SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 03 DE SETEMBRO DE 2014
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Brasil cai uma posição em ranking mundial de competitividade Fonte: Jornal Valor Econômico Online Assis Moreira de Genebra 03/09/2014 às 05h00 A competitividade da economia do Brasil continua declinando, afetada por persistentes problemas de infraestrutura, preocupações com a eficiência do governo e com acorrupção, segundo o Relatório Global de Competitividade 2014-2015, publicado pelo Fórum Econômico Mundial. O índice coloca o Brasil, sétima maior economia do mundo, em 57º lugar entre 144 nações, perdendo uma posição em relação ao ano passado. Há três anos, o país ocupava o 48º lugar. O relatório aponta progressos insuficientes para resolver gargalos na infraestrutura, percepção de deterioração do funcionamento das instituições (77º lugar). Também coloca a eficiência do governo brasileiro em 131ª posição entre, e em 137º lugar entre os campeões em termos de desperdício nos gastos públicos. A corrupção no Brasil é considerada, globalmente, uma das maiores (130ª). A confiança do público nos políticos do país é uma das mais baixas (140ª),só à frente de Argentina, Paraguai, Venezuela e Líbano. O Brasil é apontado como o segundo país onde o governo mais impõe regulações que atravancam a atividade econômica (143ª posição), só sendo superado pela Venezuela nesse indicador. O comércio exterior continua pouco liberalizado. O país tem o menor percentual de importação em relação ao PIB (144ªposição, seguido pelos EUA, Irã, Timor Leste e Myanmar. No lado das exportações/PIB, também está entre os de menor volume (140ª). O fraco sistema educacional (126ª), que não daria suficiente qualificação para os trabalhadores, e a falta de engenheiros e cientistas também afetam a competitividade, segundo o relatório. Ao mesmo tempo, o relatório destaca que o Brasil continua a ter importantes ativos, como o tamanho do mercado e uma comunidade empresarial sofisticada (47ª), com inovação excelente (44ª) em várias pesquisas e atividades de alto valor agregado. Na classificação deste ano, o Brasil sofre com maior fragilidade no desempenho macroeconômico (85º posição entre os 144 países). "Asconstatações se repetem, mas a grande diferença dessa vez é que as condições econômicas requerem urgentemente que o Brasil realmente se empenhe em reformas estruturais e investimentos produtivos', diz Benat Bilbao, um dos autores do relatório. A avaliação é que o Brasil precisa rapidamente se preparar para enfrentar problemas com as mudanças em curso na economia mundial, com queda nos preços das matérias-primas e menor liquidez nos mercados, no momento em que os países desenvolvidos apertam as políticas monetárias. Globalmente, a economia está em risco, apesar de anos de juros baixos, diz o relatório. A implementação de reformas estruturais é feita de forma desigual entre países e regiões. A Suíça continua a ser considerada a economia mais competitiva do mundo, seguida por Cingapura. Os Estados Unidos melhoraram sua posição pelo segundo ano consecutivo, pulando dois lugares e ficando em terceiro. Finlândia é o quarto, Alemanha o quinto e Japão o sexto. As economias mais competitivas têm em comum a facilidade em utilizar os talentos disponíveis, além dos investimentos para reforçar a inovação.
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A China, segunda maior economia do mundo, fica em 28ª posição. O país continua a liderar a competitividade entre os BRICS com ampla margem, bem à frente de Rússia (53ª), África do Sul (56ª), Brasil (57ª) e Índia (71ª). Na Europa, vários países que foram severamente atingidos pela crise econômica têm competitividade melhor que o Brasil, como Espanha (35ª), Portugal (36ª) e Itália (49ª). Na América Latina, a economia mais competitiva, na avaliação do Fórum Econômico Mundial, é o Chile (33ª posição), seguida pelo Panamá (48º) e pela Costa Rica (51º).
IBGE: Óleo diesel tem o maior valor de vendas da indústria em 2012 Fonte: Jornal Valor Econômico Online Diogo Martins 03/09/2014 às 11h25 RIO - O óleo diesel teve o maior valor de vendas da indústria em 2012, com R$ 54,1 bilhões. A comercialização desse produto representou 2,9% de tudo que foi vendido pelo setor industrial. Com o desempenho, o produto retomou a liderança após ter sido ultrapassado no ano anterior pelo minério de ferro. As informações constam das Pesquisas Industriais Anuais (PIA) Empresa e Produto 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o IBGE, automóveis, jipes ou caminhonetes para passageiros, com motor a gasolina, álcool ou bicombustível, de cilindrada entre 1.500 e 3.000, tiveram a segunda maior participação nas vendas da indústria, com 2,48%, o equivalente a R$ 46,4 bilhões. Em seguida, ficou minério de ferro bruto ou beneficiado, 2,39% de participação e R$ 44,6 bilhões de valor de venda. As PIAs Empresa e Produto 2012 mostram que o número de empresas cresceu 5% na comparação com 2011, totalizando 328.735. O IBGE apontou que a indústria nacional prossegue com maior participação de empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas, responsáveis por 68,3% da receita da atividade industrial. O número de pessoal ocupado teve crescimento de 1,7% na passagem de 2011 para 2012, totalizando 8,784 milhões. Já os investimentos do setor subiram 21,6% em 2012 na comparação com o ano anterior, para R$ 197,2 bilhões. O valor bruto da produção e o consumo intermediário foram de, respectivamente, R$ 2,3 trilhões e R$ 1,6 trilhão. Com isso, o valor adicionado (diferença entre o valor bruto da produção e o consumo intermediário) atingiu R$ 709,7 bilhões. O valor da transformação industrial (diferença entre o valor bruto da produção industrial e o custo das operações industriais) foi de R$ 993,3 bilhões. Os custos das operações industriais chegaram a R$ 1,2 trilhão. A fabricação de produtos alimentícios permaneceu em 2012 como primeira colocada em termos de valor da transformação industrial (diferença entre o valor bruto da produção industrial e o custo das operações industriais ), concentrando 14,9% do valor gerado pela indústria em geral, seguida da fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (9,7%).
