04 de setembro de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 04 DE SETEMBRO DE 2014

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CNI: Utilização da capacidade instalada sobe 0,6 ponto a 81% em julho Fonte: Jornal Valor Econômico Online Lucas Marchesini 04/09/2014 às 11h24 BRASÍLIA - A utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria brasileira aumentou 0,6 ponto percentual entre junho e julho, com ajuste sazonal, chegando a 81%. O indicador era de 80,4% em junho. Os números são da pesquisa “Indicadores Industriais”, divulgada nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na comparação com julho de 2013, quando o uso da capacidade foi de 82,4%, na série com ajuste sazonal, o UCI da indústria, portanto, caiu 1,4 ponto percentual. Sem ajuste, o índice de julho ficou em 81,4%. Esse resultado, segundo a CNI, mostra que “a atividade industrial voltou a crescer em julho, ainda que moderadamente, após quatro meses seguidos de retração”. As horas trabalhadas seguiram a mesma trajetória da utilização da capacidade, com alta ante junho e queda frente ao mesmo mês de 2013. Esse indicador, na série dessazonalizada, avançou 2,6% sobre junho, mas caiu 2,3% ante o sétimo mês de 2013. O faturamento real do setor em julho cresceu 1,2% em julho ante junho. Já na comparação com julho de 2013, recuou 5,1%. A entidade ponderou que "deve-se atribuir parte do crescimento desses indicadores ao menor número de dias úteis afetados pela Copa do Mundo em julho na comparação com junho". Já o nível de emprego decresceu 0,2% entre junho e julho. Em relação a julho do ano passado, o indicador recuou 0,6%. Os indicadores de renda na indústria tiveram comportamento divergente em julho. Enquanto a massa salarial real diminuiu 0,2% entre junho e julho e teve a mesma queda antejulho do ano passado, o rendimento médio real avançou 0,1% entre o sexto e o sétimo mês deste ano e cresceu 0,4% entre os meses de julho de 2013 e 2014. Ambos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Agência quer controlar tarifa portuária em terminal privado Fonte: Jornal Valor Econômico Online Fernanda Pires de Santos 04/09/2014 às 05h00 A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), que regula o setor portuário, apresentou proposta de norma que, se aprovada, aumentará o controle sobre a atividade privada nos portos. A norma prevê que os terminais arrendados, localizados em portos públicos, não poderão aumentar, sem autorização da agência, os preços dos serviços contratuais acima do acumulado pelo índice de referência, sob pena de multa. As sanções previstas vão de R$ 50 mil a R$ 100 mil. O setor privado vê a proposta como uma tentativa do Estado de controlar preços entre agentes privados. Segundo a ANTAQ, a medida é uma adaptação às novas funções fiscalizatórias da agência, decorrentes da Lei dos Portos, e incidirá sobre a prestação dos serviços pelos atuais e futuros terminais. 2


A agência diz que, antes, esse papel era feito pelas autoridades portuárias -estatais localizadas nos portos. O Valor apurou que, na prática, as companhias docas apenas realizavam arbitragem quando requisitadas pelas partes. Na história recente do porto de Santos (SP), por exemplo, a estatal local arbitrou apenas um caso. "Preço é livre, sempre foi regulado pelo mercado, se não vira tarifa", diz um especialista da área. A ANTAQ também atuava por meio de denúncias dos usuários, analisando se os reajustes eram cabíveis. A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) está contestando a norma. Enxerga no instrumento uma extrapolação da função da Antaq. Segundo o presidente da entidade, WilenManteli, cabe ao terminal correr o risco de cobrar preços maiores. "A agência deve evitar que haja abuso do poder econômico, agora, ela quer gerenciar o terminal. Não é limitando o lucro que vamos gerar mais emprego e renda", diz. Para Manteli, a medida fere a Constituição, que assegura a livre concorrência, e contra a competição intraporto e interportos, prevista no novo marco regulatório do setor. A proposta ficará em audiência até amanhã. Ela altera a Resolução nº 3.274, em vigor desde fevereiro, que dispõe sobre a fiscalização da prestação do serviço portuário e define infrações administrativas. Nesse texto, a ANTAQ já previra multas de até R$ 200 mil para quem "adotar tarifas ou preços abusivos, em bases não transparentes ou discriminatórias, ou não refletindo a complexidade e custos das atividades". Neste caso, a multa se aplica também aos terminais autorizados (aprovados sem licitação, os chamados TUPs) e autoridades portuárias (que recolhem as tarifas pelo uso do bem público). Questionada sobre o que seriam "preços abusivos" e com que base vai avaliar se o valor é discriminatório, a Antaq citou jurisprudência do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade). "Um preço abusivo, por exemplo, pode ocorrer quando se ferem os princípios das regras de mercado, podendo lesar inúmeros usuários, ou seja, conforme infração à ordem econômica", disse em nota, "nos termos da Lei Antitruste". A resolução de fevereiro estipula, por exemplo, multa de até R$ 50 mil ao arrendatário que deixar de submeter à ANTAQ a realização de projetos e investimentos não previstos no contrato de arrendamento. Os empresários dizem que o texto abre espaço para um controle exagerado. "Até para construir um banheiro tenho de pedir amém à ANTAQ", ironiza Manteli. Sobre a proposta de resolução em discussão, os terminais arrendados queixam-se da necessidade de pedir autorização prévia à agência caso queiram iniciar novos serviços, sob pena de serem multados. Argumentam que isso engessaria a atividade ao aumentar a burocracia. "O armador, ou o dono da carga, não vai esperar a análise da agência para decidir onde vai operar", diz um deles. As empresas têm lançado com frequência serviços customizados para além-cais, conforme as necessidades de cada cliente. "Tenho mais de 3.000 serviços. Atendo o cliente na medida da necessidade dele", reclama um executivo da área de contêineres. A ANTAQ sustenta que o setor portuário caracteriza-se como um oligopólio, podendo, em alguns tipos de cargas, ser considerado um monopólio. "Cabe à agência tutelar os novos serviços para que os usuários não sejam prejudicados", afirma o órgão.

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CNDL/SPC: Vendas a prazo crescem em agosto após cinco meses em queda Fonte: Jornal Valor Econômico Online 04/09/2014 às 09h07 SÃO PAULO - As consultas das empresas do varejo para vendas a prazo, que sinalizam o ritmo de atividade no comércio, voltaram a crescer no mês de agosto, após cinco meses consecutivos de queda. De acordo com o indicador apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a alta foi de 0,78% na comparação com o mesmo mês de 2013. O indicador tem abrangência nacional. Na avaliação dos empresários, a melhora no mês passado deve-se em parte ao fim da Copa do Mundo, em meados de julho. O torneio diminuiu a quantidade de dias úteis entre junho e julho, afetando as vendas do varejo. O aumento das consultas ocorreu mesmo com o resultado ruim das vendas no Dia dos Pais, que neste ano registraram queda de 5,09%, pior resultado em cinco anos. Em relação a julho deste ano, as consultas para vendas parceladas cresceram 1,86%. Para os economistas do SPC Brasil, apesar de as vendas do Dia dos Pais em relação ao ano passado terem sido fracas, foram fortes suficiente para aquecer as vendas do comércio em relação ao mês de julho, que apresentou queda de 0,27% por conta do período de Copa do Mundo. Em junho, houve queda de 7,56% ante o mesmo período do ano passado. O resultado positivo das consultas no mês passado ainda não foi suficiente para reverter a tendência de desaquecimento das vendas no comércio, diz a CNDL. No acumulado dos oito primeiros meses, frente a igual período de 2013, o indicador tem queda de 1,01%. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o resultado é ainda consequência direta da economia em declínio, "influenciado principalmente pela manutenção dos juros em patamares elevados, pela persistência da inflação no limite da meta, pelo menor crescimento da renda dos trabalhadores e pelo maior rigor na concessão de crédito".

