SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 05 DE JUNHO DE 2014
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Setor automotivo demitiu 7,3 mil em 7 meses
São Paulo - O número de empregados no setor automotivo chegou em maio ao nível mais baixo desde dezembro de 2012, quando tinha 151,7 mil funcionários. Durante todo o ano de 2013 e nos primeiros quatro meses deste ano, as montadoras empregavam mais de 153 mil pessoas, chegando a somar 159,6 mil trabalhadores no ponto mais alto, em outubro do ano passado. Desde então, contudo, o setor passou a demitir mês a mês e contabiliza em sete meses 7,3 mil demissões. A indústria automobilística fechou o mês de maio com 152,3 mil funcionários, número que representa uma queda de 1,2% sobre abril e de 4,5% ante outubro do ano passado, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados na manhã desta quinta-feira, 5. O presidente da instituição, Luiz Moan, creditou "boa parte" da redução dos postos de trabalho ao Programas de Demissão Voluntário (PDV) adotado neste ano pelas montadoras. "Nossa associadas continuam adotando todos os mecanismos possíveis de flexibilização no sentido de manutenção dos postos de emprego", disse Moan. Em maio de 2012, quando o governo decidiu pela redução da alíquota do IPI para automóveis e propôs como contrapartida a manutenção dos empregos no setor, a cadeia automotiva empregava 147 mil pessoas. "Desde o ano passado venho dizendo que estamos em um quadro de estabilidade no emprego, acima de 150 mil", disse Moan. Ele citou ainda "um ajuste negociado com caso específico de encerramento e transferência de linha de produção". No final de 2013, a GM decidiu descontinuar a linha de produção do Classic na cidade de São José dos Campos, interior paulista, após desentendimentos com o sindicato da região. No total, cerca de mil funcionários foram desligados da montadora ao longo do ano passado. As decisões sobre quadro de pessoal, diz Moan, se devem não só às vendas, mas também à produção de veículos. No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, a produção caiu 13,3%, enquanto as vendas recuaram 5,5% e as exportações, 31,6%.
Os números que mostram o poder do agronegócio brasileiro
São Paulo – Setor mais competitivo da economia nacional, o agronegócio representa hoje 20% do PIB. Sem ele, a balança comercial brasileira sofreria um baque: 41% das exportações vêm do campo, cuja expansão dependerá fortemente da produtividade nos próximos anos. No primeiro EXAME Fórum Centro-Oeste, que acontece nesta terça-feira em Goiânia, o coordenador geral de planejamento
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estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques, mostrou os números que dão a dimensão do setor. Mais importante, no entanto, são as previsões oficiais para os próximos anos, também reveladas. Veja abaixo os grandes números da produção no campo. Ao final, em contraponto, seguem dados da Kepler Weber, empresa de armazenamento de grãos, que mostram algumas das milhares de dificuldades enfrentadas pelo setor. O PIB da agricultura é de 1 trilhão de reais, o que representa cerca de 20% da economia brasileira. O setor representa 41% das exportações brasileiras hoje. Entre 25 e 30 milhões de pessoas trabalham com o agronegócio – cerca de 30% do pessoal ocupado do país – direta e indiretamente. A produção de grãos deve chegar este ano a 191 milhões de toneladas. Na próxima década, deve alcançar 248 milhões. Para isso, a área cultivável deverá aumentar 17%, mas é a produtividade que deverá ser a grande responsável pelo aumento na produção. E 90% do crescimento da produção nos últimos anos se deve à produtividade; apenas 10% a outros fatores. A tendência em longo prazo é a produtividade crescer a taxas mais modestas, algo em torno de 1,6% ao ano, enquanto hoje está em 4,04% – contra 2,26% nos EUA. Os três estados que se destacam no crescimento da produtividade anual hoje são Minas Gerais (6,5%), Bahia (5,7%) e Goiás (5,5%). Brasil usa 40 milhões de hectares para plantar produtos transgênicos. Só perde no mundo para os EUA, onde a área chega a 70 milhões de hectares. A produção de cinco estados da região do delta dos Estados Unidos não chega a 700 mil km quadrados de áreas cultiváveis. Só o Mato Grosso é maior do que isso. Milho (63%) e algodão pluma (55%) serão as duas culturas que mais terão aumento na exportação entre 2013 e 2023, prevê o ministério. Apenas 15% das fazendas possuem sistema próprio de armazenagem de grãos, segundo a Kepler Weber. O percentual de perda no mercado de grãos na pré e pós-colheita é de 10%, considerado alto em relação à média mundial. Produção de soja vem crescendo 6% ao ano, enquanto a capacidade de armazenagem aumenta apenas 4%. Já a área de plantio, 2,8%. Isso indica crescimento da produtividade, mas também o aumento do déficit de áreas para estocar a cada ano. Os gargalos de logística e infraestrutura formam uma lista enorme. A saída de uma tonelada de soja do Mato Grosso para a China custa 185 dólares. Da Argentina, 102 dólares. Dos EUA, 71 dólares.
