail.com

Empreiteira deu US$ 23 mi, diz ex-diretor da Petrobras Fonte Folha de são PauloMARIO CESAR CARVALHO de SÃO PAULO 02/10/2014 às 02h 00 O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa apontou a Odebrecht como a empreiteira responsável pelo pagamento de US$ 23 milhões, o equivalente a R$ 57 milhões, que ele recebeu na Suíça entre 2010 e 2011, segundo quatro pessoas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato ouvidas pela Folha. Na época dos depósitos, Costa era diretor de abastecimento da Petrobras e responsável pela obra mais cara da estatal, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O custo final do empreendimento deve passar de R$ 45 bilhões. Em consórcio com a OAS, a Odebrecht ganhou o terceiro maior contrato das obras de Abreu e Lima, de R$ 1,48 bilhão, em valores de 2010. A OAS é acusada pelos procuradores de ter usado sua subsidiária na África para enviar US$ 4,8 milhões para uma conta do doleiro Alberto Youssef, preso desde março. O doleiro e Costa são réus sob acusação de integrarem uma quadrilha acusada de desvios de recursos públicos, pagamento de suborno a políticos e lavagem de dinheiro. A Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento para o ex-dirigente da Petrobras. 20


Auditoria do Tribunal de Contas da União divulgada no último dia 24 aponta que Camargo Corrêa, Odebrecht e OAS superfaturaram seus contratos na obra de Abreu e Lima em R$ 367,9 milhões. A Camargo Corrêa obteve o maior contrato da refinaria, de R$ 3,4 bilhões. As empreiteiras negam que tenha havido sobrepreço nos contratos e contestam critérios usados pelo TCU em suas análises. Paulo Roberto Costa apontou a Odebrecht num dos depoimentos que prestou após o acordo de delação premiada que fez com o Ministério Público Federal em agosto. Ele se comprometeu a contar o que sabe na tentativa de obter uma pena menor na Justiça. O executivo foi libertado nesta quarta (1º), mas continuará em prisão domiciliar. OUTRO LADO Em nota enviada à Folha, a empreiteira afirma: "A Odebrecht nega veementemente ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer diretor ou ex-diretor da Petrobras. A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas". Prossegue a nota: "A empresa repudia a divulgação, pela Folha de S.Paulo, de notícia totalmente leviana, falaciosa, baseada em suposto vazamento ilegal de informações especulativas e desprovidas de qualquer fundamento fático. E lamenta que pretenso vazamento como este –feito ao arrepio da lei e em período pré-eleitoral– ocorra sem que a reportagem do jornal tenha tido acesso aos termos da delação e a qualquer documento que possa embasar a sua notícia." A empresa conclui: "Neste sentido, é de estranhar a postura da Folha, que contradiz a cautela' com supostos vazamentos de informações inverídicas em procedimentos de delação premiada, recomendada pelo editorial do jornal (Petrobras como prêmio'), publicado no último dia 9 de setembro". A OAS não quis comentar as acusações do Ministério Público Federal. O consórcio liderado pela Camargo Corrêa diz que não há "qualquer procedência" nas acusações feitas pelo Tribunal de Contas. O consórcio diz que obteve a obra, por meio de licitação, após oferecer o menor preço. CUSTOS EM ALTA Ainda em construção, refinaria Abreu e Lima estava prevista para 2011 • R$ 5,6 BI era a estimativa inicial da obra em Pernambuco • R$ 46 BI é o custo atual da construção da refinaria • R$ 57 MI é a propina que teria sido paga pela Odebrecht a Paulo Roberto Costa

