08 de abril de 2015

Page 1

SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 08 DE ABRIL DE 2015

FAÇA PARTE DESSE TIME ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR)

1


Inflação oficial acelera em março e atinge maior taxa para o mês em 20 anos FONTE JORNAL O GLOBO MARCELLO CORRÊA08/04/2015 ÀS 10H 51

RIO - A inflação brasileira acelerou para 1,32% em março, informou o IBGE nesta quarta-feira, a maior para o mês desde 1995 menos de um ano após a implantação do real, em julho de 1994 e quando atingiu 1,55%. Considerando todos os meses, é o maior índice desde fevereiro de 2003, quando chegou a 1,57%. No trimestre, a taxa está em 3,83%, a maior para o período desde 2003, quando foi de 5,13%.

No acumulado em 12 meses, o IPCA, índice oficial, já avança 8,13%, bem acima do teto da meta do governo, de 6,5%, e a maior desde dezembro de 2003(9,3%). No acumulado em 12 meses até fevereiro, o IPCA registrava alta de 7,7%. Em fevereiro, o IPCA havia ficado em 1,22%.

Para a coordenadora de preços do IBGE, Eulina Nunes, apesar da força na inflação do primeiro trimestre, as características deste início de ano são bem diferentes das observadas em 2003, quando o dólar foi a principal influência, principalmente por causa da instabilidade provocada pelo ano eleitoral. Apesar da alta do dólar registrada no início do ano, o câmbio ainda não é a influência principal sobre os preços.

A característica do primeiro trimestre de 2003 tem pontos comuns com o desse ano, mas o perfil é diferenciado. Naquela época, foi uma mega desvalorização do real que influenciou os preços, por conta da instabilidade das eleições. A diferença é que lá, entre 2002 e 2003, esse peso do dólar foi bem maior, se fez muito mais evidente. A maior parte dos 5,13% do primeiro trimestre de 2003 se deveu ao dólar. Com aumento médio de 22,08%, a conta de luz mais cara foi responsável por mais da metade do IPCA de março. O item energia elétrica representou 53,79% do IPCA, com impacto de 0,71 ponto percentual. O IBGE explicou que o resultado foi influenciado pelos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica a partir de 2 de março. Além disso, destacou a alta de 83,33% sobre o valor da bandeira tarifária vermelha, que passou de R$ 3 para R$ 5,50.

2


Com a alta da energia, os gastos com habitação registraram o maior avanço entre os grupos pesquisados pelo IBGE, com alta de 5,29%. Também influenciou o aumento da mão de obra para pequenos reparos, cuja taxa foi de 1,25%, e do condomínio, que subiu 0,96%. Depois do grupo habitação, o maior impacto do mês foi dos preços de alimentação e bebidas, que subiram 1,17%, com peso de 0,29 ponto percentual. Juntos, os grupos de alimentação e habitação responderam por nada menos que 81,82% do IPCA do mês passado. Considerando apenas as altas de preços de alimentos, a maior inflação foi da cebola, cujo preço subiu 15,1% no mês. Também pressionaram o grupo de despesas os reajustes do ovo de galinha (12,75%), e o alho (7,66%). Principal impacto do IPCA de fevereiro, a gasolina registrou alta de 1,26% em março. A taxa é bem menor que a do mês anterior, quando o item havia tido alta de 8,42%, mas ainda reflete parte do aumento nas alíquotas de PIS-Cofins sobre o combustível, em vigor desde o início de fevereiro. No trimestre, o produto tem alta acumulada de 9,8% e, considerando os últimos 12 meses, avança 11,49%. Também influenciam a categoria o impacto de alguns reajustes nas tarifas de ônibus urbano, levando a inflação desse serviço a 0,85%, uma desaceleração frente à alta de 2,73% de fevereiro. Apesar de boa parte desses aumentos ter se concentrado no início do ano, o item continua pressionado por reajustes autorizados mais recentemente, como o de Goiânia, que aumentou a passagem de ônibus em 17,85% em 16 de fevereiro, e Porto Alegre, que só elevou a tarifa (10,85%) em 22 de fevereiro. Com menores altas da gasolina e de ônibus urbano, a inflação do grupo transportes foi menor, avançando 0,46%, após ter ficado em 2,2% em fevereiro. Na taxa acumulada do trimestre, no entanto, o grupo ainda registra alta acima da média, de 4,55%. Apesar da aceleração, o índice ficou abaixo da expectativa de analistas do mercado financeiro era que o indicador chegasse a 1,4% no mês, segundo pesquisa do Banco Central com cerca de 100 economistas. Nas últimas semanas, especialistas têm estado cada vez mais pessimistas para o cenário da alta de preços neste ano. A mediana das projeções do boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, já está em 8,2%, segundo os dados mais recentes, de segunda-feira. Foi a 14ª revisão para cima das estimativas. Para 2016, no entanto, a expectativa é de desaceleração da alta de preços para 5,6%.

