SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 05 DE SETEMBRO DE 2014
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Com reajuste de energia, inflação acelera para 0,25% em agosto Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online PEDRO SOARES do RIO 05/09/2014 09h 51 Após a quase estabilidade da inflação em julho (0,01%), o IPCA, índice oficial do país, acelerou e registrou uma alta de 0,25% em agosto. O aumento se deu diante do fim do ciclo de quedas expressivas dos preços dos alimentos e sobimpacto de reajustes de energia elétrica. No mês, a energia elétrica subiu 1,76% e a alimentação recuou 0,15%. Os transportes registraram alta de 0,33%. Segundo os dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira (5), o IPCA acumulado em 12 meses voltou a superar o teto da meta, com uma taxa de 6,51%. De janeiro a agosto, o índice soma um avanço de 4,02%. Ainda que em aceleração, o IPCA se mantém num patamar baixo diante dos primeiros meses deste ano, quando o preço dos alimentos e serviços dispararam. Em junho, a inflação subiu 0,40% e em março atingiu o maior patamar até agora, com alta de 0,92%. O resultado de agosto ficou igual ao previsto pelo mercado no mês e muito próximo no acumulado em 12 meses. Segundo levantamento da Bloomberg, as taxas médias estimadas eram de 0,25% no mês e de 6,52% nos 12 meses. GRUPOS No mês, os alimentos mantiveram a tendência de deflação. No entanto, segundo analistas, o pico do movimento de queda ficou em meados de agosto e já existem pressões em setembro. O grupo transportes avançou na esteira dos aumentos de passagens aéreas (10,16%) e gasolina (0,30%), ambos itens com retração em julho. Além desses itens, o empregado doméstico passou a ter um custo mais elevado às famílias, com aumento de 1,26%. Ao lado da energia, foi o item que mais pesou na inflação de agosto. META Economistas estimam um IPCA muito próximo de 6,5% neste ano e parte do mercado não descarta o estouro da meta no índice consolidado de 2014, se a economia mostrar um desempenho melhor neste segundo semestre após a recessão vivida nos dois primeiros trimestre do ano, quando o PIB caiu. Sobimpacto negativo da Copa, da freada do consumo das famílias e forte retração dos investimentos, o PIB brasileiro caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano. Como o resultado do primeiro trimestre foi revisado para queda de 0,2% (contra alta de 0,2% informada anteriormente), segundo parte dos economistas, o país entrou em recessão técnica. Se o consumo reagir, os preços de serviços e bens duráveis (veículos, móveis e eletrodomésticos) podem voltar a acelerar, dizem economistas. Outro ponto de incerteza são os reajustes que serão autorizados para as distribuidoras de energia, especialmente no Rio de Janeiro (maior região ainda sem aumento). Também já há uma sinalização do governo de que poderá aumentar o preço da gasolina, congelado desde o final do ano passado. EFEITO GREVE Diante da greve, o IBGE teve de adaptar sua metodolgia de cálculo da variação do item empregado doméstico, já que o dado vem da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que não divulgou dados para Salvador e Porto Alegre desde maio. Com isso, os técnicos usaram as informações de abril dessa categoria nas duas regiões em abril (o último disponível), aplicou a inflação e estimou os dados de maio, junho, julho e agosto. O empregado doméstico usa essa metodologia, mas sempre estimando dois meses à frente por causa da defasagem da PME, divulgada quase dois meses após o mês de referência, em relação ao IPCA, cujas informações são publicadas menos de dez dias após o fim do mês. VEJA A CONTRIBUIÇÃO DE CADA GRUPO PARA A INFLAÇÃO 2
GRUPO
AGOSTO (%)
IMPACTO (p.p.)
JULHO (%)
IMPACTO (p.p.)
Índice geral
0,25
0,25
0,01
0,01
Alimentação e bebidas
- 0,15
- 0,04
- 0,15
- 0,04
Habitação
0,94
0,14
1,20
0,17
Artigos de residência
0,47
0,02
0,86
0,04
Vestuário
- 0,15
- 0,01
- 0,24
- 0,02
Transportes
0,33
0,06
- 0,98
- 0,18
Saúde e cuidados pessoais
0,41
0,05
0,50
0,06
Despesas pessoais
0,09
0,01
0,12
0,01
Educação
0,43
0,02
0,04
0,00
Comunicação
0,10
0,00
- 0,79
- 0,03
Fonte: IBGE
Florianópolis tem a cesta básica mais cara do País Fonte: Portal Economia SC 04 de setembro de 2014 às 12h 03 No mês de agosto, dentre as 18 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Florianópolis apresentou o maior valor para cesta básica do País (R$ 340,62), seguida de São Paulo (R$ 337,80), Vitória (R$ 329,13) e Rio de Janeiro (RJ) R$ 327,64. Florianópolis também lidera o ranking no acumulado dos primeiros oito meses de 2014, registrando a majoração de 6,67%. Sendo que mais 12 capitais apresentaram alta no valor da cesta básica. A segunda da lista é Aracaju (6,34%), seguida de Recife (5,93%), João Pessoa (3,89%) e Rio de Janeiro (3,84%). As reduções foram verificadas em Campo Grande (-4,29%), Belo Horizonte (-2,80%), Manaus (-1,95%), Porto Alegre (-1,08%), e Natal (-1,02%). A mesma pesquisa mostra que em todas as 18 capitais os preços do conjunto de bens alimentícios essenciais diminuíram. As maiores quedas foram registradas em Manaus (7,69%), Aracaju (-3,84%), Fortaleza (-2,96%) e Natal (-2,35%). O menor recuo foi observado em Vitória(-0,48%). Florianópolis registrou queda de 1,87%. O advogado Paulo Henrique Barcella acredita que a majoração elevada ocorra devido o fato de Florianópolis ser uma cidade turística. “Geralmente no final do ano quase todos os bens e serviços da Capital sobem, não baixando com o fim da temporada. Com isso, vemos resultados como estes. Acredito que para economizar, a saída é aproveitar as promoções que os mercados fazem em dias específicos”, argumenta. No caso da dona de casa Maria das Graças Gonçalves, o gasto é ainda maior, visto que é diabética. “Se a cestabásica está cara ao consumidor comum, imagina para quem tem restrição alimentar, como no meu caso. Não posso comer nada com açúcar. Então se um determinado produto custa R$ 2, eu pago mais que o dobro por ele ser diet. O jeito encontrado por ela para 3
poupar é gastar somente com produtos necessários. “No mercado é assim, eu compro uma coisa e largo outra”, exemplifica. Com base no custo apurado em Florianópolis e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em agosto deste ano, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2.861,55, ou seja, 3,95 vezes o mínimo em vigor, de R$ 724,00. Em agosto, para comprar os gêneros alimentícios essenciais, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou realizar, na média das 18 capitais pesquisadas, jornada de 90 horas e 07 minutos, tempo inferior às 92 horas e 03 minutos registrado em julho. Em agosto de 2013, a jornada comprometida era maior, já que naquele mês foram necessárias 91 horas e 46 minutos. O gerente comercial do supermercado Giassi, NoedirBellettiniBenfato, acredita que a pesquisa tenha sido feita somente na ilha. “Se formos pesquisar o preço das cestas na grande Florianópolis, com certeza veremos preços mais baixos. A dica é sempre pesquisar para encontrar o melhor valor”, argumenta.
Presidente da BMW diz que manterá investimentos Fonte: Portal Economia SC Giovana Kindlein03 de setembro de 2014 às 21h 16 Apesar do cenário de instabilidade econômica no país, o presidente da fábrica da BMW no Brasil, o alemão Gerald Degen, disse que a montadora alemã vai manter o cronograma de investimentos de 240 milhões de euros em Araquari. “Nós temos que manter o que nós prometemos, e nós vamos fazer”, disse Degen, na terça-feira, dia 2, durante a inauguração da terceira loja da concessionáriaTop Car, única representante da marca em Santa Catarina, dirigida pelo executivo Oswaldo Scheer Filho. Um levantamento da Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotivos) mostra que houve uma queda de 16,9% nas vendas de carros importados até agosto em comparação com o mesmo período de 2013. A diretora de Relações Governamentais do BMW Group Brasil, Gleide Souza, que também prestigiou a inauguração, disse que “o recuo não muito significativo para o mercado de veículos Premium já era esperado face aos eventos que tivemos este ano: Carnaval tardio, Copa e eleições no próximo mês. Mas nós somos otimistas. É um momento de reflexão do mercado”. Os testes da linha de montagem da fábrica em Santa Catarina começam nas próximas semanas, mais precisamente no fim de setembro e começo de outubro. “A linha de montagem está bem adiantada, mas é uma fase de testes”, afirmou Gleide. O presidente e CEO do BMW Group Brasil, Arturo Piñero, confirmou presença ao evento, mas devido ao mau tempo e as condições desfavoráveis de teto para pousar em Joinville na terçafeira, não participou da festa que reuniu 400 pessoas. A grandiosa estrutura física da fábrica, às margens da BR-101, está praticamente pronta. Com o prédio da montagem e logística concluído, os funcionários estão providenciando a instalação dos equipamentos. “Esta é uma fase de comissionamento ou try-out para validação das novas linhas de montagem”, explica Gleide. Segundo ela, esse início de produção neste mês é parcial. “Na verdade, as estações de trabalho vão sendo testadas para que quando a linha entrar em funcionamento total, a gente não tenha surpresas na operação”. 4
De acordo com a diretora de relações governamentais do BMW Group Brasil, as estações de trabalho com os equipamentos de pintura, body-shop e print-shop, que demandam mais tempo de instalação, deverão ocorrer numa segunda fase, em 2015. Por enquanto, os funcionários continuam trabalhando na réplica da linha de produção montada no centro de treinamento da BMW, no Perini Business Park, em Joinville. Até o fim de 2014 vão estar na fábrica 600 funcionários dos 1.200 previstos quando a montadora entrar em total operação. Gleide foi cautelosa em relação à data de inauguração da unidade brasileira. “Muito em breve faremos o anúncio da data de inauguração da fábrica”, disse. As especulações de mercado dão conta de que será em outubro. No entanto, a diretora descartou a hipótese da vinculação da data de inauguração com a data das eleições. “Lógico que nós gostaríamos de ter presença massiva no evento, mas temos que respeitar o momento político”, concluiu.
