07 de outubro de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 07 DE OUTUBRO DE 2014

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07.10.2014 - Exportação de veículos cai em setembro (Agência ANBA) Fonte Resenha ComexData As exportações de autoveículos caíram em setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado tanto em volume quanto em valor. De acordo com os dados do período divulgados ontem segunda-feira (06) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) as exportações de autoveículos, que compreendem carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, somaram 26.724 unidades no mês passado, quantidade 41,2% menor do que as 45.441 unidades embarcadas em setembro do ano passado. Entre as máquinas agrícolas, foram exportados 1.354 equipamentos deste tipo em setembro, ou 16,1% menos do que as 1.613 unidades embarcadas em setembro do ano passado. Em valores, as vendas ao exterior de automóveis, comerciais leves, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas somaram US$ 927,5 milhões, ou 35,3% menos do que o US$ 1,4 bilhão arrecadado no mesmo mês do ano passado. Os dados divulgados pela Anfavea também mostram que as exportações do setor têm queda no acumulado do ano. Segundo o comunicado da instituição, entre janeiro e setembro foram embarcadas 262.007 unidades entre carros, comerciais leves, ônibus e caminhões, 38,5% menos do que as 425.948 unidades exportadas entre janeiro e setembro do ano passado. A receita com as exportações no acumulado do ano soma US$ 8,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, as vendas acumulavam US$ 12,4 bilhões. Produção e venda no País Em setembro, foram produzidos 300.845 autoveículos, volume 6,7% menor do que em setembro no passado, mas 13,7% maior do que o registrado em agosto deste ano. Do começo do ano até o mês passado foram produzidas 2,3 milhões de unidades em 2014, ou 16,8% menos do que o total produzido até setembro de 2013, que chegou a 2,8 milhões de unidades. Entre as máquinas agrícolas e rodoviárias, foram fabricadas 6.567 veículos em setembro, com queda de 25,2% em comparação com setembro do ano passado. No acumulado do ano, foram produzidas 63.815 unidades, 15,8% menos do que no acumulado de 2013. O setor voltou a vender mais em setembro em comparação com agosto deste ano. No mês passado, foram licenciados 296.294 automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões novos nacionais e importados. Em agosto haviam sido vendidas 272.492 unidades. Em comparação com setembro do ano passado, no entanto, as vendas ainda foram menores. Um ano atrás, haviam sido licenciadas 309.872 unidades nacionais e importadas.

Inflação medida pelo IGP-DI recua em setembro Fonte Portal Economia SC 07 de outubro de 2014 às 08h 46 O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) variou 0,02%, em setembro, abaixo do valor registrado em agosto, que foi de 0,06%. Em setembro de 2013, a variação foi de 1,36%. Já a taxa acumulada em 2014 é de 1,62% e, em 12 meses, do índice avançou 3,24%. 2


Os dados foram divulgados hoje, dia 7, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). O IGP-DI de setembro foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 1º e 30 do mês de referência. O índice registra a variação de preços de matérias-primas agropecuárias e industriais, de produtos intermediários e de bens e serviços finais. Por isso, é usado nos reajustes de tarifas públicas, contratos de aluguel e planos e seguros de saúde. O IGP-DI é composto por 60% do Índice de Preços por Atacado (IPA), 30% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), e 10% do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC). Entre os componentes do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou, em setembro, variação de -0,18%. Em agosto, a taxa foi de 0,04%. O índice relativo a Bens Finais apresentou variação de 0,03%. No mês anterior, a taxa de variação foi de -0,03%. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo bens de consumo não duráveis exceto alimentação e combustíveis, cuja taxa passou de 0,31% para 0,76%. O índice de Bens Finais (ex), que resulta da exclusão de alimentos in natura e combustíveis, registrou variação de 0,67%, ante 0,53%, no mês anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), também usado para calculo do IGP-DI, registrou variação de 0,49%, em setembro, ante 0,12%, no mês anterior. Sete das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram acréscimo em suas taxas de variação. A contribuição de maior magnitude para o avanço da taxa do IPC partiu do grupo Alimentação (0,13% para 0,55%). Nesta classe de despesa, vale mencionar o comportamento do item carnes bovinas, cuja taxa passou de 0,34% para 2,72%. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em setembro, taxa de variação de 0,15%, acima do resultado do mês anterior, de 0,08%. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços teve variação de 0,33%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,16%. O índice que representa o custo da Mão de Obra não apresentou variação, pelo segundo mês consecutivo.

Atividade do comércio cresce 0,9% em setembro Fonte Portal Economia SC 07 de outubro de 2014 às 09h 58 Após ter recuado 0,4% em agosto, a atividade do comércio avançou 0,9% em setembro, de acordo com os dados divulgados hoje, dia 7, no Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, já descontados os fatores sazonais. Na comparação com setembro de 2013, a alta foi de 5,2%. Com estes resultados, o movimento dos consumidores no comércio acumulou, no período de janeiro a setembro de 2014, alta de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta da atividade varejista em setembro foi concentrada em dois segmentos: crescimento de 0,9% no ramo de tecidos, vestuário, calçados e acessórios; e expansão de 0,8% nas lojas de móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática. Já os demais setores acusaram queda em suas movimentações: recuo de 0,7% em supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas; queda de 2,1% em combustíveis e lubrificantes; recuo de 1,3% em veículos, motos e peças; e queda de 1,0% nas lojas de material de construção. Todas estas variações já computam os devidos ajustes sazonais. No período acumulado de janeiro a setembro de 2014, a atividade varejista cresceu 4,1% liderada pelo setor de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (expansão de 4,3%) e de combustíveis e lubrificantes (alta de 2,2%). 3


O segmento de móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática acumulou alta de 1,2% e o de veículos, motos e peças acumulou crescimento de 0,8% nesse mesmo período. Já o setor de tecidos,vestuário, calçados e acessórios subiu 0,7% de janeiro a setembro de 2014. Por outro lado, as lojas de material de construção viram o movimento dos consumidores cair 3,1% nestes primeiros nove meses do ano. Segundo os economistas da Serasa Experian, medidas de estímulo ao crédito anunciadas pelo governo no final de agosto e o período sazonalmente mais benigno em termos de inflação estão entre os fatores que impulsionaram o movimento dos consumidores nas lojas em setembro deste ano.

