04 de março de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 04 DE MARÇO DE 2015

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México está disposto a manter cotas para importação de veículos com Brasil, mas crescentes Fonte Resenha ComexData/Reuters 03/03/2015 O México está disposto a manter por até mais dois anos um sistema com o Brasil de cotas crescentes para importação de veículos, em meio à pressão brasileira para que o regime de livre comércio automotivo não volte a valer a partir de 19 de março, disse nesta segunda-feira uma fonte com conhecimento das negociações. As duas maiores economias da América Latina têm realizado reuniões em Brasília e na Cidade do México para renegociar o Acordo de Complementação Econômica Número 55 (Ace 55), modificado há três anos e que previa o retorno ao livre comércio após três anos de cotas recíprocas de importação. "Desde que sejam cotas crescentes a partir deste mesmo ano, poderia ser considerado manter por um ou dois a mais o regime temporal para o nível de importações de veículos leves livres de tarifa para cada país", disse a fonte, que falou sob condição de anonimato. O governo do presidente mexicano Enrique Peña Nieto disse que tal como acordado em 2012, a ideia principal é que se volte ao livre comércio automotivo. Nesse sentido, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, Armando Monteiro, disse que seu país buscaria inclusive uma redução das cotas. "Não é um segredo para ninguém que a perspectiva de renovar o acordo depende da disposição do México de rever certas questões que estão associadas com a manutenção e eventual redução no regime de cotas", disse Monteiro a jornalistas no Rio de Janeiro. Representantes dos dois governos se reuniram em 9 de março no Brasil para revisar os prazos de renegociação, e fontes do governo Dilma Rousseff afirmaram estarem muito confiantes de que as cotas sejam prolongadas para entre três e cinco anos, o que é o desejo dos fabricantes de carros no Brasil. Do lado mexicano, as montadoras estariam dispostas a prolongar o prazo até o máximo de dois anos segundo uma das fontes em um momento no qual a produção e exportação de veículos bateram níveis recordes no México a apontam tendência de manterem-se em alta. "Já está quase tudo pronto para que se renove o regime de cotas. A ideia é que as partes tenham uma reunião na sexta-feira e que Ildefonso Guajardo (secretário de Economia do México) venha na segunda para assinar o acordo", disse outra fonte.

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Durante o primeiro mandato do governo Dilma, o Brasil colocou o México contra a parede, levando o país a mudar o acordo vigente desde 2003 sob a ameaça de romper o convênio e fixando montantes de cotas recíprocas, assim como regras de conteúdo local. As cotas estabelecidas em 2012 foram: 1,45 bilhão de dólares para o primeiro ano (terminado em 18 de março de 2013); 1,56 bilhão de dólares para o segundo ano e 1,64 bilhão de dólares para o terceiro, que vence este mês. Em relação ao conteúdo local dos veículos leves, o acordo previu o aumento de 30 para 35 por cento ao longo do primeiro ano e de 40 por cento a partir do quinto ano.

Bens de capital registram crescimento mais intenso Fonte Portal Economia SC/Agência Brasil 04 de março de 2015 às 11h 38 A expansão de 9,1% na categoria econômica de bens de capital em janeiro deste ano foi a mais intensa desde os 14,7% de alta de junho de 2014 e foi decisiva para o crescimento de 2% da produção industrial brasileira em janeiro deste ano em comparação a dezembro do ano passado. O avanço foi influenciado principalmente pela maior produção de caminhões, após a concessão de férias coletivas em várias unidades produtivas no mês anterior. Com o resultado, a categoria recuperou parte da redução de 13,4% acumulada entre outubro e dezembro últimos. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM),divulgados hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento de bens intermediários (0,7%) também mostrou taxa positiva nesse mês e interrompeu o comportamento predominantemente negativo presente desde setembro de 2014, período em que acumulou perda de 2,6%. Os setores produtores de bens de consumo duráveis (que tiveram decréscimo de 1,4%) e de bens de consumo semi e não duráveis (que também apresentaram redução de 0,3%) registraram o quarto mês consecutivo de queda na produção.