Banco vê liberação do compulsório como penalidade Fonte: Jornal Valor Econômico Online Felipe Marques e Fernando Torres de São Paulo 04/09/2014 às 05h00 Os grandes bancos brasileiros de varejo fizeram, nos últimos dias, dois movimentos paralelos mas com uma causa em comum. Os bancos anunciaram cortes nas taxas de juros para financiamento de veículos, ainda que hoje a taxa básica de juros (Selic) esteja em seu maior nível desde 2011. Também se tornaram mais agressivos na tentativa de comprar carteiras de crédito de instituições financeiras menores, chegando até a assediar bancos de atacado à caça de portfólios de crédito corporativo à venda. As atípicas movimentações são resultado das mudanças nas regras do depósito compulsório anunciadas desde o fim de julho pelo Banco Central (BC). As alterações, que afetaram R$ 40 bilhões em depósitos segundo a autoridade monetária, têm causado desconforto tanto em bancos privados como em públicos. O que o Banco Central chamou de "liberação" dos depósitos compulsórios foi lido pelos bancos como "penalidade" para quem não emprestar mais dinheiro, segundo altos executivos de diferentes instituições 4


ouvidos pelo Valor. A questão, porém, é que os bancos têm baixíssima disposição a aumentar o risco em suas carteiras de crédito neste momento, considerando a chance de maior desemprego em 2015, o que deve fazer com que a briga se concentre em tomadores com menor possibilidade de calote. O argumento dos bancos é que as medidas da autoridade monetária fizeram com que uma fatia de 60% dos depósitos compulsórios a prazo deixasse de ser remunerada. Nos cinco maiores bancos, o recolhimento sobre depósito a prazo soma cerca de R$ 131 bilhões. Antes, a totalidade desse recolhimento tinha remuneração pela taxa Selic. Para conseguir que esse dinheiro renda alguma coisa, o BC deu algumas opções aos bancos. Eles podem usar esses recursos na compra de carteiras de crédito de instituições menores. Também podem abater as letras financeiras (LF) que já tinham comprado de bancos pequenos e médios. Por fim, podem alocar o compulsório em empréstimos concedidos para compra de veículos. Essa dedução, contudo, só pode ser feita sobre a fatia dos empréstimos automotivos que superar a média diária de desembolsos na modalidade no primeiro semestre. Com isso, sinalizou aos bancos que, se quiserem fazer o compulsório render, vão precisar também emprestar mais. A mudança vale até agosto de 2015 e é semelhante em magnitude à ação que o Banco Central tomou em dezembro de 2008, no auge da crise financeira internacional. Naquela época, porém, o BC alterou também depósitos à vista entre outras iniciativas. E não colocou a limitação para o crédito de veículos, vista pelos bancos como o ponto mais controverso das medidas atuais. A alteração na regra foi a senha para que os bancos corressem atrás de carteiras de crédito para comprar e, mais importante, de formas para aumentar os desembolsos no financiamento de veículos. No caso da aquisição de portfólios, esbarraram na oferta limitada. "Do total dos recursos liberados, metade eu consigo preencher com compra de carteira e letras financeiras. O resto vai ser com crédito de veículos e aí qualquer migalha ajuda", diz o executivo de um banco. A favor dos bancos está o fato de o segundo semestre ser tradicionalmente mais forte em desembolsos de crédito de veículos que o primeiro. Além disso, os primeiros seis meses de 2014 foram especialmente ruins - puxados pelo fraco desempenho da indústria automotiva como um todo - o que facilita que sejam superados agora. No primeiro semestre, foram desembolsados R$ 44,4 bilhões em financiamento de veículos para pessoas físicas, valor 3,6% superior ao do mesmo período do ano passado em termos nominais. Em 2013, apenas para fins de comparação, o aumento nos desembolsos do primeiro para o segundo semestre foi de 16,9%. A questão, porém, é a reticência dos bancos em expandir a oferta de crédito de veículos neste momento, não só pela incerteza que permeia o cenário econômico dos próximos meses, como também pelo tombo que tomaram na modalidade nos últimos anos, com aumento de calotes. "É melhor deixar o dinheiro parado do que destruir esse capital emprestando para tomadores de mais risco", afirma um executivo. Tanto que, nos quatro bancos que anunciaram cortes em suas taxas de juros recentemente, as ofertas valem apenas para clientes dispostos a desembolsar até 70% de entrada e financiar em cerca de 12 meses. Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil reduziram taxas e a Caixa Econômica Federal fará "feirões" em concessionárias com preços promocionais.

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"O crédito de veículos vai se tornar um mercado de rouba-monte", afirma um executivo responsável pelo crédito de veículos em um grande banco. "Os bancos vão roubar entre si o bom cliente, sem baixar a régua de risco." Na visão dele, a publicidade dos anúncios de quedas em taxas de juros dos bancos pode até atrair para a concessionária quem ainda não havia tomado a decisão de trocar de carro ou está perto de quitar um financiamento anterior. Ao mesmo tempo, clientes dispostos a pagar à vista podem acabar optando pelo crédito, dada a atratividade das taxas e de outras condições. Segundo executivos ouvidos, para atrair o bom cliente, vale desde oferecer uma carência até o fim do ano no pagamento do crédito, até casar o crédito com um seguro e outras benesses. A medida do BC teve como objetivo segurar a queda do estoque de crédito para veículos no mercado, segundo afirmaram funcionários da autoridade monetária no anúncio das ações. No acumulado em 12 meses encerrados em julho, o estoque de crédito de veículos caiu 4,5% em termos nominais, para R$ 185,2 bilhões. Mais impressionante ainda, considerando apenas o estoque de crédito de veículos de Bradesco e Itaú, a queda entre dezembro de 2010 e junho de 2014 foi de 36,2%, tirando mais de R$ 33 bilhões do mercado. Em relatório da semana passada, a agência de classificação de risco de crédito Moody's afirmou que as medidas eram negativas para os bancos brasileiros. Para a agência, tendem a trazer perda de rentabilidade aos bancos, graças à mudança na remuneração do compulsório a prazo. Ao mesmo tempo, a Moody's espera que os incentivos tragam alguma deterioração na qualidade dos ativos. Isso porque vão estimular a oferta numa linha arriscada (o crédito de veículos) em um ambiente de fraco crescimento, inflação persistente, alto endividamento das famílias e criação de vagas mais fraca.

Política fiscal deixa 'dilema' para 2015 Fonte: Jornal Valor Econômico Online Eduardo Campos de Brasília 04/09/2014 às 05h00 Decorrido mais de um semestre, o papel da política fiscal no controle da inflação não mudou de forma significativa. O governo registrou o menor superávit primário da série histórica de janeiro a julho deste ano e segundo os analistas ouvidos pelo Valor, a contribuição da política fiscal está entre a neutralidade ou levemente contraproducente, ou seja, ainda atrapalhando um pouco o trabalho do Banco Central (BC). Isso decorre do fato de o BC trabalhar com uma métrica diferente para calcular como as contas do governo estão batendo no comportamento dos preços (ver texto abaixo). No entanto, o que preocupa parte do mercado é que um dilema fiscal terá de ser enfrentado por qualquer que seja o próximo governo. O esforço fiscal necessário para manter estável a relação dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou e o risco de não se entregar esse aperto fiscal, segundo os economistas e especialistas em contas públicas, é um rebaixamento da nota de crédito soberano do país, decorrente, justamente, dessa piora na relação dívida/PIB e do consequente aumento no custo de financiamento da dívida. Para reverter esse quadro, seria preciso ter claro um plano de rearranjo de rota e sinais de que ele será cumprido. A relação dívida/PIB já vem piorando desde o começo do ano, entre outros fatores, pela queda do crescimento, que é denominador nessa equação. Em julho, a dívida líquida sobre o PIB (que considera as reservas internacionais) subiu a 35,1%, a maior desde abril de 2013. Considerando a dívida bruta (excluindo reservas mais operações compromissadas), a relação subiu a 59%, a maior desde julho de 2013.