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Cenário de exportação muda com alta para EUA e Europa e queda para China Fonte: Jornal Valor Econômico Online Denise Neumann de São Paulo 03/09/2014 às 05h00 Os dados da balança comercial do último quadrimestre mostram uma mudança nos destinos da exportação brasileira. Há recuperação nos embarques para Estados Unidos e União Europeia e uma inédita queda nas vendas para a China, além do aprofundamento da retração no comércio com a Argentina. E como a parte benigna desse cenário - a melhora da atividade nos países desenvolvidos - continuará presente em 2015, ela pode ajudar a economia brasileira. Depois de anos de crescimento, as vendas para a China recuaram, influenciadas pela queda no preço da soja e do minério de ferro, movimento que também é reflexo do menor crescimento do país asiático. De janeiro a abril deste ano (sobre igual período de 2013), as exportações para a China ainda cresceram 13%, mas no segundo quadrimestre recuaram 8,8%. No acumulado do ano, o resultado é um pequeno crescimento de 0,9%, muito abaixo da alta de dois dígitos dos últimos anos Parte da diferença entre os quadrimestres decorre da antecipação dos embarques de soja (após crescer 42% nos primeiros quatro meses, a exportação do grão recuou 13% de maio a agosto, sempre em relação a 2013), mas nos últimos meses há recuo em outras commodities, como minério de ferro e açúcar. "A queda no preço das commodities foi generalizada e afetou o comércio com a China", observa Fabio Silveira, economista-chefe da GO Associados. Mais que a desaceleração da economia chinesa, a retração decorre da expectativa de alta dos juros americanos. A tendência, diz Silveira, é de novos recuos nas cotações desses itens. Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), afirma que 70% da exportação brasileira para a China é de soja e minério de ferro. Este ano, em média, o preço de exportação da soja foi 4% menor, enquanto a queda no minério passa de 15%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). "O comércio com os chineses está desacelerando por fatores não tão conjunturais, pois envolve tanto preço como volume", diz Lima. Segundo ele, o menor crescimento em quantidade está relacionado à transição que o governo chinês está fazendo na economia e que visa aumentar o peso do consumo doméstico no Produto Interno Bruto (PIB). Se a exportação para a China perde fôlego e os embarques para a Argentina caem cada vez mais, há sinais de recuperação das vendas para os mercados mais ricos. Sem petróleo, a venda de produtos brasileiros para os Estados Unidos manteve, nos dois quadrimestres, alta de 14% sobre o ano passado, o que indica uma recuperação bem consistente. Com petróleo, o aumento foi de 16% no primeiro quadrimestre e 5,3% no segundo, mas como o volume do produto é muito volátil, ele esconde, um pouco, a recuperação nos outros itens. O Brasil está vendendo mais aviões, produtos de ferro e aço, celulose, máquinas e motores para os americanos. "Nas exportações para os americanos, ocorre o inverso da China, pois o Brasil está vendendo mais celulose, soja e café", diz Silveira, listando diferentes commodities. Esse aumento, que 4
também inclui alguns manufaturados, já é reflexo da retomada da economia americana, acrescenta o economista. "Qualquer suspiro no mercado internacional nos ajuda", afirma. Também para a União Europeia há uma reversão positiva. Nos primeiros quatro meses do ano, a exportação para a região caiu quase 11%, em relação a igual período de 2013. Mas no segundo quadrimestre (sobre o segundo do ano passado), o resultado se inverte e vira um pequeno crescimento de 1,3%. Em bens intermediários, a exportação caiu 7,7% nos primeiros quatro meses e cresceu 7% no período de maio a julho (o dado desagregado de agosto não está disponível), sempre em relação ao mesmo período do ano passado. A recuperação para os mercados desenvolvidos, diz Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria, está relacionada com a recuperação das respectivas economias, por enquanto mais forte nos Estados Unidos. "O Brasil poderia estar surfando mais nessa onda, mas isso não acontece pela falta de acordos internacionais. A política comercial dos últimos anos ficou muito focada no Mercosul", afirma. Por conta dessa orientação o país foi tão fortemente atingido pela crise argentina. As exportações para o vizinho estão caindo cada vez mais. De janeiro a abril, a retração foi de 17,3%. No segundo quadrimestre, a queda subiu para 30%. Em valores, no ano, o Brasil perdeu US$ 3,2 bilhões em vendas para o parceiro do Mercosul. O quadro por destino desenhado no segundo quadrimestre mostra uma mudança em relação ao ano passado e aponta, um pouco, o cenário que pode ser esperado para o próximo ano, especialmente quanto à recuperação dos embarques para as economias desenvolvidas. Pelo critério de média diária, no ano passado, o Brasil vendeu 10,8% mais para a China e 8,1% mais para a Argentina, enquanto as exportações para Estados Unidos e União Europeia recuaram, 8,1% e 3,5%, respectivamente. No caso dos EUA, descontando o petróleo, o resultado de 2013 foi de estabilidade: 0,2% a mais em relação a 2012. Para os economistas, a recuperação para os países desenvolvidos pode ser mais permanente na pauta exportadora e a tendência para a China é de crescimento, ainda que em ritmo menor que o registrado nos últimos anos. Além do câmbio, que ajudou a melhorar um pouco a competitividade do exportador brasileiro, e deve ajudar ainda amais no próximo ano, a própria retração do mercado brasileiro pode incentivar exportações em 2015. "O que realmente determina o comércio é a demanda, e ela está em recuperação nos EUA e em alguns países europeus, enquanto o modelo de foco no mercado interno brasileiro está comprometido", afirma Lima, da Sobeet. Para a Europa ele espera reforço da exportação de carnes, entre outros itens. Silveira, da GO Associados, lembra que no próximo ano a saída para a economia brasileira passa pelo setor externo. "A própria crise doméstica, aliada a um câmbio mais desvalorizado, vai ajudar na melhora da balança comercial", diz. "As empresas, diante do esgotamento da demanda interna, vão começar a olhar mais para o mercado externo." Outra ajuda, avalia o economista, virá do petróleo, que já está ajudando as exportações este ano e que continuará um ponto positivo em 2015. Silveira projeta déficit comercial de US$ 1 bilhão este ano e saldo positivo de US$ 3 bilhões em 2015, com aumento de 3% nas exportações e câmbio na faixa de R$ 2,40 a R$ 2,45. Nas projeções da Tendências, a exportação brasileira encerrará 2014 com queda de 1% em relação ao ano passado. Nesse cenário, o comércio com a China se mantém semelhante à media do ano, quando aumentou apenas 0,9%, explica Lavieri. 5
Combater a degradação de florestas é desafio para país Fonte: Jornal Valor Econômico Online Daniela Chiaretti de Brasília 03/09/2014 às 05h00 Um incêndio sob torres de alta tensão atingiu a Floresta Nacional em Brasília segunda-feira, atrapalhando a segurança energética da região. Se foi intencional, ou de causa natural, não se sabe. O que se sabe é que se trata de um típico caso de degradação florestal do Cerrado na seca. Estudar essa dinâmica e os processos de degradação e regeneração florestal é o próximo desafio para o Brasil, que monitora com sucesso o desmatamento da Amazônia há mais de 25 anos. Desmatamento é o corte raso das árvores, o que provoca modificação abrupta do cenário. Degradação é menos visível, mais sutil e complexa. É uma modificação na estrutura florestal que pode ter várias causas e evoluir para desmatamento ou regredir. O Inpe começou a monitorar a degradação da Amazônia recentemente. Há dez dias divulgou números mais recentes do projeto Degrad. Em 2011, 2012 e 2013, na Amazônia Legal, 24.650 km2, 8.634 km2 e 5.434 km2, respectivamente, apresentaram algum estágio de degradação. O bom sinal é que os valores estão em queda. "Mas se estão diminuindo na Amazônia, será que estão aumentando em outros biomas?", pergunta a pesquisadora Mercedes Bustamante, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília. Entender o processo da degradação e regeneração das florestas tropicais é tema de um workshop, que reúne em Brasília pesquisadores do Inpe, Embrapa, Nasa, Instituto Max Planck e Painel Intergovernamental de Mudança Climática, braço científico da ONU conhecido pela sigla IPCC. "A degradação não é binária, como o desmatamento. É um processo contínuo", diz Michael Keller, do US Forest Service e pesquisador da Embrapa Sensoriamento Remoto. Nos fóruns internacionais de clima, a ideia da degradação florestal existe, mas não é definida. "Dificultaria se tentássemos chegar a essa definição", diz a pesquisadora do Inpe Thelma Krug, uma das maiores especialistas no assunto. "Cada país quer se ver retratado nesse conceito e isso dificulta o consenso." "Fogo, vento, seca, deslizamentos, movimentação do solo são alguns distúrbios das florestas tropicais", diz Susan Trumbore, do Instituto Max Planck. "O que não entendemos é como funciona essa dinâmica, quando as árvores morrem, quando tornam a crescer, a que taxas, quais os limites." Degradação florestal é um processo que muda a perspectiva do monitoramento, diz Mercedes, organizadora do evento. Ele abre um ciclo de empobrecimento da floresta, com perda de carbono, de biodiversidade, de função ecológica. O bioma pode se regenerar ou não. "É preciso deixar de olhar essas florestas com visão de curto prazo. São 20, 30, 40 anos cruciais para determinar se elas chegarão ou não ao ponto de não retorno." Este caminho complexo e imprevisível tem que ser mais estudado para que avancem políticas públicas. É o caso da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, mecanismo criado nos fóruns internacionais conhecido pela sigla REDD+. Há boas notícias. O Brasil está avançando em seu projeto de elaboração do Inventário Florestal Nacional. Deve estar terminado em 2017, diz Joberto Freitas, do Serviço Florestal Brasileiro.
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Investimento em obras de saneamento tem retorno econômico garantido, avalia estudo Fonte: Jornal Valor Econômico Online Daniel Rittner de Brasília03/09/2014 às 05h 00 Os efeitos sociais da universalização do saneamento básico já são bastante conhecidos. Menos doenças e redução do atraso escolar apenas ilustram as vantagens de apostar em água e esgoto para todos. Agora, um estudo do Instituto Trata Brasil demonstra que investir no serviço também vale a pena e tem retorno garantido do ponto de vista econômico, com reflexo em indicadores como geração de empregos e crescimento do PIB. O estudo leva em conta a necessidade, apontada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico, de investimentos de R$ 304 bilhões para universalizar a oferta de água potável e o tratamento de esgoto até 2033. O Trata Brasil, em parceria com as consultorias Utopies e Rever, fez uma simulação do que significaria aplicar R$ 15,9 bilhões por ano para incrementar os atuais níveis de atendimento. Os números são grandiosos: calcula-se um retorno anual de R$ 15,2 bilhões no PIB, 630 mil empregos, R$ 9,4 bilhões em remunerações e R$ 950 milhões em receitas públicas. Para chegar a esses números, o estudo se debruça também sobre os impactos potenciais na cadeia de fornecedores, além de estimativas a respeito do recolhimento de impostos. O presidente do instituto, Édison Carlos, levanta quatro razões para explicar a lentidão do país em fazer avanços na área - apesar dos reflexos comprovadamente positivos. Hoje, o índice de cobertura de água está em 82,4% da população. Apenas 48,1% do esgoto é coletado. O tratamento dos resíduos abrange 37,5% do país. "O nó não é mais a questão orçamentária", afirma Carlos, garantindo que não faltam recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o setor. Segundo o estudo, o endividamento das companhias estaduais de saneamento, a deficiência técnica dos projetos apresentados ao Ministério das Cidades, a burocracia para a liberação de recursos quando os projetos são aprovados e o desinteresse de políticos locais em iniciar obras que ultrapassem a duração de seus mandatos constituem os principais freios aos investimentos.