Produção da indústria sobe 2% no mês, mas não se recupera de queda anterior PEDRO SOARES DO RIO04/03/2015 às 10h47 Após uma forte queda em dezembro, a produção da indústria esboçou uma reação e cresceu 2% em janeiro na comparação com o último mês do ano passado, na taxa livre de influências sazonais (típicas de cada período). Em dezembro, a retração havia sido de 3,2% o dado foi revisado para baixo, pois apontava originalmente uma queda de 2,8%. Os números foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira (4). Na comparação com os mesmos períodos do ano anterior, porém, a indústria se mantém operando com taxas negativas e não mostra recuperação, na mesma tendência de retração da produção de todo o ano de 2014. Em relação a janeiro do ano passado, a produção industrial caiu 5,2%, após uma retração de 2,9% nesse indicador em dezembro.

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No período de 12 meses encerrados em janeiro, o setor também acumula uma perda, de 3,5% resultado mais negativo do que o centro das projeções da agência Bloomberg (2,7%) e o pior índice desde janeiro de 2010. MOTIVOS Dentre os motivos para o fraco resultado do ano passado, estão o acúmulo de estoques em importantes setores, como veículos, e consumidores e empresários mais pessimistas com o cenário econômico –o que posterga decisões de compras e investimentos. Com esse quadro, algumas empresas já adotaram medidas como demissões, corte de turnos, suspensão de contratos de trabalho ou férias coletivas para lidar com a conjuntura desfavorável. SETORES De dezembro para janeiro, a reação da indústria foi puxada pelo maior ritmo de atividade de importantes setores, como o de alimentos (3,9%), máquinas e equipamentos (7,6%), metalurgia (5,4%) e máquinas e aparelhos elétricos (9%). Todos apresentaram quedas de destaque em dezembro. A indústria extrativa, com alta de 2,1%, também ajudou a impulsionar o setor industrial graças à maior produção de petróleo bruto. O ramo ampliou o crescimento frente a dezembro (alta de 0,9%). Já as quedas mais expressivas de dezembro para janeiro ficaram com perfumaria e produtos de limpeza (-4,8%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-5,8%) e vestuário e calçados (5,8%). HISTÓRICO O resultado de janeiro na comparação com dezembro foi o maior desde junho de 2013, mas não compensa a perda do mês anterior. A expansão já era esperada por analistas, que o enxergam como uma recomposição parcial sobre uma base muito fraca. O centro das expectativas (ilustrado pela mediana das projeções, ponto central entre os 50% maiores e 50% menores índices) da agência Bloomberg apontava para uma alta de 2% de janeiro para dezembro. O resultado, portanto, ficou em linha com as expectativas. "É um uma melhora de ritmo de dezembro para janeiro, mas que não inverte a tendência de resultados negativos da indústria em meses anteriores e acontece sobre uma base muito fraca. A indústria também continua a operar numa velocidade bem menor do que no início de 2014. Os dados não mudam a trajetória de perda da indústria", disse André Macedo, gerente da pesquisa de indústria do IBGE. No ano passado, o emprego na indústria também fechou com queda, de 3,2%, o pior resultado desde 2009. PERSPECTIVAS Para analistas, a indústria viverá, em 2015, mais um ano de queda da produção. Em 2014, a perda foi de 3,3% (o dado, revisado, era originalmente de 3,2%). Foi a maior retração desde 2009. O mesmo cenário desfavorável, dizem analistas, deve se repetir neste ano, com os agravantes da possível freada mais forte da economia global e a crise da Petrobras, que paralisou investimentos e afeta toda a cadeia de óleo e gás e de parte da de construção civil que demanda insumos e máquinas da indústria. O mercado de deve piorar –em janeiro, a taxa de desemprego subiu acima das expectativas e superou a marca do mesmo mês do ano passado– e o crédito tende a se tornar mais caro, fatores que devem restringir mais o consumo.