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Pelas contas da equipe da Kapitalo Investimentos, o ano deve fechar com déficit estrutural de cercade 0,5% do PIB, vindo de um resultado médio positivo de 0,8% do PIB em 2013. O que indica uma política fiscal expansionista e que não ajudou o BC no controle da inflação (impulso fiscal positivo). Mas isso já está "na conta", o que importa é a visão prospectiva. Segundo o sócio e gestor da Kapitalo, Carlos Woelz, para levar a variável fiscal ao nível necessário à estabilização da relação dívida/PIB e não se observar uma alta no custo de financiamento do governo, o superávit primário teria de ir para algo perto de 2,5% do PIB. Ou seja, a distância da política atual para aquela considerada de equilíbrio passou de um esforço medido via superávit primário de 2% do PIB para 3% do PIB. Segundo Woelz, uma boa forma de pensar a variável fiscal é enxergá-la como uma mola. Quanto mais se estica, mais forte é o retorno a sua tração normal. O impulso fiscal dado agora cobra uma conta cada vez mais alta no futuro. Na avaliação do Itaú Unibanco, a variação fiscal medida pela métrica do impulso fiscal segue rondando a estabilidade (política fiscal não ajuda nem atrapalha o BC). Pela métrica da instituição, o superávit primário estrutural segue ao redor de 0,5% do PIB, considerando aqui o comportamento cíclico da economia, que mostra uma queda da arrecadação decorrente da retração da atividade - mesmo método do BC, que considera os ciclos econômicos na sua conta. Mesmo neutra do ponto de vista do impulso, Luka Barbosa, economia do Itaú Unibanco, aponta que a política fiscal se mantém em campo expansionista, pois o superávit requerido está aquém daquele necessário para estabilização da relação dívida/PIB. Nas contas do Itaú, o superávit primário necessário para a política fiscal sair do modo expansionista está entre 2% e 2,5% do PIB. "Nosso cenário é que o impulso fiscal ficará negativo em 2015 e 2016. O racional para isso é que o superávit primário terá de subir para o país manter o 'investment grade'", resume Barbosa. Segundo Woelz, o cenário é de claro "abismo fiscal" pela frente. De acordo com o especialista, a política fiscal jogou contra a política monetária no curto prazo, mas o que preocupa mesmo é qual tratamento será dado a essa variável no horizonte de prazo mais dilatado. E é neste contexto que se tem um dilema. Esse necessário ajuste na variável fiscal acontece em um momento de pobres perspectivas de crescimento em 2015. Neste ano, o quadro já está dado, mesmo com a política fiscal em campo expansionista, o país entrou em recessão técnica e as projeções de crescimento são sistematicamente revisadas para baixo. Assim, em 2015, com o fiscal tendo de ser apertado, o impacto seria retirar ainda mais crescimento do PIB. A questão toda aqui passa pelo mix de política econômica que será adotado. É o conhecido "trade off" entre política monetária e fiscal. Quem quer que assuma o governo em 2015 terá de fazer essa escolha. Ou faz esse necessário ajuste fiscal, arrochando ainda mais a economia em 2015, ou se dilui o ajuste necessário, prolongado o quadro duvidoso por mais tempo. Não tem saída que não seja dolorida, avaliam os especialistas. De acordo com Barbosa, do Itaú, esse necessário ajuste fiscal tem impacto direto na atividade, mas tem um efeito "positivo" sobre a confiança do mercado e empresariado. E na avaliação do Itaú Unibanco esse ajuste fiscal pode ser feito de forma gradual, mas tem de ser feito com um aceno claro para os anos a frente de que o compromisso fiscal será entregue. Para Woelz, a melhor saída é entregar todo o esforço fiscal necessário de uma vez e, se necessário, reduzir a taxa de juro já no ano que vem para balancear o efeito sobre a atividade. "Esse seria o mix ideal de política", diz Woelz, que aponta que o mercado acredita que o 7


próximo governo vai fazer esse ajuste "por bem", ou seja, sem ser forçado a fazer o aperto após perda de nota soberana ou mesmo uma forte alta no custo de financiamento. "Sou pessimista com relação ao crescimento de 2015, podemos ter um ano com PIB negativo", diz Woelz, lembrando que a economia está em fim de ciclo, com quadro de redução nos ganhos reais do trabalho, margens deprimidas na indústria e possibilidade de aumento no desemprego. Segundo o Barbosa, do Itaú, se de fato o cenário de impulso fiscal negativo se concretizar via superávit primário mais elevado, isso colocaria menos pressão na taxa de juros para o controle efetivo da inflação. Contexto Desde meados do ano passado, o BC passou a considerar o superávit primário estrutural e sua variação ao longo do tempo, o chamado impulso fiscal, como variável. E desde agosto de 2013, a autoridade monetária aponta que "se criam condições para que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade". Tal avaliação decorre da forma de cálculo do superávit estrutural, que leva em conta o ciclo econômico, além de descontar receitas e despesas não recorrentes. De forma simplificada, como o superávit primário cai em função da queda da arrecadação que deriva da baixa atividade, o impulso fiscal segue orbitando a neutralidade. Se não for considerado o ciclo econômico, o impulso fiscal é, sim, positivo, mas em algo como 0,5% do PIB se comparado a 2013. Em breve o BC deve rever sua avaliação e o mais provável é que passe a considerar o balanço fiscal contribuindo para o controle da inflação. Quando o impulso fiscal é negativo, a leitura é de que a política fiscal está, de alguma forma, ajudando o retirar demanda da economia, o que contribui com o trabalho do BC de defender a estabilidade da moeda. Quando positivo, a avaliação é que a política fiscal soma demanda, o que, em tese, exige maior esforço do BC e de sua ferramenta, a taxa de juros, para manter a inflação sob controle. Quando neutro, não ajuda nem atrapalha.

Otimismo com eleições ajuda Brasil em captação Fonte: Jornal Valor Econômico Online Aline Oyamada e Talita Moreira de São Paulo 04/09/2014 às 05h00 O Tesouro Nacional captou ontem US$ 1 bilhão por meio de uma emissão de bônus no exterior, embalado pela farta liquidez internacional e, ironicamente, pelo otimismo do mercado com a perspectiva de um novo governo. A mudança de rumo nas pesquisas eleitorais, que agora apontam chances de vitória de Marina Silva (PSB), tem levado investidores a rever seus portfólios, aumentando a demanda por bônus brasileiros. Essa revisão de carteiras é ampliada por se tratar de um momento de grande oferta de dinheiro no mercado. A maior procura tem ajudado a comprimir as taxas de retorno dos papéis negociados no mercado secundário, o que tende a estimular novas emissões nas próximas semanas. O BTG Pactual dá início na segunda-feira a uma série de apresentações a investidores com o objetivo de emitir bônus perpétuos elegíveis a compor o capital de nível 1 do banco sob as regras de Basileia 3, apurou o Valor. A companhia aérea Gol também está em "roadshow" para captar cerca de US$ 400 milhões, com os quais pretende financiar a recompra de bônus mais 8


