06 de agosto de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 06 DE AGOSTO DE 2014

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Produção de carros tem pior julho desde 2007 e recua 17,4% no ano A produção de veículos no Brasil caiu 20,5% em julho, em relação ao mesmo período de 2013, e registrou o pior resultado para o mês desde 2007. No mês passado, foram produzidos 252,6 mil veículos no país, segundo a Anfavea (associação das montadoras). A indústria se recuperou em relação ao mês de junho, produzindo 17% de veículos a mais do que em relação ao mês, mas não o suficiente para reverter o quadro do ano. No acumulado de janeiro a julho, a produção soma 1,82 milhão de veículos, queda de 17,4% sobre um ano antes. As exportações também caíram cerca 36,7%, em relação a julho do ano passado. No acumulado entre janeiro e julho, a queda nas vendas para o exterior é de 35,4% em relação aos primeiros seis meses de 2013. As vendas para fora foram agravadas pela piora do cenário econômico na Argentina, que importa grande parte dos veículos exportados pelo Brasil. AQUECIMENTO O final da Copa é apontado como um dos motivos para o aquecimento do mercado no mês passado, na comparação com junho. Nos primeiros quinze dias do mês, foram vendidos em média 11.500 veículos por dia. Na segunda quinzena, foram vendidos em média 13.700 veículos diariamente no país. As vendas também melhoraram no mês de julho. O setor vendeu 11,8% a mais do que em junho, totalizando 294.768 emplacamentos. Mas, em comparação a julho do ano passado, o número é 13,9% menor. O estoque de veículos diminuiu em relação ao mês de junho, passando para 39 dias. Mas o presidente da Anfavea, Luiz Moan, considera que o número ainda é "inadequado para o setor". A previsão do setor para 2014 é que a produção caia 10% em relação a 2013. Para as exportações, a previsão é de queda de 29,1%. "Em função do maior número de dias úteis nesse segundo semestre e por acharmos que o mercado ficará mais comprador, acreditamos que teremos crescimento em todas as linhas em relação ao segundo semestre", afirma Moan.

LAY-OFF Com o resultado ainda ruim no ano, algumas das principais montadoras de automóveis do país preparam novas rodadas de afastamento de funcionários. A Fiat vai conceder férias coletivas entre 11 e 20 de agosto, quando produzirá cerca de 10 mil veículos a menos. A Ford vai adotar a mesma medida, principalmente na fábrica de Taubaté, no interior paulista. A General Motors já avisou aos sindicatos que haverá suspensão temporária de contrato de trabalho (lay-off) na unidade de São José dos Campos (SP). Um dos principais sindicatos do setor, o Sindipeças, já distribui panfletos nas fábricas, para lembrar aos trabalhadores os direitos em casos de afastamento temporário. MAIS SETORES O resultado ruim do setor em 2014 tem contribuído para derrubar a produção industrial brasileira, que em junho encolheu pelo quarto mês seguido,segundo o IBGE. Como a cadeia de veículos é grande, ela acaba afetando o resultado de outros setores, com grande impacto sobre a produção nacional. Em junho, a produção industrial brasileira caiu 6,9% em comparação com junho do ano passado, no pior resultado desde setembro de 2009, quando fechou em -7,4%. Em relação a maio, o setor encolheu 1,4%, o pior resultado desde março. 2


Dos 2,6% de queda acumulada na indústria em 2014, 1,9 ponto percentual, ou quase 75% desse mau resultado, vem da produção de veículos, que sofre pesadamente o encolhimento do país vizinho. A exportação de veículos brasileiros para a Argentina caiu 36% entre janeiro e julho, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Muito sensível aos juros e ao crédito, o setor de bens duráveis (que inclui automóveis e eletrodomésticos) recuou 24,5% em relação a maio e 34,3 % sobre junho de 2013. Com o impasse da dívida argentina, a tendência é que a indústria continue sofrendo.