MP do setor elétrico custará R$ 61 bi ao consumidor, diz TCU Fonte Folha de são PauloDIMMI AMORA de BRASÍLIA 02/10/2014 às 02h 00 Feita de forma "precipitada" e com "equívocos e fragilidades", a MP do Setor Elétrico já gerou R$ 61 bilhões de custos adicionais que terão de ser pagos pelo consumidor nos próximos anos. O valor é a conclusão de uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre a medida tomada pelo governo em 2012 para reduzir as contas de energia elétrica em 20% em média. Segundo o órgão de controle, a falta de chuvas não explica sozinha a crise existente hoje no sistema. "As tarifas residenciais e industriais, ao final do período [2014/2015], atingirão valores superiores aos vigentes em 2012", diz o relatório do ministro José Jorge, que apontou "falhas de governança" na implementação da MP. O Ministério de Minas e Energia disse que não foi notificado pelo tribunal sobre a decisão, apesar de o TCU ter informado que encaminhou um relatório prévio sobre a decisão ao ministério. 21


A auditoria no sistema elétrico começou no início do ano e, em maio, foi realizada uma audiência pública para ouvir representantes de governos e empresas. Após essa audiência, os técnicos se debruçaram sobre os números do setor a partir do final de 2012, quando o governo decidiu antecipar a renovação de concessões de geradoras de energia que estavam perto de vencer. A condição para isso foi que as empresas reduzissem tarifas. As geradoras do governo federal (sistema Eletrobras) concordaram com a mudança, e geradoras privadas e controladas pelos governos de São Paulo, Minas Gerais e Paraná não renovaram as concessões sob a alegação de que sofreriam prejuízo. CHUVA De acordo com os técnicos do TCU, a principal mudança no sistema introduzida pelo governo foi transferir para os consumidores os custos do risco hidrológico (falta de chuvas), que eram assumidos pelas geradoras. Segundo os técnicos, a falta de chuva e os problemas de gerenciamento do sistema causados pela MP impuseram um custo de R$ 84 bilhões ao sistema. Para o TCU, se não fossem as mudanças das regras, o custo seria de R$ 23,2 bilhões. Essa diferença de R$ 61 bilhões terá que ser arcada pelos consumidores com aumento nas suas tarifas nos próximos anos. O relatório diz ainda que os problemas na MP beneficiaram as empresas que não renovaram as concessões. Segundo o documento, Cesp (SP), Cemig (MG) e Copel (PR), estatais estaduais, ganharam R$ 5,2 bilhões em 2013 e 2014 com venda de energia -cerca de seis vezes mais do que elas haviam ganhado em 2012. Já a Eletrobrás, estatal federal, teve um prejuízo de R$ 6 bilhões em 2013.

Quinzena de agitos pelo mundo Fonte Folha de são Paulo02/10/2014 às 02h00 A conversa sobre quase qualquer assunto está contaminada pela ira dos dias tensos de campanha eleitoral. Conversas econômicas ou, melhor, fofocas financeiras, ainda mais. Então, esqueça-se por um minuto da Bolsa, do dólar ou dos juros futuros no Brasil. Olhe-se pela janela, lá para fora. Há uma ventania derrubando folhas, ações e moedas também. Quanto vai chover, não se sabe. Faz duas semanas, os donos do dinheiro grosso estão rearrumando seus capitais nas gavetas, vendendo isso, comprando aquilo. Da eurozona à Indonésia, da Índia à Coreia, da Austrália à Turquia, há Bolsas no vermelho e moedas perdendo valor em relação ao dólar. Faz duas semanas, houve a reunião periódica do comitê de política monetária do Fed, o banco central norte-americano. Não houve grande novidade, nem pequena, mas o pessoal do dinheiro achou que os juros americanos subiriam mais rápido do que o antes previsto. O dólar começou a subir pelo mundo quase inteiro. Até o fim deste mês, o Fed também deve deixar de "injetar" dinheiro na economia (comprar títulos a fim de baixar juros, grosso modo), o que de um modo ou de outro fazia desde 2008. Estava mais que previsto, ainda há um mar de dinheiro barato pelo mundo, mas essa torneira vai secar. A maré da dinheirama vai parar de subir, dinheiro que serviu para chutar para cima o preço de ativos financeiros em geral. Os mais arriscados começariam a perder valor primeiro, como, dizem os americanos, é o caso de ações de pequenas empresas de lá, estrelinhas do noticiário de ontem.