Nuclear e pacífico Fonte Jornal Folha de São Paulo 08/04/2015 EDITORIAIS editoriais@uol.com.br Anunciado na quinta-feira (2), o acordo nuclear entre Irã, Estados Unidos e mais cinco potências globais merece ser classificado como "histórico", como fez o presidente americano Barack Obama. O documento, cuja meta é afastar Teerã do desenvolvimento da bomba atômica, poderá encerrar de modo pacífico um dos maiores focos de tensão do Oriente Médio e alterar de modo expressivo a geopolítica da região. Verdade que o pacto ainda é preliminar, com vários itens a serem definidos até a assinatura do texto final, marcada para junho. Mas o otimismo se apoia em especial no resultado das negociações na Suíça: os termos acertados foram além do que se esperava, tanto nos detalhes como no alcance. Os dispositivos do tratado buscam assegurar que o Irã persiga apenas fins pacíficos com seu programa nuclear. Além disso, tentam garantir que, caso o país trapaceie, demore no mínimo um ano para desenvolver a bomba, tempo que a comunidade internacional teria para adotar ações preventivas. O governo iraniano aceitou cortar em cerca de dois terços o número de suas centrífugas. Com um número menor desses aparelhos utilizados para enriquecer urânio, o país terá muito menos capacidade de produzir o combustível que alimenta uma arma nuclear.

3


O Irã, ademais, se comprometeu a, nos próximos 15 anos, enriquecer o urânio até 3,67%, concentração suficiente para produzir energia, mas bastante abaixo do necessário para uma bomba (90%). Pelo acordo, também serão desmantelados complexos atômicos e instituído um rigoroso monitoramento internacional por 25 anos. Em troca do cumprimento dessas diretrizes, EUA, União Europeia e ONU retirarão de forma gradual as sanções impostas ao Irã, normalizando suas relações com a comunidade internacional e reintegrando-o à economia global. Obama mostra-se determinado a fazer deste um de seus principais legados na política externa. Para isso, contudo, terá de superar a oposição do Partido Republicano disposto a criar empecilhos à derrubada das sanções pelo Congresso americano e de Israel. O mais importante aliado dos EUA no Oriente Médio sustenta que o pacto não elimina a ameaça nuclear iraniana. Talvez temendo o provável rearranjo de forças na região, o primeiroministro israelense, Binyamin Netanyahu, articula-se para minar o acordo. A despeito das resistências e do muito que ainda precisa ser feito, o passo decisivo está dado numa das áreas mais conturbadas do planeta. Uma demonstração alvissareira de que os canais diplomáticos e os fóruns multilaterais não foram desacreditados pelos numerosos conflitos das últimas décadas.