Democracia e mercado Tempos atrás o consultor político James Carville (autor da estratégia "é a economia, estúpido!", que elegeu Bill Clinton em 1992) afirmou o seguinte: "Eu imaginava que, se houvesse reencarnação, eu quereria voltar como presidente, ou papa (...). Mas agora quero voltar como o mercado de títulos. Você consegue intimidar todo mundo". A declaração bem-humorada é precisa para motivar a discussão sobre a relação ainda mal compreendida entre mercado e democracia, como exemplificado há pouco pelo caso Santander. De maneira geral me parece que os mais familiarizados com temas econômicos e financeiros não viram grande problema na atitude do banco (depois renegada) de mandar a seus clientes análise apontando um dado corriqueiro: uma relação negativa entre o desempenho da presidente nas pesquisas de intenção de voto e o mercado acionário. Concretamente, ações se valorizam quando a presidente cai nas pesquisas e vice-versa. Vista pela ótica dos mais afeitos à política do que economia ou finanças, a análise não foi percebida dessa forma, mas sim como um estímulo à especulação. A verdade, porém, é que mercados financeiros tendem a reagir muito rápido a qualquer informação nova. Preços de ações, moedas, títulos etc. refletem promessas de pagamento futuro com maior ou menor grau de certeza. Títulos públicos oferecem um fluxo conhecido de juros, mas o verdadeiro valor desse fluxo só será sabido depois de conhecida a inflação do período. O preço das ações reflete as expectativas de lucros das empresas, por definição ignorados no momento de aquisição do papel. As atitudes de qualquer governo afetam essas expectativas. Um melhor controle da inflação, por exemplo, aumenta a atratividade (portanto os preços) dos títulos públicos, reduzindo taxas de juros de prazo mais longo. Já perspectivas de políticas que reduzam lucros de um determinado segmento, por exemplo, reduzindo tarifas de importação de produtos estrangeiros similares, devem derrubar os preços das companhias que nele operam. Note-se que em ambos os exemplos acima o governo adotaria políticas que muito provavelmente elevariam o bem-estar da população como um todo (ainda que a distribuição desses ganhos seja tema bem mais complexo), mas no primeiro caso com repercussões positivas para o mercado de títulos, enquanto no segundo o impacto seria negativo para o mercado acionário, ao menos para empresas do setor em questão. Colocado de outra forma, o mercado financeiro julga políticas governamentais o tempo inteiro, mas por uma métrica bastante bem definida, a saber, os efeitos dessas políticas sobre os preços de ativos. Não é seu papel avaliar se tais medidas elevam ou reduzem o bem-estar, muito menos como tais efeitos são sentidos por cada segmento da população. Quem o faz são os eleitores, em frequência bem distinta do mercado (no caso do Brasil, uma vez a cada quatro anos; não várias vezes ao longo de um dia de transações). No caso Santander, essa distinção foi perdida. A análise não era um julgamento sobre as medidas do governo pela ótica do bem-estar, portanto com um viés político-eleitoral; mas sim, como vimos, pela perspectiva do comportamento dos preços de ativos. 3


Da mesma forma, a confusão aparece no caso da consultoria Empiricus, cuja análise sobre perspectiva de mercados foi censurada com se fosse propaganda partidária. Isso dito, minha avaliação é que a continuidade da atual política econômica terá efeitos negativos tanto sobre o bem-estar (crescimento baixo, inflação alta) como sobre o preços de ativos, em particular no mercado de ações, em que prevalecem empresas controladas pelo governo, cujos resultados têm sido prejudicados por políticas equivocadas, como controles de preços, em razão da incapacidade de lidar com a inflação. Por sorte, porém, posso dizer o que penso, sem temer patrão subserviente ou governo imperial.

Voltar ao normal Administrar a economia de um país é das mais complexas e difíceis tarefas que desafiam os homens, porque sujeita a miríades de condicionantes: o nível de entendimento da realidade; a forma de enquadrá-la no que se supõe o "estado da arte" do conhecimento fornecido pelo estudo da teoria e, finalmente e decisivo, pela "visão do mundo" que inspira a ação de quem controla a política. A economia, apesar de sua pretensão científica, é formada por "escolas" que disputam entre si, qual é a melhor forma de organização social que atende a vários objetivos civilizatórios. Enquanto a "natureza" do homem for a que conhecemos –uma combinação de egoísmo com altruísmo, de individualismo com coletivismo, que varia com as circunstâncias que o constrangem–, eles não são inteiramente compatíveis. Como na culinária, a prova final da qualidade do pudim não está na "concepção teórica" (a receita), mas, sim, quando se come. O século 20 experimentou pelo menos duas receitas que acabaram muito mal. A mais brutal foi a União Soviética, de Stalin, que terminou na destruição absoluta da liberdade e na maior ineficiência produtiva. Só deixou lições negativas. A outra brilhante sob alguns aspectos, a iugoslava, de Tito (em oposição a Stalin), ruiu pelo excesso de descentralização democrática. Deixou, entretanto, lições que valem a pena conhecer. Por outro lado, há longa e consolidada experiência de mais de uma centena de países que adotam a receita "normal", produzida por uma seleção histórica: Estado forte, constitucionalmente limitado, que estimula a liberdade de iniciativa dos cidadãos e a propriedade privada, sustenta instituições que dão previsibilidade à atividade econômica, garantem o bom funcionamento dos mercados e respeitam seus resultados, mas corrigem a sua tendência à flutuação e à concentração da renda. Este modelo parece ter, mesmo, uma superioridade relativa: tem mostrado que o sucesso ou o fracasso de cada país no que diz respeito ao desenvolvimento com liberdade e ao avanço na igualdade de oportunidades é explicado, em larga medida, pela atenção que lhes dá, em cada momento, o seu poder incumbente. Um quadriênio (2011/2014) de crescimento do PIB per capita que soma 3,5%; uma inflação acumulada de 27%; uma estagnação da indústria, e um déficit em conta corrente de quase US$ 270 bilhões, não é animador, apesar de ter registrado um aumento de 5 milhões de empregos e uma melhoria na distribuição de renda. É preciso, pois, pensar e anunciar uma política social e econômica para os próximos anos que, sem comprometer os avanços conquistados, lhe dê previsibilidade.