Atividade do comércio no Brasil cresce 5,2% em maio São Paulo - A atividade do comércio brasileiro cresceu 5,2 por cento em maio deste ano sobre igual período do ano passado, informou a Serasa Experian nesta quinta-feira. Apesar do crescimento, o resultado de maio representa uma desaceleração ao observado em abril, quando a atividade do comércio cresceu 5,4 por cento na comparação anual, devido ao encarecimento do crediário em praticamente todas as suas modalidades, à inflação elevada e à queda dos níveis de confiança dos consumidores, segundo economistas da Serasa. No acumulado do ano, o movimento dos consumidores no comércio registra alta de 4,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Entre as diversas categorias, apenas tecidos, vestuário, calçados e acessórios registrou desempenho negativo em maio versus igual mês do ano passado, de 4,6 por cento, enquanto material de construção teve o melhor desempenho, com alta de 6,7 por cento.
Mexidinha no câmbio Mais importante do que os resultados imediatos a serem produzidos pela maior facilidade para a entrada de capitais externos decidida terça-feira são os sinais que estão sendo emitidos. Do ponto estritamente técnico, a mudança limitou-se a reduzir de 360 para 180 dias o prazo mínimo para os empréstimos em moeda estrangeira obrigados a pagar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6%. Na prática, o governo facilita a entrada de capitais de curto prazo. Mudanças na política de câmbio são quase sempre importantes, ainda que não mudem o dia a dia do brasileiro. E, nesse caso, é especialmente mais importante porque parece vir com intenções político-eleitorais. Parece baixo o resultado dessa facilidade sobre o câmbio e a economia. Não se espera muito mais entrada de capitais por empréstimos apenas em consequência da redução do prazo mínimo em seis meses. Tanto é verdade que as cotações do dólar pouco se mexeram nesta quarta-feira.
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou que a decisão vem apenas para normalizar as operações de câmbio. Como ele também disse que “o câmbio está estabilizado há seis meses”, fica difícil de entender como uma situação já estabilizada precisa ser normalizada. O verdadeiro motivo parece centrado no que Mantega negou: que essa decisão tenha sido tomada para segurar a inflação. É que a maior entrada de capitais externos tende a baixar o preço do dólar em reais e um dólar mais barato tende a reduzir também em reais os preços dos produtos importados. Pode ser que uma certa baixa dos custos na tomada de empréstimos externos ajude no abastecimento de capital de giro de algumas empresas. Mas, também aí, o resultado prático parece baixo. A atual política cambial já desempenha funções de âncora de preços. Ou seja, como o governo federal não consegue garantir disciplina nas finanças públicas e o Banco Central (BC) também não vem podendo segurar a inflação apenas com o manejo da política monetária (política de juros), o relativo achatamento das cotações do câmbio cumpre, assim, o papel de ator coadjuvante no combate à alta de preços, ainda que seja instrumento inadequado para isso. Como o passo dado nesta quarta deverá ter impacto reduzido, segue-se que alguma coisa mais poderá ser tentada para atingir o mesmo objetivo. Desde as manifestações de junho do ano passado, o governo Dilma parece ter entendido que, além da percepção de sufoco, a quebra do poder aquisitivo produzida pela inflação forte tira votos do governo. Se esse raciocínio estiver correto, o que mais esperar da atual administração? Mesmo se o BC se dispusesse a elevar ainda mais os juros, não se esperariam daí efeitos imediatos. Também não se nota nenhuma disposição do governo de reduzir as despesas públicas em tempo de eleições. Isso sugere que mais decisões na área cambial podem estar no forno para atrair temporariamente mais dólares e provocar certa valorização do real (baixa do dólar) no câmbio interno.
Acima, a evolução da produção industrial e da produção de bens de capital (máquinas e equipamentos). O mau desempenho da indústria já estava previsto. Mais decepcionante é o tombo do setor de bens de
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capital. É mais um indicador de que o nível do investimento continua ruim. Mantega descobriu que, depois de 60 anos no País, “a indústria automobilística precisa andar com as próprias pernas”.