antigos e caros. Outras operações devem ser lançadas em breve, numa completa reversão da expectativa de que o período pré-eleitoral seria morno para captações externas brasileiras. "Os investidores internacionais estão reagindo positivamente às pesquisas eleitorais mais recentes e isso está trazendo dinheiro para o Brasil", afirmou um banqueiro que atua na estruturação de ofertas de bônus e pediu para não ser identificado. Carlos Gribel, chefe de renda fixa do Andbank, private banking de Andorra, afirmou que o mercado "comprou" a plataforma de Marina e começa a transpor para os preços dos ativos uma melhora na economia brasileira. Para aproveitar o cenário favorável, o Tesouro Nacional reabriu uma emissão de bônus denominados em dólares com vencimentoem janeiro de 2025, lançada originalmente em outubro do ano passado. Além dos recursos captados junto a investidores americanos e europeus, o volume pode ser acrescido de US$ 50 milhões com a venda de uma tranche na Ásia hoje. A demanda pelos papéis soberanos atingiu mais de US$ 4,5 bilhões e o livro de ofertas foi fechado em apenas uma hora afirmou Sandy Severino, diretor responsável pela área de captações externas do BTG Pactual. O banco coordenou a emissão ao lado do Morgan Stanley e do Citi. A forte procura permitiu que a operação ficasse maior e mais barata que o previsto. A ideia inicial era captar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões. Os bônus saíram com taxa de retorno (yield) de 3,888% ao ano, indicando um prêmio de 147 pontos-base em relação aos títulos do Tesouro americano equivalentes. A expectativa inicial era que o spread ficasse em torno de 160 pontos. A diferença também diminuiu em relação aos 180 pontos-base pagos na emissão de outubro. Na ocasião, o governo captou US$ 3,25 bilhões. O cupom dos títulos é de 4,25% ao ano. "Os bônus saíram com prêmio de apenas cinco pontos em relação ao preço no mercado secundário, o que é um resultado muito bom", disse Severino. Para fontes do governo, o resultado mostra que, apesar da baixa confiança no mercado interno, o investidor estrangeiro ainda vê a economia brasileira com fundamentos sólidos, além de a taxa dos papéis ser competitiva. Porém, o spread dos bônus do Brasil que vencem em 2025 também vem caindo significativamente no mercado secundário. Em agosto, a taxa de retorno desses títulos recuou cerca de 45 pontos-base e na tarde de ontem estava em 3,86% ao ano. Quando os bônus foram emitidos, a taxa era de 4,305% ao ano. O setor corporativo acompanhou o movimento. A taxa de retorno dos bônus da Petrobras com vencimento em 2023, por exemplo, recuou quase 50 pontos base desde 13 de agosto, quando a morte do então candidato do PSB, Eduardo Campos, colocou Marina no centro da disputa eleitoral. Na nova emissão soberana, o governo aproveitou essa compressão nas taxas e a procura por títulos brasileiros para levantar recursos a um bom preço. "Esse título de 2025 é um dos que têm mais liquidez e, portanto, a reabertura faz sentido", disse Fabiano Santin, da XP Gestão de Recursos. "O aumento da demanda faz todo o sentido, pois o mercado está precificando melhora no cenário macroeconômico com a entrada de uma nova equipe econômica."

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O movimento de queda nas taxas também foi observado no prêmio de risco do Brasil medido pelo contrato de Credit Default Swap de cinco anos. O spread desses papéis recuou de 154 pontos-base em meados de agosto para 124 pontos ontem. "O mercado está forte, voltando das férias [de verão do Hemisfério Norte] e [os títulos de dívida do] Brasil estavam muito baratos", disse uma fonte de um banco. Ao mesmo tempo, o Brasil é um mercado importante e muitos investidores estavam subalocados em papéis de emissores do país. Com a renovação do otimismo, alguns estão revendo posições. Segundo SamyPodlubny, chefe da área de banco de investimento do BCP Securities, as boas condições para captações externas brasileiras também vão chegar às companhias de perfil de crédito mais arriscado ("high yield", no jargão do setor). Quem estava parado à espera de uma definiçãopolítica já começa a se mexer", afirmou. Até agora, eram esperadas poucas captações externas de emissores brasileiros antes das eleições, mas a mudança de cenário tem levado muitos a rever seus planos. "Houve uma inflexão nas expectativas. Ninguém mais precisa esperar a eleição acontecer e todo mundo está querendo se antecipar a uma alta de juros dos Estados Unidos", disse Podlubny.

Competitividade do Brasil segue em queda em rankings globais Fonte: Jornal Valor Econômico Online 04/09/2014 às 05h00 O Brasil caiu no ranking mundial de competitividade elaborado pelo Forum Econômico Mundial. O tombo foi de apenas uma posição, para a 57ª, mas ratifica uma tendência declinante, pois já recuara oito degraus entre 2012 e 2013 (da 48ª para a 56ª). Na América Latina, o Chile, que ocupa o 33º lugar, continua na dianteira com larga vantagem sobre os demais países da região. O ranking é um coquetel ponderado de requisitos básicos, fatores que potencialmente ampliam a eficiência e inovação e sofisticação. É difícil atribuir uma piora relevante nos indicadores brasileiros entre um ano e outro. Como toda classificação é relativa, basta que outros países evoluam com um pouco mais de rapidez para que o Brasil, mesmo parado, desça na escala. Erosão da posição competitiva brasileira já havia aparecido em outro ranking divulgado em 2014, o "World CompetitivenessReport" do IMD. As pragas que assolam a economia brasileira e conspiram contra a capacidade de o país concorrer são conhecidas e jogaram o país para baixo no ranking. Ele apontou deterioração nas condições macroeconômicas, falta de avanços significativos nos investimentos em infraestrutura, e na simplificação tributária e regulatória. "A queda é influenciada pelo progresso insuficiente na resolução da persistente fraqueza da infraestrutura de transportes e uma perceptível deterioração no funcionamento das instituições", aponta o relatório do Forum Econômico. A avaliação da eficiência do governo e o grau de corrupção colocam o Brasil entre os 18 piores do mundo nesses quesitos. O Brasil continua decaindo significativamente na comparação com os demais países por seu ambiente macroeconômico. Entre 2012 e 2013, já havia recuado da 62ª para a 75ª posição e agora está na 85ª. Está (mal) estacionado na avaliação da eficiência do mercado de bens (de onde havia caído de 104ª para 123ª no relatório anterior) e piorou bastante na eficiência do mercado de trabalho (da 69ª para a 92ª antes e na 109ª agora). Jogam contra o país o menor esforço fiscal e consequente aumento da dívida bruta, além da cadente taxa de poupança doméstica (14,7% do Produto Interno Bruto). Chama mais atenção o contínuo desempenho ruim na eficiência do mercado de bens, onde, pelo ranking, o Brasil parece estar perto do fim da linha. A taxação total, pelo estudo, 10


abocanha 68,3% dos lucros, um dado não obtido diretamente da pesquisa. Se verdadeiro, só 12 países no mundo tem um fisco mais voraz que o brasileiro. Desse nível de taxação decorre desestímulo forte aos investimentos e, de novo, os empresários do Brasil só tem mais 9 países em que seus congêneres estão em situação tão desfavorável. Lugar comum de várias pesquisas, o Brasil se aproxima da lanterninha quando se trata do número de procedimentos necessários para se iniciar um negócio e do tempo necessário para que ele possa ser iniciado (107 dias, segundo o ranking). Menos divulgados - provavelmente muito exagerados, na verdade - são os indicadores que apontam a faltade abertura comercial do Brasil. A porcentagem das importações sobre o PIB 14,9% o colocaria entre os cinco países mais fechados do mundo, um dado pouco crível. Com uma tarifa média de 11,4% sobre os produtos importados, o Brasil também estaria, igualmente, entre o pelotão dos 30 países mais protecionistas do mundo. A queda de posições no item eficiência do mercado de trabalho se deve ao que os empresários pesquisados apontam como falta de flexibilidade para determinar os salários pagos e nas práticas de contratação e demissão. Nos dois quesitos, o país está na companhia dos 23 mais engessados do mundo o que, de novo, parece um exagero. Para completar a lista das desvantagens comparativas, o quadro institucional é péssimo, com o grau de corrupção e desperdício de recursos públicos entre os maiores do planeta. O peso da burocracia regulatória torna o Brasil um dos piores países do mundo no quesito - 143ª posição. Visto com discernimento, rankings como o do Forum Econômico são menos úteis para apontar defeitos,a grosso modo conhecidos, e valiosos para aferir o grau de progresso geral do país em relação ao resto do mundo. Os resultados dos últimos rankings mostram que o Brasil, sob o peso da burocracia, dos impostos altos, da infraestrutura ruim e da baixa poupança, caminha bem devagar e frequentemente para.