Governo fecha socorro a elétricas com juros maiores A segunda rodada de empréstimos para socorrer as distribuidoras de energia elétrica deve ser anunciada nesta quarta-feira (6). Contaria com a participação de oito bancos, dois a menos do que na primeira operação, e taxas de juros mais elevadas. Segundo a Folha apurou, seis bancos já garantiram participação na operação de crédito, que chega a R$ 6,5 bilhões: Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú, Santander e BTG Pactual. 4


O governo espera a entrada de mais duas instituições, provavelmente pequenos bancos. Até o final desta semana será definido o custo (juros mais correção monetária) do financiamento.

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Para participar do novo socorro, os bancos privados e públicos reivindicam uma taxa maior do que a da primeira operação, que levantou R$ 11,2 bilhões e foi financiada a 12,1% em 12 meses (1,9% de juros mais a variação do CDI). Segundo um assessor presidencial, o pleito dos bancos deve ser atendido por ser uma segunda operação com a mesma garantia da anterior, além de o cenário de juros estar mais pressionado agora. "É uma tendência natural", disse, sem revelar a nova taxa, mas assegurando que não será muito mais alta. Na visão do governo, este será o último empréstimo às distribuidoras, que enfrentam dificuldades de caixa para pagar as empresas geradoras pela compra de energia mais cara neste ano. A princípio, esse custo extra teria que ser financiado com aumento de tarifas, mas isso faria disparar a inflação no ano eleitoral. Para jogar os aumentos para os próximos anos, o governo decidiu primeiro usar recursos do Tesouro para bancar a conta. Como ela ficou mais cara e o governo estava sem espaço no seu caixa, optou pelos empréstimos bancários, que vão totalizar R$ 17,7 bilhões. BNDES Dos R$ 6,5 bilhões da segunda operação, R$ 3 bilhões serão bancados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a taxas semelhantes às das outras instituições. O restante será financiado pelos demais bancos, obedecendo proporcionalmente à quantia anterior. BB e Caixa entraram com R$ 5 bilhões, juntos, no primeiro empréstimo. Agora, devem entrar com R$ 1,5 bilhão ao todo. Na reunião desta quarta, o governo fechará a operação, para que as distribuidoras possam ter acesso ao empréstimo para pagar suas dívidas com as geradoras. Os empréstimos serão pagos entre 2015 e 2017, quando ocorrerão os reajustes de energia represados. Diante da dificuldade para fechar a operação com os bancos, a data do pagamento de uma parcela de R$ 1,3 bilhão, relativa a despesas de maio, havia sido adiada para 28 de agosto. O setor elétrico ainda não tem certeza, porém, de que o novo empréstimo será suficiente até o final do ano. Eventuais dificuldades de caixa, segundo o governo, seriam menores e poderão ser cobertas pelo Tesouro, que já desembolsou R$ 4 bilhões para sanear o setor.

Carne sobe 125% no exterior em nove anos, e Brasil tira proveito A esperada mudança de patamar para os preços da carne, discutida em um congresso em Buenos Aires há quatro anos, chegou mais cedo do que se previa. Em julho, o Brasil exportou carne bovina "in natura" a US$ 4.870 por tonelada, 125% mais do que em 2005. As demais proteínas, embora em ritmo menor, também seguiram a carne bovina. O Ministério do Desenvolvimento indicou valor médio de US$ 3.573 por tonelada de carne suína "in natura" em julho, 82% mais do que em 2005. A de frango, comercializada a US$ 1.972, teve evolução de 65% no período. E o Brasil foi o país que mais se aproveitou dessa evolução externa dos preços. Assumiu a liderança mundial nas vendas de carnes bovina e de frango e manteve as vendas externas de carne suína. Um dos motivos dessa participação crescente no mercado externo foi que o país teve menos problemas, tanto climáticos como de saúde animal nesse período, do que outros grandes participantes do mercado. O último grande problema nacional foi o caso de febre aftosa, em 2005. Os números de exportações indicam a evolução brasileira. Em 2005, as exportações de carne bovina somaram 1,4 milhão de toneladas, com receitas de US$ 3,1 bilhões. No ano passado, o 7