Análise: Mudança na Ordem da Globalização Fonte EDUARDO PORTER do "NEW YORK TIMES" 07/10/2014 0200 Não faz muito tempo, executivos da multinacional holandesa Royal DSM, que produz suplementos nutricionais e materiais de alta tecnologia, exigiam uma bateria de estudos internos para decidir onde fechar um negócio ou situar uma nova fábrica. Hoje, porém, "nem vamos fazer o estudo", disse Stephan B. Tanda, responsável pelas Américas. "Está claro que a nova fábrica será criada nos Estados Unidos." Os EUA, disse Tanda, tem gás natural barato e um mercado de trabalho muito pouco regulado. Ao mesmo tempo, a China, onde a Royal DSM tem 40 fábricas, está perdendo suas vantagens. "A China está menos atraente do que antes como fonte da qual fornecer ao mundo", disse Tanda. Dos US$ 3,6 bilhões (R$ 8,9 bilhões) em aquisições feitas pela Royal DSM desde 2010, 80% foram nos Estados Unidos. Será que a globalização vai dar meia-volta? Nos últimos dois anos, cada vez mais analistas vêm argumentando que estamos entrando em uma nova era de manufatura global, tendo os EUA ao centro. No mês passado o Boston Consulting Group, uma firma de consultoria, disse que os Estados Unidos tem os custos de manufatura mais baixos entre os principais países exportadores do mundo desenvolvido e está quase tão competitivo quanto a China. "Não concordo que o momento da China esteja chegando ao fim", opinou Karl P. Sauvant, do Centro Columbia de Desenvolvimento Sustentável. "O determinante mais importante do investimento é o tamanho e o crescimento do mercado. A China continua a ser um mercado grande e continua a crescer em ritmo razoável." Qual é o problema se os trabalhadores das regiões costeiras da China estão ficando mais caros? O país produzirá bens mais sofisticados. Na verdade, quando suas receitas convergem os países tendem a comerciar mais, não menos. As empresas manufatureiras que buscam mão-de-obra barata ainda têm muitos lugares onde procurar, como Vietnã, Bangladesh, México ou até o densamente povoado interior da China, que vai beneficiar-se dos enormes investimentos em infraestrutura feitos por Pequim para ligá-lo ao litoral. Existem dinâmicas que podem prejudicar seriamente a globalização. Se os preços da energia voltarem a decolar, isso vai favorecer as redes de produção regionais. A pirataria intelectual na China pode reduzir o interesse das multinacionais em investir em indústrias avançadas no país. Tecnologias que permitem que menos funcionários façam tarefas mais sofisticadas -por exemplo, a impressão 3D- podem incentivar a produção em países ricos, perto dos mercados de consumo. O crescimento mais lento já está enfraquecendo os argumentos em favor dos mercados abertos, dos quais a globalização depende. Desde a Grande Recessão, o comércio se reduziu muito. As medidas protecionistas se multiplicaram, à medida que os países buscaram proteger seus produtores. 4


Talvez os custos crescentes na China possam finalmente trazer um alívio aos trabalhadores americanos, que há 20 anos perdem terreno para o pool antes infinito de chineses de baixo custo. Mesmo assim, Richard Baldwin, do Instituto Graduado de Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra, disse que a convergência de renda movida pela industrialização acelerada da China e em alguns outros países, como Brasil e Índia, não deve parar no futuro próximo. Em 1988, a parcela da receita mundial dominada pelos países mais ricos chegou ao auge, em dois terços. Em 2010, tinha caído para metade. Para Baldwin, ela deve continuar a cair. É difícil encontrar dados que evidenciem a possibilidade de a globalização estar voltando atrás. Os fluxos de investimentos estrangeiros diretos no mundo continuam substancialmente abaixo do recorde de US$ 2 trilhões (R$ 4,96 trilhões) marcado em 2007. Mas em 2013 eles subiram 9%, para US$ 1,45 trilhões (R$ 3,6 trilhões), segundo dados da ONU. Mais de metade deles foram para países em desenvolvimento, e a China recebeu US$ 124 bilhões (R$ 308 bilhões), quase um recorde e 50% mais que seis anos atrás. Mesmo que os Estados Unidos atraiam uma parcela maior da manufatura global, é pouco provável que esse movimento traga muitos empregos bem pagos. James B. Rice Jr. e Francesco Stefanelli, do Massachusetts Instituteof Technology, analisaram 50 empresas que disseram estar trazendo empregos de volta. A maioria não tomou nenhuma medida. Rice disse: "Não achamos que isso ocorra de fato".