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Editorial: Produzir melhor Fonte Jornal Folha de São Paulo 04/03/2015 às 02h00 O péssimo desempenho da produção industrial e das vendas externas de produtos manufaturados atestam que persiste o problema de competitividade do país, mesmo depois da expressiva desvalorização do real em relação ao dólar desde meados de 2011. O quadro desalentador decorre da combinação de baixo crescimento da produtividade com aumento de custos nos últimos anos. Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Brasil teve expansão de mero 0,6% ao ano na produtividade industrial de 2002 a 2012, ritmo pífio que decerto ainda se mantém. Trata-se do pior desempenho entre os 12 países considerados na pesquisa. Coreia do Sul e Taiwan experimentaram alta anual acima de 6%, enquanto EUA e a maior parte das nações europeias observaram elevação superior a 2%. De outro lado, disparou o custo interno medido em dólares –métrica útil para comparação entre países. De 2002 a 2007, com a valorização de quase 50% do real, diminuiu a rentabilidade das exportações, e o mercado doméstico ficou exposto a produtos importados. Nesse período, os salários praticamente não cresceram. Nos cinco anos finais do levantamento, o quadro se inverte. A moeda brasileira permaneceu estável, enquanto os custos de mão de obra avançaram 25%. Como resultado, o chamado custo unitário do trabalho (quanto custa uma unidade produzida por trabalhador em dólares) cresceu 9% ao ano no período. O segundo colocado da amostra, a Austrália, teve alta de 5,3%. Outros países, como EUA e Coreia, tiveram redução nesse item –a produtividade subiu bem mais que os custos. O aumento de salários, em si, é positivo, pois gera renda e consumo no mercado interno. Quando há uma valorização persistentemente superior à da produtividade, entretanto, a elevação da renda aquece a inflação. Esta, por sua vez, corrói os salários, fenômeno em curso no Brasil. Não será fácil reverter as tendências dos últimos anos e impulsionar a indústria. Tal dificuldade, aliás, permeia toda a economia; a produtividade não deslancha a ponto de reduzir a diferença com os países que estão na fronteira tecnológica. Um trabalhador brasileiro continua a produzir cerca de 20% de seu par norte-americano. Na situação demográfica que se avizinha, quando haverá menor afluxo de trabalhadores no mercado, o crescimento brasileiro dependerá cada vez mais do aumento da produtividade. Será preciso investir para melhorar o estoque de máquinas e equipamentos e, sobretudo, equipar a mão de obra para produzir mais e melhor. O desafio brasileiro, mais do que nunca, está na educação.

Editorial: Violações e regalias Fonte Jornal Folha de São Paulo 04/03/2015 às 02h00 As regalias chamavam a atenção. Nas fotos publicadas por esta Folha na segunda-feira (2), presos apareciam em poses descontraídas atrás de peças de carne ou em cima de uma bicicleta ergométrica.

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São chefes de pavilhões da Penitenciária Lemos Brito, em Salvador, e tanto o churrasco como o aparelho de ginástica fazem parte da lista de privilégios ilegais que se permitem, com a aquiescência explícita ou o consentimento tácito das autoridades estaduais. A essas mordomias se acrescem cerveja e prostitutas, para nada dizer de imponentes facas para fatiar a carne e dos próprios celulares que registraram as imagens. "Até caminhão-baú fechado entra no complexo e ninguém revista", assevera Reivon Sousa Pimentel, presidente do Sinspeb (sindicato dos agentes penitenciários da Bahia). Para a associação classista, a direção da unidade libera os mimos no intuito de evitar rebeliões. O governo estadual não comentou essa afirmação, e é fácil entender a opção pelo silêncio: admitir a negociação significaria assumir uma ilegalidade, mas negá-la implicaria reconhecer uma incompetência. Os desmandos verificados na Penitenciária Lemos Brito, associados à superlotação (1.315 presos onde caberiam 771) e à vulnerabilidade do prédio (encomendas são atiradas por cima dos muros), situam a unidade entre as cinco piores do Brasil, de acordo com diversas entidades ouvidas pela reportagem. Estão nesse grupo o complexo do Curado (Recife), o Presídio Central de Porto Alegre, o complexo de Pedrinhas (São Luís) e o presídio Urso Branco (Porto Velho). Nesses estabelecimentos, são comuns as mortes brutais de detentos e a falta de controle do Estado sobre o que se passa intramuros. São as piores penitenciárias num país em que o sistema prisional precisaria ter cerca de 60% mais vagas para dar conta da atual população carcerária, segundo relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça em junho passado. Não surpreende, assim, que a Anistia Internacional, em seu mais recente informe sobre direitos humanos, tenha apontado a "superlotação extrema" e as "condições degradantes" como "problemas endêmicos nas prisões brasileiras". Eis a cruel realidade dos presídios no Brasil: enquanto grassam, de um lado, abomináveis violações aos direitos humanos, líderes de facções se valem do descalabro para obter inaceitáveis regalias e, mais grave, fortalecer suas organizações criminosas.