volume embarcado teve pouca alteração, somando 1,4 milhão de toneladas, mas rendeu US$ 6,7 bilhões. A carne de frango teve salto ainda maior. O volume embarcado saiu de 2,8 milhões de toneladas, em 2005, para 3,9 milhões no ano passado. Nesse mesmo período, as receitas subiram de US$ 3,5 bilhões para US$ 8,0 bilhões. As exportações de carne suína caíram em volume, mas subiram em receitas. O volume atingiu 517 mil toneladas em 2013, com recuo de 17%, mas as receitas aumentaram 16%, para US$ 1,4 bilhão. O cenário deste ano vem sendo ainda melhor do que o dos anos anteriores para os produtores brasileiros de proteínas. O preço externo está em patamares elevados, e o país tem carne para exportar. Ao contrário do Brasil, outros grandes produtores, como Estados Unidos, Argentina e Austrália, têm problemas. No acaso da carne bovina, esses problemas são resultados de seca nos anos anteriores o que diminuiu o rebanho– ou até de interferências do governo no mercado, como ocorreu na Argentina. No caso da carne suína, a oferta caiu em vários dos principais fornecedores do mercado, inclusive nos EUA, devido a problemas sanitários. Doenças também tiraram alguns tradicionais exportadores de frango, que buscam o produto no Brasil. Esse quadro favorece o Brasil, que, apesar de problemas pontuais, mantém potencial para as exportações. Além dos problemas sanitários e de seca, o que tem forçado uma redução na oferta, o avanço da produção mundial de carnes requer mais tecnologia e alimentação apropriada, o que tem exigido investimentos e recursos maiores dos produtores. A previsão do então secretário de Agricultura da Argentina, Lorenzo Basso, no congresso da carne em Buenos Aires, em 2010, de que alguns cortes de carne passarão a ser um produto de luxo começa a ficar mais factível. Suínos Demanda melhora e preços mantêm alta em SP A arroba de carne suína chegou a ser negociada a R$ 77 no mercado paulista nesta terça (5). Na média, as negociações ocorreram a R$ 75 por arroba, com alta de 0,81% no dia. Os produtores de São Paulo estão segurando as vendas, à espera de novos reajustes de preços.

Editorial: Bomba ideológica É constrangedor para a polícia paulista o resultado do laudo técnico sobre os objetos apreendidos com dois manifestantes presos durante protesto contra a Copa do Mundo, no dia 23 de junho. Seriam, segundo as forças de segurança, artefatos incendiários, talvez usados para confecção de bombas caseiras. Foram listados, assim, como evidência contra os acusados no processo judicial. Sua posse ilegal configura crime punível com até seis anos de prisão. Ocorre que os itens não eram sequer inflamáveis, muito menos explosivos, conforme atestaram as perícias do Instituto de Criminalística e do Gate (esquadrão antibombas da polícia militar). Se, antes disso, ativistas já viam abuso no encarceramento dos dois manifestantes, agora terão mais razão para protestar. Seguem detidos, de todo modo, o estudante e funcionário da USP Fábio Hideki Harano, 27, e o professor de inglês Rafael Lusvarghi, 26. Contra eles pesam outras acusações, como incitação ao crime, formação de associação criminosa, resistência e desobediência. Ao lado dos supostos explosivos, que representavam a principal prova material do caso, há o depoimento de agentes de segurança. Parece pouco para atestar a necessidade da prisão, e cabe ao Judiciário determinar a responsabilidade dos réus pelos delitos, respeitando-se os princípios de ampla defesa e do devido processo legal. 8


A lembrança, desnecessária em condições normais, vem a propósito não só da famigerada truculência policial mas também da manifestação do juiz Marcelo Matias Pereira. Ao negar pedido de liberdade dos manifestantes na última sexta-feira, o magistrado considerou apropriado criticar o que chamou de "esquerda caviar". É difícil entender o raciocínio jurídico; ainda pior, é perturbador imaginar que reflexões com essa carga ideológica estejam sendo levadas em conta nas sentenças que mandam cidadãos para trás das grades, ou lá os mantêm. Atos de vandalismo são condutas ilícitas que nada têm a ver com o espírito das manifestações democráticas, e a sociedade já deixou claro que não compactua com a violência nos protestos. Isso significa que a polícia e a Justiça precisam fazer direito o seu trabalho, e não que devam dar uma resposta qualquer à opinião pública –muito menos que devam criminalizar os protestos políticos. Delitos, não há dúvidas, devem ser coibidos, para o que é fundamental haver a correta identificação e a consequente punição. Manifestações pacíficas, por sua vez, são legítimas formas de expressão da população. Passou da hora de essa divisão estar clara para as autoridades responsáveis pela manutenção da lei e da ordem.

Vendas internas de máquinas agrícolas recuam 19,2% no acumulado do ano SÃO PAULO - As vendas internas de máquinas agrícolas das montadoras para as revendas totalizaram 6.396 unidades em julho, aumento de 8% em comparação a junho e recuo de 16% contra o mesmo mês de 2013. Nos primeiros sete meses do ano, a comercialização caiu 19,2%, para 39.395 unidades. Os números foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as principais empresas do setor no país. A produção totalizou 8.788 unidades no mês passado, alta de 50,7 % sobre junho e recuo de 7,7% em relação a julho de 2013. No acumulado do ano (janeiro a julho) foram produzidas 49.174 unidades, redução de 15,1% sobre os primeiros seis meses de 2013. Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Anfavea, disse que o crescimento mensal verificado nas vendas domésticas foi decorrente da sazonalidade — caracterizada por um segundo semestre de vendas mais elevadas que o primeiro em função do plantio da safra de verão. “Estamos voltando ao ritmo mais normal de vendas”, disse. Ana Helena lembra que o mês de junho foi bastante afetado por feriados e a Copa do Mundo. A realização do mundial em junho também colaborou para a paralisação da produção em várias fábricas, que concederam férias coletivas aos funcionários. Assim, a produção de máquinas agrícolas recuperou-se e cresceu 50,7% em julho ante junho. Ana Helena também afirma que a perspectiva é de um segundo semestre com melhor desempenho para o setor frente à primeira metade do ano. De acordo com ela, além de plantios e colheitas importantes no segundo semestre, há estabilidade da renda agrícola e opções de financiamento de aquisição dos produtos com recursos já alocados. Diante do desempenho ruim no primeiro semestre, a Anfavea estima queda de 12% na comercialização interna de máquinas agrícolas em 2014 frente a 2013, que foi um ano recorde para as vendas domésticas de máquinas agrícolas. Luiz Moan, presidente da Anfavea, acrescenta que, de meados de dezembro do ano passado ao fim de fevereiro deste ano, houve problemas para a operacionalização do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, a principal fonte de financiamento para o setor no momento, o que provocou grande impacto nas vendas do segmento no primeiro semestre deste ano. Mas a questão já foi equacionada. 9