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O que mais aconteceu? Notou-se de novo que a eurozona está num mato sem cachorro e que o crescimento se aproxima de zero de novo. Os juros da dívida alemã estão na lona, pois o crescimento baixa até no centro europeu. Avalia-se que está mais próximo o dia em que o Banco Central Europeu vai ter de fazer alguma coisa, algo na linha do programa de o Fed está para encerrar. Mas essa conversa vinha progredindo de maneira lenta, gradual e segura faz meses. "Tensões geopolíticas"? Bem, havia o caso com a Rússia e Ucrânia. Havia os cavaleiros do apocalipse islâmico, o EI, e os tumultos da Síria ao Iraque. Mas o problema russo deixara de causar comoção. Agora, decerto, há uma fuga meio feia de capitais da Rússia e boatos de que o país vai controlar a saída de dinheiro. Mas não é bastante para azedar os ares do mundo. Quanto aos EI e Iraque: o preço do petróleo até vem caindo, para o menor nível em 17 meses ou 25 meses, a depender do mercado. Claro que moedas, ações e outros ativos financeiros caem a velocidades diferentes pelo mundo. Mas caem. Além do mais, depender da data de referência a partir da qual se calcula o tombo, as diferenças parecem menos gritantes, Brasil inclusive. Países com desarranjos econômicos, ou assim percebidos pela finança, padecem mais, como foi o caso de Brasil e outros "frágeis" em meados do ano passado. Mas há sinais inequívocos de que essa temporada de rearranjos é global. Haverá outras, até pelo menos o final do ano que vem.

Agronegócio gera 50% do PIB de Mato Grosso Fonte Folha de são Paulo 02/10/2014 às 02h 00 O cenário agropecuário começa a mudar e os bons momentos dos últimos anos não deverão se repetir nas próximas safras. O efeito da esperada queda de preços afetará não só produtores, mas se expandirá também para outros setores, inclusive para as finanças dos governos. É o que mostram dados inéditos do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) em levantamento do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio de Mato Grosso. O PIB do agronegócio do Estado representa 50,5% do PIB total do Estado, segundo Otavio Celidonio, superintendente do Imea. Uma desaceleração no setor vai afetar indústrias de insumos, agroindústrias e setores de distribuição e de serviços. Celidonio destaca que do lado do governo também há preocupação, uma vez que a participação dos impostos do agronegócio é de 54%, ante o total de Mato Grosso. O Imea apurou que o PIB do agronegócio está próximo de R$ 21 bilhões, ante R$ 41,6 bilhões do PIB total do Estado. O Mato Grosso é um dos que têm as maiores participações do PIB agropecuário em relação ao total no país. A média do Brasil é de 23%, apontam dados de 2013 do Cepea. O Imea analisou também os efeitos da queda de preços dos produtos agropecuários em relação ao valor de produção de Mato Grosso. Celidonio diz que o VBP (Valor Bruto da Produção) de 2015 deverá recuar para R$ 39,2 bilhões, 10% menos do que o estimado para este ano. A tendência do setor não é wuniforme. A soja, por exemplo, terá uma produção 5% maior no próximo ano, mas, devido à redução dos preços em 17%, terá um VBP de R$ 18,9 bilhões em 2015, 13% menor do que o deste ano. Já o boi terá uma redução de 6% no VBP. Essa queda ocorre devido ao recuo de 8% na produção, mas os preços deverão subir 2%. Diante desses números, o valor de produção do setor de bois recuará para R$ 8 bilhões em 2015. Celidônio diz que o produtor deverá ser muito cuidadoso a partir de agora com custos e investimentos. "A crise está começando e deve perdurar por umas duas safras." 23