Brasil capta US$ 1,05 bilhão no exterior Fonte: Portal Economia SC 04 de setembro de 2014 às 11h 21 O Tesouro Nacional informou hoje, 4, o resultado final da reabertura de títulos da dívida externa, conhecidos como bônus da República e denominado Global 2025, com vencimento em 7 de janeiro de 2025. O valor total da captação chegou a US$ 1,05 bilhão, sendo US$ 1 bilhão nos mercados europeu e norte-americano, e US$ 50 milhões no asiático. A operação foi iniciada ontem, 3, com a opção de se estender ao mercado asiático, que acabou se confirmando. O título foi emitido com cupom de juros de 4,25% ao ano e com spread de 147 pontos-base acima do título do Tesouro americano, com vencimento em 15 de agosto de 2024, ou seja, 1,47% na comparação entre os títulos brasileiro e americano. Foi o menor valor de juros e spread em 12 meses, segundo o Tesouro. A emissão, liderada pelos bancos BTG Pactual, Citigroup e Morgan Stanley, foi colocada ao preço de 103,050% do valor de face dos títulos, resultando em taxa de retorno para o investidor de 3,888% ao ano. A liquidação financeira, ou seja, o dinheiro, será depositado na conta do governo brasileiro no dia 10 de setembro, e os cupons serão pagos nos dias 7 de janeiro e 7 de julho de cada ano. O governo lança títulos da dívida com o objetivo de captar recursos ou para traçar um parâmetro de juros para futuras emissões que possam atender tanto ao setor público quanto à iniciativa privada. A última operação do governo no mercado externo ocorreu em julho. Na ocasião, o Tesouro Nacional fez emissão e recompra de títulos. O bônus da República, denominado Global 2045, foi emitido no valor de US$ 3,55 bilhões, sendo US$ 3,5 bilhões nos mercados europeu e norte-americano e US$ 50 milhões no mercado asiático.
IGP-DI avança 0,06% em agosto Fonte: Portal Economia SC 05 de setembro de 2014 às 09:24 O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) variou 0,06%, em agosto. A variação registrada em julho foi de -0,55%. Em agosto de 2013, a variação foi de 0,46%. A taxa acumulada em 2014, até agosto, é de 1,60%. Em 12 meses, o IGP-DI avançou 4,63%. O IGPDI de agosto foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 1º e 31 do mês de referência. 5
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou, em agosto, variação de 0,04%. Em julho, a taxa foi de -1,01%. O índice relativo a Bens Finais apresentou variação de -0,03%. No mês anterior, a taxa de variação foi de -0,62%. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de -0,31% para 1,23%. O índice de Bens Finais (ex), que resulta da exclusão de alimentos in naturae combustíveis, registrou variação de 0,53%, ante 0,04%, no mês anterior. O índice do grupo Bens Intermediários apresentou taxa de variação de 0,08%, ante 0,10%, no mês anterior. O principal responsável por este recuo foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura,cuja taxa de variação passou de 0,02% para -0,28%. O índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão de combustíveis e lubrificantes para a produção, apresentou variação de 0,08%. No mês anterior, a variação foi de 0,10%. No estágio das Matérias-Primas Brutas, a taxa de variação passou de -2,84%, em julho, para 0,08%, em agosto. Os destaques no sentido ascendente foram: soja (em grão) (5,60%para 0,26%), café (em grão)(-0,62%para 12,04%) e milho (em grão) (-10,05% para -1,76%). Em sentido descendente, vale mencionar:aves (0,53% para -0,45%), leite in natura (0,90% para 0,52%) e pedra britada (0,46% para -0,80%). O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou variação de 0,12%, em agosto, ante 0,10%, no mês anterior. Três das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram acréscimo em suas taxas de variação. A contribuição de maior magnitude para o avanço da taxa do IPC partiu do grupo Alimentação (-0,25% para 0,13%). Nesta classe de despesa, vale mencionar o comportamento do item hortaliças e legumes, cuja taxa passou de -12,95% para -5,51%. Também apresentaram acréscimo em suas taxas de variação os grupos: Educação, Leitura e Recreação (-0,07% para 0,12%); e Saúde e Cuidados Pessoais (0,30% para 0,35%). Na primeira classe de despesa, vale citar o comportamento do item passagem aérea (-17,58% para 9,76%), e na segunda, artigos de higiene e cuidado pessoal (-0,10% para 0,29%), respectivamente. Em contrapartida, os grupos: Habitação (0,56% para 0,34%), Vestuário (-0,09% para -0,50%),Comunicação (-0,30% para -0,53%), Transportes (0,06% para -0,02%) e Despesas Diversas (0,22% para 0,19%) apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, os destaques partiram dos itens: tarifa de eletricidade residencial (2,10% para -0,11%), roupas (-0,41% para -0,74%), tarifa de telefone residencial (0,00% para -1,93%), tarifa de ônibus urbano (0,37% para -0,32%) etarifa postal (2,50% para 0,00%), respectivamente. O núcleo do IPC registrou taxa de 0,38%, ante 0,41%, apurada no mês anterior. Dos 85 itens componentes do IPC, 50 foram excluídos do cálculo do núcleo. Destes, 23 apresentaram taxas abaixo de 0,09%, linha de corte inferior, e 27 registraram variações acima de 0,65%, linha de corte superior. Em agosto, o índice de difusão, que mede a proporção de itens com taxa de variação positiva, foi de 59,17%, ante 62,13%, no mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em agosto, taxa de variação de 0,08%, abaixo do resultado do mês anterior, de 0,75%. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,16%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,34%. O índice que representa o custo da Mão de Obra não apresentou variação, em agosto. No mês anterior, este índice registrou alta de 1,11%.
O Brasil não é a Venezuela Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online 05/09/2014 02h 00 Existe hoje um clima de quase pânico em parte da elite brasileira. Sou testemunha deste fato, pois, por dever profissional, tenho contato com um grande número desses desesperados. A leitura deste pessoal é a de que estamos caminhando celeremente para o mesmo caminho trilhado pela Argentina e pela Venezuela. 6
O leitor sabe que não concordo com essa leitura catastrofista por várias razões. Uma delas é que a recessão que vivemos hoje nada mais representa do que o caminho natural de toda a economia de mercado depois de um período de boom econômico, como o que vivemos entre 2004 e 2011. Esse ajuste foi evitado no início do mandato da presidenta Dilma pela aplicação de doses maciças de anabolizantes com alto conteúdo de expansão do crédito dos bancos públicos e aumento dos gastos do governo. Entre 2004 e 2007 o crédito cresceu a uma taxa de 25% ao ano nos bancos privados e de 20% no caso dos bancos públicos. Entre 2007 e 2008, esta taxa acelerou-se para mais de 35% ao ano no segmento privado, com os bancos oficiais ficando para trás, crescendo apenas 20% ao ano. Mas, a partir do agravamento da crise americana, no segundo semestre de 2008, essas posições se inverteram, com os bancos privados pisando no freio e trazendo a taxa de expansão de seus empréstimos para menos de 10% ao ano e os bancos oficiais expandindo suas operações a uma taxa que chegou a 40% nas vésperas das eleições de 2010. Era o governo reagindo à crise externa e defendendo a eleição de sua candidata a presidente da República. Passadas as eleições, a política econômica do governo voltou à normalidade, com os bancos públicos reduzindo a taxa de expansão de suas operações para algo próximo a 20% ao ano, a mesma verificada então nos bancos privados. Pois foi nesse momento que a queda da atividade passou a tomar conta da economia brasileira dentro de um processo natural de ajustes, como escrevi acima. O governo, em vez de aceitá-lo -e administrar esse ajuste-, decidiu aumentar suas apostas no crescimento do consumo e, mais uma vez, os bancos públicos foram chamados a agir. As taxas anuais de crescimento de suas operações voltaram a crescer, chegando a 30% ao ano em 2013. Neste cenário, as vendas ao consumo aumentaram, dando a impressão de que a economia -como no passado- voltaria a responder positivamente aos mesmos anabolizantes. Ledo engano, pois as condições eram outras e a inflação apareceu com força, obrigando o Banco Central a mudar o sinal de sua política monetária. Pressionado pelos efeitos de uma inflação que, mesmo com juros mais altos, ameaçava sair do controle, o governo jogou a toalha e, nos últimos meses, ordenou que os bancos públicos normalizassem suas operações. Hoje a taxa de expansão caiu para 18% ao ano e deve continuar a desacelerar, seguindo a direção dos bancos privados, que vem expandindo suas operações a uma taxa modestíssima para nossos padrões, de 8% ao ano. Volto agora ao início de minha coluna e reafirmo minha posição de que esta recessão que estamos vivendo é "ainda" fruto de um ajuste natural e benéfico de nossa economia. Com uma política econômica adequada, será questão de pouco tempo voltarmos ao leito natural de crescimento, que deve ser hoje da ordem de 3% ao ano. O que nos afasta de forma clara do mesmo caminho trilhado pela Venezuela e Argentina. E parece que essa é também a leitura do mercado internacional de capitais, pois o Brasil teve uma demanda de US$ 4,8 bilhões para a emissão de US$ 500 milhões de títulos de dez anos de prazo anunciada há poucos dias. Aproveitando-se da situação em que as ofertas de compra representaram mais de nove vezes o valor da emissão, o Tesouro vendeu um total de US$ 1 bilhão, pagando juros anuais de 3,88%, ou seja, 1,4 ponto percentual mais do que o título equivalente do Tesouro americano. Como eu, todos os compradores destes papéis -e de outros emitidos pelo governo brasileiro no exterior e aqui no país- estão longe da histeria dos brasileiros preocupados com nosso futuro de Venezuela.