Investir na mudança Fonte Jornal Folha de São Paulo 08/04/2015 EDITORIAIS editoriais@uol.com.br Além do descalabro nas contas públicas, talvez o principal legado da política econômica da presidente Dilma Rousseff (PT) em seu primeiro mandato seja a deterioração do ambiente de negócios no país, traduzido em termos concretos pela redução dos investimentos. O quadro agrava-se neste ano com a recessão, o aperto nos gastos do governo e a paralisia de diversas construtoras e estatais envolvidas em escândalos de corrupção. Sabia-se há anos que a expansão do consumo encontraria seus limites; que seria necessário criar condições para que os investimentos, sobretudo na infraestrutura, tivessem maior protagonismo no desenvolvimento do país. O governo, porém, gastou muito tempo tentando restringir artificialmente a rentabilidade das concessões de rodovias, ferrovias e portos. Para piorar, perdeu-se na barafunda de órgãos públicos envolvidos com um assunto complexo e regulado por normas ineficientes. Tornaram-se regra os relatos de obras iniciadas sem projeto de engenharia, porta aberta para a corrupção, por meio de aditivos contratuais e ajustes emergenciais --e estes, por sua vez, terminam contestados pelos órgãos de controle. O investimento, obviamente, não deslanchou. Patina há anos em torno de 20% do PIB, quando seria necessário ao menos 25% para o país crescer a um ritmo razoável. Não será fácil mudar essa tendência na atual conjuntura econômica. Para começar, o investimento público é carta fora do baralho. As despesas da administração federal direta com infraestrutura e equipamentos caíram 31,3% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período de 2014, enquanto os investimentos das estatais recuaram 23,7%. Os governos estaduais agem da mesma forma --em São Paulo, a retração chega a 17,1%. Reavivar o interesse do setor privado constitui desafio à parte. Além de acertar a política econômica, tarefa que apenas se inicia, é urgente relançar a agenda de concessões em novas bases. As condições para o sucesso são conhecidas: maior protagonismo do setor privado, fim do aparelhamento partidário nas agências reguladoras, organização racional das etapas de licenciamento, exigência de projetos detalhados etc.

4


O governo, entretanto, ainda não demonstrou competência para enfrentar o problema. Talvez as adversidades forcem uma atitude que de outra forma não existiria. Mesmo no melhor cenário, infelizmente, não se deve contar com melhoras palpáveis antes de 2016.

Economistas Fonte Jornal Folha de São Paulo 08/04/2015 Há um claro exagero na afirmação de que o desenvolvimento econômico depende basicamente da política microeconômica. Bastaria fornecer aos agentes a oportunidade de operarem livremente num ambiente de mercados bem regulados e que funcionem com estímulos adequados para que o crescimento econômico (a produtividade da mão de obra) seja maximizado. A demonstração dessa proposição é uma joia lógica. Na prática, deixa muito a desejar pelas fantásticas condições econômicas necessárias para obtê-la. Isso para não falar das condições implícitas sobre a estrutura política e de poder de qualquer sociedade concreta. Ainda que a "receita" genérica possa ser parcialmente aceita para uma sociedade onde a eficiência econômica seja compatível com relativa independência e razoável igualdade, não é possível dispensar a macroeconomia. As questões da moeda (que é uma instituição social que condiciona o comportamento dos agentes), do crédito que liga o futuro opaco ao presente, da taxa de juro que é a "ponte" entre eles e do sistema financeiro podem acrescentar ainda mais instabilidade a um sistema produtivo que já tem em si um desequilíbrio permanente. É o reconhecimento da enorme complexidade das inter-relações entre os cidadãos na sua atividade econômica que dá relevância ao economista e torna-o um cientista social "perigoso", se ele não incorporar a diversidade de pontos de vista sobre os problemas. Se é verdade, como disse John Dewey ("The Publicand Its Problems", 1927), "que toda ciência do homem deve preocupar-se dos seus efeitos sociais", então nada se compara aos estragos que podem produzir as políticas econômicas inspiradas apenas no pensamento único (sempre ideológico) que dispensa a observação empírica sistemática e cuidadosa. Um sociólogo, um antropólogo, um psicólogo ou um historiador "certos" são aplaudidos e reverenciados por seus pares. "Errados", estimulam ainda mais a pesquisa. Sempre melhoram o entendimento do mundo sem ganhos ou prejuízos de monta. Com o economista o resultado é outro. Suas ideias (estejam certas ou erradas) acabam determinando as políticas econômica e social dos governos: beneficiam ou prejudicam desigualmente milhões de cidadãos! É por isso que é preciso alargar o estudo da economia para inseri-lo num modelo em que a eficiência econômica é submetida ao controle do continuado aumento da relativa igualdade de oportunidades. Isso exige, como temos insistido, a integração das contribuições dos neoclássicos, dos keynesianos e dos marxistas na prática da política econômica.