Brasil capta mais US$ 50 milhões com venda de bônus para 2025 na Ásia Fonte: Jornal Valor Econômico Online Aline Oyamada04/09/2014 às 11h03 SÃO PAULO - O Tesouro Nacional captou nesta quinta-feira mais US$ 50 milhões com a emissão de bônus com vencimento em 2025 na Ásia. Considerando a oferta de ontem nos mercados europeu e norte-americano, o valor total captado pela República é de US$ 1,05 bilhão. Os títulos foram emitidos com cupom (juro nominal) de 4,25% e spread (ágio) de 147 pontos base sobre os Treasuries com vencimento em 15 de agosto de 2024. Com isso, a taxa de retorno aos investidores (yield) ficou em 3,888% ao ano. Na quarta (3), o Tesouro captou US$ 1 bilhão com a reabertura de uma emissão de bônus para 2025 feitaoriginalmente em outubro de 2013. A oferta na Ásia na madrugada de hoje já havia sido anunciada.

Emprego na indústria automobilística atinge menor nível desde maio de 2012 Fonte: Folha de SÃO PAULO Online 04/09/2014 12h39 O número de empregados no setor de autoveículos (que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) caiu para 128.739 em agosto, uma queda de 0,9% em relação a julho, quando as automobilísticas empregavam 129.869 funcionários. 11


O resultado representa a sétima queda seguida do emprego no setor e é o pior resultado desde maio de 2012. Naquele mês, 127.139 pessoas eram empregadas pelas montadoras. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (4) pela Anfavea, associação de fabricantes do setor. De acordo com Luiz Moan, presidente da entidade, a queda no nível de emprego é pontual. "Estamos passando por ajuste no estoque de produção. Toda redução do quadro de pessoal está dentro de programas de demissão voluntária ou término de contratos temporários." Moan também pediu o aumento no prazo máximo do período de layoff. "Entendemos a suspensão do contrato como mecanismo de preservação de emprego. O que acontece é que a crise pode não passar em um período de cinco meses", disse.

PRODUÇÃO No acumulado do ano, a indústria automobilística teve queda de 18% na produção e de 8,62% nas vendas em relação aos primeiros oito meses de 2013. Em agosto, a produção de veículos no país recuou 22,4% em relação ao mesmo mês de 2013, e somou 265,9 mil autoveículos, segundo a Anfavea. No ano passado, foram produzidos 342,8 mil veículos no Brasil no mesmo período. Esse foi o pior resultado para agosto desde 2007, quando foram produzidos 263.924 mil automóveis. A indústria se recuperou na comparação com julho, produzindo 5,3% de veículos a mais em agosto. A melhora, no entanto, não foi suficiente para reverter o quadro do ano, onde a produção no acumulado de janeiro a agosto caiu 18% ante o mesmo período de 2013. As exportações também caíram 50,6%, em relação a agosto do ano passado. No acumulado entre janeiro e agosto, a queda nas vendas para o exterior é de 38,1% na comparação com os primeiros oito meses de 2013. MEDIDAS DAS MONTADORAS A retração na indústria automotiva fez com que as montadoras adotassem medidas para adequar a produção à demanda do mercado. Suspensões temporárias de contrato (os "layoffs"), férias coletivas e programas de demissão voluntária foram algumas das medidas adotadas pelas empresas do setor para tentar esvaziar os estoques, que em agosto atingiram 42 dias, que representaram aumento de três dias em relação a julho, onde o estoque era de 39 dias. No mês passado, cerca de 1.300 empregados do setor entraram em layoff até janeiro de 2015 e outros 7,5 mil receberam férias coletivas ou folgas em razão de paradas técnicas. O setor de caminhões foi o que mais sofreu com as medidas durante agosto: funcionários das fábricas da MAN, Mercedes-Benz, Ford, Iveco e Volkswagen pararam nos últimos 30 dias. 12


Segundo o Ministério do Trabalho, no começo de agosto quase 12 mil trabalhadores de todos os setores da economia estavam em regime de layoff, sendo que cerca de 4 mil eram funcionários de montadoras. Esse número é o maior desde 2010, quando 20 mil empregados tiveram o contrato suspenso durante os primeiros sete meses do ano. Conforme a CLT, o período máximo de layoff é de cinco meses e o empregado que participa do layoff deve ficar pelo menos 16 meses sem que seu contrato seja suspenso novamente. O trabalhador recebe bolsa de R$ 1,3 mil do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Os gastos do FAT foram de quase R$ 37 milhões nos primeiros sete meses de 2014. Veja os layoffs (suspensões temporárias de contrato) que as montadoras fizeram em 2014. Volkswagen Agosto - 4.500 funcionários em férias coletivas de 10 dias em Taubaté (SP) Maio - 900 funcionários em layoff em São Bernardo do Campo (SP) e 150 funcionários em layoff de três meses em São José dos Pinhais (PR) Fevereiro - 150 funcionários em layoff de três meses em São José dos Pinhais (PR) Fevereiro - 5.200 funcionários em licença de 10 dias em São Bernardo do Campo (SP) Mercedes-Benz Agosto - 158 funcionários em layoff em Juiz de Fora (MG) Maio - 1.200 funcionários em layoff em São Bernardo do Campo (SP) Março - 450 funcionários em férias coletivas de 20 dias em Juiz de Fora (MG) Fevereiro - Programa de demissão voluntária e redução da semana na linha de montagem de caminhões em São Bernardo do Campo (SP) Iveco Agosto - 1.500 funcionários em parada técnica de 20 dias em Sete Lagoas (MG) Junho - 800 trabalhadores em parada técnica de 10 dias em Sete Lagoas (MG) Abril - férias coletivas de 20 dias para 500 trabalhadores em Sete Lagoas (MG) General Motors Agosto - 930 funcionários em layoff em São José dos Campos (SP) Junho - 6.200 funcionários em férias coletivas de 12 dias a 1 mês e programa de demissão voluntária nas fábricas de São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS) Ford Agosto - Taubaté (SP) - 108 funcionários em layoff Junho - Taubaté (SP) - férias coletivas de 20 dias para 1.500 funcionários MAN Agosto - 100 funcionários em layoff em Resende (RJ) Junho - 3.000 funcionários em férias coletivas de 20 dias em Resende (RJ) PSA Peugeot Citroen Junho - 2.000 funcionários em férias coletivas de 20 dias em Porto Real (RJ) Fevereiro - 650 funcionários em layoff e abertura de programa de demissão voluntária em Porto Real (RJ) Fiat Agosto - 1.500 funcionários em férias coletivas de 10 dias em Betim (MG) Hyundai Maio - 2.700 funcionários em férias coletivas de 10 dias em Piracicaba (SP) Renault Junho - 4.000 funcionários em férias coletivas de 20 dias em São José dos Pinhais (PR)