FMI reduz estimativas globais para 2014 e 2015 e vê recuperação fraca Fonte Jornal Valor Econômico Sergio Lamucci07/10/2014 às 10h 22 WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez pequenas reduções nas suas projeções de crescimento para a economia global em 2014 e 2015, destacando que há uma recuperação “fraca e desigual” em curso, marcada por diferenças acentuadas de desempenho entre os países. Para este ano, o Fundo cortou a estimativa dos 3,4% previstos em julho para 3,3%, baixando a do ano que vem de 4% para 3,8%. O FMI alerta para os riscos de um longo período de baixa expansão nos países avançados – a estagnação secular –e ressalta a necessidade de que, em grande parte dos países – desenvolvidos e emergentes -, medidas para elevar o PIB potencial devem ser prioridade. “As perspectivas de crescimento nos países avançados e nos emergentes mostram heterogeneidade considerável. Entre os países desenvolvidos, a expectativa é que a expansão ganhe força, mas é mais lenta na zona do euro e no Japão, e em geral mais rápida nos EUA e em outros lugares (como o Reino Unido). Entre os principais mercados emergentes, o crescimento deve continuar forte na Ásia, com uma modesta desaceleração na China e uma retomada na Índia, mas se mantendo contido no Brasil e na Rússia”, diz o FMI, no Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado n esta terça-feira. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, ressaltou que os números gerais “escondem evoluções muito diferentes”. Segundo o texto do discurso a ser feito na apresentação do relatório, divulgado com antecedência à imprensa, Blanchard afirmou que “alguns países se recuperaram ou quase se recuperaram”, enquanto “outros ainda estão lutando”. No centro da zona do euro, por exemplo, “a Alemanha vai bem, enquanto a França não vai tão bem”. A economia alemã deve crescer 1,4% neste ano e 1,5% no ano que vem, enquanto a francesa vai avançar 0,4% e 1%, pela ordem, segundo o FMI. Na periferia da união monetária, a Espanha tem um desempenho melhor que a Itália. O PIB espanhol pode avançar 1,3% neste ano, enquanto o italiano deve encolher 0,2%. 5


“Olhando ao redor do mundo, as economias estão sujeitas a duas forças principais. Uma proveniente do passado – países têm de lidar com os legados da crise financeira, indo do excesso de dívida ao desemprego elevado”, disse Blanchard. "Outro vem do futuro, ou mais precisamente, do futuro antecipado – as taxas de crescimento potencial estão sendo revisadas para baixo, e essas perspectivas piores estão por sua vez afetando a confiança, a demanda e o crescimento hoje.” As projeções para 2014 que sofreram os maiores cortes foram da zona do euro, de 1,1% para 0,8, do Japão, de 1,6% para 0,9%, e da América Latina, de 2% para 1,3%, com o Brasil sendo o destaque negativo, passando de 1,3% para 0,3%. O Fundo aponta alguns riscos à “frágil recuperação global”. Entre os imediatos e de curto prazo, estão eventuais aumentos das tensões geopolíticas, com repercussões sobre o mercado de commodities e a atividade. O cenário básico do FMI leva em conta uma recessão na Ucrânia e uma estagnação na Rússia neste ano, com impactos adversos em países da região e, em menor medida, em outros parceiros comerciais. A ideia é que esses efeitos vão gradualmente perder força em 2015. Se essa leve melhora não se materializar, o panorama central do Fundo pode ser afetado. “Outra fonte adicional importante de riscos geopolíticos são os acontecimentos no Oriente Médio, como no Iraque. Há também a ameaça de excessos financeiros nos mercados, que experimentam um período de alta de ações, queda de spreads e redução da volatilidade, alimentado por juros baixos por muito tempo, segundo o FMI. Segundo Blanchard, não se deve exagerar essas ameaças, mas as autoridades precisam ficar atentas. “Ferramentas macroprudenciais são os instrumentos corretos, mas é necessário considerar que elas podem não ser adequadas para a tarefa.” Uma alta mais rápida do que o esperado dos juros americanos pode eventualmente causar problemas. Entre os riscos de médio prazo, o FMI ressalta o de baixo crescimento potencial nas economias avançadas. Há crescente evidência de que ele começou a cair nos países avançados antes da crise, num cenário em que a produtividade tem avançado a taxas modestas nessas economias. O relatório lembra ainda que há a possibilidade, especialmente no caso do Japão e da zona do euro, de que haja um longo período de baixa expansão. Isso refletiria uma demanda persistentemente fraca do setor privado, que poderia se tornar estagnação. Nessa situação, algumas economias afetadas não seriam capazes de gerar a demanda necessária para restaurar o pleno emprego por meio de forças que normalmente levariam a uma autocorreção – é o risco da estagnação secular, apontado por economistas como o exsecretário do Tesouro Larry Summers. Há também a ameaça de menor crescimento potencial nos países emergentes. Nesse cenário, o FMI identifica uma necessidade geral e urgente de reformas estruturais para fortalecer a capacidade das economias avançadas e emergentes de avançar a taxas mais altas de modo sustentado. O desafio para os dois grupos de países, segundo Blanchard, é identificar quais mudanças específicas são as mais necessárias e politicamente factíveis, indo “além do mantra das reformas est ruturais”. “Talvez de modo mais geral, o desafio para as autoridades seja restabelecer a confiança, por meio de um plano claro para lidar tanto com os legados da crise quanto com as dificuldades do baixo crescimento potencial”, resumiu Blanchard.

FMI: EUA e Reino Unido estão bem melhor que Japão e zona do euro Fonte Jornal Valor Econômico Sergio Lamucci07/10/2014 às 15h 13 WASHINGTON - O cenário traçado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para as economias avançadas evidencia o contraste entre a situação dos EUA e do Reino Unido e a da zona do euro e do Japão. Os dois primeiros crescem a uma taxa melhor, enquanto os dois 6