Com trégua de caminhoneiros, estradas estão livres de bloqueios Fonte Jornal Folha de São Paulo 04/03/2015 às 10h25 As estradas federais e estaduais de todo o país tem fluxo normal nesta quarta-feira (4), com uma trégua por parte dos caminhoneiros, de acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal, divulgadas por volta das 9h30. No RS, único Estado que mantinha interdições por protestos até a noite desta terça (3), os caminhoneiros anunciaram uma trégua. Pela manhã, foram registradas apenas quatro manifestações, que são concentradas no Rio Grande do Sul, mas sem atrapalhar o trânsito das rodovias. Os caminhoneiros se reúnem em trevos e postos próximos às cidades de Soledade, Santa Maria, Santa Rosa e Cachoeira do Sul. A trégua foi anunciada na noite de terça-feira (3), com o movimento perdendo força em todo o país. Segundo Tobias Brombilla, diretor da Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito, no norte do RS, "até segunda ordem", os caminhoneirossuspenderam as manifestações e bloqueios. Segundo a PRF, porém, a declaração não pode ser entendida como um anúncio oficial sofre o fim da greve, mesmo que temporário. Os manifestantes aguardam uma decisão do governo federal até o próximo dia 10 sobre duas reivindicações: a redução no preço do diesel e a criação de uma tabela de preço mínimo do frete.

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A alternativa Fonte Jornal Folha de São Paulo 04/03/2015 às 02h00 Não é preciso ser um sofisticado economista "ortodoxo" ou "heterodoxo", classificação que, às vezes, apenas esconde duas igrejas secretas que guardam para si e seus sacerdotes "verdades" que a outra não vê e que, legítima e reciprocamente, colocam em dúvida, para saber que qualquer medida de política econômica tem, necessariamente, dois efeitos: 1-) sobre o nível da atividade, um aumento ou uma subtração do PIB, isto é, do valor adicionado pela combinação do capital e do trabalho e 2-) sobre como se distribuirão os benefícios (no caso de aumento do PIB) e os custos (no caso da subtração) do valor adicionado apropriado, respectivamente, pelo capital (lucro) e pelo trabalho (salário). No momento em que, pressionados pelas circunstâncias, os países têm de fazer ajustes fiscais, que, até para efeito de "credibilidade", precisam ser acompanhados de reformas estruturais, como é o caso do Brasil, um país em rápido envelhecimento e com péssimas perspectivas para o seu sistema de seguridade social, o sucesso exige tanto arte política quanto competência técnica. O novo programa do governo não pretende ser "ótimo", mas apenas o mais razoável possível dentro do espaço político disponível. Ele leva em conta os dois efeitos acima mencionados e tenta calibrá-los sem comprometer o nível de igualdade de oportunidade que já atingimos (efeito catraca). O seu grande problema é acordar as esperanças de todos os agentes e mostrar-lhes que a distribuição dos seus custos tem uma proporcionalidade que lhe garante o mínimo de moralidade para que não seja politicamente rejeitado. Como é óbvio, a tarefa só será executada com a compreensão, aprovação e forte apoio de toda a sociedade. Honestamente, é preciso deixar de lado a hidrofobia, enfrentar todos os preconceitos, dar claro apoio ao programa do governo e confiar na capacidade de execução de seus ministros. Deixemos de tentar saber se há gasolina no tanque, iluminando-o com um fósforo aceso. Há! Por mais que seja desagradável, é preciso reconhecer que a perspectiva da tempestade perfeita continua a nos espreitar. A alternativa que resta ao Brasil, se não tiver ânimo e forças para restabelecer, de fato, a sua credibilidade fiscal, é aceitar a perda do seu grau de investimento. A partir daí, ainda que as agências de risco estejam meio desmoralizadas, será uma questão de tempo (não de se...) sermos vítimas de um turbilhão pelo qual, acreditem ou não os "heterodoxos", os famosos mercados dos "ortodoxos" vão nos impor o seu "ajuste", pouco se importando com seus custos ou com os seus efeitos. Nos meus 87 anos, já vi muito leão virar gato...