O preço político das sanções à Venezuela Fonte Jornal Folha de São Paulo 08/04/2015 A última Cúpula das Américas, em Cartagena, na Colômbia, em 2012, foi um desastre para o presidente Barack Obama. Houve escândalos entre agentes do serviço secreto americano e profissionais do sexo, uma rebelião do sul contra a fracassada "guerra às drogas" americana e, sobretudo, oposição unânime ao embargo dos EUA a Cuba. O sinal mais decisivo de que não era apenas um caso de os suspeitos de sempre causando problemas foi o aviso dado pelo presidente Manuel Santos, da Colômbia --um dos poucos "amigos" de Washington na região--, de que não haveria outra cúpula sem Cuba.

5


No ano passado, Barack Obama ofereceu um presente de Natal surpresa aos seus vizinhos do sul: depois de mais de meio século de agressão contra Cuba, ele finalmente começaria a normalizar as relações. Bem-vindos ao século 21! Embora republicanos jihadistas e neoconservadores tentem adiar o processo no Congresso, a Casa Branca expressou publicamente a esperança de que houvesse pelo menos embaixadas abertas nos dois países antes da cúpula de 10 de abril. Mas o que Deus dá com uma mão, ele tira com a outra. Em 9 de março a Casa Branca declarou "emergência nacional" devido à "extraordinária ameaça à segurança nacional" representada pela Venezuela. A administração Obama tentou minimizar a linguagem empregada, descrevendo-a como mera formalidade, mas o mundo sabe que esse tipo de linguagem ameaçadora e as sanções que a acompanham podem ser bastante prejudiciais à saúde do país designado. No passado, houve ocasiões em que até foram seguidas de ações militares. Fato mais alarmante, no caso atual, foi que em uma audiência no Senado, em 17 de março, Alex Lee, do Departamento de Estado, declarou que as sanções atuais são apenas "a primeira saraivada" contra a Venezuela. É claro que o mundo fora de Washington sabe que as sanções não guardam relação alguma com as supostas violações dos direitos humanos na Venezuela. Mas as sanções também deixaram claro que a abertura do presidente Obama não representou nenhuma mudança na estratégia de Washington para a região: a intenção de ampliar as relações comerciais e diplomáticas visou apenas propiciar uma estratégia mais eficaz de enfraquecimento do governo cubano --e de todos os governos de esquerda na região. Isso inclui o Brasil, onde, em 2005, o Departamento de Estado dos Estados Unidos financiou esforços para enfraquecer o governo petista, segundo documentos do próprio governo norteamericano. Representantes do Brasil, do México, da Colômbia, da Argentina e quase todos os países das Américas manifestaram-se contra as sanções na OEA (Organização dos Estados Americanos). A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações SulAmericanas (Unasul), por exemplo, pediram a sua revogação. O governo cubano também respondeu com força, jogando por terra as esperanças de algum acordo antes da próxima cúpula, à qual Obama irá de mãos abanando após essa iniciativa mal pensada. Esperemos que o Brasil e que todos os outros países presentes à Cúpula das Américas, nesta sexta-feira (10) e sábado (11) no Panamá deixe claro que esse tipo de comportamento de "Estado fora da lei", com sanções unilaterais que violam a Carta da OEA, não será tolerado.

PIB global pode ter anos de fraqueza, afirma FMI Fonte DO "FINANCIAL TIMES" 08/04/2015 A maioria das principais economias do planeta deveria se preparar para um período prolongado de crescimento mais baixo, o que pode dificultar para governos e companhias a tarefa de reduzir seu nível de endividamento, afirmou o FMI (Fundo Monetário Internacional). O alerta do Fundo faz despertar novamente os temores de que a economia mundial esteja enfrentando um período prolongado de baixo crescimento, fenômeno que é chamado por alguns economistas de "estagnação secular". A constatação do FMI, incluída em relatório semestral, significa que os padrões de vida, especialmente nos países em desenvolvimento, podem melhorar mais devagar do que antes de 2008. Segundo o relatório, a crise financeira mundial pode ter reduzido permanentemente o potencial de expansão das economias, em lugar de ter exercido apenas efeito passageiro. 6