Efeito da alta do juro na economia ainda é parcial, diz BC Segundo a ata do Copom, inflação mostra resistência e efeito do juro ainda está 'em parte' por se materializar; na última reunião, BC manteve a taxa Selic em 11% ao ano Para justificar a parada no processo de aumento da taxa básica de juros, o Banco Central afirmou que os efeitos de alta Selic nos últimos meses "em parte" ainda estão por se materializar na economia brasileira. É o que mostra a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta quinta-feira, 5. Segundo ata, a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência. "Concorrem para isso dois importantes processos de ajustes de preços relativos ora em curso na economia - realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres", diz o documento. Os integrantes do Copom reconhecem que os ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação e reafirmam sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes. O BC destaca na ata que para combater essas e outras pressões inflacionárias, nos últimos doze meses as condições monetárias foram apertadas. "Mas o Comitê avalia que os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar", reforça a ata. O BC repetiu na ata avaliação de que é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados. Na reunião do Copom, o BC decidiu manter a Selic em 11% ao ano.Com a decisão, a autoridade monetária encerrou o mais recente ciclo de alta dos juros, que elevou a taxa básica em 3,75 pontos porcentuais desde abril de 2013, quando a Selic estava em 7,25% ao ano, menor nível da história. A projeção para a inflação em 2014 caiu, mas segue acima do centro da meta do governo, de 4,5%. Para 2015, no cenário de referência, a projeção de inflação também recuou em relação ao valor considerado na reunião de abril, mas também permanece acima do centro da meta. No cenário de mercado, a projeção para 2014 também caiu em relação ao valor considerado na reunião de abril, porém permanece acima da meta para o IPCA. Para 2015, a projeção de inflação neste cenário foi mantida "relativamente estável" e continua superior ao valor central da meta. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de março, o BC informou que a expectativa de inflação ao final de 2014, pelo cenário de referência, era de 6,1%, embora ainda não considerasse os juros em 11%. No cenário de mercado, a projeção do RTI para o final de 2014 era de 6,2%. Entre os pontos que ainda devem pressionar a inflação, está o reajuste do preço da gasolina. O Banco Central aumentou a projeção de reajuste de 0,6% para 1,8% em 2014. Além da gasolina, a ata citou o preço de energia. O Banco Central passou a considerar um impacto maior das tarifas de energia na inflação até o fim do ano. O Copom aumentou de 9,5% para 11,5% a estimativa de aumento nos preços de eletricidade em 2014. O BC considera, ainda, que ocorrerá redução de 4,2% nas tarifas de telefonia fixa. A previsão anterior era de estabilidade. A projeção de reajuste dos preços administrados, tanto para 2014 quanto para 2015, foi mantida em 5%. Segundo a ata da última reunião, a projeção para este ano considera variações de preços, ocorridas até abril, de 1,8% no preço da gasolina e de 0,5% no gás de bujão. Na ata referente à reunião anterior, esse valores eram, respectivamente, de 0,6% e 0,3%, considerando variações ocorridas até fevereiro. O Copom informou que reduziu sua premissa para o câmbio para R$ 2,20 pelo cenário de referência. Na ata anterior, divulgada em abril, a projeção era de R$ 2,30. O valor considerado para o dólar está um pouco abaixo do valor negociado no dia em que o colegiado decidiu encerrar o ciclo de aperto monetário, deixando a Selic em 11% ao ano, quando o dólar fechou em R$ 2,2330. No mercado futuro, o dólar para junho fechou no dia da reunião do Copom, na semana passada, em R$ 2,2350. Para a taxa básica de juros, o colegiado ampliou a premissa considerada de 10,75% para 11% ao ano.
Governo reduz IOF para atacar inflação A redução do IOF sobre empréstimos no exterior anunciada nesta quarta (4) faz parte de uma operação do governo para "salvar o segundo semestre". O objetivo é evitar um repique na inflação e dar mais fôlego para a economia, num momento de encarecimento de crédito no país. Segundo a Folha apurou, o governo está preocupado com uma possível pressão pela alta do dólar, provocada por incertezas nos cenários externo e interno --neste caso, por causa do período eleitoral. Além disso, a presidente Dilma
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quer reverter o ritmo fraco da economia brasileira, dando estímulos ao setor privado. A expectativa é que o segundo semestre seja melhor, depois de o primeiro ser considerado quase perdido. A avaliação é que a decisão de zerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% nas operações de empréstimos no exterior com prazo entre 181 e 360 dias ajudará a irrigar o mercado brasileiro com crédito captado a custo mais baixo em outros mercados. Estimulando a entrada de dólares no país, é esperada uma queda da moeda americana, o que vai ajudar o BC no combate à inflação. O governo tem enfrentado dificuldades para manter a inflação dentro do limite máximo definido pela meta oficial, de 6,5% ao ano, uma grande preocupação em ano de eleição presidencial. A medida vai ajudar também a segurar o câmbio em um momento em que o BC planeja reduzir suas intervenções. A ideia do governo é que a cotação do dólar não fique muito acima de R$ 2,30. Ontem, apesar da medida, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,35%, a R$ 2,282, maior valor desde 26 de março. Como parte dos esforços para aquecer a economia, o ministro Guido Mantega (Fazenda) sinalizou ainda que o desconto de IPI para carros será mantido, ainda que parcialmente. Mantega afirmou que a redução do IOF vem em momento de normalização do mercado de câmbio, que sofreu com excesso de fluxos de capitais. Desde 2011, com os mercados inundados de dólares por causa da política de estímulo à economia do banco central americano, o governo brasileiro vinha adotando medidas para brecar a entrada da moeda estrangeira e a desvalorização cambial. Oficialmente, Mantega negou que a medida vá atrair capital especulativo e que tenha a ver com o controle da inflação. "Não administramos câmbio tendo em vista inflação", afirmou. O ministro afirmou ainda que a redução do IOF ajudará bancos pequenos, que diminuíram a participação no mercado financeiro.