Um governo brincalhão Fonte Jornal Folha de São Paulo 04/03/2015 às 02h00 O ministro da Fazenda classificou como uma "brincadeira" de R$ 25 bilhões por ano a desoneração da folha de pagamento, política de seu antecessor (na verdade, da própria presidente da República), que, em sua opinião, era medida "muito grosseira, com empresas que ganhavam muito, outras que ganhavam pouco e algumas que não ganhavam nada". O destempero do ministro, embora justificado, motivou a reação da presidente, que considerou "infeliz" aquela declaração e reafirmou sua visão quanto às virtudes do programa. Segundo a presidente, a alteração de política só ocorreu porque, "quando a realidade muda, a gente muda". O que poderia ser interpretado pelos mais apressados como o reconhecimento de um erro se trata, na verdade, de mais um gesto de soberba. A presidente segue incapaz de admitir que a política adotada em seu primeiro mandato foi totalmente inadequada aos desafios que o país enfrentou e ainda enfrenta. O diagnóstico por trás da desoneração partia do princípio de que essa política poderia compensar a perda de produtividade do país diante de seus competidores e da indústria (cujas

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margens vinham encolhendo por força de aumentos salariais superiores ao aumento da produtividade) relativamente ao setor de serviços (que conseguia repassar esses aumentos a preços, mantendo ou ampliando suas margens). Contudo, no contexto de uma economia operando próxima ao pleno emprego, a desoneração da folha apenas acelerou o aumento de salários, agravando a perda de competitividade da indústria. Foi essa realidade, visível há pelo menos três anos, que levou ao fracasso dessa política, mas não à decisão de abandoná-la. A bem da verdade, o que forçou a decisão anunciada na semana passada foi outra alteração da realidade: a brutal piora das contas públicas observada nos últimos anos, em particular ao longo de 2014, quando o superavit primário se transformou em deficit e o Banco Central revelou um buraco (oficial) nas contas públicas equivalente a 6,7% do PIB (R$ 344 bilhões). Essa realidade mudou, sem dúvida, mas a mudança não caiu do céu. Pelo contrário, foi fruto de uma política deliberada do governo encabeçado pela presidente, envolvendo não apenas a desoneração mas um aumento sem precedentes do gasto público, em especial o gasto federal. De fato, além da "brincadeira" a que se referiu o ministro da Fazenda, o governo federal participou de outra "brincadeira", que nos custou uma elevação de seus gastos de R$ 864 bilhões em 2011 para R$ 1,068 trilhão em 2014, ou seja, R$ 51 bilhões/ano (valores já corrigidos pela inflação do período). Foi, portanto, a irresponsabilidade da política econômica da presidente que levou o país a uma situação delicada do ponto de vista fiscal. O enorme deficit observado no ano passado e a forte elevação da dívida pública registrada de 2010 para cá obrigaram o governo federal, sob a batuta do ministro da Fazenda, a ensaiar o atual cavalo de pau no que se refere à política fiscal. Não houve conversão ao credo da responsabilidade, mas capitulação. A diferença atinge muito além da semântica. Num ambiente de fragilidade política óbvia, com os níveis de aprovação do governo em queda livre, a ausência de convicção da presidente quanto aos rumos da política econômica joga contra o ajuste. Não é outro o motivo da desconfiança persistente acerca da permanência do ministro no cargo e, portanto, da manutenção da nova política. Concretamente a desconfiança transparece na elevação das taxas reais de juros para prazos mais longos, que, após recuo no final do ano passado, agora têm se firmado acima de 6% ao ano, apesar das medidas anunciadas de ajuste e da queda das taxas reais de juros no exterior. Já passa da hora de a presidente abandonar a soberba e admitir publicamente seus erros para dirimir a incerteza que ainda prevalece quanto à direção da economia. Até lá o vento há de soprar contra.