O FMI afirma que a desaceleração no crescimento do potencial de produção --ou seja, o nível de produção compatível com inflação estável-- tem raízes muito anteriores à crise de 2008 e inclui o envelhecimento da população e a desaceleração no ritmo de expansão da produtividade nos emergentes. A China, especialmente, pode ver forte contração em seu potencial de produção, à medida que tenta alterar o equilíbrio de sua economia, enfatizando mais o consumo do que o investimento. O crescimento do potencial de produção dos países ricos será de 1,6% ao ano entre 2015 e 2020, prevê o FMI. É um nível marginalmente superior à expansão média dos seis anos anteriores, mas significativamente inferior ao ritmo de crescimento anterior à crise, quando o potencial de produção se expandia em 2,25% ao ano. Nos mercados emergentes, o ritmo de desaceleração do crescimento deve ser ainda mais agudo. O potencial de produção, que continuou a se expandir nos anos que precederam a crise, deve cair dos 6,5% anuais registrados entre 2008 e 2014 para 5,2% nos próximos cinco anos. Tamanha queda no potencial de crescimento das economias terá consequências para os governos de países ricos, que enfrentarão dificuldade para reduzir as dívidas acumuladas durante a crise. E significa que os mercados emergentes terão dificuldade para reconstruir seus superavit orçamentários, essenciais para a elevação dos gastos do governo e o corte de impostos em caso de futuras desacelerações. Além disso, as constatações têm implicações para os bancos centrais, que podem ter menos espaço para relaxar a política monetária caso surjam futuras crises.

De pesos e medidas Fonte Jornal Folha de São Paulo 08/04/2015 Na semana passada, fui convidado a debater a tese do governo, que atribui o mau desempenho da economia brasileira à desaceleração global. Obviamente discordo desse diagnóstico, e os 18 leitores já foram submetidos mais de uma vez ao tema. Podem, porém, ficar aliviados, porque não pretendo tratar do assunto mais uma vez. A discussão, contudo, fez-me pensar acerca dos argumentos que são normalmente utilizados pelo governo e por seus partidários, em particular o pouco respeito que costumam reservar à coerência e à consistência interna. Parece um pouco abstrato, mas, se me derem um tanto de crédito, acredito que a questão se elucida em um parágrafo ou dois. Tome-se, por exemplo, a tese da desaceleração doméstica versus o crescimento mundial. Indepen- dentemente de sabermos se hou- ve, ou não, menor expansão global que possa explicar nosso fraco desempenho recente (não houve, caso queiram saber), será que os proponentes da tese estariam dispostos a defendê-la em circunstâncias distintas? Em particular, governo e partidários admitiriam que o crescimento observado no período 2003-2010 resultaria do impulso global ou insistiriam que decorreu da liderança inspirada do presidente Lula durante seu governo? A pergunta é retórica, claro, pois já sabemos que a resposta é a segunda alternativa. Isso dito, se creem que o crescimento do país lá atrás resultou de seus acertos, como seria agora possível argumentar que a desaceleração vem de fora, e não dos erros de política econômica? Eu ganho, nós empatamos e vocês perdem? Também na questão inflacionária a assimetria impera. Assim, hoje o BC atribui a aceleração e a persistência da inflação à "mudança de preços relativos", apelido do aumento de preços administrados e da desvalorização da moeda.

7


Todavia, quando a variação de preços administrados caiu a 3,6% (em 2012) e a 1,5% (em 2013), o BC não veio a público externar sua preocupação com uma inflação ainda na casa dos 6% ao ano, apesar da ajuda extraordinária dos preços administrados. Pelo contrário, comemorou que a variação do IPCA não havia ultrapassado o limite de 6,5%. Diga-se, aliás, que a assimetria de análise do BC não se limita ao comportamento dos preços administrados. Ao dólar mais caro se atribui a inflação mais elevada, mas, ao mesmo tempo, o BC sugere que, no futuro, o repasse do dólar para a inflação será menor. Portanto, para o BC, o dólar caro é causa da inflação passada, mas, de alguma forma, não fará rodar os moinhos da inflação futura... E, para não afirmarem que foco exclusivamente o governo, aproveito o ensejo para lembrar artigo de Yoshiaki Nakano em que o autor afirmava: "Numa política monetária (sic) de metas de inflação, é muito mais razoável considerar as taxas médias dos últimos três meses como medida de inflação do que a taxa acumulada de inflação dos últimos 12 meses, como faz o Banco Central do Brasil". Dado que a inflação do primeiro trimestre deste ano deve ficar em torno de 1,3% ao mês (algo como 17% ao ano!), procuro fervorosamente artigos de Nakano que demonstrem alguma apreensão com o ritmo de aumento de preços, da mesma forma que argumentava que a inflação anualizada dos três meses terminados em julho de 2014 já estava abaixo da meta. Não se preocupem, porém, pois não cheguei (nem chegarei) a perder o sono por não ter encontrado nenhuma palavra dele a esse respeito. A isso se somam todos os que defenderam incondicionalmente a política econômica em vigor nos últimos anos e que agora posam de críticos ferozes, numa tentativa desajeitada de se distanciar do fracasso. Não haveria, num mundo ideal, condições para essas instâncias de desonestidade intelectual. Como não é nele que vivemos, porém, resta apontar as incoerências e as inconsistências, na vã esperança de que, da próxima vez, ao menos passem a pensar com mais cuidado nas consequências lógicas das suas próprias "análises".