últimos ainda têm muitas dificuldades para avançar a um ritmo razoável, especialmente a zona do euro. Para o grupo de países desenvolvidos, o Fundo manteve a estimativa de julho para o crescimento em 2014 em 1,8%, cortando a de 2015 de 2,4% para 2,3%. O FMI elevou de 1,7% para 2,2% a projeção de expansão do PIB dos EUA em 2014. Depois do tombo do primeiro trimestre, afetado pelo inverno rigoroso e por uma acumulação mais lenta de estoques, a economia americana cresceu a uma taxa anualizada de 4,2% no segundo trimestre. “A melhora na atividade no mercado imobiliário, o investimento não residencial mais forte e firmes aumentos do emprego sugerem que a recuperação está se tornando mais sustentável”, diz o relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira. Para 2015, a expectativa é de expansão de 3,1%, sem pressões sobre os preços. A força da economia nos próximos trimestres se sustenta em vários fatores, segundo o FMI: a perspectiva de melhora no mercado de trabalho, um melhor balanço financeiro das famílias, condições financeiras favoráveis, um mercado imobiliário mais saudável, investimento não residencial mais elevado e um menor peso do ajuste fiscal. No médio prazo, porém, as perspectivas seguem contidas, com o crescimento potencial estimado em apenas 2%, afetado pelo envelhecimento populacional e uma menor expansão da produtividade em relação às décadas anteriores. “Entre as economias avançadas, os EUA e o Reino Unido em especial estão deixando a crise financeira para trás e atingindo um crescimento decente. Mesmo para eles, contudo o crescimento potencial é menor do que no começo dos anos 2000”, disse o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, segundo o texto da apresentação do WEO. Para o Reino Unido, o Fundo estima avanço de 3,2% neste ano e de 2,7% no ano que vem. Zona do euro Para a zona do euro, o FMI projeta uma recuperação gradual, apoiada por uma redução do peso fiscal, uma política monetária acomodativa e uma melhora das condições de empréstimo. As perspectivas são muito desiguais entre os vários países da região, segundo o relatório. A Espanha retomou o crescimento, puxado pelo setor externo e por uma demanda doméstica mais forte, refletindo condições financeiras mais favoráveis e o aumento da confiança. O país deve ter uma expansão de 1,3% neste ano e de 1,7% no ano que vem. Já a economia italiana encolheu na primeira metade do ano, e só deve retornar ao terreno positivo em 2015. Para este ano, o FMI prevê queda de 0,2%. Para o ano que vem, a aposta é num crescimento de 0,8%. No caso da Alemanha, a estimativa para 2014 foi revisada de 1,9% para 1,4%, devido principalmente a uma retomada mais fraca da demanda doméstica. Apesar disso, Blanchard disse que a Alemanha “está indo bem”. Segundo ele, o crescimento na zona do euro quase parou no começo do ano, mesmo no centro da união monetária (que inclui países como Alemanha e França). “Embora isso reflita em parte fatores temporários, os dois legados (a dívida elevada e o alto desemprego), principalmente no sul, e o baixo crescimento potencial, em quase todos os lugares, desempenham um papel em desacelerar a retomada”, afirmou Blanchard. O FMI cortou a projeção de avanço do PIB da zona do euro para 2014 de 1,1% para 0,8% e para 2015 de 1,5% para 1,3%. Japão No caso do Japão, o Fundo diz que o padrão de crescimento neste ano foi afetado pelo aumento do imposto sobre consumo em abril. Ele impulsionou a atividade no primeiro trimestre, com os consumidores se antecipando à entra da em vigor do tributo, o que provocou um forte tombo no segundo. Com isso, o FMI baixou de 1,6% para 0,9% a estimativa para a expansão do PIB em 2014. “O Japão está crescendo, mas a elevada dívida pública herdada do passado e um crescimento potencial muito baixo à frente aumentam os desafios macroeconômicos e fiscais”, segundo Blanchard. 7


FMI: Maior demanda dos EUA deve compensar impacto da elevação do juro Fonte Jornal Valor Econômico Sergio Lamucci, Ana Luiza Farias* e Juliano Basile07/10/2014 às 15h23 WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que os juros básicos comecem a subir nos Estados Unidos em meados do ano que vem, avaliando que, para os emergentes, o efeito positivo do aumento da demanda americana tende a se sobrepor às consequências negativas geradas por taxas mais elevadas. “Nós acreditamos que o impacto geral será benéfico para os mercados emergentes”, afirmou o vice-diretor do departamento de pesquisa do FMI, Gian-Maria Milesi-Ferretti. Esse raciocínio vale para um cenário de que os juros subirão por causa do crescimento mais forte nos EUA, e não por algum excesso no mercado financeiro. Ele observou, porém, que as autoridades nesses países precisam estar prontas para lidar com eventuais solavancos na estrada no processo de normalização dos juros nos EUA. “O aumento das taxas pode ser mais rápido do que nós esperamos, com mais volatilidade do que ser observa atualmente”, disse Milesi-Ferretti. “Nesse cenário, um ambiente macroeconômico muito estável, um câmbio flexível para absorver choques e um arranjo muito crível de política macroeconômica continuam fatores cruciais para apoiar e se defender desses riscos externos”, afirmou ele. O economista falou na apresentação do Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), relatório com as previsões do FMI para a economia global. Nesta semana, o FMI realiza a sua reunião anual com o Banco Mundial, em Washington.

Clube Militar diz que Aécio pode "interromper sovietização do Brasil" Guilherme Serodio07/10/2014 às 15h 51 RIO - O Clube Militar, formado por oficiais da reserva, de perfil conservador, divulgou nesta terça-feira uma nota de apoio à candidatura de Aécio Neves (PSB) à presidência em que afirma que o tucano tem as credenciais para interromper “o projeto de poder representado pelo PT, em marcha acelerada para a sovietização do país”. Intitulada “O pensamento do Clube Militar: que futuro queremos?”, a nota é repleta de elogios a Aécio e ao PSDB, que “apesar de esquerda”, afasta o país “de uma possível mudança de regime que nos colocaria à margem da democracia”. Para o Clube, a vitória de Aécio possibilitaria “o importantíssimo desaparelhamento do Estado, hoje, executado em prol das intenções do PT”. Com uma retórica que lembra os tempos da Guerra Fria, a nota divide os eleitores entre “os que acreditam na democracia, na alternância dos partidos no poder, no primado da lei igual para todos (...) – enfim, os democratas” por um lado, e “os que desejam a permanência do estado de coisas atual”, estes atrelados “à origem comunista, (...) à teimosia obsessiva, arrogância e vaidosa visão messiânica de suas pessoas”. O Clube, que já havia declarado apoio a Aécio no primeiro turno, saúda o candidato por “sua resistência e recuperação, quando tudo parecia perdido”, em uma referência à perda de intenções de votos quando Marina Silva tornou-se a candidata do PSB. Ainda no primeiro turno, quando Aécio caia nas pesquisas, o Clube soltou outro comunicado em que afirmava que, frente à possibilidade de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), a candidatura de Marina era a melhor alternativa. 8


A mensagem do Clube Militar faz ainda uma referência ao decreto 8.243 proposto pelo governo para criar a Política Nacional de Participação Social, como uma porta para a criação de sovietes no Brasil. A proposta é classificada como “um eufemismo para a intensificação dos ataques à democracia e à liberdade”.