Política monetária atingiu atividade, avalia Delfim A desaceleração da economia brasileira observada nos primeiros meses de 2014 é resultado da política monetária colocada em prática pelo governo para controlar a inflação, avalia professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Antonio Delfim Netto. Em conversa por e-mail com o Valor, o ex-ministro da Fazenda afirmou que o crescimento de apenas 0,2% do país entre o último trimestre de 2013 e o primeiro deste ano "não surpreendeu ninguém, nem ao governo", e que a política monetária está fluindo por seus canais normais. O que causa estranheza, diz, é que a inflação resista a ceder. Esse fenômeno, afirma, pode ser explicado pelo controle de preços e consequente piora das expectativas, o que torna o processo de desinflação da economia mais custoso. Para Delfim, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre foi ruim, mas bastante esperado. "As indicações eram que as coisas estavam caminhando de uma maneira muito desconfortável durante todo esse tempo". Delfim, que tem afirmado que a relação de desconfiança entre setor privado e governo limitou a expansão da atividade doméstica nos últimos trimestres, disse que há um problema quase "ecológico" no Brasil atualmente. "Formou-se um clima de hostilidade, um ambiente de negócios que o governo se esforça em negar, mas que existe e que influiu de forma importante para a redução nos investimentos e agora impacta também o consumo". Entre janeiro e março, o consumo das famílias recuou 0,1%, primeira queda em bases trimestrais desde o terceiro trimestre de 2011, quando a economia dava sinais mais evidentes de desaceleração. Para Delfim, a perda de força da demanda é resultado da política monetária colocada em prática pelo governo desde abril do ano passado e que elevou a taxa básica de juros da economia de 7,25% ao ano para 11% ao ano. Embora alguns economistas argumentem que a política monetária parece ter perdido eficácia nos últimos anos, para Delfim a alta de juros está funcionando "por seus canais naturais". Houve importante redução do nível da atividade nos últimos meses, o ritmo do crescimento do crédito também desacelerou e a taxa de câmbio, que encostou em R$ 2,45, registrou alguma valorização e agora tem se mantida mais próxima de R$ 2,20. "São resultados típicos dos efeitos da política monetária feita para combater a inflação e não deveriam causar surpresa", diz. O que causa estranheza, no entanto, é a resistência da inflação, que segundo o ex-ministro da Fazenda é uma questão mais complicada. "Para a inflação cair era preciso reduzir as expectativas". No entanto, o controle de alguns preços administrados, como de tarifas de energia elétrica e de combustíveis, por exemplo, resultam em expectativas de inflação mais elevadas, e não mais baixas, apesar da alta de juros. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, as expectativas para a inflação doze meses à frente está em 6,01%, mais alta do que a estimativa de 5,93% há quatro semanas. "Isso torna muito difícil o combate à inflação e muito custoso o processo". Para Delfim, outro resultado da desconfiança entre setor
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privado e governo é que o investimento não avança, mesmo com as concessões de projetos de infraestrutura para o setor privado. "É preciso haver um entendimento entre os dois setores, para que a ecologia do sistema, o ambiente se modifique", comenta o ex-ministro. Há ainda a questão da escassez de poupança, que na avaliação de Delfim tem sido puxada principalmente pelo setor privado, "o que é um problema extremamente grave".