Fazenda propõe parcelar em 30 meses dívida de R$ 10 bilhões com FGTS Fonte: Folha de SÃO PAULO Online EDUARDO CUCOLODE BRASÍLIA04/09/2014 02h00 O Ministério da Fazenda apresentou proposta para pagar, em 30 meses, uma dívida de R$ 10 bilhões com o FGTS. O valor se refere à multa adicional de 10% criada em 2001 para cobrir 13


dívida do fundo com trabalhadores lesados por planos econômicos e que está engordando as contas do Tesouro desde 2008. Os valores recolhidos até aquele ano foram suficientes para cobrir as despesas com o fundo referentes à correção de planos da década de 1980. Mesmo assim, o governo manteve a multa adicional sobre demissões sem justa causa, paga pelas empresas, mas deixou de fazer o repasse ao FGTS. Além de quitar a dívida antiga, o governo prometeu que começará a transferir com mais rapidez o dinheiro que entrará daqui para frente. A proposta será analisada pelo Conselho Curador do FGTS, que quer adequar esses pagamentos ao seu orçamento plurianual 2015-2018, que precisa ser aprovado até o fim deste mês. Editoria de Arte/Folhapress

A negociação para regularizar os repasses se deve à avaliação de que o fundo, sem esse dinheiro, terá dificuldade para cumprir suas obrigações financeiras nos próximos quatro anos, principalmente a partir do fim de 2016. Entre elas, está a destinação de recursos para investimento em saneamento, infraestrutura e habitação. A necessidade de mais recursos se deve aos dados ruins recentes do mercado de trabalho. A abertura de vagas formais está no menor nível em 15 anos e a expectativa é que esses dados podem piorar nos próximos anos. A transferência dessa fonte de recursos, que em tese já deveria ter sido extinta, compensa ainda atrasos no repasse, pelo Tesouro, de dinheiro referente a outras despesas. O governo deve, por exemplo, cerca de R$ 7 bilhões ao fundo referentes a subsídios do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que também não estão em dia. Neste caso, a negociação só será feita depois das eleições, quando também deve ser anunciada a terceira fase desse programa. Até o fim do ano passado, essa dívida estava em R$ 5,2 bilhões. O valor corresponde a 76% daquilo que deveria ter sido repassado no período que vai de 2009 a 2013. O FGTS é mais uma entidade que vem sofrendo os atrasos de pagamentos para que Tesouro consiga melhorar os dados das contas públicas. O caso do FGTS é particular, no entanto, por envolver a retenção de uma multa criada para um propósito específico, já atendido, mas que ainda assim continua a ser cobrada das empresas. No ano passado, o Congresso chegou a aprovar projeto que acabava com a cobrança adicional, mas a presidente Dilma vetou o texto. 14


Banco Central Europeu corta juros para forçar alta da inflação Fonte: Folha de SÃO PAULO Online - REUTERS04/09/2014 12h22 O Banco Central Europeu (BCE) cortou as taxas de juros para novas mínimas recordes nesta quinta-feira (4), reduzindo inesperadamente os custos de empréstimo para perto de zero na tentativa de elevar a inflação –que está em níveis mínimos– e sustentar a estagnada economia da zona do euro. O BCE cortou sua principal taxa de refinanciamento para 0,05%, ante 0,15% anteriormente. A taxa de juros sobre depósitos overnight ficou ainda mais negativa. Agora, o BCE cobra 0,20% dos bancos para deixarem fundos na instituição. Os juros mais baixos vão tornar a futura oferta de empréstimos de quatro anos do BCE, ou operações de refinanciamento de longo prazo direcionadas (TLTROs, na sigla em inglês), mais atrativas, uma vez que bancos podem agora conseguir os recursos a taxas mais baratas. Porém, com os empréstimos ainda debilitados, o impacto mais amplo pode ser duvidoso. Marco Valli, economista do Unicredit, disse que o corte terá pouco impacto na economia europeia. "Estamos falando de um corte muito pequeno das taxas de juros", disse. "Eles provavelmente querem mostrar que não ficarão apenas na retórica. Mas isso ajudará apenas nas margens." CRISE DE CONFIANÇA A zona do euro estagnou no segundo trimestre do ano e a crise ucraniana agora pesa consideravelmente sobre a confiança empresarial. "O Conselho Diretor vê que há riscos cercando a perspectiva econômica para a zona do euro", disse o presidente do BCE, Mario Draghi, em entrevista à imprensa. "Em particular, a perda do ímpeto econômico pode afetar o investimento privado, e riscos geopolíticos elevados podem ter mais impacto negativo sobre a confiança de empresas e consumidores". As novas projeções econômicas do BCE estimam um crescimento mais lento neste ano, de apenas 0,9%, com uma retomada para 1,6% em 2015. A previsão para inflação, atualmente de apenas 0,3%, foi revisada para 0,6%, avançando para 1,1% em 2015, ainda muito abaixo da meta do BCE de 2%. Draghi disse que caso pareça que a inflação permanecerá muito baixa por muito tempo, o Conselho do BCE é unânime em seu compromisso de usar outros "instrumentos não convencionais" –frase vista como código para impressão de dinheiro como fizeram o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e o banco central britânico. Ele acrescentou que as decisões desta quinta (4) não foram apoiadas por unanimidade por seus colegas, embora houvesse uma "maioria confortável". "QE [quantativeeasing, programa de compra de ativos em larga escala] foi discutido. Alguns de nossos membros do conselho foram a favor de fazer mais do que acabamos de apresentar, e alguns foram a favor de fazer menos. Então nossas propostas atingem o meio-termo", explicou Draghi. TÍTULOS Draghi também anunciou planos para um programa de compras de bônus cobertos e títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês) para ajudar a facilitar as condições de crédito no bloco. Fontes disseram à Reuters que ele pode chegar a € 500 bilhões (US$ 650 bilhões) em três anos. Títulos lastreados em ativos são criados por bancos, que combinam hipotecas e empréstimos corporativos, automotivos ou de cartão de crédito e vendem os instrumentos resultantes a seguradoras, fundos de pensão ou, agora, mesmo ao BCE. Títulos cobertos são instrumentos semelhantes, mas os ativos de referência são isolados do emissor. Então, se o banco ficar inadimplente, os ativos continuam disponíveis, o que torna os títulos cobertos mais seguros que os ABSs.

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"Na margem, (os cortes) podem ter algum efeito pequeno positivo na atividade e nos empréstimos bancários e talvez dar ao euro um outro empurrão para baixo", disse o economista-chefe para Europa da Capital Economics, Jonathan Loynes. "Mas essas medidas não substituem a ação de política muito mais poderosa que parece cada vez mais necessária para evitar uma recessão renovada".

Setor de importação reduz postos de trabalho 04/09/2014 03h00 Pela primeira vez em 14 anos, o setor de importações de bens de consumo -que inclui importadoras e empresas que comercializam as mercadorias- vai demitir um grande volume de funcionários no segundo semestre, segundo a Abcon (que representa o segmento no país). O período é tradicionalmente o de maior número de admissões temporárias, devido ao Dia das Crianças e às festas de fim do ano. Em agosto de 2013, mesmo em meio à crise, o setor havia contratado 18 mil trabalhadores temporários no país. No mesmo mês de 2012, esse número foi 50% superior. Para 2014, a indústria espera cortes de ao menos 30% nos custos fixos, o que inclui menos postos de trabalho, segundo Gustavo Dedivitis, presidente da entidade. "Os últimos três anos foram de muita dificuldade, mas este está sendo o pior. Além do desempenho ruim por causa da Copa, ainda teremos as eleições", diz.