Mesmo com possível recessão, juros devem subir ao maior nível em 6 anos Fonte Alexandro Martello do G1 de Brasília04/03/2015 às 06h00 A possibilidade de o país entrar em recessão neste ano não deve impedir o Banco Central de continuar subindo os juros. A decisão sobre a taxa básica da economia brasileira será anunciada pela instituição na noite desta quarta-feira (4), após o término da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A aposta da maior parte do mercado financeiro é de um novo aumento de 0,5 ponto percentual, o que elevaria a taxa Selic de 12,25% para 12,75% ao ano – o maior patamar desde janeiro de 2009, quando estava em 13,75% ao ano, ou seja, em seis anos. Se confirmado, será o quarto aumento consecutivo nos juros básicos da economia, que estão avançando ininterruptamente desde outubro do ano passado. Com taxas mais altas, o Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo e, assim, segurar a inflação. Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros elevados prejudicam o crescimento da economia.

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Possível recessão Os economistas do mercado financeiro têm intensificado a aposta de que a economia brasileira poderá entrar novamente em recessão neste ano, a exemplo do ocorrido em 2014, quando a economia "encolheu" no 1º e 2º trimestres. A chamada recessão técnica se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa da maior parte do mercado financeiro, realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos, é de que a economia brasileira tenha registrado crescimento zero em 2014 e que tenha retração de 0,58% em 2015 – o que seria a maior queda em 25 anos. Os analistas avaliam que, embora as medidas econômicas anunciadas recentemente pelo governo sejam importantes para reequilibrar as contas públicas (após déficit inédito em 2014) e possibilitar um cenário de controle da inflação no futuro, com taxas de juros mais baixas, elas terão impacto de reduzir ainda mais o nível de atividade neste ano. Entre as medidas anunciadas, estão aumento dos tributos sobre a gasolina e o diesel, sobreoperações de crédito, cosméticos, automóveis e sobre a folha de pagamentos, além de limitação de benefícios sociais, como seguro-desemprego e abono salarial, e redução de gastos de custeio e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com a Conta de Desenvolvimento Energético – o que resultará em um alta maior da energia elétrica. O economista da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, avaliou que o quadro econômico é "extremamente complexo". Em sua visão, não é possível concluir, até o momento, que as medidas possam "efetivamente ser contributivas à recuperação do país, já que os efeitos colaterais podem causar mais inflação, desemprego, perda de renda e consumo, conduzindo o país à recessão". Ministro da Fazenda Questionado, na semana passada, se as medidas não poderiam contribuir para jogar a economia brasileira na recessão, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a economia não vinha "desempenhando bem" com as medidas anteriores – de estímulo. "Boa parte do que está sendo feito é voltar à uma normalidade. Voltar aos gastos de 2013, diminuir as desonerações que foram crescendo, crescendo não se sabe muito bem porque. Estamos voltando à condições normais para retomar o crescimento em bases sustentáveis", disse ele na ocasião. Inflação não dá trégua Ao mesmo tempo em que o país flerta com a recessão, o comportamento dos preços não dá trégua para os consumidores. Segundo analistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionam fortemente os preços em 2015. Em janeiro, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), somou ficou em 1,24%. Essa foi a taxa mensal mais alta desde fevereiro de 2003, quando ficou em 1,57%. Em 12 meses até janeiro, o indicador acumula alta de 7,14% – a maior desde setembro de 2011, quando o índice atingiu 7,31%. Para todo este ano, a expectativa dos economistas do mercado financeiro para o IPCA está 7,47%. Se confirmada, a taxa será a maior desde 2004, quando ficou em 7,6% – ou seja, em 11 anos.