Sem terceira via, PT e PSDB disputam de novo o Planalto Fonte Jornal Valor Econômico07/10/2014 às 05h 00 A disputa presidencial volta ao seu leito comum das últimas duas décadas: tucanos enfrentarão os petistas no segundo turno. A presidente Dilma Rousseff ficou abaixo de sua votação na eleição de 2010 e obteve 43,26 milhões de votos, ou 41,59%. Aécio Neves, do PSDB, veio na disparada, ultrapassou Marina e atingiu 34,89 milhões de votos. Marina Silva ficou com 22,17 milhões de votos. Os candidatos de oposição reuniram 54,7% dos votos válidos. A matemática, no caso, indica apenas uma possibilidade. A favorita continua sendo Dilma Rousseff. Os meios da disputa tornam-se mais equitativos no segundo turno, com tempos iguais de televisão para os candidatos e sem a babel diversionista em que se transformou a propaganda de deputados federais e estaduais. Boa parte da força eleitoral de Aécio Neves depende agora do apoio e dos movimentos políticos de Marina Silva. Em sua despedida da campanha, já com os resultados das urnas, Marina indicou que não ficará neutra na disputa, como fez em 2010. Sua capacidade de transferir votos, porém, tem limites. A "terceira via" seduziu quem se desencantou de alguma forma com petistas e tucanos. E é natural que, sem esta opção, uma parte de seus eleitores escolha a centro-esquerda do PT. De antemão, e sem que o poder gravitacional da campanha do segundo turno tenha agido, é difícil quantificar os votos que Marina arrastará para Aécio. Mas contas simples indicam que a transferência precisa ser mais que substancial. Mantidos os mesmos números de votantes, de votos brancos, nulos e de abstenções, faltam a Aécio 17,11 milhões de votos para obter 50% mais um consagradores. Precisaria, dessa forma, atrair 78% dos votos da candidata do PSB. O mapa da polarização no primeiro turno, com Marina no páreo, é bem delineado. Com exceção de Pernambuco, o Norte e Nordeste é uma grande mancha vermelha, e deram a Dilma Rousseff uma vantagem de quase 10 milhões de votos sobre Aécio. Só Bahia e Ceará depositaram nela 5,3 milhões de votos a mais do que no candidato tucano. Aécio contratacou com grande margem no maior colégio eleitoral, São Paulo, e pôs 4,1 milhões de votos à frente de Dilma, completados por mais um milhão de votos de vantagem no Paraná e 800 mil em Santa Catarina. Entretanto, Dilma abriu uma fronteira eleitoral importante, simbólica e numericamente, ao ultrapassar Aécio em seu berço político, Minas Gerais, com 415 mil votos à frente. O PT elegeu o governador do Estado que o tucano administrou por dois mandatos e fez seu sucessor, Antonio Anastasia. A derrota mineira de Aécio terá um custo pesado, ao permitir que o PT domine o segundo colégio eleitoral do país, além de lhe retirar sua vitrine de gestor e propiciar um bordão à campanha petista, que passou a ser usado mal foram lacradas as urnas - quem o conhece bem, não vota nele. Como Norte e Nordeste se mostraram fortalezas inexpugnáveis do petismo, a batalha será travada nas maiores cidades do Sul e Sudeste. Ao candidato tucano é possível reduzir parte do dano em Minas, ampliar a margem em São Paulo e fazer melhor resultado no Rio Grande do Sul, onde o PMDB tomou a dianteira do PT no primeiro turno. Do lado do PT, há um arsenal conhecido contra os tucanos, que será abundantemente usado: pobres contra ricos, programas sociais contra elitismo etc. Marina, e Aécio em algum grau, conseguiram deixar Dilma vulnerável ao cativarem os estratos de 2 a 5 e 5 a 10 salários mínimos, onde se aninha parte da nova classe média surgida nos anos de prosperidade dos dois mandatos de Lula. A propaganda do medo usada pelo PT no primeiro turno e erros de Marina permitiram a Dilma recuperar seu apoio nesse terreno. 9


Dilma está na defensiva na economia e não tem, ou não quer, sinalizar mudanças no curto prazo. Os desatinos da política econômica não produziram até agora desemprego nem queda de renda que afetassem fortemente o bem-estar de vastas camadas da população - apesar da inflação. O PT carregará sua artilharia sobre um governo que saiu de cena em 2002, o de FHC, procurando restringir a discussão política ao passado e reduzindo o espaço propositivo de ambos, em prejuízo dos tucanos. A batalha mais difícil de Aécio ainda está à frente. Resta o espaço para surpresas, sempre aberto. As investigações sobre os enormes desvios de recursos na Petrobras pairam como nuvens negras sobre o Planalto.