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EUA criam 142 mil vagas de emprego em agosto, o menor resultado do ano FONTE: O ESTADO DE S. PAULO 05 Setembro 2014 09h 50 O relatório de agosto deu fim à sequência de seis meses consecutivos de geração mensal de mais de 200 mil empregos, o que não era visto desde 1997. A criação de vagas nos Estados Unidos teve forte desaceleração em agosto e maisnorteamericanos desistiram de procurar empregos, dando mais razões para que um cauteloso Federal Reserve, banco central dos EUA, aguarde mais tempo antes de elevar as taxas de juros. A criação de vagas fora do setor agrícola chegou a 142 mil no mês passado, a menor em oito meses, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira. O resultado ficou aquém da previsão de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que previam a abertura de 225 mil vagas. Os dados de criação de postos de trabalho de julho e junho foram revisados. Em julho, foram criados 212 mil empregos, ante a estimativa original de 209 mil. Já em junho foram abertas 267 mil vagas, ante leitura anterior de 298 mil vagas. Menos empregos. O relatório de agosto deu fim à sequência de seis meses consecutivos de geração mensal de mais de 200 mil empregos, o que não era visto desde 1997. Contudo, até agora neste ano, a criação de vagas de trabalho ficou na média de 215 mil por mês, o melhor ritmo desde 1999. Ainda segundo o relatório, a parcela da população dos EUA que trabalha ou está procurando emprego ficou em 62,9%, de 62,8% no mês anterior, permanecendo perto do menor nível desde o final dos anos 1970. O salário médio por hora no país subiu US$ 0,01 em julho ante o mês anterior, para US$ 24,45. Na comparação anual, o aumento dos salários foi de 2%. O relatório de agosto ressaltou o problema persistente da economia. Cerca de 3 milhões de pessoas ficaram desempregados por mais de seis meses. O montante é 1,3 milhão menor em relação ao ano anterior, mas ainda responde por 31,2% de todos os americanos desempregados. Outras 7,3 milhões de pessoas estavam trabalhando em empregos de tempo parcial porque não conseguiam encontrar trabalho em tempo integral, contra 7,5 milhões em julho. Desemprego. A taxa de desemprego nos EUA, que é calculada com base em uma pesquisa separada daquela que avalia o número de vagas criadas pela economia norte-americana, caiu para 6,1% em agosto, de 6,2% em julho. O dado de agosto veio em linha com a expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires. Uma medida mais ampla de desemprego, que inclui aqueles que trabalham em tempo parcial, mas que gostariam de empregos em tempo integral caiu para 12% em agosto, ante 12,2% em julho. A taxa de participação na força de trabalho caiu em agosto para 62,8%, igualando seu nível mais baixo desde o final dos anos 1970. A taxa tinha subido para 62,9% em julho. O crescimento dos salários mostrou ligeira melhora em agosto. O salário médio por hora para trabalhadores do setor privado subiu em agosto para US$ 24,53, um aumento de US$ 0,06 ante julho e de 2,1% ante o mesmo mês ano anterior. A previsão era que atingisse US$ 24,65. O número médio de horas trabalhadas na semana ficou inalterada em 34,5 horas pelo o sexto mês consecutivo, ante previsão de +0,2. (Com Reuters) 8
A bancada da deflação Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online 05/09/2014 11h 59 O que é que faz com que uma facção poderosa de nosso organismo político exija uma política monetária apertada mesmo em uma economia deprimida e com baixa inflação? Na quinta-feira (4), o Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma série de novas medidas que tomaria em um esforço para estimular a economia da Europa. Havia algo de desesperado no anúncio, e isso de alguma maneira serve como conforto. A Europa, que está se saindo pior agora do que nos anos 30, está claramente sob o poder de um vórtice deflacionário, e é bom saber que o banco central compreende o fato. Mas essa epifania pode ter vindo tarde demais. Está longe de claro que as medidas agora propostas terão força suficiente para reverter a espiral de queda. E os Estados Unidos, não fosse por Ben Bernanke, estariam no mesmo barco. As coisas por aqui estão longe de satisfatórias, mas parecemos (ao menos por enquanto) ter evitado a armadilha que a Europa está enfrentando. Por quê? Uma resposta é o que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) começou a fazer a coisa certa anos atrás, adquirindo trilhões de dólares em títulos a fim de evitar a situação que sua instituição irmã na Europa agora enfrenta. Pode-se argumentar, e eu o faria, que o Fed deveria ter feito ainda mais. Mas os dirigentes do Fed tiveram de enfrentar ataques furiosos ao longo de todo o caminho. Papudos, políticos e plutocratas acusaram o banco central repetidamente de "desvalorizar" o dólar, e alertaram que uma disparada da inflação era iminente. A alta prevista na inflação jamais se materializou, mas a despeito de estarem errados ano após ano, poucos desses críticos admitiram seus erros, ou mudaram seu discurso. E a questão que tenho tentando responder é: por quê? O que é que faz uma facção poderosa em nosso organismo político - podemos defini-la como "a bancada da deflação" - exigir uma política monetária dura mesmo em uma economia deprimida e de baixa inflação? Uma coisa é clara: como tantas outras coisas, hoje, a política monetária se tornou questão partidária. Não é só o fato de que toda a conversa sobre a desvalorização venha quase que exclusivamente da banda direita do espectro político; a paranoia quanto à inflação, em medida notável, se tornou artigo de correção política para os conservadores, de modo que até mesmo economistas que deveriam saber melhor aderiram ao coro. Com isso, podemos adotar foco ainda mais preciso para a pergunta: por que as pessoas da direita odeiam a expansão monetária, mesmo quando ela é desesperadamente necessária? Uma resposta é o poder da "verdadice" - o termo cunhado por Stephen Colbert, e justamente famoso, para coisas que não são verdade mas parecem verdade para algumas pessoas. "O Fed está imprimindo dinheiro, imprimir dinheiro gera inflação, e a inflação é sempre ruim": uma declaração triplamente falsa, mas que parece verdadeira para muita gente. E, sim, uma tendência a preferir "verdadices" a verdades mais complexas está e no geral sempre esteve associada ao conservadorismo político, e essa tendência é especialmente forte em uma era na qual políticos importantes extraem sua teoria monetária dos romances de AynRand. Outra resposta são os interesses de classe. A inflação ajuda os devedores e prejudica os credores, a deflação tem o efeito oposto. E os ricos apresentam probabilidade muito maior do que os trabalhadores e os pobres de ser credores, ter dinheiro no banco e títulos em suas carteiras de investimento, em lugar de hipotecas e saldos devedores em seus cartões de crédito. Na chamada Era Dourada [do capitalismo do final do século 19], a elite se mobilizou em massa para derrotar William Jennings Bryan, que ameaçava tirar os Estados Unidos do padrão ouro; os gastos de campanha, como proporção do PIB, foram muito maiores na eleição presidencial de 1896 do que em qualquer disputa presidencial anterior ou posterior. Será que os ricos estão igualmente mobilizados contra as políticas monetárias relaxadas, hoje? 9
Até onde sei, não temos provas rigorosas quanto a isso. Há certamente muitos investidores ricos na turma do "dólar deteriorado", mas não sabemos ao certo o quanto são representativos - e se poderia argumentar que os grandes investidores deveriam gostar das políticas expansivas do Fed, que vêm sendo muito boas para os mercados de ações. Mas os ricos podem não confiar nessa conexão, em parte porque os anos 70, uma década inflacionária, foram ruins para as ações. E sabemos que os muitos ricos apresentam probabilidade muito maior que a do público em geral de acreditar que deficit orçamentários sejam o nosso maior problema, ainda que a austeridade fiscal provavelmente prejudique os lucros. Assim, percepções quanto a interesses de classe também aparentam ser uma motivação crucial para a bancada da deflação. Um aparte: os ricos da Europa não são tão ricos e nem tão influentes quanto suas contrapartes nos Estados Unidos, mas os interesses dos credores ainda assim são muito mais poderosos lá do que aqui, porque os países credores, especialmente a Alemanha, terminaram ditando políticas a toda a Europa. E a coisa importante a compreender é que o domínio dos interesses dos credores dos dois lados do Atlântico, sustentado por doutrinas econômicas falsas mas visceralmente atraentes, vem tendo consequências trágicas. Nossas economias vêm sendo arrastadas a uma queda pelos problemas dos devedores, que se viram forçados a cortar severamente seus gastos. Para evitar uma recessão profunda e prolongada, precisamos de políticas que compensem esse arrasto. O que temos, em lugar delas, é uma obsessão quanto adeficit orçamentários e paranoia quanto à inflação - e uma crise que não dá sinais de acabar. Tradução de PAULO MIGLIACCI
Arminio Fraga: Ainda sobre a verdade no debate público Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online 05/09/2014 02h00 Estamos em época de debate. Como mencionado em meu artigo "Mitos do PT", publicado na quinta-feira (28/8) nesta página, alguns simpatizantes daquele partido insistem em distorcer os fatos. Um perfeito exemplo surge no artigo desta última segunda-feira (1º), de Jorge Mattoso e Pedro Rossi, no qual manipulam duas frases minhas e erram, propositalmente ou não, sobre um dado público e fundamental. Não por acaso, essas criações são pilares da argumentação dos autores. Os autores põem duas vezes entre aspas que acusei o governo de "preconceito ideológico com o investimento", quando escrevi que "falta investimento (no Brasil), vítima de preconceitos ideológicos e má gestão". Trata-se de tema de artigos e entrevistas que concedi ao longo de quatro anos. Registre-se aqui também meu protesto contra outras aspas indevidas com que me brindou recentemente a deputada Margarida Salomão do PT em uma rede social. Ela pôs em minha boca que "o salário mínimo subiu demais", quando eu disse, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" que tinha subido "muito". Sutil talvez, mas bem diferente. Essa mesma frase é convenientemente repetida pelos autores citados acima em seu artigo, demonstrando um padrão de desonestidade ou, no mínimo, de descuido. Ainda sobre o investimento, constatei apenas que os resultados foram pífios, pois permanece deprimido como porcentagem do PIB. Não há preconceito ideológico contra o investimento, apenas contra o mercado, e incompetência em mobilizá-lo. O governo mascara seu fracasso quando a candidata oficial lista com valores inúmeros investimentos e programas, sem registrar que no agregado foi pouco. Equivale a dizer que fez dois gols e omitir que levou cinco. A propósito, cabe registrar que, de acordo com o IBGE, a taxa de investimento em 2013 foi de 17,9% do PIB, e não de 20,9%, como publicado no artigo dos autores (chegando hoje a 16,5% do PIB). Os autores prosseguem cobrando uma série de respostas a perguntas que, para um leitor desavisado, podem dar a impressão de que tudo vai bem na economia, e que nós somos uma 10
ameaça, uma certa cara de pau dado que a economia está em recessão, inclusive com perda de emprego na indústria. Uma dessas perguntas liga a falsa referência aos salários à nossa postura quanto à distribuição de renda no Brasil. Aqui faltou reconhecerem os ganhos sociais do fim da hiperinflação e os ganhos de produtividade das muitas reformas de FHC, da mesma maneira que nós reconhecemos o mérito de Lula ao turbinar os programas sociais (alguns criados por FHC) e preservar em seu primeiro mandato os fundamentos da estabilidade macroeconômica e a agenda de reformas. No campo da distribuição e igualdade de oportunidade, além de continuar com bons programas como o Bolsa Família, pretendemos se nos for dada a chance focar na qualidade da educação, saúde, transportes e segurança públicos. Pretendemos também eliminar ao longo do tempo a parte injustificada das medidas de proteção, subsídio e desoneração voltadas a empresas (o chamado bolsa empresário do atual governo) e direcionar esses recursos para programas de maior retorno social, com relevantes benefícios distributivos. Nem tudo deu errado no âmbito da economia durante os anos do PT no poder, mas o modelo de Dilma nos deixou mal parados, precisando urgentemente de uma correção de rumo. No mais, sigo enjoado com a maneira desonesta pela qual pessoas como Mattoso e Rossi se colocam. Ninguém tem o monopólio da indignação e do repúdio à pobreza e à desigualdade. Nada justifica o descuido com as palavras e os fatos no debate público.