A safra de 2014/15 ainda não vai trazer grandes transtornos para o produtor, mas a de 2015/16 poderá mostrar uma situação bem pior, acrescenta ele. Carnes Como os números provisórios já indicavam desde o início de setembro, as exportações de carne bovina "in natura" recuaram no mês passado, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Quanto saiu Os frigoríficos brasileiros colocaram 90 mil toneladas de carne bovina no mercado externo, 21% menos do que em agosto. As receitas, ao somarem US$ 441 milhões, tiveram recuo de 21% no mês. Ritmo forte Já as vendas de frango somaram 331 mil toneladas no mês passado, 5% mais do que as de agosto e 14% superiores às de setembro de 2013. As receitas, ao atingirem US$ 634 milhões em setembro, subiram 4% e 19%, respectivamente. Suínos As exportações de carne suína "in natura" ficaram praticamente estáveis, ao somarem 36 mil toneladas. As receitas, no entanto, atingiram US$ 143 milhões em setembro, 21% mais do que em 2013. O preço médio da arroba teve evolução de 40% em 12 meses. Ainda em alta O café iniciou o mês com alta, atingindo US$ 2 por libra-peso nesta quarta-feira na Bolsa de commodities de Nova York. O produto voltou aos preços que eram negociados há um mês. Exportações O café foi exportado, em média, a US$ 201 por saca no mês passado, com alta de 38% em relação a setembro de 2013, segundo a Secex. Ao somar 2,8 milhões de sacas exportadas, as receitas subiram para US$ 555 milhões em setembro. Minério A receita com a exportação de setembro recuou para US$ 2,2 bilhões, 24% menos do que em 2013.

Editorial: Atraso programático Fonte Folha de são Paulo02/10/2014 às 02h 00 "Você conhece a modernidade?", perguntou, de forma retórica, a presidente Dilma Rousseff. "A modernidade é o seguinte: não é um calhamaço feito de papel", continuou a petista, "[mas] são várias formas de comunicação". Em conversa com jornalistas no domingo (28), a candidata do PT tentava explicar por que não entregou à Justiça Eleitoral seu programa de governo. Disse que tem apresentado suas propostas ao "povo brasileiro", a quem cabe decidir "que caminho quer percorrer". De fato. Como, no entanto, o eleitor poderá fazer uma escolha informada se a líder da disputa presidencial evita assumir compromissos formais, limitando suas promessas ao reino encantado da propaganda? A questão não é retórica. A publicidade, no mais das vezes, busca mobilizar o lado emocional do espectador. Criatividade e direção de arte se articulam num roteiro cuidadosamente concebido com vistas a passar esperança ou medo, enaltecer um nome ou desconstruir seu adversário. Mesmo quando trazem propostas concretas, as peças elaboradas sob a lógica do marketing não têm nenhuma preocupação com a visão de conjunto ou, mais importante, com sua viabilidade prática. Nesse mundo fictício, tudo se passa como se o Estado não conhecesse restrições orçamentárias e bastasse a mera vontade política para resolver os problemas do país. O plano de governo, é claro, não necessariamente terá dose maior de realismo. Por sua natureza oficial, porém, não pode usar a seu favor o mesmo grau de licença poética que a propaganda se permite. Foi-se o tempo em que o programa transformava-se em letra morta tão logo era depositado em juízo. Agora, talvez por efeito da inclusão digital, a peça é rápida e extensamente discutida nos diversos meios de comunicação. Trata-se de formidável avanço democrático.

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O caso de Marina Silva (PSB) evidenciou esse aspecto. Tendo sido a única entre as principais candidaturas a apresentar um projeto com antecedência, viu sua agenda no centro de um debate exaltado que a levou a emendar certos itens. Marina, ainda assim, ao menos divulgou seu programa, coisa que Dilma Rousseff se nega a fazer. Já Aécio Neves (PSDB) decidiu apresentar sua carta de intenções apenas nesta semana, inviabilizando discussões a seu respeito. Recusar o debate não apenas representa descaso com o eleitor como também degrada a própria democracia. É inaceitável que candidatos queiram chegar ao cargo máximo da República sem que seus planos oficiais sejam submetidos ao escrutínio público. Não há nisso nenhuma modernidade; trata-se, ao contrário, de grave retrocesso.