O crescimento de processos de investigação de dumping solicitados por empresas brasileiras também contribuiu para o cenário, de acordo com Dedivitis. "Importar bens de consumo deixou de ser uma atividade rentável no país." Apesar de ainda não ter números fechados de quantas demissões ocorreram em agosto deste ano, a entidade foi comunicada sobre cortes de funcionários por ao menos cinco empresas do setor. "Estimamos que todos os 60 associados tenham dispensado e deixado de contratar." Em um dos casos, o número de empregados caiu de 600 para 180. "Desde o início do ano, outras cinco ou seis empresas optaram por sair da associação por causa da contribuição mensal de R$ 1.600." As principais vagas temporárias no setor de importados são de empacotadores e auxiliares de depósitos, com salário médio de R$ 1.300 Avanço com multimarcas A Uatt?,rede de lojas de objetos de decoração e presentes, abrirá neste ano menos da metade das franquias que estavam previstas. O número de novas unidades deverá ficar ao redor de 25. "Esperávamos inaugurar em 2014 quase 60 operações. Em algumas cidades, até fechamos lojas", diz Rafael Biasotto, sócio da marca. "A retração do mercado fez os investidores ficarem mais cautelosos, principalmente nos últimos três meses", acrescenta. Apesar da dificuldade com as franquias, o faturamento da empresa deverá crescer cerca de 30% neste ano, alavancado pelas multimarcas. 16


"A maioria delas [das multimarcas] não estão em shoppings e, por isso, têm um custo de operação menor e uma margem boa", diz o sócio Ivan de Oliveira. "O valor de vendas por cliente aumentou neste ano, mas o número de compras caiu, já que menos pessoas estão circulando pelos shoppings", afirma Biasotto. Até dezembro, a Uatt? deverá estar em mil pontos multimarcas em todo o país. A companhia tem investido também em parcerias com floriculturas e livrarias (como a Saraiva) para instalar quiosques e expositores onde são vendidos apenas produtos da marca. R$ 102 milhões foi o faturamento da rede no ano passado 30% é a alta esperada para este ano 30% é quanto representam as franquias no faturamento 65% é a participação aproximada das multimarcas; o restante corresponde ao e-commerce 70 é o número aproximado de franquias no país* Rede varejista de MG investe na abertura de novas unidades A rede mineira ABC, que atua com supermercados, farmácias e postos de combustível, abrirá três novas lojas no Estado até o fim deste ano. Com sede em Divinópolis, no centro-oeste de Minas Gerais, a empresa vai investir aproximadamente R$ 30 milhões na expansão. O grupo entrará em duas cidades onde não opera (Betim e Varginha), com unidades no formato de atacarejo.

"Em Betim, como avaliamos que há um potencial de vendas maior, será uma loja mais ampla, com 10 mil metros quadrados", diz Valdemar Martins do Amaral, presidente da empresa. A terceira unidade será um hipermercado em Campo Belo, onde a rede já tem hoje um supermercado que será transformado em atacarejo. A empresa decidiu manter seu plano de expansão mesmo com o quadro de desaceleração da economia. "É um projeto que foi traçado há algum tempo", afirma. O cenário econômico atual, no entanto, tem influenciado de forma negativa nas operações do grupo, ainda de acordo com o empresário. "Em agosto nós conseguimos cumprir as metas [de vendas e margens de lucro], mas, antes, passamos três meses sem atingi-las." Comércio asiático Embora o número de acordos de livre comércio tenha crescido entre os países do sudeste asiático, a taxa de utilização dos instrumentos por parte das empresas ainda é considerada pequena, segundo um estudo da EIU (EconomistIntelligence Unit). A média de uso dos acordos em vigor é de apenas 26% –de cada quatro companhias exportadoras da região, somente uma tem utilizado os tratados em seus negócios. A menor taxa foi registrada na Malásia: 16%. Um dos motivos para o baixo índice é que muitos dos acordos são "pouco ambiciosos", pois raramente vão além do corte de tarifas mais simples, de acordo com o relatório da consultoria.

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A maioria dos documentos não inclui questões como e-commerce, direitos de propriedade intelectual, cooperação aduaneira e outras regulamentações que travam o comércio entre os países. Foram ouvidos 400 exportadores de Indonésia, Malásia, Cingapura e Vietnã para o levantamento, que foi encomendado pelo HSBC. 42% das empresas exportadoras da Indonésia dizem utilizar em seus negócios os acordos de livre comércio firmados pelo país 37% é a média no Vietnã 21% é a parcela em Cingapura 16% é a média na Malásia Vice no debate Convidada pela Abimaq para um debate nesta quinta-feira (4), a presidente Dilma Rousseff (PT) enviará o vice-presidente Michel Temer para representá-la. A entidade, que reúne a indústria de máquinas, já recebeu Aécio Neves (PSDB) e o então candidato Eduardo Campos (PSB). O objetivo da Abimaq é debater o cenário econômico, expor a situação do setor e ouvir as propostas para recuperar a competitividade da indústria. Berço... A Alô Bebê está com um plano de expansão e vai abrir mais três lojas até o fim deste ano. A próxima inauguração será nesta sexta (5) em Uberlândia (MG). ...e carrinho As outras unidades serão no Sul. O investimento é de cerca de R$ 1,5 milhão em cada ponto. Cortes... A intenção de compra dos fluminenses caiu dois pontos percentuais no primeiro semestre ante o mesmo período de 2013, segundo estudo da FecomercioRJ/Ipsos. ...de gastos Cerca de 15% disseram que pretendem comprar bens duráveis, ainda de acordo com a pesquisa.

Atividade industrial cresce 2,6% em julho, na maior alta do ano, informa CNI FONTE: NIVALDO SOUZA - AGÊNCIA ESTADO04 Setembro 201411h 09 Desempenho de julho deu um respiro para o setor de transformação, com resultados melhores no faturamento, horas trabalhadas e utilização da capacidade instalada, informa CNI. O desempenho de julho deu um respiro para o setor de transformação, após quatro meses de quedas consecutivas em indicadores, conforme pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 4, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O faturamento real, as horas trabalhadas e o nível de utilização da capacidade instalada apresentaram o maior crescimento para julho desde 2012, com altas de 1,2%, 2,6% e 0,6 ponto porcentual, respectivamente. A melhoria, contudo, não deve recuperar a atividade ao longo de 2014. A CNI trabalha com uma redução de 1,7% para o PIB da indústria para o ano, ante queda de 1,5% da previsão anterior. Para o PIB apenas da indústria de transformação, a estimativa é de que haja um recuo de 2,5%. Para o PIB do País, a previsão da CNI é de crescimento de 0,5%. "Temos uma expectativa para 2014 de um resultado negativo para a atividade industrial", afirmou o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. "O ritmo de crescimento não gera mais dinamismo no nível de emprego na indústria", afirmou. Embora tenha havido melhora em relação a junho, de acordo com Castelo Branco, o crescimento em itens como faturamento real das empresas, horas trabalhadas e nível de 18


capacidade foram uma recuperação natural de variáveis após queda causada pelo ritmo lento da atividade industrial no mês da Copa. O executivo da CNI se disse confiante em uma melhora da indústria para 2015, independentemente de qual candidato vença a corrida presidencial. "Eles (candidatos) já sinalizaram as mudanças que podem ocorrer", observou. "Mas precisamos de uma sinalização mais clara de como vão acontecer. Por exemplo, por quanto tempo será a reforma tributária", disse.