União autoriza projetos de aeroportos privados para uso da aviação executiva Fonte: Jornal Valor Econômico Online Rodrigo Pedroso de São Paulo 03/09/2014 às 05h00 O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, afirmou que a presidente Dilma Rousseff autorizou a pasta a aprovar projetos de aeroportos de aviação executiva construídos e administrados exclusivamente pela iniciativa privada. O primeiro deles começou a sair do papel ontem e, ainda segundo o ministro, outros empresários estão em conversações com o governo para construir aeroportos no mesmo modelo no Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e Bahia. Moreira Franco visitou as obras do Aeroporto Executivo Catarina, do grupo JHSF, em São Roque, a cerca de 70 km de São Paulo. A primeira fase da construção deve ser entregue no primeiro semestre de 2016. "A presidenta permitiu que pudéssemos autorizar aeroportos totalmente privados para a aviação executiva", disse o ministro.
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A diretriz do governo federal é a de estimular novos empreendimentos similares. A primeira fase do aeroporto Catarina prevê investimentos de R$ 3,9 milhões até a entrega da obra. Nessa fase, será construída uma pista de 1,9 km. Na segunda fase, onde deverá ser erguido um complexo comercial junto ao aeroporto, o investimento estimado é de R$ 1,2 bilhão e a construção de uma segunda pista. Não há planos, no entanto, de expansão do modelo para a aviação comercial. "Temos pedidos para aeroportos com essas características. O Brasil tem hoje a segunda frota de aviação executiva do mundo, então temos necessidade dessa infraestrutura, que deve ser projetada para acompanhar a demanda", afirmou Moreira Franco. O ministro acredita que a operação de um novo aeroporto nos arredores de São Paulo, mesmo que apenas para atender à aviação executiva, ajudará a "desestressar" o aeroporto de Congonhas e também diminuirá o número de pousos e decolagens no Campo de Marte. Afirmou que é necessária a criação de infraestrutura para separar a aviação executiva da comercial, já que "não há sentido que um modelo concorra com o outro" nos aeroportos por slots - horários de pousos e decolagens.
Senado aprova mais álcool na gasolina Fonte: Jornal Valor Econômico Online Folhapress, de Brasília 03/09/2014 às 05h00 O Senado aprovou ontem medida provisória que determina o aumento dos percentuais de biodiesel misturado ao óleo diesel e do etanol à gasolina vendidos nos postos de combustíveis do país. O texto segue para sanção da presidente Dilma Rousseff. A proposta eleva para 27,5% o percentual de álcool anidro que será adicionado à gasolina, desde que exista viabilidade técnica para isso. Hoje, o percentual máximo é de 25%. A medida mantém o limite mínimo atual, que é de 18%. De acordo com a proposta, o percentual obrigatório de mistura do biodiesel ao óleo diesel passou para 6% desde o início de julho e passará para 7% a partir de 1º de novembro de 2014. Até o fim de maio, quando a MP foi editada pelo governo, o percentual era de 5%. Relator da proposta na Câmara, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) alterou a permissão para que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) possa modificar o percentual entre os limites de 6% e 7%. Os parâmetros para definição desses limites serão definidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O texto estabelece ainda a previsão de que a ANP regule os limites de variação. A proposta do governo determina que o biodiesel a ser utilizado deverá vir, prioritariamente, da agricultura familiar. As normas para garantir o cumprimento dessa exigência ainda serão editadas pelo governo.
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Bancos elevam provisões para riscos operacionais Fonte: Jornal Valor Econômico Online Hugh Son, Michael J. Moore e YalmanOnaran Bloomberg 03/09/2014 às 05h00 O executivo-chefe do J.P. Morgan Chase, Jamie Dimon, se comprometeu a gastar bilhões de dólares para melhorar o compliance (a conformidade com as regras legais e de governança) e a segurança cibernética. Isso não está impedindo que os reguladores tratem o banco como se fosse mais arriscado do que nunca. Os ativos ponderados pelo risco da instituição, uma medição criada pelos reguladores que determina quanto capital o banco precisa reter contra potenciais perdas por erros humanos, ameaças externas, fraude e litígios, aumentaram 6,7% no segundo trimestre, para US$ 400 bilhões, segundo um documento apresentado em agosto. Os reguladores podem apontar US$ 23 bilhões em acordos legais no ano passado e um ataque cibernético descoberto no mês passado enquanto pressionam o J.P. Morgan a aumentar suas provisões contra perdas imprevistas. Bancos de Wall Street, incluindo o Citigroup e o Bank ofAmerica, que juntos acumularam mais de US$ 100 bilhões em custos legais após a crise financeira, estão enfrentando pressões similares. No J.P. Morgan, o maior banco dos EUA, essas reservas se traduzem em mais de US$ 35 bilhões que não podem ser utilizadas para dividendos nem recompras de ações, o que levou Dimon a chamá-las de "capital encalhado". "Os bancos estão dizendo: 'Nós fizemos grandes investimentos em tecnologia e pessoal de compliance, mas não estamos recebendo crédito' por isso", disse Justin Fuller, diretor sênior da Fitch Ratings em Chicago. "Ao mesmo tempo, os únicos pontos de dados verificáveis são esses enormes custos de litígio em que eles acabam de incorrer, e é difícil ignorá-los." Em janeiro, a diretora financeira do J.P. Morgan, Marianne Lake, disse que esperava convencer os reguladores de que o cálculo, que emprega dados históricos para prever os custos no futuro, era injusto porque não refletia o atual nível de segurança do banco. Os modelos são "retrógrados" e mostram um risco ampliado para de cinco a dez anos depois das conciliações, disse ela. Depois que um operador do J.P. Morgan, conhecido como "London Whale", perdeu US$ 6,2 bilhões em 2012, os reguladores dos EUA se tornaram mais agressivos ao assegurar que os modelos internos dos bancos estivessem medindo adequadamente os riscos operacionais enfrentados pelas instituições financeiras. A investida foi acelerada por disputas legais que envolvem empréstimos hipotecários durante o boom imobiliário, supostas especulações no mercado e violações a sanções. O J.P. Morgan foi um de pelo menos cinco bancos alvejados em um ataque coordenado contra instituições financeiras nas últimas semanas, disse um funcionário do governo dos EUA na semana passada. O ataque levou ao roubo de dados de clientes que poderiam ser usados para invadir contas, segundo uma fonte do setor. Na semana passada, o J.P. Morgan disse que não tinha observado níveis incomuns de fraude e que está reforçando suas defesas contra hackers. Os ativos operacionais do J.P. Morgan ponderados pelo risco (RWA) aumentaram US$ 25 bilhões no segundo trimestre, depois de "orientações regulatórias", e agora representam uma maior proporção do perfil de riscos da instituição, mostra o documento. Os US$ 400 bilhões desses ativos representam 24% do total da companhia, em comparação a 6% em 2010. 9
O Citigroup informou ter sido obrigado pelo Fed a acrescentar US$ 56 bilhões a seus RWA operacionais neste ano, o que reduziu sua meta de capitalização, mencionando "o ambiente operacional geral para o setor bancário". A instituição com sede em Nova York tinha US$ 288 bilhões desses ativos em 30 de junho, 23% do seu total, ante os US$ 177 bilhões no terceiro trimestre de 2013. O Goldman Sachs tinha US$ 93,8 bilhões de ativos operacionais ponderados pelo risco no fim de junho, 16% do seu total. "Os ativos operacionais ponderados pelo risco aumentaram muito e continuarão subindo para os maiores bancos", disse Fuller, da Fitch. "É difícil antecipar uma mudança nessa tendência no futuro próximo."