Políticas de incentivo têm se mostrado menos eficientes do que foram no passado, diz IBGE FONTE O ESTADO DE S. PAULO 02 Outubro 2014 às 11h 26 IdianaTomazelli RIO - As políticas de incentivo ao consumo criadas pelo governo federal para injetar fôlego na economia após a crise de 2008 têm se mostrado inócuas no momento atual, avaliou há pouco André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Elas vêm se mostrando menos eficientes do que foram no passado recente. Se a gente comparar o potencial de crescimento que se teve no primeiro momento em que isso foi implementado, lá na crise no final de 2008 e no início 2009, é claro que o efeito disso foi muito mais intenso do que tem sido", frisou o analista. "Isso já se observa há algum tempo, principalmente quando se analisa o comportamento de produção de automóveis. É de um menor dinamismo do que já apresentou em outros períodos", exemplificou Macedo. Entre as políticas de incentivo estão a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a taxas de juros subsidiadas. De acordo com o gerente, há um esgotamento na capacidade de compra das famílias. Além disso, os brasileiros já estão com a renda comprometida com outros tipos de dívida. "A evolução da renda também caminha numa velocidade menor do que no passado. É uma série de fatores que ajudam a entender a diferença de comportamento quanto se analisa a eficácia dessa política em períodos distintos", disse o analista.

Desconto na conta de luz desaparece FONTE ANNE WARTH - O ESTADO DE S.PAULO 02 Outubro 2014 às 02h 04 BRASÍLIA - Uma das principais bandeiras políticas do governo Dilma Rousseff, o desconto de 20% na conta de luz será anulado até o fim de 2015, aponta relatório do Tribunal de Contas da União (TCU). O governo cometeu, segundo o tribunal, falhas evidentes nos últimos dois anos na gestão do setor elétrico, o que gerou um custo de R$ 61 bilhões a ser pago pelo consumidor, boa parte via aumento nas tarifas de energia.

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"Para o biênio 2014-2015, todo o efeito da MP 579 já estará eliminado, porquanto as tarifas residenciais e industriais, ao final do período, atingirão valores superiores aos vigentes em 2012", diz o relatório. O TCU classificou como "assombrosas" as cifras do fundo setorial que banca o programa de redução da conta de luz. A área técnica do órgão calculou que as despesas da chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) atingiram R$ 25 bilhões no ano passado e devem chegar a R$ 36 bilhões neste ano. Tudo será pago pelo consumidor, nas tarifas e nos impostos, nos próximos quatro anos. A conta do tribunal incluiu os aportes do Tesouro e o empréstimo de um consórcio de bancos para socorrer as distribuidoras. O financiamento, de R$ 17,8 bilhões, terá um custo total, com juros, de R$ 26,59 bilhões. A redução de custos do sistema elétrico, com a MP 579, foi estimado em R$ 16,8 bilhões. "O setor elétrico era um setor independente do Tesouro Nacional, que se virava por si só. Agora, o setor depende dos humores do Tesouro", disse o ministro José Jorge. "Não são as empresas que estão devendo. Elas são intermediárias. Quem vai pagar somos nós. Serão R$ 61 bilhões a serem pagos por contribuintes e consumidores." Planejamento. O Tribunal de Contas da União concluiu que o novo modelo do setor não foi precedido de um planejamento adequado para cenários desfavoráveis como o atual. "Pode-se concluir que a MP 579 foi implementada de forma precipitada", disse o ministro. O tribunal determinou aos Ministérios da Fazenda e de Minas e Energia a regularização do repasse de recursos à CDE. O atraso no pagamento de despesas do setor elétrico se deve a "aportes inconstantes do Tesouro Nacional". O anúncio de redução neste ano, de R$ 13 bilhões para R$ 9 bilhões, "só aumentou as incertezas a respeito da regularização desses repasses". O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, terá de explicar ao TCU os problemas causados pelas decisões do governo ao setor elétrico. Lobão terá de comparecer a uma audiência e informar por que cancelou um leilão de energia que seria realizado no fim de 2012. Na época, o governo esperava que todas as geradoras aceitassem renovar suas concessões antecipadamente, o que não aconteceu. Isso levou as distribuidoras a ficarem sem contratos de energia para entregar ao consumidor, tendo que adquiri-la no mercado à vista, o que gerou custos bilionários para socorrê-las. "Houve inação por parte dos entes envolvidos, para ao menos mitigar o problema que já se vislumbrava grave", afirma o relatório. As estatais Cesp, Cemig e Copel não quiseram prorrogar os contratos de concessão porque o governo queria impor uma redução de receitas. Com essa decisão, elas venderam a energia que tinham no mercado à vista e lucraram R$ 5,7 bilhões nos últimos dois anos, segundo o TCU. Na avaliação do ministro José Jorge, as empresas não fizeram nada ilegal, apenas aproveitaram as falhas do governo para lucrar. "Fizemos essa comparação para mostrar o quanto o sistema pode gerar distorções quando não é bem regulado. É preciso estar atento, pois os operadores querem vender caro e os compradores querem comprar barato."