Carlos Schneider: Cão de guarda dos impostos e gastos públicos Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online 05/09/2014 02h00 Nossa gestão fiscal caminha com forças contrárias que se anulam, exigindo sacrifícios que trazem poucos resultados. De um lado, o Tesouro Nacional expandindo o gasto, e de outro, o Banco Central aumentando a taxa de juros para tentar equilibrar a liquidez da economia, apoiado por uma política de contenção de tarifas públicas que desestimula investimentos e sucateia ativos construídos pela sociedade por longos anos, como a Petrobras. Países com mais disciplina orçamentária, como a Alemanha, nos dão o exemplo dos frutos que isso permite colher. Por outro lado, o ministro das finanças britânico George Osborne está em uma dura cruzada para reduzir drasticamente os gastos públicos, inclusive os programas sociais. Ele afirma que não se devem esconder da população os problemas a resolver e que não se pode olhar para a popularidade quando é preciso cortar gastos. Osborne destaca também, que todas as evidências internacionais sugerem que do esforço para reduzir o déficit orçamentário, 80% deve focar o corte dos gastos públicos e 20% a arrecadação de impostos. Diferente do que acontece no Brasil, onde os primeiros cortes acontecem nos escassos investimentos públicos e onde continua a prevalecer o velho ditado de que os aumentos nos gastos públicos de hoje serão os novos impostos de amanhã. Interessante também a afirmação de Osborne quando o Reino Unido reduziu o imposto para empresas de 28%, para 21%: "somos um governo desavergonhadamente pró-negócios. A razão para isso é que são as empresas que criam empregos". Por estes fatores o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Reino Unido terá, em 2014, o maior crescimento entre os países ricos. Segundo Marcos Mendes, da Consultoria Legislativa do Senado, no nosso processo orçamentário os poderes Executivo e Legislativo tem interesse em fixar receitas superestimadas e despesas elevadas. O Executivo, por poder contingenciar gastos, escolhe quais despesas executará ou não. O Legislativo, por sua vez, procura abrigar tanto quanto possível os gastos de interesse dos parlamentares e de suas bases. O controle fiscal acaba assim sendo feito na boca do caixa, sem transparência. Mendes aponta uma importante ferramenta para corrigir estas distorções, que seria a criação de uma instituição fiscal independente, a exemplo da Secretaria do Congresso para Orçamento, nos Estados Unidos, e da Secretaria de Responsabilidade Orçamentaria, no Reino Unido, e mais outras 27 instituições similares. Com estrutura semelhante à de agências reguladoras, são 11
órgãos de Estado que, através de análises técnicas isentas, vigiam a estabilidade fiscal e a qualidade do gasto. No Brasil, a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 67, prevê algo nessa direção, denominado Conselho de Gestão Fiscal, todavia não regulamentado até hoje. Apoiando o MBE, Mendes ajudou a identificar a necessidade de alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal para dar ao Conselho um perfil similar ao das agências reguladoras, a ser composto por um pequeno número de diretores com perfil técnico, suportado por uma equipe técnica qualificada, evitando-se uma complexa e inviável nomeação de representantes de entidades e de órgãos governamentais, conforme hoje previsto. A bancada suprapartidária do MBE no Senado Federal, denominada "Bancada do BEM", apresentou no Senado o Projeto de Lei nº 141, de autoria do senador Paulo Bauer, relatado pelo senador Armando Monteiro com o apoio dos senadores Delcídio do Amaral, Francisco Dornelles e Ricardo Ferraço propondo esta mudança na Lei, de modo que possamos ter um instrumento eficaz para, nas palavras de Paulo Rabello, "resgatar as chances de progresso da sociedade pactuando uma regra clara de crescimento da despesa pública corrente". E da qualidade deste gasto.
Queda de preço no campo chega ao consumidor Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online 05/09/2014 02h00 A desaceleração dos preços no campo começa a ser repassada para o bolso dos consumidores. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgou nesta quinta (4) que 70% dos 271 produtos do setor de alimentos que ela pesquisa semanalmente tiveram queda no mês passado. Com isso, a inflação acumulada dos alimentos recuou 0,43% no período. A inflação média total foi de 0,34%. Mas nem tudo é queda, e algumas altas vão pesar no orçamento dos consumidores nas próximas semanas. Entre elas, as carnes. O bom momento das exportações brasileiras de proteínas e a elevação dos preços externos esquentaram também o mercado interno. A Fipe registrou alta de 1,4% nos preços da carne suína nos supermercados e açougues em agosto, mas a pressão ainda será maior. Com preços médios de R$ 87 por arrobano mercado paulista, a carne suína acumula elevação de 16% nas granjas em quatro semanas. A pressão das carnes bovina e de frango que sobem no campo, ainda não chegou ao bolso do consumidor, apontam os dados da Fipe. Mas isso deverá ocorrer. A carne bovina subiu 8% nos últimos 30 dias no campo, enquanto a de frango ficou 11% mais cara. A boa notícia para o consumidor são os óleos comestíveis, principalmente o de soja. A queda contínua nos preços da oleaginosa e do milho provocou uma desaceleração de 4,2% no setor de óleo nos supermercados. Essa queda ocorre devido à redução de 13% nos preços atuais da soja, em relação aos valores de há um ano. O café, após a alta de junho e de julho, reflexo da valorização do produto no mercado externo, começa a cair nos supermercados. O recuo foi de 1,1% em agosto. Outro alívio para o bolso do consumidor são arroz e feijão, cujos preços médios caíram 4,3% nos supermercados no mês passado. O reajuste do leite também perde força nos supermercados, enquanto o açúcar tem uma das maiores quedas entre os alimentos: menos 6,3%. Produção acima da demanda mundial por açúcar provoca queda nos preços dessa commoditiy.
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Pirataria A venda de medicamentos veterinários ilegais já atinge 15% do total do setor. Para alertar a cadeia produtiva sobre os perigos na utilização desses produtos, 16 entidades desenvolveram uma campanha para o setor. Resíduos A EcoMetano tem dois projetos em andamento, no Rio Grande do Sul, para a produção de GNR (Gás Natural Renovável) a partir de resíduos do agronegócio -frutas, aves, suínos, bovinos, laranja, leite e cereais. Capacidade No final de 2015, cada projeto terá capacidade de gerar 35 mil m³ de GNR, suficientes para abastecer 4.500 carros por dia ou gerar até 11 MW por hora, que serão distribuídos pela SulGás no Rio Grande do Sul. Centro-sul terá 556 mi de toneladas de cana na safra A moagem de cana-de-açúcar na região centro-sul recua para 556 milhões de toneladas nesta safra, 6,8% menos do que na anterior, conforme estimativas de Plinio Nastari, presidente da Datagro Consultoria Agrícola. A previsão de Nastari indica produção de 32,9 milhões de toneladas de açúcar, com queda de 3,7%, e de 24 bilhões de litros de etanol, com redução de 6,7% na safra. As exportações brasileiras de açúcar vão cair 6,4%, recuando para 23,5 milhões de toneladas. A queda se deve ao elevado estoque mundial do produto, estima Nastari. Já a comercialização externa de álcool deverá atingir 1,35 bilhão de litros. Com a defasagem da gasolina em 14%, o etanol ganhou competitividade no ano. Até julho, 35% da frota de veículos flexfoi abastecida com etanol, aponta a Datagro. Hortifrútis Estiagem e falta de água afetam oferta Ao contrário dos grãos, que estão em queda, os hortifrútis -devido à estiagem e à falta de água para irrigação- estão em alta na Ceagesp (entreposto de São Paulo). As frutas subiram 4% no mês passado, enquanto as verduras tiveram alta de 5% e os legumes, de 7%.