Só falta testar o novo modelo para ferrovias Fonte Jornal Valor EconômicoLeonardo Ribeiro 07/10/2014 às 05h00 O novo modelo de exploração do transporte ferroviário de cargas brasileiro, o "open access", é uma mudança radical para o setor. Objeto de consideráveis críticas de fundo jurídico e econômico, ele vem passando por seguidos atrasos de cronograma para ser testado com novas concessões. Um passo importante, no entanto, foi dado no final do primeiro semestre com a regulação do Operador Ferroviário Independente (OFI), pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Pela Resolução ANTT 4.348/2014, para prestar o serviço de transporte de carga dissociado da exploração da infraestrutura, o OFI será habilitado por um título de autorização conferido pela agência. Essa autorização carrega algumas características especiais que podem ser assim sintetizadas: 1 - Sua obtenção depende exclusivamente do cumprimento de requisitos objetivos; 2 - Esses requisitos são passíveis de alteração unilateral pela ANTT, mas esta alteração não afeta autorizações em curso, apenas novos pedidos e renovações de autorizações já outorgadas; 3 - Inexiste espaço decisório discricionário para a ANTT conferir ou não a autorização ao particular solicitante, excepcionada a hipótese de inviabilidade operacional; 4 - Há direito a renovação periódica semiautomática, revelando um período assegurado entre quatro anos e quatro anos e meio de duração da autorização, conferindo alguma segurança aos investimentos do OFI; 5 - Inexiste hipótese de extinção discricionária do título habilitante; 6 - A transferência da autorização não depende da anuência prévia da ANTT, apenas do cumprimento dos requisitos objetivos indistintamente exigidos. O modelo ainda vigente no setor ferroviário começou a ser implantado por meio do processo de privatizações da década de 1990. Ele é denominado vertical ou concentrado, por acumular, no concessionário, não só as atividades de construção e manutenção da malha ferroviária como também o papel de operador - transportador de cargas - e de próprio usuário, enquanto proprietário da carga a ser transportada. Em que pese ter alcançado seus objetivos de desonerar o Estado e ampliar os investimentos nas ferrovias, a concentração de atividades em um mesmo agente jogou luzes sobre aspectos concorrenciais importantes. Vieram à tona questões de compartilhamento da infraestrutura como tráfego mútuo, direito de passagem e a tutela regulatória da relação entre concessionário e usuário dependente. Foi em resposta a essas questões que se optou por dar início ao desenho do novo modelo regulatório das ferrovias. O modelo em construção tem sido designado por horizontal ou "open access", uma vez que sua esquematização dissocia a construção, manutenção e exploração da infraestrutura, do transporte ferroviário de cargas. Com efeito, o propósito da mudança é possibilitar que diversos operadores atuem na mesma malha ferroviária, competindo entre si e produzindo, com isso, reflexos na modicidade das tarifas e maior eficiência logística. 10


Esse novo arranjo contará com a atuação das novas concessionárias horizontais, da Valec e dos OFIs, da seguinte forma: 1 - A concessionária horizontal deverá construir, manter, operar e gerir a malha ferroviária, ficando, no entanto, impedida de ser sua própria usuária; 2 - Figurando como interveniente ou anuente nos novos contratos de concessão, a Valec comprará a integral capacidade operacional das concessionárias horizontais, bem como a capacidade ociosa das concessionárias verticais, remunerando-as por isso; 3 - A Valec fará ofertas públicas da capacidade adquirida a OFIs, mediante a celebração de contratos de cessão onerosa de uso de capacidade de tráfego, contemplando o pagamento de Tarifas de Capacidade de Tráfego; 4 - Os OFIs celebrarão contratos de transporte com os usuários finais, mediante o pagamento de preço livre; 5 - E, em paralelo, os OFIs celebrarão contratos operacionais de transporte com as concessionárias, regulamentando as regras de acesso e utilização da infraestrutura ferroviária, mediante o pagamento de tarifa de fruição. A modelagem remuneratória conta, também, com a antecipação, pela Valec, de 15% de todos os investimentos em bens de capital a serem realizados pela concessionária na fase préoperacional. Esse adiantamento será abatido linearmente durante os anos operacionais da remuneração ordinária, desde que o concessionário cumpra o cronograma de execução física. Além disso, há a promessa de que BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal financiarão até 70% dos investimentos obrigatórios previstos no plano de negócios. A partir dessas linhas gerais, não é difícil entender que o novo modelo teve pelo menos três grandes preocupações. A primeira é a de quebrar o monopólio das concessionárias, no formato do modelo atual, fomentando a concorrência no setor. Em seguida, a de contornar o risco de demanda e a incerteza na receita do futuro concessionário, a fim de manter a atratividade das concessões para a iniciativa privada. E por fim, a de conferir provimento financeiro inicial que permita aliviar o concessionário durante a aplicação mais intensiva de capital na fase pré-operacional, envolvendo a aquisição de bens e a realização de obras. Acontece que, enquanto não sai do papel, o modelo de "open access" segue sendo apenas isso: uma mudança radical, complexa e ousada, cercada de incertezas e promessas de que o transporte ferroviário de cargas se tornará mais eficiente e assumirá maior importância na matriz logística nacional. Do ponto de vista jurídico, após a regulação do OFI, só falta testá-lo.

As palavras e as coisas do FMI Fonte Jornal Valor EconômicoLuiz Gonzaga Belluzzo 07/10/2014 às 0500 O economista Frank Hahn morreu em Cambridge, Inglaterra, em uma fria madrugada de janeiro de 2013. Hahn é reconhecido por seus escritos rigorosos e críticos sobre os temas e os problemas suscitados pelas Teorias do Equilíbrio Geral. Seus estudos se concentraram nas dificuldades de enfiar a moeda, por exemplo, nos modelos Arrow-Debreu. Convocado a opinar sobre os modelos DSGE (Modelos Dinâmicos Estocásticos de Equilíbrio Geral), Hahn fulminou: são modelos Mickey Mouse. O enredo é de desenho animado, divertido, mas inconsequente em suas fantasias. Hoje sacralizados em prestigiosas academias do planeta, os modelos Mickey Mouse predicam a "austeridade expansionista", cujas desgraças se espalham pelas terras da União Europeia. Na edição de outubro de 2014, o World Economic Outlook, publicação do Fundo Monetário Internacional, fugiu dos modelos Mickey Mouse, avaliou os benefícios do investimento público em uma conjuntura de baixo crescimento nos países centrais e deficiências na infraestrutura dos emergentes.