Reajuste nos impostos pode ficar para 2015 Fonte: Jornal Valor Econômico Online Edna Simão de Brasília03/09/2014 às 05h00 O aumento da tributação das bebidas frias, categoria que reúne cerveja, água, isotônicos e refrigerantes, previstos para o início deste mês, ainda não tem prazo para acontecer e deverá ficará para depois das eleições. A possibilidade de se jogar a correção para o próximo ano também não está totalmente descartada. Segundo uma fonte de governo ouvida pelo Valor, "não há plano de que a nova tabela [de preços] deva sair agora". No momento, informou a fonte, está sendo rediscutido o modelo tributário para o setor. A avaliação é que esse tipo de assunto "não dá para se discutir no meio do período eleitoral". O aumento da tributação e, consequentemente, seu impacto na inflação seriam utilizados politicamente pelos adversários da presidente Dilma Rousseff, que tenta reeleição. A tabelas de preços das bebidas frias são utilizadas como base para incidência de Imposto de Produtos Industrializados (IPI) e do PIS/Cofins. "Não dá para discutir um novo regime tributário no afogadilho", afirmou fonte de governo, ressaltando que o novo modelo tributário é uma política de longo prazo. A avaliação é de que é preciso definir o critério a ser utilizado para calcular a tributação do setor porque o método utilizado hoje, tabela com base em pesquisa nos preços de varejo, não é o mais adequado. O debate não deve ser feito apenas do ponto de vista arrecadatório até porque não representaria uma forte entrada de recursos aos cofres públicos. Enquanto não há definição sobre o reajuste da tabela, continuará vigorando a atual tabela de preços. Nos últimos meses, diante da possibilidade de reajuste da tabela a partir de 1º de setembro, os representantes do setor de bebidas frias aceleraram a discussão em torno do novo modelo de tributação. A expectativa é que o novo modelo comece a vigorar em 2015. A ideia é que o reajuste previsto para este mês seja incorporado ao novo modelo, ou seja, também ficaria para o próximo ano. Para a fonte do governo, esta hipótese não está descartada. Mas, segundo outra fonte do setor privado, as empresas querem chegar a um acordo com o governo sobre o novo regime logo após as eleições para garantir que ele seja adotado no próximo ano. Isso porque se o atual governo não for reeleito, o setor de bebidas frias teria que reiniciar as negociações em torno do assunto.
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O novo ajuste na tabela do setor estava previsto para ocorrer antes da realização da Copa do Mundo. Os fabricantes reagiram e convenceram a área econômica do governo federal a postergar a entrada em vigor da nova tabela para o segundo semestre. Em 19 de agosto, quando foi noticiado que o reajuste da tabela poderia ser novamente adiado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo não havia desistido de aumentar os impostos sobre as bebidas frias neste ano. Porém, iria conversar com os representantes do setor. Pelo menos, por enquanto, entidades informaram aoValor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor, que nada foi agendado. No mesmo dia 19 de agosto, em Rondônia, a presidente Dilma Rousseff descartou aumentar a tributação sobre o setor de bebidas frias em um futuro próximo. "Não se tem nos próximos dias nenhum interesse em fazer [isso]", disse na ocasião, referindo-se à correção da tabela de preços das bebidas frias.
Dominância financeira no Brasil? Fonte: Jornal Valor Econômico Online Frederico de Souza e Leandro Silva 03/09/2014 às 05h00 A literatura econômica é abundante em realçar o importante e nuclear papel do setor financeiro - em face dos demais setores - para o crescimento e desenvolvimento econômico. Sem nos aventurarmos aqui em discutir um conceito global de desenvolvimento econômico, o que daria ensejo inclusive a diferentes concepções filosóficas de "como viver a vida", há relativo consenso em qualquer métrica que o crescimento da riqueza de um país (e sua eventual distribuição) está intimamente relacionado a um sistema financeiro organizado e pujante. Além disso, se nos depararmos com uma regulação de boa qualidade, organizando adequadamente o setor, além de outras conexões de política econômica, seguramente o sistema financeiro exercerá ativamente, com bons resultados, o seu trabalho de intermediação financeira. No entanto, no caso brasileiro, embora o sistema se revele consistente e sustentável, pontuando-se, ademais, a passagem segura pela crise financeira de 2008/2009, razão de adequada regulação, questiona-se - com visível intensidade - que o sistema financeiro falha em tornar a intermediação de recursos mais pujante e em taxas de juros mais razoáveis. Partindo dessa constatação, procuramos investigar não as causas, mas um eventual sintoma dessa falha, realçando algumas hipóteses e perguntas. Tem nos chamado a atenção no Brasil, em particular nos últimos 10 anos, o tamanho do setor financeiro em face de outros setores da economia. Para realizar tal investigação, propusemos um exercício de identificar a participação setorial na Bolsa de Valores de São Paulo e sua evolução de janeiro de 1996 a janeiro de 2014. Com base em dados da Economática, chegamos ao gráfico acima. Completando a análise anterior, fizemos um exercício - de junho de 2007 até dezembro de 2013 - investigando o retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) de empresas financeiras versus empresas não financeiras. O gráfico está abaixo. Constatação óbvia: uma forte expansão do setor financeiro - que já era muito expressivo - nos últimos 10 anos, com acréscimo de 10 pontos percentuais, capturando quase 30% da participação acionária da Bovespa. Somente o setor de consumo não cíclico, com destaque 11
para alimentos processados e bebidas, teve participação destacada e crescente em um período mais recente. Quais sinais adicionais o primeiro gráfico (acima) ainda nos evidencia, com suas possíveis hipóteses? O decréscimo vertiginoso do setor de telecomunicações, em linha com a alteração do modelo de negócio. O aparelho de telefone hoje está inserido praticamente em um novo mercado de convergência tecnológica, em que aplicativos de mensagem e mídias sociais praticamente assumiram o primeiro lugar das comunicações. O que resulta curioso é a inexpressiva participação setorial da tecnologia da informação que, em tese, ocuparia esse lugar. De forma igualmente relevante, o setor de utilidade pública também perde participação. Sinalização evidente da menor participação das estatais no índice Bovespa, razão do processo de privatização e de concessões públicas. O interessante é que setores privados que poderiam ocupar essa fatia perdida pelas estatais, ofertando infraestrutura, indispensável ao país, não despontaram na mesma proporção. O crescimento do setor de construção e transporte não colhe toda essa transição, dedicado quase exclusivamente ao maior desenvolvimento do mercado imobiliário brasileiro. O já citado setor de consumo não cíclico, de ascensão crescente, com grandes conglomerados como JBS, BRF e AmBev, e suas fusões e aquisições, se beneficia do aumento de renda do brasileiro durante o período, o que justifica a ampliação acionária. E o segmento de petróleo, gás e biocombustíveis, sempre importante, passa por um ciclo. Liderado pela Petrobrás, não sofreu significativas alterações, nem mesmo diante da flexibilização da exploração de petróleo em meados da década de 1990. Após o pré-sal, no entanto, o setor teve um surto de crescimento, inclusive de empresas privadas, para se retrair novamente em razão das medidas de contenção do preço da gasolina tomadas pelo governo federal, desorganizando a Petrobrás. Retomando nosso ponto: as hipóteses acima são bem testáveis para os diversos setores. No caso do setor financeiro, no entanto, não há nenhum dado significativo no período - ainda que se fale em um processo de consolidação bancária - que justifique por si só o expressivo crescimento. Ainda que se teste a hipótese da inclusão financeira, por exemplo, resultante do aumento de renda, não nos parece ser causa suficiente e isolada para dar conta desse expressivo crescimento do setor. E, por outro lado, embora a economia americana, por exemplo, seja mais diversificada do que a brasileira, o nosso setor financeiro tem o dobro da participação americana no mercado de ações. E o centro financeiro mundial e país sede de vários conglomerados financeiros poderia justificar uma maior participação do setor financeiro no mercado acionário. Poder-se-ia também pensar que o mercado acionário brasileiro não é tão desenvolvido como o americano, ainda que a Bovespa esteja mais consistente, mais transparente, com um mercado mais diversificado e fragmentado, com sucessivas rodadas de lançamento de ações de novas empresas. É uma hipótese testável, que eventualmente poderia justificar um mercado concentrado e consolidado no setor financeiro. Mas achamos que a hipótese também não dá conta do nosso sintoma. Nossa hipótese é: há uma dominância financeira no Brasil. O retrato que justifica a ascensão financeira é, inegavelmente, no nosso segundo gráfico (abaixo), um permanente retorno sobre o patrimônio líquido das empresas financeiras em níveis superiores ao das demais empresas não financeiras. Há evidentemente uma correlação entre os retornos, com algum desvio em 2011, mas que nunca esteve inferior a 3 pontos percentuais superiores ao setor financeiro, o que por si só é significativo. 12
E o retorno das instituições financeiras tem sensível menor variação. Em finanças, quanto menos varia um preço ou o retorno de um ativo, mais valioso ele é. Ou seja, mesmo diante da crise, os ativos financeiros continuaram valorizados, com uma menor variação de retorno em relação aos demais setores da economia. O que sugere uma intrigante questão: por que esses apertos da economia real não repercutem no mesmo grau no setor financeiro? Não deveria ser o setor financeiro um espelho do funcionamento da economia real? Com este brutal incentivo e performance, pontua-se aqui uma possível hipótese para a dominância do setor no mercado de capital, criando-se um rentismo acionário relacionado às empresas financeiras, cativo, seguro e lucrativo. E voltando ao nosso debate regulatório, a dominância financeira pode revelar um sintoma (distorção) do sistema, falhando naquilo que é a sua essência: proporcionar intermediação financeira com um custo razoável. Seria o aprofundamento da regulação promotora da concorrência no setor uma saída?