Ciclo fechado “avança na indústria” Claudia Martins: "Desde 2005 recuperamos 450 mil toneladas de carpetes" O espelho de hoje era caco de vidro até há pouco tempo. O carpete era uma rede de pescador, o vaso de flor já foi lã para estofamentos. Esses são alguns exemplos de reciclagens feitas por empresas engajadas no chamado ciclo fechado, movimento que busca fazer o reaproveitamento dos resíduos do processo produtivo e pós-consumo e reduzir o volume de matéria-prima consumida. O conceito começa a ganhar espaço na pauta da indústria. Cerca de 18% dos vidros e espelhos fabricados pela americana Guardian do Brasil vêm de resíduos de vidros. A companhia, que tem duas unidades no país desde 1994, há dois anos começou a implantar o know-how trazido da matriz, que há dez anos já tem essa prática. Hoje, das 420 mil toneladas de espelhos e vidros fabricados por ano pela empresa no Brasil, 75,6 mil toneladas vêm de matéria-prima reaproveitada. Trata-se de um exemplo de produto que, depois de usado, volta a alimentar a cadeia de produção e retorna ao mercado como novo. "A nossa meta é passar de 18% para 22% de material reaproveitado ainda em 2014. Os investimentos para isso já estão sendo feitos", garante Valdir Valderramas, gerente de supply chain da Guardian. Difundir a política implementada pela companhia passou a ser bandeira da Guardian. "Confeccionamos contêineres e estamos distribuindo no mercado para facilitar a coleta do produto e, com isso, ampliar a captação", conta. Outra estratégia que está atraindo um número maior de interessados fica por conta dos benefícios que vão de descontos na compra da mercadoria fabricada pela Guardian até subsídios para o transporte. "Nosso grande desafio é comprar cada vez mais cacos no mercado, reduzindo a quantidade de gás utilizado no processo de fundição. Para isso, decidimos remunerar o nosso cliente pelos cacos que nos disponibiliza, fornecendo descontos nos nossos principais produtos", diz. Os caminhoneiros responsáveis pelo frete também saem ganhando. "Os caminhões que transportam os produtos dos nossos clientes já se acostumaram a chegar carregados de cacos porque sabem que terão os custos do frete subsidiados. Eles nos trazem matéria-prima e levam nossos produtos. Com isso, recebem desconto suficiente para zerar os gastos com a logística", acrescenta. A multinacional americana Interface do Brasil, fabricante de carpetes, já adotou essa política há anos e tem planos de avançar. Claudia Martins, diretora da Interface no Brasil, diz que a empresa foi uma das pioneiras em criar um programa de resíduo-zero, quando, em 1994, lançou o Mission Zero. "Na época, a Interface traçou a meta de chegar em 2020 com 100% do ciclo fechado dentro das unidades nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Austrália, evitando a extração da matéria-prima", afirma. "Desde 2005 já recuperamos 450 mil toneladas de carpetes velhos no mundo. Acordamos com o cliente que no momento em que não for mais usar o carpete que nos chame para retirá-lo. É um processo pelo qual a própria área comercial se responsabiliza", conta. Esse volume reaproveitado significa uma enorme vantagem. "Entre 2005 e 2013 já contabilizamos uma economia de U$ 600 milhões entre redução no volume de água e de energia nas nossas seis plantas fabris", detalha. No Brasil, que comercializa o produto importado, o processo de ciclo fechado começou há cerca de dois anos. "Recolhemos cerca de 30 mil m2 de carpete por ano no mercado brasileiro, para 700 mil m2 comercializados", diz. Em um mercado cujo aumento de vendas ficou na casa de 20% anuais até 2011 e cresce hoje 6%, ainda há muito produto a ser recolhido. "Hoje já percorremos 75% do nosso caminho, que quer chegar em 2020 com zero de impacto ambiental. É mais difícil porque temos que aliar todo ciclo fechado, ou seja, não extrair matéria-prima virgem da natureza, incorporar seu produto e continuar sendo fortes em design, além de não perder no desempenho", diz. Na visão de Claudia, o estágio em que a empresa se encontra hoje é o mais difícil. "Esses 25% finais demandam um esforço maior. Por isso estamos em um projeto, há dois anos, no qual identificamos que a rede de pesca que a comunidade de pescadores utiliza é o mesmo nylon da fabricação do carpete; um segundo projeto foi montado para captação desse material", diz. O plano foi implementado
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inicialmente nas Filipinas. "Recolhemos as redes e enviamos para o nosso parceiro de fios transformá-los em nylon para fabricação de carpete. Estamos buscando fontes para que a empresa tenha 100% de matéria-prima reciclada nos nossos produtos até 2020", completa, através de uma parceria selada com a Sociedade Zoológica de Londres. "Durante o projeto piloto do programa, mais de uma tonelada de redes de pesca foram recolhidas para a fabricação das peças. Com esta ação de reciclagem foi possível remover o lixo marinho, além de empregar pessoas das aldeias locais, incluindo 280 famílias socialmente vulneráveis, que ajudaram na limpeza", relata. Diógenes Del Bel, diretor presidente da Associação Brasileira de Empresas de Resíduos (Abetre), diz que apenas uma pequena parcela do setor industrial realmente tem esse foco e que razões não faltam para emperrar a política. "É difícil dar esse passo dentro de uma economia sujeita a uma forte competição internacional. Hoje, assistimos às nossas indústrias sofrendo restrições perante a concorrência internacional e o ciclo fechado, às vezes, pode representar um custo maior ou menor, interferindo na competitividade do setor", diz. "É preciso combinar as duas coisas: o estímulo à sustentabilidade e também olhar a questão do estímulo econômico para viabilizar essa questão da competitividade." Outra iniciativa é da fabricante de móveis francesa Ligne Roset. Antoine Roset, vice-presidente executivo da marca, diz que aos poucos vê seu projeto ganhar corpo dentro do processo de fabricação denominado ciclo fechado.