No último mês, foram embarcadas 1.320 unidades, o que representou alta de 9,1% ante junho e redução de 2,6% contra o mesmo mês de 2013. De janeiro a julho, foram vendidas ao mercado externo 7.884 unidades, queda de 5,8% sobre igual intervalo de 2013. A receita em julho totalizou US$ 224,662 milhões, valorização de 3,3% sobre o mês anterior e redução de 31,5% ante o mesmo mês de 2013. Nos sete primeiros meses de 2014, o valor das exportações de máquinas agrícolas somou US$ 1,751 bilhão, diminuição de 13,3 % sobre o mesmo período de 2013.

IBGE: Produção industrial tem maior queda desde 3o. tri de 2009 A indústria brasileira recuou 5,4% no segundo trimestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado, queda mais intensa desde o terceiro trimestre de 2009. No recorte por regiões, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 12 dos 15 locais pesquisados perderam dinamismo. O Amazonas lidera esta lista ao passar de alta de 9,9% no primeiro trimestre de 2014 para queda de 7,6% entre abril e junho. O mesmo quadro de queda no segundo trimestre após alta no primeiro foi registrado no Paraná (de 3,2% para -10,7%), Rio Grande do Sul (de 3,2% para -9,8%), Minas Gerais (de 3,7% para -5,0%), Pernambuco (de 7,6% para -0,8%), Santa Catarina (de 1,6% para -4,7%) e na Região Nordeste (de 2,8% para -3,0%). Na mesma base de comparação, Pará (de 6,5% para 22,2%), Espírito Santo (de -4,9% para 0,8%) e Goiás (de -0,9% para 2,1%) foram no sentido inverso e registraram desempenhos melhores no segundo trimestre. Semestre Nos seis primeiros meses do ano em relação a igual período do ano anterior, a redução na produção foi registrada em 10 dos 15 locais pesquisados, com destaque para São Paulo (5,0%), Bahia (-4,5%), Paraná (-4,3%), Rio de Janeiro (-3,9%) e Rio Grande do Sul (-3,9%). Espírito Santo (-2,0%), Santa Catarina (-1,7%), Ceará (-1,5%), Minas Gerais (-0,9%) e Região Nordeste (-0,1%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos no fechamento do primeiro semestre de 2014. Nesses locais, o menor dinamismo foi particularmente influenciado por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de capital (em especial aqueles voltados para equipamentos de transportes – caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões e veículos para transporte de mercadorias), bens intermediários (autopeças, produtos têxteis, produtos siderúrgicos, produtos de metal, petroquímicos básicos, resinas termoplásticas e defensivos agrícolas) e bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos da “linha branca”, motocicletas e móveis). Por outro lado, Pará (14,4%), Pernambuco (3,7%), Amazonas (1,0%), Goiás (0,8%) e Mato Grosso (0,4%) assinalaram as taxas positivas no índice acumulado do ano.

Dilma: governo estuda ampliar para 27,5% mistura de etanol na gasolina BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira, em sabatina na Confederação Nacional de Agricultura (CNA), que o governo estuda mecanismos para reforçar o setor de etanol. Mas descartou o aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio 10


Econômico). Ela citou a pesquisa em andamento, junto com a Anfavea, associação que reúne as montadoras de veículos, para elevar de 25% para 27,5% a mistura do etanol na gasolina. E também estruturas de financiamento mais favoráveis ao etanol para garantir a ampliação de sua lucratividade. “Aumentar a Cide pra qualquer setor impacta na arrecadação de tributos, a política em relação ao etanol tem de ser clara”, afirmou. Sobre a crise no setor de etanol, Dilma afirmou que o problema é a competição com o etanol produzido a partir do milho americano. “A política do governo é ajudar nessa competividade através da adoção de tecnologias, porque o que garante o etanol de milho mais competitivo são as tecnologias que permitem esse avanço” na produtividade.

China ocupa espaço do Brasil na Argentina O mau desempenho das exportações brasileiras aos argentinos tem sido creditado à situação econômica do país vizinho, mas estatísticas oficiais do governo argentino indicam que a queda também pode ser resultado de perda de participação de mercado. Os dados mostram que as importações argentinas originadas do Mercado Comum do Sul (Mercosul) caíram 18% no primeiro semestre de 2014, na comparação com igual período de 2013. As importações vindas da China cresceram 2% e as provenientes do Nafta, bloco formado por Estados Unidos, Canadá e México, tiveram alta de 9%. Isoladamente a China já tem fatia bem próxima à dos três países do Nafta juntos - cerca de 16% - nos desembarques totais argentinos. A importação total da Argentina em igual período caiu 8%. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, a exportação brasileira para os argentinos caiu 20,4% na mesma comparação.