Especial atenção às dívidas estaduais Fonte: Jornal Valor Econômico Online Mônica Izaguirre03/05/2013 às 00h00 Os parlamentares precisam dedicar redobrada atenção às estatísticas fiscais apuradas pelo Banco Central, no momento em que examinam proposta de alterações substanciais nas condições da dívida de Estados e municípios com a União. Divulgados na terça-feira, os números mais recentes mostram que o endividamento dos Estados junto a credores internacionais e a bancos dentro do país deu um salto de 62,85% nos últimos 15 meses, saindo de R$ 45,76 bilhões, em dezembro de 2011, para R$ 74,52 bilhões, em março deste ano. A dívida bancária, especificamente, deu um pulo de 64,82% no período, encerrando março em R$ 36,32 bilhões. Medida em moeda nacional e pelo seu conceito líquido (menos créditos externos), a dívida externa, por sua vez, chegou ao fim do mês passado em R$ 38,2 bilhões, 61% acima do que era 15 meses antes. O aumento, em ambos os casos, reflete a elevação de limites negociada pelos governadores com o Ministério da Fazenda, no ano passado, no âmbito do Programa de Ajuste Fiscal (PAF), para contratação de novos empréstimos. Dos R$ 28,76 bilhões de variação detectados pela autoridade monetária no período, R$ 25,13 bilhões, mais de 87%, portanto, referem-se a endividamento novo (o resto é efeito de incorporação de juros e de ajustes metodológicos). O projeto de lei complementar 238/2013, em tramitação desde 3 de janeiro, tende a interferir na velocidade de evolução dessas dívidas, na medida em que também afeta o espaço para endividamento futuro. De iniciativa do governo federal, a proposta muda juros e índice de correção das dívidas contraídas por governos regionais com a União entre 1997 e 2000, em decorrência do refinanciamento dado pelo Tesouro Nacional. Na época, o Tesouro entregou títulos de dívida de sua emissão a credores originais, ficando com os créditos perante Estados e municípios. O espaço aberto pelas negociações do PAF ainda estaria longe de se esgotar, segundo estimativa informada pelo Banco Central no seu último Relatório Trimestral de Inflação. Considerando as regras dos contratos firmados na década de 1990 e ainda em vigor, "a margem para endividamento adicional dos Estados foi estimada em R$ 70 bilhões", escreveu o BC no documento, divulgado no fim de março deste ano. A versão original do projeto em tramitação tende a abrir ainda mais espaço para crescimento de outras dívidas, entre elas a bancária e a externa, na medida em que reduz os juros e ainda cria um teto para o percentual total que incide mensalmente sobre o saldo devedor dos 13
contratos com a União. Isso faria crescer mais devagar, ou até mesmo permitiria uma amortização efetiva da dívida refinanciada pelo Tesouro. Até aí, tudo bem. O Brasil vive, hoje, uma realidade muito diferente da do fim dos anos 90, quando a Selic, taxa básica de juros, chegou a bater em 45% ao ano. Tanto a Selic quanto os demais juros da economia estão muito mais baixos e o Banco Central acredita que essa foi uma redução estrutural. Acredita que, mesmo subindo em função de necessidades conjunturais, como ocorreu há poucos dias, a Selic, hoje em 7,5% ao ano, não voltará aos níveis elevados em que esteve durante boa parte dos anos 2000. Nesse contexto, é compreensível que, depois de anos de reivindicação de governadores e prefeitos, o governo federal tenha cedido e encaminhado ao Legislativo o projeto que agora tramita na Câmara como PLP 238/2013. A proposta padroniza em 4% ao ano, além da inflação, os juros incidentes sobre as dívidas refinanciadas com base na Lei 9.496/1997 (Estados) e na Medida Provisória 2.185-35/2001 (municípios), ambas originárias de MPs anteriores a elas. As regras atuais preveem juros de 6%, 7,5% ou 9% ao ano, além da inflação, o que significa que o projeto reduz a taxa real em pelo menos um terço, podendo fazê-la cair mais da metade. O projeto original também muda o índice de inflação usado como referência para correção monetária dos saldos. Em vez do IGP-DI, que é mais volátil, será o IPCA. Isso, por si só, não é garantia de alívio para os governos regionais, pois nem sempre a variação do IPCA é menor que a do IGP-DI. Em dois dos últimos quatro anos, por exemplo, o IGP-DI apontou inflação menor (2011) ou deflação (2009). A grande vantagem do projeto para os governos regionais é a fixação de um teto para incidência de juros e correção monetáriasomados. Sempre que a inflação do IPCA mais os juros de 4% ao ano representarem, no equivalente mensal, percentual maior que a Selic efetiva, valerá a Selic. O teto pode fazer muita diferença. Em 2011, por exemplo, a Selic efetivamente acumulada no ano ficou em 9,78%, lembra o governo na exposição de motivos do projeto. Naquele mesmo ano, a soma de juros e atualização monetária sobre dívidas estaduais e municipais com a União variou entre 17,98% e 21,32%, segundo o documento. O perigo está na possibilidade de o Poder Legislativo querer ser ainda mais generoso e aprovar, por exemplo, o substitutivo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), relator do projeto na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. O texto manda aplicar o teto retroativamente ao início dos contratos e abater a dívida pelo valor da diferença apurada em favor dos governos nos regionais. Dependendo do tamanho da diferença apurada, a solução proposta por Cunha pode resultar, portanto, em aumento expressivo súbito de espaço para endividamento novo por parte dos Estados e municípios com outros credores. O projeto do governo também tende a aumentar o espaço mas de forma paulatina. Optar pelo substitutivo significaria também aumentar o subsídio dado pela União, que já não é pequeno. Mesmo com a correção das dívidas superando a Selic em alguns momentos, só para os Estados, o refinanciamento representou subsídio de mais de R$ 230 bilhões até 2012, pois a dívida contraída pelo Tesouro Nacional para refinanciá-los foi mais cara.
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Ineficiência do governo faz Brasil perder uma posição em ranking global Fonte: 02/09/2014 | 19h14 | FOLHAPRESS O Brasil perdeu uma posição no ranking global de competitividade, neste ano, e agora ocupa a 57ª posição entre 144 países. Feito pelo Fórum Econômico Mundial, o estudo aponta para a ineficiência do governo como o principal fator de piora do ambiente econômico entre 2013 e 2014. Educação superior e qualidade da saúde, por outro lado, foram os quesitos que o país apresentou evolução no último ano. Segundo Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral e responsável pelos dados do Brasil que compõem o ranking, o levantamento mostra que o país precisa fazer reformas necessárias, como trabalhista e tributária, o quanto antes. No quesito instituições, que mede justamente a atuação de órgãos governamentais, o Brasil ficou em 94º lugar. Em 2013, estava em 80º. O país está entre os últimos colocados em alguns dos componentes que integram esse índice, como peso das regulações governamentais (143), confiança nos políticos (140), desperdício do governo (137) e desvios de recursos públicos (135). Arruda esclarece que o estudo é feito junto de empresários e o cálculo representa uma percepção do setor produtivo. Nem mesmo as aprovações no Congresso do código florestal, do marco civil da internet ou da partilha dos royalties do pré-sal, ajudaram na melhora dessa percepção. "Apesar do Brasil ter feito essas reformas, elas têm avançado de forma mais lenta do que outros países. O Brasil está fazendo menos do que é preciso", afirma. O ambiente macroeconômico também foi outro fator de perda de competitividade. Pioras na poupança nacional bruta, inflação e dívida bruta, contribuíram para a queda de dez posições nesse quesito. O ranking revive uma polêmica em torno da legislação trabalhista. Nesse quesito, o Brasil perdeu 17 posições e ocupa atualmente o 107º lugar. "As leis trabalhistas brasileiras não são compatíveis com o trabalho no século 21", diz Carlos Arruda. Ele lembra da lei da terceirização, que ainda não foi aprovada, como um fator desestimulante. "A comunidade empresarial entende que nada está sendo feito para melhorar essa questão", complementa. Emergentes O Brasil está a frente da maioria de seus parceiros comerciais na América Latina, mas é o quarto colocado entre os Brics, atrás de China (28º), Rússia (53º) e África do Sul (56º), e somente à frente da Índia (71º). Entre as principais economias latino-americanas, o Chile se destaca, em 33º lugar. O Brasil, entre esses países, é o segundo. Está à frente do México (61º), Peru (65º), Colômbia (66º), Argentina (104º) e Venezuela (131º). Arruda afirma que esses países têm maiores dificuldades para avançar no ranking devido ao peso do estado em suas economias. "São países parecidos na ineficiência de seus governos. O Brasil faz parte de um grupo crítico, que possuem práticas aquém da comunidade internacional", diz. O ranking completo será publicado nesta quartafeira (3).