Uma estranha regulação da participação social A presidente Dilma Rousseff envolveu-se em mais uma enrascada desnecessária, justo quando tem diante de si uma campanha difícil pela reeleição, iniciada prematuramente e marcada pelo radicalismo. O decreto 8243, que institui a Política Nacional de Participação Social, é muito inapropriado para esse ambiente. O decreto pode ser visto de várias maneiras. Parece delírio burocrático, inócuo como todos eles. Personifica o espírito de assembleísmo de algumas administrações do PT. E pode perfeitamente servir de embrião da democracia direta, cujo exemplo extremo é o chavismo. Foi essa última interpretação que as oposições deram ao decreto, que agora procuram derrubar no Congresso. Pode não ter sido a intenção, como afirmam membros do Executivo, mas os novos instrumentos têm finalidade ambígua. O decreto cria, por exemplo, o conselho de políticas públicas, como "instância colegiada permanente" para participar "no processo decisório e na gestão de políticas públicas". PSDB, PSD e outros partidos apontam que isso fere a Constituição. Em seu artigo I, parágrafo único, ela dispõe que "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição". A participação popular se dá, nos termos da lei, por plebiscitos, referendos e iniciativas populares. A forma encontrada de permitir que movimentos sociais "institucionalizados ou não" interfiram no poder é um corpo estranho. Para o governo, os canais já existem e estão apenas sendo regulamentados. Mas o artigo 5 dá margem à dúvida: "Os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, respeitadas as especificidades de cada caso, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social, previstos neste Decreto, para a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticas públicas". A ideia é que toda a administração federal tenha de seguir esse caminho, embora o verbo "considerar" a dilui e tende a tornar a orientação inócua. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, argumenta que "os conselhos no Brasil existem desde 1937, as conferências, desde 1941" (Valor, 4 de junho). Sem ir tão longe no tempo, com todos esses aparatos, que "já existem", o governo foi pego absolutamente de surpresa pelos movimentos de junho de 2013, quando milhões de pessoas saíram às ruas. Talvez os manifestantes fossem de outros movimentos sociais que não os contemplados pela abertura do governo petista. Carvalho disse ainda que o texto do decreto foi construído em parceria com movimentos sociais e com a sociedade civil. O cidadão que não participou tomou conhecimento dele pelos jornais, de repente. Esse é um ponto em que o decreto é obscuro. Quem define os movimentos sociais que participarão? Pode ser que os mais ativos, aos quais se abrem os canais de decisão, sejam os "nossos" movimentos sociais, e não os "deles". Há espaço para partidarização no verdadeiro cipoal burocrático do decreto. Entre as instâncias criadas estão: conselho e comissão de políticas públicas, conferência nacional, ouvidoria pública, mesa de diálogo, fórum interconselhos, audiência e
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consultas públicas e ambiente virtual de participação social. Para coordenar essas instâncias e encaminhar suas propostas, cria-se a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais.Mas o objetivo do decreto provavelmente não é aquele no qual a oposição vem atirando. É importante no decreto a "mesa de diálogo", que tem o intuito de "prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais", com a participação dos setores da sociedade envolvidos. Ele atende necessidade premente do governo após junho de 2013 - a "ampliação dos mecanismos de controle social", o item VII do artigo 3º. Tanto o presidente Lula quanto a presidente Dilma, mesmo no auge das pressões contra seus governos, nunca deram a menor indicação de que pretendiam pular o Congresso e usar métodos chavistas. Mas o PT perdeu o monopólio dos movimentos sociais e o governo ficou sem o termômetro da insatisfação social. Para evitar ser abalroado de repente por novas ondas de descontentamento, é preciso identificar os novos protagonistas e dialogar com eles, isto é detectar e canalizar a tempo para perto do leito institucional as demandas sociais. É ampliando o controle social que se evitam surpresas, quando as instâncias de intermediação de conflitos, como parece hoje, entraram em curto circuito.