BCE antecipa novo pacote de estímulos monetários Fonte: Jornal Valor Econômico Online 05/09/2014 às 05h00 Com sua veemente impassibilidade, Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, anunciou ontem que "os juros chegaram ao seu ponto mais baixo" e a intenção de executar um programa de compra de títulos privados lastreados em ativos e hipotecas que poderão injetar mais de € 500 milhões na zona do euro. Ele será iniciado em outubro. A principal taxa de juros do BCE foi cortada para 0,05% e a que os bancos pagam para deixar suas reservas extras estacionadas no banco central foi aumentada de 0,1% para 0,2%. O arsenal de medidas de Draghi está se esgotando - sobra-lhe, na prática, a compra em larga escala de títulos soberanos. Na reunião de junho, o BCE sinalizou que esperaria até dezembro para avaliar os efeitos das medidas então anunciadas, em especial a oferta abundante de linhas de empréstimos de longo prazo para os bancos fornecerem crédito às pequenas e médias empresas, que poderia atingir até € 1 trilhão. A estagnação na zona do euro, com crescimento zero no segundo trimestre, e a marcha dos preços rumo à deflação - alta de 0,3% anual em agosto - obrigaram o BCE a antecipar suas ações que, para muitos analistas, são tardias e, para outros, de eficácia bastante duvidosa. Investidores consideraram o ponto fraco das ações de Draghi a indefinição sobre seu alcance o montante de dinheiro que será colocado na economia - e a relutância do presidente do BCE em dizer com todas as letras que iniciava o "quantitativeeasing" europeu. Sobre o primeiro ponto, Draghi deu os indícios possíveis: os ativos do BCE crescerão pelo menos ao nível em que se encontravam em 2012, isto é, poderiam subir mais € 1 trilhão. Medidas já programadas impedem que se tenha noção exata da liquidez adicional que irrigará a zona do euro. Neste mês serão feitos os primeiros leilões para empréstimos de longo prazo aos bancos. Como a taxa de juros cobrada pelo BCE nessas linhas será a normal de refinanciamento mais 0,1 ponto percentual, os leilões já serão feitos com a mais baixa taxa 13
possível. Depois, as compras de papéis privados lastreados em ativos serão também calibradas pelo apetite dos bancos em tomar essas novas linhas. Se os bancos solicitarem menos recursos, o BCE comprará mais papéis privados e vice-versa. Além disso, haverá que ressuscitar o mercado de papéis securitizados, que não é grande e vem definhando. As emissões primárias recuam desde 2009, quando movimentou € 400 bilhões. Em 2013 foram de cerca de € 180 bilhões. Draghi conta também, e tem feito reuniões para isso, com ações políticas para que a política monetária deixe de carregar sozinha o fardo de relançar a economia da zona do euro. Após anos a fio de austeridade, é possível reduzir as metas fiscais e abrir espaços para investimentos públicos, que impulsionam diretamente a demanda. A Comissão Europeia, com impulso de França e Itália, deverá apresentar propostas nesse sentido. Draghi mencionou essa necessidade, salvaguardando-se sempre com o mantra das "reformas estruturais". Mas foi claro em suas esperanças: "Há margem de manobra para que a política fiscal tenha um aspecto amigável ao crescimento". É uma questão em aberto se as medidas conseguirão tirar a zona do euro de seu torpor. O corte dos juros é irrisório para estimular a demanda e levar empresas e consumidores endividados a retomar a busca por crédito. O excesso de liquidez já existente foi incapaz até agora de fazer isso. Anualizados, os empréstimos para empresas não financeiras declinaram 2,2% em julho e, para os consumidores, cresceram só 0,5%. A nova montanha de recursos emitidos na Europa reforça a busca dos investidores por ativos de risco. E, para alguns críticos, há também desestímulo a que os bancos se reequilibrem, pois não estão mais precisando se financiar nos mercados monetários, dada as facilidades de fazerem o mesmo no BCE. Os títulos soberanos dos países do euro tiveram recorde de queda, o euro teve a maior baixa em 14 meses e as bolsas subiram, em um primeiro sinal de otimismo. Para avaliar o sucesso das medidas, Draghi diz que o conselho do BCE colocará o foco em alguns pontos: comportamento do câmbio - a desvalorização do euro é essencial à recuperação -, seus efeitos sobre os preços domésticos - o euro fraco traz pressão altista- e a situação geopolítica (Ucrânia), que ainda não teve grande impacto, mas poderá ter, para retirar força de uma eventual recuperação econômica.
Freio da inflação em 2013, energia elétrica já sobe 11,66% em 2014 FONTE: IDIANA TOMAZELLI - AGÊNCIA ESTADO05 Setembro 2014 12h 25 RIO - Depois de terem contribuído para segurar a inflação em 2013, as tarifas de energia elétrica têm ficado mais salgadas para os consumidores em 2014. O item já subiu 11,66% no acumulado de janeiro a agosto. No ano passado, a redução nas tarifas foi de 15,66%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "No ano de 2014, um dos itens que tem pressionado (a inflação) é a energia elétrica. Ao contrário de 2013, quando foi o item mais importante para segurar a inflação. Naquele ano foram feitas várias revisões tarifárias e as contas ficaram mais baratas. Neste ano, com os problemas do setor, os reajustes têm sido relativamente altos, e as contas ficaram mais salgadas para o consumidor", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Em agosto, as tarifas subiram 1,76%, contribuindo com 0,05 ponto porcentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que avançou 0,25% no mês passado. Em 12 meses, o índice acumula variação de 6,51% e estourou, ainda que por pouco, o teto da meta estipulada pelo governo, de 6,50%. 14
Foram contabilizados reajustes em Belém, Vitória, São Paulo e Brasília. Além disso, houve aumento de impostos em Campo Grande e Goiânia. Apesar disso, o aumento foi menor que em julho (4,52%), o que levou o grupo Habitação a desacelerar de 1,20% para 0,94%, segundo o instituto.
Por que conhecimento? Fonte: Jornal Valor Econômico Online Jorge Arbache Após décadas de crescimento elevado, o Brasil cresceu menos de 1,2% ao ano em termos per capita entre 1980 e 2013. Ao que parece, caímos na "armadilha da renda média", fato estilizado da literatura econômica caracterizado pela desaceleração da taxa de crescimento quando o país se aproxima de estágio intermediário de renda. A armadilha estaria associada às dificuldades de se passar de um modelo de crescimento baseado na acumulação de estoque de capital e de trabalho para um modelo em que conhecimento e produtividade ganham maior protagonismo. Mas particularidades tornam o nosso crescimento especialmente dependente do aumento do conhecimento e da produtividade. Isto porque, primeiro, o país enfrenta uma das mais rápidas transformações demográficas jamais registradas. A população em idade para trabalhar continua aumentando, mas a taxas cada vez menores. E para agravar, a maior parte da população em idade para trabalhar já está engajada no mercado de trabalho. Como consequência, já estamos nos aproximando do limite de uso da força de trabalho. Segundo, a nossa taxa de investimento, de 17%, é modesta para promover crescimento mais elevado e é improvável que ela venha a aumentar significativamente no futuro previsível; para efeito de comparação, a taxa de investimento dos países emergentes é 27%. E, terceiro, diferentemente de Coreia, China e outros países que iniciaram mais cedo suas reformas em favor do comércio e do investimento, já não se pode lançar mão de várias políticas e instrumentos de promoção do crescimento por colidirem com a nova governança econômica internacional. Além disso, as novas tecnologias de produção e a rápida mudança no padrão de consumo indicam que escala e custos estão deixando de ser os principais determinantes da competitividade e dos investimentos. A localização dos investimentos em nível global está sendo definida, isto sim, mais por produtividade sistêmica e características específicas dos mercados, e cada vez menos por arbitragem de custos de produção, como salários e incentivos fiscais. É neste contexto que conhecimento e produtividade, que foram deixados em segundo plano por décadas, terão que ser alçados a componentes centrais da nossa estratégia de crescimento econômico. Afinal, como não podemos contar, ao menos no curto e médio prazos, com elevação significativa da força de trabalho e da taxa de investimento, então teremos que usar melhor e de forma mais eficiente os trabalhadores e o estoque de capital que temos. De outra forma, teremos que produzir bens e serviços de mais alto valor adicionado e elevar a produtividade total dos fatores. Embora tenhamos feito progresso em conhecimento, a densidade industrial e a produtividade avançaram muito lentamente nas últimas décadas. Ou seja, não conseguimos traduzir aquele progresso em agregação de valor e em competitividade. Para voltarmos a crescer, teremos que avançar mais rapidamente e de forma mais pragmática nas agendas do conhecimento, incluindo ciência, tecnologia e educação. De fato, indicadores de produção e de absorção de conhecimento científico e rankings globais de inovação mostram situação tímida do país e distanciamento entre a academia e os mercados. 15
Mas ainda mais preocupante é a agenda da educação, elemento fundamental para determinar a competitividade e a prosperidade, a eficiência produtiva e a capacidade de desenvolvimento tecnológico e de agregação de valor. Nossa educação não apenas deixa a desejar, mas, ainda mais importante, a sua qualidade é muito desigual entre regiões, classes sociais e entre as redes pública e privada de ensino. O problema da elevada heterogeneidade da educação é que ela não é neutra do ponto de vista coletivo, o que decorre da crescente interdependência produtiva associada às novas tecnologias de produção e de organização da produção. O desempenho de um trabalhador depende, por isto, do seu conhecimento e experiência, mas, também, do ecossistema em que ele está inserido. Não por acaso, as cadeias de valor e a terceirização da produção se tornaram canais de transmissão de benefícios, mas, também, de fragilidades da fragmentação do trabalho. Como avançar? É preciso reconhecer que o nosso modelo educacional se tornou obsoleto para a era do conhecimento, pois continua ancorado em métodos de aprendizado conteudistas, de conhecimento segmentado e que privilegia a repetição. Ao invés de ensinar a pensar e desenvolver habilidades relevantes para a vida pessoal e profissional, as escolas levam os alunos a digerir grandes quantidades de informações em aulas expositivas sobre assuntos muitas vezes de pouco interesse e utilidade. Como a atividade laboral envolverá atividades cada vez mais colaborativas e organizadas por tarefas, teremos que prover os alunos dos conhecimentos necessários para que possam interagir com as novas tecnologias e que os capacitem a participar ativamente do mundo e do mercado de trabalho que os aguardam. Também teremos que desenvolver políticas que reduzam as enormes disparidades de capital humano entre pessoas e entre empresas, o que requer definir metas mínimas de conhecimento para os estudantes e para as escolas; distribuir os recursos financeiros e humanos de forma que as escolas e estudantes com pior desempenho tenham mais e melhores recursos; estabelecer currículo em nível nacional, incluindo a definição de material didático básico; criar forças-tarefas para apoiar Estados e municípios a alcançarem as metas; desenvolver políticas de educação profissional de forma que as empresas com maiores deficiências de acesso a capital humano recebam mais atenção; e desenvolver programas de educação profissional adequados à realidade daquelas empresas. Por fim, teremos que investir mais em ciência e em tecnologia, encorajar o maior engajamento do setor privado nesta agenda e fomentar a disseminação e o acesso ao conhecimento e às novas tecnologias para empresas de todos os portes e setores.