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Com país em 'recessão técnica', Banco Central deve manter Selic em 11% Fonte: Jornal Valor Econômico Online DE SÃO PAULO03/09/2014 12h00 O Banco Central deve manter em 11% ao ano a taxa básica de juros (Selic) na reunião de dois dias que termina na noite desta quarta-feira (3), de acordo com economistas ouvidos pela Folha. A manutenção também é a aposta de 53 dos 54 economistas ouvidos pela Bloombergapenas um vê corte de 0,25 ponto percentual, o que levaria a Selic a 10,75% ao ano. A justificativa é o atual cenário de 'recessão técnica' que afeta o Brasil. De acordo com o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano. Em relação ao segundo trimestre de 2013, a economia do país encolheu em 0,9%.
O resultado do primeiro trimestre também foi revisado para queda de 0,2% (contra alta de 0,2% informado anteriormente). Isso, segundo alguns economistas, coloca o país em um quadro de recessão técnica. Os juros altos estão entre os motivos apontados para o baixo nível de investimentos por parte da iniciativa privada. No segundo trimestre, por exemplo, os investimentos em máquinas para a produção, transporte, agropecuária, energia, entre outros, e em construção civil tiveram forte retração de 5,3%. Esse componente é tido como dos mais importantes do PIB, pois sinaliza o quanto a economia terá capacidade de crescer no futuro por meio do aumento da sua capacidade produtiva e da infraestrutura. Por outro lado, a inflação segue próxima do teto da meta do governo –de 4,5% ao ano, com dois pontos percentuais para cima ou para baixo de tolerância. Atualmente, de acordo com dados de julho, o IPCA (índice oficial de inflação) mostra alta de 6,5% em 12 meses. PREÇOS REPRESADOS Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, é um dos que vê a Selic mantida em 11% na reunião desta noite. "Se por um lado a atividade econômica apresenta sinais inequívocos de fraqueza, por outro, a inflação se mostra resistente, sem indicar convergência no horizonte relevante de política monetária, apesar da alta de juros já promovida", avalia. "A política de represamento dos preços administrados adotada nos últimos anos enseja a necessidade de se reajustar esses preços nos próximos anos, o que significa que para a inflação ceder, os preços livres terão que subir a um ritmo bem menor que o atual", continua.
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Indicadores - Juros Em relatório, a equipe do Banco Pine avalia que "a fraca performance da economia poderia produzir a elevação da taxa de desemprego a partir do final do ano". "No entanto, a trajetória da inflação ainda incomoda, mesmo com a sua estabilidade em julho, ainda mais porque a sua tendência aponta para a reaceleração mensal no segundo semestre, implicando a nossa projeção para a variação do IPCA igual a 6,3% em 2014", indica o comunicado. A desaceleração econômica também é apontada por Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global, para a manutenção da Selic em 11% ao ano. "Esperamos que o BC deve decidir pela manutenção da taxa básica de juros em 11%. Além disso, a sinalização do comunicado do Copom não deve se comprometer pela redução dos juros no curto prazo em função da fraqueza da atividade econômica", avalia. Já a equipe de análise do Santander enfatiza a preocupação do BC com a inflação. "O Copom provavelmente optará por manter a taxa estável por ora (e provavelmente até o final deste ano ao menos) e observar a trajetória da inflação nos próximos meses, na expectativa de que os efeitos defasados e acumulados da elevação de juros desde o ano passado contribuam para manter a inflação dentro da meta", indica. PROJEÇÃO Sobre perspectivas, o economista Flávio Combat, da Concórdia Corretora, avalia que "o mais provável é que o BC promova um novo aperto monetário em 2015, tendo em vista o conjunto de preços que terão de ser ajustados (gasolina, energia elétrica, tarifas de transporte) e o seu impacto inflacionário". Assim, Combat projeta que a Selic estará em 12,25% ao ano no fim de 2015. O comitê de acompanhamento macroeconômico da Anbima manteve a mediana de projeções para a Selic em 12% para o final de 2015. "Foi considerada a possibilidade de que um ambiente de maior confiança entre os agentes econômicos, sobretudo em função de indicativos de uma política fiscal menos expansionista, possa reduzir a necessidade de elevação de juros", indica, em relatório. No entanto, ressalta, não há consenso em relação às estimativas, que variam de 11% a 13%, o que, de acordo com o comitê, "indica o grau de incerteza dos analistas quanto à trajetória dos juros em um contexto de baixo crescimento e de pontos ainda por serem esclarecidos em relação aos próximos passos da política econômica".
Invexp Fonte: Jornal Valor Econômico Online 03/09/2014 02h00 "Caiu a ficha". É agora geral o reconhecimento que a causa fundamental da progressiva redução da taxa de crescimento do PIB foi a pouca atenção dada à cuidadosa destruição da capacidade competitiva da indústria manufatureira nacional, consequência do uso da taxa de câmbio como instrumento de controle da inflação em substituição às políticas fiscal e monetária. Entre 2002 e 2007, depois da correção da supervalorização cambial de 1999, o saldo das exportações de manufaturados, que havia sido negativo em US$ 25,3 bilhões entre 1996-98, transformou-se no superávit de US$ 138,8 bilhões, o que aumentou a demanda de manufaturados brasileiros no mesmo valor. Em 2007, a taxa nominal de câmbio, que andara em torno de 2,30 R$/US$ nos dois anos anteriores, cai para 1,95 R$/US$ (uma valorização de 15%, com uma inflação de 6%) e, a partir daí, com uma política cambial errática, reduziu-se a 1,67 R$/US$ em 2011 (com uma inflação acumulada de 25%!). O resultado dessa aventura foi o déficit acumulado do saldo comercial dos manufaturados de US$ 236,0 bilhões entre 2008 e 2014. Em poucas palavras: de 2002 a 2014, a supervalorização 17
"roubou" nada menos do que US$ 370 bilhões de demanda interna e externa da indústria nacional. Em 2009, no auge da crise mundial, a taxa de câmbio se desvalorizou 9%, para valorizar-se 14% em 2010-11 e voltar a desvalorizar-se lentamente de 2012 até hoje, com a taxa de 2,30 R$/US$. Notemos que é a mesma taxa de 2005/06, enquanto a inflação total no período foi de 69,2%! É agora evidente o que sempre deveria ter sido. Num processo de desenvolvimento econômico saudável há uma cointegração entre os três setores: agricultura, indústria e serviços. Depois da grave crise de 2009, nossa recuperação foi rápida, o problema é que dado às circunstâncias anteriores, a produção industrial estagnou, reduzindo os investimentos no setor e o crescimento do PIB. O desconforto causado pela baixa performance da indústria não é a única causa da murcha do crescimento. A falta de previsibilidade produzida por intervenções bem intencionadas, particularmente no comportamento do câmbio, que é o preço relativo mais importante da economia, foi devastadora. Mais importantes foram as dificuldades de comunicação entre o governo e o setor empresarial, dominada por preconceitos recíprocos que reduziram o nível do investimento privado. A combinação da redução da demanda da indústria (ocupada pela importação subsidiada) com a redução dos investimentos privados foi mortal para o crescimento do PIB. Não vamos voltar a crescer sem enfrentar com disposição e inteligência esses dois obstáculos.