Aumento na conta de luz com uso das térmicas será automático FONTE NIVALDO SOUZA, ANNE WARTH , BRASÍLIA - O ESTADO DE S.PAULO 01 Outubro 2014 às 02h 02 A partir de janeiro, com a adoção das 'bandeiras tarifárias', muda a forma de reajuste das distribuidoras de energia Além de ter um reajuste anual na conta de luz, o consumidor brasileiro, a partir de janeiro, passará a pagar automaticamente, todos os meses, pelo custo adicional da energia elétrica. A cobrança será incluída toda vez que as termoelétricas mais caras forem ligadas para poupar os reservatórios de água das hidrelétricas. 26


O novo modelo, chamado de "bandeiras tarifárias", foi referendado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que rejeitou recurso contra a nova fórmula apresentado pelas distribuidoras Elektro, que atua em São Paulo e Mato Grosso do Sul, e AES Eletropaulo, que atua em São Paulo. O sistema, segundo as empresas, dificultaria a adaptação de seus departamentos comerciais ao reajuste mensal. A partir do próximo ano, toda vez que a energia termoelétrica for comprada por distribuidoras para compensar a falta de geração hidrelétrica em um mês, o consumidor pagará esse valor a mais na conta de luz seguinte. Hoje, esse gasto só é ressarcido uma vez por ano, na época do reajuste ordinário das tarifas autorizado pela Aneel. Para se ter uma ideia, em 2014, os clientes da Elektro tiveram aumento médio de 37,78% e os consumidores da AES, de 18,06%, boa parte em razão das térmicas. Na faixa da chamada bandeira amarela, que sinaliza início de uma crise na geração hídrica, o reajuste máximo mensal será de R$ 1,50 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. Na bandeira vermelha, indicativo de uma crise mais grave no sistema, o reajuste será de R$ 3 para cada 100 kWh. Na bandeira verde, sinal de volume de chuvas adequado, não haverá custos adicionais. Considerando o consumo médio do brasileiro de 163 kWh por residência e uma tarifa média de R$ 295 por MWh, uma conta de R$ 48 subiria a R$ 50,53 na eventual bandeira amarela. Na vermelha, essa conta iria a R$ 52,98. Essas cores constarão na conta de luz, segundo a Aneel, para alertar sobre a necessidade de reduzir o consumo para pagar menos. A adoção de bandeiras tarifária é parte de um conjunto de soluções do governo para aliviar o peso das térmicas sobre as distribuidoras e, consequentemente, a necessidade de aportes da União. O Tesouro Nacional gastará R$ 9 bilhões este ano de recursos do Orçamento para ajudar o setor, complicando o desempenho fiscal do governo. A aplicação das bandeiras estava prevista para este ano. Contudo, houve resistência da equipe econômica, que temia o impacto inflacionário da medida nos índices mensais. Compensação. A Aneel impôs um prazo de 90 dias para todas as distribuidoras de energia do País se adaptarem ao modelo das bandeiras tarifárias até janeiro. A agência avaliou que a nova fórmula permitirá o acompanhamento do custo da energia em tempo real pelo consumidor, contribuindo para a redução do consumo. O cálculo das distribuidoras é de que essa fórmula permitiria, em 2014, uma arrecadação de até R$ 800 milhões por mês com a bandeira vermelha e R$ 400 milhões, com a amarela. Com as bandeiras, a parcela paga pelo consumidor pelo uso das térmicas neste ano ficaria entre R$ 4,8 bilhões e R$ 9,6 bilhões.