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Com isso, a estimativa do mercado segue acima do teto do sistema de metas do governo. A meta central de inflação para este ano e para 2016 é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para mais ou para menos. O teto do sistema de metas, portanto, é de 6,5%. Em 2014, a inflação ficou em 6,41%, o maior valor desde 2011. De acordo com o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, o cenário atual é um dos mais desafiadores para a política econômica, pois combina ausência de crescimento com inflação em alta, que os economistas chamam de “estagflação”. Segundo o professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP), Clemens Nunes, a alta do dólar, que chegou a atingir R$ 2,90 nesta terça-feira (3), e dos preços administrados preocupa. “A depreciação do real acelerou-se desde a última reunião [do Copom em janeiro]. Além disso, o Banco Central pode reduzir sua intervenção no mercado de câmbio acelerando este processo. Outra razão para o aumento da Selic é que o BC deve combater os efeitos secundários dos choques de preços de hortifrutigranjeiros, bem como do aumento de combustíveis e energia elétrica. Uma vez que estes não foram dissipados”, avaliou Nunes.

Cesta básica sobe em 14 de 18 capitais, diz Dieese Fonte do G1, em São Paulo04/03/2015 11h41 A cesta básica de alimentos registrou alta em fevereiro em 14 das 18 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza o levantamento. As maiores altas foram apuradas em Natal (4,36%), Salvador (4,17%), João Pessoa (2,69%) e São Paulo (2,06%). As maiores retrações foram em Porto Alegre (-2,02%), Campo Grande (-0,96%), Florianópolis (-0,24%) e Aracaju (-0,06%). O maior custo da cesta foi identificado em São Paulo (R$ 378,86), seguido de Florianópolis (R$ 359,76) e Rio de Janeiro (R$ 357,27). Os menores valores médios se deram em Aracaju (R$ 264,67), João Pessoa (R$ 286,22) e Natal (R$ 289,65). Em 12 meses, entre março de 2014 e fevereiro de 2015, o preço da cesta acumulou aumento em 18 capitais, com destaque para Brasília (20,48%), Salvador (18,60%), Goiânia (18,28%), Aracaju (17,33%), São Paulo (16,45%) e Curitiba (16,41%). As menores altas aconteceram em Manaus (2,95%) e Belém (5,36%). Preços de produtos Em fevereiro, produtos como feijão, tomate, café em pó e óleo de soja tiveram predominância de alta nos preços das capitais. Já o açúcar e a batata, pesquisada nas regiões Centro-Sul, apresentaram retração na maioria das capitais. O feijão aumentou em 17 das 18 cidades em fevereiro. O tomate subiu em 16 das 18 cidades, com destaque para as taxas de Salvador (34,03%), Natal (23,30%) e João Pessoa (19,75%). O café em pó apresentou elevação de preço em 15 cidades. As altas variaram entre 0,22%, em Recife, e 9,06%, em Aracaju. O óleo de soja teve elevação em 13 cidades. As maiores altas foram em Porto Alegre (4,52%), Recife (3,86%) e Campo Grande (3,77%).

Já o açúcar teve redução de preço em 11 cidades. As taxas oscilaram entre -5,04%, em Belo Horizonte, e -0,55%, em São Paulo. A batata teve o preço reduzido em 9 das 10 cidades do Centro-

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Sul, onde é coletada. A única alta ocorreu no Rio de Janeiro (1,81%). Nas demais cidades, as taxas oscilaram entre -31,23%, em Florianópolis, e -4,00%, em Vitória. A carne bovina, produto de maior peso na composição da cesta básica, ficou mais cara em 9 capitais e teve o preço se reduzido em outras 9. As altas mais expressivas ocorreram em Florianópolis (4,99%), Curitiba (4,19%), Manaus (3,57%) e Campo Grande (1,70%). Já o preço do leite recuou em 9 das 18 cidades pesquisadas e aumentou em outras 9. As altas variaram entre 0,38%, em Campo Grande, e 7,33%, em Florianópolis.