Para analistas, os números são resultado de uma pauta brasileira para a Argentina altamente concentrada em automóveis, partes e peças. Além disso, a estratégia comercial, com busca por parceiros mais fortes e com facilidade de financiamento, favorece os fornecedores da China e do Nafta, em detrimento dos sócios do Mercosul. O avanço da China é puxado por duas categorias de uso: bens de capital, com alta de 11%, e bens intermediários, com elevação de 10%. Nas duas categorias as importações argentinas do Mercosul caíram 21% e 7%, respectivamente. Os países do Nafta também conseguiram elevar a exportação de bens de capital aos argentinos, com alta de 66% de janeiro a junho. Como resultado, os chineses e os países da América do Norte avançaram no mercado de bens de capital importados pelo sócio brasileiro no Mercosul. A importação argentina desse tipo de bem com origem no Nafta alcançou 20,9% do total de US$ 5,91 bilhões em máquinas e equipamentos importados pela Argentina no primeiro semestre de 2014. No ano passado, a fatia dos bens de capital provenientes do Nafta era mais modesta, de 13,4%. No mesmo período, as máquinas e equipamentos feitas na China avançaram de 24,3% 11


para 25,4%. Não foi um ganho tão grande, mas na mesma comparação o Mercosul perdeu participação, com queda de 25,7% para 19%. Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o controle das importações e da liberação de dólares favorece a compra de fornecedores com maior capacidade de financiamento próprio. Esse é o caso principalmente dos exportadores chineses. "Essa facilidade faz com que o fornecedor da China ofereça maior flexibilidade para prazos de pagamento em troca da oportunidade de ganhar mercado", diz Castro. Os chineses conseguiram elevar em 10% a venda de produtos intermediários aos argentinos de janeiro a junho, contra iguais meses do ano passado, mesmo com a queda de 3% na importação desse tipo de produto pela Argentina, no mesmo período. A importação de intermediários com origem no Mercosul caiu 7%. "Os dados levam a uma reflexão. Até que ponto o Mercosul é mesmo tão importante para o Brasil?", questiona Castro. A ideia que se tem, diz ele, é que o Mercosul garantiria uma espécie de reserva de mercado para o Brasil na exportação para os argentinos. "Mas não é bem isso que tem acontecido." O Brasil, lembra Castro, perdeu espaço nas importações do país vizinho por conta da queda da importação de automóveis. O setor automotivo é um dos que mais sofrem tanto pelas restrições do governo argentino à entrada de produtos estrangeiros como pela queda de demanda provocada pela crise. O desembarque de automóveis no país caiu 35% no primeiro semestre, em relação a iguais meses de 2013. Os carros importados do Mercosul caíram 23%. O bloco representou 77,7% das importações argentinas de veículos de janeiro a junho. A venda de intermediários e de bens de capital, diz Castro, poderia compensar para o Brasil ao menos parte da perda de divisas com exportação de carros. "A desaceleração das vendas de veículos no mercado argentino atinge o Brasil", afirma o economista Ricardo Delgado, da consultoria Analytica, de Buenos Aires. Segundo ele, nesse caso não se trata de a China ter ocupado o espaço brasileiro nas vendas do setor. Os produtos chineses que entram no mercado argentino estão mais relacionados a eletrônicos, o que não é uma competência de países do Mercosul." O setor automotivo foi o primeiro a sofrer com o início da recessão argentina, que começou a aparecer com a contração do PIB em 0,8% no primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2013. A produção de veículos, altamente dependente de componentes produzidos no Brasil, registrou queda de 19,8% em junho, na comparação com igual mês do ano passado. No mercado interno, as vendas das montadoras para os revendedores caíram 40%, segundo a Adefa, entidade que representa fabricantes argentinos. Já a China vende para os argentinos produtos de menor valor agregado. Componentes para uso em eletrônicos e celulares ficaram com a maior fatia das exportações da China para a Argentina em 2013. O país sul-americano gastou US$ 4,21 bilhões com esses produtos, o que representou 37% do total de US$ 11,312 bilhões que o país asiático exportou para o mercado argentino, segundo dados da consultoria Abeceb, com base nas informações do Ministério da Economia argentino. A fatia dos eletrônicos é bem maior do que a de outros segmentos, como produtos têxteis, brinquedos, autopeças, e peças para equipamentos fotográficos, além de plásticos, com participações entre 2% e 4% cada um. A China parece menos prejudicada dos que os outros países na política de restrições às importações do governo de Cristina Kirchner. O valor anual de embarques de produtos chineses praticamente duplicou nos seis últimos anos. Ao mesmo tempo, as exportações 12


argentinas para o país asiático, sustentadas pela soja, ficaram estagnadas. Isso fez com que a balança comercial entre os dois países revertesse em favor dos chineses nos seis últimos anos. "É natural que as restrições às importações tenham prejudicado mais o Brasil, que é um grande fornecedor, com produção integrada em alguns setores", diz Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento (Cedes/Uerj). Para ele, a maior entrada de bens chineses também pode ser creditada aos investimentos dos países asiáticos na Argentina, muitas vezes atrelados a compras de bens de capital e insumos da China. "De qualquer forma, a perda de participação será de difícil recuperação."