Marcus Vinicius Furtado Coêlho: Voto não tem preço Fonte: Jornal Valor Econômico Online 03/09/2014 02h00 A maior festa da democracia se aproxima. A um mês das eleições gerais, quando milhões de brasileiros escolherão seus representantes por meio do voto, é necessária uma reflexão sobre esse poder de escolha. Como voz constitucional do cidadão, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) lidera mais uma vez, ao lado da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a campanha por eleições limpas. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em junho, com 2.126 pessoas de 134 municípios do país, mostra que 88% da população considera muito importante o projeto da OAB por eleições limpas, reforçando a relevância da ação. Para estimular o alto nível do debate na internet, lançamos naquele mesmo mês a campanha por eleições limpas também no ambiente virtual. O pacto, firmado entre PT, PSDB, PSB, PMDB e empresas de tecnologia, como o Facebook, tem como premissa não transformar a internet em um ringue para difusão de boatos e de ataques pessoais. No mesmo sentido, a OAB atuou pela aprovação, no ano passado, da Lei Anticorrupção, que dificulta a prática de caixa dois nas empresas, responsabilizando administrativa e civilmente as pessoas jurídicas que cometam atos ilícitos contra a administração pública nacional –assim como a lei nº 9.840, de 1999, que pune a compra de votos. Apesar de todas essas conquistas, ainda é necessário fazer mais para as próximas eleições. O investimento de empresas em campanhas eleitorais é inconstitucional e precisa ser proibido. A OAB já entrou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para colocar fim a essa prática que deturpa o sistema eleitoral. A maioria dos ministros do STF proferiu voto favorável à ação e esperamos que o julgamento seja concluído ainda neste ano. O pleito deste ano será o mais caro da história do país, segundo dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral. Vai custar aproximadamente um terço a mais do que o anterior, alcançando uma arrecadação superior a R$ 70 bilhões. A cada eleição são arrecadados valores ainda maiores, que afastam do pleito diversos candidatos cujas propostas se tornam suplantadas pelo poder econômico. O fim do financiamento empresarial vai baratear as campanhas políticas. O elevado custo das eleições no Brasil não é democrático e exclui a população. Um candidato que tem boas ideias, 18
mas sem dinheiro para investir em sua campanha, é automaticamente excluído do sistema político. Milhares de brasileiros estão impossibilitados de se candidatar por não possuírem verba suficiente para gastar. A nossa democracia não pode ser refém do poder econômico. É preciso construir um sistema eleitoral que iguale os brasileiros. A participação censitária no processo eleitoral fere a igualdade política entre os cidadãos e entre candidatos e partidos políticos. A ação proposta pela OAB não tem como objetivo diminuir a atividade pública nem generalizar ou criminalizar a política. Seu norte é valorizá-las, dizer que são essenciais a todos os cidadãos, independentemente de sua renda. Também é necessária uma profunda reforma política que consolide e aperfeiçoe a nossa democracia, ainda tão jovem. É necessário assegurar a igualdade de condições entre os candidatos, fortalecer e democratizar os partidos e estimular o debate programático. O Brasil é uma das maiores democracias constitucionais do mundo. Por seu papel e relevância, o país deve conduzir um belo espetáculo com as eleições gerais do próximo mês. Para que a festa seja legítima, é necessária a participação de todos os eleitores. E que a escolha seja feita com consciência e sem pressões ou ilegalidades. Afinal, voto não tem preço, mas tem consequência.
Tesouro autoriza nova emissão de bônus da República Fonte: Jornal Valor Econômico Online de BRASÍLIA03/09/2014 11h04 O Tesouro Nacional informou nesta quarta-feira (3) que reabriu a venda de títulos da dívida externa brasileira em dólares, denominados bônus da República. Esses papéis, emitidos pelo governo brasileiro para cobrir déficits no orçamento e refinanciar parte da dívida pública, terão vencimento em janeiro de 2025. A emissão será liderada pelos bancos Morgan Stanley, BTG Pactual e Citigroup nos mercados europeu e norte-americano. O Tesouro espera fazer outra operação do tipo na Ásia. Em março, o Tesouro fez uma emissão externa nesses mesmos mercados, só que dessa vez em euros, conseguindo levantar € 1 bilhão. O resultado da emissão desta terça (2) será anunciado na quinta (4), depois de concluída a eventual oferta no mercado asiático. CONJECTURA Segundo o IFR, um serviço da Thomson Reuters, a estimativa de preço na reabertura de bônus do Brasil com vencimento em 2025 é de Treasuries mais 160 pontos básicos. Há US$ 3,5 bilhões em títulos soberanos do Brasil com vencimento em janeiro de 2025, com rendimento de 4,25% ao ano, de acordo com o IFR. A última emissão externa feita pelo governo brasileiro ocorreu em julho com a colocação do novo bônus Global 2045 nos mercados norte-americano, europeu e asiático no montante de US$ 3,55 bilhões. Na época, a operação envolveu a recompra de US$ 2 bilhões em títulos da dívida externa que pagavam juros mais altos. O spread da emissão do Global2045 diferença entre o rendimento do título brasileiro e o oferecido pelo título de referência do Tesouro dos EUA– foi de 187,5 pontos básicos, no maior spread pago pelo governo brasileiro desde julho de 2009 para títulos de 30 anos, quando o Global 2037 foi lançado com spread de 195 pontos básicos.
Volta pibículo! Fonte: Jornal Valor Econômico Online 03/09/2014 02h00 Segundo declarações da presidente e de seu bravo ministro da Fazenda não há motivos para preocupação com a queda do PIB (-0,6%) no segundo trimestre do ano: seria um fenômeno "momentâneo", resultado de seca, preços de commodities em queda, feriados associados à Copa do Mundo, fraqueza da economia global e, claro, também do estado do gramado, 19
pesado, sem sal e pouco afeito à prática do esporte bretão. E se o juiz ainda desse aquele pênalti quando o jogo estava 0x0... Pode ser que minha definição de "momentâneo" esteja algo defasada, mas, consultando os dados, notei que em três dos quatro últimos trimestres a economia cresceu como rabo de cavalo. Foi apenas no último trimestre do ano passado que registramos expansão do produto, 0,5% (naquele momento a estimativa era um pouco maior, 0,7%), suficiente à época para o ministro da Fazenda soltar rojões e prever crescimento neste ano superior aos 2,3% observados em 2013. Como de hábito, errou. E agora se mete a prever as chuvas... Caminhamos para crescimento baixíssimo neste ano, provavelmente inferior a 0,5%, e isto se a economia crescer a um ritmo positivo, ainda que moderado, no segundo semestre. Com isto, a presidente registraria expansão do PIB ao redor de 1,6% ao ano durante seu mandato, o pior desempenho entre todos os presidentes desde a estabilização da economia em 1994. Se esta é uma questão "momentânea", nem quero saber o que poderia ocorrer caso um problema mais persistente viesse a se materializar. Baseado nesta nova definição, deve também ser "momentâneo" o colapso do investimento, que caiu em cada um dos últimos quatro trimestres, acumulando retração pouco superior a 11% no período. A presidente herdou uma taxa de investimento na casa de 19,5% do PIB em 2010, ainda abaixo da necessária para crescimento mais veloz, é verdade, mas agora o investimento caiu para apenas 17,7% do PIB, o menor desde 2007, sugerindo que nossa capacidade de expansão sustentada seria ainda inferior à de quatro anos atrás. Não há dúvida: o péssimo desempenho é devido à alteração do padrão de política econômica, que começou de forma tímida nos anos finais do segundo mandato do presidente Lula, mas que foi aprofundado inequivocamente na atual administração. Não faltaram fanfarras quando o governo adotou a chamada (e agora convenientemente escondida) "nova matriz macroeconômica", em contrapartida às políticas ditas "neoliberais". Não se trata apenas do repúdio ao tripé macroeconômico. Sim, as metas fiscais viraram uma peça de ficção (nada) científica, a inflação nunca ficou na meta (sempre namorando seu limite superior) e o câmbio passou a ser administrado, mas, ainda que os resultados disto tenham sido lamentáveis, a verdade é que a deterioração se estendeu muito além da questão macro. Testemunhamos o retorno do intervencionismo econômico, expresso na escolha de "campeões nacionais" propelidos por abundante crédito público. Voltaram controles de preços, seguidos, é claro, por subsídios e empréstimos para mitigar os efeitos sobre setores prejudicados. O governo se engajou na batalha inglória de tentar estimular o investimento na infraestrutura ao mesmo tempo em que tabelava preços e retornos, desconhecendo a dinâmica básica das economias capitalistas. Ganhos modestos em termos de abertura comercial foram revertidos, à medida que setores demandaram (e obtiveram) proteção contra a concorrência externa. Com isso, o crescimento da produtividade caiu de forma dramática, com efeitos visíveis no nosso desempenho recente. Tempos atrás se dizia que "subdesenvolvimento não se improvisa". Também não improvisamos a impressionante deterioração do crescimento econômico: trata-se de fruto quase que deliberado das políticas postas em prática nos últimos anos, a despeito dos alertas de vários economistas. Parecia impossível, mas agora sentimos saudades do pibículo. Parabéns aos responsáveis.