BC vê queda do crescimento e da inflação; veja, com tradução, 5 trechos essenciais da mensagem O Banco Central divulgou uma ata de 31 parágrafos para explicar por que manteve sua taxa de juros de em 11% ao ano e quais são suas intenções daqui para a frente. Menos prolixa que o habitual, a mensagem pode ser resumida em cinco trechos essenciais, reproduzidos abaixo com a devida tradução do idioma do BC. “Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11,00%” Tradução - “A inflação ainda está alta, mas como a economia ficou ainda mais fraca [e é ano eleitoral], o Banco Central decidiu parar com alta dos juros.” Nota - Copom é o Comitê de Política Monetária, formado pela cúpula do BC, e Selic é a taxa de juros, que vinha subindo desde abril do ano passado, quando estava em 7,25%. “O Copom pondera que o ritmo de expansão da atividade doméstica tende a ser menos intenso este ano, em comparação ao de 2013.” Tradução - “Se o ano passado, quando a economia cresceu apenas 2,5%, já foi ruim para a produção, o consumo e os investimentos, este vai ser ainda pior, pelo que mostram os resultados dos primeiros meses.” Nota - Até a ata anterior, o BC considerava que a economia se manteria “relativamente estável” neste ano, em comparação com 2013. “A projeção para a inflação de 2014 diminuiu em relação ao valor considerado na última reunião, mas permanece acima da meta de 4,5%.” Tradução - “Como não temos a intenção de cumprir a meta de inflação, a queda da projeção (provocada pela piora da economia) é motivo suficiente para interromper a alta dos juros.” Nota - A projeção do mercado para a inflação do ano caiu de 6,51% para 6,47%, pouco abaixo do limite máximo de 6,5% fixado na legislação. “A propósito, para combater essas e outras pressões inflacionárias, nos últimos doze meses as condições monetárias foram apertadas, mas o Comitê avalia que os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar.” Tradução - “Os juros já subiram bastante, e as consequências -queda do crédito, do consumo e do investimentoainda serão sentidas nos próximos meses.” Nota - Foi retirado da ata um trecho que defendia a eficácia da política de juros, a despeito de a inflação permanecer alta. “Além disso, é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados.” Tradução - “Já existe pessimismo suficiente entre empresários, investidores e consumidores para esfriar a economia sem novas altas dos juros. “Nota - Na continuação do trecho anterior, o BC repete argumento da ata passada que preparava o terreno para a interrupção da alta de juros.
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Produção das montadoras recua 18% em maio ante 2013, aponta Anfavea A produção de veículos no país caiu 18% em maio, comparativamente a igual período de 2013. No total, as montadoras fabricaram 282,5 mil unidades no mês passado, entre automóveis de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Na comparação com abril de 2014, que teve um dia útil a menos, houve alta de 1,9% na atividade da indústria automobilística, informou a Anfavea, entidade que abriga as montadoras instaladas no país. Para se ajustar à queda no consumo doméstico, agravada pelo avanço dos estoques e pelo recuo nas exportações para a Argentina, as montadoras diminuíram o ritmo de produção a partir de medidas como paradas diárias de linhas de montagem, afastamento de operários e antecipação de férias coletivas. Nos cinco primeiros meses do ano, foram produzidos 1,35 milhão de veículos no país, 13,3% a menos do que em igual período de 2013. Por enquanto, a previsão da Anfavea é de um crescimento de 1,4% da produção neste ano, superando a marca recorde de 3,71 milhões de unidades de 2013. Mas as estimativas da entidade podem ser revistas. Quando se considera apenas os carros de passeio e os utilitários leves, segmento que teve parte dos descontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) retirada na virada do ano, a produção somou 265,3 mil unidades no mês passado, uma queda de 18,2% em relação ao volume de um ano antes. Na comparação com abril, houve crescimento de 1,5% na montagem de veículos leves. Já a produção de caminhões —de 12,7 mil unidades em maio— caiu 22,4% na comparação anual, mas subiu 3,1% em relação a abril. Nas fábricas de ônibus, houve alta de 15,6% na comparação com maio de 2013. No total, 4,5 mil ônibus foram produzidos no Brasil durante o mês passado, 32,5% acima de abril. Segundo o balanço da Anfavea, a ocupação nas montadoras, incluindo o setor de máquinas agrícolas, caiu 1,2% na passagem de abril para maio, chegando ao fim do mês passado em 152,3 mil empregados. Desde o início do ano, 4,7 mil vagas de trabalho já foram eliminadas na indústria automobilística. As vendas de veículos novos somaram 293,4 mil unidades em maio, marcando declínio de 7,2% em relação ao volume do mesmo período de 2013. Ante abril, o volume de emplacamentos ficou praticamente estagnado, com inexpressiva alta de 122 unidades. Segundo balanço da Anfavea, a queda das vendas no acumulado do ano, que estava em 5% no primeiro quadrimestre, foi para 5,5% no fechamento de maio, como reflexo da acomodação da demanda depois que o governo retirou parte dos descontos no IPI. Montadoras e concessionárias também reclamam da seletividade dos bancos na liberação de crédito para compra de carros, situação para a qual tentaram negociar uma solução com o governo e instituições financeiras. As previsões , por enquanto, apontam para crescimento de 1,1% das vendas de neste ano. Em 2013, perto de 3,8 milhões de unidades foram licenciadas no país. Quando se considera apenas os automóveis de passeio e os utilitários leves, foram emplacadas 278,4 mil unidades no mês passado, recuo de 7,5% ante o resultado de um ano antes. Na comparação com abril, as vendas nesse segmento —que teve parte dos descontos no IPI retirada na virada do ano— mostraram baixa de 0,6%. As vendas de caminhões, por outro lado, registraram alta de 0,6% na comparação anual e de 16,8% em relação a abril, chegando a 12,7 mil unidades licenciadas. O balanço da Anfavea mostra ainda que os emplacamentos de ônibus caíram 15,5% em relação a maio de 2013 e tiveram leve avanço de 0,3% ante abril deste calendário. No total, 2.200 ônibus foram licenciados no mês passado. Os importados, conforme a Anfavea, responderam por 18% de todos os veículos vendidos em maio, acima dos 16,9% do mês anterior.