Com consumidor menos confiante e juro mais alto, vendas do varejo voltam a cair Fonte: Jornal Valor Econômico Online de São Paulo05/09/2014 às 05h00 A atividade do varejo voltou a cair em agosto após ter se recuperado em julho, de acordo com indicador da Serasa Experian, que recuou 0,4% no mês passado ante o período anterior, feitos os ajustes sazonais. Em julho, a atividade havia subido 3,5%, após queda de 3,2% em junho. O indicador Serasa Experian de atividade do comércio é construído, exclusivamente, pelo volume de consultas mensais realizadas por estabelecimentos comerciais à base de dados da empresa. Em relação a agosto do ano passado, houve aumento de 4,2%, após crescimento de 6,2% em julho na mesma base de comparação. No ano, a atividade do comércio sobe 4%, o menor crescimento para o período entre janeiro e agosto desde 2003, quando houve expansão de 2,1%. Em 12 meses, o varejo cresce 4,1%. O fraco desempenho do comércio, tanto em agosto quanto no acumulado do ano, deve-se à baixa confiança dos consumidores em relação ao futuro da economia, aos juros elevados e à inflação mais alta, na avaliação da Serasa. 16
Na série com ajuste sazonal, a queda da atividade varejista foi comandada pelos segmentos de material de construção (-1,2%), tecidos, vestuário e calçados (-1,3%) e veículos, motos e peças (-0,4%). Supermercados e hipermercados registraram aumento de apenas 0,1%, seguidos por móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática (0,4%) e combustíveis e lubrificantes (0,9%). No ano, o crescimento de 4% foi puxado pelo segmento de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (expansão de 4,2%) e de combustíveis e lubrificantes (2,7%). O segmento de veículos, motos e peças acumulou crescimento de 0,6% e o de móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática 1%. Nas vendas a prazo, as consultas das empresas voltaram a crescer no mês de agosto, após cinco meses consecutivos de queda, de acordo com o indicador apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A alta foi de 0,78% no mês passado, na comparação com agosto de 2013. O indicador tem abrangência nacional. Na avaliação dos empresários, a melhora no mês passado deve-se em parte ao fim da Copa do Mundo, em meados de julho. O resultado positivo das consultas no mês passado ainda não foi suficiente para reverter a tendência de desaquecimento das vendas no comércio, diz a CNDL. No acumulado dos oito primeiros meses, frente a igual período de 2013, o indicador tem queda de 1,01%. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o resultado é ainda consequência direta da economia em declínio, "influenciado principalmente pela manutenção dos juros em patamares elevados, pela persistência da inflação no limite da meta, pelo menor crescimento da renda dos trabalhadores".
CNI: Custos industriais caem pela primeira vez desde o 1º. tri de 2013 Fonte: Jornal Valor Econômico Online 05/09/2014 às 12h01 SÃO PAULO - Os custos da indústria brasileira caíram 0,7% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro, a primeira redução desde o primeiro trimestre de 2013, de acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A queda foi puxada, principalmente, pela redução de 3,2% nos custos com capital de giro e de 1,8% com tributos no período. Os custos de produção – que englobam pessoal, energia elétrica e bens intermediários – foram reduzidos em 0,3%. O recuo foi influenciado pelo indicador de bens intermediários, que caiu 0,8%, já que os custos com pessoal aumentaram 0,8% e com energia elétrica cresceram 3,8% no segundo trimestre frente ao trimestre anterior. A redução do custo com bens intermediários, cujo peso é superior ao dos demais indicadores, foi influenciada pela valorização de 5,8% do real frente ao dólar no período, diz a CNI. Isso contribuiu para uma redução de 4,5% dos custos com insumos importados. Os custos com bens intermediários nacionais, por sua vez, tiveram retração de 0,2% no segundo trimestre. De acordo com a CNI, a queda dos custos industriais, aliada ao aumento de 0,8% dos preços dos produtos manufaturados, possibilitou às empresas recuperar as margens de lucro. No entanto, a concorrência dos importados, cujos preços em reais caíram 4,1% no segundo trimestre frente ao anterior, ainda prejudica o setor. “A queda do preço das importações de manufaturados foi superior à queda dos custos industriais brasileiros, indicando perda de competitividade da indústria local frente aos importados”, destaca a CNI. Em relação aos preços em reais dos produtos com origem nos Estados Unidos, que tiveram queda de 4,7% no período, essa perda de competitividade da indústria brasileira nas exportações fica ainda mais evidente, diz a CNI em seu relatório. 17
Portal de comércio vira "case" de sucesso Fonte: Jornal Valor Econômico Online Daniel Rittner | De Brasília05/09/2014 às 05h00 O portal único de comércio exterior, criado em abril pelo governo, será citado como "case" de sucesso no Fórum Econômico Mundial de 2015. A menção ao novo sistema constará de um relatório sobre políticas comerciais que o encontro anual de líderes globais vai lançar em Davos, na Suíça, em janeiro. Para a organização do fórum, o portal deve ser usado como referência internacional nos esforços para a "facilitação do comércio", que visa desburocratizar o fluxo de exportações e importações. "Avaliamos positivamente a experiência do Brasil", diz Marisol Argueta, chefe do fórum para a América Latina. Segundo ela, embora esse tipo de plataforma beneficie exportadores e importadores como um todo, pequeno empresas sentem ainda mais as vantagens. A facilitação do comércio era um dos eixos do Pacote de Bali, acordo fechado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) no fim do ano passado, que corre o risco de ruir. Independentemente do futuro do acordo, o Brasil está comprometido em reduzir procedimentos burocráticos, segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho. Até o fim de dezembro, espera-se implantar a anexação eletrônica de todos os documentos pedidos por órgãos anuentes, eliminando a troca de papéis. Em quatro anos, o objetivo é reduzir em 40% o tempo gasto nas operações,com economia de R$ 50 bilhões anuais às empresas.
IBGE: Produção industrial cresce em 11 de 14 locais em julho Fonte: Jornal Valor Econômico Online Alessandra Saraiva 05/09/2014 às 09h19 RIO - A produção industrial cresceu em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) de junho para julho. Os dados constam da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional (PIM-PF Regional), divulgada nesta sexta-feira. Na série com ajustes sazonais, a indústria do Amazonas teve o melhor desempenho entre as regiões, com aumento de 16,1% na produção de julho na comparação com junho. Outros aumentos expressivos foram observados nas atividades industriais de Paraná (7,3%) e Ceará (7,1%), no mesmo período. Além disso, o IBGE também apurou expansões na produção das indústrias de Região Nordeste (5,6%), Bahia (4,7%), Santa Catarina (4,0%), Espírito Santo (3,6%), Pernambuco (3,2%), Rio Grande do Sul (1,5%) e Rio de Janeiro (1,2%) - enquanto Minas Gerais, com acréscimo de 0,5% na atividade industrial, na mesma comparação, mostrou avanço mais moderado. Por outro lado, houve quedas nas produções industriais de Goiás (-2,2%), São Paulo (-1,2%) e Pará (-0,8%) em julho em relação a junho, já descontados os efeitos sazonais. Entre junho e julho a indústria nacional subiu 0,7%.