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Fazenda e BC registram menores notas em oito meses de Termômetro Broad FONTE: AGÊNCIA ESTADO03 Setembro 201411h 14 As notas de avaliação do mercado financeiro para a gestão do Ministério da Fazenda e do Banco Central renovaram, em agosto, os pisos da série doTermômetro Broad. A sondagem, feita pela AgênciaEstado com objetivo de captar o sentimento dos agentes de mercado em relação à equipe econômica do governo, mostra continuidade da tendência de piora registrada nos meses anteriores. A média geral da Fazenda recuou de 2,9 em julho para 2,3 em agosto. Enquanto a média geral do Banco Central, no mesmo período, caiu de 5,1 para 4,8. Neste levantamento, 50 instituições responderam ao questionário, entre os dias 22 e 29 de agosto. Na piora da percepção em relação ao Ministério da Fazenda pesaram tanto a avaliação da Política Fiscal quanto da Comunicação. A nota para a Política Fiscal, que em julho estava 2,4, foi para 2,0 em agosto. Já a classificação para a Comunicação caiu de 2,9 para 2,2. Influência do PIB. O prazo final para a resposta do questionário coincidiu com a data da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre e dos dados do setor público consolidado de julho. O IBGE informou que o PIB entre abril e junho recuou 0,6% ante os três meses anteriores, e revisou, para queda de 0,2%, o resultado positivo 0,2% do primeiro trimestre . Com isso, o País registrou recessão técnica no primeiro semestre. Ao comentar os números, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou que "recessão é parada prolongada da economia como ocorreu na Europa". Ele atribuiu a queda da atividade no segundo trimestre ao ambiente internacional e a problemas pontuais internos, como os efeitos da estiagem e o menor número de dias úteis em razão da realização da Copa do Mundo. Com relação aos resultados fiscais, as contas continuaram se deteriorando em julho, com déficit do setor público consolidado (Governo Central, governos regionais e estatais federais, com exceção da Petrobrás e Eletrobras) de R$ 4,715 bilhões. É o pior resultado da série histórica para o mês e o terceiro saldo negativo consecutivo. As contas do setor público acumulam em 2014 até julho um superávit primário de R$ 24,665 bilhões, o equivalente a 0,84% do PIB - o pior para o período desde 2002. Em 12 meses, as contas têm saldo positivo de R$ 61,526 bilhões, ou 1,22% do PIB. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, admitiu que será mais difícil atingir a meta de superávit primário de 1,9% do PIB este ano. Ao longo do mês passado, a Fazenda adotou medidas na área fiscal para tentar fortalecer a economia. Entre elas, o lançamento das Letras Imobiliárias Garantidas. Também autorizou proprietários de imóveis a darem o bem como garantia em outros financiamentos imobiliários, na tentativa de impulsionar o crédito neste segmento. Outra medida foi lançada para 21
estimular o aumento de operações de crédito consignado de trabalhadores que são do setor privado. No campo das desonerações, a Fazenda ainda prorrogou o benefício fiscal para o Programa de Inclusão Digital, até 31 de dezembro de 2018, que acabaria em 31 de dezembro deste ano. O custo estimado é de R$ 7,9 bilhões em 2015. Banco Central. Na média geral do Banco Central, que recuou de 5,1 para 4,8 entre julho e agosto, pesou principalmente a deterioração da nota para a Política Monetária, que foi de 5,2 para 4,6. Já a nota da Política Cambial caiu menos, de 4,8 para 4,4. Na direção contrária, a nota da Comunicação mostrou ligeira melhora, ao passar de 4,7 para 4,8. No mês de agosto, a autoridade monetária anunciou medidas complementares às divulgadas em julho que liberariam até R$ 45 bilhões para o sistema financeiro, completando a reversão das medidas macroprudenciais de 2010 que restringiram o crédito. No último dia 20, o BC anunciou medidas para injetar mais R$ 25 bilhões, sendo que R$ 10 bilhões são via alteração nas regras de recolhimento de depósitos compulsórios. Na política cambial, o BC anunciou que o primeiro leilão de rolagem de swaps cambiais que venceriam em setembro (US$ 10,070 bilhões ou 201.400 contratos) seria de 8 mil contratos. E, na avaliação do mercado, essa oferta tenderia a se repetir ao longo do mês. Porém, no dia 8, após uma escalada que levou o dólar à vista a tocar a marca de R$ 2,30 no intraday, o BC elevou a oferta diária para 10 mil contratos. Ao final do mês isso resultou num enxugamento menor do que previsto inicialmente, de US$ 1,070 bilhão. Entenda. O Termômetro Broad é produzido mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos. A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente. São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais. O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.
Guardião, mas nem tanto FONTE: ESTADÃO ONLINE CELSO MINGTerça-Feira 02/09/14 Nesta terça-feira, na sua nova função de rebatedor das críticas à política econômica do governo Dilma em tempo eleitoral, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu de afirmar que “a inflação se combate com política monetária firme” Nesta terça-feira, na sua nova função de rebatedor das críticas à política econômica do governo Dilma em tempo eleitoral, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu de afirmar que 22
“a inflação se combate com política monetária firme”. Ou seja, que a inflação se combate com racionamento de moeda à economia, com política de juros. Isso aí foi dito por quem, até agora, pouca importância deu à política monetária como instrumento contra a inflação. Mesmo com os juros básicos (Selic) ao nível dos 11,0% ao ano, o governo Dilma preferiu usar a política monetária para outros fins. Na sua primeira parte de governo (de agosto de 2011 a início de 2013), os juros foram derrubados para ajudar a puxar pelo consumo. A partir de abril de 2013, foram operados como força subsidiária, não propriamente para combater a inflação, mas para evitar que saísse do controle. As armas mais importantes para segurar os preços passaram a ser o achatamento do câmbio (âncora cambial), para impedir o repasse da alta dos importados para a inflação; e o represamento dos preços administrados, especialmente dos combustíveis, da energia elétrica e dos transportes urbanos. O Banco Central (BC) atuou mais como pau mandado do que com política própria. Durante certo tempo, denunciou o estouro das contas públicas, pelas suas fortes consequências inflacionárias. Mas foi enquadrado e aí, sem maiores explicações, preferiu recitar o mantra de que “se criam condições para que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade”. Até hoje, seu discurso é o de que a administração do câmbio se limita a impedir a excessiva volatilidade das cotações. Ninguém acredita nesse lero-lero. O BC trata de segurar a inflação com leilões de swap cambial, equivalentes à venda de dólares no câmbio futuro, num total que se aproxima dos US$ 95 bilhões. Até agora ninguém entendeu, também, por que a inflação “tende a entrar em trajetória de convergência para a meta (de 4,5% ao ano) nos trimestres finais do horizonte de projeção”. A simples necessidade de que, passadas as eleições, o governo inicie o processo de descompressão dos preços administrados, que correspondem a cerca de 25% dos preços da economia, aponta para a quase impossibilidade de convergência da inflação para a meta em 2015 e possivelmente também nos primeiros meses de 2016. A mais recente contradição é a de que, numa fase de arrocho monetário (alta dos juros), o BC admite expandir o crédito por meio do afrouxamento dos depósitos compulsórios sobre depósitos a prazo. (Depósito compulsório é a parcela dos recursos aplicados pelos clientes que os bancos têm de recolher ao BC.) Ou seja, de um lado, fecha a torneira, de outro, abre. Não há nenhuma indicação de que o Banco Central alterará o nível dos juros, nem na reunião do Comitê de Política Econômica (Copom) agendada para hoje nem nas duas últimas de 2014. A política acochambrada da atual administração solapou a credibilidade do BC, a ponto de trazer ao debate eleitoral a necessidade de garantir por lei, e não apenas de fato, a autonomia do guardião da moeda. Os preços do petróleo, em queda desde junho. Ontem a cotação do WTI, o petróleo mais leve, dos Estados Unidos, desabou 3,2%. Apesar das convulsões Essa baixa acontece num momento de grande tensão geopolítica que, em outros tempos, produzia efeito oposto. Desta vez, prevalecem dois fatores que tendem a reduzir a demanda e dois que aumentam a oferta. Entre os primeiros estão o crescimento econômico mais fraco da 23
China e da Europa. A oferta está sofrendo o impacto da retomada das exportações pela Líbia e do aumento de produção nos EUA.
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