Começam os alertas de fim da TV analógica Fonte Jornal Folha de São Paulo JÚLIA BORBADE BRASÍLIA 08/04/2015 O desligamento da TV analógica e o início da transmissão exclusiva dos canais de TV aberta no modelo digital começam em novembro. Inicialmente, apenas a cidade de Rio Verde (GO) será afetada. Ela foi a escolhida pelo governo federal como piloto para a alteração. O cronograma fixado pelo Ministério das Comunicações prevê que o processo ocorrerá gradualmente entre 2016 e 2018 em todo país. De abril a novembro de 2016, por exemplo, capitais como Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Rio entrarão na lista --nessa ordem. A partir de hoje, moradores das cidades que estão nesse primeiro bloco, que compreende o Distrito Federal e outras 11 cidades do interior goiano e mineiro, começarão a ser alertados sobre a mudança. A intenção da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é que os alertas iniciem sempre com uma antecedência de 12 meses, dando tempo para adaptação dos aparelhos pelas famílias. O aviso ocorrerá durante a transmissão da programação da TV. Uma letra "A" aparecerá na tela quando o canal estiver sendo transmitido com a tecnologia analógica. Na parte inferior do televisor, um texto dirá que aquela programação estará disponível apenas em formato digital a partir de determinada data. Para assistir aos canais na tecnologia digital, os televisores antigos terão de ser ligados a um conversor digital ou trocados por aparelhos mais modernos (veja quadro). 8


Segundo regras estabelecidas pela agência reguladora, a troca do modelo só será autorizada, em cada município, quando mais de 93% das residências tiverem captando o sinal com a nova tecnologia. "A palavra de ordem é inclusão. Vamos trabalhar para que não haja exclusão de nenhum domicílio. Claro que há complexidades nesse processo, mas vamos fazer pesquisas para identificar se há regiões que precisam de politicas específicas [para adaptação da população] a serem definidas no momento oportuno", disse o ministro Ricardo Berzoini (Comunicações).

Preços de commodities têm alta de 7,88% em março Fonte Revista Exame Victor Martins, do Estadão Conteúdo08/04/2015 AS 13H 24 Brasília - Os preços dos produtos básicos que mais afetam a inflação no Brasil subiram em março pelo segundo mês seguido, de acordo com o Banco Central. A inflação do segmento de commodities medida pelo Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) ficou em 7,88% no mês passado na comparação com fevereiro. No mês anterior, houve alta de 4,97%. Com a alta de março, o índice passou de 148,81 pontos em fevereiro para 160,54 pontos. No trimestre, a alta foi de 7,43%. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 5,69%. Em termos de comparação, o BC registra que o indicador internacional CRB subiu 10,55% na comparação mensal, 11,18% na trimestral e 15,50% em 12 meses. No mês passado, houve alta de preços no segmento agropecuário. Itens como carne de boi, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café, arroz e carne de porco, entre outros, subiram 7,36% ante fevereiro. Em 12 meses, a alta foi de 7,52%. O preço de metais, entre eles alumínio e minério de ferro, tiveram aumento de 8,72% no mês e de 18,89% em 12 meses. O grupo energia registrou elevação de 10,21% na comparação mensal e queda de 15,45% em 12 meses. Nesse segmento, estão incluídos preços de petróleo, gás natural e carvão.