GM abre programa de demissões e VW, Ford e Renault dão férias coletivas FONTE CLEIDE SILVA - O ESTADO DE S. PAULO 01 Outubro 2014 | 21h 30 Melhora nas vendas de veículos em setembro, com alta de 9% em relação a agosto, não bastou para trazer segurança ao setor A melhora verificada nas vendas de veículos em setembro, com alta de quase 9% em relação a agosto, não trouxe segurança ao setor automotivo de uma recuperação consistente. As montadoras anunciaram nova onda de férias coletivas e programas de demissão voluntária (PDV), medidas que vêm sendo adotadas desde o primeiro trimestre do ano. A General Motors abriu quarta-feira, 1º, novo PDV para trabalhadores das fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos (SP), mas não divulgou metas. A empresa já tem 930 funcionários de São José em lay-off (suspensão temporária de contratos). Ford, Renault e Volkswagen vão dar novos períodos de férias coletivas e licenças a partir de amanhã. No mês passado foram licenciados 296,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, resultado 8,7% melhor que o de agosto, mas 4,3% inferior ao de setembro de 2013. No 27


acumulado do ano, as vendas somam 2,78 milhões de veículos, queda de 9,1% em relação a igual período do ano passado. “As condições de inflação, câmbio e ambiente político ainda não permitem afirmar que a melhora verificada em setembro será contínua, e prova disso é o fato de as fabricantes continuarem a adotar medidas de corte de produção”, diz Ricardo Pazzianotto, sócio da PriceWaterhouseCoopers (PwC). “Não há segurança por parte da indústria de uma retomada de mercado.” A Ford interromperá de amanhã até o dia 13 toda a produção de automóveis e caminhões da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Os dias parados serão descontados no banco de horas (sistema de compensação de horas trabalhadas) dos 3,5 mil funcionários que serão dispensados. A Volkswagen dará férias coletivas de 20 dias a partir de meados do mês para cerca de mil funcionários do primeiro turno da unidade de São José dos Pinhais (PR). Na segunda-feira, um grupo de 400 funcionários volta do lay-off, após cinco meses, e outro grupo de 150 pessoas continuará em casa até o fim do mês. “Não vemos sinal de melhora e é possível que, após o fim das férias coletivas outras medidas sejam adotadas, como novo grupo em lay-off ou mais férias coletivas”, afirma Jamil Davila, do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e região. Também no Paraná, a Renault dará férias a 3 mil trabalhadores (de um total de 6,5 mil) das linhas de carros e motores entre os dias 13 e 22. A empresa alega necessidade de reduzir a produção por causa da queda das exportações para a Argentina e a baixa demanda no mercado brasileiro. No período, 10 mil automóveis e 12 mil motores deixarão de ser produzidos, segundo a Renault. A Mercedes-Benz estuda prorrogar por mais cinco meses o período de lay-off de 1,2 mil operários suspensos desde julho e que deveriam voltar em novembro. Promoções. Na opinião de analistas, o melhor desempenho verificado nas vendas em setembro se deve em parte às promoções feitas pelas fabricantes e revendas e ao fato de o mês ter um dia útil a mais que o anterior. Só as vendas de automóveis e comerciais leves somaram 282,8 mil unidades, 9% a mais que em agosto, embora 3,9% inferior às do mesmo mês de 2013. De janeiro a setembro o segmento vendeu 2,4 milhões de unidades, 8,8% a menos que no mesmo intervalo de 2013. Pelo quarto mês seguido, o Fiat Palio foi o automóvel mais vendido no País, com 15.907 unidades, seguido por Onix, da General Motors (13.483) e Volkswagen Gol (12.583). No acumulado do ano, o Gol segue como líder, com 134.729 unidades vendidas, 5.964 à frente do Palio, com 128.765, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). As vendas de motos cresceram 7,65% em setembro ante agosto, para 119.842 unidades. No ano, a queda acumulada é de 5,26%, com 1.069.898 unidades.

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