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Em seu segundo capítulo, a publicação semestral do Fundo Monetário cuida do investimento público como indutor da demanda agregada e de seu papel na irradiação de expectativas favoráveis à formação bruta de capital fixo no setor privado. O estudo do FMI procura demonstrar que o aumento do investimento público afeta a economia de duas maneiras. "No curto prazo, impulsiona a demanda agregada mediante a operação do 'multiplicador fiscal', incitando o investimento privado (crawding in), dada a forte complementariedade ensejada pelo investimento em serviços de infraestrutura. No longo prazo, há um efeito sobre a oferta, na medida que a capacidade produtiva se eleva com a construção do novo estoque de capital". O texto prossegue em sua avaliação das consequências do investimento público sobre o produto potencial. Afirma que o gasto autônomo do Estado em uma economia com capacidade ociosa ou carência de infraestrutura pode determinar a evolução favorável da relação dívida/PIB no médio e no longo prazo. Dependendo do "multiplicador fiscal" de curto prazo, da eficiência microeconômica dos projetos e da "elasticidade do produto", o novo investimento pode levar a uma queda da relação dívida/PIB. O leitor atilado há de perceber que esses fatores conformam a capacidade de resposta do gasto privado aos estímulos do dispêndio "autônomo" do governo. Reminiscências keynesianas. O investimento em infraestrutura executado ou organizado pelo setor público não concorre com o investimento privado, mas, ao contrário, serve como indutor ou o complementa. Desde o imediato pós-guerra, o exame da trajetória das economias emergentes confirma que o bom desempenho do investimento público foi crucial para a obtenção de taxas de crescimento elevadas. Nas economias industriais modernas, o investimento público desempenha uma inarredável função coordenadora das expectativas do setor privado. A experiência internacional, sobretudo a dos países asiáticos, demonstra a existência de interações virtuosas entre o investimento em infraestrutura, expansão industrial, emprego e crescimento. Esses países executaram estratégias de "exportledgrowth" com câmbio competitivo, fortes incentivos e duras exigências de desempenho impostas pelo Estado (intervencionismo!) para estimular o investimento privado. A conjugação de esforços entre o setor público e o setor privado organizado sob forma de grandes empresas permitiu durante muitas décadas a manutenção de taxas de investimento e de crescimento econômico elevadas. Na China, o exuberante desempenho da economia brota do circuito virtuoso: expansão do crédito - investimento público em infraestrutura; aumento da produtividade com ganhos de escala; geração de saldos comerciais; elevação dos lucros e liquidação de dívidas. No Brasil, a retomada do crescimento vai depender da capacidade do Estado de exercer sua função indelegável no estágio atual do capitalismo contemporâneo: coordenar as decisões privadas mediante a elevação substancial do investimento público em infraestrutura com o devido cuidado para garantir a difusão dos efeitos pelos diversos setores industriais que produzem e dão empregos. As condições atuais da economia mundial provavelmente vão dificultar novas experiências de crescimento puxado pelas exportações, o que não significa o abandono dos projetos voltados para uma maior participação do Brasil nas cadeias globais de formação de valor. Essa integração às cadeias globais vai certamente exigir políticas comerciais distintas daquelas executadas nos anos do nacional-desenvolvimentismo. A ênfase, agora, deve ser colocada na busca de construção de nichos que acentuem nossas vantagens dinâmicas apoiadas em programas de inovação, sobretudo os articulados ao agronegócio, aos investimentos do pré-sal e às novas fontes de energia renovável. Estes programas têm o potencial de compor os interesses públicos e privados e, assim, reanimar as avaliações empresariais de médio e longo prazo que guiam os investimentos das empresas. Ademais, a demanda gerada pelos gastos daí decorrentes devem irrigar setores importantes da indústria de transformação e o modelo de partilha do pré-sal pode contribuir 12


para uma perspectiva muito mais favorável no médio prazo para a melhoria da situação fiscal e do balanço de pagamentos. O que está em juízo é a capacidade do gasto público em despertar os espíritos animais dos empresários e, assim, recolocar a economia na trajetória do crescimento. O multiplicador keynesiano supõe uma animada disposição do setor privado de sair dos confortos da liquidez para arriscar a pele na geração de empregos e de nova capacidade produtiva.

Intenção de compra no varejo para 4º trimestre é a menor desde 2006 Fonte Jornal Valor EconômicoTatiane Bortolozi07/10/2014 às 13h 01 SÃO PAULO - O aumento da preocupação das famílias com a inadimplência, os juros altos e a inflação levou a intenção de compra dos paulistanos no quarto trimestre para o menor nível em oito anos, aponta pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo, da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA) em parceria com a Felisoni Consultores Associados. Segundo o estudo, 40,4% dos entrevistados pretendem adquirir bens duráveis entre outubro e dezembro, período que inclui o Dia das Crianças e o Natal. Há um recuo de 6,4 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Segundo o presidente do conselho do Provar/FIA, Claudio Felisoni, os fatores macroeconômicos representam os principais obstáculos em um ano de forte desaceleração do consumo. O especialista cita a inadimplência, o avanço dos juros e a inflação. Segundo o levantamento, a intenção de uso de crediário diminuiu em 4,9 pontos percentuais, para 63,4%. A pesquisa, feita com 500 consumidores da cidade de São Paulo, aponta a intenção de compra e de gastos com produtos de 13 categorias, de eletroeletrônicos a móveis e eletroportáteis. Entre os itens que serão mais adquiridos no quarto trimestre estão itens de vestuário, viagens e turismo e eletrônicos. No terceiro trimestre, a intenção de compra ficou em 46,6%, inferior em 6,2 pontos percentuais a igual período de 2013. Entre as variações positivas esperadas nos gastos no último trimestre do ano, na comparação com os três meses anteriores, destaque para imóveis, automóveis e autos. As maiores variações negativas ficaram com eletroportáteis e cama, mesa e banho. As intenções de compra pela internet ficaram em 85,5%, 0,8 ponto percentual abaixo do trimestre anterior e 4,8 pontos percentuais abaixo de um ano antes.