Estagnação tira inflação e Copom do centro do palco Fonte: Estadão Online ANÁLISE: José Paulo Kupfer Nunca uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chamou tão pouca atenção quanto a de ontem, desde que, em janeiro de 1999, no atropelo da mudança de regime cambial, foi implantado o sistema de metas de inflação. O colegiado não só manteve os juros básicos em 11% ao ano, como esperavam dez entre dez analistas, mas reforçou, com a repetição dos termos de um comunicado do qual apenas foi retirada a expressão "neste momento", a indicação de que não pretende mexer tão cedo na taxa Selic. Não é difícil entender por que o Copom de setembro quase passou em branco e a taxa Selic permanecerá onde está por um bom tempo. Desde o segundo trimestre, as altas de preço deixaram de ser as protagonistas da conjuntura econômica, mesmo com sua permanência, no acumulado em 12 meses, na borda ou mesmo acima do teto da meta. Inflação - e, em consequência, o Copom - deu lugar ao comportamento do nível de atividades, já então em clara trajetória de queda, rumo à estagnação do presente. A inflação saiu de certa forma do foco dos analistas não só porque, numa economia em processo de evidente esfriamento, as pressões inflacionárias são naturalmente reduzidas. O fim do impacto produzido pelo forte choque de oferta de alimentos, que puxou a inflação nos primeiros meses do ano, colaborou para descomprimir os índices de preços. Desde que estacionou os juros em 11% ao ano, na reunião de maio deste ano, o Copom repete que os efeitos da política monetária são cumulativos e defasados no tempo. Parte da estagnação da economia, agora nítida, tem relação com a escalada acelerada dos juros básicos, entre abril de 2013 e abril de 2014. Os efeitos na atividade econômica dessa relativamente forte contração monetária ainda não se encerraram, e a tentativa do Banco Central em mitigar a descida da ladeira da economia com asmedidas de estímulo ao crédito tem tudo a ver com o atual quadro de baixo crescimento. Tanto isso é verdade que os analistas de mercado começaram, ainda em junho, a considerar a possibilidade de um corte na Selic. A onda que se formou nessadireção ganhou tal proporção que o Copom, na ata da reunião de julho, viu necessidade de introduzir um raro parágrafo, registrando em bom e claro português a decisão, reafirmada agora em setembro, de não alterar o nível da Selic por um período mais longo de tempo.

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BC mantém taxa de juros em 11% ao ano pela 3ª vez consecutiva FONTE: CÉLIA FROUFE E VICTOR MARTINSO ESTADO DE S. PAULO03 Setembro 2014 19h 31 BRASÍLIA - Na última ação de política monetária antes do primeiro turno da eleição presidencial, a diretoria do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano, mesmo nível em que se encontra desde abril. A grande novidade se deve à retirada da expressão "neste momento", que constava nas edições de maio e julho do comunicado do BC. Com esta mudança, analistas do mercado financeiro especulam agora sobre a possibilidade ou não de mudanças na Selic nos próximos meses, em um cenário ainda indefinido. A opção do BC pela estabilidade se dá em um quadro de recessão técnica, com dois trimestres seguidos de retração econômica, e inflação ainda em patamar elevado em 12 meses, no teto da meta perseguida pelo BC de 6,5%. O veredicto do colegiado, dado esta noite, foi mais uma vez unânime e seguiu à risca o script aguardado pelo mercado financeiro. As 84 instituições consultadas pelo AE Projeções projetaram que a taxa ficaria inalterada nesta reunião. O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcado para 28 e 29 de outubro, logo após o segundo turno das eleições. O comunicado divulgado pelo grupo após a decisão foi o seguinte: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés." Com a retirada da expressão, o BC deixa claro que o momento é de esperar para ver os próximos desdobramentos econômicos. A instituição se fia, por exemplo, em algum progresso na área de crédito que possa surgir com as medidas determinadas ao final de julho e também no início de agosto. A autarquia desmontou todo o arsenal macroprudencial construído em dezembro de 2010. Fez ajustes no recolhimento do compulsório, que é uma reserva que os bancos precisam deixar no BC, e até determinou para essas instituições, de maneira informal e por meio de ferramentas técnicas, uma meta de crescimento de 20% do crédito para automóveis em relação ao primeiro semestre de 2014. A reunião desta noite tornou-se, então, a quarta seguida em que o juro está no patamar de 11%. A última vez que isso ocorreu foi de outubro de 2012 a março de 2013, quando a Selic ficou estacionada em 7,25% ao ano. Pelo levantamento feito pelo AE Projeções, será um longo caminho que a Selic percorrerá no atual patamar. Para 73 de 80 instituições financeiras, este ano se encerrará com a taxa em 11% - as demais acreditam em alguma alta (de diferentes magnitudes) até dezembro.

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Fim de ciclo FONTE: ESTADÃO ONLINE CELSO MINGQuarta-Feira 03/09/14 Os benefícios dos bons tempos vão rareando para o Brasil cujo governo se comportou mais como cigarra do que como formiga, deu prioridade ao consumo, não investiu e agora vai amargar tempos mais difíceis. Nem todas as explicações do governo sobre o mau desempenho da economia são desculpas deslavadas. Quando a presidente Dilma afirma, por exemplo, que o PIB fraco se deveu à queda dos preços das commodities disse alguma coisa com coisa. O problema aí foi não ter levado isso em conta. De 2002 a 2012, o mundo passou por um ciclo de alta dos preços dos alimentos e das matérias-primas. A principal explicação para isso foi a enorme demanda produzida pela China, que tem uma profusão de capitais e de chineses, mas é fortemente dependente da importação de energia e de matérias-primas. Nesse período, apontam dados da FAO, apenas os preços dos cereais avançaram 152%. Foi um tempo de bonança em que fornecedores, como o Brasil, puderam reverter seus déficits no balanço de pagamentos, propiciaram aumento da renda e da arrecadação de impostos. Há evidências de que esse tempo de vacas gordas acabou. Só neste ano, os preços do minério de ferro caíram 36,5%; os da soja, 16,2% (Veja o Confira); e os do milho, 14,8%. Nesta quartafeira, as cotações do minério de ferro atingiram US$ 85,70 por tonelada, as mais baixas desde 2005. O impacto sobre as vendas ao exterior começa a aparecer. Nos oito primeiros meses de 2014, em faturamento, as exportações brasileiras de minério de ferro caíram 9,5%, as de milho, 48,5%; e as de celulose, 20,8%. Analistas de várias tendências advertem que a paradeira da economia europeia, a fraca retomada da atividade no Japão e a desaceleração da China vêm produzindo acumulação de estoques, não só de matérias-primas, mas também de produtos acabados, como aço, veículos e aparelhos domésticos. E estoques de produtos acabados tendem a produzir mais estoques de produtos intermediários e de matérias-primas. A economia dos Estados Unidos já engata a segunda marcha e pode atenuar esse processo de baixa, que parece inexorável e não tem data marcada para ser revertido. Isso significa que os benefícios dos bons tempos vão rareando para o Brasil cujo governo se comportou mais como cigarra do que como formiga, deu prioridade ao consumo, não investiu e agora vai amargar tempos mais difíceis. Ah, sim, tem o pré-sal. O País se tornará respeitável exportador de petróleo dentro de mais três anos. As previsões são de que, em 2018, só a Petrobrás produzirá 54% a mais do que os 2,1 milhões de barris diários deste ano. O problema é que também os preços do petróleo estão deslizando. Há uma retomada da produção em alguns países atingidos por conflitos políticos, como a Líbia, e aumenta o bom desempenho do setor do xisto na América do Norte. São fatores que devem ajudar a derrubar os preços. Mas isso não é tudo. Este é um setor cujas previsões enfrentam imponderáveis, como o relativo controle do mercado pelo cartel da Opep, que pode cortar fornecimentos para estancar queda de receita. De todo modo, o Brasil vive um período de fim de ciclo. A balança comercial deixou de apresentar superávits de até US$ 46 bilhões, como a de 2006, e tende a apresentar déficits ou 21


resultados relativamente equilibrados. Qualquer programa de investimentos já não pode mais tirar proveito dos tempos dourados. Aí está a evolução das cotações da soja em 2014. O complexo (grão, farelo e óleo) tem participação de 18% nas exportações brasileiras. Copom A retirada da expressão “neste momento” do comunicado do Copom não deixa de ter ambiguidade. Os juros básicos seguem em 11,0% ao ano, sem compromisso de que permaneçam assim nem de que sejam alterados. Pra que mudar? A presidente Dilma admite mudanças na equipe econômica. Mas para que mudar se tudo vai bem?

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