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BCE corta juros e estimula crédito para impulsionar economia da zona do euro O Banco Central Europeu lançou uma série de medidas nesta quinta-feira (5) para combater a inflação baixa e impulsionar a economia da zona do euro. O banco cortou taxas, adotou juros negativos de 0,1% sobre depósitos "overnight" e ofereceu crédito longo prazo a bancos, de modo a estimular empréstimos para aquecer a economia. É a primeira vez que o banco implementa uma taxa de depósito negativa. Na prática, a instituição cobrará juros, de 0,10%, dos bancos que depositarem recursos no banco central de um dia para o outro (o "overnight"). Até então, o BCE pagava juros para os bancos que fizessem a operação. Além disso, as principais taxas do BCE foram cortadas para valores mais baixos já vistos. A principal taxa de refinanciamento caiu para 0,15%, e a taxa de empréstimo, para 0,40%. Previamente, o BCE já havia baixado sua taxa de juros para o mínimo histórico de 0,15%. O esforço para estimular os bancos a emprestarem dinheiro a empresas e famílias, injetando recursos na economia, visa combater o risco de deflação e diminuir a taxa de câmbio do euro. O cenário, combinado a uma atividade fraca de empréstimos na zona do euro, ameaça arrastar o bloco a uma difícil situação econômica. O BCE vai oferecer neste ano duas operações de crédito barato aos bancos, totalizando 400 bilhões de euros (US$ 544,86 bilhões), condicionadas a que as instituições concedam empréstimos a empresas e famílias. A linha oferecida pelo BCE vence em quatro anos. A primeira operação será em setembro, e a segunda, em dezembro. O pacote, aprovado de forma unânime, foi direcionado para aumentar os empréstimos à "economia real", disse o presidente do BCE, Mario Draghi. Outras medidas incluem a ampliação da duração de liquidez barata e ilimitada para bancos da zona do euro, injetando cerca de 170 bilhões de euros ao parar ofertas que retiravam fundos gastos em compras de ativos governamentais anteriores. Assim, o BCE se prepara para possíveis compras futuras de títulos lastreados em ativos para apoiar as pequenas empresas. "Agora estamos em um mundo completamente diferente", disse Draghi, citando "inflação baixa, recuperação fraca e dinâmicas monetárias e de crédito fracas". As projeções publicadas pelo BCE mostraram que a inflação será de apenas 0,7% neste ano. Para 2015, espera 1,1%, e para o ano seguinte, 1,4%, uma revisão para baixo e muito longe da meta, próxima de 2%. Em termos de crescimento, as projeções apontam a zona do euro crescendo 1,8% em 2016, após 1,7% em 2015 e 1% neste ano. Isso marcou uma revisão levemente para baixo à sua projeção anterior para 2014, mas uma estimativa revisada para cima sobre 2015. As novas projeções de médio prazo da equipe do banco são mais baixas do que as publicadas em março, quando a projeção era de 1,5% para 2016. "Se necessário, vamos agir rapidamente com mais afrouxamento da política monetária", disse Draghi, acrescentando que o conselho do órgão, que define as políticas, foi unânime em seu compromisso de usar instrumentos não convencionais se necessário "para tratar ainda mais dos riscos de um período prolongado demais de inflação baixa". Questionado sobre quanto tempo demorará para que as medidas cheguem à economia, ele disse: "O mais provável é que vejamos efeitos imediatos nos mercados monetários e que vejamos efeitos defasados na economia real atribuíveis à este programa. Provavelmente isso levará de três a quatro trimestres". Draghi disse que as taxas de juros vão permanecer baixas por um período prolongado "em vista de nossas perspectivas de inflação". Após o corte de hoje, no entanto, ele omitiu uma fala anteriormente regular de que elas podem ser reduzidas ainda mais. A decisão de cortar os juros do depósito era amplamente esperada depois de Draghi dizer, no mês passado, que o conselho estava "confortável em agir da próxima vez", mas que primeiro queria ver projeções econômicas atualizadas da equipe do banco. "Este é um corte de juros pequeno um ajuste à postura de política", disse Richard Barwell, economista do RBS. Em março, as projeções mostraram que levaria dois anos e meio para que a inflação chegasse perto da meta do BCE. Uma perspectiva mais fraca dará sustentação a ações mais robustas do Banco Central Europeu.
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