Cai apetite por título longo em leilão Fonte: Jornal Valor Econômico Online Lucinda Pinto de São Paulo05/09/2014 às 05h00 O resultado do leilão de títulos públicos prefixados realizado pelo Tesouro Nacional confirma um movimento de venda de papéis de longo prazo, especialmente por parte de investidores estrangeiros, conforme observado nas últimas semanas. Na operação de ontem, o Tesouro reduziu de forma drástica a oferta de NTN-F, os títulos prefixados mais longos. Foram oferecidos apenas 300 mil papéis - e os investidores adquiriram apenas 50 mil. Isso sugere que os bancos "dealers" - aqueles que compram os títulos que os estrangeiro decidem vender - já estão bastante carregados de papéis e, por isso, demandaram muito menos. 18
Os estrangeiros vinham em uma toada firme de compra de NTN-Fs, títulos prefixados longos que preveem o pagamento de cupom semestral de juros - duas características bastante valorizadas por esses investidores. Tanto é que a participação do estrangeiro no total da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) vem batendo sucessivos recordes, até alcançar 18,52% em julho. Com juros baixos pelo mundo, o interesse pela remuneração oferecidas pelos títulos brasileiros era elevado. Enquanto os estrangeiros aplicavam por aqui, o investidor local mantinha-se cauteloso e carregava posições "compradas" em contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI), apostando na alta das taxas no longo prazo. Havia um claro pessimismo dos agentes com o futuro da política macroeconômica doméstica, diante da piora dos indicadores fiscais, alta da inflação, do enfraquecimento da atividade e da consequente piora dos índices de confiança. Mas esse ambiente mudou completamente com a possibilidade de que a candidata do PSB, Marina Silva, possa vencer a corrida presidencial. Marina não era a preferida pelos mercado, mas - por apresentar assessores respeitados pelo mercado e se comprometer com o chamado tripé macroeconômico - animou os investidores. A aposta em uma mudança na condução das políticas fiscal e monetária levou o mercado a acreditar que havia um prêmio excessivo nas taxas futuras, o que provocou uma onda de venda de contratos de DI na BM&F. Muita gente foi pega na contramão desse movimento e teve de zerar posições, o que potencializou o movimento de queda da taxas. Segundo analistas, prevendo um cenário pior, um grande fundo, relatam operadores, havia se posicionado para embolsar lucros com o aumento do diferencial entre as taxas dos contratos mais curtos em relação aos longos. Com ascensão de Marina Silva na corrida presidencial, houve uma mudança expressiva dos juros futuros. As taxas dos contratos mais longos passaram a ser negociadas em níveis inferiores a dos derivativos mais curtos. Trata-se de um evento raro, chamado, no jargão do mercado, de inclinação negativa da curva a termo. Enquanto os investidores locais corriam para reverter suas posições, os estrangeiros lucravam com o mergulho das taxas longas. Afinal, quem comprou os papéis quando o juro estava acima de 12% e vendeu quando a taxa caiu a 11% ganhou bastante. Na prática, o investidor vendeu o papel por um preço bem maior do que o desembolsado na compra. Em vez de adquirir títulos longos, os não-residente estão agora comprando LTNs (papéis prefixados) com vencimento mais próximo, cujos prêmios parecem atrativos. O investidor estrangeiro diminuiu a 'duration' [prazo médio ponderado] de suas posições porque acredita que as taxas, aqui e lá fora, estão perto do piso", diz um especialista. "Agora, ele vai ficar mais 'curto', esperando pelo que tem pela frente, como eleições aqui e decisões de política monetária internacionais." A influência das expectativas para o resultado da eleição presidencial sobre as taxas futuras ficou mais uma vez evidente ontem. Como as pesquisa do Ibope e do Datafolha, divulgadas na quarta-feira à noite, não confirmaram os rumores de que Marina Silva lideraria a corrida ao Planalto já no primeiro turno, as taxas dos DIs mais longos avançaram, como investidores ajustando posições. O DI para janeiro de 2021, por exemplo, subiu de 10,92% para 11%. Mesmo assim, permanecem bem abaixo do nível visto em meados do mês passado, quando girava acima de 11,60%.
Dólar descola de exterior e sobe ante real com cenário eleitoral Fonte: Jornal Valor Econômico Online José de Castro 5/09/2014 às 12h06 SÃO PAULO - O mercado até tentou manter algum apetite vendedor de dólares no Brasil, mas uma pressão de ajuste após dias de queda predomina e leva a moeda americana a subir ante o real, claramente descolando do movimento no exterior. Operadores comentam que o real vinha se destacando ante seus pares devido ao noticiário eleitoral, que estava endossando expectativas de que Marina Silva (PSB) já apareceria com uma distância segura de Dilma Rousseff (PT) nas mais recentes pesquisas de intenções de voto no primeiro turno. 19
As últimas sondagens do Datafolha e do Ibope, no entanto, não só frustraram essa perspectiva como mostraram Dilma reduzindo a diferença para Marina no segundo turno. A candidata do PSB, entretando, ainda lidera nas intenções de voto numa eventual segunda rodada. “O que estava segurando o real eram as notícias eleitorais. Sem nada novo e nem favorável à Marina, o mercado tende a dar uma pausa na queda ou pelo menos não vender com tanta ‘vontade’”, diz o operador de câmbio de uma corretora. Desde 25 de agosto - véspera da divulgação da pesquisa Ibope em que Marina não só liderou um forte crescimento nas intenções de voto para o PSB no primeiro turno como apareceu à frente de Dilma no segundo turno -, o real valorizou-se 2,14% ante o dólar. No mesmo período, o índice MSCI de moedas emergentes teve apreciação de 0,27%. Às 12h05, o dólar comercial subia 0,22%, a R$ 2,2474. O dólar para outubro avançava 0,13%, a R$ 2,2625. No exterior, o dólar perdia 0,47% frente ao peso mexicano, 0,18% contra a lira turca e 0,37% na comparação com o rand sul-africano. As moedas de risco no exterior conseguem subir após dados mostrarem que a geração de empregos nos EUA caiu em agosto ao menor nível do ano. Os EUA criaram em termos líquidos 142 mil postos de trabalho no mês passado, número bem aquém dos 225 mil previstos. O dado de julho foi sofreu uma leve revisão de alta, enquanto o de junho foi corrigido para baixo. A taxa de desemprego caiu a 6,1%, em linha com as estimativas. Mas isso ocorreu em parte por novo recuo na taxa de participação, que ao marcar 62,8% atingiu o menor nível desde o fim dos anos 1970. O ICE U.S. Dollar Index - que mede a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas tinha baixa de 0,08%, influenciado pela alta de 0,10% do euro, negociado a US$ 1,2974. Essas variações, contudo, são bastante tímidas comparadas às de ontem, quando o índice do dólar saltou 1,13%, impulsionado pelo tombo de 1,57% do euro - o maior em quase três anos -, após o Banco Central Europeu (BCE) surpreender ao anunciar mais medidas de afrouxamento monetário.
"Antes, crises recessivas faziam parte suja do ajuste" Fonte: Jornal Valor Econômico Online Denise Neumann de São Paulo 05/09/2014 05h 00 A crise pela qual passa a economia brasileira é muito diferente das que foram observadas em outros momentos porque combina recessão com pleno emprego e salários e inflação alta. "No passado, as crises recessivas faziam a parte suja do ajuste, ou seja, queda de salário e ganhos reais", enquanto a parte "limpa" era tarefa da política econômica, observa Fernando Montero, economista-chefe da corretora TulletPrebon Brasil e ex-secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Em 2003, diz ele, o choque de credibilidade que se seguiu à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva podia derrubar uma inflação que era cambial e de expectativas descoordenadas. "Agora, esse mesmo choque não abalará uma inflação de serviços e salários", pondera. Por isso, para Montero, o ajuste necessário para recolocar a economia brasileira nos trilhos será bastante duro, pois trará mais câmbio e aumento de preços administrados, ambos movimentos inflacionários. Fazê-lo, diz ele, será mais fácil para a oposição. "Somente poderá exibir esse fiscal feio, inflação alta e juros recessivos quem tenha credibilidade para consertar o fiscal, baixar a inflação e recuperar posteriormente a economia. Não tem credibilidade sem ajuste, mas também não haverá ajuste sem credibilidade", pondera. Como a tarefa será difícil e os custos, altos, não é à toa que a "situação esconde os problemas, e a oposição, a solução", que vai exigir mais carga tributária, completa Montero. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida, parte por email, parte por telefone. Valor: No que a recessão de 2014 difere da de 2003? 20
Fernando Montero: Esse é um quadro incomum no Brasil, que assiste a uma recessão com pleno emprego, ganhos salariais, inflação elevada - que não é cambial ou de tarifas - e compressão de margens industriais. Nossas antigas recessões inflacionárias, como a de 2003, criavam desemprego e arrochavam salários, disparavam o câmbio e deixavam excedentes exportáveis que viravam rapidamente as contas externas. No passado, a aceleração dos preços liquidificava despesas públicas reais e criava receitas nominais, etc. O choque salvador da confiança derrubava os altíssimos dólar e inflação, iniciando uma recuperação de salários, emprego, consumos e investimentos, e tínhamos receitas fiscais mais altas crescendo sobre mais PIB, enquanto a renovada competitividade permitia aumentar vendas para fora, etc. Valor: Mas agora temos inflação igualmente alta. De onde ela vem? Só dos serviços, da inclusão social? Montero: A ideia de que a nova classe média é fortemente demandante de serviços mais caros explica a parte menor. A procura por serviços aumentou, mas aumentou muito mais a procura por bens barateados pelo câmbio, apenas não os produzimos. O varejo vende quase 50% mais que seis anos atrás, enquanto a indústria produz 3% menos, e ainda assim estocou bens. Valor: Então a crise de agora não fez nenhum ajuste, é isso? O que mudou? Montero: A atualidade inverteu algumas variáveis. Agora, o câmbio precisa subir e salários e emprego, desacelerarem. Nenhum "choque de confiança" fará esse ajuste. Uma recuperação sustentada, algo além de dois trimestres, não passa tanto por criar mais demanda, quanto por reorientar a oferta de forma a ganhar mais produtividade, com mais indústria e investimentos, e menos serviços e consumo. No passado, as crises recessivas faziam a parte "suja" do ajuste, ou seja, queda de salários e gastos reais, recessão, câmbio altíssimo, recomposição de margens e contas externas, deixando a nova política econômica fazer a parte mais "limpa", abrindo espaço para crescer e recuperar salários e emprego. Valor: O choque de confiança com uma eventual vitória da oposição não resolve isso? Montero: Na crise de 2003, Lula foi problema e solução. Na visão atual, Dilma é o problema e a oposição, a solução. Há evidente exagero nesta simplificação de ofício, pois a economia hoje explica mais a crise de confiança que o contrário. Em 2003, um choque de confiança podia derrubar uma inflação cambial e corrigir expectativas abruptamente descoordenadas. Esse mesmo choque não abaterá uma inflação de serviços e salários, inércia e indexação, no aguardo de mais câmbio, mais administrados e mais impostos. Em 2003, o ajuste comportava menos câmbio e mais salário; agora, será o contrário. A credibilidade de um ajuste duro o torna menos duro, mas a correção de preços relativos pendente custará salário real e a retomada do crescimento, feito e pago o ajuste, não devolverá as taxas anteriores de expansão. Valor: Então, que ajuste precisa ser feito? Montero: O ano que vem acena um ajuste inflacionário de preços relativos e um ajuste fiscal e parafiscal recessivo. Dependendo do tamanho de cada um, os juros e a inflação podem não mudar muito. Limpar o fiscal e corrigir preços relativos promete um retrato bem feio. Somente poderá exibir esse fiscal feio, inflação alta e juros recessivos quem tenha credibilidade para consertar o fiscal, baixar a inflação e recuperar posteriormente a economia. Não tem credibilidade sem ajuste, mas também não haverá ajuste sem credibilidade. Valor: Por que o ajuste será mais duro agora do que foi em outros momentos? Montero: Porque a inflação atual não vem da correção de preços relativos e a recessão não está corrigindo a inflação. Por isso, a política econômica precisará fazer o ajuste espantoso que 21