Estados retomam busca de solução para a guerra fiscal O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) surpreendeu ao divulgar, na semana passada, o convênio em que 21 Estados se comprometem a retirar, ao longo dos próximos anos, os benefícios fiscais de ICMS concedidos sem aprovação do órgão. O convênio também concede anistia às empresas que se aproveitaram dos incentivos ou foram autuadas por Estados que não concordavam com os benefícios. Na prática, a proposta recoloca na mesa a discussão a respeito do fim da guerra fiscal, que começou em 1989, com a criação de duas alíquotas diferentes de ICMS, e ganhou fôlego na ausência de uma política nacional de incentivo ao desenvolvimento. Como acontece quando qualquer guerra se prolonga, a esta altura é difícil identificar perdedores e ganhadores. Criado em 1968, o ICMS arrecadou o equivalente a 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, arrecada pouco mais de 7%. A estagnação é atribuída por especialistas à desindustrialização e à guerra fiscal. Estima-se que os Estados perdem cerca de R$ 30 bilhões por ano com os benefícios e isenções concedidos. Os ganhos são pulverizados e difíceis de medir. Apesar disso, as discussões em torno do fim da guerra fiscal se arrastam há anos no Congresso, polarizadas entre os Estados mais desenvolvidos e os que julgam importante o incentivo do ICMS para atrair empresas e empregos. O tema só foi ganhar mais espaço na agenda do Legislativo depois de 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucionais as leis de sete Estados que concederam incentivos fiscais e desrespeitaram a Lei Complementar 24, de 1975, que exige nesses casos aprovação unânime do Confaz. Diante da falta de acordo político, em 2012, o STF colocou em consulta pública a proposta de súmula vinculante 69 a respeito do tema. Em abril deste ano, a Procuradoria Geral da República deu parecer favorável à proposta, que declara inconstitucional "qualquer isenção, incentivo, redução de alíquota ou de base de cálculo, crédito presumido, dispensa de pagamento ou outro benefício fiscal relativo ao ICMS, concedido sem prévia aprovação em convênio celebrado no âmbito do Confaz". A Procuradoria Geral da União também se posicionou pela não convalidação dos incentivos já concedidos. A proposta dos 21 Estados é mais conciliadora e, de certa forma, retoma o projeto apresentado pelo próprio governo ao Congresso, que não avançou por questões políticas. Pelo convênio assinado, os Estados se comprometem a retirar os incentivos gradualmente, nos próximos 15 anos. Propõem que a alíquota do ICMS seja reduzida de 11% para 4% ao longo de sete anos. A anistia às empresas que se beneficiaram dos incentivos ou foram autuadas é outro elemento importante. Somente o Estado de São Paulo acumula R$ 24 bilhões em autos de infração, o que dá uma ideia do tamanho do problema. Além disso, o convênio prevê a criação do fundo de compensação para os Estados que se consideram perdedores no processo e a repartição do ICMS do comércio eletrônico. A proposta do governo incluía ainda a constituição de um fundo para o desenvolvimento regional. A iniciativa dos 21 Estados é, porém, pouco mais que uma manifestação de boa vontade uma vez que as decisões do Confaz só entram em vigor quando têm aprovação unânime de seus 13


membros. Seis Estados não concordam com as propostas são Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Para que a proposta vingue seria preciso que o Congresso derrubasse a exigência de unanimidade -- o que não deixa de ser irônico uma vez que os incentivos que desencadearam a guerra fiscal foram concedidos unilateralmente. Tramita no Congresso o Projeto de Lei 130 que busca resolver essa questão ao estabelecer que as decisões do Confaz passariam a ter validade desde que aprovadas por três quintos dos Estados, sendo um terço de cada região. O projeto está em análise na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Outros pontos importantes da proposta também dependem do Legislativo, como a redução gradual das alíquotas do ICMS e a criação dos fundos de compensação das perdas e de desenvolvimento regional. O calendário eleitoral, que reduziu o trabalho no Congresso além do impensável, dificulta o avanço da proposta, que pode progredir no próximo governo.

Para cumprir primeira etapa de Abreu Lima, Petrobras compromete o cronograma total O cronograma de entrega da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, pode ficar novamente comprometido. Para cumprir o prazo de entrega da primeira unidade, em novembro, a Petrobras praticamente abandonou as obras da segunda unidade, oficialmente prevista para entrar em operação em maio de 2015. Além de postergar a segunda unidade, a empresa vai reforçar os turnos de trabalho, segundo apurou o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. Com a mudança, a atividade vai passar a ser realizada de forma ininterrupta, com duas jornadas de 12 horas.