Setor privado dos EUA abre 212 mil vagas em fevereiro, segundo ADP Fonte G1/ Reuters04/03/2015 às 10h58 Os empregadores do setor privado dos Estados Unidos criaram 212 postos de trabalho no mês passado, abaixo das estimativas do mercado e também do número revisado de janeiro, segundo relatório da processadora de folhas de pagamento ADP divulgado nesta quarta-feira (4). Economistas consultados pela Reuters haviam projetado que o relatório da ADP mostraria um ganho de 220 mil empregos. A abertura de vagas em janeiro, por sua vez, foi revisada para 250 mil, ante 213 mil vagas informadas anteriormente. O relatório é desenvolvido em conjunto com a Moody's Analytics. Os números da ADP são divulgados antes do relatório mais abrangente de empregos fora do setor agrícola do Departamento do Trabalho dos EUA, que será divulgado na sexta-feira e inclui empregos tanto no setor público quanto no privado. Economistas consultados pela Reuters esperam que o total de criação de vagas nos EUA tenha alcançado 240 mil em fevereiro, uma queda ante 257 mil em janeiro. A estimativa para a taxa de desemprego é que caia para 5,6%, ante 5,7% em janeiro.

Eduardo Cunha chama ex-procurador-geral para defendê-lo na Lava Jato Fonte Jornal Folha de São Paulo ANDRÉIA SADIDE BRASÍLIA04/03/2015 às 08h01 O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai contratar o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando Souza para defendê-lo no caso Lava Jato. Segundo a Folha apurou, o hoje advogado já aceitou defender o peemedebista, mas ainda falta acertar detalhes do contrato. Antonio Fernando instaurou 141 inquéritos na sua gestão, o triplo da média dos antecessores. No do mensalão, tornou réus 40 acusados de integrar um esquema de compra de apoio ao governo Lula. Nesta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) 28 pedidos de inquérito envolvendo os desdobramentos da operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Os inquéritos são para investigar 54 pessoas. Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estão entre os alvos. Também foram enviados à corte na noite desta terça (3) sete pedidos de arquivamento sobre políticos citados. São casos em que, conforme os procuradores, não há indícios fortes para inquérito.

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Entre os 54 investigados estão políticos e pessoas sem o chamado foro privilegiado. Todos responderão a inquéritos. Nenhuma denúncia direta foi feita pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Além de Cunha e Renan, também serão investigados os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR). No meio político, também é esperado que o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), tenham seus nomes na lista. Todos negam envolvimento no caso. Nos pedidos de inquérito, Janot solicitou ao ministro relator dos processos, Teori Zavascki, que tire o sigilo das peças. A expectativa é que o magistrado acate o pleito.

Inadimplentes devem, em média, sete vezes o que ganham, diz pesquisa Fonte G1, em São Paulo04/03/2015 às 10h10 De acordo com o levantamento, encomendado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o consumidor inadimplente está com o nome sujo há cerca de dois anos, e deve para 3,7 empresas diferentes, em média. Os cartões de crédito e de lojas são o principal “vilão” dos inadimplentes: a maioria das dívidas foi feita por meio deles. Deixar de pagar a fatura do cartão é a principal razão apontada por três em cada cinco (61%) entrevistados inadimplentes para ter ficado com o nome sujo, ao lado de atrasos nas parcelas de cartões de loja (51%), no pagamento de empréstimos (31%) e de boletos bancários (37%). Tamanho da dívida De acordo com a pesquisa, o valor das dívidas sofre um aumento médio de 70% depois de dois anos, após a cobrança de multas e juros. Segundo os entrevistados, a dívida inicial era de R$ 12.776, chegando aos R$ 21.676 depois das cobranças. A quantidade de parcelas não pagas representa algo entre 53% e 72% do total acordado no momento da compra. Em relação ao cartão de crédito, os atuais inadimplentes dividiram as compras numa média de 6,1 vezes e deixaram de pagar 3,6 prestações, o que representa um atraso de 59% das parcelas inicialmente acordadas. Motivos da dívida Quase metade dos consumidores ouvidos apontam a falta de planejamento no orçamento pessoal como principal motivo para deixar de pagar as contas. Em seguida, vem a perda do emprego (28%), a diminuição da renda (21%), o atraso de salário (17%) e as compras acima do que lhes permitia o orçamento (16%). A pesquisa ouviu consumidores entre os dias 1º e 8 de fevereiro nas 27 capitais brasileiras.

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