Mercado financeiro eleva projeção para dólar no fim do ano Fonte Jornal Valor EconômicoAna Conceição de São Paulo 07/10/2014 às 05h 00 Os analistas do mercado financeiro elevaram suas estimativas para o dólar e para a inflação em 2014, ao mesmo tempo em que voltaram a reduzir a aposta para o crescimento da economia, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, divulgado ontem. Após semanas de alta do dólar, o Focus passou a refletir de modo mais contundente o novo patamar do câmbio, embora ontem o dólar tenha recuado, reagindo ao resultado do primeiro turno da eleição para presidente da República. A mediana das previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano subiu de 6,31% para 6,32% e a projeção para o indicador em 12 meses saiu de 6,33% para 6,38%. Também aumentou a expectativa para o IPCA de setembro, de 0,43% para 0,44%, que será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A projeção para 2015 seguiu em 6,3%. 13


Após semanas em alta, o câmbio tem sido considerado um importante risco para a trajetória da inflação, apesar da queda das commodities agrícolas e da demanda interna mais fraca. No boletim Focus, a mediana das projeções para o dólar ao fim de 2014 subiu de R$ 2,35 para R$ 2,40 e, para o fim de 2015, de R$ 2,45 para R$ 2,50. Ontem, com a reação do mercado à votação maior que a esperada do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB), a moeda americana chegou a cair 4%, para menos de R$ 2,40. O patamar do dólar, contudo, segue mais alto que os R$ 2,25 do fechamento de agosto, antes de disparar 9% em setembro, devido à incerteza eleitoral, à expectativa de normalização da política monetária americana e à desaceleração na economia chinesa, fatores que ainda persistem. Apesar da inflação mais alta, os analistas não veem mudança nos juros este ano e acreditam que a taxa Selic vai seguir nos atuais 11%. Apenas em 2015 haveria um aperto monetário. Eles veem a taxa básica em 11,88% ao fim do próximo ano, uma aposta mais alta que a de 11,38% da semana anterior. Entre os analistas do grupo Top 5 - aqueles que mais acertam as previsões - tudo ficou igual. A mediana de médio prazo para o IPCA seguiu em 6,31% e 6,40% e a da taxa Selic em 11% e 12%, em 2014 e 2015, respectivamente. Enquanto isso, a expectativa do mercado para o crescimento da economia e para o desempenho da indústria continua se deteriorando. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das estimativas do Focus caiu de 0,29% para 0,24%. Foi a 19ª revisão consecutiva para baixo. Para 2015, a projeção passou de 1,01% para 1%. Nas projeções para a indústria, a mediana para este ano saiu de queda de 1,95% para contração de 2,14%. Para o ano que vem, saiu de alta de 1,50% para avanço de 1,4%. Na semana passada, o IBGE informou que a produção industrial de agosto aumentou 0,7%, número acima da expectativa média do mercado. Em julho, o setor apresentou crescimento também de 0,7%. Apesar disso, analistas não viram nesse desempenho um indicativo de recuperação, já que o aumento foi creditado a uma base de comparação baixa. Antes de voltar a subir em julho, a indústria vinha de perdas em quatro meses consecutivos, quando acumulou queda de 3,4% na produção.

Mercado vive euforia, mas gestores sugerem cautela Fonte Jornal Valor EconômicoTéo Takar, Silvia Rosa, Antonio Perez, Luciana Seabra e Alessandra Bellotto de São Paulo 07/10/2014 às 05h00 Quando a bolsa fechou na sexta-feira, pouca gente acreditava que Aécio Neves (PDSB) pudesse disputar o segundo turno das eleições presidenciais - a favorita para enfrentar Dilma Rousseff (PT) era Marina Silva (PSB). Ontem, o mercado reagiu com euforia à surpresa, comprou ações, especialmente do "kit eleição", constituído basicamente por bancos e estatais, como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. E vendeu dólar. Com isso, a bolsa chegou a subir 7,99% em seu melhor momento e fechou em alta de 4,72%. O dólar se afastou do nível psicológico de R$ 2,50 e fechou a R$ 2,42, o que provocou queda nas ações de algumas empresas exportadoras. A euforia não seria exagerada? O Valor fez essa pergunta a grandes gestores de investimentos e a resposta da maioria foi cautelosa. Mais afeitos ao longo prazo e atentos ao cenário ainda binário, os gestores preferem apostar em ações que se beneficiam de um eventual governo Aécio, mas que também têm fundamentos próprios positivos, e evitam vencimentos muito distantes em juros, mais sujeitos à volatilidade. Para o câmbio, alertam que a tendência estrutural é de alta, ainda que haja alívio imediato por conta da disputa eleitoral. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, espera três semanas de intensa volatilidade até o segundo turno, no dia 26. A questão, diz ele, é saber se as propostas de Aécio atenderão às expectativas do mercado. Independentemente do cenário que se desenhar, até o fim da campanha o investidor estrangeiro de longo prazo vai ficar na retranca, 14


prevê o estrategista-chefe para mercados emergentes do banco Brown Brothers Harriman, Ilan Solot.

A política monetária do Fed deu certo? Fonte Martin Wolf Financial Times 07/10/2014 às 05h00 Desde 2008, o balanço do Fed (banco central dos EUA) cresceu US$ 3,5 trilhões, para perto de 25% do PIB americano. Acredita-se que neste mês o Fed deverá pôr fim a seus experimentos com [diferentes] políticas, em particular o "alívio quantitativo" (QE, em inglês), que produziram esse resultado. O QE é controvertido. Afinal, o que foi que o Fed e outros bancos centrais fizeram? Tiveram êxito? Que problemas isso deixará como legado? O QE provou ser um instrumento útil em condições de desaquecimento econômico. Essa é a visão da maioria das autoridades governamentais e de acadêmicos. Essa opinião não é compartilhada universalmente: é impossível um acordo total sobre políticas.

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