De acordo com o último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 87% das obras da refinaria estavam concluídas em 30 de abril deste ano. A refinaria terá capacidade para processar 230 mil barris de óleo por dia e está estimada hoje em R$ 37,4 bilhões, mais de sete vezes o valor previsto inicialmente. Apesar do atraso no projeto - originalmente previsto para sair em 2010, já pode ser percebida alguma desmobilização de mão de obra no empreendimento, instalado no porto de Suape, Litoral Sul de Pernambuco. De acordo com o Ministério do Trabalho, pouco mais de 1,5 mil trabalhadores da construção civil foram dispensados no primeiro semestre na cidade de Ipojuca, onde fica o porto. Segundo fonte na Petrobras, as obras de Abreu e Lima chegaram a contar com 45 mil operários no pico de atividade, contingente que está hoje em torno dos 39 mil trabalhadores. A desmobilização, no entanto, seria bem maior se o cronograma da obra estivesse em dia. Em nota enviada ao Valor, a estatal reafirma que "a data de partida do segundo trem [unidade] da Refinaria Abreu e Lima é maio de 2015" e que a "entrada em operação do primeiro trem será em novembro de 2014". Segundo a Petrobras, "não procede a informação de que o cronograma do empreendimento será comprometido. Em junho a refinaria atingiu realização de 88,5% das obras, sendo que já há unidades em operação. O contingente atual no empreendimento é de 32,2 mil trabalhadores", afirma a nota. Mesmo considerando os inúmeros problemas da obra, a desmobilização na refinaria preocupa o governo de Pernambuco. Havia a expectativa de que grandes obras de infraestrutura em curso no Nordeste pudessem absorver parte dos operários. A esperança estava na ferrovia Transnordestina, na Adutora do Agreste, no Arco Metropolitano do Recife e na transposição do rio São Francisco. 14


Para evitar um crescimento expressivo do desemprego às portas da eleição, o governo estadual criou ainda um fundo de apoio financeiro aos municípios, que funciona desde o ano passado por meio de repasses a fundo perdido para investimentos das prefeituras em pequenas obras. Os grandes empreendimentos, entretanto, não avançaram. A Transnordestina segue praticamente paralisada, assim como o Arco Metropolitano do Recife, projeto orçado em cerca de R$ 1 bilhão e que promete ligar o porto de Suape ao município de Goiana (local da nova fábrica da Fiat), sem passar pelo Recife. O projeto seria tocado via parceria público privada e chegou a ter estudos feitos pela Odebrecht. Em 2013, no entanto, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em visita a Pernambuco, que a União assumiria o projeto. Em dezembro, Dilma lançou o edital para a licitação da obra, mas não há prazo anunciado para o leilão. Nos últimos meses, o governo federal derrubou pela metade os repasses para as obras da Adutora do Agreste, outro projeto de R$ 1 bilhão em curso no Estado. Executada pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a obra tem 90% dos custos bancados pela União, por meio do Ministério da Integração. Em reunião recente, o presidente da Compesa, Roberto Tavares, tratou do tema com o ministro da pasta, Francisco Teixeira. Foi informado de que o fluxo vai ser normalizado. Em nota, a assessoria do ministério informou que R$ 25 milhões devem ser liberados nos próximos dias, montante que vai se juntar a R$ 34 milhões repassados em 2014. Ao todo, R$ 302 milhões já foram liberados desde o início das obras. "Novas liberações serão feitas de acordo com o ritmo da obra e o saldo dos recursos federais repassados", informou o ministério. "Tem havido certa descontinuidade no repasse dos recursos, o que tem dificultado a evolução da obra. Se o fluxo permanecer como estava até março, concluímos no prazo [julho de 2015]", disse o secretário de Infraestrutura de Pernambuco, João Bosco.

Fluxo cambial tem pior resultado desde fevereiro SÃO PAULO - O fluxo cambial encerrou julho negativo em US$ 1,791 bilhão, o pior resultado desde fevereiro, quando foi negativo em US$ 1,856 bilhão, conforme dados do Banco Central (BC). Em julho, o saldo na conta comercial foi positivo em US$ 1,617 bilhão, que ajudou a compensar a saída líquida de US$ 3,408 bilhões na conta financeira. Segundo havia informado o Valor, o resultado sentiu o impacto do vencimento da captação externa de um banco, que não foi renovada. No primeiro dia de agosto, o fluxo cambial estava positivo em US$ 62 milhões, resultado de uma saída líquida de US$ 146 milhões na conta financeira e de uma entrada líquida de US$ 208 milhões na conta comercial. Na semana passada, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 2,951 bilhões, impulsionado pela entrada de US$ 2,255 bilhões na conta financeira. No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 2,418 bilhões, com superávit de US$ 4,361 bilhões na conta comercial e de um déficit de US$ 1,946 bilhão na conta financeira. No mesmo período do ano passado, o fluxo cambial estava positivo em US$ 8,820 bilhões. 15


Com o fluxo negativo em julho, os bancos aumentaram a posição vendida em dólar no mercado à vista de US$ 13,746 bilhões em junho para US$ 15,642 bilhões em julho. Em julho, o BC recomprou o equivalente a US$ 4,751 bilhões referente a linhas de dólar com compromisso de recompra.

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