é necessário e, depois, o ajuste salvador. Se conseguir, ela deixará um ajuste mais estrutural que conjuntural. Não é à toa que a situação esconde os problemas e, a oposição, as soluções. Valor: Por onde passa esse ajuste fiscal? Corte de despesas? Que despesas podem ser cortadas? É preciso alterar a regra do mínimo? Montero: Era comum associarmos o expansionismo dos gastos primários à regra de correção real do salário mínimo, e por isso a solução que se apresentava era o fim da regra após 2015. Mas o problema fiscal não é tão claro ou consensual nem sua solução, tecnicamente, tão linear. Simplesmente, o impacto primário da regra do salário mínimo não é mais o grande foco da pressão. Entre as despesas, a correção do mínimo ficou secundária diante do persistente avanço na quantidade das transferências de renda. Entre 2003 e 2013, o número de beneficiários de programas federais (Bolsa Família, seguro-desemprego, abono salarial, previdência, etc) passou de 38 milhões de pessoas para 75,6 milhões de pessoas. Então, a regra do salário mínimo é, sim, um problema, mas não é o único num país onde pessoas se aposentam aos 50 anos e se casam aos oitenta, onde aparecem pescadores artesanais em Brasília, recebe-se abono salarial por trabalhar um mês, se ganha mais como desempregado na informalidade, e o setor público gasta em juros R$ 3,5 diários por brasileiro. Então, o ajuste fiscal não passa por mudar uma regra, mas muitas, e isso terá que ser entendido pela sociedade. Além das despesas, com a perda do vigoroso PIB potencial, a indexação do mínimo ao crescimento de dois anos atrás perdeu importância frente à desaceleração nas receitas, outra consequência do PIB fraco. Valor: É possível fazer um ajuste fiscal só controlando despesas para que elas não cresçam acima do PIB? Montero: Já foi possível, mas hoje nosso denominador para tudo quanto é fiscal simplesmente evaporou. O PIB nominal do primeiro semestre cresceu 5,7%. O que você consegue absorver com isso? Tudo em relação a esse PIB explode. Nosso PIB nominal deflacionado pelo IPCA cresceu 6% reais ao ano entre 2004 e 2011, cresceu 2,2% entre 2012 e 2013 e deve crescer 1% entre 2014 e 2015. Ou seja, o ajuste fiscal pós-2014 será difícil e ingrato, feito numa economia de baixo crescimento, o que significa baixa receita, pouca gordura para cortar nas despesas e com uma inflação empurrando juros e despesas financeiras. Nos últimos doze meses gastamos R$ 1 bilhão de juros por dia útil. Nas despesas primárias, teremos em 2015 mais reajuste do mínimo, indexado ao PIB de 2013, as desonerações da folha ficaram permanentes, ninguém sabe ao certo o tamanho das despesas elétricas, sobrarão restos a pagar deste ano e começaremos a descarregar os subsídios não contabilizados desde meados de 2012. No cerne do problema há, nos gastos, crescimento vegetativo em benefícios difíceis de segurar sem reformas duras, enquanto nas receitas perdemos PIB. Valor: Antes o sr. falou em ajuste parafiscal. O que é isso e porque ele pode ser mais fácil? Montero: O parafiscal é toda a parafernália de créditos do Tesouro Nacional junto aos bancos públicos, que já soma R$ 502 bilhões. Esse parafiscal representa um custo enorme porque o Tesouro capta por um juro mais alto (Selic) do que empresta, criando tanto um impacto monetário, porque parte do crédito não responde ao aumento da Selic, quanto fiscal, pelo aumento do custo. O custo da dívida líquida do setor público aumentou muito, tanto pelo acúmulo de reservas, como pelo crescimento do estoque de empréstimos para os bancos públicos. A despesa com juros, hoje, soma 5% do PIB, enquanto a taxa de juros implícita na dívida chega a 16,7%. Então, desmontar esse parafiscal pode ser mais fácil e trazer resultados mais concretos que o superávit primário, no curto prazo. Deixar esse crédito mais caro vai tornar a alocação de recursos mais eficiente, vai reduzir a demanda por esses recursos, exigindo menos do Tesouro. Valor: E o ajuste fiscal pode exigir aumento de carga tributária? 22
Montero: Sim. E uma possibilidade é a volta da Cide, talvez a reversão de alguma desoneração, embora ela tenha sido tornada permanente [a da folha de salários], eventualmente a CPMF. Mas vai ter que ter algum aumento de carga tributária porque os gastos não vão crescer menos que o PIB.
Aneel adia decisão e força Santo Antônio a pagar R$ 860 milhões Fonte: Jornal Valor Online Daniel Rittner e Rafael Bitencourt 05/09/2014 às 13h05 BRASÍLIA - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiou a decisão sobre o pedido de "perdão" da Santo Antônio Energia (Saesa) por um atraso de 63 dias na entrega de eletricidade às distribuidoras. Na prática, a concessionária vai ter que pagar R$ 860 milhões à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) na segunda-feira, o que deve exigir um aporte emergencial dos acionistas ainda nesta sexta-feira. De acordo com o diretor André Pepitone, relator do processo na agência reguladora, uma decisão nesta sexta não teria efeito prático na liquidação das operações do mercado de curto prazo na segunda-feira. "Essa contabilização já foi feita", afirmou. Segundo ele, uma decisão neste momento só afetaria a próxima liquidação, no início de outubro. Ele disse que a agência tentará deliberar sobre o assunto antes disso. Responsável pela construção e operação da usina de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), a Saesa alega que greves e conflitos trabalhistas provocaram um atraso de 63 dias no cronograma de entrega da energia às distribuidoras. A concessionária defende que não pode ser responsabilizada por esses atrasos. Por isso, pede o que é chamado de "excludente de responsabilidade", arrastando o cronograma de entrada em operação da hidrelétrica. Esse pedido corresponde a R$ 594 milhões, dos R$ 860 milhões devidos. Os outros R$ 266 milhões se referem ao descumprimento do índice de disponibilidade das turbinas. O contrato de concessão estabelece um fator de disponibilidade de 99,5%, ou seja, as máquinas precisam estar disponíveis para geração de energia durante 99,5% do tempo. Santo Antônio argumenta que não é possível cumprir esse índice com apenas 31 das 50 turbinas em operação, como ocorre atualmente, porque a margem de manobra para reparos e manutenções fica muito reduzida. Para a concessionária, esse fator só deve valer quando todas as unidades geradoras estiverem funcionando. Somente na quinta-feira, segundo Pepitone, a Saesa apresentou pedido oficial à agência reguladora de reavaliação das cláusulas contratuais que falam sobre o índice de disponibilidade. Para o diretor, esse ponto está "concatenado" com a excludente de responsabilidade, e as duas questões não podem ser analisadas separadamente. "É razoável, equilibrado e ponderado fazer a análise conjunta dos processos", disse Pepitone. Os demais diretores seguiram sua posição e concordaram em adiar o julgamento. Para o diretor, não houve "manobra" da concessionária no pedido apresentado porque ela terá que fazer o pagamento na segunda-feira. Uma assembleia geral de acionistas está marcada para hoje e definirá um aporte emergencial dos sócios. Furnas, Odebrecht, Cemig, Andrade Gutierrez e Caixa FIP Amazônia Energia são os acionistas da concessionária. A capital ização pode chegar a R$ 1,560 bilhão. O dinheiro serviria para quitar os R$ 860 milhões devidos à CCEE e injetar R$ 700 milhões no consórcio construtor da hidrelétrica, que deixou de receber seus pagamentos e já demitiu 440 trabalhadores nesta semana, ameaçando paralisar totalmente as obras. Jirau Todas as atenções estavam voltadas para a usina de Santo Antônio, mas uma decisão importante da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também poderia ter afetado a hidrelétrica de Jirau, o outro empreendimento que está sendo construído no rio Madeira (RO). O orgão regulador, no entanto, adiou sua decisão. 23
A Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária de Jirau, pedia o reconhecimento da Aneel de que houve um atraso de 235 dias no cronograma da usina por conflitos trabalhistas. Duas revoltas dos operários, com incêndios e quebra-quebras, paralisaram o andamento das obras. Por isso, a ESBR alega “excludente de responsabilidade” para o atraso, mas já tem uma liminar judicial que abrange um período de 510 dias. A eventual decisão da Aneel nesta sextafeira, portanto, não teria efeitos imediatos. Uma perícia da Justiça Federal está em curso para aferir o tamanho dos danos e os impactos provocados nos canteiros de obras. O presidente da concessionária, Victor Paranhos, acredita que a perícia vai ficar pronta até o fim deste mês. Ele pedia à Aneel um adiamento da decisão até que esse trabalho esteja concluído. Paranhos também alega que, com a entrada em operação de mais quatro turbinas neste mês, Jirau completará 16 máquinas em funcionamento em outubro e conseguirá cumprir com 100% de suas obrigações na entrega de energia às distribuidoras. Hoje, ele diz estar entregando entre 70% a 80% do que é devido, mas a liminar judicial protege a ESBR de despesas milionárias na reposição do volume não ofertado. De acordo com o executivo, a ESBR adotou uma postura conservadora e não vendeu energia no mercado livre, o que a livra de grandes despesas.
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