A trajetória que levou a inflação ao maior nível em 12 anos Fonte Revista Exame Álvaro Campos, do Estadão Conteúdo08/04/2015 `AS 13H 54 São Paulo - As vendas de imóveis novos na cidade de São Paulo registraram queda de 25,4% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, para 732 unidades, segundo pesquisa do departamento de economia e estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). Em relação a janeiro, a retração foi de 0,7%. "O efeito sazonal do início do ano continuou a afetar o desempenho do mercado imobiliário. O menor número de dias úteis do mês de fevereiro, o carnaval e as expectativas negativas com relação à macroeconomia derrubaram os níveis de confiança dos consumidores e dos empresários", avalia Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. Os executivos do setor acreditam, no entanto, que março será melhor. "Percebemos uma ligeira melhora nos lançamentos de empreendimentos e nas vendas, principalmente em razão das boas oportunidades que existem hoje no mercado", ressalta o presidente do sindicato, Claudio Bernardes. O indicador de vendas sobre ofertas (VSO) acumulado de 12 meses mostra que 41,6% do total de imóveis ofertados no período foram comercializados.

9


Em termos monetários, o valor global de vendas (VGV) foi de R$ 408 milhões, 6% superior ao volume de janeiro e 21% menor que o de fevereiro de 2014, considerando os valores atualizados pelo índice nacional de custos da construção (INCC). Imóveis de dois dormitórios lideraram as vendas em fevereiro, com 330 unidades (45% do total), seguidos das unidades de um quarto, com 203 unidades (28% do total); de três dormitórios, com 152 unidades (21% do total); e de quatro ou mais dormitórios, com 47 imóveis (6% do total). Segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), o total de 872 unidades residenciais lançadas no município de São Paulo em fevereiro representou aumento de 59,7% em relação às 546 unidades de janeiro e queda de 7,2% se comparado às 940 unidades do mesmo mês de 2014. A cidade de São Paulo encerrou o mês de fevereiro com 26.756 unidades não vendidas em oferta, o que equivale a um estoque para 15 meses de vendas, considerando a média de 12 meses de vendas, que é de 1.753 unidades. O estoque corresponde a imóveis residenciais novos em construção e prontos, lançados entre março de 2012 e fevereiro de 2015 (últimos 36 meses). Com exceção da capital, as demais cidades da Região Metropolitana registraram a comercialização de 486 unidades em fevereiro, retração de 17,9% em relação a janeiro (592 unidades) e queda de 46,3% na comparação com o mesmo mês de 2014 (905 unidades). O VSO de 12 meses desses municípios ficou em 53,8%. Foram lançadas 319 unidades residenciais nessas cidades, o que representou aumento de 89,9% em relação a janeiro e retração de 17,4% ante fevereiro de 2014.

Vendas a prazo têm queda de 2,03% em março Fonte Revista Exame Álvaro Campos, do Estadão Conteúdo08/04/2015 `AS 13H 54 São Paulo - O número de consultas ao banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para vendas a prazo recuou 2,03% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação a fevereiro, no entanto, houve aumento de 5,05%. No acumulado do ano, a queda é de 1,03%, e em 12 meses há retração de 0,55%. De acordo com o SPC, o resultado sobre fevereiro não pode ser considerado positivo por conta do efeito calendário. Março teve 22 dias úteis, contra 18 em fevereiro, que foi impactado pelo feriado do carnaval. Em relação ao desempenho das vendas a prazo este ano, a economista-chefe da entidade, Marcela Kawauti, afirma que o principal motivo da queda é o atual cenário econômico brasileiro, que apresenta menor crescimento da massa salarial, alta dos juros, redução de emprego e, principalmente, inflação elevada. A soma desses fatores gera encarecimento das parcelas e corrosão do poder de compra, diz Marcela. "O ideal para este ano é pagar à vista fazendo reservas financeiras", orienta. Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o custo para compras a prazo está alto, o que dificulta a melhora no cenário para o varejo. "O apetite do consumidor para contrair novas dívidas está em desaceleração, uma vez que seus gastos e pendências já atingiram o limite do comprometimento da renda familiar", afirma.

10


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.